Manual de Escatologia Por J. Dwight Pentecost
Manual de Escatologia Por J. Dwight Pentecost
Manual de Escatologia Por J. Dwight Pentecost
Florianópolis
2012
LUÍS VALDECIR SZESKOSKI
Florianópolis
2012
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa
de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Inclui referências
INTRODUÇÃO................................................................................... 13
1 CIÊNCIA E SABEDORIA NO LIVRO XII DA DE TRINITATE
............................................................................................................... 17
1.1 INTRODUÇÃO...............................................................................17
1.2 HOMEM EXTERIOR E HOMEM INTERIOR............................. 18
1.3 RAZÃO SUPERIOR E RAZÃO INFERIOR................................. 21
1.4 A SENSIBILIDADE ESTÁ NO HOMEM INTERIOR................. 23
1.5 CIÊNCIA, A RAZÃO INFERIOR; SABEDORIA, A RAZÃO
SUPERIOR............................................................................................ 29
1.6 OS TRÊS ROMPIMENTOS DA IMAGEM DE DEUS
NO HOMEM........................................................................................ 33
1.6.1 A Concupiscientia Carnis........................................................... 36
1.6.2 Cogitationis Delectatio................................................................ 39
1.6.3 A Corruptela Uoluntatis.............................................................. 41
1.7 A CIÊNCIA SUBORDINADA À SABEDORIA........................... 44
1.8 A CIÊNCIA E AS VIRTUDES NA PRÁXIS................................ 47
2 O CONHECIMENTO RACIONAL DAS COISAS
HUMANAS NO LIVRO XIII DA DE TRINITATE......................... 51
2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 51
2.2 MAIS UMA VEZ: SCIENTIA E SAPIENTIA................................ 52
2.3 A FIGURA DE CRISTO COMO MEDIADOR DO
VERDADEIRO CONHECIMENTO.................................................... 53
2.4 O CONHECIMENTO PAGÃO A SERVIÇO DA FÉ.................... 58
2.5 A ENCARNAÇÃO: REMÉDIO APROPRIADO À
MISÉRIA HUMANA........................................................................... 64
2.5.1 A Figura do Demônio: Negação do Bem e da Verdade.......... 70
2.5.2 E o “Verbo se fez carne”............................................................ 72
2.6 A VONTADE ESTÁ PRESENTE EM TODOS............................. 75
2.7 SOBRE A FELICIDADE................................................................ 78
2.7.1 Conceito “Empírico” e “Formal” de Felicidade em
Santo Agostinho................................................................................... 80
2.7.2 A Fé e a Felicidade......................................................................82
2.7.3 A Sabedoria e a Felicidade........................................................ 85
2.8 A VONTADE E AS CONDIÇÕES PARA SER FELIZ................ 86
3 A SABEDORIA OU “RAZÃO SUPERIOR”:
O CONHECIMENTO INTELECTUAL DAS COISAS
DIVINAS NO LIVRO XIV DA DE TRINITATE............................. 91
3.1INTRODUÇÃO............................................................................... 91
3.2 A CONCEPÇÃO AGOSTINIANA DE MENS.............................. 92
3.2.1 A Definição de Mens e a Inspiração Paulina........................... 95
3.3 AS IMAGENS DA TRINDADE.................................................... 97
3.3.1 A Tríade da Fé Ainda não é Imagem de Deus......................... 98
3.3.2 Trindades pelo Conhecimento Exterior e Interior.................101
3.3.3 O Conhecimento Explícito e Implícito da Mens.................... 105
3.4 A IMAGO DEI NA ALMA........................................................... 108
3.5 A TRINDADE NA ALMA E A TRINDADE DIVINA............... 113
CONCLUSÃO................................................................................... 117
REFERÊNCIAS................................................................................ 121
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES........................................125
INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
1
RAMOS, Angelo Zanoni. Ciência e sabedoria em Agostinho: estudo do De Trinitate. São
Paulo: Ed. Baraúna, 2009.
2
GARETH, Matthews. Santo Agostinho: a vida e as ideias de um filósofo adiante de seu
tempo. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
3
Gn 1, 26.
4
Confissões, VI, 3, 4.
18
Ora, se a imago Dei refere-se não ao físico mas à alma, então, nossa
atenção estará mais voltada a ela, que é: “[...] é uma substância dotada
de razão, apta a reger um corpo [...]”6. Estar apta não garante
naturalmente a governança, e quanto maior for este “governo”, maior a
possibilidade de uma aproximação desta com a fonte emanadora. Neste
sentido, pode-se admitir que o Deus agostiniano, como bem lembra
Novaes7, é razão, a máxima razão e o raciocínio humano é reflexo desta.
Nisto implica as condições para o conhecimento que consiste em
aprofundar-se nas coisas eternas, pois “[...] o que há de mais sublime,
nas realidades eternas, do que Deus- aquele cuja natureza é a única
imutável?”8
5
Nostram certe, quia plurais est numerus, non recte diceretur, si homo ad unius personae
imaginem fieret, sive Patris, sive Filii, sive Spiritus Sancti; sed quia fiebat ad imaginem
Trinitatis, propterea dictum est, ad imginem nostram. Rursus autem ne in Trinitate credendos
arbitraremur três deos, cum sit eadem Trinitas unus Deus: “Et fecit, inquit, Deus hominem ad
imaginem Dei; pro eo ac si diceret: Ad imaginem suam”. A Trindade, XII, 6, 6.
6
Sobre as Potencialidades da Alma, XIII.
7
NOVAES FILHO, Moacyr A. A interioridade e Inspeção do Espírito na Filosofia
Agostiniana. In: Tempo e Eternidade na Filosofia Medieval. Analytica Revista de Filosofia.
v. 7, n. 1, 2002. p. 69.
8
A Trindade, XII, 14, 22.
19
9
Quidquid enim habemus in animo commune cum percore, rete adhuc dicitur ad exteriorem
hominem pertinere. A Trindade, XII, 1,1.
10
Sed sicut corpus ad ea quae sunt excelsa corporum, id est, ad caelestia naturaliter erectum
est; sic animus, qui sustantia spiritalis est, ad ea quae sunt in spiritalibus excelsa erigendus
est, non elatione superbiae, sed peitate institiae. Ibid., XII, 1,1.
20
11
PÉPIN, Jean. Une nouvelle source de Saint Augustin: Le Zetema de Porphyre sur l´union
de l´ame et du corps. Revue des Étuedes Anciennes, tome LXVI, n. 1-2, Bordeaux, 1964.
12
NOVAES FILHO, Moacyr Ayres. A razão em exercício: estudos sobre a filosofia de
Agostinho. Coleção Philosophia. São Paulo: Ed. Discurso Editorial, 2007. p. 196.
13
Comentários ao Gênesis, X, XII, 21.
14
Confissões, VII, 10.
21
humanas, “[...] pois o mesmo Deus que procuramos nos ajudará- assim
espero- para que nosso trabalho não seja infrutífero.”15
No livro XII do De Trinitate, pode-se dizer que, ao caracterizar
seu esforço na interiorização, como busca de uma imagem, supõe o
mundo todo como um conjunto de indícios que dá lugar ao espírito
humano como imagem. Assim, progride a interiorização, no qual
acontece a primazia do homo interior sobre o homo exterior. Primazia
esta que se justifica, então, por ora, no fato da consideração do corpo
pelo espírito e a reflexão do espírito sobre si mesmo aprofundarem a
coincidência, símile da perfeita identidade de Deus consigo mesmo,
tema que será abordado no terceiro capítulo deste trabalho.
Não se pode deixar de comentar que o homo exterior está
intimamente ligado ao homo interior como complementos de um mesmo
ser, sob o governo deste último, porém devido à natureza corroída pelo
pecado original isto nem sempre acontece, e as debilidades surgem no
interior e exterior do homem, com um caracterizando-se mais pela
razão superior e outro pela razão inferior.
15
A Trindade, XV, 2, 2.
16
RAMOS, 2009. Op. cit.
22
17
Et sicut una caro est duorum in masculo et femina, sic intellectum nostrum et actionem, vel
consilium et exsecutionem, vel rationem et appetitum rationalem, vel si quo alio modo
significantius dici possunt, una mentis natura complectitur; ut quemadmodum de illis
dictum est: Erunt duo/ in carne una; sic de his dicit possit: “Duo in mente una”. A
Trindade, XII, 3, 3.
18
[...] quod in actione corporalium atque temporalium tractandorum ita versatur, ut non sit
nobis commune cum pecore, rationale quidem est, sed ex illa rationali nostrae mentis
substantia, qua subhaeremus intellegibile atque incommutabili veritati, tamquam ductum et
inferioribus tractandis gubernadisque deputatum est. Ibid., XII, 3, 3.
23
19
Cum igitur disserimus de natura mentis humanae, de una quadam re disserimus, nec eam in
haec duo quae commemoravi, nisi per officia geminamus. A Trindade, XII, 4,4.
20
Ibid., XII,1, 1.
21
Sobre as Potencialidades da Alma, XII, 22.
22
[...] enim habemus in animo commune com pecore, recte adhuc dicitur ad exteriorem
hominem pertinere. Non enim solum corpus homo exterior deputabitur, sed adiuncta
quadam vita sua, qua compages corporis et omnes sensus vigent, quibus instructus est ad
24
28
Possunt autem et pecora sentire per coporis sensus extrinsecus corporalia, et ea memoriae
fixa reminisci, atque in eis appetere conducibilia, fugete incommoda. A Trindade, XII, 2, 2.
29
MARKUS, 1957, apud EVANS, 1995, p. 96.
26
30
GILSON, Étienne. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. 1. ed. São Paulo: Ed.
Discurso Editorial & Paulus, 2006. p. 153.
31
O Livre-arbítrio, II, 3, 8.
27
32
O Livre-arbítrio, II, 3, 8.
33
Ibid., II, 3, 9.
34
Ibid., II, 3, 9.
35
Ibid, II, 5,12.
28
36
Verum ea notare, ac non solum naturaliter rapta, sed etiam de industria memoriae
commendata retinere, et in obliuionem iamiamque labentia recordando atque cogitando
rursus imprimere, [...] fictas etiam uisones, hinc atque inde recordata quaelibet sumendo et
quassi assuendo, componere, inspiciere, quemadmodum in hoc rerum genere quae
uerisimilia sunt discernantur a ueris, non spiritalibus, sed ipsis corporalibus: haec atque
huiusmodi, quamuis in sendibilibus atque in eis quae inde animus per sunsum corporis
traxit agantur atque uersentur, non sunt tamen rationis expertia, nec hominibus pecoribus
communia. A Trindade, XII, 2,2.
29
37
O Livre-Arbítrio, II, 6, 13.
38
[...] sublimioris rationis est iudicare de istis corporalibus secundum rationes incorporales
et sempiternas; quae nisi supra mentem humanam essent, incommutabiles profecto non
essent, atquae his nisi subiungeretur aliquid nostrum, non secundum eas possemus de
corporalibus iudicare. Iudicamus autem de corporalibus ex ratione dimensionum atque
figurarum, quam incommutabiliter manere nens nouit. A Trindade, XII, 2, 2.
39
NOVAES FILHO, 2002. Op. cit.
31
que demonstra mais uma vez a supremacia da razão, visto que somente
ela consegue estabelecer tal ligação.
40
GILSON, 2006, p. 155-156.
41
RAMOS, Angelo Zanoni. O Conceito de Justiça na Cidade de Deus de Santo Agostinho.
São Paulo: Editora da USP, 1998. p.119.
42
TESKE, Roland. Augustine´s Philosophy of Memory. In: STUMP, Eleonore;
KRETZMANN, Norman. The Cambridge Companion to Augustine. Cambridge, United
Kingdom, 2001. p. 148-159.
32
bom e sábio, e o que se evidencia mais ainda é que esta sabedoria está
presente no interior de uma cosmologia a qual cada indivíduo está
propenso e a partir desta noção esclarece que as leis da sabedoria
possuem os atributos, universais e verificáveis, semelhantes à noção dos
números, ou das virtudes, que possuem alcance universal e, quando a
mente humana as consulta, está buscando nelas orientações para viver
bem, visto que todos os seres humanos possuem a noção do agir
corretamente em cada situação, isto é, a virtude. O mesmo ocorre com
os números, quando se fala 6 + 5= 12,43 a razão parece ir fora de si para
verificar a veracidade da resposta que possui alcance universal e quando
a mente as consulta está buscando nelas orientações para agir
corretamente.
As certezas a se confirmar são de caráter eterno, são as regras as
quais ele denomina “luminares das virtudes” e afirma que “[...] tudo o
que chamamos de regras e luminares das virtudes pertencem à
sabedoria, uma vez que, quanto mais alguém se utiliza delas para dirigir
a vida, tanto mais vive e procede sabiamente [...].”44 O processo de
aquisição da sabedoria encontra-se no esforço por alcançar regras ou leis
universais que penetrem no íntimo do homem, daí ser possível comparar
a sabedoria com a questão dos números e mesmo com a noção de bem
ou virtudes; para que isso seja possível faz-se necessário que o homem
desvie suas atenções de coisas materiais que são transitórias, sujeitas ao
tempo e ao espaço, para se voltar às razões ou ideias imutáveis que
naturalmente levam a Deus.
Como já frisado, a relação homo exterior e homo interior, deve
ser de subordinação, o que desemboca na ação e contemplação, visto
que para isso, de certa forma, a razão acaba fazendo algo semelhante a
“passeios”, pois ela estabelece com isso um duplo movimento, parte dos
mutáveis e ascende aos imutáveis, à luz da iluminação, para em um
segundo momento voltar-se aos mutáveis e, assim, poder julgá-los.
Ambos os movimentos são desempenhados pela razão humana,
concluindo-se que há duas funções da razão, motivo pelo qual ela pode
ver o inteligível e julgar o sensível de acordo com o inteligível.
43
Aqui o resultado do cálculo é proposital.
44
O Livre-arbítrio, II, 10, 28.
33
Não são duas razões na mesma alma, somente uma com duas
funções diferentes, e a partir de uma delas, a razão superior, no qual
acontece a sabedoria, a alma se dirige ao que lhe é superior às realidades
eternas, as contemplatio aeternorum, diferenciando-se da actio
racionalis in temporalibus, a razão inferior. Poderíamos exemplificar
esta concepção com o pássaro, que é provido de duas asas, na falta de
uma delas não pode alçar voo, lembra igualmente o Mito de Andrógino
descrito no Banquete de Platão.
45
Cum igitur disserimus de natura mentis humanae, de una quadam re disserimus, nec eam in
haec duo quae commemoraui nisi per officia geminamu [...]in tota quaerimuns non
separantes actionem rationalem in temporalibus a contemplatione aeternorum[...] A
Trindade, XII, 4,4.
34
46
Cum enim neglecta caritate sapientae, quae semper eodem modo Manet, concupiscitur
scientia ex mutabilium temporalimque experimento, inflat, non aedificat. A Trindade, XII,
11, 16.
47
I Jo., 4, 8.
48
A Trindade, XII, 2.2.
49
[...] ascendentibus itaque introrsus, quibusdam grandibus considerationis, per animas partes
[...]. Ibid., XII, 8,13.
50
Confissões, X, 8,12.
35
51
[...] qui etiam ipse si per illam rationem cui temporalium rerum administratio delegata est,
immoderato progressu nimis in exteriora prolabitur, consentiente sibi capite suo [...];
aeterorumque illa uisio ab ipso etiam capite cum conuiuge uetitum manducante
subtrahitur, ut lumen oculorum eius non sit cum illo. A Trindade, XII, 8,13.
52
Mt., 6, 20.
36
53
[...] universo appetens, atque id sua lege gubernare molita, quia nihil est amplius
universitate, in curam partilem truditur, et sic aliquid amplius concupiscendo minuitur;
unde et avaritia dicitur radix omnium malorum. A Trindade, XII, 9, 14.
54
Sl., 48, 13.
55
A Cidade de Deus, XIII, 14.
37
Deus, e se este é sumamente bom, d‟Ele não pode vir algo ruim, pois se
assim o fizesse, seria fonte de mal, portanto mal também.
Com a ação livre do homem, ocorreu o primeiro pecado “[...]
assim como por um só homem entrou o pecado neste mundo [...] e assim
passou a morte a todos os homens, no qual todos pecaram.”56 A
condição humana mudou, estabeleceu-se o estado decadente que,
estendido às demais gerações, deixou a mancha do pecado em todo o
gênero humano, perdeu a condição de imortal e feliz. Doravante
dependerá de seu esforço para manter a vida “[...] ganharás o pão com o
suor do teu rosto [...] e a terra produzirá para ti espinhos”,57 e até o
processo de transmissão desta acontece por meio da dor, pois “[...] na
gravidez, terás grandes sofrimentos; é com dor que hás de gerar
filhos.”58 O ser que fora criado sem corrupção permite, por meio da
soberba, que haja o inverso de seu desejo.
56
Rm., 5,12.
57
Gn., 3, 18.
58
Ibid., 3, 16.
59
RAMOS, 1998, p. 137, op. cit.
60
Gl., 5, 17.
61
Confissões, X, 30.
38
62
MONDIM, Batista. Antropologia Teológica. 4. ed. São Paulo: Ed. Paulus, 1981. p. 121.
63
Confissões, X, 31, 44.
64
[...] tamen et remissis pecatis remanere debuerunt cum quibus homo pro ueritate certaret er
unde exerceretur uiritus fidelium ut nouus homo... sapienter tolerans... beatitudinem uero
quam liberata uita futura sine fine habitura est fideliter et patienter exspectans. A
Trindade, XIII, 16, 20.
39
65
A Trindade, XII, 8, 13.
66
Ibid., XII, 9,14.
67
Ibid., XII, 11,16.
40
68
AGAËSE, P., apud GARETH, 2007, p. 619. p. 99.
69
Gn., 2, 17.
41
70
RAMOS, 2009.
71
A Trindade, XII, 8.
72
AGAËSSE, P., apud GARETH, 2007, p. 618. p. 90
42
73
A Trindade, XII, 11,16.
74
Comentário ao Gênesis, XI, 5,7.
75
Prov., 18, 12.
76
Sl., 7, 15.
77
Comentário ao Gênesis, XI, 30,39.
78
OLIVEIRA, Nair Assis de, 1994, apud A Trindade.
43
79
RAMOS, 2009, p. 155.
80
Confissões, X, 36.
81
Gn., 3, 5-6.
44
82
RAMOS, 2009, p. 166.
83
A Trindade, XII, 10,15.
84
Gn., 3,9-10.
45
85
[...] verum Scriptura sanctarum multiplicem copiam scrutatus, invenio scriptum esse in libro
Iob, eodem sacto viro loquente: Ecce pietas est sapeintia; abstinere autem a malis scientia
est. A Trindade, XII, 14, 2.
86
RAMOS, 1998, p. 170.
87
GILSON, 2006.
88
A Trindade, XII, 14, 22.
46
89
I Cor., 13,12 .
90
I Jo., 3,2.
91
HEBECHE, Luiz A.; DUTRA, Delamar José. História da Filosofia II. Florianópolis:
Editora da UFSC, 2008. p. 111.
92
RAMOS, 2009. p. 182.
47
93
I Cor., 8,1.
94
Habet enim et scientia modum suum bonum si quod in ea inflat uel inflare assolet
aeternorum caritate uincatur, quae non inflat sed, ut scimus, aedificat. Sine scientia quippe
nec uirtutes ipsae quibus recte uiutur possunt haberi per quas haec uita misera sic
gubernetur ut ad illam quae uere beata est perueniatur aeternam. A Trindade, XII, 14, 21.
95
A Trindade, XII, 14,21.
96
Ibid., XII, 14, 22.
48
97
OLIVEIRA, Nair de Assis (Org.). Comentários sobre algumas obras de Santo Agostinho.
São Paulo: Editora Paulus, 1994. p. 28.
98
TOMÁS, Santo. Summa Theológica. Petrópolis (RJ): Ed. Vozes, 1979. p. 220.
99
Ibid., p. 226. (II-II, 47, 2).
100
AGAËSSE, P., apud GARETH, 2007. p. 96.
101
A Trindade, XII, 14,22.
102
A Cidade de Deus, IV, 21.
49
uma vigilância constante do homem, para que não seja vítima de seus
próprios vícios.”103
Santo Agostinho percebe as virtudes de uma forma mais natural,
ou seja, mais racional que divina, embora não descarte totalmente tal
aspecto: “[...] supõe um exercício com a finalidade de sustentar a ação
virtuosa do homem em meio à concupiscência, comum na vida
temporal. Esse exercício é constituído pelo conhecimento das coisas
temporais (scientia).”104 A ciência, por sua vez, deve produzir o bom
conhecimento das coisas temporais, e com isso o discernimento para o
bem agir, condição essencial para o surgimento das virtudes.
A condução das quatro virtudes (prudência, temperança, fortaleza
e justiça) diz respeito à ciência, a partir da qual a ação virtuosa será
contributo para a contemplação final do sábio, e se a ciência versa sobre
a ação temporal e a sabedoria sobre as coisas eternas, então aquela deve
subordinar-se a esta, dado haver aqui uma relação de superioridade.
Com isso o conhecimento ou mesmo a relação com as coisas passageiras
deve possibilitar, o máximo possível nesta vida temporal, a visualização
das verdades eternas, numa espécie de elevação gradativa de forma a
possibilitar a superação das três fraturas da imagem de Deus na alma
humana.
A ciência bem encaminhada conduz a mente humana à
semelhança com a imagem da Trindade divina. Esta é uma das intenções
agostinianas presentes no tratado da De Trinitate, e que se evidencia,
sobretudo, nos livros XII, XIII e XIV, analisados neste estudo. Nesta
intenção, no final do livro XII é apresentada uma estrutura na qual pelo
exercício da ciência o olhar da mente, temporal e passageiro, volta sua
atenção às razões inteligíveis e, com isso, se depara com algo imutável.
A elevação, todavia, nunca chegará à contemplação definitiva, enquanto
durar esta vida temporal, mas o que pode perfeitamente acontecer é pelo
olhar das coisas temporais e mutáveis à admissão de uma realidade
imutável, e com isso fazer o caminho inverso, ou seja, voltar-se
novamente para as coisas mutáveis e orientar suas ações em vista do
eterno, e isto é a plena concretização das virtudes postas em prática, ou
seja, partindo do mutável ver o imutável, voltar novamente suas
atenções ao mutável e orientar suas ações com vistas ao imutável.
Neste processo todo, a ciência cumpre a função de restabelecer a
harmonia com o inteligível, que foi rompida pelo pecado original. Para
se aprofundar mais neste assunto é de grande valia o estudo da Filosofia
103
RAMOS, 1998, p. 185.
104
Ibid., p. 188.
50
105
MONDIM, Batista. Curso de Filosofia. 6. ed. São Paulo: Ed. Paulus, 1996.
106
[...] eitam in hac igitur inueniamos, si possumus, aliquam trinitatem [...] ut pro
corporalibus rebus quas corpóreo foris positas attingimus sensu, intus corporum
similitudines haberemus impressas memoriae ex quibus cogitatio formaretur, tertia
uoluntate utrumque iungente. A Trindade, XII, 15,25.
107
Ibid., XII.
108
Sed non est hoc coarctandum in hunc librum, ut in eo qui sequitur, si Deus adiuverit,
convenientur possit inquiri, et quod inventum fuerit explicari. Ibid., XII, 15, 25.
2 O CONHECIMENTO RACIONAL DAS COISAS HUMANAS
NO LIVRO XIII DA DE TRINITATE
2.1 INTRODUÇÃO
1
A Trindade, Prólogo I.
2
Ibid., Prólogo I.
3
ARENDT, Hannah. O Conceito de amor em Santo Agostinho. Lisboa: Instituto. Piaget,
2003, p. 07.
52
4
RAMOS, 1998, p.193.
5
MARROU, H. I. Saint Augustin et la fin de la culture antique. Paris: De Boccard, 1958. p.
372-373.
53
6
In libro superior huius operis duodecimo satis egimus discernere rationalis mentis officium in
temporalibus rebus, ubi eiusdem mentis officio, quod contemplandis aeternis rebus
impenditur, ac sola cognitione. A Trindade, XIII, 1,1.
7
Ibid., XIII, 1,1.
8
HOLTE, Ragnar. Béatitude et Sagesse: Saint Augustin et problem de la fim de l´ homme das
La Philosophie anceinne. Paris, 1962. p. 364.
54
9
RAMOS, 2009, p. 194.
10
In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum; hoc erat in
principio apud Deum. Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil. Quod
factum est in ipso uita erat, et uita erat lux hominum, et lux in tenebris lucet, et tenebrae
eam non comprehenderunt. Fuit homo missus a Deo cui nomem erat Ioannes; hic uenit in
55
testimonium, ut testemonium perhiberet de lumine, ut omnes crederent per illum. Non erat
ille lux, sed ut testemonium perhiberet de lumine. Erat lux uera quae illuminat omnem
hominem uenientem in hunc mundum (Jo, 1,1-14). A Trindade, XIII, 1,2.
11
Ibid., XIII, 1,4.
12
BOFF, Leonardo. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Ed.
Sextante. 1997. p. 31-36.
13
A Trindade, XIII, 1,4.
14
[...] quod ex Evangelio posui, in praecedentibus suis partibus habet quod immutabile ac
sempiternum est, cuius contemplatio nos beatos facit; in consequentibus vero permixta cum
temporalibus commemorantur aeterna. Ac per hoc aliqua ibi ad scientiam pertinent, aliqua
ad sapentiam […]. Ibid., XIII, 1,4.
56
15
Jo., 1, 23.
16
A Trindade, XV, 28, 51.
17
OLIVEIRA, Nair Assis de, apud A Trindade. p. 672.
18
A Trindade, XIII, 1,2.
57
19
[...] ipsam tamem fidem quando inest in nobis, videmus in nobis; quia et rerum absentium
praesens est fides, et rerum quae foris sunt intus est fides, et rerum quae non videntur
videtur fides, et ipsa tamen temporaliter fit in cordibus hominum. A Trindade, XIII, 1, 3.
20
Hb., 11,1.
21
CAPANAGA, Victorino. Augustín de Hipona: maestro de la conversión cristiana. Madrid,
BAC, 1974. p. 152.
58
22
In rebus enim per tempus ortis, summa gratia est, quod homo in unitate personae [...]
unigenitus a Patrem plenus gratiae et veritatis, id actum est ut idem ipse sit in rebus pro
nobis temporaliter gestis, cui per eamdem fidem mundamur, ut eum stabiliter
contemplemur in rebus aeternis. A Trindade, XIII, 19.
23
Haec autem omnia quae pro nobis uerbum caro factum temporaliter et localiter et pertulit
secundum distinctioem quam demonstrare suscepimu ad scientiam pertinent non ad
sapientiam. Quod autem uerbum est sine tempore et sine loco est patri caeternum et ubique
totum, de quo si quisquam postet quantum potest ueracem proferre sernonem, sermo erit
ille sapientiae; ac per hoc uerbum caro factum, quod est Christus Iesus et sapientiae
thesauros habet et scientiae. Ibid., XIII, 19,24.
59
24
EVANS, G. R. Agostinho Sobre o Mal. São Paulo: Ed. Paulus, 1995. p. 23-49.
25
A Trindade, XII, 15,25.
26
Illi autem praecipui gentium philosophi, qui invisibilia Dei, per ea quae facta sunt, intellecta
conspicere potuerunt, tamen quia sine Mediadore [...] veritatem detinuerunt, sicut de illis
dictum est, in iniquitate. Non potuerunt enim in his rebus infimis constituti, nisi quaerere
aliqua media per quaer ad illa quae ad illa quae intellexerant sublimia pervenirent; […].
Ibid., XIII, 19,24.
60
27
Ex., 3, 14.
28
RAMOS, 1998.
29
Confissões, VII, 13.
61
30
HEBECHE, Luiz. O Escândalo de Cristo: ensaio sobre Heidegger e São Paulo. Ijuí: Ed.
Unijui, 2005. p. 407.
31
BROWN, Peter. Santo Agostinho: uma biografia. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2008. p. 113.
62
32
Ex., 3, 22.
33
Confissões, VII, IX.
34
RAMOS, 2009, p. 109.
35
BROWN, 2008.
36
Confissões, VII, 15.
63
Assim como o ouro é algo natural e estava nas mãos dos egípcios
acumulado pelo trabalho dos escravos, que se preparavam para a
liberdade, a partir de então poderiam utilizar-se livremente destes bens
que foram transferidos às mãos dos hebreus como sua nova propriedade.
O mesmo acontece com as palavras platônicas que são exemplos de
sabedoria, portanto, sua fonte está em Deus e jamais seriam apossadas
pelo cristianismo orgulhosamente como propriedade sua, uma vez que
não são propriedade de nenhum homem e sim de Deus, e aqueles que as
recebem em maior “grau” não as têm por iniciativa própria, mas pela
iluminação divina. Ademais, da mesma forma que as riquezas egípcias
podem ser utilizadas pelos hebreus, para vestirem-se como libertos, o
mesmo acontece com a sabedoria platônica em relação ao cristianismo
e, de modo especial, Agostinho, que foi tocado por elas e encaminhou-
se ao que ele entende como liberdade.
37
Confissões, VII, XIV.
64
42
A Trindade, XIII, 7,10.
43
Ibid., XIII, 10, 8.
44
Ibid., XIII, 20,25.
45
Prov., 10,10.
46
I Jo., 4,8.
47
Ibid., 4,9.
48
Nec nisi viventes beati esse possunt; nolunt igitur perire quod vivunt. Immortales ergo esse
uolunt, quicumque uere beati uel sunt uel esse cupiunt. Non autem uiuit beate, cui non adest
quod uult; nullo modo igitur esse poterit uita ueraciter beata, nisi fuerit sempiterna. A
Trindade, XIII, 8,11.
49
OLIVEIRA, Nair Assis de, 1994 apud A Trindade. p. 675.
66
50
Vita vitae mortalis spes est vitae imomortalis. Comentários aos Salmos, CIII, 4,17.
51
GILSON, 2006, p. 96.
52
RAMOS, 2009, p. 222.
67
modo “[...] aos degradados filhos de Eva [...]”53 cuja alma, que é a
imagem divina, encontra-se fraturada e penalizada pelas próprias
consequências desse desejo “[...] pois no dia que comerdes deste fruto,
sereis como Deus, conhecedor do bem e do mal [...].”54 Importante
destacar que: “Não é, portanto, feliz, senão aquele que possui tudo o que
quer e nada quer que seja mal.”55
Ora, esta situação impõe a esse homem um impasse relevante,
pois como ser feliz se deve possuir tudo o que deseja, e devido ao fato
de ter desejos mil, e estar confinado à situação mortal, está impedido de
possuir tudo o que quer, ainda que queira apenas o que seja justo? Vale
lembrar, ainda, que: “[...] muitos homens, por meio desses males
transitórios, encaminharam-se com fortaleza para os bens eternos.
Certamente, são „felizes pela esperança‟, mesmo no meio dos males
transitórios, pois por esse meio chegam a bens não passageiros.”56
São felizes pela esperança, mas quem possui a esperança ainda
não pode ser tido como feliz, pois pelo fato de ter esperança de algo
conseguir, significa que ainda não desfruta o seu desejo, então não
possui tudo o que quer. Com isso não pode ser plenamente feliz, mas
tem certo alívio de não possuir o desejado e está à espera, o que
significa um conforto em relação ao sofrimento e uma vantagem sobre
os que não possuem a esperança, além do que o esperançoso é capaz de
53
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Vozes e Loyola, 1993.
54
Gn., 3,5.
55
Beatus igitu non est, nisi quei habet omnia quae vult, et nihil vult male. A Vida Feliz, II,11.
56
[...] multi per transitoria mala ad permansura bona fortiter tetenderunt. Qui profecto spe
beati sunt etiam cum sunt in transitoriis malis per quae ad bona non transitura perueniunt.
A Trindade, XIII, 7,10.
57
[...] enim per portitudinem sit paratus excipere et aequo ferre animo quidquid adversitatis
acciderit, mauult tamen ut non accidat et si possit facit; atque ita paratus est in utrumque ut
quantum in ipso est alterum optet, alterum vitet, et is quod vitat incurrerit, ideo volens ferat
quia fieri non potuit [...]. Ibid., XIII, 7,10.
68
mortal, pois este está envolto por males e problemas da vida temporal,
condição na qual é impossível dispor de todos os bens de que necessita
ou deseja. O único meio pelo qual pode vislumbrar a possibilidade de
conquistar tais bens e, consequentemente, a felicidade, é crer que sua
condição é passível de ser alterada e corrigida por um auxílio que venha
do alto, uma vez que a busca por bens numa relação horizontal mostra-
se ineficaz para encontrar a felicidade plena. Deve-se, então, partir para
uma relação vertical, isto é, entre criador e criatura: “É por isso que,
nesta vida mortal, tão cheia de erros e penas, é particularmente
necessária a fé com a qual se crê em Deus.”58
A convicção de ser possível a plena felicidade neste mundo, só
em esperança, nunca cessou de se aprofundar em Agostinho, e isso à
medida que avançava em idade. Assim, só na eternidade ter-se-á a plena
posse de Deus e com ele a Felicidade, a única que merece esse nome.
Segundo os comentários ao livro XIII do De Trinitate, anexados à
terceira edição da Editora Paulus, esse é o seu parecer muitas vezes
manifestado em várias obras; é o caso do Enarrationes in Psalmos,
83,3: “No céu haverá a substância da alegria, aqui, a antecipação pela
esperança.”59 Na Cidade de Deus, cita a Epístola de Paulo aos
Romanos (8, 24): “Nós não somos salvos senão na esperança.”60 Ora, a
felicidade segue o mesmo caminho da salvação. Não se a tem agora,
mas em esperança, no futuro. Cita ainda de Paulo: “Gaudentes in spes”
“[...] até lograrmos os inefáveis bens que nos deleitarão plenamente.
Então não haverá nada que tolerar [...] será, por conseguinte, a felicidade
final.61 “Tudo o que ali existir será bom e o Deus supremo estará
presente para o gozo de todos os que o amam. E eis o que será o maior
grau de felicidade: estar certo de que será assim para sempre.” 62
Dessa forma, o fiel abre-se à necessidade de crer na possibilidade
de sua felicidade a partir de uma dádiva divina que supere as misérias
humanas; sendo assim, a relação Deus-homem torna-se, na verdade,
uma relação na consciência, entre o eterno e o temporal, de modo que a
pessoa creia em uma felicidade imortal e plena, projetada para o futuro.
“Ora, quando aquele que é bom e fiel diante das misérias desta vida
58
Ac per hoc in ista mortali uita erroribus aerumnisque plenissima, praecipue fides
necessaria, qua in deum creditur. Ibid., XIII, 7,10.
59
BROWN, 2008, p. 321.
60
Rm., 8, 24.
61
A Cidade de Deus, XIX, 4,5.
62
A Trindade, XIII, 7,10.
69
67
O Livre-arbítrio, 9, 26.
68
GILSON, 2006, p. 273.
69
Confissões, III, 7,12.
70
OLIVEIRA, 1994.
71
71
RAMOS, 2009, p. 238-242.
72
[...] placuit Deo, ut propter eruendum hominem de diaboli potestate, non potentia diabolus,
sed iustitia vinceretur; atque ita et homines imitantes Christum, iustitia quaererent
diabolum vincere, no potentia. A Trindade, XIII, 13,17.
72
Tudo o que o Verbo feito carne fez e suportou por nós, no tempo
e no espaço, diz respeito à ciência e não à sabedoria. Jesus Cristo age
submetido à ciência, apesar de ser a suprema sabedoria. Lembra João,
em seu Evangelho, que o Verbo se fez carne e habitou entre os seres
humanos e eles viram sua glória. A glória que o Filho único tem da parte
do Pai. Isto faz acontecer a manifestação da Trindade no domínio
temporal.
77
Prosunt autem ista mala quae dideles pie perferunt, uel ad emendanda peccata, uel ad
exercendam probandamque iustitiam, uel ad demonstrandam uitae huius miseriam, ut illa
ubi erit beatitudo uera atque perpetua, et desideretur ardentius, et instantius inquiratur. A
Trindade, XIII, 16,20.
78
RAMOS, 2009, p. 242.
74
79
Mt., 20, 28.
80
[...] scientia ergo nostra Christus est, sapientia quoque nostra idem Christus est. Ipse nobis
fidem de rebus temporalibus inserit; ipse de sempiternis exhibet ueritatem. Per ipsum
pergimus ad ipsum, tendimus per scientiam ad sapientiam [...]. A Trindade, XIII, 19,24.
75
81
Numquid isto iure aequissimo diabolus uinceretur si potientia Christus cum illlo agere non
iustitia uoluisset? Sed postposuit quod potuit ut prius ageret quod oportuit; ideo autem
illum esse opus erta et hominem et deum. Nisi enim homo esset, non posset occidi; nisi et
Deus esset, non crederetur nluisse quod potuit sed non potuisse quod uoluit, nec ab eo
potentiae praelatam fuisse iustitiam sed ei defuisse potentima putaremos. Nunc uero
humano pro nobis passus est quia homo erat; sed si noluisset; etiam hoc non pati potuisset
quia et Deus erat. A Trindade, XIII, 14,18.
76
85
Sed aliud est uoluntatem suam, aliud quamuis certissima conietura, conicere alienam. Nam
conditam Romam tam certum habeo in rebus humanis quam Constantinopolim, cum Romam
uiderim oculis meis, et de illa uero hihil nouerim nisi quod aliis testibus credidi. A
Trindade, XIII, 3,6.
86
ENIO. Annales. Livro incerto, 1994 apud A Trindade. Notas Complementares. p. 672.
87
A Trindade, I, 3,6.
78
88
At si dixisset: „Omnes beati esse uultis; miseri esse non uultis‟, dixisset aliquid quod nullus
in sua non agnosceret uoluntate. Quidquid enim aliud quisquam latenter uelit, ab hac
uolunate quae ominibus et in omnibus hominibus satis nota est, no recidit. A Trindade,
XIII, 3, 6.
89
NOVAES FILHO, Moacyr. A Razão em Exercício: estudos sobre a Filosofia. São Paulo:
Ed. Discurso Editorial, 2007. p. 69-73.
79
90
Aqui Agostinho lança mão novamente da ideia do REGRETIO.
91
HEBECHE, 2005, p. 416.
92
O fazer “divino”, visto como regretium, a Deus que é a relação retrospectiva a sua origem.
80
93
Confissões, V, 5.
94
1Ts., 5,17.
95
HEBECHE, op. cit., p. 97.
96
Quaproter quoniam uerum este quod „ommes homines esse beati‟ uelint idque unum
ardentidissimo amore appetant et propter hoc cetera quaecumque apptetunt, nec potest
nescire quid sit quod uelle se scit, sequitur ut omnes beatam uitam sciant. A Trindade,
XIII, 5,8.
97
GARETH, 2007.
81
98
ARENDT, 2003, p. 69.
99
Sermonis CXLII, 3 apud BROWN, 2008, p. 392.
100
GARETH, 2007, p. 58.
101
ARENDT, op. cit., p. 74.
102
O Livre-arbítrio, I,15.
82
2.7.2 A Fé e a Felicidade
103
Confissões, X, 21.
104
A Trindade, XIII, 10,7.
105
RAMOS, 1998.
83
possível. Claro está que, para isso ser admissível, faz-se necessário
sepultar aqueles deuses aristocráticos do período homérico ou das
indiferentes divindades de alguns filósofos.
106
Confissões, I, 2.
107
NIETZSCHE. Assim Falou Zaratustra. São Paulo: Editora Martim Claret, 2003. p. 208.
108
Confissões, X, 27.
84
109
Ac per hoc in ista martali uita erroribus aerumnisque plenissima praecipue fides est
necessaria qua in deum creditur. Non enim quaecumque bona maximeque illa quibus
quisque fit bonus et illa quibus fiet beatus, unde nise a deo in hominem... Non enim uolet
male uiuere in illa felicitate aut uolet aliquid quod deerit aut deerit quodo uoluerit.
Quidquid amabitur aderit, nec desideratibur quod non aderit. Omne quod ibi erit bonum
erit, et summus deus summum bonum erit atque ad freundum amantibus praesto erit, et
quod est omnino beatissimum ita simper fore certum erit. A Trindade, XIII, 7,10.
110
HEBECHE, 2005, p. 84.
85
111
A Vida Feliz, II, 8.
112
Ibid., II,8.
113
Sine scientia quippe nec uirtutes ipsae quibus recte uiuitur possunt haberi per quas haec
uita misera sic gubernetur ut ad illlam quae uere beata est perueniatur aeternam. A
Trindade, XII, 14,21b.
86
114
A Vida Feliz, II, 8.
115
Ibid., IV.
116
A Trindade, XII, 14,23.
117
Confissões, VIII, 5,11.
118
GILSON, 2006.
87
119
GILSON, 2006, p. 253.
120
A Trindade, XI, 8,15.
121
Ibid., XI, 3,6.
122
GILSON, op. cit., p. 258.
123
A Trindade, II, 17,51.
88
124
Et memini me audisse a quodam quod tam expressam et quasi solidam speciem feminei
corporis in cogitando cernere soleret ut ei se quasi misceri sentiens etiam genitalibus
flueret. A Trindade, XI, 4,7.
125
CUNHA, Mariana Palozzi Sérvulo da. Perspectiva da Vontade em Agostinho. Tese de
Doutoramento. Unicamp-Campinas, SP. 2000. p. 5.
126
A Trindade, VIII, X, 14.
89
o que ali está gravado (em relação ao objeto), e assim a vontade une os
elementos para conseguir realizar sua finalidade.
A vontade procede do conhecimento, não é gerada por este. Se o
indivíduo, porém, não tem vontade daquilo que não conhece, como a
vontade vem de si próprio? O que acontece é um círculo de
realimentação, uma simbiose de ambas as partes, em que o
conhecimento prévio gera a vontade e esta, por sua vez, impulsiona a
aprofundar este conhecimento.
Pensando na uoluntas agostiniana (aqui empregada no sentido de
cupiditas) que desperta o desejo da uita beata, vale lembrar que esta
acontece plenamente somente em Deus. Sendo este criador, é anterior à
criatura, e infunde na dimensão no homem uma espécie de saudade da
pátria de origem, uma vez que existe certa admoestação que age em
cada um. Admoestação que procede da própria fonte da verdade, pois
existe certo impulso que convida o homem a lembrar-se de Deus, e a
buscá-lo.
90
3 A SADEDORIA OU “RAZÃO SUPERIOR”: O
CONHECIMENTO INTELECTUAL DAS COISAS DIVINAS NO
LIVRO XIV DA DE TRINITATE
3.1 INTRODUÇÃO
1
Hb., 12, 11.
2
Jó 28,28.
92
3
A Trindade, XIV,1,11.
4
Nunc de sapientia nobis est disserendum, non de illa Dei, quae procul dubio Deus est [...] sed
loquemur de hominis sapientia, vera tamen quae secundum Deum est. A Trindade, XIV, 1,1.
5
Non igitur anima, sed quod excellit in anima mens vocatur […] singulus quisque homo, qui
non secundum omnia quae ad naturam pertinent eius, sed secundum solam mentem imago
[...]. Ibid., XV, 7, 11.
6
GILSON, 2006, p. 2.
7
Scientiam terrestrium caelestimque rerum magni aestimare solet genus humanum. In quo
profecto meilores sunt qui huic scientiae praeponunt nosse semtipsos [...]. A Trindade, IV,
Prólogo.
93
8
Aauferamos enim ab hac consideratione cetera quae multa sunt quibus homo constat, atque
ut haec quae nunc requirimus quantum in his rebus possumus liquido reperiamus, de sola
mente tractemus. A Trindade, IX, 2,2.
9
Contra Acadêmicos, I, 2,5.
10
Animae substantia quaedam rationis particeps, regendo corpori acommodata est. Sobre as
Potencialidades da alma, XIII, 22.
94
11
A Vida Feliz, II, 7.
12
PÉPIN, Jean. Une Nouvelle source de Saint Augustin: le Zetema de Porphyre sur l´union
de l´ame e du corps: Bordeax, 1964. p. 74.
13
Quod si etiam sic definiamus hominem, ut dicamus: “Homo est substantia rationalis
constans ex anima et corpore; non est dubium hominem habere anima quae non est corpus,
habere corpus quod non est anima”. A Trindade, XV, 7,11.
14
PEREIRA DE ANDRADE, Marcelo. A concepção agostiniana de mens. In: Lumen
Veritatis, Rio de Janeiro. Questões de Linguagem. Ano II, n. 4. Ed. Instituto Filosófico
Aristotélico Tomista, 2008. p. 72.
95
submetam as demais que há nele? Esta, porém, para que não peças outra
definição, pode ser chamada de mens ou razão.”15
Já em De Ordine II, 11, 30, da mesma época que o Contra
Acadêmicos, a ratio é um movimento da mens: “Razão é o movimento
da mens capaz de discernir o que é conhecimento [...]”16, dirá algo
próximo a isso em De Civitate Dei ao definir a mens como aquela que
contém a razão e a inteligência: “[...] A mens na qual está naturalmente a
razão e a inteligência.”17 Soma-se a isso a consideração dos Solilóquios:
“[...] o olho da alma.”18
Estas variações de termos em torno de um tema, para Gilson19
significam que ele não se deixa reduzir a explicações sintéticas dos
assuntos que chamam sua a atenção, e retoma mais de uma vez o mesmo
assunto em diferentes situações. Segundo ele, isso se deve à
compreensão de Filosofia que Santo Agostinho possui: um desejo de
fruição do bem que torna o homem feliz e não apenas um esforço
teórico na solução de problemas. Agostinho entende a Filosofa sempre
relacionado-a com a sabedoria, por isso o homem faria a Filosofia no
desejo de encontrar a beatitude. Neste sentido a tarefa da Filosofia é
exortativa, segundo a sua etimologia, visto que filósofo não é o sábio em
si, mas sim o amigo da sabedoria. Soma-se a isso o fato de a filosofia
utilizar-se de um mecanismo humano: a fala, instrumento finito, bem
menor que a sabedoria, portanto incapaz de contê-la por completo. Por
tal motivo o mesmo Gilson20 é da opinião de que as variações
terminológicas se devem ao fato de a Filosofia agostiniana ser marcada
pelo método progressivo, bem como ao reconhecimento do limite da
linguagem humana e ao cunho exortativo de seu pensamento.
Por trás das várias nomenclaturas para definir algo da alma, fica a
lição de que pars, animi, oculus animae, ou honorabiliter praesidens,
como definido no capítulo XV de De Trinitate, pertencem à concepção
da parte mais excelente da alma.
15
Contra Acadêmicos, I, 2,5.
16
A Ordem, II, 11,30.
17
A Trindade, XI, 2,3.
18
Solilóquios, I, 6, 24.
19
GILSON, 2006, p. 01.
20
Ibid., p. 312.
96
21
A Trindade, XV, 7,11.
22
Tratado sobre o Evangelho de São João apud PEREIRA DE ANDRADE, 2008, p. 75.
23
Gn., 1, 26.
24
Uapropter singulus quisque homo, qui non secundum omnia quae ad naturam pertinent eius,
sed secundum solam mentem imago Dei dicitur, una persona est, et imago est Trinitatis in
mente.Trinitas vero illa cuius imago est, nihil aliud est tota quam Deus, nihil aliud est tota
quam Trinitas. A Trindade, XV, 7,11.
25
PÉPIN, 1964, p. 146.
97
26
Quod autem ait: spiritu mentis vestrae; non ibi duas res intellegi voulit, quasi aliud sit mens,
aliud spiritus mentis; sed quia omnis mens spiritus est, non autem omnis spiritus mens est.
A Trindade, XIV, 16,22.
27
Non igitur anima, sed quod excellit in anima, mens vocabatur. Ibid., XV, 7,11.
28
Ibid., XV, 7,11.
98
29
Placuit quippe velut gradatim ascendentibus in utraque requirere apud interiorem hominem
quamdam sui cuiusque generis trinitatem [...] sicut prius apud exteriorem quaesivimus; ut
ad illam Trinitatem quae Deus est, pro nostro modulo, si tamen vel hoc possumus, saltem in
aenigmate et per especulum [...]. A Trindade, XIII, 20,26.
30
[...] sicut modo non uidentes, tamen quia credimus, uidere merebimur atque ad speciem nos
per fidem perductos esse gaudebimus. Neque enim iam fides erit qua credantur quae non
uidentur, sed species qua uideantur quae credebantur. Ibid., XIV, 2,4.
99
31
Verba graeca tenere memoriter, vel latina similiter, vel cuiusque alterius linguae, qui eius
ignari sunt! [...] et in memoria sunt illi verborum soni, etiam quando inde non cogitat; et
inde formatur acies recordationis eius, quando de his cogitat; et voluntas recordantis atque
cogitantis utrumque coniungit?. A Trindade, XIII, 20,26.
100
32
Domini autem Dei sui reminiscitur. Ille quippe semper est, nec fuit et no nest, nec est et non
fuit; sed sicut numquam non erit, ita numquam non erat. Et ubique totus est, propter quod
ista in illo et vivit, et movetur, et est, et ideio eius reminisce potest. A Trindade, XIV, 15,21.
33
Ibid., XIII, 19,24.
101
Pela fé, contudo, não é possível estabelecer uma trindade que seja
a imagem divina, pelo fato de ela não ser permanente, como é Deus.
34
I Cor., 13,12.
35
[...] quandiu iustus ex fide uiuit, quamuis secundum interiorem hominem uiuat, licet per
eamdem temporalem fidem ad ueritatem nitatur, et tendat aeternam, tamen in eiusdem fidei
temporalis retentione, contemplatione, dilectione, nundum talis est trinitas, ut dei iam imago
dicenda sit. A Trindade, XIV, 2,4.
102
36
Sed qui hoc dicit, non discernit ailam nunc esse trinitatem, quando praesentem fidem
tenemus, videmus, amamus in nobis; aliam tunc futuram, quando no ipsam, sed eius velut
imaginarium vestigium in memoria reconditum, recordatione contuebimur, et duo haec, id
est, quod erat in memoria retinentis, et quod inde imprimitur in acie recordantis, tertia
voluntate iungemus. A Trindade, XIV, 3,5.
103
37
[...] quia imago rei corporalis iam transactae atque praeteritae remant in memoria unde
informetur cogitantis obtutus atque id utrumque tertia uoluntate iungatut [...] sed prorsus
alia. Nam praeter quod illa erat extrinsecus, haec intrinsecus, illam profecto faciebat
species praesenteis corporis, hanc imago praeteriti. A Trindade, XIV, 3,5.
38
Confissões, IX, 30.
39
Nec illa igitur trinitas, quae nunc non est, imago Dei erit; nec ista imago Dei est, quae tunc
non erit; sed ea est invenienda in anima hominis, id est rationali, sive intellectuallli, imago
Creatoris, quae immortalite immotalitati eius est ínsita. Ibid., XIV, 4,6.
104
40
[...] in anima hominis, id est racionali siue intellecutali, imago Creatoris quae immortaliter
immortalitati eius est insita. Confissões, XIV, 4,6.
105
41
Mens igitur quando cogitatione se conspicit, intelligit se et recognoscit. A Trindade, XV,
6,8.
106
42
A Trindade, XIX, 14,18.
107
46
In abdito mentis quarundam rerum quasdam notitias, et tunc quodam modo procedere in
medium atque in conspectu mentis velut apertius constitui quando cogitantur; tunc enim se
ipsa mens et meminisse et intellegere et amare inuenit etiam unde non cogitabat quando
aliunde cogitabat. A Trindade, XIV, 7,9.
47
Ibid., XIV, 5,7.
48
Confissões, X, VI.
49
Frase popularizada por Sócrates, estava escrita no Santuário de Delfos, Templo de Apolo.
109
50
OLIVEIRA, Nair Assis de, 1994 apud A Trindade. p. 690.
51
Scit igitur se ipsasm. Deinde cum se quaerit ut nouerit, quaerentem se iam nouit. Iam se ergo
nouit. Quopropter non potest omnino nesciere se quae dum se nescientem scti se uitquei
scit. Si autem se nescientem nesciat, no se quaeret ut sciat. Quapropter eo ipso quo se
quaerit magis se sibi notam quam ignotam esse conuincitur. Nouit enim se quaerentem
atque nescientem dum se quaerit ut nouerit. A Trindade, X, 3,5.
110
52
AGAËSE, P., apud GARETH, 2007. p. 190.
53
Tanta est tamen cogitationis uis ut nec ipsa mens quodam modo se in consepctu suo ponat
nisi quando se cogitat [...]. A Trindade, XIV, 6,8.
54
Proinde restat ut aliquid pertinens ad eius naturam sit conspectus eius, et in eam [...] Cum
vero non se cogitat, non sit quidem in conspectu suo, nec de illa suus formetur obtutus, sed
tamen noverit se tamquam ipsa sibi sit memoria sui. Ibid., XIV,6, 8.
111
55
Mens igitur quando cogitiatione se conspicit, intelligit se et recognoscit. A Trindade, XIV, 7,
9.
56
GARETH, 2007, p. 76.
57
A Trindade, XIV,10, 13.
58
Ibid., X, 10,14.
59
FARIA, Aloysio Jansen de, 1994 apud A Trindade. Notas Complementares. p. 688.
60
Ecce ergo mens meminit sui, intellegit se, diligit se. Hoc si cernimus, cernimus trinitatem;
nondum quidem Deum, sed iam imaginem Dei. A Trindade, XIV, 8,11.
112
mente pensa acontece como que uma “separação”, pois ela é agente do
pensamento e ao mesmo tempo objeto, mas diversamente do olho que
vê algo distinto de si, a mente está olhando para si mesma sem que haja
a separação que acontece no caso da visão, ou seja, a mente consegue
realizar a mesma coisa que os sentidos em relação ao objeto de seu
conhecimento, não necessitando haver a separação entre cognoscível e
cognoscente.
É preciso destacar que nada disso surgiu de fora da mente, foi
gerado nela mesma e por ela mesma. Esse conhecimento não é
produzido e sim gerado. O pensamento não introduz elementos
estranhos à mente.
“[...] É, pois, ainda por esses três termos que cremos se insinuar a
trindade da alma: memória, inteligência e vontade.”61 Sendo assim, o
elemento que gera é a memória, o que é gerado é o pensamento, e a
vontade, o terceiro elemento que une o primeiro e o segundo. Estas três
faculdades da mente aplicadas sobre si mesma a mostram sendo una e
trina ao mesmo tempo.
A memória refere-se ao conhecimento latente que a mens tem de
si, e ao próprio ato de lembrar-se de si; a vontade é a faculdade que
movimenta a mens ao encontro do pensamento visando conhecer-se
como presente a si própria. “Agora chegamos ao assunto que nos
determinamos considerar; a mente humana que conhece a Deus ou pode
vir a conhecê-lo, a fim de descobrir aí a imagem de Deus.”62
Após discorrer sobre a trindade da alma, na qual se pode ver uma
relação desta consigo mesma: memoria sui, intellingentia sui, amor sui,
Agostinho apresenta uma nova trindade, a da sabedoria. Agora não se dá
uma relação da alma consigo mesma, mas entre ela e Deus, da qual ela é
a imagem: memoria Dei, intelligentia Dei e amor Dei.
61
A Trindade, XIV, 6, 8b.
62
Nunc vero ad eam jam pervenimus disputationem ubi principale mentis humanae, quo novit
Deum vel potest nosse, considerandum suscepimus, ut in eo reperiamus imagem Dei. Ibid.,
XIV, 7,11.
113
63
Haec igitur trinitas mentis non proptere dei est imago, quia sui meminit mens, et intellegit ac
diligit ac diligit se; sed quia potest etiam meminisse, et intellegere, et amare a quo facta
est. Quod cum facti, sapiens ipsa fit. Si autem non facit, etiam cum sui meminit, seque
intellegit ac diligit, stulta est. Meminerit itaque dei sui, ad cuius imaginem facta est, eumque
intellegat atque diligat. A Trindade, XIV, 12,15.
64
Quod cum facti, sapiens ipsa fit. Si autem non facit [...] stulta est. Ibid., XIV, 12,15.
65
A Cidade de Deus, VIII, 2.
66
[...] sed ego nec sic quidem sapientem me audeo profiteri. Satis est mihi quod etiam ipsi
negare non possunt, esse etiam philosophi, id est amatoris sapientiae, de sapientia
114
disputare. Non enim hoc illi facere destiterunt qui se amatores sapientiae potius quam
sapientes esse professi sunt. A Trindade, XIV, 1,2.
67
Accedente quidem istam ad participationem naturae veritatis et beatitudinis illius [...] Se
ipsam vero nunc quando videt non aliquid immutabile videt. Ibid., XIV, 14,20.
68
Diligere porro se ipsam non possset si se omnino nesciret, id est si sui non meminisset nec se
intellegeret. Qua in se imagine dei tam potens est ut ei cuius imago est valeat inhaerere. Sic
enim ordinata est naturarum ordine non locorum ut supra illam non sit nisi ille. Ibid., XIV,
14,20.
115
69
Haec igitur trinitas mentis non propterea Dei est imago, quia sui meminit mens, et
intellegere, et amare a quo facta est. Quod cum facit, sapiens ipsa fit [...] et non sua luce,
sed summae illus lucis participatione sapines erit, atque ubi aeterne, ibi beata regnabit. Sic
enim dicitur ista hominis sapientia, ut etiam Dei sit. A Trindade, XIV, 12,15.
116
70
Ut aliquando terminetur oratio, si aut exstingui tranquille uolumus cum in his artibus
uixerimus, aut si ex hac in aliam haud paulo meliorem domum sine mora demigrare, in his
studiis nobis omnis opera et cura ponenda est. A Trindade, XIV, 19,26.
CONCLUSÃO
______. A Vida Feliz. Trad. de Nair de Assis Oliveira. 2º ed. São Paulo:
Ed. Paulus, 1998.
BÍBLIA SAGRADA. TEB. São Paulo: Ed. Paulinas & Loyola, 1995.
MELLO, Tiago de. Poesias Escolhidas. São Paulo: Ed. Ediouro, 2001.
JOÃO PAULO II, Papa. Fides et Ratio. 1º ed. São Paulo: Paulinas,
2008.