Análise de Estruturas
Análise de Estruturas
Análise de Estruturas
1.INTRODUÇÃO 11
2.COMUNICANDOATRAVÉSDAPAISAGEM 15
2.1. O PROJETO PAISAGÍSTICO COMOOBRA DE ARTE 16
2.2. UTILIZANDO O JARDIM PARACOMUNICAR SENTIMENTOS 21
2.3. ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO NO JARDIM ; 26
2.3.1. Linha 26
2.3.2. Forma 30
2.3.3. Textura : 33
2.3.4. Cor 35
2.3.5. Evolução dos elementos básicos de comunicação
visual na composição paisagística 51
2.3.6. Movimento no jardim 54
2.3.7. Trabalhando o som na paisagem 55
3. ELEMENTOS UTILIZADOS PARA FAZER UM JARDIM 57
3.1. ELEMENTNOASTURAIS. 58
3.1.1. Conhecendo as plantas ornamentais 58
3.1.2. Presença de animais no jardim 91
3.1.3. Outros elementos naturais 92
3.2.ELEMENTAORSQUITETÔNICOS 94
4. PRINCÍPIOS DE ESTÉTICA APLICADOS AO PAISAGISMO 135
4.1. BELEZA É FUNDAMENTAL 142
4.2. CONHECENDO OS PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO
PAISAGÍSTICA 145
4.2.1. A mensagem - é preciso "dar o recado" 145
4.2.2. O equilíbrio.. 147
4.2.3. A escala ..~ 150
4.2.4. A dominância 152
4.2.5. A harmonia : 158
4.2.6. O clímax da paisagem 167
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1
Detalhes sobre o conceito de beleza são discutidos no Capítulo 4 deste
volume.
dos princípios de estética. Porém, vale salientar que o jardim obedece a
certas leis que lhe são peculiares, juntamente com outras inerentes a
qualquer forma de manifestação de arte. São os mesmos problemas de
forma e de cor, de dimensão, de tempo e de ritmo. Ressalta-se que, no
paisagismo, certas características têm importância maior que nas outras
formas de arte. O tridimensionalismo, a temporalidade, a dinâmica dos
seres vivos devem ser levados em conta na composição. Até mesmo as
características dos elementos de comunicação visual têm, no jardim, sua
maneira própria de participar. A cor, na natureza, não pode ter o mesmo
sentido da cor, na pintura. Ela depende da luz do sol, das nuvens, da
chuva, das horas do dia, do luar e de todos os demais fatores ambientais.
Eis porque se pode considerar o jardim como manifestação de arte com
suas próprias características, dotada de personalidade própria.
Nas paisagens tropicais do Brasil, o verde escuro, quase negro, em
um estranho contraste, alia-se a duas cores dominantes: o amarelo das
cássias e ipês, que dão vibração à composição cromática, e o violeta das
quaresmeiras,que cria um cenário peculiar nas paisagens, na época de sua
floração. A natureza apresenta essas cores ímpares, juntas, competindo
com as diferentes tonalidades exibidas pelas demais plantas, para dar a
justa medida da composição. São cores que somente se explicam por
causa dos fatores ambientais, em contraste com o verde-escuro e denso
das matas nativas circundantes. Encontra-se, também, na forma e no
ritmo das montanhas, das serras, uma certa vivacidade, contrapondo se à
tranqüilidade dos vales e das planícies.
Como citado anteriormente, aplicam-se em paisagismo as regras e os
princípios aceitos na pintura e em outras artes. Entretanto, há um grande
diferencial na aplicação desses princípios, em decorrência dos
componentes a serem trabalhados na paisagem. Exemplificando a
diferença marcante entre a pintura e o paisagismo, observamos que, ao
executar sua obra, o pintor tem um domínio total da cor no seu trabalho,
enquanto em paisagismo este domínio é parcial. A pintura é estática não
muda; enquanto o jardim é dinâmico, como abordado no vol. 1 desta série.
As plantas crescem, variam em forma e em cor. Sabe-se que cor é
luz e esta muda durante o dia. Além disso, a planta pode variar sua cor na
brotação, no outono, ou com seu florescimento. Assim, a composição em
paisagismo, seguindo basicamente os mesmos princípios que seguem a
arte da pintura, requer ou exige, para sua aplicação, uma adaptação
especial.
Nesse contexto, um projeto paisagístico se equivale a um quadro
com pintura em tela, um livro, uma escultura, onde o autor se comunica
com alguém. Na realidade, o diferencial do paisagismo está na matéria
prima constituída dos recursos naturais e arquitetônicos e, sobretudo,
pelos sentimentos. Tais sentimentos serão repassados aos usuários dos
jardins por meio de elementos vivos e inertes que constituirão a
composição paisagística. .
Trabalhar com elementos vivos e inertes para se compor uma
paisagem não é tarefa fácil. E não se trata de compor arranjos para imitar
a natureza. É necessário ressaltar que não existe arte em uma simples
imitação da natureza. Desta, tiram-se lições de como os elementos se
interagem e fazem associações perfeitas. Entretanto, é humanamente
impossível brincar de ser o Criador. Paisagens construídas pelo homem
sempre terão a sua marca, o seu toque especial, a sua inspiração. Mesmo
que haja tendência para o estilo naturista ou paisagista (informal), o
mesmo requer composições que, em algum momento, se distanciarão da
mera cópia da natureza. E é nesse aspecto que se encontra o diferencial
entre uma paisagem natural e uma, paisagem-arte (jardim).
Diferente das demais artes, o paisagismo tem como objeto de
trabalho a paisagem com todos os seus componentes (naturais e
arquitetônicos), além da dimensão temporal. O jardim cresce, floresce,
perde folhas,alguns componentes se movimentam, mudam com as
estações do ano. Daí resulta em um dos grandes diferenciais das outras
formas de arte. Além disso, é uma arte que alerta todos os nossos
sentidos, ou seja, os jardins possuem cores, formas, sons, aromas os mais
variados, entre outras sensações despertadas naqueles que dele usufruem.
Comenta-se que a arte dos jardins é provavelmente a mais ambígua,
a mais difícil e, ao mesmo tempo, a menos apreensível de todas as artes.
Afinal, um jardim faz-se com a própria natureza, e, no entanto, desta se
deve afastar por uma ostensiva e delicada alteração que é o que
precisamente o toma jardim e o isola de maneira franca e insidiosa dentro
da extensão que o cerca.
Todo jardim é fantasmagoria, ou seja, visão-ilusória. Para o
observador, em um primeiro momento ele pode ser apenas uma parte da
natureza e quadro destinado a encantar o olhar. Mas, num segundo
momento, ele se transforma na visão do observador e passa a acolhê-lo e
despertar sentimentos, insinuando que não é apenas um mero cenário da
natureza.O jardim instala no espaço construído um mundo ligeiramente
desligado da natureza. O homem o criou não para a sua subsistência, mas
para seu deleite. Encontra-se às vezes fechado por muralhas,às vezes
por.uma cerca-viva, um riacho ou um declive; em último caso, por uma
nuança,o espesso ou o raso de uma grama plantada, regada, tratada. Em
certas situações, esses limites são quase ausentes, e no entanto, ainda
perceptíveis.
Fazer jardins consiste em conjugar um traçado de inspiração do
artista com a dotação e os caprichos dos recursos naturais e
arquitetônicos. O pintor, sobre a parede ou sobre a tela, compõe à vontade
linhas, superfícies e cores. O joalheiro, em seu banco, para fazer suas
jóias,junta, a seu bel- prazer, gemas e metais. O escultor e o arquiteto
levam em conta a resistência do material, obedecendo às leis
imperturbáveis do equilíbrio e da gravidade. Uns e outros atuam
livremente. Lidam com substâncias dóceis ou rebeldes, mas sempre
inertes, que eles manipulam e submetem à sua inspiração. Não precisam
temer que elas se rebelem ou se esquivem ou lhes preguem peças.
Entretanto, ao imaginar um jardim, o paisagista modifica a natureza,
corrige-a, transforma-a. Concilia sua arte com a fertilidade do solo, com o
ciclo das estações, com o regime das chuvas, a data das semeaduras, os
ritmos de crescimento e de floração, enfim, com os diferentes fatores da
ecologia.
Ao contrário dos demais artistas, o paisagista transforma em obra
uma porção medida da natureza. Isso explica, suponho, por que os estilos
da música, da literatura e das artes são tão numerosos, e o dos jardins tão
raros e em bem menor número, a ponto de vê-los todos num giro rápido,
como se pode constatar na "história da arte dos jardins"2. Comparando-se
os estilos dos jardins ao das demais artes, há quem diga que estes são
quantitativamente menores,- dada a complexa relação que a arte dos
jardins é tem com a natureza.
Nos jardins atuais, tem-se a difícil tarefa de resgate da natureza,
sobretudo nas áreas urbanas, onde residem cerca de dois terços da
população mundial. Neste sentido, há necessidade de se criar paisagens,
onde se possa respirar, entrar em contato com a natureza, ter a
oportunidade de poder meditar, contemplar uma flor ou uma forma de
planta em lugar sossegado, proporcionar à população o prazer de desfrutar
despreocupadamente o esporte e o lazer ao ar livre. Isso significa criar
jardins com uma expressão própria "como obra de arte, mas que,
simu1taneamente, satisfaçam todas necessidades de contato com a
natureza, das quais prescindem aquelas que pertencem a uma civilização
tecnológica.
Nesse sentido, o jardim ordenado, nos espaços urbanos atuais, é um
convite ao convívio, à recuperação do tempo real da natureza das coisas,
em oposição à velocidade ilusória das regras da sociedade de consumo.
Como as demais artes, o jardim pode e deve ser um meio de
conscientização de uma existência, na medida verdadeira do ser humano,
2
No capítulo 2, vol. 1, da série Planejamento 1 Paisagístico, encontra;se uma ampla
abordagem sobre a história da arte dos jardins.
do que significa estar vivo. No entanto, ele pode dar um testemunho da
coexistência pacífica das várias espécies, do lugar de respeito pela
natureza e pelo próximo, bem como pelo diferente, pelo que está à margem
do sistema. Em suma, o jardim é um instrumento de prazer e um meio de
educação. Esta função social foi bastante discutida no vol. I desta série,
onde se enfatiza a função social dos jardins.
Como se falou anteriormente, ao fazer jardins, tem-se um
compromisso com a educação do cidadão. Portanto, a missão social do
paisagista tem esse lado pedagógico de fazer comunicar às pessoas o
sentimento de apreço e compreensão dos valores da natureza através do
contato com as paisagens construídas.
3
- No capítulo dois, vol. 1, da série Planejamento Paisagístico, o leitor terá a
oportunidade de conhecer os estilos de jardins desde a antiguidade clássica até os
dias atuais.
O organismo humano é um sistema integrado que procura receber
as informações do mundo ordenadas e, da mesma forma, sistemáticas. A
necessidade coerência é inerente ao ser"humano. No jardim, as pessoas
são motivadas por algum elemento que lhes diga respeito, que lhes
interesse. Anseiam por harmonia e selecionam os aspectos do meio aos
quais vai reagir. Salvo, em circunstância anormais (que não é o caso dos
jardins), o meio não pode forçar o indivíduo a se comportar de forma
estranha à sua natureza.
Se um cliente não gosta de determinada planta, jamais irá se
interessar por ela em um jardim. Ao passo que, se determinado estímulo
que se encontra nos elementos do jardim lhe faz sentido, lhe agrada, ele
passará a freqüentar tal ambiente com bastante freqüência, pois lhe
proporciona bem estar. De uma ou de outra forma, o ser humano
aprendeu a ver algumas coisas como harmoniosas e outras não, pelo
prazer ou desprazer que sente. A tendência é descartar o que é
desagradável.
2.3.1. Linha
Todos, em algum momento, já traçaram um risco no papel, na
parede, no chão ou em qualquer outra superfície. Na Geometria
elementar5, esse risco traçado com auxílio de uma régua ou à mão livre,
denomina-se linha. Trata-se de um traço contínuo com uma só dimensão
(o comprimento) e, dependendo da maneira como foi desenhada, podem
ser classificadas como: retas, curvas, ou mistas (combinação de retas e
curvas).
No entanto, na natureza, as coisas não são tão simples, assim como
definido na Geometria. Na paisagem, a linha pode ser percebida através de
uma fileira de árvore sem uma alameda, no contorno das serras e
montanhas, na superfície de um lago, etc. De maneira simplificada, pode-
se dizer que, na natureza, a linha é o desenho dos contornos dos objetos
que estão no jardim (árvores,bancos,pérgulas, rochas,etc.), de suas linhas
internas ou a disposição de grandes planos, como a superfície de lagos ou
edificações. No caso das palmeiras enfileiradas na alameda, ela é
representada por uma seqüência unidirecional na extensão da alameda.
Mas, também, no caso de outros componentes como bancos, arbustos,
rochas, etc, elas podem ser definidas aos nossos olhos pelo limite entre
componentes visuais diferentes no jardim.
4
Para saber mais sobre esses componentes da paisagem recorrer ao capítulo
1, vol. 1, da série Planejamento Paisagístico, que trata dos princípios básicos do
paisagismo.
5
Geometria - ciência que estuda as formas dos objetos e suas dimensões no
espaço.
Nesse sentido, pode-se afirmar que, na natureza, as linhas não
existem, são produtos de nossa racionalização. Na verdade, aquilo que
observamos nas paisagens e que chamamos de linha é, na realidade, limite
de uma forma. A linha do horizonte, por exemplo, não passa de uma
configuração da Terra. Além disso, alguns elementos da paisagem têm
conotações que podem ser lidas como linhas. A horizontalidade (linhas
horizontais) pode ser percebida no mar, em plantações agrícolas, e em
gramados. Já a verticalidade (linhas verticais) encontra-seno tronco das
palmeiras, em edifícios e Jorres, além de outros elementos da paisagem. O
mesmo raciocínio pode-se estender a outros tipos de linhas percebidas na
paisagem. Assim, lemos nas composições paisagísticas suas "linhas", as
quais provocam agrupamentos por semelhanças ou isolamento por
contrastes.
Considerando-se que a leitura visual que se faz de uma paisagem
vai, normalmente,do mais simples (ou com possibilidades de simplificação)
para o mais complexo, as linhas geometrizadas (aquelas desenhadas no
projeto de jardim) tornam-se mais pesadas que as orgânicas (aquelas
encontradas normalmente na paisagem). Nos projetos de jardim em que
haja predomínio de linhas retas, a presença de linhas orgânicas
(curva/sinuosa, por exemplo) ganhará peso, pelo fato de ser muito
contrastante com o desenho geral do jardim. Dentre as linhas
geometrizadas, o peso visual vai das horizontais, passando pelas verticais,
chegando às diagonais e curvas. Entre as orgânicas, vai desde aquelas que
estão sujeitas a simplificações geometrizantes até as mais complexas.
Ressalta-se que a verticalidade em um meio onde predomina a
horizontalidade confere dominância ao elemento vertical e vice-versa.Uma
solução tradicional no equilíbrio entre as linhas é dar pesos iguais ao
horizontal e vertical. A isto se denomina equilíbrio clássico, muito comum
na arquitetura grega e afins.
A linha é o elemento mais simples e mais primitivo no processo de
comunicação visual, estando presente em quase todos os componentes da
paisagem. Nota-se sua presença na forma de linha vertical nas palmeiras,
sinuosa numa cadeia de montanhas, ou horizontal na superfície de um
lago. Essas linhas transmitem ao observador da paisagem diferentes
sensações.
Diferentes tipos de linhas oferecem impressões diversas, que podem
ser exploradas com a finalidade de conferir significado ao jardim. Certas
sensações que temos em locais que freqüentamos (inclusive os jardins)
podem estar relacionadas de forma imperceptível com a idéia de linhas
(Figura 1).
2.3.2. Forma
6
Suástica - símbolo em forma de cruz adotado pelos adeptos do regime
político criado por Hitler, na Segunda Guerra Mundial.
2.3.3. Textura
2.3.4. Cor
7
Psicologia é a ciência que estuda os fenômenos mentais e do
comportamento humano.
a sensações psíquicas, para criar a atmosfera adequada a cada cena. As
cores quentes (ou fortes), como o vermelho, costumam ser usadas para
situações que sugerem ação e movimento. Pelo contrário, as cores frias (ou
suaves),como o azul, são utilizadas quando se deseja obter um clima
romântico na cena.Já as tonalidades escuras, geralmente cinzentas, são
normalmente usadas para criar no espectador a.sensação de desolação,
mistério ou terror.
Então, qual o clima que se deseja criar no jardim?
A.resposta está nas cores a serem utilizadas no projeto paisagístico
em função das sensações que se deseja passar para os usuários do jardim.
Assim, um canteiro com flores de coloração forte, vibrante, irá passar ao
espectador uma sensação de excitação, alegria. Já o tom suave das flores
de coloração fria poderá deixar a sensação de calma, tranqüilidade.
Portanto, no processo de comunicação visual, como é um projeto de
jardim, a cor tem uma função bem definida e específica, devendo ajudar na
clareza da mensagem a ser transmitida. A cor, às vezes, cria o clima
desejado e fala por si só, o que deve ser aproveitado pelo paisagista como
instrumento técnico para passar sua mensagem. Somente escolher,
aleatoriamente, plantas com determinadas cores não garante que a
composição paisagística seja equilibrada e harmoniosa. a. paisagista, na
condição de comunicador, deve se interrogar se o público vai entender com
exatidão o que ele quer dizer ao projetar determinado jardim.
Nesse contexto, as relações entre as cores quentes e frias (Figura 6)
são as seguintes:
As cores quentes são mais luminosas, vibrantes. A relação é de
contraste intenso como, por exemplo, numa Sálvia (Salvia splenders)8
plantada em uma das dependências do jardim (Foto a). Cores quentes são
8
8As plantas são denominadas pelo seu nome popular (por exemplo, Sálvia) e
científico (por exemplo,
Salvia splenders) de origem latina.
mais vibrantes,lembram o fogo, o sol, o calor, a alegria. Elas são ativas,
mais pesadas, parecem ocupar mais espaço que na realidade; conferem
maior vibração à composição, assim como parecem avançar em direção ao
observador. Da mesma forma, funcionam as áreas luminosas do jardim.
Cores fria, ao contrário, nos lembram o frio, o gelo, o céu, a
umidade,são passivas,mais leves,profundas,recuam visualmente, podem
inspirar tristeza (cuidado ao usá-la no jardim!); são mais relaxantes, mais
est4ticas.Dessa forma funcionam também as áreas escuras do jardim.
Em síntese,quanto à noção de "cores quentes e frias, pode se dizer
que existe uma associação psicológica com as cores apresentadas por
objetos que emitem calor;já que cor é luz e esta é uma fonte de energia,
como foi explicado anteriormente. Então, resumidamente, pode-se dizer
que:
Cores quentes - são visualmente mais apelativas, transmitem
impressão de agitação e dão idéia de proximidade;
Cores frias - são menos atrativas, transmitem impressão de repouso
e afastamento.
O estudo das cores tem evoluído bastante atualmente, inclusive, na
Cromoterapia9. Ela tem-se ocupado com o efeito das cores sobre o
comportamento e sobre o organismo humano. O poder de curar problemas
psicológicos e físicos, bem como a possibilidade de influenciar interações
sociais em um determinado ambiente, têm sido observados através dos
tempos. Com o jogo de cores em um certo ambiente, pode se trazer
influências que vão além do prazer estético.
9
Entende-se por Cromoterapia, uma forma de terapia que utiliza luzes de várias
cores para curar determinadas doenças.
Sabe-se que as cores estimulam todos os órgãos dos sentidos, pois o
rosa-aveludado provoca sensações táteis semelhantes a carícias. Pode-se
sentir tanto a brisa ou o vento de outono em folhagens amarelecidas, como
o cheiro das matas em um verde suculento.
As cores na natureza
10
o termo ecologia deve aqui ser concebido como a interação entre os seres vivos e
o ambiente que os cerca, influenciando-se reciprocamente
11
Fotossíntese - processo de produção de alimento para planta por meio da
fixação de gás carbônico, existente no ar, e a ação da luz solar. A clorof1la tem
participação fundamental nesse processo.
prateada que é bastante típica, por exemplo, nas folhas do dólar-de-prata
(Eucalyptus cynerea).
Se, na paisagem natural, as cores existem em grande variedade, no
mundo criado pelo homem, como as paisagens construídas, a presença
das cores também é uma constante. Na pintura, no desenho, na
arquitetura, no cinema, no paisagismo e em outras manifestações
artísticas, a utilização adequada das cores é um dom precioso que deve ser
explorado em benefício daqueles que usufruem as obras-de-arte (entre elas
o jardim).
No campo perceptivo da paisagem, existem elementos que forçam a
direção do olhar e chamam mais atenção do que outros. No mundo das
cores, algumas direcionam a força do olhar, obrigando que se olhe para
elas. Entretanto, qualquer cor pode ser dominante, desde que seja a mais
forte na composição paisagística.
Concluindo este item, fazemos questão de passar uma importante
dica, em relação às cores, para aqueles que pretendem fazer jardins.
Embora a sabedoria popular afirme que gosto não se discute, na hora de
escolher a cor predominante no jardim, convém não esquecer algumas
regras:
Tem sempre maior efeito uma massa de vegetação com uma cor só,
do que a de uma mistura de cores;
É melhor formar maciços de cores uniformes, alternando
eventualmente as cores dos maciços, que misturar todas as cores num
bloco único;
Alguns contrastes são visualmente mais agradáveis do que outros.
consegue-se melhor efeito combinando harmonicamente as cores.
2.3.5. Evolução dos elementos básicos de comunicação
visual na composição paisagística
Árvores
Diferenciar uma árvore das demais plantas é relativamente fácil,
pois as plantas arbóreas possuem porte considerável e impressionam pela
perfeição e clareza de sua estrutura formada por caule único e copa bem
definida.
A forma estrutural de uma árvore resulta do modo como as partes
responsáveis pelo crescimento da planta (meristemas) se desenvolvem. Em
decorrência do tipo de crescimento adotado, a árvore poderá ter uma
forma acentuadamente vertical, marcado por um único tronco, que, em vez
de se dividir, apenas lança ramos lateralmente (estrutura monoaxial), ou
dispor de uma forma mais bem distribuída no espaço, resultante de outros
tipos de estrutura, onde o caule se subdivide uma ou mais vezes (estrutura
poliaxial), conforme pode-se verificar na Figura 9.
Palmeiras
12
Estipe - caule aéreo e ereto, geralmente não ramificado na parte de cima,
mas com folhas que partem diretamente do caule.
Incluem-se também, nessa categoria, as plantas denominadas de
cicadáceas. Insere-se nesta categoria as espécies do gênero Cyca sp,
popularmente conhecidas por cica, ou palmeira samambaia, e a palmeira-
sagu ou sagu, que, embora, façam parte das coníferas, são muito
assemelhadas às palmeiras, sendo normalmente confundidas por pessoas
leigas em Botânica.
Entre as plantas ornamentais, de grande porte, nada se compara em
elegância e beleza com as palmeiras. Suas folhas correspondem às partes
mais ornamentais dessa classe de plantas, como as flabeladas
encontradas na latânia (Fatania lontaroides) e falsa latânia (Livistona
chinensis), ou as do tipo pinadas presentes no coqueiro (Cocos nucifera), na
palmeira imperial (Roystonea oleracea) e no babaçu (Orbignia sp). Além das
folhas, variações, as mais exóticas, ainda ocorrem com relação aos tipos de
caules (estipes) e inflorescências.
Assim, o jardim tropical, sem as palmeiras, não estaria
perfeitamente caracterizado. Do ponto de vista estético, elas impressionam
mais pela sua silhueta que pela sua cor ou por outros caracteres. Daí ser
recomendável, do ponto de vista de composição, a colocação das palmeiras
de forma isolada ou em pequenos grupos.
Alguns jardinistas e pessoas com pouco conhecimento da Botânica
podem incluir os bambus na classe das palmeiras, por se assemelharem
ligeiramente a elas. Entretanto,os bambus são plantas que pertencem à
família das gramíneas, com altura não raramente similar à das grandes
árvores, formando vários caules subdivididos abaixo da superfície do solo e
originando densas touceiras,.parecendo-se com grandes arbustos.
Os bambus apresentam caules do tipo colmos13 eretos, que
apresentam um diâmetro variável entre 1 a 25 cm, e uma altura entre 1 a
30 m. São originários da China, Índia e Japão e por essa razão, sua
participação em jardins orientais é quase obrigatória.
Em jardins muito grandes ou em parques são usados aqueles de
grande porte como o bambu-gigante (Dendrocalumus giganteaus), o
bambu-amarelo (Phylloatachya aurea), ou ainda o bambu-imperial
(Bambusa vulgaris). Já nos pequenos, pode ser usado com muita
graciosidade o bambuzinho (Bambusa gracilis), que apresenta colmos
finos, com folhas amarelas e não passam de 3 metros de altura.
Trepadeiras
13
Colmos - são caules aéreos e eretos, geralmente não ramificados na parte
superior. Apresentam em toda a sua extensão nós e entrenós, formando gomos. No
caso do bambu, o caule é oco.
espaço oferece na sua maioria uma floração de colorido diversificado. Além
disso, são ideais para recobrir cercas, muros, pérgulas, colunas, arcos e
em certos casos servir como forração recobrindo o solo.
Por essas suas características, proporcionam ao paisagista soluções
de rara beleza para corrigir certos problemas arquitetônicos, tais como
colunas e paredes com aspectos desagradáveis.
Para trabalhar adequadamente com as trepadeiras, é fundamental
para o paisagista conhecer o seu hábito de crescimento e a maneira como
elas se apóiam ou se fixam no suporte. Em função dessa característica, as
trepadeiras foram reunidas em três grupos distintos. As que não possuem
qualquer órgão de fixação, as que têm seus próprios dispositivos de
amarração, e as que possuem caules volúveis.
Entre as trepadeiras do primeiro grupo, que tem como característica
a ausência de órgãos de fixação, existem alguns tipos de cipós, como as
buganvílias (Bougainvillea sp), cujos caules flexíveis e de crescimento
alongado, produzem novos ramos sucessivamente até encontrarem apoio.
A contínua sobreposição de novos ramos sobre os anteriores dá origem a
uma exuberante massa vegetal que, apoiada em um suporte verga ao seu
próprio peso. Portanto, elas exigem um apoio adequado como pérgulas,
caramanchões, entre outros suportes.
Encontram-se, ainda no primeiro grupo,plantas que formam ramos
muito longos, mas tendem a tomar forma de arbustos escandentes, desde
que não-amarradas a um suporte,como é o caso da alamanda (Allamanda
cathartica) e brinco-de-princesa (Fuchsia hybridum), ou alguns tipos de
jasmim. Geralmente, essas plantas, quando cultivadas, podem necessitar
de amarrações especiais a alguma estrutura de apoio, sem as quais não
assumem a forma adequada.
No segundo grupo, encontram-se as trepadeiras que possuem seus
próprios meios de amarração, as gavinhas14,que nascem em substituição a
partes vegetais como folhas, ramos ou flores e possuem sensibilidade para
enrodilhar rapidamente em qualquer apoio próximo. Isso acontece, por
exemplo, com o amor agarradinho (Antigonon leptopus), o cipó-de-são-joão
(Pyrostegiavenusta) e o maracujá-açu (Passiflora quadrangularis). Ressalta-
se que existem dois tipos de raízes fixadoras: aquelas que criam pontos de
sustentação ao se expandirem após sua penetração em fendas, e as que
produzem uma espécie de cimento que lhes possibilita aderir, mesmo em
superfícies lisas. No primeiro caso, tem-se a costela-de-adão ou monstera
(Monstera deliciosa),enquanto a unha-de-gato ou falsa hera (Ficus pumila) e
as heras enquadram-se na segunda situação. A trepadeira coração-de-
estudante (Solanum wandiandii) é o exemplo daquelas que usam espinhos
curvos para sua fixação.
As trepadeiras volúveis, como a madressilva (Lonicera japonica), a
campainha (Ipomoea purpurea) e a lágrima-de-cristo (Clerodendrum
thomsonae), fazem parte do grupo três, cujos brotos se enrolam em espiral
em volta de qualquer suporte. Uma dica para quem vai usá-las no jardim:
se colocada junto a um muro, sem a colocação de vara ou suporte para
que ela se enrole, é sinal de fracasso, pois não se vai conseguir o efeito
estético e funcional desejado.
Conhecendo-se essas características, fácil será ao paisagista
escolher a. trepadeira adequada para cobrir um caramanchão, embelezar
muros, paredes ou colunas de aspecto desagradável, ou, ainda, completar
a moldura superior de uma vista. Nos terraços pergolados, as trepadeiras
além de embelezarem, proporcionam a sombra desejada para as reuniões
sociais além de propiciarem um ambiente fresco e confortável.
14
Gavinhas são pequenas raízes, no formato das patas de um gavião, as quais
servem para fixar as trepadeiras em qualquer suporte.
Quanto ao porte, existe entre as trepadeiras uma grande variedade
de espécies com altura ou extensão diversificadas. Entre as de pequeno
porte cita-se flor-de-cera (Hoya carnosa) ou o jasmim-da-noite ou rainha-
da-noite (Cestrum noturnum), que não atingem mais do que 2 ou 3 metros,
em geral, com crescimento um pouco lento, servindo para cercas, colunas
e treliças baixas. Representantes de porte médio têm-se o amor-
agarradinho (Antigonon leptopus) e a lágrima-de-cristo (Clerodendrum
thomsonae), ideais para o revestimento de pérgulas, treliças ou muros não
muito altos, pois os ramos destas espécies não vão além os 5 ou 6 metros
de comprimento. Finalmente, as trepadeiras de grande porte podem
ultrapassar os 6 metros de extensão, como é o caso da sete-léguas
(Pandorea ricasoliana) e da glicínia (Wisteria floribunda), as quais não são
apropriadas para espaços de tamanho limitado.
As flores das trepadeiras geralmente são muito vistosas, daí um dos
motivos por serem bastante utilizadas nos jardins. A maioria das
trepadeiras possui flores que ornamentam a parte externa de sua copa. No
entanto, tomam-se mais interessantes quando observadas por baixo, uma
vez que a floração aparece em cachos pendentes, como, por exemplo, o
sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis), como ilustrado na Foto c.
Pelo exposto anteriormente, verifica-se que as trepadeiras são
extremamente ornamentais, pela presença da floração. Raramente elas
possuem frutos grandes e às vezes vistosos, ou então comestíveis, como
nos diferentes tipos de maracujá ou parreiras (videiras).
Herbáceas e forrações
Piso vegetal
Cactos e suculentas
Plantas aquáticas
Epífitas e parasitas
15
o fotoperiodismo diz respeito ao número de horas de luz que a planta deve
receber durante o dia, necessária para o seu desenvolvimento. Para isto, elas devem
ser plantadas em locais de forma que recebam luz direta ou indireta, conforme as
exigências de cada espécie.
Plantas quanto ao ciclo de vida
As associações de plantas
16
- o lazer passivo é desenvolvido sem atividade física programada, como, por
exemplo, uma reunião informal à beira da piscina. Já o lazer ativo corresponde a
atividades onde o exercício, a movimentação são uma constante, ou seja, são
atividades dinâmicas, como, por exemplo, a prática do futebol.
quiosques, etc.) e outros entram na composição, geralmente, com
fins estéticos como as obras de arte.
No entanto, todo e qualquer elemento que faz parte de uma
composição paisagística deve ser apreciado não só pelos seus efeitos
visuais, mas também pela sua funcionalidade individual ou coletiva. Além
dos benefícios diretos ou funcionais, os elementos arquitetônicos podem
definir o estilo da composição a ser seguido e transmitir sensações tanto
ilusórias como reais. Esses elementos devem ser planejados de maneira
que não choquem com os elementos naturais. Devem ser cuidadosamente
estudados, levando em consideração, principalmente, a sua freqüência,
suas linhas e formas predominantes e de que materiais são feitos.
Salienta-se que os materiais utilizados nos elementos arquitetônicos,
tais como cerâmica, vidro, metal e madeira, podem dar um toque de
originalidade no acabamento do projeto.
uma estreita faixa de grama (Figura 19). Dado seu aspecto de rusticidade,
harmonizam-se notavelmente com as linhas predominantes no estilo
colonial, pelo que é conveniente empregá-las apenas nas vias de acesso
que conduzam ou envolvam elementos arquitetônicos inspirados naquele
estilo tradicional. Recomenda-se utilizá-los em caminhos estreitos e de
pouca extensão.
Cascatas
Nem sempre as pontes são construídas em locais onde têm curso d'
água. Elas também são necessárias para fazer a ligação entre acidentes
topográficos (depressões, por exemplo) e são executadas nos mais variados
tipos e dimensões. Os materiais mais utilizados são: madeira, ferro, aço, e
concreto. São presenças constantes nos jardins de estilo japonês.
Pérgulas
Caramanchão
O caramanchão, como as pérgulas, também está associado às
plantas trepadeiras pois serve de suporte para trepadeiras floríferas ou
não. Entretanto, sua estrutura é mais simples e são executados
usualmente com materiais finos.
A forma e o material utilizado vai depender do estilo do jardim,
variando do rústico ao sofisticado, e deve combinar com as construções e
todo o jardim. Dentre os materiais usados cita-se a alvenaria, a madeira
roliça ou o bambu, sendo preferíveis esses dois últimos, por se tratar de
matéria-prima natural, integrando-se harmoniosamente com as plantas do
jardim. Pode-se, também, estruturá-los em ripados, recobertos com
espécies trepadeiras apropriadas e preferencialmente floríferas. Quanto ao
piso, esse deve ser construído com material que facilite sua limpeza e
permita o uso intenso sem sofrer danos,como as lajotas rústicas de
cerâmica.
A presença de pérgulas ou caramanchões no jardim proporciona ao
usuário uma certa privacidade, convertendo-se em locais para o lazer
passivo, desfrutando-se do frescor e sombra da vegetação para reuniões
informais, apreciar alguma leitura, conversar com amigos e parentes e até
mesmo para isolar-se e fazer meditações.
Nesse contexto, considera-se o caramanchão como uma dependência
do jardim, não um mero elemento auxiliar e decorativo. Sua inclusão no
projeto de jardim será altamente compensadora para o desfrute das
pessoas que freqüentarem o jardim. Sob o teto de caramanchões, os
freqüentadores do jardim se sentirão confortáveis, desfrutando de um
ambiente bem agradável nos períodos quentes.
Treliças
Quiosques
Mirante
Iluminando o jardim
É bom lembrar que os jardins não foram feitos apenas para serem
freqüentados durante o dia. À noite, eles podem se converter em ambientes
extremamente agradáveis com ótimos efeitos visuais produzidos pela
iluminação artificial. Logo, a iluminação além de decorativa permite a
utilização do jardim à noite.
As luminárias entram na composição paisagística objetivando a
utilização do jardim à noite, o realce e a valorização dos elementos que
merecem destaque, e ornamentam o jardim quando possuem
características peculiares interessantes. Dessa maneira, elas permitem
uma certa segurança aos usuários do jardim, além de ressaltar detalhes de
algum componente da paisagem ou criar efeitos especiais.
Mas, para que cumpram essas funções, faz-se necessário tomar
alguns cuidados na hora de planejar o jardim. A união de casa e jardim,
obtida por meio de vastas áreas envidraçadas, perde seu encanto à noite
se não houver iluminação. Para esse problema, há duas soluções
possíveis: instalar cortinas e fechá-las à noite ou iluminar o jardim. Como
a primeira solução não procede a um paisagista inteligente, a segunda
solução é a mais coerente. Assim, deve-se implantar a iluminação com
intensidade aproximada da iluminação interna, para manter a
continuidade visual do interior ara o lado de fora do jardim. Lembre-se que
os focos de luz não devem incidir diretamente sobre as pessoas.
No paisagismo, enquadram-se as luminárias em categorias distintas,
conforme os fins a que se propõem no jardim (Tabela 2), ilustrado na
Figura 26.
As divisórias do jardim
Como mencionado anteriormente, as vias de acesso funcionam,
também, como divisores de ambientes no jardim, no plano horizontal.
Porém, no plano vertical, há algumas divisórias a serem utilizadas,
formando barreiras naturais (cerca-viva) ou arquitetônicas para delimitar
os ambientes no jardim. Divisórias são elementos destinados a dividir
espaços na paisagem e dar maior privacidade ao usuário.
Os variados tipos de divisórias arquitetônicas são executados com
diversos materiais (madeira,bambu, estacas de concreto, etc) Nos dias
atuais em que a segurança é a palavra de ordem, têm sido construídas
com diferentes alturas e bem fechadas, criando-se ambientes de
intimidade e segurança. É preferível que esses elementos sejam
combinados com a vegetação para quebrar o aspecto grotesco das
construções.
Popularmente e no meio técnico as divisórias também são
denominadas de vedações. Trata-se das cercas-vivas, dos muros e
muretas,dos alambrados e cercas.
Cerca-viva
Muros e muretas
Alambrado
Semelhante a uma tela de arame, o alambrado é um tipo de divisória
que serve para dividir ou proteger áreas de lazer tais como piscinas,
quadras, etc. Para sua complementação, podem-se plantar trepadeiras
para ornamentá-los.
Cercas
Churrasqueira
Jardineiras
17
- Paliçadas são cercas bem vedadas (tapumes) construídas com estacas
fincadas no chão.
18
Xilófagos - diz-se dos insetos que se alimentaram de madeira.
CAPÍTULO 4
19
- Através da Filosofia, busca-se compreender a realidade das coisas que
acontecem em nosso mundo. Para isto, ela tem a intenção de ampliar incessantemente
a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua totalidade. Dentre essa
realidade, inclui-se o conceito de beleza que as pessoas têm em relação a um
determinado estímulo visual como, por exemplo, a presença de um jardim.
compreendida como o estudo racional do belo, sua conceituação,
emoções/e sentimentos que ele suscita nas pessoas.
Essa abordagem racional do belo tem sido, por natureza,
controvertida, pois penetra no lado subjetivo da condição humana. De
qualquer forma, o sentimento do belo é comum a todas as pessoas,
independente do credo religioso, das convicções políticas e do nível sócio-
cultural. O conceito de beleza parte de uma reação à visão de um estímulo
visual (o jardim, por exemplo) que se apresenta diante do observador. É
uma sensação normalmente agradável que toca à emotividade e também
traduz uma idéia de perfeição.Mas como se forma o conceito de beleza em
nossa mente? Como isso ocorre no cérebro humano?
Explicando-se de maneira bem simplificada, pode-se dizer que o
belo é a nossa reação a uma sensação transmitida por alguma coisa, uma
escultura, uma pintura em tela, uma jóia no pescoço de uma mulher,
alguém com um corpo "malhado", uma praça, um jardim na casa de
campo, enfim qualquer estímulo visual que apareça a nossa frente. Daí,
passa-se a julgá-lo conforme neles se observe um relacionamento
harmonioso entre todas as suas partes.
Senão existe harmonia entre as partes, a nossa reação normal é
dizer que o objeto não é belo. A essa ausência de beleza chamamos feiúra,
ou seja, que o objeto é feio. Isto resulta de uma sentida falta de unidade
entre os elementos ou a presença de um ou mais elementos discordantes.
Logo, pode-se concluir que, desde que aquilo que é belo tende a agradar e
aquilo que é feio (não belo) a confundir, a harmonia visual de todos os
elementos de uma paisagem é desejável.
A reação pessoal a essa sensação que nos faz julgar se uma coisa é
bela ou não, é em parte inata20 e em parte adquirida. Assim, nosso
conceito de beleza é constituído de duas partes: o estímulo visual ou
20
- Diz-se que algo é inato quando já vem com o indivíduo, ou seja, que
nasceu com ele, é próprio da natureza humana.
sentido de visão, e uma reação pessoal e cultural a este estímulo.
Entretanto, vale frisar que é relativamente difícil definir nas reações
emotivas pessoais os limites entre o que é inato e o que é adquirido do
meio cultural onde vivemos.
Portanto, o nosso julgamento estético de um objeto qualquer vai
depender em primeiro lugar dos nossos órgãos de visão, mais ou menos
perfeitos e, em segundo lugar, do nosso nível cultural, dos nossos hábitos
e de nossos sentimentos. Vê-se por tudo isso que a beleza não é uma
característica tangível, que pode ser medida ou pesada.
Geralmente, concorda-se que a beleza é o fruto do relacionamento
harmonioso entre as partes de um todo, enquanto a feiúra denota falta de
unidade entre os elementos do campo visual, isto é, presença de elementos
discordantes gerando confusão na mente de quem o observa.
Dessa forma, a composição artística, incluindo-se o jardim, trata da
disposição dos elementos na obra-de-arte de forma a alcançar um
conjunto harmonioso e, por conseguinte, belo.E como já dizia o poeta
Vinícius de Moraes "que me perdoem as feias, mas beleza é
fundamental...". Dizem que ele foi infeliz nesta afirmação em relação às
mulheres. Entretanto, se levarmos para o plano das artes, ele tinha razão.
Neste sentido,entenda-se por "feias" as obras de arte não concebidas
dentro de princípios estéticos e, consequentemente, sem harmonia.
Na prática, distinguem-se três níveis de beleza que se enquadram
nos planos emotivo, sensitivo e intelectual.
O belo emotivo, o primeiro dos níveis, está ao alcance de todas as
pessoas e trata-se da beleza, pura e simplesmente. Já o belo sensitivo, é
percebido quando se compreendem os porquês da beleza, ou seja, exige do
observador conhecimento dos princípios de estética e outros fatores que
envolvem a obra de arte. E, finalmente, o belo intelectual, infelizmente, não
está ao alcance de todos, pois é o mais espiritual e controvertido deles. É
quando se compreende o íntimo do artista ao criar a obra-de-arte. Este
último tipo de belo é comum entre os críticos de arte.
No próximo item colocaremos o leitor em contato com algumas
regras aplicadas nas artes para que amplie o seu conhecimento e possa, a
partir de então, formular conceitos de beleza mais consistentes. A
compreensão dessas regras e a prática da análise de obras-de-arte, em
geral, permitem que a pessoa experimente a beleza em níveis cada vez
mais profundos. Portanto, se quisermos ser bons paisagistas devemos ser
observadores muito atentos das coisas que nos rodeiam, uma vez que é
possível descobrir arte em quase tudo.
4.2.2. O equilíbrio
4.2.4. A dominância
Contraste e analogia
Ritmo e seqüência
Eixo e convergência
A inserção de determinados eixos na paisagem conduz o olhar do
observador para alguns pontos contendo elementos dominantes. Essa
prática é comum no paisagismo para ressaltar
determinado componente do jardim. Dessa forma, utiliza-se a
convergência de vários eixos que conduzirão as obras-de-arte ou
monumentos artificiais (Figura 40).
Codominância
Moldura
4.2.5.A harmonia
21
Registros sobre a importância da unidade entre as pessoas e Deus são
encontrados em João, capítulol7, versículos 21 e 23, respectivamente: "...para que
todos sejam uma coisa só", "...para que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em
mim e eu em ti".
que seus membros deixarem viver o amor entre si22. A casa pode ser
pequena e pobre ou um palácio, mas o importante é o "clima", a atmosfera
que aquela família criou, o calor do amor que existe entre seus membros.
E assim também o é com o jardim, onde o importante não é o arranjo das
peças em si, mas o "clima" que foi criado nele, o amor que se passa por
meio dos seus componentes. Construído na unidade e no amor,
certamente resultará em harmonia, agradando a todos.
Um jardim é composto por uma variedade de elementos, naturais e
arquitetônicos, necessários para criar interesse ao espectador e para
auxiliar movimento e destaque. Variando-se os componentes de um
jardim, evita-se que haja monotonia no mesmo. Mas, cuidado com os
excessos. Quando se exagera na diversidade de elementos, pode-se gerar
confusão na mente de quem observa o jardim. E isto não é nada bom, para
quem se propôs a fazer um jardim harmonioso.
Apesar de toda a diversificação de elementos compondo o jardim, os
mesmos devem formar uma agregação harmônica e ordenada, ou seja,
devem estar em unidade. Os elementos devem todos "falar" entre si. Eles
devem estar dispostos de tal forma que nenhum possa ser retirado ou
acrescido (nada sobra e nada falta à composição) sem que se altere
radicalmente seu equilíbrio e sua estruturação.
Isso quer dizer que cada elemento tem seu valor individual, mas
colocados juntos eles assumem um outro valor que não é a simples soma
de todos eles, mas o resultado da influência de uns sobre os outros,
formando um todo harmonioso.
Nesse contexto, a harmonia numa composição significa que ela está
unificada por uma idéia ou qualidade dominante. Composições de
22
Fundado e presidido por Chiara Lubich, o Movimento dos Focolares existe
há mais de 50 anos, e seu Estatuto foi oficialmente aprovado em 23/03/1962 pelo
Papa Paulo VII. Este Movimento busca a unidade entre os povos, o qual faz parte
fiéis de mais de 350 Igrejas e Comunidades EcIesiais, distribuídas em todo o mundo.
destaque, efeitos de repouso ou agitação, ilusões com distâncias podem,
então, ser obtidas pelo uso dos elementos visuais que se encontram nos
objetos do jardim (linhas, formas, texturas e cores) e dos princípios de
estética. Estes atuarão de forma a intensificar o efeito uns dos outros,
mais do que simplesmente pela soma dos mesmos. O resultado final
desejado é a unidade, ou seja, a sensação de que todos os elementos
pertencem ao mesmo conjunto. E isto é que se chama de harmonia.
Tipos de harmonia
Quando se fala que um jardim tem harmonia, isso implica dizer que
ele é uno, comum a íntima relação entre todos os elementos que o
compõem. Deve-se procurar harmonia em três aspectos fundamentais: de
estilo, de proporções e de expressão.
A harmonia de estilo obedece a aspectos culturais que definem o
consenso do estilo. Dessa forma, um jardim de uma casa em estilo
europeu (de clima temperado) não aceitará bem palmeiras, helicônias e
outras plantas tipicamente tropicais, nem os cactos que lembram um
clima (e estilo) desértico. E cuidado na mistura de plantas ornamentais. A
mistura de plantas características de climas muitos diferentes (nordeste e
sul do Brasil, por exemplo) poderá provocar uma desarmonia de estilo.
23
Alameda - diz-se da rua ou avenida margeada por quaisquer árvores.
A harmonia de expressão refere-se ao "clima" propiciado ao usuário
em termos de luxo, rusticidade,funcionalidade,conforto, etc. Caso se
queira passar no jardim uma expressão de rusticidade, é claro que os
elementos a serem utilizados neste deverão estar igualmente dentro de
uma linha rústica. Logo, não utilizaremos pisos de mármore, bancos de
materiais delicados, enfim todos os elementos devem sintonizar com a
rusticidade que se propõe no jardim.
No que concerne à harmonia de proporção, esta envolve os aspectos
de unidade e variedade dos elementos que compõem o jardim. Deverá ser
buscada uma relação harmoniosa de cada elemento com o da concepção
geral do jardim e das partes entre si. Deve-se evitar tanto um excesso de
igualdade entre os elementos ou elementos poucos numerosos (que trazem
uma certa monotonia), como uma diferença exagerada entre os elementos
ou elementos muito numerosos, que podem provocar uma idéia de
confusão.
Você já entrou numa sala de estar cheia de móveis com diferentes
estilos, paredes com muitos quadros, decoração em exagero, de gosto
duvidoso? Transfira essa idéia para um jardim. O resultado é uma total
desarmonia. Portanto, para que não se cometam tais erros, recomenda-se
que se faça uma seqüência hierárquica entre os elementos, subordinando-
os a um deles, que é o motivo principal, ou seja, um motivo dominante.
24
Extraído da obra de SIMONDS, J.O. Landscape architecture, the shaping of
man's natural environment. New York: F.W. Dodge Corporation, 1961.
PARA SABER MAIS
Enciclopédia 1001 plantas & flores. São Paulo: Editora Europa, 1998.258
p.