Pesquisa Ativa
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Pesquisa Ativa
São Paulo
2011
UNESP – Universidade Estadual Paulista
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Vídeo da Disciplina
sumário tema ficha
Sumário
Vídeo da Disciplina................................................................... 2
Metodologias para a prática de uma pesquisa ativa........................4
5.1. Etnografia.............................................................................................4
Em conclusão............................................................................................ 12
Para essa breve distinção entre essas metodologias usaremos como referência o livro de An-
tonio Chizzotti “Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais”. Vocês poderão encon-
trar, ao levantar sua própria bibliografia sobre metodologia, outras descrições, concordâncias
e discordâncias em relação a essas descrições que realizaremos abaixo. Isso é comum, pois, a
metodologia também se mantém sob procedimentos de estudo – é também um tema de pes-
quisa, por isso encontraremos nesse campo, por mais objetivo que possa parecer, divergências,
variações conceituais, obsolescências e novidades, próprios ao movimento do processo de pro-
dução de conhecimento inerente a qualquer pesquisa sobre qualquer assunto.
5.1. Etnografia
membros do grupo em estudo”, como um grupo de alunos em uma sala de aula, uma escola ou
Esse tipo de pesquisa, por ser pautado por uma descrição detalhada e pelo intuito de com-
preensão de uma cultura alheia, privilegia “microestudos”, estabelecendo uma seleção precisa
do grupo e das atividades a serem observadas. O pesquisador deve ser “guiado” por observações
atentas e perspicazes, selecionando os dados mais “significativos” para a compreensão dos “pa-
drões de conduta e os processos sociais” escolhidos como objetos de interpretação.
Há uma variedade de estratégias e diversidade técnica para a coleta desses dados. Como
esse tipo de pesquisa é feito pela observação e interação com o grupo escolhido, por um proce-
dimento de observação participante, métodos interacionistas de coleta de dados tais como en-
trevistas estruturadas ou semi-estruturadas, história de vida ou autobiografias são usados, bem
como o registro escrito ou visual, sobre os grupos e suas práticas culturais escolhidos como o
tema a para pesquisa etnográfica.
O texto desse tipo de pesquisa requer uma “descrição detalhada e extensiva de comporta-
mentos situados, inferida de observações” para a apresentação de um entendimento integral do
que foi observado, o grupo, sua ou suas práticas culturais, o contexto, “descrevendo os compor-
tamentos em seu ambiente [...] extraindo as estruturas reveladoras de significado do fenômeno
estudado” (CHIZZOTTI, 2006, p. 65-76).
Abordaremos aqui, brevemente, a autobiografia, uma das versões da história de vida, como
definida por Chizzotti. A autobiografia foi escolhida por ser um tipo de “relato de experiên-
cia”, uma tipo de metodologia, um caminho para transformar a nossa experiência prática em
pesquisa.
Como o nome esclarece, a autobiografia é uma “história de vida” escrita por seu ou sua pro-
tagonista, a própria pessoa que viveu a experiência relatada. O autor “seleciona e analisa fatos,
experiências, pessoas, estágios relevantes de sua vida”, ou, especificamente um dos aconteci-
mentos, uma aula ou a formação docente, por exemplo. Com essa seleção o autor vai compon-
do, recompondo e “interpretando sua história pessoal, o contexto e as contingências do curso
de sua própria vida, criando um texto no qual tem voz privilegiada, imprime uma tônica sub-
jetiva aos fatos e pessoas, transita entre real e ficcional”, pois sua escrita, sua “re–composição” é
criada sob o domínio da memória, por isso sujeita à imaginação, ao esquecimento, à recriação
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de fatos, não como foram no passado, mas como “sonhados” no presente da rememoração e do
texto. Tal relato “inscreve-se, de modo claro ou latente, em uma realidade social e se constrói
como individualidade histórica”.
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O caráter subjetivo - contestado por aqueles que assumem a ideia de veracidade, autenti-
Outra metodologia de uso bastante comum na área educacional é o estudo de caso. Alguns
autores no entanto, não o consideram como uma metodologia, dizendo-o tratar-se não de uma
“‘escolha metodológica”, mas de um “‘objeto de estudo definido pelo interesse em casos indi-
viduais e não pelo método de pesquisa usado’” (CHIZZOTTI, 2006, p. 135). Independente
dessa controvérsia quanto à sua categorização, o estudo de caso é realizado pela
O estudo de caso é, portanto, uma “busca intensiva de dados de uma situação particular,
Pela pesquisa do tipo estudo de caso de uma instituição específica como a escola, por exem-
plo, é possível abranger o estudo sobre o “seu desenvolvimento ao longo de um período, o
desempenho de setores, a situação de unidades” – a secretaria, a biblioteca, as salas de aula, a
direção, os funcionários – “o estágio de uma atividade específica, o processo de comunicação
ou de decisão, como operam os setores ou os diversos agentes”.
Esse “caso” deve ser amplamente compreendido, por uma descrição pormenorizada e ava-
liação de suas consequências. O estudo de caso não visa “generalizações, mas um caso pode
revelar realidades universais, porque, guardadas as peculiaridades, nenhum caso é um fato
isolado”, ele está sempre envolvido, pois é sua parte, de um contexto criado por relações sociais
em um dado tempo e espaço.
Um projeto ou plano de pesquisa do tipo estudo de caso pode contemplar, segundo Chi-
zzotti, quatro partes divididas entre: a escolha dos casos e negociação com as pessoas implica-
das para o acesso aos componentes do estudo; o trabalho de campo; a organização e a redação
do relatório.
Como em qualquer projeto ou plano de pesquisa, os objetivos do estudo de caso a ser reali-
zado, devem estar claramente estabelecidos para determinar as questões a serem investigadas, 10
para que não haja o risco de uma coleta de dados desnecessários e de perplexidade diante
da profusão de informações obtidas. O processo de coleta de informações deve ser induzido
pelo recolhimento e análise de “dados singulares a fim de desenvolver um modelo descritivo
que englobe todas as instâncias do fenômeno e autorize a apresentar, didaticamente, as lições
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Ter clareza sobre os objetivos do estudo de caso pretendido, desde a sua seleção precisa,
sobre as evidências a serem procuradas, sobre os motivos de realização desse estudo específico
e sobre o caminho, o método de sua realização, essa clareza é condição indispensável para o
início da pesquisa do tipo estudo de caso. Os objetivos devem ser compatíveis às fontes dispo-
níveis. Objetivos e fontes são interdependentes.
Ainda nesse momento inicial do estudo de caso é preciso estabelecer contato com todas
as pessoas envolvidas para garantir o acesso aos dados, às pessoas e aos lugares, obtendo as
autorizações feitas necessárias e também se prevenir contra “possíveis infrações aos códigos
hierárquicos que podem arruinar diálogos e provocar distorções nas informações, ou ainda,
esquivanças, recusas ou rejeição explícita ao estudo”. Tal contato é crucial para o bom êxito da
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pesquisa.
Em seqüência à coleta de dados, ocorre a organização dos registros, embora essas etapas
possam acontecer concomitantemente, não há uma obrigatoriedade esquemática em relação
a essa divisão de trabalho, ela é apenas uma referência, um guia. Os diversos dados coletados,
sejam eles textos orais e escritos, imagens, sons ou quaisquer outros objetos, devem ser indexa-
dos de acordo com critérios definidos previamente, como forma de orientação para consulta,
servindo para corroborar “evidências” ou para subsidiar comparação de fontes.
O estudo de caso, assim como qualquer pesquisa, não representa uma “leitura única da re-
alidade, supõe que pode haver diversidade de percepções”. Uma pesquisa sempre é um ponto
de vista, criada na relação entre o pesquisador e seu tema. Especialmente na área de arte e
das ciências humanas, a relação ainda se torna mais complexa, mais delicada, pois, trata-se de
uma relação entre sujeitos. “Um caso” - como qualquer outro tema de estudo - “pode mostrar
múltiplas realidades decorrentes do processo de observação, da coleta de dados e das diferentes
interpretações do pesquisador” (CHIZZOTTI, 2006, p. 141).
Em conclusão
As metodologias descritas ao final dessa disciplina podem gerar pesquisas realizadas sob a
ideia de a/r/t. Todas elas podem se transformar em “experiência estética”, podem se transfor-
mar em “verdadeiras experiências”, assim como nossas aulas, nosso cotidiano. Uma forma de
conseguir atribuir esse sentido ao nosso trabalho é enfatizar as relações.
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Nessa disciplina procuramos mostrar a importância das relações. Das relações entre as me-
todologias, as concepções sobre o ensino da arte e os contextos – tempos e espaços – de desen-
volvimento desse ensino. Das relações entre a teoria, a prática e a poiesis. Das relações entre a
docência, a pesquisa e a arte.
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Ao criarmos textos e contextos, geramos imagens, geramos pequenas obras de arte cotidianas.
Para isso, há que se ater com rigor sobre as intimidades do mundo, e percorrer léguas de
insensatas cacofonias, de confusões verbais e de incoerências, como nos ensinou Manoel de
Barros e Jorge Luiz Borges:
1.
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
(BARROS, 2010).
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Lindo livro de Ecléa Bosi, construído pelas narrativas mnemônicas de moradores da cidade
de São Paulo. Vale a leitura para conhecer uma pesquisa feita de histórias de vida. Ecléa Bosi
enlaça às narrativas pessoais a memória coletiva da cidade de São Paulo, usando como funda-
mentos teóricos Walter Benjamin e Maurice Halbwachs.
Referências Bibliográficas:
• BARROS, M. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
• BORGES, J. L. Obras completas de Jorge Luis Borges. São Paulo: Globo, 1999. 4 v.
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Ficha da Disciplina:
Metodologias para ensino
e aprendizagem de arte
Estrutura da Disciplina
Tema 1: Metáforas, métodos e metodologias, metáforas
• 1.1. Metáforas
• 1.2. Métodos e Metodologias
• 1.3. Metáforas
Equipe Coordenadora
Ana Maria Martins da Costa Santos
Coordenadora Pedagógica
Secretaria/Administração
Márcio Antônio Teixeira de Carvalho
Tecnologia e Infraestrutura
Pierre Archag Iskenderian
Coordenador de Grupo