Apostila - Bagnato Fisica Moderna PDF
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O estado gasoso
pV = n RT
CAPITULO 1 - Introdução 2
onde p é a pressão a que o gás está sujeito, T a sua temperatura absoluta, V o volume
que ocupa, n o número de moles de gás presente, e R é a constante dos gases perfeitos.
Voltaremos a esta equação mais adiante. Por agora vamos recordar alguns
conceitos básicos sobre pressão e temperatura que importa ter presentes ao longo do
curso. Estes conceitos são do maior interesse, pois todos os fenómenos químicos
dependem destas variáveis termodinâmicas.
Pressão
1 Pa = 1 N m-2
Esta unidade é pouco prática pois representa uma quantidade muito pequena. A sua
relação com unidades mais práticas é a seguinte:
Usam-se ainda unidades mais pequenas como o torr, que é muito aproximadamente
igual ao milímetro de mercúrio, mmHg:
1 torr = 133.322 Pa
CAPITULO 1 - Introdução 3
O método mais simples de medida da pressão para zonas entre ≈ 10 mbar e 1 bar é
o manómetro de mercúrio. Um exemplo é a medida da pressão atmosférica com um
barómetro. O princípio básico desta medida é o equilíbrio entre uma coluna de
mercúrio e uma coluna de ar à superfície líquida do mercúrio. Considere-se a figura
1.1:
onde F é a força exercida pela coluna de mercúrio por unidade de área, A, m é a massa
de mercúrio, g é a aceleração da gravidade, e ρ é a densidade do mercúrio.
Os manómetros mais simples são em forma de U. O tubo em forma de U encontra-
se cheio de mercúrio, como mostra a figura 1.2:
CAPITULO 1 - Introdução 4
Temperatura
T3 = 273.16 K
A equação dos gases perfeitos é uma lei limite, pois quando p Æ 0, quase todos os
gases obedecem a esta lei. A pressões próximas de 1 atm e temperatura ambiente a
maioria dos gases não se desvia muito deste comportamento. A equação dos gases
perfeitos pode ser facilmente deduzida das leis fundamentais dos gases. A primeira
destas leis é a Lei de Boyle. Para n e T constantes Boyle verificou o seguinte:
pV = constante
°C. A este valor atribuiu o valor de 0 K, mantendo os intervalos entre graus iguais.
Isto significa que os 0 °C são precisamente 273.15 K. Esta escala é a única com
interesse em cálculos termodinâmicos. Isto pode ser observado na figura abaixo:
V∝n
Juntando todas estas leis obtemos:
V ∝ 1/p . T . n
V ∝ nT/p
ou
V = Constante × nT/p
Misturas
p = pA + pB
Gases reais
z = pVm/RT
Quando z > 1 as forças repulsivas são dominantes e os gases são mais difíceis de
comprimir que um gás perfeito, e para z <1 as forças atractivas são dominantes e o
gás mais fácil de comprimir.
Vejamos agora um diagrama p,Vm mostrando as isotérmicas experimentais para
um gás real , tomando como exemplo o CO2.
Uma das modificações mais notáveis da equação dos gases perfeitos é devida a
van der Waals. Após estudos com o CO2 van der Waals chegou à conclusão de que
os choques entre as partículas do gás e as paredes do recipiente eram reduzidas pelas
forças atractivas entre as partículas do gás, como mostra a figura:
em que a é uma constante para cada gás. Por outro lado, o volume efectivo disponível
às partículas de gás é o volume total ocupado menos um termo dependente do volume
intrínseco das moléculas do gás, i.é:
Vef = V - nb
onde b é uma constante. Substituindo estes valores na equação dos gases perfeitos
obtemos:
CAPITULO 1 - Introdução 14
RT a
p= − 2
Vm − b Vm
Esta equação é a equação de estado de van der Waals e foi a 1ª equação a entrar
em linha de conta com as forças intermoleculares.
A equação de van der Waals conduz, para T < Tc, a isotérmicas próximas das
experimentais. Vejamos uma figura mais detalhada das isotérmicas experimentais
para o CO2 , na proximidade do ponto crítico:
∂p ∂ 2 p
= 2 =0
∂V Tc ∂V Tc
RTc a
pc = − 2
Vc − b Vc
∂p − RTc 2a
= + 3
∂V T = Tc (V − b) 2
Vc
c
∂ 2 p 2 RTc 6a
2 = − 4
∂V T = Tc (Vc − b) Vc
3
8a
Tc =
27 Rb
a
pc =
27b 2
A validade da equação de van der Waals pode ser testada calculando o valor do
coeficiente de compressibilidade no ponto crítico, zc = pcVc/RTc. Substituindo as
equações acima o valor obtido é zc = 0.375. Este valor é muito aproximado ao valor
apresentado por vários gases, confirmando assim a validade da equação de van der
Waals.
CAPITULO 1 - Introdução 16
van der Waals esperava que diferentes gases com o mesmo volume reduzido e
com a mesma temperatura reduzida exercessem a mesma pressão reduzida. Na
realidade isto verifica-se pois entrando com os valores dos parâmetros reduzidos na
equação de van der Waals e utilizando os valores de a e b em termos de pc e Tc,
obtemos:
RTR Tc a
p R pc = − 2 2
VRVc − b V R Vc
ap R 8aTR a
= − 2 2
27b 2
27b(3bV R − b) 9b V R
e finalmente,
8TR 3
pR = − 2
3V R − 1 V R
A equação anterior é uma equação de estado universal, que não depende do tipo
de gás. Assim, dois gases diferentes com os mesmos valores de TR e pR têm o mesmo
VR, dizendo-se que estão em estados correspondentes.
Uma consequência directa do princípio dos estados correspondentes é que o
factor de compressibilidade é apenas função de TR e pR. A figura seguinte mostra o
factor de compressibilidade em função de pR, para vários TR, e para diferentes
moléculas:
CAPITULO 1 - Introdução 17
Figura 1.11. Factor de compressibilidade em função de variáveis reduzidas para vários gases
Figura 1.12. Selo comemorativo da atribuição do prémio Nobel a Johannes Diderik van der Waals
CAPÍTULO II
A Física proposta por I. Newton no século XVII tinha como base fatos fortes e
convincentes, integralmente baseados na observação da natureza. Tão convincentes que
foi amplamente utilizada nos séculos seguintes sem ser questionada. Os princípios da
Mecânica Newtoniana determinaram praticamente todo o desenvolvimento técnico-
científico dos dois séculos que precederam. A Mecânica Newtoniana caracteriza-se de
forma marcante por não questionar a validade de seus conceitos, como por exemplo, a
questão sobre o referencial no qual são feitas as medidas e a influência do método de
medida sobre as grandezas em questão.
Mesmo nos nossos dias, os conceitos estabelecidos pela Mecânica Newtoniana
permanecem firmemente ligados ao nosso raciocínio cotidiano. Estes conceitos estavam
tão fortemente enraizados que atravessaram vários séculos sem que alguém
questionasse seus fundamentos.
As leis de Newton naturalmente dependem do referencial de observação. Elas só
são válidas nos chamados referenciais inerciais, que são aqueles que deslocam-se
relativamente entre eles com velocidades constantes. Se tivermos dois referenciais
inerciais, um movendo com velocidade constante em relação ao outro, não há
experimento que possamos fazer para revelar qual referencial esta em repouso e qual
esta se movendo. Esta característica entre referenciais inerciais é chamada de principio
da relatividade Newtoniana.
Uma característica importante deste resultado é que o movimento absoluto não
pode ser detectado.
O primeiro físico a questionar alguns conceitos newtonianos foi o físico alemão
Ernst Mach. Em seu texto intitulado “The Science of Mechanics” de 1883, Mach expressa
críticas à dinâmica de Newton. Mach levantou a questão sobre a distinção entre
movimento absoluto e relativo, discutiu o problema da inércia dos corpos e, acima de
tudo, apontou como ponto fraco da dinâmica newtoniana sua concepção de espaço e
tempo absolutos. Esta concepção newtoniana esta bem ilustrada na seguinte passagem
dos “Principia”:
“Absolute, true and mathematical time, of itself and by its own true nature, flows
uniformly on, without regard to anything external”.
3
implicações da idéia do éter com respeito à propagação da luz, vamos considerar uma
situação física análoga a propagação da luz num meio. Seja um rio de largura D, no qual
a água flui com velocidade v, como mostrado na figura 1.
V2 = V’2 + V2
De modo que:
v2
V '= V 1− 2
V
5
2D / V
tA =
1 − v2 /V 2
D D 2D / V
tB = + =
V + v V − v 1 − v2 /V 2
É fácil observar que tB > tA e que a razão entre os tempos é dada por:
tA
= 1 − v2 /V 2
tB
2D / V 2D / V
∆t = t B − t A = −
1 − v /V
2 2
1 − v2 /V 2
v2 v2
2
= 2 ~ 10-8
V C
e neste caso as expressões acima podem ser expandidas usando a expansão binomial
para x < 1.
(1 + x)n = 1 + nx ........... ≅ 1 + nx
8
2 D v 2 1 v 2
∆t = 1 + − 1 +
c c 2 2 c 2
ou
D v2
∆t ≅
c c 2
∆d = c∆t
∆d = λ ∆n
e, portanto,
c∆t Dv 2
∆n = =
λ λc 2
∆n =
(
10 x 3 x10 4 ) 2
≅ 0.2 franjas
(
5 x10 − 7 x 3 x10 8 ) 2
Como este valor é invertido pela rotação, trocando A por B, há uma reversão de
fases, espera-se observar 0.4 franjas de deslocamentos no total. Isto seria facilmente
observado segundo as estimativas de Michelson, que previa uma sensibilidade de 0.01
franjas. O experimento foi, mesmo, repetido em estações diferentes do ano para eliminar
a possibilidade da terra estar momentaneamente em repouso em relação ao éter.
9
Contudo, para surpresa de todos não foi observada nenhuma variação no padrão das
franjas, embora o experimento fosse repetido em condições diversas.
Esquecendo a idéia do éter, o experimento de Michelson-Morley tem um aspecto
muito importante com respeito à velocidade da luz quando emitida por fontes em
movimento. A fonte esta fixa na mesa rotatória e, portanto, podemos imaginar que a
diferença de tempos de percurso calculados anteriormente seriam resultados das
diferenças de velocidade da luz dependendo da direção da fonte. Ou seja, dependendo
da direção que o feixe é mandado, a velocidade variará desde c + v até c – v.
Fig. 2.5 – Capacitor de Trouton-Noble. As forças F advém do movimento das cargas pelo éter.
∆t
K = ∫ F .d s
0
com
12
2K
v=
M
12
K (MeV) (
∆t vôo 10 −8 seg ) V (108 m/seg)
0.5 3.23 2.6
1.0 3.08 2.73
1.5 2.92 2.88
4.5 2.84 2.96
15 2.8 3.0
Tabela 2.1
mo v
Ft =
(1 − v 2
/ c2 ) 12
isolando v temos:
v(t ) =
c
12
m0 c 2
1 +
Ft
m0
m=
(1 − v 2
/ c2 )
12
(a) Os Postulados
1º. Postulado:
As leis da Física devem ser descritas pelo mesmo conjunto de equações
quando em qualquer sistema de referência que se desloca com velocidade
uniforme.
Este postulado nos parece natural e nos faz muito sentido se analisarmos o fato de
que não existe um sistema de referência absoluto. De modo que, para determinarmos e
descrevermos o movimento de um corpo é preciso sempre ter o referencial. Caso
existisse uma dependência das leis físicas que descrevem o movimento, de acordo com o
16
fato do referencial usado estar ou não estacionário no espaço, significa que poderíamos
decidir absolutamente sobre o movimento do corpo. Para isto, bastaria analisar no seu
sistema de referencia o movimento de um terceiro corpo, o que sabemos não ser o
possível.
2º. Postulado:
A velocidade da luz em qualquer sistema de referência tem o mesmo valor,
independente do movimento do referencial.
Este postulado, de alguma forma, pode ser visto como seguindo diretamente do
postulado anterior e viola, de alguma forma, nossos conceitos intuitivos, baseados em
nossa experiência cotidiana; segundo a qual uma fonte que se movimenta com velocidade
v deveria emitir luz agora se propagaria com c + v. A própria natureza ondulatória da luz
(como em outros efeitos ondulatórios), assegura que sua velocidade de propagação deve
ser propriedade do meio somente e não da fonte. A fim de justificar e mostrar que este
postulado é muito razoável, vamos considerar a determinação da velocidade da luz.
Aceitando o primeiro postulado, que é muito razoável, tomamos que as equações de
Maxwell sejam válidas em qualquer referencial movendo-se com velocidade constante.
Neste caso, a equação da onda para propagação no vácuo seria:
∇.E = 4πρ
∂B 1
∇x E = .
∂t c
∇.B = 0
4π 1 ∂D
∇x H = j+
c c ∂t
µε ∂ 2 E
∇2 E − =0
c 2 ∂t 2
1
c=
µε
17
Uma possível evidência experimental para o segundo postulado pode ser obtida se
medirmos a velocidade da luz proveniente de uma fonte em movimento. Uma destas
evidências advém de observações feitas com estrelas duplas. Imagine um sistema de
estrelas duplas, A e B, rotacionando ao redor de seu centro de massa (fig. 2.8).
Fig. 2.10 - Distorção esperada caso a velocidade da luz dependesse da velocidade da fonte.
x' = x – vt
y' = y
z' = z
e como de nossa experiência cotidiana, não há razão nenhuma para acreditar que os
relógios marcadores de tempo em ambos os referenciais sejam diferentes, temos:
t' = t
20
dx'
vx' = = vx − v
dt
dy '
v y' = = vy
dt
dz '
vz' = = vz
dt
∂2 E ∂2 E ∂2 E 1 ∂2 E
+ 2 + 2 − 2 =0
∂x 2 ∂y ∂z c ∂t 2
∂x'
= −v
∂t
∂y ' ∂t '
= =1
∂y ∂t
∂x' ∂x'
= = .......... = 0
∂y ∂t
∂2 E ∂2 E ∂2 E 1 ∂2 E 1 ∂2 E 2 ∂ E
2
+ + − + 2v −v = 0
∂x' 2 ∂y ' 2 ∂z ' 2 c 2 ∂t ' 2 c 2 ∂x' ∂t ' ∂x' 2
x' = γ (x - vt)
Fig. 2.12
x' = γ (x-vt)
x = γ (x' + vt')
Como não há movimento relativo nas direções y e z, não há nada que indique
diferenças entre y e y' e entre z e z', de modo que:
y'= y e z' = z
Note que os tempos t e t' não são iguais. Isto pode ser confirmado se
substituirmos x' na equação de x.
23
de onde tiramos:
1− γ 2
t ' = γt + x
γv
x' = γ ( x − vt )
y' = y
z' = z
1− γ 2
t ' = γt + x
γv
Para que estas transformações estejam de acordo com a relatividade, elas devem
satisfazer ambos postulados discutidos anteriormente. Como condição inicial,
consideramos que em t = 0 ambos os sistemas de referências tenham suas origens
coincidentes, de modo que:
Vamos tomar que em t = t' = 0 uma lâmpada é acessa na origem S (que coincide
com a origem S'). Como a luz propaga-se com a mesma velocidade c em ambos os
sistemas de referência, temos as seguintes equações de movimento para a luz:
x = ct (em S)
x' = ct' (em S')
1− γ 2
x' = c γt + x
γv
24
1− γ 2
γ (x − vt ) = c γt + x
γv
cγt + vγt
x=
γ−
(
1− γ 2
c
)
γv
colocando ct em evidência:
γ + vγ
x = ct (
c
1−γ 2 )
γ − γv c
mas como vimos anteriormente, no referencial S, x = ct, de modo que toda a expressão
entre colchetes deve ser igual à unidade e, portanto:
v
γ + γ =γ −
(1 − γ ) c
2
c γv
2
v 2
2
γ = −1 + γ 2
c
1
γ =
1− v2 / c2
x − vt
x' =
1− v2 / c2
y' = y
z' = z
t' =
(t − x )v
c2
1− v2 / c2
x'+ vt '
x=
1− v2 / c2
y = y'
z = z'
t '+ cv2 x'
t=
1− v2 / c2
t1 ' =
(t − v
c2
x1 )
1 − (v / c )
2
t2 ' =
(t − v
c2
x2 )
1 − (v / c )
2
v
(x2 − x1 )
∆t ' = t1 '−t 2 ' = c2
1 − (v / c )
2
como x2 - x1 = L
Lv / c 2
∆t ' =
1 − (v / c )
2
L o = x2 - x1
27
Fig. 2.13
x1 '+ vt '
x=
1− v2 / c2
x 2 '+ vt '
x2 =
1− v2 / c2
x 2 '− x1 '
x 2 − x1 = L0 =
1− v2 / c2
L
L0 =
1− v2 / c2
ou (
L = L0 1 − v 2 / c 2 )
28
L
= 1− v2 / c2
L0
2
L 10 6
= 1 − = 0.9999944
8
L0 3x10
o que representa uma contração de 0.00056%. Caso o corpo tenha velocidade de 0.9c,
teria uma contração da ordem de 44%.
É importante salientar que a contração espacial somente ocorre nas coordenadas
da direção do movimento. Se o movimento é paralelo a x, as dimensões y e z não são
inalteradas e representam as mesmas medidas em S e S'.
referencial S, o mesmo evento tem uma duração menor no referencial S'. Este efeito é
conhecido como dilatação temporal.
Vamos derivar a dilatação temporal a partir das transformadas de Lorentz.
Imaginemos um relógio num ponto x' do referencial S' em movimento. Quando um
observador neste referencial observar t'1, um observador no referencial S encontrará t1, de
modo que:
t ' 2 −t '1
t 2 − t1 =
1− v2 / c2
∆t '
∆t =
1− v2 / c2
como eles são criados em altitudes pelo menos 10 vezes maiores e deveriam decair antes
de atingirem a superfície.
Vamos agora resolver o problema mais realisticamente usando relatividade.
Primeiramente, examinando o problema do referencial da partícula, no qual seu tempo de
vida é 2x10-6 seg. e no qual haverá um percurso de 600 m, em média, antes do
decaimento. Esta distância é, no entanto, mais curta do que aquela observada por um
observador na Terra pelo fator (1-(v/c)2)1/2. Ou seja, a distância para um observador na
superfície da Terra seria:
y y 600
= 1 − v 2 / c 2 → y0 = = ~ 9500m
y0 1− v / c 1 − (0.998)
2 2 2
∆t ' 2 x10 −6
∆t = = = 31.7 x10 −6 seg
1− v / c 1 − (0.998)
2 2 2
Vamos imaginar dois eventos, a saber saída e retorno de um pulso de luz emitido
pela fonte. Queremos medir o intervalo de tempo entre dois eventos: saída e retorno.
Para um observador sobre a plataforma esta é uma questão trivial e o tempo
medido é exatamente ∆t'= 2L/c. Independentemente da plataforma estar em movimento, o
tempo de ocorrência de cada evento foi medido pelo mesmo relógio que estava presente
em cada um dos eventos entre os quais estamos medindo o intervalo de tempo. O evento
global iniciou e terminou no mesmo relógio, ou seja, a medida de tempo foi realizada para
os dois eventos na mesma posição em S'. Este é denominado de intervalo de tempo
próprio, medido sempre pelo mesmo relógio.
32
v∆t
2
c∆t = 2 L +
2
2
2L
∆t = c
1− v2 / c2
repouso. Assim, o intervalo de tempo medido por este observador é o intervalo de tempo
impróprio. E a dilatação temporal pode ser mais apropriadamente escrita como:
∆t próprio = ∆t impróprio 1 − v 2 / c 2
Fig. 2.16 - Seqüência de relógios capazes de medir intervalos de tempo no referencial em repouso.
poderá ser medida por um único relógio. Tempo em relatividade só tem significado
quando representa a diferença de ocorrência entre dois eventos, e neste caso o tempo
próprio é sempre menor. O aparente paradoxo acima na verdade não existe. Lembrando
que a relatividade especial trata de efeitos cinemáticos entre observações do mesmo
evento feitas de diferentes referenciais. Assim, sempre é válido dizer que os relógios em
movimento andam mais devagar, se soubermos o que significa. No entanto, seria mais
apropriado se dissermos que:
"O relógio que mede o intervalo de tempo próprio entre dois eventos, mede um
intervalo menor do que relógios medindo o intervalo de tempo impróprio entre
estes mesmos eventos".
L' = L 1 − v 2 / c 2
Fig. 2.18 - Comparação de duas barras de mesmo tamanho, uma em movimento e a outra em repouso.
L' L v2 v2
= 1− 2 ou seja L' = L 1 −
v v c c2
Fig. 2.19 - Esquema do experimento para medir distância entre AB pelo observador em movimento.
37
"Como pode ser que um metro padrão movendo-se parece ter diminuído de
tamanho com respeito a outro no laboratório, quando para um observador no metro
em movimento, o laboratório está se movendo e, portanto, para ele o metro no
laboratório deve ter contraído?"
Este aparente paradoxo pode ser facilmente resolvido se lembrarmos que dois
eventos que ocorrem simultaneamente em um referencial não são simultâneos num
segundo referencial em movimento com relação ao primeiro. No caso em questão, os
eventos A passa por A' e B passa por B' são simultâneos no laboratório (por exemplo,
medidas com auxílio da fotografia), mas não são simultâneos para um observador
movendo-se em relação ao laboratório. E não sendo simultâneos não podem ser usados
para medida de comprimento, como sendo uma medida em repouso.
Assim, o paradoxo não existe porque embora seja "relativamente equivalente" o
movimento de ambos referenciais, as medidas realizadas nestes referenciais são
completamente não equivalentes. O primeiro passo para entendermos os resultados
previstos pela relatividade especial é entender o significado da realização de uma medida.
Até agora, vimos que grandezas fundamentais como tempo e comprimento só têm
significado quando o referencial no qual elas são observadas é específico, e que os
valores destas grandezas medidas neste referencial estão relacionadas com as feitas em
outro referencial. Isto faz com que um dado evento que ocorra no tempo e no espaço
tenha aspectos diferentes em cada referencial. No entanto, segundo o primeiro postulado
da relatividade, as leis de movimento observadas em cada referencial deve ter a mesma
forma.
Vamos analisar a colisão elástica entre dois corpos sendo observada de dois
sistemas de referência distintos e vamos considerar os princípios de conservação de
momentum e energia.
38
Fig. 2.20 - Início da colisão entre dois corpos. A velocidade vA em S e B tem velocidade v'B em S'
Y
T0 =
VA
mAVA = mBVB
onde mA, mB, VA, VB são as massas e velocidades medidas em S. A velocidade VB, pode
ser calculada em S como:
Y
VB =
T
onde T é o tempo necessário para B realizar sua ida e retorno quando medido por S.
Como este tempo visto por S' é To, temos que T = To (1-(v/c)2)-1/2, de acordo com a
dilatação temporal vista anteriormente. Assim, a velocidade de B medida por S é:
Y 1− v2 / c2
VB =
T0
m A = mB 1 − v 2 / c 2
massa também é uma grandeza que depende do movimento relativo entre o observador e
o objeto observado.
Se chamamos mA = mo como sendo a massa medida quando o corpo está em
repouso em relação a S, a massa medida por um observador em S' (para o qual a massa
desloca-se com v) será mB = m e, portanto:
m0
m=
1− v2 / c2
é a relação relativística para a massa. A massa medida para um corpo que desloca-se
com velocidade v é maior do que aquela medida quando o corpo está em repouso.
Assim, a massa relativística é uma conseqüência do fato que a lei de conservação
de momentum deve ser válida em ambos os referenciais como assegurado pelo primeiro
postulado da relatividade.
Com respeito à mecânica newtoniana, ela é válida se o momentum é definido como
mv e, portanto, a segunda lei de Newton passa a ser expressa por:
d m0 v d
F= = (mv )
dt 1 − v 2 / c 2 dt
s
K = ∫ Fds
0
d (mv )
s s
K=∫ ds = ∫ vd (mv )
0
dt 0
s
m0 v
K = ∫ vd
1− v / c
2 2
0
42
v
m0 v 2 vdv
K= v
0 − m0 ∫ + m0 c 2 1 − v 2 / c 2
1− v / c
2 2
0 1− v / c
2 2
ou seja:
K = mc 2 = m0 c 2 = (m − m0 )c 2
que estabelece que “a energia cinética de um corpo é igual ao aumento de sua massa
como conseqüência de seu movimento relativo, multiplicado pela velocidade da luz ao
quadrado”.
Se interpretamos mc2 como a energia total do corpo E, quando o corpo não
apresenta movimento K = 0, terminamos com o fato que o corpo apresenta como energia
total para o seu estado de repouso a energia
E0 = m0c2
E = K + moc2 = mc2
m0 c 2
E=
1− v2 / c2
m02 c 4
m c =
2 4
1− v2 / c2
43
de onde obtemos:
x2 + y2 + z2 = c2 t2
desenvolvendo, obtemos:
que novamente define uma esfera centrada na origem de S'. Assim, a luz é descrita como
expandindo-se esfericamente em ambos os sistemas de referência.
Uma forma bastante conveniente de mostrar a "estória" completa de um
determinado movimento unidimensional é através de um diagrama representando nos
eixos posição e tempo, ou melhor, ct. Estes diagramas são costumeiramente
mencionados como diagramas de Minkowski, em homenagem ao cientista que os
introduziu. Neste diagrama, um evento em S é descrito pelas coordenadas (x, t) e em S'
por (x', t'), as quais estão relacionadas pelas transformações de Lorentz. É interessante
utilizar ct ao invés de tempo por uma questão de escala e também devido ao fato que a
propagação da luz neste sistema é representada pela bissetriz do quadrante x – ct.
Outros sistemas de referência são representados no mesmo diagrama, por eixos
não ortogonais. Referenciais com velocidade positiva em S apresentam eixos formando
ângulos menores que 90° e referenciais com velocida des negativas, ângulos maiores que
90° (fig. 2.25).
r2 = (ct)2 - x2
∆s 2 = (c∆t ) − (∆x )
2 2
2
E
p + p + p −
2
x
2
y
2
z
c
46
é um invariante físico, tendo o mesmo valor para qualquer referencial inercial. Assim,
consideremos uma partícula em repouso num determinado referencial. Neste caso seu
quadro-veto é (0, E0/c). Para um outro referencial, esta partícula pode estar deslocando-
se de modo que (p, E/c). Da invariância deste quadro-vetor obtemos que é a relação
energia-momentum obtida anteriormente.
dx
Vx =
dt
dy
Vy =
dt
dz
Vz =
dt
dx'
Vx' =
dt '
dy '
Vy' =
dt '
dz '
Vz ' =
dt '
dx' dx − vdt
Vx' = =
dt ' dt − cv2 dx
dx
−v Vx − v
Vx' = dt
ou Vx' =
1− v dx
c 2 dt
1 − cv2 V x
De forma semelhante:
dy ' dy
Vy' = =
dt ' dt − vdx
c2
1− v 2 / c 2
de onde tiramos:
dy
Vy' = 1− v2 / c2
dt
1 − cv2 dx
dt
Vy 1 − v 2 / c 2
Vy' =
1 − cv2 V x
Vz 1 − v 2 / c 2
Vz ' =
1 − cv2 V x
Vx' + v
Vx =
vV
1 + 2x
c
Vy' 1 − v 2 / c 2
Vy =
vV
1 + 2x
c
Vz ' 1 − v 2 / c 2
Vz =
vV
1 + 2x
c
Como exemplo ilustrativo, imaginemos uma fonte de luz que desloca-se com velocidade
v. Qual é a velocidade da luz medida por um observador em repouso?
Considerando as transformadas inversas acima com Vx' = c, temos:
c+v
Vx = =c
vc
1+ 2
c
e Vy = Vz = 0.
As relações de transformação de velocidades são importantes para uma série de
efeitos observáveis e que veremos a seguir.
49
Vamos nesta parte considerar alguns exemplos que são aplicações dos vários
conceitos discutidos até o momento.
as duas situações. Isto permite concluir que o gêmeo do foguete é o que está mais jovem.
Esta situação pode ser resolvida matematicamente, envolvendo uma discussão quando
os observadores estão acelerados, o que é mais apropriado para a teoria da relatividade
geral.
Assim, como vimos, a situação não apresenta reciprocidade. Para mostrarmos isto,
vamos demonstrar que o tempo decorrido em relógios movimentando-se no espaço
tempo depende do caminho realizado pelos relógios. Consideremos dois relógios R1 e R2,
inicialmente sincronizados e localizados em 0 como mostra a fig. 2.24. O relógio R1
permanece em repouso no ponto 0 enquanto R2 faz uma viagem que passa por alguns
pontos e retorna ao ponto 0, com velocidade tomada como v = 0.8c.
dx 2
dτ = dt 1 − v / c = dt − 2
2 2 2
B
∆τ 1 = ∫ dt = TB − T0 = ∆T
0
A B A A
∆τ 2 = ∫ dτ + ∫ dτ = 2 ∫ dτ = 2 ∫ dt 2 −
(dx )2
0 A 0 0 c2
v 2 ∆T
A
v2
∆τ 2 = 2 1 −
c 2 ∫0
dt = 2 1 −
c2 2
ou
∆τ 2 = ∆T 1 − v 2 / c 2
Seja um objeto (por exemplo um átomo) que move-se com velocidade v ao longo
da direção x. O referido corpo emite raios de luz, que no seu próprio sistema de referência
faz um ângulo θ’ com o eixo x'. A pergunta que queremos responder é: Qual será o ângulo
θ entre o feixe de luz e o eixo x observado no referencial em repouso (fig. 2.26)?
52
Uy senθ ' 1 − v 2 / c 2
tan θ = =
Ux cos θ '+ v / c
v2 1 v2
1− ≅ 1 −
c2 2 c2
e
1 v
≅ 1 − cos θ '
1 + cos θ '
v
c c
de onde tiramos:
v
senθ ≅ senθ '− senθ '
2c
m0
m=
1− v2 / c2
Fig. 2.28 - Partícula radiante num meio, deixando um cone de radiação após sua passagem
de modo que a velocidade da luz no meio é c/n, que no caso em questão é inferior à
velocidade v da partícula. À medida que a partícula carregada propaga-se no meio,
colisões provocam emissão de luz, que propaga-se à velocidade c/n. A radiação emitida
propaga-se em todas as direções, mas como a partícula é mais rápida, a frente de onda
da radiação propaga-se e nunca atinge a partícula.
Pelo esquema acima, a radiação originada no ponto 0 propaga-se ct/n, enquanto
que a partícula deslocou-se de vt, deixando para trás este cone de Cerenkov. O ângulo de
abertura do cone é dado por:
senθ =
(c / n ) = c
vt nv
Vamos calcular a quantidade de massa transferida pela luz, a fim de que o centro
de massa não seja alterado. Para simplificar o problema, vamos supor que metade da
massa da caixa está concentrada em cada extremo da mesma e, portanto, inicialmente
distantes L/2 do centro de massa. O pulso de luz, que apresenta massa zero, carrega um
momentum dado por Ppul = E/c, pois pela relação E2 = (pc)2 + (m0c2)2 com m0 = 0 e, sendo
E a energia correspondente do pulso. Vamos considerar que esta quantidade de energia
transferida corresponde a uma massa m. Antes de emitir a caixa tem massa M e após
M - m, e velocidade v. Do princípio de conservação de momentum:
Pcaixa = Ppulso
E
( M − m) =
c
de onde obtemos:
E E
V= =
( M − m)c Mc
já que M » m
EL
∆s = vt ~
Mc 2
Após a luz ser absorvida e a caixa deixar de mover-se, temos M/2 - m de massa à
esquerda e M/2 + m à direita. Como supusemos que o centro de massa não alterou, a
transferência de massa deve ter sido compensada pelo deslocamento de modo que:
M L M L
− m + ∆s = + m − ∆s
2 2 2 2
resolvendo, temos:
57
M∆s M EL
m= = → E = mc 2
L L Mc 2
v2 1
E cinética ~ m0 c 2 1 + − m0 c 2 ≈ m0 v 2
2c 2
1
E= m0 v 2 + m0 c 2
2
A luz passando por um meio que tem índice de refração n, propaga-se com
velocidade c/n. Se o meio desloca-se com velocidade v paralelo à propagação da luz,
qual é a velocidade observada por um referencial fora do meio (Fig. 2.30), em repouso?
Vx' + v
Vx =
vV
1 + 2x '
c
58
−1
c / n + v c vn v
Vx = = 1 + 1 +
vc n c nc
1+ 2
c n
c 1
Vx ~ + 1 − 2 v
n n
Vx = - c cos θ
Vy = - c sen θ
V x ' cos θ + v / c
cos θ ' = =
c v cos θ
1+
c
e, para v « c, temos:
v
cos θ ' ~ cos θ + sen 2θ
c
Como θ' = θ + α, temos cos θ' = cos θ cos α. E, sendo a pequeno temos cos α ~ 1 e
sen α ~ α:
v
cos θ + αsenθ = cos θ + sen 2θ
c
de onde obtemos:
v
α ~ senθ
c
da fonte).
Em t = 0, a fonte emitiu um máximo da onda, o próximo será emitido em um tempo
τ após a primeira. E neste caso ela já não se encontra na posição da emissão da
primeira, pois a fonte se deslocou (u = velocidade da onda no meio, v velocidade da fonte,
fig. 2.32).
λ ' = uτ − vτ = (u − v )τ
como λ ' = u / υ ' , já que a velocidade de propagação da onda no meio não é alterada, e
τ = 1 / υ 0 , temos:
u u −v
=
v' v0
61
ou seja:
1
v' = v0
v
1−
u
x1 = ct1 = x0 + vt1
62
x2 = c (t2 - n τ ) = x0 + vt2
cnτ vcnτ
t 2 − t1 = e x 2 − x1 =
c−v c−v
(t 2 − t1 ) − v(x 2 − x1 ) / c 2
t 2 − t1 =
1− v2 / c2
ncτ v2
t ' 2 −t '1 = 1 −
(c − v ) 1 − v 2 / c 2 c 2
t ' 2 −t '1
τ '=
n
cτ v2
τ '= 1 − 2
2
(c − v ) 1 − v / c c
2
expandindo
1+ v / c
τ '= τ
1− v / c
ou em termos de freqüências:
1− v / c
V '= v
1+ v / c
63
Fig. 2.34 - Colisão não frontal entre duas partículas de mesma massa de repouso que
emergem da colisão com iguais momento energia.
Po = 2p cos θ
Eo + moc2 = 2E
E −m c = 2
2 2 4 (E 0 + m0 c 2)− m02 c 4 cos θ
0 0
2
E 0 + m0 c 2
cos θ =
E 0 + 3m0 c 2
po = p1 + p2
Eo + Moc2 = E1 + E2
E0 + M 0 c 2 − p 22 c 2 + M 02 c 4 = ( p 0 − p 2 )2 c 2 + m02 c 4
(E 0 + M 0c 2 )2
(
+ p 22 c 2 + M 02 c 4 − 2 E0 + M 0 c 2 )( )
p 22 c 2 + M 02 c 4 = ( p0 − p 2 ) c 2 + m02 c 4
2
(
2 E0 M 0 c 2 + 2M 02 c 4 − 2 E 0 M 0 c 2 ) p 22 c 2 + M 02 c 4 = −2 p0 p 2 c 2
que é equivalente à:
(
2 E0 M 0 c 2 + 2M 02 c 4 + 2 p 0 p 2 c 2 = 2 E 0 + M 0 c 4 ) p 2 c 2 + M 02 c 4
p2 =
(
2 p0 M 0 c 2 E0 + M 0 c 2 )
2 M 0 c 2 E0 + M 02 c 4 + m02 c 4
e, conseqüentemente:
p1 =
(
P0 m02 − M 02 c 4 )
2 M 0 C 2 E0 + M 02 C 4 + m02 c 4
2M 0
p 2 = p 0
m0 + M 0
m − M0
p1 = p 0 0
m0 + M 0
Vamos considerar a colisão entre uma partícula de massa zero (o fóton) com uma
partícula massiva (o átomo). Seja Mo a massa atômica e Eo a energia do fóton.
Imaginando o átomo inicialmente em repouso, queremos determinar a velocidade
adquirida pelo átomo devido à absorção.
E = Eo + Moc2
Como o momentum do átomo após a colisão será o mesmo que o do fóton antes da
colisão, já que o momentum se conserva, P = Pfóton = , e como E = Eo + Moc2, podemos
E0
c
escrever:
E0 2
c
(
.c = v E 0 + M 0 c 2 )
67
E0 c
v=
E0 + M 0 c 2
E2 = p2c2 + M2c4
E0
e p= , E = Eo + Moc2
c
de modo que:
2 E 0 M 0 c 2 + M 02 c 4
M =
c4
ou
2 E0
M = M 0 1+
M 0c 2
no referencial S' que se move com velocidade v relativo a S. Para um observador em S', a
equação horária deste corpo acelerado é dada por:
1
x' = a' t ' 2
2
x − vt
x' =
1− v2 / c2
v
x
t' = c2
1− v2 / c2
1 t − c2 x
x − vt = a '
v
( )
2
2 1− v2 / c2
Note que embora o movimento seja acelerado, os referenciais ainda são inerciais.
A equação acima é quadrática em t e x, podendo ser facilmente resolvida, fornecendo:
onde
1 v
γ = e β=
1− v / c 2 2 c
(
Usando a relação γ 2 = 1 − β 2 )−1 / 2
, a expressão anterior é reduzida a:
c2 a ' γβ t 2a ' β
x= 1 + − 1− t
a ' γβ 2 c cγ
69
1 a' 2
x = βct + t + ...
2γ3
a'
a=
(1 − v 2
/ c2 )
−3 / 2
Como exemplo, analise o movimento de queda livre visto por um balão que sobe (ou
desce) com velocidade constante v em relação a terra. Verifique diferenças que seriam
observadas nos tempos de queda.
dv
F =m = ma
dt
dp
F=
dt
de modo que:
d v
= m0 d v + m v d
1
F = m0
dt 1 − v 2 c 2 dt 1 − v 2 c 2
0
1 − vc 2 dt
2
d v2 −3 / 2
1 = 1 − v dv
dt 1 − v 2 c 2 c 2 c 2 dt
Assim,
−3 / 2
M0 dv v2 v dv
F= + vM 0 1 − 2
1− v dt c c 2 dt
2
c2
dv m0 v(1 − v c 2 ) + m0 v / c dv
−3 / 2
v2
3 2 2
m0 v dv m0 v 3
F .v = + 2 1 − 2 =
1 − v 2 dt
c
2
c c dt (1 − v2 c2 )3 / 2 dt
−3 / 2
v2 dv
mo v1 − 2
c dt
d 1
é:
Assim podemos identificar rapidamente que uma maneira de escrever
dt 1 − v 2 c 2
d 1
= F .v
dt 1 − v 2 c 2 m0 c 2
71
dv
Como a definição de aceleração é a ≡ , temos que:
dt
m0 v v
F= a + F.
1− v
2
c c
c2
ou seja:
1− v
2
v v
F − F .
c2
a=
m0 c c
Ne
ρ=
A0 10 1 − v 2 / c 2
ρ0
ρ=
1− v2 / c2
a densidade de corrente será j = ρ v. Portanto:
ρ 0v
j=
1− v2 / c2
j x − ρv
j' x =
1− v2 / c2
j' y = j y
e
j' z = j z
ρ − vj x / c 2
ρ'=
1− v2 / c2
onde jx, jy, jz e p são observados por S, enquanto que j'x, j'y, j'z e p' são observados por S'.
Como um exemplo das transformações acima, consideremos um condutor que
conduz corrente e está em repouso em relação a S. Neste caso, as cargas negativas
deslocam-se (elétrons) em relação a S com velocidade u, enquanto que as cargas
positivas estão em repouso. A densidade de carga neste referencial é:
ρ= ρ++ ρ =0
pois ρ + = Ne e ρ = -Ne.
A densidade de corrente é jx = j+ + j = ρ + . 0 + ρ -
u = ρ - u. Pelo fato que a
densidade de carga é nula, não haverá observação de campo elétrico. Contudo, haverá
um campo magnético devido a movimentação das cargas negativas. Vamos agora
observar este condutor de um outro referencial S' que desloca-se com v com relação a S,
como mostra a figo 2.37.
Fig. 2.37
74
ρ + − vj x+ / c 2 ρ − − vj x− / c 2
ρ ' = ρ '+ + ρ ' = +
1− v2 / c2 1− v2 / c2
Nevu / c 2
ρ'=
1− v2 / c2
de modo que observado pelo referencial S' o condutor não é neutro, apresentando carga
positiva, e consequentemente observa-se um campo elétrico em S'. Da mesma forma,
j'x ~ 0 e um campo magnético também é observado em S'. Este exemplo demonstra de
forma clara nossa frase inicial de que pela relatividade especial, eletricidade e
magnetismo devem ser considerados como sendo um único conceito, dependendo
apenas do referencial.
demonstrar a equivalência entre massa inercial e massa gravitacional. Quando uma força
age sobre um corpo, ela o faz sobre a massa inercial (mi). Já a gravidade age sobre a
massa gravitacional. Assim, sejam dois corpos em queda sob a ação da gravidade,
adquirindo acelerações a1 e a2:
GM
mi1 a1 = m g1
r2
GM
mi 2 a 2 = m g 2 2
r
ou dividindo as equações:
mi1 a1 mi 2
=
m g1 a 2 m g 2
Fig. 2.38 - o ângulo entre o pêndulo e a direção do centro da terra é função de mi/mg.
mi ω 2 re mi ω 2
tan θ = = re
mg g m g g
76
"Os efeitos produzidos pelo campo gravitacional são idênticos aos produzidos por
aceleração. E não há maneiras de distinguir um do outro, eles são completamente
equivalentes".
Isto equivale dizer que se tivermos num sistema de referência onde há um campo
gravitacional e não há aceleração e um segundo onde não há campo gravitacional, mas
há aceleração, com respeito ao primeiro. Apesar do primeiro ser um referencial inercial
(pois não há aceleração) e o segundo não ser inercial, eles são fisicamente idênticos. Ou
seja, experimentos realizados em situações equivalentes nestes dois referenciais levarão
a resultados idênticos (situação equivalente significa a = g). Ou ainda, sistemas
acelerados ou em campos gravitacionais são equivalentes. De acordo com Einstein, isto
mostra que não há sistema de referência acelerado que seja absoluto. O movimento em
qualquer sistema acelerado também é relativo.
Vamos agora analisar algumas situações em relatividade geral. A primeira delas é
o chamado deslocamento gravitacional para o vermelho das linhas espectrais (ou relógios
em campos gravitacionais). Considere dois observadores E e R, separados por uma
distância d num referencial na presença de um campo gravitacional uniforme g (Fig. 2.39).
Uma situação equivalente é criada num segundo sistema de referência Si que não
tem campo gravitacional, mas move-se com uma aceleração a = -g. O princípio da
equivalência afirma que ambos referenciais são equivalentes. Suponha que tenhamos um
átomo localizado na posição E e que emita um fóton de seqüência υ o . Estando no campo
gravitacional (Sg), queremos saber qual é a freqüência detectada pelo receptor R. Como
pelo princípio da equivalência esta situação é análoga ao referencial acelerado a = -g,
vamos analisar a situação neste caso. Considerando que ambos referenciais estavam em
repouso em t = 0, quando o sinal foi emitido, o tempo para atingir R é t = d/c. Neste
tempo, ambos os observadores (E, R) adquirem uma velocidade v = gd/c e, portanto, no
instante que o sinal chega ao receptor ele afasta-se com velocidade v = gd/c e, portanto,
observa o sinal defasado para o vermelho.Utilizando nosso conhecimento do efeito
1− v / c
Doppler, a freqüência observada é dada por: v = v0 , expandindo esta expressão,
1+ v / c
temos:
3
v = v0 1 − β + β 2 + ...
4
em primeira ordem:
gd
v ≅ v 0 1 − 2
c
∆Vexp
= 1.05 ± 0.01
∆Vteor
hd
T (h ) ≅ T0 1 + 2
c
mostrando que relógios colocados em campo gravitacional passam a andar mais devagar
de acordo com sua altitude.
Uma maneira diferente de obter este mesmo resultado (embora não
completamente correta) é imaginar o fóton de luz como tendo massa h υ 0 = m c2, ou seja
hv0
hv = hv0 − gd
c2
ou
gd
v = v0 1 − 2
c
θ GMm GM
tg = = 2
2 msv 02 sv0
79
θ GM
tg =
2 sc 2
II.9 - Exercícios
1) Imagine um experimento onde uma partícula é acelerada por uma força cuja amplitude
aumenta no tempo na forma F = 106t (em unidades CGS).
21 v
∆t ≅
c c
80
Discuta uma possível situação onde este efeito possa ser observado. Aplique para o caso
de um experimento realizado na Terra e verifique a viabilidade de medida.
6) Um átomo radioativo decai em 2 µs. Qual será o tempo de decaimento quando medido
por um observador no laboratório com relação ao qual o átomo desloca-se com 0.8 c?
7) Para um observador 0 dois eventos ocorrem separados de 3.6 108 m num intervalo de
tempo de 2 seg. Qual seria o tempo próprio para a ocorrência destes dois eventos?
8) Um foguete viaja com velocidade 2.4 108 m/s. O relógio do astronauta e o da base
foram sincronizados (t = t' = 0 em x = x' = 0). Se o astronauta observa um relógio na base
através de um telescópio. Qual tempo ele observará na base quando seu próprio relógio
30 seg.? O que ele observa no seu próprio relógio quando o da base marca 30 seg.?
1 ∂2 E
∇2 E − =0
c 2 ∂t 2
10) Uma partícula instável com tempo de vida média de 4 µs é produzida num acelerador
e projetada com velocidade 0.6c. Qual será seu tempo de vida medido no laboratório?
Qual é a distância média que a partícula percorrerá no laboratório antes de desintegrar?
11) Um "metro" move-se ao longo do eixo x com velocidade 0.6 c. O ponto médio do
metro passa por um observador em repouso em t = 0. Determinado pelo observador, onde
estão as extremidades do metro no instante da medida?
81
12) Dois eventos que ocorrem no mesmo lugar do espaço e estão separados de 4 seg.,
medidos por um observador. Se um segundo observador mede um intervalo de 5 seg.
entre os eventos, qual é a separação espacial destes eventos para este segundo
observador?
13) Uma partícula move-se com velocidade 0.8 c fazendo um ângulo de 30° com o eixo x,
determinado no referencial S. Qual será a velocidade da partícula quando observada por
um observador movendo-se com -0.6 c ao longo do eixo x - x'?
15) Qual é a máxima velocidade que uma partícula pode ter, de modo que sua energia
calculada por mv2/2 não apresente erro superior a 0.5 %?
16) Duas partículas idênticas de massa de repouso mo, colidem frontalmente cada uma
tendo velocidade u. A colisão é perfeitamente inelástica formando um corpo compacto.
Determine a massa de repouso deste corpo composto. Compare o valor obtido com 2 mo.
17) Uma partícula de massa de repouso mo e velocidade 0.8 c faz uma colisão
completamente inelástica com outra de massa 3 mo e inicialmente em repouso. Qual é a
massa de repouso e a velocidade da partícula resultante?
18) Uma estrela afasta-se da Terra com velocidade 0.005 c. Qual é o deslocamento
Doppler para a linha D2 do Sódio (5890 Ao)?
19) Neste exercício faremos uma estimativa da massa de um Buraco Negro. Suponha que
a densidade do Buraco Negro é idêntica à do Sol. Assim, qual deve ser seu raio (e
consequentemente sua massa) para que a luz não possa escapar da sua atração
gravitacional? Dica: Suponha que a velocidade de escape é c.
Universidade de São Paulo
Instituto de Física de São Carlos
Departamento de Física e Ciência dos Materiais
Autores:
Prof. Vanderlei Salvador Bagnato
Prof. Luís Gustavo Marcassa
São Carlos
Maio 1999
2
CAPÍTULO III
INTRODUÇÃO À ATOMÍSTICA
III.1 - Introdução:
Va = NovA
dF
dW = dF .dz = Adz = Vdp
A
Mgdz + Vdp = 0
Outra forma de obter esta equação é através da análise de uma camada de espessura dz
do gás. Para que esta camada se sustente é preciso que uma variação de pressão dp
compense a gravidade, ou seja:
- Mg = Adp
como a pressão varia com z, de modo que uma variação dp corresponde a uma variação
de altitude de dZ,
dp
dp = dz ;
dz
- Mgdz = Adzdp
Mgdz + Vdp = 0
Como estamos tratando de um suposto gás ideal pV = nRT (como veremos mais
nRT
adiante), sendo n o número de moles em V. Substituindo na equação acima V = ,
p
tiramos que:
dp
Mgdz + nRT =0
p
ou
5
Mg dp
dz = − RT
n p
Mg z p dp
n ∫ z0
dz = − RT ∫
p0 p
(3)
M
Como = M A é a massa molecular do gás em questão, a integral acima fornece:
n
P = P0 e −[M A g ( z − z0 ) / RT ]
ρ ( z ) = ρ 0 −[M Ag ( z − z0 ) / RT ]
descargas elétricas em gases a baixas pressões. Neste tipo de descarga utiliza-se uma
ampola evacuada onde estabelece-se uma diferença de potencial entre o cátodo e o
ânodo (ver fig.1) de alguns milhares de Volts. Observa-se, na região da ampola à frente
do cátodo, uma luminosidade esverdeada no vidro. Se o caminho do cátodo é obstruído a
luminosidade desaparece. Dai a associação do efeito com os "raios" provenientes do
cátodo, de onde provém o nome raios catódicos.
Crookes, em 1879, fez uma série de experimentos com raios catódicos
determinando grande parte de suas propriedades básicas, incluindo sua constituição,
através da deflexão de tais raios quando na presença de um campo magnético, etc.
comprimento b, cujo campo elétrico é E , estas partículas são defletidas pelo campo num
processo envolvendo aceleração constante. O campo atuará sobre tais partículas
enquanto elas permanecem no interior do capacitor. Após isto, seu movimento continua
retilíneo e uniforme até atingir a tela da ampola. Nesta parte final da ampola existe uma
camada de um material fluorescente que revela a posição de impacto do feixe, permitindo
assim observar o efeito dos campos sobre o feixe.
Para o movimento no interior do capacitor, sendo vox a velocidade inicial das
partículas do feixe (suposto na direção x), e q sua carga. A aceleração na direção y (do
campo) será:
Eq
ay = (5)
m
1
y= ayt 2 (6)
2
x = vox t
1 Eq x 2
y(x ) =
2 m v ox2
dy Eq x Eqb
= 2
= 2
(7)
dx x −b m vox x =b mvox
1 Eq b 2
y (b ) = (8)
2 m vox2
Considerando que a partir deste ponto temos uma trajetória retilínea, vamos supor
que para x > b:
y(x) = ax - β (9)
β
de modo que temos y = 0 em x =
a
β dy Eqb
Para determinarmos , sabemos que α = = (inclinação) e usando o
α 2
dx b mvox
β b
ponto y(b) acima, tiramos = . Assim, a extensão da trajetória retilínea da partícula,
α 2
b
após o capacitor, cruza o eixo x em x = .
2
Com isto, a equação da trajetória após passar pelo capacitor é:
Eq b b
y(x ) = 2
x− (10)
m vox 2
10
válida somente para x > b. Deste modo, o ponto onde tal feixe chegará na tela (final da
ampola) posicionada em x = L é
Eq b b
y (L ) = 2
L− (11)
m v ox 2
que quase determina a relação q/m, exceto pelo não conhecimento da velocidade inicial
vox.
Para determinarmos vox, superpomos ao sistema um campo magnético na direção
de z, perpendicular ao esquema da figura 2. Este campo magnético agirá sobre a carga
quando esta desloca-se com vox produzindo uma força magnética exatamente oposta à
força elétrica (ver figura 3). Assim, podemos continuamente aumentar este campo
(através do aumento na corrente da bobina geradora), até que a força elétrica é
completamente compensada pela magnética. (Neste ponto Fmg=FeL).
A força magnética sobre q é dada por:
q
Fmg = vx B (12)
c
vox E
= (13)
c B0
Neste ponto, nenhuma deflexão é observada no feixe. Com este valor de vox, a
relação carga massa fica determinada pela equação:
q Ec 2 y (L )
= (14)
m B02 b L − b / 2
11
determinamos o campo magnético B 0 onde o feixe não é defletido, isto é, atinge o ponto
x = L, y = 0. Com estes valores e conhecendo a geometria do sistema, determinamos q/m.
Utilizando-se deste método Thonson determinou que para os raios catódicos:
q/m = 1,76 x 1011 col/kg
qH
= 9,57 x10 7 coul / kg
mH
valor este determinado de outra forma (como por exemplo, em eletrólise). Isto mostrava
que provavelmente a massa das partículas que constituíam os raios catódicos eram cerca
de 2000 x menor do que átomo (em massa) conhecido. Este resultado teve importância
na descoberta do elétron como constituinte do átomo. Assim, os raios catódicos nada
mais são do que feixes de elétrons e o método de Thonson permite a determinação de
e/m, onde e é a carga elementar.
12
A carga do elétron (e), é sem dúvida uma das mais importantes grandezas, pois
dela depende a maioria das propriedades atômicas, elétricas, dos sólidos e as principais
características da estrutura interna do átomo.
A fim de medir a carga e, Millikan em 1911 realizou um experimento que consistia
em observar partículas carregadas migrando num campo elétrico. Millikan utilizou
gotículas de óleo carregadas movendo-se entre as placas de um capacitor, como é
mostrado na figura 4.
e integrando
dv y
= dt
kr
m vy − g
ou
vy t
dv y m
∫ −v+
0
gm
=∫
0
kr
dt
kr
13
de onde tiramos:
− v + gm / kr m
= t
gm / kr kr
gm m
Vy = 1 − exp − t (16)
kr kr
4
E 0 q = πr 3 gρ
3
ou seja:
4 r 3 ρg
q= π (17)
3 E0
14
1
hvt
2
1
3 3 2 vt 2
2 3
q = k (18)
4πρg E0
e = 1.6 x 10-19 C
e que todas outras eram múltiplos desta quantidade. Desta forma esta carga foi associada
ao elétron, e passou a ser a carga elementar. Com o conhecimento de e, podemos voltar
ao resultado de Thonson e determinar que a massa do elétron é:
m = 9.1 x 10-31 kg
preenchia totalmente as necessidades básicas para explicar a cinética dos gases. Esta
idéia do átomo perdurou consideravelmente na atomística do século 19.
A primeira constatação de que os gases eram constituídos de átomos ou moléculas
foi feito por L. Dunoyer em 1811. Em seu experimento esquematizado na fig. 6, sódio
metálico foi colocado no fundo de um tubo evacuado contendo duas repartições com
pequenos orifícios.
ângulo Θ como a fig. 7, onde mostramos o ângulo e o elemento de superfície de valor dA.
Supondo uma reflexão total do átomo na superfície, temos que o momentum transferido
para cada átomo (molécula) que colide é dado por:
∆ρ = 2mv cos Θ
Neste caso, havendo reflexão total, o momentum transferido pode ser escrito
como:
∆ρ = 2mv z (20)
∞ ∞
n = ∫ dv x dv y dv z = ∫ gdw (21)
−∞ −∞
onde dw = dvx dvy dvz = d3v denota um elemento de volume no espaço de velocidades. O
número total de partículas contidas num volume V, seria uma integração em volume e
velocidade, ou seja:
18
∞
N = ∫ gdwdxdydz (22)
−∞
Isto é, de todas selecionamos agora aquela fração que tem velocidade ao redor de
vz.
Como já sabemos, a contribuição de cada molécula para o momento transferido é dado
por:
dp = 2mgvz2dAdwdf (24)
∫
todasvelocidades
dp = ∫ ∫ ∫
v∠ 0 z v x v y
2mgv z2 dAdv x dv y dv z
(25)
p = 2m ∫ gv dw∆tdA
2
z
v z∠ 0
2 1 ∞ 2
n ∫−∞
vz = gv z dv x dv y dv z (26)
2 1 ∞ 2
n ∫−∞
vi = gvi dw
2
n ∫vz ∠ 0
p = nm gv z2 dwdA∆t (27)
2 2
que usando definição de v z fica, p = nmv z ∆tdA .
p
Como é a pressão total sobre a superfície P, temos que:
∆tdA
2
P = nmv z
que é uma expressão que conecta uma grandeza macroscópica (pressão) com as
propriedades microscópicas de seus constituintes.
2
Ainda não sabemos o valor de v z , mas se usarmos o fato que o gás é
perfeitamente isotrópico de modo que todas as direções são equivalentes, para o
movimento atômico, temos que;
20
2 2 2
vx = v y = vz
e como
2 2 2 2 2 1 2
v = vx + vy + vz → vz = v (28)
3
2
nmv
P= (29)
3
1 2
e se usarmos a definição de energia cinética K c = mv para uma única molécula, temos:
2
2
P= nK c (30)
3
2
PV = NK c (31)
3
3
Kc = KT
2
medida direta da energia cinética de cada um dos seus constituintes. É claro que estamos
tratando da energia cinética média. Esta definição é conhecida como definição cinética
da temperatura.
Notemos que o fator numérico 3 adveio do fato de estarmos tratando de um gás
em três dimensões de modo que tivemos que repartir 1/3 da velocidade quadrática média
para cada dimensão e para cada uma destas coube a parte ½ KT .
Este resultado, de uma forma mais geral, é chamado de teorema de eqüipartição
de energia, e estabelece que para cada grau de liberdade da energia com dependência
quadrática no momento ou na coordenada, deveremos alocar ½ KT de energia, quando
este sistema está em equilíbrio térmico à temperatura T. No caso do gás livre em questão
a energia é dada por:
2
p x2 p y p2
E= + + z
2m 2m 2m
de modo que temos três graus de liberdade quadráticos no momento (px, py, px) e,
portanto, a energia média das partículas deste gás está relacionada com a temperatura
pela relação:
1 3 1 3
E = 3 x KT = KT E = 3 x KT = KT
2 2 2 2
2
p x2 p y p2 1 1 1
E= + + z + kx 2 + ky 2 + kz 2
2 m 2m 2m 2 2 2
Assim, temos seis graus de liberdade com dependência quadrática para a energia total do
1
sistema. Deste modo, E = 6 KT = 3KT .
2
Um segundo exemplo está mostrado na figura 10. Duas massas conectadas
por uma mola flexível tem liberdade de deslocar-se ao longo do eixo x.
Neste caso, todo movimento do sistema pode ser escrito em termos de duas
x1 + x 2
coordenadas: o centro de massa X CM = e a coordenada relativa entre as massas
2
x1 − x 2
x rei = . A energia do sistema é, então:
2
p x2CM 1 2 p2
E= + kx rei + rei
2µ 2 2µ
23
m
onde µ = é a massa reduzida. A existência de 3 graus de liberdade quadrática na
2
energia faz que
1 3
E = 3 KT = KT
2 2
1 2 3 1 4 2 3
mv = KT ⇒ 23
v = 1.38 x10 −16 298
2 2 2 26.02 x10 2
2
de onde tiramos v ≅ 1360m / s como sendo a velocidade média dos átomos de hélio à
temperatura ambiente. Se tivermos, por exemplo, gás argônio que é da ordem de 10
vezes mais pesado que He, teremos um fator de 10 na velocidade, ou seja
2
v ~ 430 m/s. Se considerarmos o ar que respiramos, que é basicamente constituído
Ar
de N2, teremos um fator de 7 , já que a massa molecular deste composto é 28. Isto nos
leva à:
2
v ≅ 514m / s
N2
3
U = N0 KT (33)
2
Como NoK = R é a constante dos gases a energia total do sistema é dada por:
3
U= RT
2
Com esta expressão podemos calcular o calor específico a volume constante para
este Mol de gás e temos:
dU 3
Cv = = R (34)
dT r 2
Cp - Cv = R (35)
tiramos:
Cp R Cp R
−1 = ⇒γ = = + 1 ≅ 1.66
Cv Cv Cv Cv
O valor 3 cal/Mol K para o calor específico, vale somente para o gás ideal. Olhando
para os valores experimentais do calor específico de alguns gases rais, podemos
observar um desvio deste valor.
25
1 1
l x ω x2 e l z ω z2
2 2
1 5
U = 5 x KTN 0 = N 0 KT
2 2
5
ou U= RT
2
dU 5
Cv = = R
dT v 2
distribuição, teremos que somar todas as velocidades com seus respectivos pesos
relativísticos, ou seja:
v=
∫ v f (v )dv
x x x
(37)
∫ f (v )dvx x
onde fica mais evidente que ƒ(vx) é na verdade a probabilidade de encontrarmos vx.
Qualquer grandeza ς (vx) dependente de velocidade que queiramos calcular o valor médio
pode ser calculado da mesma forma que a velocidade,
ς=
∫ ς (v ) f (v )dv
x x x
(38)
∫ f (v )dv x x
integrando explicitamente.
A análise que fizemos acima em somente um componente da velocidade, deve ser
generalizada incluindo as 3 componentes vx, vy e vz para representar a realidade de um
gás. Mas quem é afinal a função ƒ (vx)?
O procedimento matemático que usaremos a seguir para obter a distribuição de
velocidades num gás ideal foi originalmente usada por Maxwell em 1860.
Seja um gás formado por N moléculas, contido num recipiente de paredes rígidas.
Tomemos uma determinada molécula que apresenta velocidade V com componentes vx,
30
F (v) dw (40)
onde F(v) é agora uma nova função que só depende do módulo da velocidade e deve ser
igual ao produto dos ƒ definido na primeira equação.
Assim
( )
F v x2 + v y2 + v z2 = f (v x ) f (v y ) f (v z ) (41)
Esta última equação foi obtida apenas utilizando a isotropia do gás e o problema
para determinar sua dependência funcional explicita passa a ser puramente matemático.
Inicialmente tomemos a derivada da equação acima com respeito à vx, obtendo
v x F ' (v ) f ' (v x )
= (43)
v F (v ) f (v x )
ou seja
1 F ' (v ) 1 f ' (v x )
= (44)
v F (v ) v x f (v x )
1 f ' (v x )
= −2γ (45)
v x f (v x )
df
= −2γv x dv x
f
e, integrando, tiramos:
centrada na origem.
Com isto obtemos que a distribuição F (vx, vy, vz), através de (41),
F (v x , v y , v z ) = A3 e −γv x e
− γv 2y
e −γv z
2 2
(46)
F (v ) = A3 e −γv
2
(47)
∞ ∞
v x = ∫ v x f (v x )dv x / ∫ f (v x )dv x
−∞ −∞
33
que resulta, obviamente em v x = 0 como esperado, pois já que todas as direções são
igualmente prováveis, o mesmo número de moléculas deverão estar deslocando-se na
direção +x e -x com o mesmo valor de vx, resultando numa média nula.
2
Vamos, então, calcular v x . Neste caso:
∞
2 ∫
2
v f (v x )dv x
−∞ x
v x = ∞
∫ f (v x )dv x
−∞
∞
A∫ v x2 e −γv x dv x
2
2
v = x
−∞
A∫ e −γv x dv x
2
1/ 2
+∞
− rς 2 π
A integral do tipo ∫ ς e 2
dς = pode ser facilmente executada, e derivando
−∞
γ
com respeito a γ , tiramos
+∞
−γς 2 1 π 1/ 2
∫ ς e
2
dς =
−∞ 2 γ 3/ 2
2
1
π 1/ 2 / γ 3 / 2 1 1
vx = 2
=
π 1/ 2 / γ 1/ 2 2γ
1 2 1
mv x = KT
2 2
ou seja,
1 11 1 m
m = KT ⇒ γ = (48)
2 2γ 2 2 KT
34
A determinação da constante A pode ser feita do fato que ƒ(vx) dvx representa a
probabilidade de encontrar a molécula com vx entre vx e vx + dvx, de modo que a soma
sobre todas possíveis velocidades deve fornecer a unidade, ou seja:
∞
∫ f (v x )dv x = 1
−∞
1/ 2
π γ
1/ 2 1/ 2
m
A =1→ A = ou A=
γ π 2πKT
3/ 2
m 1 mv 2
F (v ) = exp − (49)
2πKT 2 KT
3/ 2
m
φ (v ) = 4πv 2
− 2mvKT2
e (50)
2πKT
ou seja,
φ (v )dv = 4πv 2 dvF (v ) = F (v )dw
dφ (v )
=0
dv
m 2 KT
2v 5 − 2v 3 = 0 ⇒ vm = (51)
2 KT m
2/3
∞ m ∞
vφ (v )dv = 4π
− 2mvKT2
v=∫ ∫ v 3e dv =
0
2πKT 0
3/ 2
(52)
m 1 2 KT
= 4π = v = 1,12
2πKT 2(m / 2 KT )
2
m
1/ 2
2 m ∞ − 2mvKT2
v rms = v = 4π ∫ v 4e dv
2πKT 0
(53)
2 KT
v rms = 1,22
m
Com esta função, o valor médio de qualquer grandeza η (v) que depende da
velocidade é:
∞
η (v ) = ∫ η (v )φ (v )dv (54)
0
1 2
E= mv
2
3/ 2
m
φ (E )dE = 4π
2 E − E / KT dv
e dE
2πKT m dE
1/ 2
dv
=
d
(2 E / m )1 / 2 = 1 2
dE dE 2 mE
resultando em:
4π m
3/ 2 3/ 2
2
φ (E )dE = E 1 / 2 e − E / KT dE
2 2πKT m
ou seja:
2π
φ (E ) = E 1 / 2 e − E / KT
(πKT ) 3/ 2
∞
E = ∫ Eφ (E )dE
0
ou seja
38
2π ∞
E 3 / 2 e − E / KT dE
(πKT ) ∫
E= 3/ 2 0
∞ Γ(n + 1)
∫ x n e ax =
2
e usando a integral com Γ sendo a conhecida função gamma, tiramos
0 a n +1
3
E= KT
2
como previsto pelo teorema de eqüipartição de energia. Este último resultado não é
dedução do teorema, já que utilizamos na determinação do valor de γ e, portanto, o
resultado acima já era esperado.
dp = - ρ gdz = nmgdz
P
como n = , tiramos que
KT
mgz
P = p (o ) exp −
dP mg
− = dz ou
P KT KT
n(z) = n(o)e-mgz/KT
É claro que este é um caso específico de uma situação mais global, onde as
moléculas estão sujeitas a uma energia potencial V(z) quando localizadas em (x, y, z). De
modo que a expressão mais geral tem a forma:
n(z) = Ce-v(z)/KT
Fig. 18 - Distribuição de velocidades na superfície da terra, na direção z. As mais rápidas são lançadas até
alturas maiores e as mais lentas a alturas menores, gerando um perfil de densidade.
v 2f = v02 − 2 gz e T ( z ) = T (o ) −
2 gm
z ) evidentemente isto não acontece, mostrando a
2
existência de uma distribuição de velocidades. Vamos chamar ƒ (vo) a distribuição de
velocidades dos átomos deixando a superfície. O número de partículas que deixa a
40
superfície com velocidade entre v0 e v0 x dv0, por unidade de área e tempo (fluxo) é dada
por:
Estas partículas terão sua máxima altura entre v02 /2g e (vo + dvo)2 / 2g. O número
de partículas passando pelo plano zo = v02 / 2g é dado por n(zo) v (zo) por unidade de
tempo e área. Da mesma forma, o número de partículas cortando plano localizado em zo
+ dzo por unidade de tempo e área é:
mgz0
−
n(o )e
dn mg v
= −v dz 0 = KT
dz 0
dz 0 KT
2
mv − 12 mv
f (v0 ) =
z
e KT (56)
KT
2
mv − 12 mv
f (v z ) =
z
e KT
KT
Quando a partícula desloca-se em linha reta ela colidirá com todas as outras
partículas cujos centros de massa encontram-se a uma distância menor ou igual a d da
sua linha de deslocamento. Se estivermos considerando um ∆t, a molécula original
desloca-se em média uma distância v ∆t e colidirá com todas as demais partículas
contidas dentro do volume do cilindro de base de diâmetro 2d e altura v ∆t. Mesmo que
43
após cada colisão haja mudança da trajetória podemos alinhar todos os segmentos da fig.
20, criando uma trajetória linear. Assim:
Para conhecermos o tempo médio entre duas colisões consecutivas ( τ ) temos que
inverter a expressão acima, obtendo:
τ −1 = nσ v (59)
1
l =τv ⇒ l = (60)
nσ
Este comprimento médio, que representa o espaço percorrido entre duas colisões
consecutivas é denominado de livre caminho médio e, como vimos, para um gás
constituído de moléculas que são consideradas esferas rígidas de diâmetro d, o livre
caminho médio é:
1
l= (61)
πd 2 n
44
1 1 1
l= = ~ 2.5 x 10-5 cm
( )(
πd n 15.2 x10 cm 2.7 x1019
2 −16 2
)
mostrando que o caminho livre médio é cerca de 1000 vezes o tamanho atômico.
Para esta temperatura v ~ 105 cm/s de modo que o tempo entre colisões pode ser
determinado resultando em:
τ ~ 10-10 sec
e caminho livre médio. Para entendermos este tipo de medida, vamos analisar uma
determinada situação física.
Consideremos um feixe molecular propagando-se por uma região que contém
moléculas de uma outra espécie (Fig. 21). Quando as moléculas do feixe colidem com as
moléculas do gás sua trajetória normal é modificada e elas são defletidas para fora do
feixe original. Desta forma, à medida que o feixe propaga-se através do gás, a sua
intensidade (I) molecular (i.e, o número de moléculas por unidade da área e por unidade
de tempo) diminui devido às moléculas defletidas para fora. Analisando o decaimento da
intensidade deste feixe molecular ao longo de sua propagação podemos aprender muito a
respeito das colisões e do caminho livre médio e, conseqüentemente, do tamanho das
moléculas.
Seja o experimento na figura 21, onde átomos (ou moléculas) do feixe são
espalhados pelo gás contido na região A, e a intensidade do feixe é medida pelo detector
D.
l ( x + ∆x )S = −l ( x )S = −lSπd 2 n∆x
l ( x + ∆x ) − l ( x )
= −lπd 2 n
∆x
dl
= −lσn (63)
dx
l ( x ) = l 0 e −σnx (64)
1
após propagar uma distância x no gás. Como l =
σn
−x
l (x ) = l0 e l
(65)
Fig. 24 – Efusão
de área A. A fim de calcular este número vamos tomar um elemento de área dA e achar o
número de moléculas colidindo neste elemento por unidade de tempo. Como já dissemos
anteriormente este será o número que emerge se ao invés de parede sólida houvesse ali
um orifício de mesma área.
Consideremos, inicialmente, as moléculas nas vizinhanças do elemento dA. De
todas moléculas contidas nesta vizinhança, esperamos que aquelas que se movem na
direção da superfície colidirão com ela. Assim, vamos fazer um simples modelo que
consiste em tomar aquelas moléculas que deslocam-se com velocidade média v na
direção da superfície. Durante um tempo dt, todas aquelas moléculas contidas num
cilindro de área de base dA e altera v dt colidirão. Como a densidade do gás é n e em
1
média somente 6 delas deslocam-se contra a superfície, temos que o número de
1
moléculas que colidem com dA no tempo dt é 6 nvdt.dA e, portanto, o fluxo de moléculas
que emergirão do orifício de área dA é:
n o molecular 1
= nv
dAdt 6
Este cálculo é, no entanto, apenas uma aproximação pois para sermos mais exatos
deveremos levar em conta a distribuição de velocidades e integrar sobre todo o hemisfério
interior do recipiente. Os detalhes de cálculo ficarão como exercício ao leitor e o resultado
exato que se encontra é:
1
Φ0 = nv (partículas / área tempo) (66)
4
para o fluxo emergente pelo orifício. Este fluxo, no caso da parede ter espessura muito
menor do que o diâmetro do orifício é uniformemente distribuído em todo o hemisfério
externo do orifício e em cada direção temos a distribuição de Maxwell para a velocidade.
Com a relação dos gases perfeitos e o valor de v para uma distribuição de
Maxwell, podemos escrever a relação acima como:
p
Φ0 = (67)
2πmKT
49
Existem várias propriedades do sistema gasoso que são de interesse prático e que
dependem das propriedades cinéticas dos gases. Entre inúmeras destas propriedades
vamos iniciar analisando a condução térmica, fenômeno pelo qual um gás é capaz de
transportar energia de um ponto a outro. A fim de estudarmos este fenômeno e
determinarmos a capacidade de um gás em transportar energia, vamos considerar um
sistema que não está em equilíbrio térmico, de modo que partes diferentes podem estar a
temperaturas diferentes. Embora em não equilíbrio, vamos manter o sistema num estado
estacionário, de modo que a configuração térmica das várias partes do sistema não são
alterados com o passar do tempo. Por exemplo, consideremos um gás em contato com
dois reservatórios à temperaturas T1 e T2, como mostrado na figura 25.
Para o caso onde T1 > T2, haverá um fluxo de energia do reservatório 1 para o
reservatório 2 e este transporte energético é, evidentemente, feito através das moléculas
do gás. As moléculas entrando em contato com o reservatório 1,
aumentam sua temperatura ficando mais energéticas, ou seja, elas emergem de 1 com
velocidade maior do que quando entraram. Através de colisões com demais partículas
esta energia vai sendo transferida às demais partes do sistema até atingir o reservatório 2
que receberá esta energia transportada pelo gás. A força motriz para este transporte de
energia é a diferença de temperatura entre as duas partes. A situação física descrita tem
como fluxo de energia transferido a conhecida equação:
50
∆Q = (quantidade massa) x cv x ∆T
ou seja,
∆Q = Anv x ∆tc v ∆T
dT ∆Q
∆T ≅ l x , e =J (fluxo de calor)
dx A.∆t
51
tiramos que
dT
J = ncv l x v x (69)
dx
dT
J = −KT
dx
K T = ncv l x v x (70)
2π ∞ π /2
/ cos 2 ΘF (v )v 2 senΘdΘρdv
x/2
∫ ∫ ∫ 2π ∫ cos 2 ΘsenΘdΘ
lxvx = 0 0 0
π /2 2π ∞
= lv 2π
0
π /2
∫ ∫ ∫ F (v )dw ∫ ∫ senΘdΘdρ
0 0 0 0 0
1
lx vx = lv
3
(Nota: tivemos que normalizar, dividindo pela integral, pois agora só estamos trabalhando
com um hemisfério do gás).
Assim, a condutividade térmica é:
1 energia.comp.
K T = ncv l v
3 grau.área.tempo
∆v
τ∞
∆y
53
dv
τ = −η (73)
dy
Assim, a viscosidade está relacionada com o poder que o fluido tem em arrastar
corpos em contato com ele, ou mesmo camadas sucessivas do próprio fluido. Nosso
trabalho agora é determinar η em termos das propriedades microscópicas do gás. Da
mesma forma que procedemos na condutividade térmica, consideremos duas camadas
do gás separadas pela distância Iy (projeção do caminho livre médio na direção y), veja
figura 29. A camada superior desloca-se com velocidade vx + ∆vx e a inferior vx.
onde a massa total considerada é a massa transferida da posição y para y+dy. Sendo n a
densidade em número, mn a densidade de massa. Como:
dv x
∆v x ≅ l y
dy
tiramos,
dv x
∆p x = − mnAv y l y ∆t
dy
54
de onde obtemos:
∆p x dv
τ= = − mnv y l y x
A∆t dy
( ) 1
e como já vimos que v y l y = lv , obtemos:
3
1 dv x
τ = − ml v (74)
3 dy
1
η = nml v
3
dn
J x = −D
dx
J = n( x )v x − n( x − l x )v x
= −[n( x + l x ) − n( x )]v x
dn
= −l x vx
dx
1
tirando a média, l x v x = l v e, comparando com a lei de difusão, o coeficiente D relaciona-
3
se com os parâmetros microscópicos:
1
D = lv (76)
3
III.10 - Transporte de gás carregado eletricamente por uma rede de pontos: uma
aplicação da cinética dos gases para condutividade elétrica dos metais.
ρm
n = 6,022 x10 23 Z (77)
A
1 4π 3
1/ 3
3
= γs →γs =
n 3 4πn
n(1022/cm3) γ s(Å)
Na 2,65 2,08
Au 5,90 1,59
Fé 17,0 1,12
Bi 14,1 1,19
Como podemos ver a densidade do gás de elétrons nos metais são milhares de
vezes maiores do que nosso convencional gás ideal a condições normais de pressão e
temperatura. Apesar disto, e apesar da forte interação colombiana elétron-elétron e
elétron-íon, vamos aplicar as leis da cinética de um gás neutro e diluído, iniciemos
fazendo as seguintes suposições:
linear entre colisões, período no qual são válidas as leis da mecânica para a interação
elétron-campo, desprezando-se totalmente qualquer outra interação durante este período.
A interação elétron-elétron pode ser abandonada na chamada aproximação dos
elétrons independentes, enquanto o abandono da interação elétron-íon é chamado de
aproximação de elétron livre.
3) Vamos considerar que o tempo médio entre colisões é dado por τ , de modo que a
frequência de colisão é I/ τ . Isto significa que, em média, um elétron sofrerá uma colisão
e, após um determinado tempo τ , uma outra. Assumiremos que τ seja independente da
posição e velocidade do elétron.
4) Finalmente, supomos que em cada colisão o elétron atinge equilíbrio térmico com sua
redondeza. Isto nos leva a utilizar o fato que após cada colisão o elétron emerge do
centro de colisão com uma velocidade que independe daquela que ele tinha inicialmente,
dependendo somente da temperatura local do centro de colisão.
Com estas suposições, a visão microscópica que temos da condução de elétrons
num condutor está esquematicamente representada na figura 31:
Fig. 31
Para o elétron, o sólido nada mais é senão uma coleção de centros de colisão que
modificam sua trajetória e lhe fornece nova velocidade após cada colisão. Entre colisões o
movimento é balístico e o elétron está sujeito somente à ação do campo externo.
58
J = +nq v
< v >=0
q
Na presença do campo, após cada colisão temos que adicionar a v o termo Et
m
que corresponde à velocidade que o campo imprimiu a carga após a colisão de modo que
v(t ) = v +
q
Et (79)
m
q
v med = < v > + E <t>
m
q
v med = Eτ (80)
m
nq
j= τE (81)
m
59
mostrando que a densidade de corrente é linear com o campo aplicado (Lei de Ohm) e a
constante de proporcionalidade é a condutividade elétrica σ
nqτ qτ
σ= σ = nqµ µ= = mobilidade (82)
m m
neste meio colisional sujeito a uma força externa F (t ) qualquer. Sendo I/ τ a taxa de
dt
colisão, a probabilidade de que um elétron sofra uma colisão entre t e t + dt é e,
τ
dt
portanto, a probabilidade de que ele não sofra colisão entre t e t + dt é 1 − .
τ
dt
[
p (t + dt ) = 1 − p (t ) + F (t )dt
τ
] (83)
d p (t ) p (t )
=− + F (t ) (84)
dt τ
60
F (t ) = q E +
p
xH (85)
mc
dp p p
= qE + xH − (86)
dt mc τ
px
qE x + ω c p y − τ = 0
(87)
qE + ω p − p y = 0
y c x
τ
qH nqτ
onde ω c = . Multiplicando as equações acima por e usando jx = nqvx, tiramos ( ω c
mc m
é a frequência ciclotron):
σ 0 E x = −ω cτj x + j x
σ 0 E y = ω cτj y + j y
nq 2τ
onde σ 0 = é a condutividade de Drude já determinada.
m
Quando as cargas atingem as faces jy = 0 , assim podemos determinar:
ω τ H
E y = c j x = jx
σ0 nqc
Ey 1
RH = = (88)
j xH nqc
Toda teoria cinética de gases que desenvolvemos até aqui considera as partículas
constituintes dos gases como sendo pontos materiais que carregam momentum e que
podem trocar esta quantidade de movimento com as demais partículas ou com as
paredes do recipiente que as contém. Em algumas situações imaginamos as moléculas
como sendo esferas duras (tipo bolas de bilhar) e pudemos determinar com este modelo
o número de colisões por unidade de tempo, o caminho livre médio e, através destes
conceitos, determinamos as propriedades de transporte mais importante para o gás.
O gás que estudamos até agora obedecem a lei dos gases ideais PV = NKT,
segundo a qual o volume de cada molécula ou a existência de interação entre eles não
se manifesta e nem é importante. Tanto que as variáveis P e V na equação acima são
permitidas terem qualquer valor de 0 a ∞. Mas qual é o significado de V = 0 quando
sabemos que as moléculas apresentam por si só um volume? Isto mostra que existe um
limite mínimo para a compressão do gás.
Quando levamos em conta a existência de forças intermoleculares bem como o
tamanho finito das moléculas denominamos o gás como sendo imperfeito ou real. Neste
caso, a equação de estado difere um pouco do estado ideal. É claro que a manifestação
do caráter não ideal dos gases, depende muito em que condições este se encontra.
Normalmente em regimes de altas densidades a interação intermoleculares, bem como o
efeito de volume finito das moléculas manifesta-se de forma bem mais marcante. Espera-
se, no entanto, que a lei dos gases ideais continue válida para baixas densidades. Assim,
é esperado que a lei dos gases ideais apresente correções que deverão tornar-se
irrelevantes para N/V → 0. Podemos, então, escrever
2
PV N N
= 1 + B' + C' + ... (89)
NKT V V
onde N é o número total de partículas no volume V. Quando estamos tratando com 1 mol
de gás, a equação é escrita como:
P .V B (T ) C (T )
=1+ + + ... (90)
RT V V2
1
Baseado no livro: A Estrutura Quântica da Matéria – J. Leite Lopes
63
onde B(T), C(T) são denominados de segundo e terceiro coeficiente do Virial. Observa-
se que B(T) é negativo para todos os gases à baixas temperaturas. Ao aumentarmos a
temperatura, B aumenta tornando-se positivo. A temperatura para qual B = 0 é
denominada de temperatura de Boyle.
Vamos tratar o gás de uma forma simples (embora a equação (90) seja mais
geral) e obter a equação de estado.
Devido ao volume finito das moléculas, esperamos que
3
4 d
lim V = b = π N
p→∞ 3 2
P(V-b) = NKT
ou seja, quando p → ∞, V → b.
Imaginamos, agora, que exista uma certa atração entre as moléculas. Se
olharmos para uma molécula próxima da parede do recipiente, veremos que o efeito da
interação com os vizinhos é o de efetivamente diminuir a interação da molécula com a
parede, diminuindo efetivamente a pressão do gás.
O efeito da interação deverá ser maior no decréscimo de pressão quanto maior for
a densidade n, pois neste caso as partículas estarão mais próximas. Sendo um efeito de
interação de pares esperamos que a correção seja proporcional a n2. Assim, vamos dizer
64
NKT a
P = − 2
V −b V
de modo que
a
P + 2 (V − b ) = NKT (91)
V
F = m x&&
( ) ( )
m x&&.x = F .x
Como
d2 2 2 1 x2
2
x = 2 x .x&& + 2 x& como ( x .x&& ) = − x& 2
dt 2 dt 2
temos que
m d2 2
x − m x& 2 = F . X
2 dt 2
65
Como o estado macroscópio de um gás não muda com o passar do tempo quando
este gás está em equilíbrio, o centro de massa do sistema não deve alterar sua posição.
Assim, podemos escrever a seguinte equação:
d 2
∑
dt A
ma x A = 0
(92)
1 1 d d 2 1 1
N 2 dt dt
∑m
A
A xA =
N
∑m A
A x& A2 +
N
∑ F .x
A
A (93)
e como, da equação (93), o primeiro membro é zero, decore que para cada molécula,
1 2 1
< mv >= − ( F .x ) (94)
2 2
i.e., a energia cinética média das moléculas de um gás em equilíbrio é igual a média do
produto escalar da força pela posição das moléculas com sinal trocado.
Vamos utilizar este resultado para deduzirmos a equação de Van der Waals.
Imaginemos um gás onde a força exercida sobre uma molécula A devido a interação com
(i )
as demais moléculas, é representada por F A . Podemos ainda ter uma força externa
(e)
F A agindo sobre esta molécula. Pelo resultado da equação (94),
1
∑
2 A
1
2 A
( 1
)
m A v A2 = − ∑ x A .F A( i ) − ∑ x A .F A( e )
2 A
( )
( xA − xB )
∑
i
FA = F ( r AB ) c/ r AB = x − xB
B≠A r AB A
66
∑x
(i )
Como estamos somando sobre todos pares para efetuar a soma A FA ,
A
( x A − xB )
como r
está na direção da linha entre A e B, assumindo que a origem de
ab
coordenadas esteja sobre A, temos
( xA − xb )
xA . = rA = B (95)
rAB
1 2 1 1 (e )
2
∑m
A
A vA = −
2
∑r
AB
AB F ( r AB ) −
2
∑x
A
a .F a (96)
(e)
3 NKT = −∑ rAB F ( rAB ) − ∑ x A .F A (97)
AB A
A força externa F(e) pode ter sua origem nas paredes do recipiente, originando
− ∑ x A .F A = P ∫ ( x .n )ds
(e)
(98)
A S
= P ∫ ( ∇.x )d 3 x = 3 P .V (99)
V
3
pois ∇.x = 3 , e V = ∫ d x é o volume do recipiente. Assim,
ou
1
PV = NKT +
3
∑r
AB
AB F ( rAB ) (100)
que corresponde à equação de estado do gás real no caso onde a interação molecular
tem a forma de força central. Nesta formulação o gás perfeito é aquele onde F(rAB) = 0.
A soma dos termos de força da equação acima podem ser, em média, escritas
como:
1
∑r
AB
AB F ( r AB ) =
2
N ( N − 1 ) < rF >
Cada uma das N moléculas interage com (N-1) e para não contarmos duas vezes
o mesmo par, temos que o número total de pares interagindo é 1 N ( N − 1 ). Mas como N
2
23
é muito grande (~10 ),
1 1
N( N − 1 ) ≅ N 2
2 2
1 2
pV = NKT + N < rF > (101)
2
68
4π − U ( r ) / KT r 2 dr
f ( r )dr = − U ( r ) / KT
∫e d3X
de modo que este será o “peso estatístico” no cálculo do valor médio de rF. Como
dU
F =− , o valor médio < rF > pode ser escrito como:
dr
∞ dU
4π ∫ e −U ( r ) / KT r 3 dr
< rF >= −
0 dr
− U ( r ) / KT 3
∫e 0
d X
1 2 4π ∞ dU
pV = NKT − N ∫ e −U ( r ) / KT r 3 dr
6 I 0 dr
d −U ( r ) / KT 1 −U ( r ) / KT dU
Como e =− e multiplicando e dividindo por KT, teremos:
dr KT dr
1 2 4π
pV = NKT +
6
N
I
KT ∫ 0
∞
r3
d
dr
( )
e −U ( r ) / KT dr
ou seja:
2 πN
pV = NKT 1 + ∫
∞
r3 e (
d −U ( r ) / KT
dr ) (102)
3 I 0 dr
0 r > d
U (r ) =
∞ r < d
de modo que
1 r > dd
e −U ( r ) / KT
=
0 r < d
∞
Assim, ∫ r 3 d ( e −U ( r ) / KT = d 3 , e I = V, tomando a expressão anterior fica:
0
2 N
PV = NKT 1 + π d 3
3 V
2
Se chamarmos b = πN ( d )3 , obtemos:
3
b
PV = NKT 1 +
V
ou seja:
PV
= NKT
b
1 +
V
70
Quando b << 1, 1
≅1 −
b
e obtemos como aproximação
V b V
1+
V
P (V − b ) = NKT (103)
B
U( r ) ≅ − , B>0 (104)
rn
r→∞
2 N dU a
π ∫r
3
e −U / KT dr = −
3 VKT dr NKTV
( a >0 )
ou seja,
a
pV = NKT −
V
71
∞ r <d
U ( r ) = − W d < r < r0 (105)
− B r < r0
n
r
2 N ∞ b a
π ∫ r 3 ( e − U ( r ) / KT )dr ≅ −
3 I 0 V NKTV
b a
PV = NKT 1 + −
V V
b
que para << 1 , pode ser escrita como
V
a
P + 2 (V − b ) = NKT (106)
V
que é a equação de Van der Waals, mostrando que realmente a correção na pressão
deve-se à interação de longo alcance entre moléculas e a correção no volume deve-se
ao volume finito apresentado pelas moléculas.
72
Vamos imaginar a situação física, onde uma partícula está presente num meio
viscoso podendo realizar um movimento desordenado. Este é, por exemplo, o caso de
uma molécula dce soluto em solução de uma molécula gasosa num gás estranho ou de
uma minúscula partícula sólida num líquido (veja fig. 37).
dv
m =− {βv + { F (t )
dt vis cos a aleatória
A força F(t), aleatória advém de colisões com outras partículas. A equação acima
é chamada de equação de Langevin e estamos interessados em conhecer o
deslocamento quadrático médio desta partícula neste meio. A equação acima pode ser
escrita como:
d
m ( xv ) − v 2 = − βxv + xF ( t )
dt
d
m xv − m v 2 = − β xv
dt
74
onde usamos o fato que a força F(t) é aleatória e, portanto, F ( t ) = 0 . Da teoria cinética,
temos que
1 1
m v 2 ~ KT
2 2
de modo que
d
m xv = KT − β xv
dt
1 d
resolvendo para xv = 2 dt x , tiramos
2
β
2 KT m − t
m
x2 = t − 1 − e
β β
Para tempos curtos, a exponencial pode ser expandida até ordem t2 e, desta
forma, obtemos para o deslocamento médio quadrático.
KT
x2 ≅ t2
β
m
Para t << , o termo entre parênteses desaparece e ficamos com outra dependência
β
temporal para x 2 :
2 KT
x2 ~ t
β
KT
D=
β
mostrando que o coeficiente de difusão neste caso depende da agitação térmica dos
constituintes e da capacidade do soluto em perder energia através do processo viscoso.
Este sistema físico, discutido acima, é normalmente chamado de movimento
Browniano, originalmente observado para partículas em suspensão por Robert Brown
(1827). Este movimento foi profundamente analisado por Einstein que mostrou ser
devido às constantes colisões aleatórias que as moléculas de um meio exercem sobre
outra. Uma importante característica deste movimento é que o percurso percorrido por
uma partícula devido ao processo de difusão é:
L2 ∝t
AUTORES:
PROF. DR. VANDERLEI SALVADOR BAGNATO
PROF. DR. LUIS GUSTAVO MARCASSA
CAPÍTULO IV
IV.1. INTRODUÇÃO
r
r r r r 4π 1 ∂D
∇.D = 4πρ ∇xH = j+
c c ∂t
r
r r r r 1 ∂B
∇.B = 0 ∇xE = (1)
c ∂t
r r r r
e se substituirmos B = µH e D = εE , onde µ é a permissividade magnética e ε a
constante dielétrica do meio que assumiremos como sendo constantes, ficamos com
3
r r
ε∇.E = 4 πρ
r
∇. B = 0
r
r r 4π r ∂E
∇xB = µJ + µε (2)
c ∂t
r
r r 1 ∂B
∇xE =
c ∂t
r r
∇. E = 0 ∇. B = 0
r
r r 1 ∂B
∇xE = − (3)
c ∂t
r
v 1 ∂E
∇xB = µε
c ∂t
r r r r µε ∂ r r
∇x(∇xB) = ∇(∇. B) − ∇ 2 B = (∇xE) (4)
c ∂t
v
e utilizando a equação para ∇xE , tiramos que
r r µε ∂ 2 r
−∇ 2 B = − B (5)
c 2 ∂t 2
4
ou seja
r
2r µε ∂ 2 B
∇ B− =0 (6)
c2 ∂t 2
que é a famosa equação de onda mostrando que as equações de Maxwell prevêem que
o campo magnético e o elétrico obedecem às equações de uma onda que se propaga
1 µε
com velocidade = , ou seja,
2
v c2
c
v= com c = 3 x 1010 cm / s (7)
µε
r
2r µε ∂ 2 E
∇ E− =0 (8)
c2 ∂t 2
r
E = eE
$ 0 cos( kx − ωt + φ) (9)
que representa uma onda que propaga-se na direção x, com amplitude E0 na direção ê,
2π
freqüência ω e vetor de onda k = .
λ
Como o vetor de onda está associado a freqüência através de
ω
k= (10)
c
r x − ct
E = eˆE 0 cos +φ (11)
λ
onde φ é uma fase que depende das condições iniciais. (Por simplicidade estamos
considerando vácuo µε ~ 1).
Com esta solução para o campo elétrico podemos usar as equações de Maxwell e
obter a solução para o campo magnético.
r
B = eˆ' B0 cos(kx − ωt + φ ) (12)
r r r r
E ( r , t ) = eE
$ 0 cos( k. r − ωt + φ) (13)
7
r r
sendo o vetor de onda k = kn sempre na direção de propagação.
A onda pode ser composta de várias freqüências diferentes, ao invés de uma única
(monocromática). Neste caso, temos:
r r r
E (r , t ) = ∑ eˆE0 (ω ) cos(k .ωt + φk ) (14)
ω ,k
cE 20
I= (15)
8π
Os campos que fazem parte da radiação são capazes de trabalhar sobre cargas ou
correntes, de modo que o campo eletromagnético contém determinada energia. Numa
r r
região do espaço onde o campo elétrico é E e o magnético B , a densidade de energia é
exatamente:
µ=
8π
(
1 r2 r2
E +B ) (16)
( )
1 r2 r2
U= ∫ E + B dV (17)
8π V
( ( ) ( ))
1 r r r r
µ E 20 cos2 k. r − ωt + φ + E 20 cos2 k. r − ωt + φ
8π
( )
1 2 r r
= E 0 cos2 k. r − ωt + φ (18)
4π
8
r
se esta onda propaga-se na direção k , ocupando uma área transversal de valor A,
passará uma quantidade de energia µAc∆t durante o intervalo de tempo ∆t.
U
I= = µ. c (19)
A∆t
1 2 rr
I= E 0 cos 2 ( k .r − ω t + φ )
4π (20)
2
rr
Se tomarmos a média temporal, lembrando que cos ( k. r − ωtk ) ~ 1/2
1 2
I= E0c (21)
8π
aproximação, o átomo nada mais é senão uma carga positiva rodeada de uma nuvem de
carga negativa, distribuída uniformemente ao seu redor. Como modelo simplificado
vamos supor que o sistema comporta-se como se a carga negativa estivesse
harmonicamente ligada.
Quando a radiação incide sobre este sistema, o campo elétrico deforma esta
suposta densidade uniforme de carga tendendo a afastar cargas negativas das positivas.
Como resultado desta deformação, há indução de um dipolo elétrico no átomo que sobre
a presença do campo faz com que suas cargas oscilem forçosamente.
r
m&r& + mω 02 r = −eE0 cos(ωt ) (22)
r r
r = r0 cosωt (23)
r r
− mω 2 r0 + mω 02 r0 − er 0 cos ωt (24)
r
r − eE 0 / m
r0 = (25)
ω 20 − ω 2
r r
Sendo r = r0 cos ωt o deslocamento do elétron, o dipolo induzido em cada átomo
será:
r r r
p = − er = − er0 cos ωt (26)
r r r
P = Np = − Ner0 cos ωt (27)
r
r Ne 2 E 0 / m
P=− 2 (28)
ω − ω 02
Desde já observamos que esta polarização induzida será mais intensa quando a
freqüência de oscilação do campo for igual à freqüência natural de oscilação do sistema
denominada de freqüência de ressonância.
Do eletromagnetismo sabemos que:
r r r r
D = E + 4 πP = (1 + 4 πχ e ) E (29)
r 4 πNe 2 / m r
D = 1 − ωt
E 0 cos4 (30)
ω 2 − ω 0 142 r 3
E
r r
∇.B = 0
r
r 1 ∂D
∇xB =
c ∂t
r (31)
∇.D = 0
- 1 ∂B
∇xE =
c ∂t
1 4 ρNe 2 / m ∂ 2 E
∇2 E − 1 − 2 2
=0 (32)
c2 ω − ω 0 ∂t 2
mostrando que a propagação da onda neste meio, ocorrerá com velocidade v dada por:
1 1 4 πNe 2 / m
= 1 − 2 (33)
v 2 c 2 ω − ω 20
2
Ne 2 / m
e como v = c(n), termos n = 1 −
2 2 como sendo o índice de refração do meio
ω − ω 0
4 πNe 2 / m 2 πe 2 N / m
n( ω ) = 1 + ≅ 1+ (34)
ω 20 − ω 2 ω 20 − ω 2
Esta expressão para o índice de refração não é muito adequada para freqüências
da radiação próximas de ω0, pois observamos a ocorrência de divergências. A razão
desta divergência fazendo com que a polarização seja infinita nas proximidades de ω0
advém do fato que o modelo, até o momento, não tem uma forma de dissipar energia.
Somente adquirindo a energia do campo, os elétrons oscilam cada vez com amplitude
mais elevada, levando a uma divergência.
A fim de tornar nosso modelo mais realista, temos que introduzir no sistema
dissipação de energia. Assim, teremos que adicionar na equação de movimento um
termo de força proporcional à velocidade e oposta a ela, responsável pela dissipação.
Fisicamente, este termo pode ser interpretado como a radiação emitida pelo dipolo
oscilante como se fosse uma antena. Assim, a nova equação de movimento é:
r r r
mr + mζ r + mω 20 r = eE 0 cos ωt (35)
r r
r = r0 cos(ωt + φ) (36)
13
r
onde agora r0 e a fase φ dependerão dos vários parâmetros do problema.
Da solução proposta, tiramos:
r r
r = −ωr0 sen(ωt + φ ) (37)
r r
r = −ω 2 r0 cos(ωt + φ ) (38)
r r
−ω 2 r0 cos ωt cos φ + ω 2 r0 senωtsenφ
r r
−ωζ r0 senωt cos φ − ωζr0 cos ωtsenφ (39)
eE 0
+ω 20 cos ωt cos φ − ω 20 senωtsenφ = − cos ωt
m
Como esta equação tem que ser válida para qualquer instante de tempo, os termos
em senωt e cosωt têm que estar em equivalência, isto é, a soma de seus coeficientes
devem se anular. Assim,
( −ω 2
cos φ − ωζsenφ + ω 20 cos φ r0 = − ) eE 0
m
(40)
ωζ
tan φ = (42)
ω − ω 20
2
ζω
senϕ = − (43)
(ω 2
0 −ω2 ) 2
+ ζ 2ω 2
ω 2 − ω 20
cosφ = − (44)
( ω 20 −ω )
2 2
+ζ ω2 2
14
r0
2 2
(
ω ω − ω 02
+
) ζ 2ω 2
−
ω 02 (ω 2 − ω 02 )
= − eE 0
(ω 2
0 − ω 2 2
) (ω 2
0 −ω2 ) (ω 2
0 −ω2 )
2
+ ζ 2ω 2 m
2
( 2 2
r ω − ω0 ω − ω0 + ζ ω
2
)(
2 2
)
r
eE 0
r0 =−
( )( )
(45)
ω 20 − ω 2 ω 20 − ω 2 + ζ 2 ω 2 m
r
r eE 0 1
r0 = − (46)
( )
m 1/ 2
2 2 2 2 2
ω − ω0 + ζ ω
v r r
P = − Ner0 = − Ner0 cos(ωt + φ) (47)
ou seja,
r v r
P = − Ner0 cos ωt cos φ + Ner0 senωtsenφ (48)
( )
r r
r Ne 2 E 0 ω 02 − ω 2 Ne 2 ζωE 0
P= cosωt + senωt
(
m ω 02 − ω 2 2 + ζ 2ω 2 ) m ω 02 − ω 2 + ζ 2ω 2 ( ) (49)
Assim, na presença da radiação, o meio responde com duas partes distintas: uma
completamente em fase com a radiação incidente (termo cosωt) e outra 90° fora de fase
com a radiação incidente (termo em senωt = cos (ωt-π/2)).
É importante notar que o segundo termo é conseqüência direta da dissipação já
que ζ = 0 elimina este termo.
15
2 πNe 2 ω 20 − ω 2
n ′ (ω ) ≅ 1 + (50)
m
( ω 20 −ω )
2 2 2
+ζ ω 2
que é a forma dispersiva correta, não apresentando divergências ao redor de ω0. Longe
da freqüência de ressonância, o sistema não nota muito a presença da radiação.
As regiões onde n ′ (ω ) aumenta com a freqüência é denominada de região de
dispersão normal, enquanto nas regiões onde n(ω ) descreve com ω são chamadas de
dispersão anômala.
O segundo termo da polarização que depende do termo dissipativo, representa na
verdade uma absorção. Ele representa a maneira pela qual a energia é dissipada. Para
melhor entendermos isto vamos calcular a taxa com que a energia é retirada do campo
de radiação, ou seja, a taxa com que o campo elétrico está trabalhando sobre as cargas
que constituem o sistema atômico. Assim, voltamos à equação inicial:
r
m&r& + mζ r& + mω 02 r = −eE cos ωt (51)
r r
m&r&.r& + mζr& 2 + mω 02 r .r& = −eE 0 .r& cos ωt (52)
d 1 1 2 r 2 r r r
m ( &
r ) 2
+ mω 0 ( r ) + mζ &
r .r = ( − eE 0 cos ωt ).r (53)
dt 2 2
r r
( potência) P = (−eE0 cos ωt ).r (54)
r r
cuja média temporal fornece, após substituição de r = r0 cos(ωt + φ) lembrando
(senωt cos ωt ) med ~ 0
− eE 0ω
( Potencia ) P = r0 senφ (55)
2
e usando a relação para senφ obtida anteriormente, a potência trocada com o sistema
atômico é:
− eE 02 ζω 2
(Potência) P = (56)
2m (ω 02 − ω 2 ) 2 + ζ 2ω 2
ω2
Pα → 0 (57)
ω4
∆ω = ζ (58)
2 e2
P= x 2
(&&) (59)
3 c3
2 e2 2 2
P= ω ( x& ) (60)
3 c3
X& = Xωsenωt
⇒ &x& 2 = ω 2 x& 2
pois &X& = −ω X cos ωt
2
0
2
Comparando esta expressão com a taxa de dissipação de energia mζ r& ,
2 e2 ω 2
ζ= (61)
3 c3 m
8 πc 2 ζω 2
P= I = potência dissipada por átomo (62)
c
( ω 20 −ω )
2 2
+ζ ω2 2
8πe 2 ζω 2
A[I ( z + ∆ z ) − I ( s )] = − NA∆ z I ( z) 2 (63)
c (ω 0 − ω 2 ) 2 + ζ 2ω 2
dI e2 ζω 2
= −8πn I (64)
dz c (ω 02 − ω 2 ) 2 + ζ 2ω 2
dI
E por definição, = −αI , onde
dz
e2 ζω 2
α = 8πn (65)
c (ω 02 − ω 2 ) 2 + ζ 2ω 2
I ( z ) = I 0 e − αz (66)
8 πe 2 ζω 2
σ (ω ) = (68)
( )
c 2
ω 20 − ω 2 + ζ2ω 2
1o. caso ω << ω0 - Neste caso a freqüência da radiação é muito menor do que a
freqüência de máxima absorção do sistema. Podemos desprezar os termos em ω no
denominador e
8π 2 ζω 2
σ(ω ) ω << ω 0 = e (69)
c ω 40
8 πe 2 2 e 2 ω 4
σ(ω ) ω << ω 0 = (70)
c 3 c 3 m ω 40
ou seja
ω4
σ(ω ) = Const. (71)
ω 40
ω << ω0. Assim, a luz azul que compõe esta luz solar branca (que é a componente de
maior frequência) é mais espalhada do que as demais, e sendo espalhada para todas
direções ela nos atinge, e sendo sua maior componente azul, como resultado vemos o
ω4
céu azulado. Em ordem de grandeza temos σ(ω) ~ 5 x 10-25 2
cm de modo que se
ω 20
ω ~ 10 ω0 → (σ) ω ~ 10
-2 -33 2
cm .
ω4
σ(ω ) = const. = Const. (72)
ω4
2
−25 ω 1
σ(ω ) ≅ 5 x 10 α (74)
2
ζ ω2
3 2
σ (ω ) ≅ λ cm 2 (75)
2π
22
r r
mω 20 r + mβ 2 r 2 (76)
r
Sob a incidência de um campo E 0 cosωt externo, a equação do movimento para o
elétron é da forma:
r r r
m&r& + mω 02 r + mβ 2 r 2 = −eE 0 cos ωt (77)
onde estamos deixando de lado o termo de dissipação para tornar os cálculos mais
simples.
Vamos considerar como solução aproximada o seguinte:
r r
r1 = r0 cosωt (78)
r
r eE
&r& = −ω 02 r − β 2 r 2 0 cos ωt (79)
m
r
e substituindo a solução r1 considerada no segundo membro da equação,
r eE
&r& ≅ −ω 02 r cos ωt − β 2 r02 cos 2 ωt 0 cos ωt (80)
m
2 1 1
de modo que cos ωt = cos(2ωt ) + , temos
2 2
1 1 eE
&&r ≅ −ω 20 r0 cos ωt − β 2 r02 cos2 ωt + − 0 cos ωt (82)
2 2 m
ω2 β 2 r02 eE
&r ≅ − 0 r0 senωt − sen 2 ωt − β 2 r02 - 0 senωt (83)
ω 4ω ωm
e integrando novamente
ω 20 eE 0 β 2 r02 β 2 r02 2
r(t) ≅ r0 cos ωt + cos ωt + cos 2ωt − t (84)
ω2 ω2m 8ω 2 2
que desprezando o termo em t2, pois não representa solução oscilatória, fica
ω2 eE 0 β 2 r02
r ( t ) ~ 0 r0 + cos ωt +
cos 2ωt (85)
ω2 ω 2 m 8ω 2
Esta solução, embora esteja bastante longe de ser a solução real da equação
acima, revela um fato bastante importante que a presença do termo não linear faz com
que o sistema responda com freqüências múltiplas da freqüência de excitação. No caso
acima, o termo em cos2ωt correspondem à chamada geração de segundo harmônico
que, como vemos, deverá ser bastante pequeno já que β é pequeno.
Embora a solução anterior não seja muito adequada, ela nos fornece
conhecimento necessário para propor como solução da equação inicial como algo do tipo:
∞
r (t ) = ∑ An cos(nωt ) (86)
n =0
25
1 1
cos2 ωt = cos 2ωt +
2 2
1 1
cos ωt cos 2ωt = cos ωt + cos 3ωt (89)
2 2
1 1
cos2 2ωt = cos 4ωt +
2 2
eE 0
− A 1ω 2 + A 1ω 20 + A 1A 2 + 2A 1A 0β 2 = −
m
β 2 A 12
−4ω 2 A 2 + ω 02 A 2 + + 2 A 2 A 0β 2 = 0 (90)
2
− eE 0 / m
A1 ≅ (91)
ω 20 − ω 2
(
A 2 ω 02 − 4ω 4 =) −β 2 e 2 E 20 / m 2
(92)
2 ( ω 20 −ω )
2 2
β 2 e 2 E 02 / m 2
A2 = −
( ) (ω )
(93)
2 ω 02 − ω 2 − 4ω 4
2
0
r
r r e 2 E0 / m β 2 e 2 E0 E0 / m 2
p = −er = 2 ω + cos 2ωt
( )( )
cos t (94)
ω0 − ω 2 2 ω 02 − ω 2 ω 02 − 4ω 2
r r
P = Np (95)
Ne 2 E 0 / m Ne 2 E 02 / m 2
P= cos ω t + cos 2ωt
( )( )
(96)
ω 02 − ω 2 2 ω 02 − ω ω 02 − 4ω 2
2
ω0
A nova divergência que aparece agora corresponde a ω = . Neste ponto, a
2
ω0
radiação incidente na freqüência ω = emergirá do sistema com freqüência 2ω=ω0,
2
caracterizando a chamada geração de segundo harmônico.
É claro que não introduzimos no nosso cálculo termos dissipativos, mas isto poderia ser
feito sem grandes dificuldades da mesma forma que foi feito anteriormente.
Os efeitos não lineares em meios ópticos são extremamente importantes para
dispositivos opto-eletrônicos e para geração de luz visível a partir de luz infra-vermelho.
Num curso moderno de óptica este processo será necessariamente abordado com
profundidade.
elétron do átomo uma velocidade r& . Como o campo magnético pode agir sobre esta
carga animada de velocidade, isto resulta numa força.
28
r e r
F = − r&xB (97)
c
r e
F = − &rBz$ (98)
c
e desta forma, a força que a radiação exerce sobre o sistema atômico é na direção de
propagação da mesma.
Fig. 11 – Esquema da força produzida sobre o átomo durante interação com radiação
r r r
mr + mζ r& + mω 02 r = −eE 0 cos ωt (99)
eE0ω 1
r& = + sen(ωt + φ )
[( )
m ω 2 − ω 2 2 + ζ 2ω 2
0 ]
1/ 2 (100)
B = E 0 cosωt
r eE02ω sen(ωt + φ )
F =− cos ωtˆz
[(
mc ω 2 − ω 2 2 + ζ 2ω 2
0 ) ] 1/ 2 (101)
e ao tomarmos o valor médio temporal o termo em < senωtcosωt > = 0, restando apenas
1
cos2 ωt = (103)
2
de modo que
r e 2 E 20 ω senφ
F =− z$ (104)
( )
2 mc 1/ 2
2 2 2 2 2
ω − ω0 + ζ ω
−ζω
senφ = (105)
( )
1/ 2
2 2 2 2 2
ω − ω0 + ζ ω
obtemos que a força média exercida pela radiação sobre o sistema atômico como sendo
30
r e 2 E 20 ω 2 ζ 1
F = z$ (106)
(ω )
2 mc 2 2
− ω 20 2
+ζ ω 2
(apsfi305.doc)
Universidade de São Paulo
Instituto de Física de São Carlos
Departamento de Física e Ciência dos Materiais
CAPÍTULO V
Autores:
Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato
Prof. Dr. Luís Gustavo Marcassa
São Carlos
Agosto de 1999
2
Capítulo V
1 – Introdução:
mesmo abaixo desta, de modo que não é notado pelos órgãos visuais humanos.A fim de
criarmos um sistema físico que nos permita observar somente sua radiação emitida,
vamos imaginar uma caixa oca cujas paredes estão mantidas a uma determinada
temperatura constante, de modo que a radiação existente no seu interior está em
equilíbrio com as paredes. Assim, podemos associar a esta radiação a mesma
temperatura T das paredes. Esta cavidade é um sistema termodinâmico que não
depende dos processos químicos e físicos que ocorrem nas paredes, mas
essencialmente do equilíbrio.
Da forma apresentada este é um sistema isolado, ficando difícil seu estudo já que
energia não está sendo trocada com o meio não permitindo observação direta. A fim de
tornar acessível a observação da radiação na cavidade, façamos um pequeno buraco
nesta cavidade, pequeno o bastante para que não perturbe a situação de equilíbrio, mas
permitindo que uma pequena parte da radiação deixe a cavidade criando a possibilidade
de observação. Quando parte da radiação externa penetra na cavidade, esta é totalmente
absorvida pelas paredes da cavidade, não havendo reflexão nenhuma. Se olharmos para
a abertura na cavidade, somente observamos a emissão de radiação. Nenhuma reflexão
da radiação externa é observada. A esta radiação denominamos de radiação de corpo
negro, caracterizando um corpo que é perfeitamente absorvedor, só emitindo sua
radiação característica. É importante notar que toda radiação incidente será transformada
em radiação de corpo negro, pois será envolvida no processo de equilíbrio do sistema.
A radiação de corpo negro tem propriedades bastante interessantes e seu estudo
foi um dos responsáveis pelo aparecimento da mecânica quântica e da chamada
estatística quântica.
Antes de iniciarmos o estudo das propriedades da radiação do corpo negro, é
necessário alguns conceitos já vistos anteriormente. A radiação eletromagnética contém
quantidade de movimento e energia. Anteriormente, vimos que a densidade de energia
contida na radiação devido aos seus campos elétricos (E) e magnéticos (B) é dada por
u = 1/8 π (E2 + B2).
No caso que tratamos, tínhamos somente campos monocromáticos. No caso mais
geral definimos u (ν,T) como sendo a densidade de energia por unidade de frequência,
ou seja, u (ν, T) dν é a densidade de energia da radiação com frequência entre ν e ν +
dν. Se quisermos saber a densidade de energia total, deveremos somar sobre todas as
possíveis frequências. Note que já colocamos a dependência da temperatura em u pois
estamos tratando da radiação que está em equilíbrio térmico com as paredes da
4
∞
u (T ) = ∫ u (v, T )dv
0
[u ] = energia
cm 3
.seg
e [u ] = energia
cm 3
u A (ν , T ) = u B (ν , T )
negro), não depende da constituição das cavidades, sendo uma função universal de ν e
T. Consequentemente, a densidade total de energia µ é uma função universal da
temperatura.
Vamos agora analisar com mais detalhes a radiação proveniente de um corpo
negro. Imaginando uma cavidade da qual a radiação provém e denotando por K a
quantidade de energia que emana do corpo por unidade de área e tempo (fluxo),
obtemos facilmente que temos que:
c
φ = u (T )
4π
ou seja, o fluxo de energia emitido pelo corpo negro é também uma função universal da
temperatura do corpo (da mesma forma que a densidade de radiação).
Do fato que a radiação carrega momentos (como visto anteriormente no capítulo
IV), significa que ao ser absorvida ou refletida por uma superfície haverá atuação de uma
força que normalmente é referida, como sendo a pressão da radiação a qual passaremos
agora a explicar.
Consideremos um feixe de radiação incidindo sobre uma superfície segundo um
determinado ângulo θ com a normal à superfície.
∆p p−p
F = − =
∆t ∆t
6
onde o sinal ( - ) foi introduzido porque estamos tratando da força sobre a superfície. O
tempo para transferência deste momentum (t) é o mesmo gasto para todo volume V
considerado chegar à superfície. Se a base do cilindro considerado tem que percorrer d
para atingir a superfície, c∆t = d. O volume ∆ V que contém a radiação em questão é ∆V
= Ad cos θ. Assim,
∆V = Ac∆t cosθ
u∆V u' ∆V
p = n e p' = n'
c c
ou seja
(
F = A cos θ u n − u' n' )
F = Fx = 2 A cos 2 θu
P = 2cos2θu
7
dΩ
dP = 2 cos 2 θu
4π
e a pressão teta’
u (T )
π/ 2 2π
p = 2 ∫ cos θdθ ∫ dγ
2
4π 0 0
u (T ) 1
= 2 .2 π
4π 3
ou seja,
u (T )
p =
3
volume V pode ser mudado através do movimento do pistão. Vamos tratar este sistema
termodinâmicamente. A energia total contida no sistema será:
U = Vu(T)
u( T )
dW = PdV = dV
3
dU + dW
dS =
T
du
dU = udV + V dT
dT
u( T )
dW = dV
3
ν du 4 u
dS = + dV
T dT 3T
∂f ∂f
df = dx + dy
∂ ∂y
∂2f ∂2f
=
∂y∂x ∂x∂y
1 du 4 d u
=
T dT 3 dT T
1 du 4 du 4 u
= −
T dT 3 TdT 3 T 2
1 du u du dT
= 4 2 ⇒ = 4
T dT T u T
u(T) = aT4
sendo a uma constante, esta expressão mostra que a densidade de energia na radiação
de corpo negro depende com a quarta potência da temperatura.
Assim, a quantidade de energia que é emitida pelo corpo negro preenchido com
radiação de corpo negro à temperatura T.
Por unidade de tempo e área, temos a forma:
c
φ = u( T )
4π
c 4
φ = T (energia emitida/área tempo)
4π
10
ca
A constante ≡ σ chamada de constante de Stefan-Boltzmann para a radiação de um
4π
corpo negro, e este resultado:
Φ = σT4
[u (ν ,T )] = e' l [u (ν ,T )] = e' l
3 3
u v T c K
et t-1 θ lt-1 eθ-1
l3
Importante para nós são estas conco grandezas, já que tratando de radiação é
importante ν e c, e como estamos trabalhando com energia e temperatura, também são
importantes T e K.
Vamos tentar achar um produto entre estas grandezas de modo a termos uma
quantidade dimensional. Denominemos este número admensional por Π temos:
() a
Π = u ν bT d c f K g
onde permitiremos aos exponentes serem positivos ou negativos. Do fato que estamos
querendo determinar u como função das demais, vamos estabelecer que a = 1. Isto é
necessário porque temos 5 epoentes a determinar e somente 4 unidades independentes.
Escrevendo as grandezas em termos das unidades temos (com a = 1):
1+g=0 g = -1
1-b-f=0 d = -1
-3 + f = 0 f=3
d-g=0 b = -2
de modo que
uc 3
Π =
v 2 KT
v 2 KT
u (v , T ) = Π
c3
Esta expressão foi determinada em 1900 por Lord Rayleigh através da utilização de um
tratamento estatístico, obtendo ∏ = 8π (com π = 3.1416......). Após alguns anos ela foi
também determinada por J. H. Jeans e, portanto, é conhecida como fórmula de
Rayleigh-Jeans para a radiação do corpo negro.
ν 2 KT
u (ν, T ) = 8 π
c3
λx nX λ X L
nx = L ou =
2 2π π
kxL = nxπ
kyL = nyπ
kzL = nzπ
nx,y,z = 1, 2, 3, ....
Qualquer conjunto de inteiros (nx, ny, nz) apresenta um modo da cavidade, como:
k = k x x̂ + k y ŷ + k z ẑ
k= (n 2
x )
+ ny2 + nz2 π / L
2π c
Como k = e λ = , temos
λ ν
ν= (n 2
x + ny2 + nz2 ) 2cL
Para cada conjunto (nx, ny, nz), temos desta relação a freqüência do modo.
Se apresentarmos todos os possíveis modos num gráfico nx, ny, nz, termos uma
rede de ponto cúbico espaçados da unidade, preenchendo todo o octante positivo dos
eixos. Se, então, perguntarmos quais são os vários modos para uma determinada
freqüência ν,
2
2L 2
n +n +n
2
x
2
y
2
z = ν
c
14
basta verificarmos todos os pontos que encontram-se sobre uma esfera de raio
2L
R = ν.
c
Se perguntarmos quantos modos existem dentro do intervalo de frequência ν e ν +
dν, a resposta seria óbvia: todos aqueles que no gráfico anterior estão dentro de uma
casca esférica de raio R e espessura dR, onde:
2L
R = .ν
c
e
2L
dR = dν
c
1 L3
dN = 4 πR 2 dR = 4 π 3 ν 2 dν
8 c
Se agora lembrarmos que cada modo pode ter duas polarizações independentes
(que corresponde a dois graus de liberdade por modo), pelo princípio da equipartivação
1
de energia, podemos associar a cada grau de liberdade da cavidade kT e, portanto,
2
1
2x kT = kT por modo (cada modo representa um grau de liberdade que pode contar
2
energia de cavidade).
Assim, a energia total contida na cavidade será:
L3 2
du = 2 xdNxkT = 2 .4 π ν d ν .kT
c3
du 8 πν 2 kT
u (ν, T ) = =
L3 dν c3
15
Cada modo está levando kT devido a energia do campo ter a forma (E2 + B2)
1
apresentando dois termos quadráticos cada um levando kT .
2
É razoável que esta lei corresponda à realidade para baixas frequências, pois
neste limite a seletividade dos modos é esperada de ser predominante.
É evidente que a relação de Rayleigh-Jeans fornece valores absurdos para u
quando altos valores na frequência são considerados, pois sabemos da prática, ao
observarmos um cargo aquecido que não temos indefinidamente mais energia quando
olhamos para maiores frequências da radiação emitida. Pelo contrário, normalmente as
componentes de radiação de mais alta frequência estão ausentes. Podemos atestar este
absurdo ainda de outra forma, dizendo que:
∞
u = ∫ u (ν , T )dν → ∞
0
ν 2 kT
u (ν, T ) =
c 3
(
f αν T n )
a função f foi introduzida para sanar os problemas com a lei de Rayleigh-Jeans. Não
sabemos ainda qual o valor de n, mas este exponente deverá ser escolhido de tal forma a
satisfazer as leis já conhecidas para a radiação do corpo negro. Calculando a densidade
total de energia no corpo negro.
∞ ∞
∫ ν f (αυT )dν
KT
u = ∫ udν = 3 2 n
0 c 0
∞
kT 1 − 3 n
u = ∫ f (x )x
2
dx
α3c 3 0
Assim, temos
ν2 KT αν
u (ν, T ) = f
c3 T
h
Normalmente escrevemos k α = h, de modo que α = ,
K
ν 2 KT hν
u (ν, T ) = f
c3 KT
ν 2 KT
ou seja, a densidade u (ν , T ) é o produto de por uma função universal f que
c3
hν
depende da quantidade . Este resultado é conhecido como Lei de Wein. Esta lei
KT
foi bastante importante porque reduziu uma função desconhecida de duas variáveis numa
17
ν 2 KT
u = f (x )
c3
A fim de determinar a forma explícita da função f(x) Wien imaginou que dentro da
cavidade a radiação era semelhante a proveniente de moléculas de um gás aquecido
emitindo radiação. Portanto, a frequência da radiação poderia ser vista como
dependendo intrinsecamente da velocidade das moléculas.
Considerando uma distribuição de Maxwell-Boltzmann para as moléculas do
suposto gás emissor de radiação, podemos associar a energia das partículas com a
frequência emitida, de modo que a quantidade de partículas emitindo ν é proporcional a ν
exp (-νh/KT) e como a energia emitida por cada uma deve ser proporcional a ν, temos:
u (ν, T ) = (const )ν 2 νe − bν / T
2 νKT ν 2 KT h
3
f ( x ) + 3
f ' (x ) = 0
c c KT
ν max α
A existência deste x max = revela que, pelo menos qualitativamente, quando
T
temos aumento em temperatura, o máximo (ou pico) da emissão de radiação desloca-se
para maiores valores de frequência, como esperado e este deslocamento ocorre de
forma proporcional. Este resultado é conhecido como “Lei do Deslocamento de Wien”,
estabelecendo que a relação entre as posições das máximas de emissão do corpo negro,
ν (max
1)
ν( 2 )
= max quando são consideradas duas temperaturas diferentes. A comprovação
T1 T2
experimental da lei do deslocamento de Wien é uma importante constatação de que a
proposta de wien com relação a dependência de u (ν, T) com a função universal f(x) é
verdadeira.
Até este momento o problema permanecia em aberto, estando bastante afastada
uma teoria que reproduzia bem os resultados medidos.
A conecção para os resultados a baixas frequências (Rayleigh-Jeans) e altas
frequências (Wien) foi feita pelo físico Planck. Enquanto Rayleigh-Jeans considerou
apenas a radiação confinada num volume, Planck procurou imaginar uma situação
diferente. A radiação não é mais considerada isolada mas em equilíbrio com osciladores
capazes de tomar e dar energia ao campo. Planck imaginou que a energia armazenada
na radiação eletromagnética poderia ser descrita como a energia armazenada em
osciladores harmônicos carregados em contato com radiação.
Assim, para Planck, o sistema que constitui o corpo negro pode ser descrito por
uma série de osciladores em equilíbrio com radiação. Cada oscilador tem sua frequência
19
natural ω0 e um termo dissipativo que torna possível a troca constante de energia entre
osciladores e campo no interior da cavidade dando a radiação as caracterísitcas
necessárias.
Se o campo de radiação tem um valor Ex, a equação de movimento do oscilador
torna-se (onde estamos considerando a carga do oscilador como e e a componente x do
campo elétrico da radiação):
(
m x&& + ξx& + ω02 x = eE x )
2 e 2 ω2
ξ =
3 c3 m
x = x 0 sen (ωt + δ )
onde a amplitude
eE 0x / m
xo =
[(ω 2
− ω02 )
2
+ ξ 2 ω2 ]
1/ 2
Vamos calcular a energia do oscilador que podemos imaginar como sendo a energia
interna deste sistema. Neste caso ela está dividida entre cinética e potencial.
1 m e 2 E ox 2 / m 2 ω2
cinética → mx& = cos 2 (ωt + δ )
2 2
(
2 ω − ω0 + ξ ω
2 2 2 2
)
20
1 m e 2 E ox 2 / m 2 ω02
potencial → mω02 x 2 = sen 2 (ωt + δ )
2 2 ω − ω0 + ξω
2 2
(2 2
)
de onde tiramos uma energia média para o sistema quando campo na frequência ω é
considerado, e tirando média temporal
1 1
U =< mω02 x 2 + mx& 2 >
2 2
resultando em
1 m e 2E0x ω 2 + ω 02
Uω =
2 2
(
2 2 m ω 2 − ω 02 + ξ 2ω 2 )
modo que:
∞
U = ∫ 0
U ω dω
e2 ∞
E ox (ω)
(ω
+ ω02
2
)
U = ∫ dω
2
4m 0 ( )
ω2 − ω02 + ξ 2 ω2
A fim de simplificarmos esta integral, vamos considerar que E 0x (ω) varia bastante
lentamente com ω, de modo que a maior contribuição vem do termo E 0x (ω0 ) . Também
ω2 + ω02 ≈ 2 ω02
4 e 4 ω4 2
ξ 2 ω2 = 6
9 c m 2
ω ≈
4 e4 1 6
6
9 c m 2
2
ω0 = 4 aω02 ω02 ( )
(ω 2
0 − ω2 ) 2
≅ 4 ω02 (ω − ω0 )
2
e2
com a =
3 mc 3
e2 x 2 dω
Eo (ω 0 )
1
U=
4m (ω − ω 0 )2 + aω02 ( )2
2
e a integral,
e 2 E ox (ω0 ) 1
2
00 dω
U =
4m
.
2 ∫ (ω − ω )
0 2
(
+ aω02 )2
0
1 00 dω 1 ∞ dθ
I =
2 ∫ (ω − ω )
0 2
(
+ aω 2
)
=
2 aω02 ∫−
1
aω0 θ +1
2
0 0
ω − ω0
com θ = 2
e como temos aω02 << 1 , o limite inferior da integral pode tornar-se -∞
aω0
1 π
I = Tan −1 θ / −∞∞ =
2 aω 0
2
2 aω02
πe 2
U =
8 maω0 2
2
E 0x ω0 ( )
22
u=
1 1
2 8π
(
E02 + B02 =
8π
)
1 2
E0
e, como 3 E 0x = E 02
2
3 2x 8π
u (ωT0 ) = E 0 → E 02 x = u (ω0 )
8π 3
e2 π2 c 3
e, usando a = , obtemos U = u (ω0 )
3 mc 3 ω02
π2 c 3
U = u (ω)
ω2
u(ν )
u (ω )dω = u (ν )dν → u (ω ) =
2π
ou seja,
π 2 c 3 u( ν )
U =
4 π2 ν 2 2 π
c3
U= u (ν )
8πν 2
dU
dS =
T
ν
αKA 3 − α T
u (ν, T ) = ν e
c3
c 3 αKA 3 − αυ / T αK
U = ν e = νAe − αυ / T
8 πν c
2 3
8
1 1 U
= − Ln
T αν α kν A
8
1 dS
Como = , podemos tomar uma nova derivada com respeito à U obtendo a
T dU
grandeza característica
d 2S
dU 2
24
d 2S
este é o valor de quando assumimos relação de Wien.
dU 2
Vamos agora assumir como verdadeira a relação de Rayleigh-Jeans para u( ν , T ) .
Neste caso,
8 πνkT
u (ν , T ) =
c3
1 K dS d 2S K
e com isto, = = ou seja 2
= − 2 o sistema oscilador-radiação que é
T U dU dU U
relação entropia-energia quando Rayleigh-Jeans é verdadeiro.
Como sabemos dos resultados experimentais, Wien concorda para altas
frequências enquanto Raylegh-Jeans concorda para baixas frequências. Desta forma,
Planck assumiu que ambas devem ser verdadeiras em seus respectivos limites, tornando
assim:
d 2S 1
= −
dU 2
αν U + U 2 / K
Note que esta foi uma suposição feita por Planck que poderia não ter funcionado.
d 2S
A equação pode ser integrada com a radiação que quando U → ∞, devem
dU 2
dS dS 1
necessariamente ter T → ∞, portanto, → 0 já que = . Com isto,
dU dU T
dS 1 U / ανκ
= ln
dU αν 1 + U / ανκ
e como
dS 1
=
dU T
U / ανκ αν
ln =−
1 + U / ανκ T
25
hν
U = hν / kT
e −1
8 πν 2 hν
µ(ν, T ) = hν / kT
3
c e −1
que é a lei de Planck para a radiação, estabelecendo uma expressão completa válida
para todo intervalo espectral.
Os limites para baixo ν, leva à lei de Rayleigh-Jeans enquanto o limite para alta υ,
leva à lei de Wien.
É importante observar que o que Planck fez foi tratar a radiação contida na
cavidade como sendo um sistema constituído de osciladores em equilíbrio com radiação
e tratar este sistema termodinamicamente.
A fórmula obtida por Planck inicialmente tratava-se de uma adivinhação sem
nenhuma forte justificativa teórica. Alguns meses mais tarde, Planck deduziu sua relação
baseada numa hipótese mais fundamentada. Sua nova demonstração baseia-se no fato
que a energia de um oscilador não é uma grandeza contínua mas tem apenas valores
discretos múltiplos de uma quantidade elementar denominada do quantum de energia.
Assim, nesta hipótese, a energia do campo de radiação não pode assumir
qualquer valor mas sim, múltiplos inteiros de um valor ε0
U = nε 0 n = 0, 1, 2, 3.........
∞ −U / kT
U=
∫ U 0
e dU
∞
−U / kT
∫ e0
dU
26
U=
∑ nε en =0 0
− nε 0 / kT
∞
∑η e ηε =0
− 0 / kT
d ∞ − nε 0 β
U =− ∑ e
dβ n =0
1
Esta soma é uma progressão geométrica de valor
1 − e − βε 0
Assim
ε0 e −βε 0 ε
U = − βε 0
= ε 0 / kT0
1−e e −1
c3 8π ε
que usada em U = µ(υ, T ) , leva a µ(υ, T ) = 3 υ2 ε 0 / kT0
8 πυ2
c e −1
Para que esta expressão concorde com Rayleigh-Jeans e Wien nos apropriados limites,
temos que ter
ε0 = hν, ou seja
8 πh υ3
µ(υ, T ) = 3 hυ / kT
c e −1
1
P (ε ) = ε / kt
e −1
1
N (ε ) = ε / kt
e −1
hυ
U = 3N0 ε / kT
e −1
hν e hν / kT
2
dU
Cv = = 3N0k
dT kT e hν / kT − 1
2
( )
e hν / kT ≅ 1 + hν / kT
hν
2
1
Inicialmente, para altas temperaturas Cv = 3N0k ≅ 3N0k
kT hν
2
kT
28
2
hυ − hυ / kT
Cν = 3 N 0 k e
kT
Kmax = eVo
ou seja, o potencial elétrico é igual à energia cinética na situação onde a corrente vai a
zero.
Observa-se que Vo (ou Kmax) independe da intensidade da luz incidente.
Se medirmos o potencial Vo para diferentes frequências da luz incidente,
observamos que abaixo de determinada frequência denominada de frequência de corte
νo, não há mais produção de fotoelétrons. Observa-se que νo é característico do metal
que constitui a superfície (para sódio, νo = 4,39 10 14Hz).
31
E = hν
Para explicar o efeito fotoelétrico, Einstein assumiu que neste processo um fóton
absorvido pela superfície libera um elétron de modo que a energia cinética do elétron
ejetado é:
K = hν - w
Kmax = hν-wo
hν wo
V0 = −
e e
E 2 = p 2 c 2 + m02 c 4
de modo que para partículas (fótons) com energia E = hν, temos associado a elas
momentum segundo a relação h 2 ν 2 = c 2 p 2 , já que a massa de repouso mo dos fótons é
hν h
nula. Assim, p = = é o momentum carregado pelos fótons.
c λ
Vamos assumir que a colisão do raio-x com o alvo deve-se essencialmente a
interação com os elétrons, já que os resultados medidos mostraram-se independentes do
35
material do alvo.
Assim, considerando a colisão de um fóton com um elétron estacionário como
mostrado anteriormente, apliquemos as conhecidas leis de conservação de energia e
momentum.
Da conservação de momentum, usando os parâmetros mostrados acima,
hν 0 hν '
= cos θ + p cos ϕ (direção X)
c c
hν '
sen θ = p sen ϕ (direção Y)
c
hνo hν '
2
− cos θ = p 2 cos2 ϕ
c c
hν '
2
sen θ = p sen ϕ
2 2 2
c
2 2
hν o hv' hνo hv'
+ −2 cos θ = p 2
c c c c
hv hν'
hνo + moc2 = hν’ + K + moc2, ou seja, hνo − hν' = K ⇒ c 0 − = K
c c
K 2 / c 2 + 2Km0 = p2
36
2 2
hν 0 hν hν' hν 0 2 hν 0 hν'
2
hv' hν'
− + 2 moc 0 − = + − cos θ
c c c c c c c c
ou seja,
hν hν' hν 0 hν'
m0 c 0 − = (1 − cos θ)
c c c c
hν 0 hν' c c 1
a : − = (− 1 − cos θ)
c c hν' hν 0 m0 c
e multiplicando por h
h
∆λ = λ' ' −λo = (1 − cos θ)
m0 c
porque, afinal, o que estava acontecendo era que, durante o impacto na matéria, o
elétron veloz é altamente desacelerado, emitindo radiação. A radiação produzida nestas
circunstâncias é denominada de "Bremsstrahlumg" (do alemão).
Um esquema para produção de Raio-x é mostrado na figura abaixo.
Um cátodo aquecido gera elétrons que são acelerados contra um alvo metálico
mantido com o ânodo. A ampola que constitui esta fonte de raio-x está sob vácuo para
impedir que os elétrons sejam espalhados antes de atingirem o alvo. Ao atingirem o alvo,
estes elétrons rápidos são trazidos ao repouso e, neste processo de desaceleração, é
produzido radiação: o raio-x.
Utilizando-se dois alvos distintos temos os resultados mostrados a seguir:
No processo que estamos descrevendo temos energia cinética dos elétrons, sendo
transformados em radiação, de modo que, para uma determinada voltagem V, temos um
comprimento de onda mínimo, dado por:
hc
hν max = = eV ,
λmin
de onde tiramos:
1,24 x10 −6
λmin = (em metros)
V (emvolts )
Assim 35,0 kv, temos λmin = 1,2410-6 / 0,35104 = 3,5010m-10 = 0,35A que
concorda com os resultados mostrados no gráfico anterior.
P = h/λ
nλ = 2d senϕ
h 6.610 −34
λ= = − 24
j − sec = 1,65 A0
P 410 ...m / seg
CAPÍTULO VI
COMPORTAMENTO ONDULATÓRIO PARA
PARTÍCULAS E O PRINCÍPIO DE INCERTEZA DE
HEISENBERG
In classical physics science started from the belief – or should we say illusion? – that we
could describe the world or at least parts of the world without any reference to ourselves.
This is actually possible to a large extent. We know that the city of London exists whether
we see it or not. It may be said that classical physics is just that idealization in which we
can speak about parts of the world without any reference to ourselves.
Werner Heisenberg
3
Capítulo VI
E = hυ
h
p=
λ
nλ = 2d senϕ
(no esquema do experimento 180 - θ = 2ϕ)
É importante salientar que quando dizemos que elétrons sofrem interferência, não
queremos dizer que ondas associadas com um elétron interfere com onda associada com
outro elétron, mas sim estamos nos referindo à interferência entre partes diferentes da
onda associada com o mesmo elétron. Assim, mesmo que tivéssemos trabalhando com
um feixe eletrônico de intensidade bastante baixa, de modo que somente um elétron de
7
cada vez colidisse com o cristal, observaríamos o mesmo padrão de interferência,
quando o experimento fosse repetido um grande número de vezes.
No caso do cristal usado por Davisson e Germer, d~0,9Å (determinado por técnicos
de raio X) de modo que λ = 2d sen ϕ = 2 x 0,91 sen 65o, ou seja λ = 1,65Å. Se
calcularmos λ usando relação de De Broglie, para elétron com energia de 54 eV,
x
ψ ( x ,t ) = A sen 2π − νt
λ
Desta forma, quando ψ2 tem um valor elevado, significa que é grande a
probabilidade de encontrarmos a partícula naquela localidade no instante de tempo
considerado. Desde que ψ2 não seja nulo há chance de que a partícula seja
encontrada num determinado ponto quando uma medida é realizada.
A interpretação probabilística da função de onda devemos a Max Born em 1926. O
problema todo em mecânica ondulatória corresponde à determinação da função de onda
ψ, pois a partir dela todas as propriedades físicas do sistema podem ser determinadas
através de operações matemáticas envolvendo esta função.
Uma pergunta que de imediato vem a nossa mente é: “Com qual velocidade a onda
de De Broglie deve propagar-se?” A resposta é óbvia: “Ela deve propagar-se com a
9
velocidade da partícula já que ela representa esta entidade movendo-se com v”. Assim,
vamos considerar a freqüência através da relação E=mc2=hv2 e o comprimento de onda
h
λ= e determinarmos a velocidade de onda por
mv
h E mc 2
v DB = νλ = . =
µv h mv
c2
v DB =
v
o que mostra que como v nunca é superior a c, vDB (velocidade da onda) e a velocidade
da partícula v nunca será igual. Isto leva a uma contradição do que dissemos como sendo
óbvio acima. Afim de esclarecermos este ponto, devemos introduzir o conceito de
velocidade de fase e velocidade de grupo.
Antes, porém, vamos salientar que a onda plana ψ que associamos a onda de De
Broglie está toda espalhada ocupando todo espaço considerado. Sendo esta associada à
probabilidade de encontrarmos a partícula, vemos que esta está espalhada em todo
espaço.
Esperávamos um considerável aumento da probabilidade na posição clássica
ocupada pela partícula.
Vamos começar nossa discussão considerando uma onda de amplitude A,
freqüência ν e comprimento de onda x. A função que descreve esta onda é
x
y = A cos 2π νt −
λ
y = A cos(ωt – kx)
2π
onde definimos a freqüência angular ω = 2πν e o número de onda k = .
λ
Pelos dois argumentos que descrevemos acima, é claro que a onda plana acima
não deve ser uma boa representação para uma partícula movendo-se com velocidade v.
Ao invés disto, nos parece razoável se a partícula for descrita por um pacote de onda
mais localizado ao redor de sua posição clássica.
10
Neste caso, os dois pontos acima são esclarecidos, já que a maior concentração
da probabilidade ocorre ao redor do centro do pacote, representando mais ou menos a
região na qual a partícula está localizada além do fato que o que é importante agora é a
velocidade com que o pacote se desloca ao invés da velocidade da onda em si.
Este pacote de onda que aparentemente representa bem uma partícula
preservando as características ondulatórias pode ser formado pela adição de ondas
planas com amplitudes e freqüências levemente variadas. Vamos considerar a interação
de duas ondas planas, cujas freqüências diferem levemente. A interferência de uma onda
com a outra, resulta numa onda cuja amplitude varia, fato este que define o pacote de
onda.
2ω + dω 2k + dk dωt dkx
y = y1 + y 2 = 2 A cos t − x cos −
2 2 2 2
a + b a − b
onde usamos a identidade cos a + cos b = 2 cos cos . Do fato que dω e
2 2
dk são pequenos, comparados com ω e k,
2ω + d ω ≈ 2 ω
2k + dk ≈ 2k
e temos, então:
dω dk
y = 2A cos (ωt – kx) cos t− x
2 2
que representa uma onda de frequência ω e número de onda k, cuja amplitude está
dω dk
modulada por uma frequência e número de onda . O efeito desta modulação é o
2 2
de produzir sucessivos pacotes de onda, como mostrado na figura anterior. A velocidade
das ondas é a convencional,
ω
vp =
k
dω
vg =
dk
c2
Vp =
v
dω dω / dv
vg = =
dk dk / dv
h h m0
Como E = hυ , definindo h = E = hω = ω = hυ = mc 2 = c2
2π 2π v2
1−
c2
tiramos que:
2π m0
ω (v ) = c2
h v 2
1−
c2
dω 2π vm 0
∴ = 3/2
dv v2
h1 − 2
c
2π 2π 2πmv
Da mesma forma k = = =
λ h h
mv
m0
e como m =
v2
1−
c2
2π m0 v
k( v ) =
h v2
1−
c2
13
de modo que
dk 2π m0 2πm0 v 2 1
= + 2 3 2
dv h v2 h c v2
1− 2 1 − 2
c c
2 2
1 − v + v
2πm0 c 2 c 2 2π m0
= =
h v 2 3 2 h v2 2
3
1 − 2 1 − 2
c c
vg = v
∆ωt − ∆kx
Ψ = Ψ1 + Ψ2 = 2 A cos (ωt – kx) cos
2
2π 2π 2π
λm = = ⇒ ∆x =
km 1 ∆k
∆k
2
15
Como as ondas que formam este grupo apresentam vetor de onda entre k e k +
∆k, estaremos incertos com respeito ao valor de k da onda final por uma quantidade no
mínimo de ∆k. Assim vamos supor, com razão, que a incerteza no número de onda é ∆k.
2π 2π
Desta forma, como k = =
λ h
p
2π
⇒k = p , de modo que
h
2π
∆k = ∆p
h
2π 2π
∆x = ≅ ,
∆k 2π ∆p
h
∆x.∆p ≅ h
∆x . ∆p ≥ h
(x )
2 2
momentum através das chamadas variâncias ∆x = − x encontraríamos:
h
∆x.∆p ≥
2
com um fator extra de 2π que é uma relação mais formal e precisa do princípio da
incerteza.
h
h =
2π
∆E.∆t ≥ h
h
∆E.∆t ≥
2π
λ
∆x =
sen ϕ
2 hν
∆p x = sen ϕ
c
2 hν λ
∆p x .∆x ≈ . sen ϕ = 2h
c sen ϕ
∆p.∆x ≥ h
p∆p m∆x
. ≥h
m p
p∆p m
Como = ∆E e ∆x = ∆t,
m p
∆E.∆t ≥ h
nunca pode ser nula, pois isto acarretará ∆p = 0 e ∆x = ∞, delocalizando o sistema que
por princípio está localizado.
Consideremos como exemplo a determinação da energia mais baixa do átomo de
hidrogênio. Temos:
p2 Ze2
E= −
2m r
E≅
(∆p )2 −
Ze2
2m ∆r
mas ∆p.∆r ~ h
E≅
(∆p )
2
−
Ze2∆p
2m h
dE
Sendo ∆p o ponto mínimo da energia =0
d ∆p
19
2∆p Ze2 Ze2m
− = 0 ⇒ ∆p = ou
2m h h
Z2e 4m2 e2 Zm 2
E= 2 − Ze
h 2m h2
1 Z2e 4m
E≅−
2 h2
1 Z2e 4m
En = − (n = 1,2,3...)
2 h 2n2
OSCILADOR HARMÔNICO
p2 1
E= + mω2 x 2
2m 2
de modo que:
h h
∆p.∆x ~ → p.x ~ .
2 2
p2 1 2 h
2
E0 = + mω
2m 2 4p2
dE0 m ωh
de modo que = 0 , produz p2 = e, assim:
dp 2
20
1
E0 = hω
2
Em linhas gerais, o estado de mais baixa energia de um sistema físico ligado (que
é o caso de partículas presas em potenciais) é aquele compatível com o princípio de
incerteza.
A existência de uma Energia diferente de zero como mínima para uma partícula
confinada tem importantes conseqüências pata os sistemas físicos.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE FÍSICA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS
ESTRUTURA ATÔMICA
CAPÍTULO VII
ESTRUTURA ATÔMICA
4 e 4
F = πr 3 ρ . 2 = − πeρr
3 r 3
que é linear na posição, demonstrando que tal elétron executa um movimento harmônico
4π
ao longo do diâmetro, com constante de mola eρ . Tomando a esfera como tendo um
3
e
diâmetro D da ordem de 1Å = 10-8 cm, teremos ρ = , de modo que a constante de
4
3 πD 3
4
4π e 8e 2 1
mola é e. π D 3 = 3 que vamos estimar 4 x (1,6 10-19 x 3109)2. que é
3 3 2 D 10 − 24
1 K 1 10 6
v= = ≅ 6.5 x1015 Hz
2π m 2π 9,1110 − 28
c 31010
λ ~ = ≅ 600 Å
v 5,21015
Caso o modelo Thomson fosse verdadeiro, não seriam esperadas deflexões a altos
ângulos. No entanto um número excessivamente grande de partículas
espalhadas a altos ângulos foi observado, propiciando a Rutherford a proposição de um
novo modelo atômico.
O modelo de Rutherford apresenta a estrutura atômica como tendo toda sua carga
positiva (e, portanto, toda sua massa) concentrada na região central denominada de
núcleo, cujas dimensões seriam muito menores do que as dimensões do átomo. Quando
as partículas α passarem muito próximas deste núcleo a repulsão Coulombiana
produzirá um grande desvio das partículas, como observado. Rutherford efetuou um
cálculo bastante detalhado para demonstrar aquilo que propunha em seu modelo, com
base nos resultados do espalhamento das partículas α .
5
dL
F xr = = 0 → L = cte
dt
6
2
A força é sempre radial valendo zZe , e durante o movimento da partícula existe
r2
uma variação do comprimento do raio vetor r e de sua posição, de modo que temos:
Ze 2 d 2r dϕ
2
z = M 2 − r
r2 dt dt
( )
r&& = &r& − rϕ& 2 rˆ + (rϕ&& + 2r&ϕ& )ϕˆ
equação em termos de u.
7
dr dr dϕ dr du dϕ
= . = . .
dt dϕ dt du dϕ dt
ou seja
dr 1 du Lu 2 L d 2u
=− 2 . =−
dt u dϕ M M dϕ
dϕ
pois .Mr 2 = L
dt
e a segunda derivada
d 2r d dr dϕ L d 2 u Lu 2
= . = −
dt 2 dϕ dt dt M dϕ 2 M
d 2 r − L2 u 2 d 2 u
∴ 2 =
dt M 2 dϕ 2
2
L2 u 2 d 2 u M Lu 2
−M − = zZe 2 u 2
dϕ 2 dϕ 2 u M
d 2u zZe 2
+ u =
dϕ 2 Mv 2 b 2
2 zZe 2
D= , (dimensão distância)
Mv 2
de modo que
8
d 2u D
+u = − 2
dϕ 2
2b
u = A1 cos ϕ + A2 senϕ − D
2b 2
D D
− A1 cos ϕ − A2 senϕ + A1 cos ϕ + A2 senϕ − 2
=− 2
2b 2b
0 = A1 − D → A1 = D
2b 2 2b 2
dr
Quando r → 00, ϕ → 0 → = −v
dt
−L
dr
=−
L du
= −v = ( A2 )
dt M dϕ M
Mv 1
⇒ A2 = =
Mvb b
D 1 D
Assim, u = 2
cos ϕ + senϕ − 2 e, portanto, a solução para a trajetória da
2b b 2b
partícula é:
= senϕ + 2 (cos ϕ − 1)
1 1 D
r b 2b
9
zZe 2
A distância D = 1 2
, representa a distância na qual a energia cinética e potencial
2 Mv
2
zZe e D
igualam-se 1 = 1 2
e representa a menor distância que a partícula e o núcleo ficarão
2 mv
quando a colisão for frontal. Neste ponto a partícula reverte sua velocidade e volta para
sua origem.
O ângulo de espalhamento θ pode ser encontrado da equação da trajetória,
tomando-se o ponto ϕ onde r → ∞.
Como neste ponto ϕ + θ = π
D D
senϕ + cos ϕ =
2b 2b
θ 2b
cot ang =
2 D
1 1 π −θ D π −θ
= sen + 2 cos 2 − 1
R b 2 2b
D θ D π −θ
e b= cot an = + an
2 2 2 2
D 1
R= 1+
2 sen θ 2
Vamos considerar uma porção do alvo de área de A/cm2, Ao redor de cada núcleo
atômico nesta área analisaremos o efeito discutido acima. Para cada núcleo estamos
considerando as partículas α colidindo num anel de área 2 π bdb ao redor do núcleo.
Sendo t a espessura da porção considerada, o número de núcleos em A é ρAt , sendo ρ
Seja P(b)db a probabilidade que a partícula α passa por um destes anéis. Como
estamos tomando uma densidade uniforme de partículas incidindo na amostra, temos
que:
P(b )db =
área total anéis
A
Assim,
D
mas utilizando o fato que b = cotan D/2
2
D 1 dθ
db = −
2 sen 2 θ 2 2
e, portanto
D 2 cos θ 2
bdb = − dθ
8 sen 3 θ 2
D 2 senθ
bdb = − dθ
16 sen 4 θ 2
12
−π sin θdθ
e finalmente P(b )db = ρtD 2
8 sin 4 θ 2
N (θ )dθ π sin θ
= ρtD 2 dθ
I 8 sin 4 θ2
com o quadrado da energia cinética das partículas α incidentes. Isto foi testado
experimentalmente mostrando boa concordância.
Uma última observação, e das mais conclusivas, veio da determinação do mundo Z
a partir dos resultados de espalhamento. A concordância de Z medida com o número
atômico do metal utilizado é muito boa.
Tendo seu modelo confirmado pelas observações experimentais, Rutherford
utilizou sua relação para estimar um limite do tamanho do núcleo. Observando as
partículas que espalham a 180°,
zZe 2
R180o = D = 2
Mv 2
dσ
dN = IndΩ
dΩ
N=σIn
N σ
A definição acima é parecida desta última = .
I 1
n
2
zZe 2 1
dN =
2 4 θ
2 Mv sin 2
Ze 2
2 Energia cinética (~ 7.7 Mev)
r0
Utilizando ouro Z = 79
2
( )2
Z 1,610 −19 .91018
7,7.10 6 x1,610 −12
r0
Desta forma vemos que para ouro o raio nuclear é menor do que raio atômico.
Experimentos mais modernos onde partículas α podem ser artificialmente
aceleradas demonstraram que a relação de espalhamento de Rutherford começa a
discordar dos resultados experimentais.
O modelo estabelecido por Rutherford, no qual um núcleo massivo e positivo
apresenta os elétrons ao seu redor, exige que tais elétrons descrevam trajetórias estáveis
ao redor deste núcleo, semelhante ao modelo planetário que temos. Vamos examinar
mais de perto os elétrons ao redor do núcleo num dos átomos mais simples que é o
15
átomo de hidrogênio. Tomando por simplicidade uma trajetória circular, temos para uma
trajetória de raio r
mv 2 e 2
= 2
r r
v= e
mr
1 2 e2
E= mv −
2 r
1 e2 e2
E= −
2 r r
2
e
E=−
2r
1 coul = 3 109 stacoul
Assim, a energia total do elétron é negativa como esperado, já que ele está ligado
ao núcleo. Qualquer energia E ≥ 0 significaria um elétron não ligado ao núcleo. Utilizando-
se dos resultados experimentais conhecidos de que a energia necessária para extrair o
elétron do átomo de hidrogênio é de 13,6 eV,
2r
o
0,53 A
⇒ r ≅ 5,310 −9 cm ~
RaioBohr
Esta análise clássica feita para avaliar o raio da órbita eletrônica, que
evidentemente determina o raio do átomo, está completamente em desacordo com a
16
teoria eletromagnética segundo a qual este elétron acelerado deveria radiar energia na
forma de elétron em movimento circular deveria continuamente perder energia e assim
gradativamente, aproximando-se do núcleo de uma forma espiralhada, como mostrado
abaixo, finalizando com o colapso do átomo.
A radiação dos átomos pode ser obtida através de uma descarga elétrica no gás
constituído pelos átomos em estudo. Durante a descarga ocorre colisões dos elétrons
com os átomos e, nestas colisões, há transferência de energia colocando elétrons dos
átomos em estados mais energéticos. Como estes estados mais energéticos não são
estáveis, os elétrons voltam para seus estados normais e neste processo emitem luz.
Esta luz emitida é uma assinatura dos níveis de energia do átomo e revelam toda
informação da estrutura atômica.
Esta radiação emitida pelos átomos pode ser bloqueada de modo que somente um
fino flash que passa por uma fenda é permitido incidir sobre um prisma (ou rede de
difração). Ao passar por este prisma a luz é dispersada, separando as várias porções de
comprimento de onda diferentes que compõem esta radiação. Desta forma, a placa
colocada para mostrar a luz dispersa também mostra a composição espectral da luz
proveniente dos átomos.
Ao realizarmos o experimento acima notamos que a composição espectral da luz
proveniente dos átomos não é um contínuo (como a emanada de um corpo negro), mas é
composta de somente alguns comprimentos de onda discretos, cada um denominado de
uma linha espectral. Observa-se que cada tipo de átomo apresenta um conjunto de linhas
espectras que o caracterizam totalmente. Isto permite em muitos casos a caracterização
química de elementos desconhecidos, muito importante na determinação de
composições, etc.
Um dos espectros mais simples e, portanto, mais solicitado para estudos é o do
átomo de hidrogênio. Na figura abaixo mostramos este espectro impresso num filme
fotográfico.
18
Uma série de observações interessantes pode ser feita neste espectro ao começar
pelo fato que seu espaçamento diminui ao diminuirmos , e que a série de linhas tem um
limite em 3645,6 Å.
Esta regularidade no espectro do hidrogênio fez com que vários autores
procurassem uma fórmula empírica para descrevê-lo.
Em 1885 Balmer propôs a relação
n2
λ = 3646 2
n −4
1 1 1
que explicava as 3 primeiras. Em 1890 Rydberg propôs que = R H 2 − 2 n = 3,4,5...
λ 2 n
onde RH é a chamada constante de Rydberg.
A observação do espectro atômico foi um dos mais importantes estímulos
experimentais para o início da mecânica quântica. A comunidade científica da época
procurava por um modelo que todos estes resultados experimentais observados e ainda
contivesse em seu corpo a precisão das linhas espectrais observadas.
Em 1913 Niels Bohr desenvolveu um modelo dinâmico que preenchia os requisitos
para explicar o espectro do átomo de hidrogênio, com a vantagem de ser escrito e
desenvolvido de uma forma inteligível e matematicamente simples. O então chamado
modelo atômico de Bohr tem seu desenvolvimento baseado em alguns postulados
básicos. Os postulados são:
L = nh n = 1, 2, 3, ...
nh
L = mvr = nh ⇒ v =
mr
2 2 2
Ze mn h n 2h 2
= ⇒ r =
r2 r m2r 2 mZe 2
ou seja
20
nh Ze 2
v= mZe 2
=
n 2h 2 n 2h 2
1 2 Ze 2 1 Z 2 e 4 Ze 2
E= mv − = m 2 2 − 2 2 mZe 2
2 r 2 n h n h
− mZ 2 e 4
1
E=− 2
h2
n = 1, 2, 3, 4...
2 n
Ei − E f mZ 2 e 4 1 1
v= = − +
h 4πh 3 N i2 N 2f
ou seja
mZ 2 e 4 1 1
vi − f = 2 − 2
4πh 3 N f N i
21
v2 e2 e
m = 2 v=
r r mr
h h mr
λ= =
mv me
22
o
λ = 3,310 −8 cm = 3,3 A
o o
2πr = 2.π .0,53 A = 3,3 A
demonstrando que temos aqui um caso claro onde a região na qual o elétron está
confinado é da ordem do comprimento de onda e, portanto, o tratamento ondulatório é
mais apropriado.
Assim não é nenhuma coincidência que para o estado de mais baixa energia
tenhamos o perímetro igual a λ , pois este é o mínimo que podemos fazer.
De um modo geral podemos ter o perímetro como sendo correspondente a um
número inteiro de λ . Nunca poderemos ter um número fracionário de λ , pois neste caso
levaria a uma rápida aniquilação da onda ao considerarmos algumas voltas.
Desta forma
nλ = 2πrn
e substituindo λ
h nh
n = 2πrn ⇒ mvrn =
mv 2π
após considerarmos várias voltas, teremos um conjunto de órbitas fora de fase que
somam-se interferindo destrutivamente.
Como vimos, através de colisões com elétrons, é possível transferir energia para o
átomo fazendo com que seus elétrons sejam promovidos para estados mais excitados,
emitindo energia ao regressarem aos estados mais estáveis de mais baixa energia.
Colisões não são, no entanto, a única forma de transferir energia ao átomo. A absorção
de luz também é capaz de promover excitações. A luz só será absorvida quando a
energia do fóton ( hν ) for exatamente a energia necessária para promover o elétron do
estado que se encontra para algum estado excitado. Como conseqüência a luz só será
absorvida para alguns comprimentos de onda. Este é o fundamento do chamado espectro
de absorção do átomo.
A observação do espectro atômico, como discutimos anteriormente, não é a única
forma de investigarmos os níveis de energia discretos do átomo. É possível, em alguns
casos, medir o espectro de excitação, através da medida da energia que está sendo
fornecida ao átomo. O experimento realizado em 1914 por Franck e Hertz, demonstrou de
forma nítida a existência dos níveis discretos de energia, bem como introduziram uma
maneira alternativa para medida de níveis de energia (espectro). Franck e Hertz
bombardearam vapores de vários elementos utilizando um dispositivo como abaixo.
24
(Potenciais bastante elevados podem produzir elétrons que excitarão átomos mais do
que uma vez). No entanto potenciais baixos reproduzem com fidelidade a estrutura de
níveis do átomo.
O experimento de Franck-Hertz foi realizado imediatamente após o nascimento da
teoria de Bohr para átomo de hidrogênio e representa uma confirmação independente da
discretização dos níveis de energia.
O grande sucesso da teoria de Bohr, para explicar o átomo de hidrogênio e sua
surpreendente concordância com os resultados experimentais, criou uma grande
expectativa ao redor dos fundamentos envolvidos no modelo. Procurava-se obter
resultados mais gerais que descrevessem também outros sistemas físicos diferentes do
átomo de hidrogênio.
Os primeiros passos no sentido de estabelecer uma nova teoria, válida sempre e
que tornava-se mais evidente no micromundo foi dado por Wilson e Sommerfeld em
25
∫p d
q q = nq h nq = 1, 2, 3...
h = const. Planck
temos:
26
a −a
2 2
2 2
n h h2
2mE = ⇒E=n 2
4a 2 8ma 2
n = 1, 2, 3...
desenhada no espaço das fases e a regra de quantização requer que isto seja um número
inteiro da constante h, ou de outra forma, a área valida ao se passar de uma trajetória
para outra no espaço das fases deve ser um número inteiro de h.
Outro exemplo que podemos tomar é o oscilador harmônico.
p x2 1
E= + mω 2 x 2
2m 2
Fixada a energia do oscilador, temos que as trajetórias no espaço das fases são
elipses.
px 2 x2
+ =1
2mE 2 E mω 2
27
a = 2mE
cujos eixos valem
b = 2 E mω 2
A integral
Assim π 2mE 2 E mω 2 = nh
2 Eπ
= nh ⇒ E = nhω
ω
1
Como já determinamos pelo princípio da incerteza E 0 = hω
2
1
E = n + hω
2
2π
∫ Pdq = ∫ Ldθ = ∫0
Ldo = 2πL = nh
⇒ L = nh
cuja interpretação mais física já discutimos anteriormente mostrando que esta condição
separa as trajetórias cujas ondas de Broglie interferem construtivamente.
Uma das importantes aplicações da regra de quantização W-S é o átomo de
hidrogênio, onde é permitido ao elétron mover-se em trajetórias elípticas. Este é
normalmente designado como modelo de Sommerfeld. Ao observarmos as linhas
espectrais previstas no modelo de Bohr para o hidrogênio, observamos no laboratório que
elas são compostas por outras linhas bastante juntas, ao invés de ser uma única linha.
Observa-se que o espaçamento entre linhas é 10-4 vezes o espaçamento entre linhas
28
∫ Ldθ = n h 0 nθ = 1,2,3,4...
n r = 0,1,2...
∫ p dr = n h
r r
p 2 e2
E= −
2m r
L
mas pθ = , de modo que
r
p r2 L2 e2
E= + −
2m 2mr 2 r
L2
Nos pontos A e A', pr = 0 → r2E + re2 - = 0 de onde tiramos r1 e r2.
2m
r1 − e 2 + e 4 + 4 E L
2
e 2 + e 4 + 2 E L2 m
=
2m
r2 = −
r2 2E 2E
r1 + r2 = − e r1 .r2 = − L
2 2
E 2 mE
29
r2
∫ p .dr = 2∫
r
r1
p r dr = n r h
L2 e2
usando p r = E − + 2m
2mr 2 r 2
=
1
r
[ (
2m Er 2 + e 2 r − L 2 m
2
)]
1
2
dr
2π 2 me 4
E=−
(mr h + nθ h )2
2π 2 me 4 1
E=−
h 2
(nr + nθ )2
− 2π 2 me 4 1
E=
h2 n2
CAPÍTULO VIII
Capitulo VIII
Tudo o que vimos desde a radiação do corpo negro até a explicação do espectro
periódicos, mas existem muitos sistemas não periódicos que apresentam um grande
espectrais são mais intensas do que outras. A teoria antiga só pode ser aplicada
A crítica mais forte à teoria antiga é no entanto o fato que ela é mais ou menos
constituída empiricamente sem uma conexão clara e embasada para todos os seus
fatos.
construção de uma teoria quântica, livre das objeções colocadas acima e que fosse
alguns conceitos como órbitas, etc, que ainda prevaleciam na mecânica quântica
3
antiga. A nova mecânica quântica, além de ser matematicamente precisa
introduzia uma nova forma abstrata para interpretação dos resultados físicos.
Schrödinger, mas não o faremos com toda precisão e formalismo já que esta será o
freqüências são
h
λ=
p
E = hν
Neste caso, como vimos, a função de onda Ψ ( x, t ) que representa esta onda é dada
por
x
Ψ ( x, t ) = A sen 2π − νt
λ
e como vimos. Com requisito para termos uma onda cuja velocidade corresponde à
seleção sem no entanto sabermos qual equação a determina. Num caso mais geral
com oscilador harmônico, etc, isto já não é verdade. Assim estamos procurando uma
4
maneira mais geral de tratarmos através da mecânica ondulatória qualquer problema
físico.
r = r (t )
r r
onda:
Ψ (r , t )
r
espaço deve ser finita, pois ao considerarmos todo espaço a partícula deve estar em
algum lugar.
2
∫Ψ dv = finita
A função Ψ ( x, t ) ainda deve ser contínua em todo espaço já que a probabilidade não
pode assumir valores diferentes no mesmo ponto do espaço. A função deve também
5
apresentar derivadas espaciais constantes em cada lugar do espaço pois, se
2πx
Ψ = A sen − 2πνt ,
λ
temos que
∂Ψ 2π 2πx
= +A cos − 2πνt
∂x λ λ
e como,
2π 2πp
= ,
λ h
deve sofrer descontinuidades a menos que forças infinitas agem sobre a partícula.
(3) ter derivadas espaciais contínuas (a menos que forças infinitas hajam na partícula).
x
Ψ ( x, t ) = A sen 2π − νt ,
λ
que ainda não é solução integral da equação de onda pois sendo a função seno
Tratando-se de uma onda, a primeira idéia que nos vem a cabeça é a função de
onda tradicional.
∂ 2Ψ 1 ∂ 2Ψ
− =0
∂x 2 v 2 ∂t 2
x x
Ψ ( x, t ) = A cos 2π − νt + γA sen 2π − νt
λ λ
∂Ψ 2π x 2π x
= −A sen − νt + γA cos − νt
∂x λ λ λ λ
∂ 2Ψ 2π
2
p2
= − Ψ = − Ψ
∂x 2 λ h2
∂ 2Ψ E2
= − (2πν ) 2
Ψ = − Ψ
∂t 2 h2
7
que colocados na equação de onda anterior,
p2 E2
− =0
h 2 v 2h 2
E = pv = mv 2
isto parece de acordo com as relações de De Broglie só que não estão adequadas com
p2
E= a equação não nos dar chance de introduzirmos um potencial externo agindo
2m
sobre a partícula.
Para uma partícula movendo-se num potencial V(x), com uma energia E, temos
que
p2
+ V (x ) = E
2m
com
∂ 2Ψ
α p 2 .Ψ
∂x 2
∂Ψ
α Ε, Ψ
∂t
acima.
2π 2π 2π x
2 2
x
− α cos 2π − νt − α γ sen − νt
λ λ λ λ λ
2π x x
= + β 2π sen − νt − β 2πνγ cos 2π − νt
λ λ λ
2π
2
− α = − β 2πνγ
λ
e
2π 2πν
2
− α=β
λ γ
β 2πν
− β 2πνγ =
γ
⇒ γ 2 = −1 ⇒ γ = ±i
de modo que
9
2π
2
−α = ±i 2πνβ .
λ
como
2π
2
p2 Ε
= 2 e 2πν =
λ h h
p2 E
−α 2
= ±i β .
h h
− h2
α= e β = mih
2m
p2
e terminamos com Ε = .
2m
h 2 ∂ 2Ψ ∂Ψ
− + V ( x, t )Ψ ( x, t ) = ih
2m ∂x 2
∂t
x
Ψ = A cos − νt − iA sen Ψ
λ
x
± i 2π −νt
λ
Ψ = Ae
A equação anterior, foi obtida inicialmente por Schrödinger em 1926 e a obtemos para
um caso particular, o da partícula livre, mas podemos verificar que ela satisfaz os
10
requisitos básicos colocados inicialmente. Vamos postular que esta equação é válida
Ψ ( x, t ) = Ψ ( x )ϕ (t ) , e substituindo na equação
h 2 ∂ 2Ψ ∂ϕ
− .ϕ (t ) + V ( x )Ψ ( x )ϕ (t ) = ih Ψ (x )
2m ∂x 2
∂t
Dividindo por ϕ (t )Ψ ( x )
1 − h2 ∂ 2Ψ ih ∂ϕ
+ V ( x )Ψ ( x ) = =c
Ψ 2m ∂x ϕ (t ) ∂t
2
Assim
dϕ
c
−i
ih = cϕ ⇒ ϕ = e h t
dt
c c
= cos t − −i sen t
h h
c
= 2πν ⇒ c = Ε
h
E
−i t
ϕ =e h
11
da parte espacial,
h 2 d 2 Ψ (x )
− + V ( x )Ψ ( x ) = EΨ ( x )
2m dx 2
Esta equação que para nós será mais importante, já que trataremos essencialmente de
bastante simples.
Vamos supor que a equação procurada deva ser de acordo com a equação da
conservação de energia
p2
+ V (x ) = E
2m
E portanto
p2
= (E − V ( x ))
2m
Como vamos então imaginar em cada ponto uma onda plana de momentum p como
d 2Ψ d 2 2πx
= 2 sen − 2πνt
λ
2
dx dx
2
p
=− 2 Ψ
h
p2
Ψ = (E − V ( x ))Ψ
2m
d 2Ψ
como p Ψ = −h
2 2
dx 2
h 2 d 2Ψ
− = (E − V ( x ))Ψ
2m dx 2
h 2 d 2 Ψ (x )
⇒− + V ( x )Ψ ( x ) = EΨ ( x )
2m dx 2
Nós somente mostramos a equação no caso unidimensional, mas ela pode ser
generalizada em 3-D
h 2 ∂ 2Ψ ∂2Ψ ∂ 2Ψ
− + 2 + 2 + V ( x, y, z )Ψ ( x, y, z ) = EΨ ( x, y, z )
2m ∂x 2 ∂y ∂z
0 < x < L
+ ∞
V (x ) =
x < 0
x > L
encontrarmos a partícula naquela região é nula. Vamos então resolver a equação para
h 2 d 2Ψ
− = EΨ
2m dx 2
d 2 Ψ 2m
+ 2 EΨ ( x ) = 0
dx 2 h
A solução é do tipo
14
Ψ1 = A cos Kx
ou
Ψ2 = B sen Kx
ambas com a condição de contorno que Ψ (0) = Ψ (L ) = 0 , já que Ψ deve ser contínua
2mΕ
−K2 + = 0,
h2
portanto
2mE
K=
h2
A cos 0 = 1 ⇒ A = 0
Para Ψ2,
sen 0 = 0
sen KL = 0 ⇒ KL = nπ
n = 1,2,3,...
n2h2
K 2 L2 = n 2π 2 ⇒ E n =
8mL2
nπ
Ψ ( x ) = B sen x
L
Ψ 2 ( x )dx = 1
L
∫0
(Normalização)
Portanto
nπx 2 L
B 2 ∫ sen 2 dx = 1 = B
L 2
2
B=
L
nπ
Ψn ( x ) =
2
sen x
L L
Note que as várias energias possíveis para uma partícula na caixa, representam
quântica.
Imaginemos uma partícula que vem de x=-∞ e colide com esta barreira. (E<V0)
classicamente esperaríamos que ela chocasse com esta barreira, invertesse seu
movimento e voltasse para x=-∞. Quanticamente isto não ocorre desta forma e mesmo
Na parte x<-a ou x>a, a partícula é praticamente livre e como vimos uma partícula livre
h 2 d 2Ψ p2
− = EΨ = Ψ
2m dx 2 2m
ou seja,
d 2Ψ
− h2 2
= p2Ψ
dx
p
±i x
Ψ = Ae h
17
a parte da solução com p>0 representa uma onda (ou a partícula) deslocando na
negativa do eixo x.
Voltemos ao caso da nova barreira e analisemos uma partícula com E<V0, para
x<-a
h 2 d 2Ψ
− − EΨ ( x ) = 0
2m dx 2
d 2 Ψ 2mE
+ 2 Ψ (x ) = 0
dx 2 h
2mE
Chamando = K2
h2
d 2Ψ
2
+ K 2Ψ = 0
dx
solução é algo
ΨI ( x ) = Ae iKx + Be −iKx
fluxo = A 2 − B 2
A2 = 1
movimento por conveniência vamos chamar B=R, para lembrar reflexão. A solução
ΨI ( x ) = e iKx + Re −iKx
2mE
com K = .
h2
Para x>a, a equação é exatamente do mesmo tipo, só que agora como a partícula está
vindo -∞, ao encontrar a barreira, ou ela volta (caso visto acima), ou ela ultrapassa a
que a solução é
ΨIII ( x ) = Te iKx
sendo T 2 = (ΨIII )
2
a probabilidade da partícula ser transmitida pela barreira.
Classicamente T2=0.
Vamos, agora, analisar o que ocorre na região (II) que representa o interior
da barreira.
Neste caso,
h2 d 2Ψ
− + V0 Ψ = EΨ
2m dx 2
h2 d 2Ψ
− + (V0 − E )Ψ = 0
2m dx 2
d 2 Ψ 2m
− 2 (V0 − E )Ψ = 0
dx 2 h
Chamando q 2 =
2m
(V0 − E ), a equação fica:
h2
19
d Ψ
2
2
− q2Ψ = 0
dx
ΨII ( x ) = Ae qx + Be − qx
Note portanto que ΨII2 não é nula e portanto a partícula pode ser encontrada numa
ΨI ( x = −a ) = ΨII ( x = −a )
ΨI′ ( x = −a ) = ΨII′ ( x = −a )
ΨII ( x = a ) = ΨIII ( x = a )
ΨII′ ( x = a ) = ΨIII
′ (x = a )
tiramos
T =
2 (2 Kq )2
(K 2
)
+ q 2 senh 2 2qa + (2qK )
2 2
Q2 = 1 − T 2
mostrando que, mesmo tendo E<V0 (energia menor do que a barreira) quanticamente a
moléculas estáveis, sólidos, etc. Vamos, aqui nos ater somente a formulação
central e um elétron. Sendo o próton 1840 vezes mais pesado que o elétron,
hidrogênio é
h2 ∂ 2Ψ ∂ 2Ψ ∂ 2Ψ e2
− + 2 + 2 − Ψ = EΨ
2m ∂x 2 ∂y ∂z x2 + y2 + z2
x = r sen θ cos ϕ
y = r sen θ sen ϕ
z = r cos θ
θ= ângulo zenital
ϕ= ângulo azimutal
h 2 1 ∂ 2 ∂Ψ 1 ∂ ∂Ψ 1 ∂2Ψ e2
− r + sen θ + − Ψ = EΨ
2m r 2 ∂r ∂r r 2 sen θ ∂θ ∂θ r 2 sen 2 θ ∂ϕ 2 r
2m
e multiplicando por r 2 sen 2 θ e −
h2
∂ 2 ∂Ψ ∂ ∂Ψ ∂ 2 Ψ 2mr 2 sen 2 θ e2
sen 2 θ r + sen θ sen θ + + + E Ψ = 0
∂r ∂r ∂θ ∂θ ∂ϕ 2 h2 r
procurar solução que passa ser escrita através de uma separação de variáveis
obtemos:
que requer que ambos lados desta equação sejam iguais à uma constante que
chamaremos ml2
1 d 2Φ
− = ml2
Φ d ϕ
2
1 ∂ 2 ∂R 2m 2 e 2
r + 2 r + E =
R ∂R ∂r h r
ml2
1 ∂ ∂Θ
= − sen θ
sen θ Θ sen θ ∂θ
2
∂θ
r 2 dr dr h 2 r
r2
A solução de onda uma destas equações fornecerá uma parte da função de onda. Da
Φ(ϕ ) = Ae imlϕ
onde A é uma constante pela própria geometria do átomo, esperamos que esta função
Φ (ϕ + 2π ) = Φ(ϕ )
Ae imlϕ .e iml 2π = Ae imlϕ ⇒ e iml 2π = 1
ml = 0,±1,±2,±3,......
mais interessante é para que haja solução (o que é óbvio, pois a função de onda deve
ml = 0,±1,±2,.... ± l
forma
24
me 4 1
Ε=− n = 1,2,....
2h 2 n 2
l = 0,1,2,....(n − 1)
n = 1,2,3,.... principal
l = 0,1,2,....( n − 1) orbital
ml = 0,±1,±2,.... ± l magnético
Ψ, como
Ψ = Rnl Θ lml Φ ml
da energia total
e2
Ε = K radial + K orbital −
r
25
Introduzindo esta energia na equação radial, tiramos que
1 d 2 dR 2m h 2 l (l + 1)
r + K
radial + K orbital − R = 0
r 2 dr dr h 2 2mr 2
Como queremos que a função radial seja determinada por uma equação que envolva
( )
somente vetor radial e sendo K orbital α rθ& , vamos requerer que os dois últimos termos
2
cancelem
h 2 l (l + 1)
K orbital =
2mr 2
como
L2 h 2 l (l + 1)
K orbital = = ,
2mr 2 2mr 2
temos que L2 = l (l + 1)h 2 , mostrando que o momento angular total é quantizado e que o
múltiplo de h
L = l (l + 1)h
µ θ B
τ = µB sen θ
26
r r
A energia de interação ∝ µ .B , será nula para µ ← B e se quisermos determiná-los
0
U m = ∫ τdθ = − µB cos θ
900
o dipolo magnético
µ = i. Área = −eνπr 2
r e r
µ = − L
2m
e
o fator é denominado de fator giromagnético orbital. O valor de ml representa os
2m
r
possíveis projeções de L ao longo de um eixo determinado eixo escolhido z, de modo
que
L z = ml h
modifica a idéia de Bohr de maneira radial. Primeiramente não mais podemos falar em
Ψ 2 = R 2Θ 2Φ 2
como d 3 r = r 2 dϕdθdr ,
P(r → r + dr ) = ξr 2 Rnl2 dr
É possível mostrar que a distribuição de probabilidade nunca está contida num plano.
como o máximo valor de Lz por exemplo Lz = hl , esta mostra que L2y + L2z = lh 2 ,
CAPÍTULO IXII
CAPÍTULO IX
Até agora temos tratado o núcleo atômico como sendo uma massa puoontual que
apresenta carga positiva. Na realidade o núcleo é mais complexo sendo tão complexo que
mesmo nos dias atuais ainda permanece propriedades a serem entendidas.
Vamos nesta parte do curso considerar algumas propriedades fundamentais do
núcleo e expor os principais modelos para explicá-las. Comecemos discutindo algumas
grandezas que nos permita ter um quadro representando o núcleo atômico.
A composição nuclear foi determinada ao redor de 1932 por Bother e Becker
através de experimentos de bombardeamento da matéria com particulapartículasr α e
com radiação gamaom ?. Observaram que após bombardeamento com
particulapartículasr α radiação misteriosa era emitida do núcleo. Experimentosa
realizadosa por James Chadwick mostraram que esta misteriosa radiação era constituída
de partíiculasr neutras cuja massa do próton. Devido a ser partícula eletricamente neutra
recebeu o nome de nêutron. O nêutron é um elemento fundamental na composição
nuclear, porém, é uma partícula que só é estável no interior do núcleo. Quando ela é
colocada livremente torna-se instável decaindo,
R = R0 A
1
3
1 1 10 −23 g
densidade = = 6
= 0,023 1016 g
4
3
πR0
3
4
3
π (
1 ,2 10 −13 )
3 cm 3
mostrando que o núcleo é cerca de 1014 mais denso do que a matéria macroscópica que
estamos acostumados. Este resultado mostra que praticamente a matéria é oca. Em
determinadas estrelas denominadas de “anãs? brancas” os elétrons dos átomos Formatado
colapsaram devido a grande pressão entre átomos de modo que tais estrelas são
basicamente constituídas de matéria nuclear apresentando densidades como as
mostradas acima.
Ao analisarmos um núcleo estável vemos que sua massa é ligeiramente menor do
que a soma das massas de seus constituintes isolados. Como exemplo vemos que o
núcleo de 3 Li 6 3 LI6 tem massa 6,01697 uv.a. enquanto somando as massas dos três Formatado
Formatado
prótons e três nêutrons que compõem o núcleo encontramos 6,0514 uv.a. A quantidade
de massa que esta faltando ∆m = 0,03443 uv.a que equivale a 32,1 MeV.
Lembre-se que,
1
u.a ⇒ .9.10 20 = mc 2 ⇒
6.03 10 23
−3
⇒ 1,492 10 −3 ergs = 1,49210 6,21011 eV
u.a = 925MeV
de modo que ∆m = 0,03443 → 32,1 MeV. Isto significa que para quebrarmos o núcleo de
6
3Li obtendo os vários nucleons individualmente é necessário fornecermos ao sistema
esta quantidade de energia. Esta energia contida na ligação entre os vários nucleons é
denominada de Energia de Ligação e como quanto mais fortemente ligados estiverem os
nucleons mais estável será o núcleo, a energia de ligação mede a estabilidade dos
núcleos.
5
A energia de ligação tem sua origem na força que mantém os nucleons unidos que
são um pouco diferentes dos tipos de força que estamos acostumados até o momento. Se
dividirmos a energia de Ligação de cada núcleo pelo número de nucleons obtemos a
energia por nucleons.
A energia / nucleon mostrada como função do número de massa do núcleo estáa
abaixo:
que mantém os nucleons juntos no interior do núcleo constituem, sem dúevida, as forças
mais fortes que conhecemos e por isto são comumente denominadas de interação fortes
e não pertencem a nenhuma das classes de forças que estamos acostumados a tratar no
nossno dia-a-dia.
Existem vários modelos para explicar a natureza desta interação e mesmo
atualmente muito é feito para estudar esta natureza. Vamos agora, brevemente descrever
os melhores modelos propostoas. Comecemos estudando a teoria dos méesons para
6
forças nucleares. Formulada pelo físico japonês H.Yukawa, em 1935, explica que as
forças nucleares éas forças nucleares são o resultado de uma constante de intertrocas de
partíiculasr entre os núcleonsnucleons próximos. Estas partículas que participam da troca
são denominadas de mesonsmésons. O processo seria em alguns aspectos semelhante
aquele? no qual dois núcleos atômicos são mantidos juntas formando moléculas através
da intertroca de quantao eletromagnético através da circulação eletrônica ao redor de
ambos os núcleos.
De acordo com a teoria do méeson para forças nucleares todos os nucleons
consistem de centros idênticos circundados por uma nuvem de um ou mais
mesonsmésons. Estes mesonsmésons podem ser neutras neutros ou possuírem? cargas.
Neste contexto, a grande diferença entre nêutrons e prótons reside na composição de
suas nuvens mesônicas.
As forças existentes entre nêutrons ou entre prótons é o resultado de
mesonsmésons neutros designados por π°. Por outro lado, as forças fortes existentes
entre nêutrons e prótons resultam da intertroca de mesonsmésons carregados
designados por π+ ou π-, cujas cargas são exatamente a carga eletrônica. Assim, um
nêutron emitindo um meson π- converte-se num próton,
n → p + π-
p + π- → n
No processo inverso,
p → n + π+
n + π+ → p
Infelizmente embora o conceito seja bastante infinito não há uma forma simples de
demonstrar matematicamente como a intertroca de mesonsmésons leva a forças atrativas
ou repulsivas. Vamos, no entanto, usar um exemplo bastante simples para ilustração.
Imaginemos dois garotos, um com cada bola de jogar basquete, etc. A idéia é que eles
deverão trocar as bolas. Quando jogador A arremessa sua bola para jogador B e vice-
versa, no ato de emissão eles sofrem recuo de momentunmomentum? em direções
7
opostas, o mesmo ocorrendo quando eles recebem as bolas jogadas um contra o outro.
Assim, este método de trocar as bolas leva a uma repulsão entre os dois meninos A e B.
Repulsão
Atração
(m c )R c ≅ h ⇒ m
π
2
π ≈h
Rc
≈ 2,510 −28 kg
somente com seus vizinhos mais próximos numa situação semelhante aquela das
moléculas num líiquido onde a única interação importante é aquela da molécula com as
moléculas que a rodeiam. Esta analogia das interações de um líiquido (numa gota) com
forças nucleares leva ao chamado modelo da gota líiquida para o núcleo prevendo
propriedades bastante importantes.
Consideremos que a energia associada com cada par nucleon-nucleon tenha o
valor U (evidentemente tratando-se de atração U é negativa, mas consideremos positiva
por conveniência?). Sendo que cada ligação mesôonica é partilhada por dois nucleons,
cada um deles tem 1
2 U de energia de ligação. Quando fazemos um empacotamento de
esferas representando os nucleons cada um é circundado por 12 outros nucleons no
máximo numa estrutura chamada de empacotada e que contém o maior número de
esferas próximas possíveis.,
9
12 × 12 U = 6U
Ev = 6AU = d1A
esta energia Ev chamada de energia de volume é claramente uma idéia verdadeira para
os nucleons no interior do volume do núcleo, mas certamente não é verdade para aqueles
nucleons localizados na superfície do núcleo que não são circundados por 12 nucleons,
mas por um número inferior. O número de nucleons superficiais dependemO número de
nucleons superficiais depende da superfície do núcleo que é,
4πR 2 = 4πR0 A
2
3
2
Assim, o número de nucleons superficial é proporcional à A 3
e a energia de
ligação de tais nucleons é Es,
E s = −a 2 A
2
3
chamada de energia superficial do núcleo que leva o sinal negativo, pois corresponde á Formatado
diminuição em Ε v . . Para núcleos que levar esta forma energética é importante já que
10
neste caso a fração de nucleons superficiais é elevada. Como o núcleo vai tentar tornar
uma forma de modo a maximizar a energia de ligação que significa estáas mais estável.
Desta forma o núcleo toma a forma mais próxima de uma esfera maximizando energia de
ligação, pois esta é a forma com menos área para um determinado volume semelhante à
gota de um líiquido.
Além da energia entre nucleons a repulsão eletrostática entre prótons no núcleo
também é importante, pois contribui para diminuir energia de ligação desestabilizando o
núcleo. A energia Coulombiana Ec do núcleo terá o trabalho necessário para trazer do
infinito os Zz prótons juntos numa distribuição volumétrica que é o núcleo. Dado Zz
núcleos, o número de pares que temos é:
Cada próton interage com Zz – 1 sendo z prótons separados em mídia de R
1 Formatado
( αA 3 ),
Z (Z − 1)
E c = − a3 1
3
A
Eb = Ev + Es + Ec
Ou seja,
2 Z (Z − 1)
E b = a1 A − a 2 A 3
− a3 1
3
A
e assim a energia de ligação por nucleon é,
Eb a a z (z − 1)
= a1 − 21 − 3 4
A A3 A3
no uiniverso do que outros núcleos com número massa semelhante, sugerindo que tais
números são mais estáveis. Estes números de prótons ou nêutrons para núcleos 2, 8, 20,
28, 50, 82 e 126 são normalmente conhecidos como números mágicos em estrutura Formatado
Decaimento nuclear
12
dN
R=−
dt
onde o sinal (-) é colocado para fazer R positivo. R é expresso em desintegraçõesão por
segundo. Algumas vezes expressamos R em termos do Curie.
sendo o tempo para sua atividade cair a metade do valor no iníicio da medida.
É importante salientar que após cada período T 12 a atividade da amostra esfera reduzida
á metade,
T1 T1 T1
2 2 2
R0 → 12 R0 → 14 R0 → 18 R0 ...
13
− dN
R = λN = ⇒ R = R0 e − λ t
dt
R = R0 e − λ t
− λT 1
1
2 R0 = R0 e 2
0.693
λT = l n 2 → T =
λ
1 1
2 2
radiativo apresenta uma certa probabilidade de decair, mas não há meios de saber quais
núcleos decairão num certo instante de tempo. Se a amostra é grande o suficiente, fração
que decai num determinado instante corresponde razoavelmente bem à probabilidade de
decaimento de um único núcleo. Assim a probabilidade de um núcleo decair num período
de tempo T 12 é 0,5.
dN
= −λdt
N
N = N 0 e − λt
que mostra a evolução como tempo do número de núcleos que ainda não decaíram sendo
N0 este número em t = 0. Desta lei podemos tirar a atividade radiativa.
14
dN
R=− = λ N 0 e − λ t = R0 e − λ t
dt
com R0 = λN 0
que apresenta 66% probabilia uma partícula beta decair e 34% chance de emitir em
81 Tl 208 .
figura
1
T=
λ
A = 4n
, onde n é um inteiro, pode decair uns nos outros em ordem descendente do número de
massa. Os núcleos radiativos cujo número massa é da forma acima 4n são denominados
de membros da série 4n. Temos ainda 3 outras séries,
A = 4n + 1
A = 4n + 2
A = 4n + 3
T 12 (anos)
Número massa Série “pai” Estável final
“pai”
232
4n Tório 90Th 1,39 1010 82Pb
208
237
4n + 1 Neptunio 93Np 2,25 106 83Bi
209
238
4n + 2 Urânio 92U 4,51 109 82Pb
206
235
4n + 3 Actinio 92U 7,07 108 82Pb
207
A série do neptunio tem um tempo de meia vida bastante curta comparada com a
idade do universo (~ 1010 anos) de modo que os membros desta série quase não são
encontrados nos dias atuais. Estes elementos podem, no entanto ser obtido através de
bombardeamento de núcleos mais pesados feitos em laboratório.
Estas series podem ser representadas graficamente. Cada decaimento α ou β
proporciona um passo na série.
Muitos núcleos radiativos podem decair de formas diferentes através de emissão α
212
ou β. Como exemplo temos o 83Bi , um membro da série do tório, que apresenta 66%
probabilidade de emitir uma partícula beta decaindo em 84 P0212 e 34% de chances de
z X A → x 2α 4 + y −1 β 0 + z ′ Y A′
transforma-se no núcleo z ′ Y A′ .
A conservação do número de massa,
A = 4x + A’1 → ∆A = 4x
do número atômico,
Decaimento alfa:
Devido ao fato que as forças fortes de atração entre os nucleons somente
manifesta-se a curto alcance, isto é, quando eles estão próximos à energia total de
ligação entre os núcleos é proporcional ao número de massa A. Por outro lado, a força de
repulsão coulombiana age mesmo a méedias distâncias. Esta repulsão coulombiana tenta
17
K = 5,4 MeV
A−4
Kα ≅ K
A
λ=νP
V [FSU1] Comentário:
ν=
2R0
Tomando v como a velocidade com que a partícula deixa o núcleo (~ 2 107 m/s) e
sendo R0 ~ 10-14 m,
→ ν ≈ 1021 segc-1
Assim, vemos que mesmo colidindo 1021 vezes por segundo com a barreira a
partícula α algumas vezes tem que esperar 1010 anos para escapar do núcleo.
Classicamente como sabemos, Pp = 0, pois envolve passagem da partícula por
uma região que tem energia potencial maior que a energia total. Quanticamente, no
entanto, a partícula pode tunelar pela barreira (como vimos) e a probabilidade não é nula
e pode ser calculada.
Inicialmente vamos relembrar os resultados que vimos da transmissão de uma
partícula por uma barreira de potencial.
20
2m(V − E ) 2mE
q2 = K2 =
h2 h2
P=T
2
=
(2 Kq )2
(q 2
)
+ K 2 senh 2 q + (2 Kq )
2 2
2(E )m 2(V − E )m
onde K = e q=
h2 h2
2 [FSU2] Comentário:
2 Kq − 2 qL
P ≈ 2 e
q +K
2
21
De modo que,
P= π . P
barreiras barreira
parciais individual
lnP = ∑ .lnP
barreiras
parciais
2 Kq
mas lnPparciais = −2q∆x + 2ln
q + K2
2
Como primeiro termo é dominante na maioria das casoas (pois o segundo termo é
logaritmo do primeiro).
lnP = ∑ − 2q∆x
2m(V (x ) − E )
q=
h2
22
e temos,
L
−2 ∫X 0 2m (V ( x )− E )dx
P=e h2
2 Ze 2
V (x ) =
x
do ponto x = R0 até o ponto x = R deixando o sistema com uma energia cinética IK que é
todo E convertido em cinética.
23
1 1
2m 2 2 Ze
2 2
q= 2 − K
h x
2 Ze 2
=K
R
temos,
2 Ze 2 = KR
1 1
2mK 2 R
q (x ) = 2 − 1
2
h x
portanto,
1 1
2mK 2 R R 2
∫R0 q(x )dx = h 2 ∫R0 x − 1 dx
R
2mK 2 −1 R0 2 R0 2 R0 2
1 1 1 1
= 2 R cos − 1 −
h R R R
1 1
−1R 2
π
R 2
cos 0 ≅ − 0
R 2 R
1
R0 2
1 − ≈1
R
de modo que,
2mK 2 π R0 2
1 1
( )
R
∫R0 q x dx ≅ 2
h
R
2
− 2
R
E portanto,
2mK π R 2
1
lnP = −2 2 R − 2 0
h 2 R
e usando
2 Ze 2
R=
K
1
2 Ze π
1
2mK 2 2
R0 2
lnP = −2 2 −2
K 2
1
h 2
2
2 Ze
K
2m 2 2 Ze π
1 1 1
2m 2 2 Ze 2 R0 2
2 2
= −2 2 + 4 2
1
K 2
h K
1
2
2 h K
1
2
2 Ze 2 12
( )
1 1
2m 4mZe 2
2 2
2
h h
1 1 −1
lnP = 2,97 Z 2 R0 2 − 3,95Z K 2
v
λ = νP = P
2 R0
v 1 −1
lnλ = ln
1
+ 2,97 Z 2 R0 2 − 3,95Z K 2
2 R0
−1
Assim, fazendo um gráfico de lnλ medido versus Z K 2
medido temos,
esta linha extrapolando para obter R0 quando Z → 0 e neste caso obtenha R0 ~ 10-14 m
que concorda com resultado de Rutherford.
A análise quântica do decaimento α é importante pois explica a grande variedade
232
de constantes de decaimento λ tendo como mais longo decaimento 90Th 1,3x1010
212
anos? e mais curto 84Po com 3x10-7segc. Além desta, a explicação do decaimento α
através de penetração na barreira de potencial é extremamente candescente com a
natureza quântica do núcleo.
Decaimento β
K = m02 c 4 + p 2 c 4 − m0 c 2
n → p + e-
este processo.
Todas estas contradições foram resolvidas com a proposta do neutrino por Pauli Formatado
n → p + e- + ν
Decaimento Gama
tempo de vida dos estados nucleares é bastante curto, mas em alguns poucos casos o
decaimento gama, como é chamada esta missão, chega a atingir horas. Formatado
Reações Nucleares
Da mesma forma que em química, as reações entre elementos serve para trazer
informações de cada elemento e seu comportamento na natureza, as reações nucleares
são ricas em informações a respeito dos constituintes nucleares que é seu
comportamento. Além disso, as reações nucleares constituem-se na maneira de tirarmos
proveito prático do núcleo atômico, veja como um reservatório de energia, ou seja, como
mecanismos de formação desta fauna de elementos químicos presentes no universo.
A maioria das reações nucleares envolvem....... que contém o maior número de esferas
próximas possível.
Desta forma, cada nucleon terá associado a ele uma energia.
12 x 12 U = 6U
28
CAPÍTULO X
Capítulo X
constituem uma das partes mais importantes das características dos sólidos. A
natureza e a forma com que os átomos se unem, determina sua estrutura bem
elétrica. Como uma introdução ao tema dos sólidos, vamos descrever as ligações
Ligações químicas
que a conexão entre átomos dar-se através da interação de Coulomb entre cargas
Por outro lado, temos átomos que quando se aproximam adquirem uma
covalentes faz com que estes sólidos sejam maus condutores de calor e os
Há ainda substâncias que são bastante estáveis de tal forma que quando
p12 1 2 p 22 1 2
H0 = + cx1 + + cx 2
2m 2 2m 2
c
e cada sistema tem sua freqüência natural ω 0 = . Devido a interação
m
eletrostática
e2 e2 e2 e2
H1 = + − −
R R + x1 − x2 R + x1 R − x 2
Ze 2 x1 x 2
H1 = −
R3
Assim, o sistema físico é modelado como sendo dois osciladores acoplados por
x1 =
1
(x s + xa ) p1 =
1
( ps + pa ) p2 =
1
( ps − pa )
2 2 2
x2 =
1
(x s − xa )
2
1 2 1 2e 2 2 1 2 1 2e 2 2
H = H 0 + H1 = p s + C − 3 x s + p a + C + 3 x a
2m 2 R 2m 2 R
mostrando que este sistema acoplado tem dois modos de vibração de freqüências
1
2e 2 3 2
ωs C ± R 1 2e 2 1 2e 2 2
= ∼ ω 0 1 ± − .....
ωa m 2 CR
3
8 CR 3
h(ω s + ω a ) − 2 ω 0
1 h
∆Η =
2 2
fornecendo
C6
∆Η = −
R6
hω 0 e 4
com C 6 =
2 c2
Isto mostra que a aproximação dos dipolos oscilantes, produz uma situação mais
estável do que quando isolados. Assim, uma atração entre eles faz com que tais
plásticos.
1
CAPÍTULO XI
Capítulo XI
ocupação (gi). Por exemplo, se cada compartimento tem área ai, e sendo A a área
total
ai
gi =
A
e assim por diante. Este número de maneira que N bolas podem entrar nos K
W ({ni }, {g i })
determinar que conjunto {ni }é o mais provável de ocorrer. Uma vez conhecida
∑a i =A e
∑g i =1
onde ∑n i =N
A próxima pergunta que fazemos é de quantas formas estas N bolas podem ser
N!
n1!n 2 !...n k !
W=
N!
(g1 )n1 (g 2 )n2 ....(g k )nk
n1!n2 !...nn !
ln n!≅ n ln n − n
ln W = ln N!−∑ ln ni !+ ∑ ni ln g i
ln W = N ln N − ∑ ni ln ni + ∑ ni ln g i
ni → ni + δni
∂W
equivalente á condição de máximo = 0 ). Assim,
∂ni
δni
como δ ln ni =
ni
,e ∑ δn i =0
∑ n δ ln n = ∑ δn
i i i =0
6
ou seja
− ∑ ln ni δni + ∑ ln g i δni = 0
corresponde a
ai
ni = N
A
ou seja,
ni = Ng i
energia. Isto faz com que inúmeras possíveis distribuições microscópicas podem
cinéticas neste caso), estão limitadas aos valores µ1 , µ 2 ,...µ k . Dentro das N
moléculas, temos n1, n2,...nk. Moléculas com cada valor das energias listadas. O
∑n = Ni
∑µ n = E
i i
se a probabilidade á priori que uma molécula tenha energia µi for gi, então a
W=
N!
(g1 )n1 ....(g k )nk .
n1!n2 !...nk !
ni = g i e −α e − βµi
forma indicada como a forma mais provável. Ou seja, isto determina como a
discreta com bolas em caixas. Desta forma, o número de partículas com energia
n(µ )dµ = ge −α e − βµ dµ
Ou seja,
p2
−β
n( p )dp = ge e−α 2m
dp.
µ + dµ deve ser determinada da mesma forma que no caso das bolas na caixa.
∞
N = ∫ n(µ )dµ
0
∫ µn(µ )dµ ∞
NKT = ∫ µn(µ )dµ
3 3
KT = 0
∞
ou
2 2
∫ n(µ )dµ
0
1
β=
KT
2πN −µ
n(µ )dµ = µe KT
dµ
(πKT )
3
2
1 2
Lembrando que µ = mv , podemos converter esta expressão na distribuição de
2
velocidade, obtendo
3
2πNm − mv 2
n(v )dv =
2
v 2e 2 KT
dv
(πKT )
3
2
10
esta energia, há um certo número de maneiras que estas ni partículas podem ser
(ni + g i − 1)!
ni !( g i − 1)!
probabilidades
(ni + g i − 1)
W =∏
ni !( g i − 1)!
de ocorrer é
gi
ni =
e e βµi − 1
α
12
1
β= e α é um parâmetro determinado a partir da condição
KT
∑n i =N
Fótons contidos numa caixa de volume V. neste caso, como os fótons estão
número. O resultado disto é que α=0, para que esta característica do sistema
8πV 2
g (ν )dν = ν dν
c2
8πV 2
n(ν )dν =
1
hν
. ν dν
c2
e KT
−1
por:
∞
u = ∫ u (ν )dν = AT 4
0
de exclusão de Pauli impõe restrições que acabam por produzir uma nova
não podem ocupar o mesmo estado. Somente uma partícula pode ocupar cada
estados com energia µi preenchidas por ni partículas. Como cada estado acomoda
O número de maneira que estas ni partículas podem ser acomodadas é dado pelo
arranjo
gi!
ni !( g i − ni )!
gi!
W =∏
ni !( g i − ni )!
logaritmo
ln W = ∑ [ln g i !− ln ni !− ln ( g i − ni )!]
ln W = ∑ [g i ln g i − ni ln ni − (g i − ni ) ln (g i − ni )]
Vamos agora utilizar o método variacional fazendo uma variação δni na população
dos estados e verificar a condição onde isto não altera W, que deve corresponder
ao extremo
δWmáx = ∑ [− ln ni + ln (g i − ni )]δni = 0
15
Os vínculos para este problema são que o número de partículas seja conservado
− α ∑ δni = 0
− β ∑ µ i δ ni = 0
∑ [− ln n i + ln ( g i − ni ) − α − βµ i ]δni = 0
− ln ni + ln ( g i − ni ) − α − βµ i = 0
1
de onde tiramos, substituindo β =
KT
gi
ni = µi
eα e KT
+1
livres nos metais, que corresponde a um importante exemplo dentro da teoria dos
gi
ni = µi
eα e KT
+1
g (µ )dµ
n(µ )dµ = µ
eα e KT
+1
3
2
g (µ )dµ =
8 2Vm 1
µ 2 dµ
h3
Aqui é importante lembrar que cada estado foi contado duas vezes, devido as
zero ou um, até que todos estados sejam preenchidos chegando a máxima
ni
Isto significa que o chamado índice de ocupação f = , deverá ser um ou zero
gi
f (µ ) =
1
µ
+α
e KT
+1
para que esta fórmula seja condizente com o princípio de exclusão mencionado
µf
acima, temos que colocar α = − , e desta forma, o índice de ocupação fica
KT
f (µ ) = (µ − µ f ) KT
1
e +1
µf
∫ g (µ )dµ = N
0
2
h 2 3N 3
µf =
2m 8πV
N
como = ρ , temos que
V
2
h2 3 3
µf = ρ
2m 8π
18