O Significado Do Dízimo - Parte 1
O Significado Do Dízimo - Parte 1
O Significado Do Dízimo - Parte 1
1 BAUMAN, Edward W. Where your treasure is. Arlington: Bauman Bible Telecasts, 1980, p.74.
• Primeiro. Fazer uma análise exegética e hermenêutica de cada texto em seu
contexto imediato.
• Segundo. Responder algumas opiniões comuns sobre estes textos.
• Terceiro. Sugerir uma resposta do porquê que Deus escolheu a décima parte
e como isso se cumpre em Cristo.
• Quarto. Responder se a prática do dízimo deve ser praticada atualmente.
DIVISÃO:
O significado do Dízimo – Parte 1
1 O significado do Dízimo nos patriarcas
1.1 Abrão
1.2 Jacó
2 O significado do Dízimo na lei de Moisés
2.1 Levítico
2.2 Números
2.3 Deuteronômio
2 HARRIS, R. Laird, et al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998,
p. 1182.
3 STRONG, Almeida Revista e Atualizada with Strong's Numbers Bible. São Paulo, SBB, 2002.
4 SAMUEL J. Dízimos e Ofertas: Um panorama bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 59.
Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” e a atitude
de Abrão: “E de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. vemos Abraão dando o dízimo
do que havia obtido de uma guerra para resgatar seu servo Jó.
APLICAÇÃO:
Algumas pessoas tentam usar este evento para provar que todo o
cristão deve dar o dízimo. Penso que isso seria perigoso por uma razão. Se
vermos o ato de Abrão dar o dízimo como um padrão ou regra para os
cristãos, também deveríamos aceitar que seria legítimo os cristãos fazerem
guerras e até matar pessoas que colocarem em risco os seus parentes
próximos.
PRINCÍPIO:
Ao mesmo tempo, vejo que este evento nos mostrar algumas coisas
importantes para nós. Mostra que...
1. Como o dízimo já era praticado antes mesmo que a lei existisse.
2. O dízimo era também do despojo.
3. O era uma prática dar o dízimo ao sacerdote (Melquisedeque) que lhe
abençoasse.
4. Dar o dízimo era uma expressão de adoração a Deus por ter lhe concedido
a vitória sobre os inimigos.
5 STRONG, Almeida Revista e Atualizada with Strong's Numbers Bible. São Paulo, SBB, 2002.
Por quê? Porque Deus já tinha prometido a Jacó suas bênçãos antes mesmo
de Jacó prometer dar o dízimo a Deus.
Digo isto, porque, naquele contexto, “os votos eram feitos para induzir Deus
a fazer alguma coisa que ele não estava inclinado a fazer. Eram feitos para obrigar
aquele que presta culto a cumprir algum dever declaradamente válido”6. O que isso
significa? Significa que Jacó via o seu dízimo, não como uma oferta voluntária,
mas como uma devolução proporcional àquilo que recebesse durante a sua
jornada.
APLICAÇÃO:
Algumas pessoas, assim como no texto anterior, usam as palavras de
Jacó para justificarem a prática dos cristãos darem o dízimo atualmente.
Novamente, vejo aqui o mesmo perigo do texto de Abrão. Se vermos o voto de
Jacó em dar o dízimo como um padrão para os cristãos atuais, também,
deveríamos aceitar que o ato de Jacó de mentir e enganar a seu irmão e seu
pai como algo que deveria ser imitado por nós. Ele barganhou, trapaceou,
mentiu e enganou, mas depois de tudo isso Deus ainda o abençoou. Pois foi depois
de suas trapaças que Deus lhe promete proteger, prover e estar com ele.
PRINCÍPIO:
Por outro lado, vejo que este texto pode nos esclarece mais algumas
coisas sobre o dízimo.
1. O dízimo estava sendo apresentado como uma expressão de adoração
(28.18,22 – Jacó erigiu uma coluna e a ungiu com azeite e “e a pedra, que
erigi por coluna, será a Casa de Deus”).
2. O dízimo era dado como reconhecimento da provisão divina das
necessidades mais básicas de subsistência (28.20 – “e me der pão para
comer e roupa que me vista”).
3. O dízimo era dado como reconhecimento da proteção divina (28.20b – “Se
Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo
[...], de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai”).
4. O dízimo era dado como devoção e relacionamento pessoal com Deus
(28.21b – “então, o SENHOR será o meu Deus”).
Com estes dois episódios não podemos concluir, por enquanto, que o
dízimo é uma ordem a ser obedecida atualmente. Porém, podemos já
esclarecer alguns pontos importantes sobre a prática do dízimo. O dízimo era:
1. Uma ação praticada antes mesmo da existência da lei, portanto, não poderia
limitar-se a nação de Israel.
2. Uma expressão de adoração.
3. Um reconhecimento da proteção divina.
4. Um reconhecimento da provisão divina no passado.
5. Uma demonstração de relacionamento pessoal com Deus.
6 GREIDANUS, S. Pregando Cristo a patir de Gênesis, São Paulo. Cultura Cristã, 2009. p. 332-333.
APLICAÇÃO:
Isso nos leva a responder alguns questionamentos que encontramos por aí.
Algumas pessoas justificam que não dão o dízimo porque isso era uma
prática que se limitasse a nação de Israel. De acordo com estes dois textos,
vemos que isso é um equívoco, pois o dízimo já era praticado antes mesmos da lei
de Moisés existir.
Isso nos leva a fazermos o seguinte questionamento: Quem ensinou Abrão e
Jacó a darem o dízimo? Será que o dízimo foi considerado como pesado, tanto
para Abrão quanto para Jacó?
Dízimo já era uma prática realizada por outros povos daquela época7 e que
provavelmente Abrão havia aprendido a dizimar como um ato de devoção, gratidão
e reconhecimento da proteção divina sobre sua vida. Isto significa que outras
comunidades praticavam mesmo não tendo a lei de Moisés. Assim, o dízimo não
pode ser restringido a nação judaica.
2.1 Levítico
7 WALTKE, B. K. Comentário do Antigo Testamento. São Paulo. Cultura Cristã, 2003. p.285.
8 “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e
peregrinos”
9 (HARRISON, 1983, p. 221)
“Os recém-nascidos entre os cordeiros seriam examinados de maneira
semelhante, à procura de imperfeições. Esta seção proíbe os do nos de rebanhos
ovinos ou bovinos de fazer uma seleção arbitrária ou casual dos animais a serem
oferecidos a Deus (33); e se qualquer tentativa de fazer uma troca fosse
empreendida, os dois animais seriam considerados consagrados a Deus”10.
“ 34 São estes os mandamentos que o SENHOR ordenou a Moisés,
para os filhos de Israel, no monte Sinai”. Este verso nos faz uma afirmação
muito importante. Este verso nos mostra que o dízimo, bem como todos os outros
mandamentos, foram dados ao povo. Assim, o dízimo está incluído junto com todos
os outros mandamentos como ofertas por holocaustos, manjares, pacíficos,
pecados de ignorância, pecados ocultos, pecados voluntários, consagração, etc.
bem como leis referentes a animais puros e impuros, purificação, lepra, festas,
sangue, casamentos ilícitos, penas por crimes, animais sem defeitos para
sacrifícios, sábado, pentecostes, primícias, páscoa, blasfêmia, ano de descanso,
ano do jubileu, leis a favor dos pobres, idolatria, desobediência e votos.
Além destes mandamentos, estão incluídos também os mandamentos
escritos no livro de Êxodo incluindo os dez mandamentos, leis acerca dos servos,
violência, propriedade, civis, testemunho falso, juízes, do templo, vestes
sacerdotais, etc.
APLICAÇÃO:
Assim, se o dízimo for visto como algo que não possui sua utilidade
hoje, assim também todos estes textos (70% de Êxodo e 100% de Levítico)
não possui mais utilidade para nós hoje. É perigoso seguirmos essa lógica de
pensamento pois ela vai contrariar diretamente orientações claras da própria
Escritura como as palavra de Paulo em 2 Timóteo 3.16 que diz: “ 16 Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra”.
Assim, quando Paulo fala de Escritura ele está se referindo ao Antigo
Testamento, incluindo a lei de Moisés, para tornar “homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
Ou seja, afirmar que Êxodo e Levítico não possuem utilidade para nós hoje é
contrariar a própria autoridade apostólica e consequentemente a autoridade de
quem enviou o apostolo, Jesus Cristo. Mas continuemos um pouco mais em nossa
análise prévia.
2.2 Números
2.3 Deuteronômio
APLICAÇÃO:
Algumas pessoas tentam usar o ministério levítico para justificar que
os ministros devem receber o dízimo. Apesar de eu reconhecer a preocupação
destes irmãos com o sustento ministerial, porém temos problemas com esta
afirmação. Pois se for verdade que o dízimo deve ser dado ainda hoje baseado
na citação destes textos, também é verdade que somente os da tribo de Levi
é que podem receber o dízimo. Ou seja, eu estaria fora deste número, pois sou
paraense. Filho de paraenses. Da linhagem de brasileiros com sangue misturado
por uma grade porção de nações, e penso que nenhum de meus ancestrais era da
tribo de Levi (apesar de meu irmão mais velho se chamar Levi, ou seja, seria mais
fácil que ele recebesse e não eu).
Por outro lado, por enquanto, podemos retirar algumas conclusões, prévias
(pelo menos por hora) sobre o dízimo na lei de Moisés:
1. O sacerdote não receberia o dízimo dos dízimos se os levitas não
dizimassem.
2. O sacerdote não receberia o dízimo se o povo de Israel não dizimasse aos
levitas.
O dízimo de Israel era dado aos levitas. Os dízimos dos levitas eram dados
sacerdote. Quando o sacerdote recebia isso era considerado como uma oferta
dedicada a Deus.
Nós não encontramos nada na Lei que fale sobre o dízimo do sacerdote.
Assim, podemos concluir que ele era o único que não dizimava dentre o povo de
Deus. Não quero dizer com isso que, pelo fato de eu ser pastor, eu seria esta
pessoa. Não! Mas o sacerdote, no Antigo Testamento, é a única figura, dentre
deste sistema, que prefigurava a Cristo.
Assim o sacerdote era:
1. O maior responsável pela intercessão do povo.
2. O maior responsável pela instrução do povo.
3. O único que não dizimava.
4. A figura que representava a Cristo no Antigo Testamento (Hb 7).
5. Cristo não era da tribo de Levi, mas era sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque (Hb 7.14-19).
CONCLUSÃO:
Temos uma longa caminhada ainda até o fim de nossa jornada sobre o
dízimo. Mas penso que poderíamos fazer a nossa primeira pausa para descanso
sabendo que podemos aprender muitas coisas com o que vimos hoje.
Podemos afirmar que o dízimo foi praticado nos patriarcas e na lei como: Um
ato de adoração pessoal em reconhecimento a proteção e provisão divina
visto por Deus como uma oferta obrigatória concedida ao Senhor direcionada
aos levitas e aos necessitados conduzidos pelo sacerdote para o agrado do
Senhor.
Obras Citadas
HARRISON, R., 1983. Levítico. Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova.
LOPES, H. D., 2007. Filipenses - A alegria triunfante no meio das provas. São
Paulo, SP: Hagnos.
MacArthur, J., 1939. Filipenses: Comentário expositivo. s.l.:s.n.
MARTIN, R. P., 1985. Filipenses - Introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida
Nova.
STRONG, 2002. Almeida Revista e Atualizada with Strong's Numbers Bible.
s.l.:SBB.
WIERSBE, W. W., 2006. Comentário Bíblico Expositivo : Novo Testamento.
Santo André, SP: Geográfica.