Teorias Da Administracao Publica Vol1 PDF
Teorias Da Administracao Publica Vol1 PDF
Teorias Da Administracao Publica Vol1 PDF
1
ISBN 978-85-7988-026-1
Universidade
Federal
Fluminense
Ministério da Educação – MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
Diretoria de Educação a Distância – DED
Universidade Aberta do Brasil – UAB
Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP
Bacharelado em Administração Pública
2010
© 2010. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados.
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1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.
Inclui bibliografia
Bacharelado em Administração Pública
ISBN: 978-85-7988-026-1
CDU: 65.01
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
PRESIDENTE DA CAPES
Jorge Almeida Guimarães
AUTOR DO CONTEÚDO
Gelson Silva Junquilho
Créditos da imagem da capa: extraída do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.
PREFÁCIO
Apresentação .................................................................................................... 9
Minicurrículo........................................................................................................ 182
APRESENTAÇÃO
Caro estudante!
Seja bem-vindo à disciplina Teorias da Administração
Pública. A Administração Pública está cada dia mais presente em
nossas vidas, não é verdade? O que seria da saúde, da educação,
da segurança, bem como da limpeza de nossas cidades, dentre
outras funções das quais dependemos da ação do Estado? Por isso,
você vai, a partir de agora, conhecer conceitos importantes sobre o
universo complexo e dinâmico que envolve a Administração Pública.
Assim, esta disciplina é fundamental para a sua caminhada em
busca de uma formação profissional como gestor público.
Para tanto, assumimos com você o compromisso de
tratarmos aqui de temas de seu interesse, a partir de conceitos e
ideias abordadas na literatura especializada. Mostraremos, assim,
as diversas tendências de autores renomados, mas, à medida do
possível, tornaremos explícitas nossas posições sobre o que
estudaremos, cabendo a você, estudante, a escolha dos caminhos
a seguir. Portanto, nossa função será sempre a de um facilitador/
provocador de seu aprendizado. Você é nosso convidado para
discutir nossas ideias e, junto com os seus conhecimentos, construir
saberes que possam torná-lo um futuro gestor público com
conhecimento técnico, mas acima de tudo consciente e crítico.
Neste livro, convidamos você para um mergulho em uma
abordagem teórica e histórico-social da temática da Administração
Pública. Teórica porque vamos conhecer e debater alguns conceitos
e princípios daquilo que entendemos por Administração Pública.
Histórico-social porque não podemos estudar Administração
Pública sem contextualizá-la ao longo do tempo e do espaço, isto é,
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Teorias da Administração Pública
Módulo 3
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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
NOÇÕES BÁSICAS
Caro estudante,
Ao longo desta Unidade iremos realizar um percurso teórico
a respeito de conceitos que julgamos importantes para o
estudo da Administração Pública. Inicialmente,
abordaremos uma problemática fundamental nos Estudos
Organizacionais, qual seja, o próprio conceito de
Administração. Queremos aqui mostrar uma forma distinta
de pensarmos essa conceituação tão simplificada
atualmente em grande parte da literatura especializada.
Ainda que você já tenha estudado a evolução do
pensamento administrativo nas disciplinas Teorias da
Administração I e II, a ideia de Administração ou Gestão
como prática social é vital na formação de um gestor público
e de suma importância para você entender mais sobre a
Administração.
Dessa forma, você vai poder entrar no campo da
Administração Pública com suas características peculiares
e diferenciações conceituais. Não se preocupe por
estarmos tratando, nesta Unidade, de questões
estritamente de cunho teórico, afinal, este é um dos
objetivos da disciplina de Teorias da Administração Pública.
É uma introdução.
Você será provocado a refletir constantemente sobre a
utilização desses conceitos na prática por meio de diálogos.
Tudo bem? Desse modo, você vai se sentir mais
familiarizado com a teoria, bem como saber utilizá-la de
modo mais adequado para entender e interagir com a sua
realidade. Dito de outra maneira, vamos navegar pelo
mundo real.
Bons estudos!
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Assista ao filme Tempos Modernos de Charles Chaplin e veja
como as técnicas administrativas permitiam aos patrões
controlarem o trabalho dos empregados em todos os seus níveis,
Para assistir um trecho
influenciando na saúde dos trabalhadores, inclusive. Nessa obra do filme, acesse: <http://
cinematográfica magnífica de Charles Chaplin, você vai ver o olhar www.youtube.com/
crítico do famoso cineasta preocupado com a industrialização watch?v=XFXg7nEa7vQ>.
Acesso em: 1º dez. 2010.
emergente no século XX, bem como o conflito de interesses entre
capitalistas e trabalhadores. Esse conflito, na interpretação de Marx,
seria uma das bases das contradições da sociedade capitalista.
A perspectiva de análise crítica nas
,
Ciências Sociais foi inaugurada por Karl Marx, Saiba mais Karl Marx
considerado um autor clássico e um dos Teórico do socialismo. Em
fundadores do pensamento sociológico. Marx 1848, Marx e Engels publica-
deixou como legado o marxismo – corpo teórico ram o Manifesto do Partido
e doutrina política de visão de mundo –, Comunista, o primeiro esbo-
interpretado de diversas formas por estudiosos ço da teoria revolucionária
a partir de seus escritos. Ainda que muito que, anos mais tarde, seria denominada
complexo, podemos destacar três de seus marxista. Embora tenha sido praticamente
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Muito bem! Mas o que esses três grupamentos têm a ver com
a ideia de gestão como prática social?
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v
características jurídicas
– formas de constituição
estatais como ministérios, secretarias; e Indireta, constituída por
e funcionamento – das entidades autárquicas, empresas públicas ou fundacionais, bem
organizações como por entidades de cooperação ou paraestatais, ou seja, aquelas
governamentais na pessoas jurídicas de direito privado, mas que atuam em cooperação
disciplina Instituições de
com o Estado para a realização de interesses estatais. Há, ainda,
Direito Público e Privado
ministrada ainda neste as organizações não estatais, mas que prestam serviços de interesse
Módulo 3. público, porém não privativos de Estado, como as Organizações
Não Governamentais (ONGs).
Na Figura 1, a seguir, você pode visualizar, à direita e à
esquerda, edifícios ministeriais que abrigam órgãos centrais da
Administração Pública do Governo Federal brasileiro, na cidade
de Brasília.
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GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA
(GOVERNANCE)
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Complementando...
Para saber mais sobre organizações e a Administração Pública, procure
realizar as leituras sugeridas a seguir:
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Teorias da Administração Pública
Resumindo
Você percebeu, nesta Unidade, como é rica a temática da
Administração Pública, a começar pela noção de Administra-
ção vinculada à ideia de prática social. Certamente você está
lembrado de como essa proposta enriquece a nossa visão do
campo administrativo, permitindo-nos uma leitura mais ampla
sobre gestão. Para a Administração Pública, isso faz todo o sen-
tido na medida em que não podemos concebê-la desvinculada
de sua inserção na sociedade. Só a partir disto podemos pensar
as nossas ações como gestores públicos, concorda?
Outra questão interessante é a distinção entre Admi-
nistração Pública e o que se denomina de governo. Essa re-
flexão nos permite perceber a ação de nossos políticos no
comando das máquinas estatais, bem como a nossa capaci-
dade, como cidadãos, de exercer o controle sobre o uso de
recursos públicos no que tange à eficiência, eficácia e
efetividade dos serviços públicos.
Também conhecemos os conceitos de governança e
governabilidade, indispensáveis para a sua avaliação,
como futuro gestor, das dinâmicas da Administração Pú-
blica contemporânea.
Se você consegue fazer essas articulações a partir dos
temas tratados até aqui, já pode considerar-se possuidor de
um domínio conceitual extremamente satisfatório. Caso
contrário, faça uma releitura dos temas tratados, discuta com
seu tutor e com seus colegas de turma no Ambiente Virtual
de Ensino-Aprendizagem (AVEA). Persista, pois você é o mai-
or responsável por seu sucesso.
Atividades de aprendizagem
Agora que você já domina os conceitos básicos sobre
Administração Pública, realize as atividades que elaboramos
para que você possa avaliar a sua aprendizagem.
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UNIDADE 2
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E SUAS TIPOLOGIAS
DOMINAÇÃO TRADICIONAL E
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PATRIMONIALISTA
Caro estudante,
Nesta Unidade, veremos como a Administração Pública
assumiu configurações distintas ao longo de sua existência
até os dias atuais. O que é fundamental para darmos
continuidade aos nossos estudos.
Iniciaremos conversando sobre o conceito de dominação e
fazendo um percurso histórico mostrando como ele é vital
para as tipologias da Administração Pública a serem
descritas. Será um passo importante, pois a partir desses
conhecimentos adquiridos, você poderá reconhecer nas
próximas Unidades essas mesmas configurações na história
da Administração Pública no Brasil.
Então, mãos à obra. Aproveite mais esta Unidade para a
construção de novos conhecimentos. Bons estudos!
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Patrimonialista o aparelho de Estado atua como uma extensão do
poder do monarca. Os servidores públicos possuem status de nobreza
real, e os cargos funcionam como recompensas, o que gera o
nepotismo. Tudo isso contribui para a prática da corrupção e do controle
Para melhor visualizar
do órgão público por parte dos soberanos. Observe a Figura 4.
esse tipo de dominação
tradicional assista ao
filme Elizabeth: a era de
ouro. Veja alguns
trechos desse filme no
endereço eletrônico:
<http://www.youtube.
com/watch?v=
rV9Q_R4Uu00>. Acesso
em: 1º dez. 2010.
DOMINAÇÃO RACIONAL-LEGAL E
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
BUROCRÁTICA
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cabe a ele tão somente seguir o prescrito. No processo de trabalho
industrial, por exemplo, a alienação estaria vinculada à separação
do trabalhador da capacidade de conceber aquilo que executa.
Lembra-se do filme No entender de Weber (1984), a dominação legal passa então
Tempos Modernos que a ser a forma predominante de governo na sociedade moderna,
sugerimos na Unidade 1?
existindo nas esferas organizadas da sociedade (empresas, clubes,
Nele encontramos um
associações, partidos políticos etc.) e do Estado.
modelo de alienação.
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no gover no de Margareth Thatcher, sendo expandidas,
posteriormente, para outros países.
Por fim, podemos afirmar que a Nova Gestão Pública
Dentre esses países, representa um conjunto de reformas da Administração Pública que
temos os Estados Unidos, passou a vigorar em diversos continentes, desafiando as
a Nova Zelândia, a configurações vigentes até os anos 1970, calcadas no modelo
Austrália, a Suécia e o
burocrático. Na Unidade 3 você vai conhecer algumas dessas
Brasil – como veremos na
Unidade 6.
experiências pioneiras.
Resumindo
Nesta Unidade, você estudou diversas tipologias da
Administração Pública, desde a do tipo Patrimonialista até a
Nova Gestão Pública.
Pudemos perceber que uma das marcas da Adminis-
tração Pública de cunho patrimonial era o fato de os bens
pertencentes ao senhor governante se confundirem com a
propriedade estatal, sem diferenciação. Vimos ainda que
nessa tipologia a pessoalidade, a crença na tradição, a fide-
lidade ao senhor governante e o seu poder arbitrário, des-
provido de caráter legal, fincaram as raízes de sua existên-
cia ao longo de séculos.
No entando, a Administração Pública Burocrática foi
solidificada com o advento do Estado moderno, desenhan-
do suas marcas em contraposição ao patrimonialismo. A bu-
rocracia, conforme análise clássica de Max Weber, foi o tipo
de Administração Pública mais puro e apropriado à emer-
gência da sociedade capitalista de base industrial, firman-
do-se como a conhecemos hoje. Dentre as suas principais
características estão o fim da lealdade pessoal e da tradição
como fonte de autoridade. A lei, as regras escritas e impes-
soais passam a definir as relações de mando e obediência.
Por fim, aprofundamos nosso conhecimento sobre a
Nova Gestão Pública, que veio no bojo das mudanças
socioeconômicas a partir dos anos 1970, contrapondo-se ao
modelo burocrático de Administração Pública, tomado este
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Teorias da Administração Pública
Complementando...
Para saber mais sobre Max Weber, faça a leitura sugerida a seguir:
Atividades de aprendizagem
Certifique-se de que você entendeu a discussão proposta
nesta Unidade respondendo às atividades de aprendizagem
a seguir:
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UNIDADE 3
A NOVA GESTÃO PÚBLICA:
CASOS PIONEIROS
A CONFIGURAÇÃO DO
ESTADO GERENCIAL
Caro estudante,
Agora que você estudou os princípios que marcam a chamada
Nova Gestão Pública (NGP), vamos, nesta Unidade, conhecer
onde ela foi aplicada a partir do final dos anos 1970.
Destacaremos ainda quatro experiências marcantes
reconhecidas na literatura especializada, tidas aqui como
pioneiras e, sendo o caso britânico, situado como o marco zero,
ou seja, a origem desse movimento de mudanças na
Administração Pública – de Burocrática para Gerencial.
Vamos mostrar também como a NGP pensa a ação do
Estado, bem como as experiências mundiais mais
marcantes de sua aplicação. Na Unidade 6, veremos como
ela foi praticada no Brasil.
Bons estudos!
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e a capacidade de inovação.” (WOOD JÚNIOR, 2001, p. 131).
Até aqui vimos questões É importante observarmos que o modelo da NGP visto até
sobre a NGP no mundo.
aqui, embora tenha tido um impacto em nível internacional, não se
Na Unidade 6, você vai
ver essa questão voltada constituiu em um receituário único, ou seja, não foi implantado de
para o Brasil.
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em nível federal baseado nas ideias de reinvenção do governo,
propostas no livro de Osborne e Gaebler (1995).
Assim, foi lançado o National Performance Review (Revisão
Você se lembra das do Desempenho Nacional), programa que teve como concepção
ideias propostas por central a execução de mais trabalho a um custo menor. Nele, o
Osborne e Glaeber papel do Estado passa de fornecedor para facilitador ou
descritas
empreendedor, com vistas à maximização da utilização de recursos
anteriormente? Caso não
as tenha fixado, retome a públicos em busca de maiores índices de produtividade e efetividade.
leitura deste material A orientação maior não se deu por uma redução inconsequente do
para absorver essa parte tamanho do Estado, mas sim por sua reinvenção, mais atento às
do conteúdo. Se ainda
demandas do cidadão tomado como cliente.
restarem dúvidas, não
hesite em conversar com Em síntese, Bresser-Pereira (1998a) aponta que a reinvenção
o seu tutor. do Estado norte-americano reduziu o número de servidores públicos
em 300 mil, e vários serviços públicos foram terceirizados e/ou
“semiprivatizados” por meio de sua transferência para organizações
públicas não estatais. Os gestores públicos foram incentivados ao
uso de técnicas empresariais de gestão, tor nando-se mais
competitivos para o alcance de melhores resultados.
Com base nessa breve explanação, note que dentre as quatro
experiências aqui relatadas, a dos Estados Unidos é a que menos
tem ressonância, embora sejam destacadas as iniciativas do período
do governo de Bill Clinton. Bresser-Pereira (1998a) aponta uma
pista para isso ao afirmar que nos anos 1970, quando o Presidente
republicano Ronald Reagan tentou caminhar em consonância com
o modelo britânico, não logrou tanto êxito, dado o pluralismo político
reinante no país à época, dominado pelos democratas, bem como
Complementando......
Faça as leituras sugeridas, a seguir, e perceba como é importante diversificá-las.
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Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade, vimos como a NGP foi experimentada
em quatro países, tratados na literatura como os pioneiros
nessa empreitada. Podemos ainda evidenciar como, em to-
dos eles, foi o Estado que assumiu o caráter gerencial em
oposição à Administração do tipo Burocrática.
Foi possível ver que, no modelo Gerencial, o Estado
é mais flexível e descentralizado, bem como transfere
parte de suas atividades a terceiros privados ou a entida-
des não governamentais.
Conversamos ainda sobre o histórico da NGP que teve
início na Grã-Bretanha a partir do governo de Margareth
Thatcher. Na Nova Zelândia e na Austrália, essa modelagem
de Administração Pública logrou grandes êxitos. Nos Esta-
dos Unidos, entretanto, embora Reagan tenha tentado
implantá-la à mesma época de Thatcher, não obteve o mes-
mo sucesso, só alcançado, posteriormente, pelo Presidente
democrata Bill Clinton.
Embora semelhantes quanto aos objetivos de
maximização da qualidade e da efetividade dos serviços
públicos, essas quatro experiências, como ficaram demons-
tradas, não foram traduções de um modelo único. Ou seja,
tornaram-se específicas em cada país.
Agora você deve estar se perguntando: e no Brasil? As
Unidades 4, 5 e 6, a seguir, vão tratar das especificidades da
Administração Pública no País, desde os seus primórdios, à
época da colonização portuguesa, até os dias atuais, em que
vivenciamos, a partir dos anos de 1995, a nossa versão de
NGP, batizada de Administração Pública Gerencial.
Atividades de aprendizagem
Certifique-se de que você entendeu a discussão proposta
para esta Unidade respondendo às atividades de
aprendizagem propostas a seguir:
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UNIDADE 4
O PATRIMONIALISMO NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
OS PRIMÓRDIOS DO PATRIMONIALISMO
PORTUGUÊS NA GESTÃO COLONIAL
Caro estudante,
Nesta Unidade, você vai estudar a Administração Pública
no Brasil, desde a sua colonização pelos portugueses até
1808, período em que a Coroa portuguesa migrou para a
então Colônia. Você vai poder estudar como, na origem, a
nossa Administração Pública foi reflexo da portuguesa,
praticada na metrópole até então. Vamos, assim, mostrar
como vivenciamos a fase patrimonial influenciada pela ação
do Estado português.
Desse modo, você vai perceber como a tipologia da
Administração Pública Patrimonialista, estudada na Unidade
2, foi vivenciada nos trópicos. É importante que você releia
os conceitos vistos naquela Unidade para poder perceber
melhor como aqueles aportes teóricos se reproduziram em
nossa prática colonial cotidiana.
Bons estudos!
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Passa então, esse soberano como senhor do reino, a dispor
de poder político e econômico, dada a posse de todas as terras,
dotando a Coroa de enorme patrimônio rural, não se distinguindo,
então, entre o que era de domínio privado (público) daquilo que
Em caso de dúvida sobre
pertencia ao monarca.
essa não distinção entre Esse mesmo patrimônio monárquico, maior do que o do clero
propriedade pública e do e o dos nobres, era responsável pelas rendas necessárias à
soberano, retorne à
manutenção da Corte, bem como do financiamento de guerreiros e
Unidade 2 e faça uma
releitura do assunto.
representantes da monarquia espalhados pelo reino. O rei era, ao
mesmo tempo, senhor da guer ra e de ter ras. Não havia
intermediários entre o soberano e seus súditos, sendo estabelecida
uma relação direta de mando e obediência.
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O PATRIMONIALISMO NO
BRASIL COLONIAL
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França e Inglaterra, dentre outros, em constantes até as alturas da atual cidade de São Pau-
lo.” Fonte: <http://tinyurl.com/ykgcgos>.
“invasões”. Urgia que Portugal, ante as ameaças
Acesso em: 22 fev. 2009.
de perda do território conquistado, providenciasse
a efetiva colonização de seus domínios.
Para tanto, a Coroa portuguesa, pelo então rei Dom João III,
decidiu criar, em 1534, as chamadas capitanias hereditárias.
Ou seja, a divisão do território colonial em quinze “[...] lotes de
cinquenta léguas de costa e pelo interior, até a demarcação da linha
de Tordesilhas, a ser feita ainda, evidentemente.” (IGLÉSIAS, 1995,
p. 23). Esses lotes deram origem a catorze capitanias que foram
então doadas a doze donatários.
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Complementando...
Para saber mais sobre as capitanias hereditárias, faça a leitura da obra
indicada a seguir:
Resumindo
Nesta Unidade, vimos, inicialmente, as características
da Administração Pública Patrimonialista portuguesa, ante-
rior à vinda da família real para o Brasil. Estudamos as práti-
cas da Monarquia patrimonial na metrópole e a emergência
dos estamentos, ou seja, do que poderíamos denominar de
nascedouro da burocracia estatal, a partir do surgimento de
grupos de funcionários de alto escalão que passaram a go-
vernar o Brasil, sempre ao lado do monarca, beneficiando-
se de privilégios e de honrarias que os distinguiam na soci-
edade, à época.
Na sequência, verificamos a transposição desse mo-
delo de gestão pública para o Brasil colonial, conservando e
reproduzindo características patrimoniais e estamentais.
A burocracia estatal colonial aqui instalada estava longe de
ser parecida com a dos dias atuais, visto que não seguia obe-
diência às regras de impessoalidade, de racionalidade; nem
tão pouco o critério de mérito profissional era uma condi-
ção para o ingresso de funcionários em seus quadros.
Por fim, vimos ainda outras marcas importantes desse
período Colonial, como as experiências das capitanias here-
ditárias, dos governos-gerais e a do território em dois Esta-
dos, ao Norte e ao Sul, e sua posterior unificação, tudo isso
em busca de alguma eficiência na gestão da enorme exten-
são de terras da Colônia, por parte da Coroa portuguesa.
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Teorias da Administração Pública
Atividades de aprendizagem
Preparamos para você algumas atividades com o objetivo
de recordar o conteúdo estudado nesta Unidade. Em caso
de dúvida, não hesite em fazer contato com seu tutor.
UNIDADE 5
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
BRASILEIRA RUMO À BUROCRATIZAÇÃO
Módulo 3
103
Teorias da Administração Pública
BRASIL: DA MONARQUIA
À REPÚBLICA VELHA
Caro estudante,
Nesta Unidade, você vai estudar as trajetórias da
Administração Pública do tipo Patrimonial a partir de 1808,
com a vinda do rei D. João VI e sua comitiva para a Colônia,
quando aportou no Brasil todo um conjunto de práticas
patrimoniais de gestão estatal, antes nunca visto. Nos anos
de Monarquia, desde a independência de Portugal, essas
práticas não se modificaram, e durante a República Velha,
período que se estende de 1889 a 1930, o patrimonialismo
foi assumindo faces típicas, a partir do fenômeno de
coronelismo, solidificando marcas que passam, então, a
resistir ao tempo.
Entretanto, os anos de 1930 foram de fundamental
importância para a nossa disciplina, pois a partir de um
aparato de mudanças, a nossa Administração Pública
finalmente assumiu um caráter burocrático provocando uma
ruptura com o tipo Patrimonial. Você vai ver, então, que
passamos a vivenciar um período de muitas transformações
no setor público brasileiro. Um momento histórico de muita
relevância, no qual a gestão estatal passou a ser
profissionalizada e técnicas científicas de Administração
foram implantadas sem precedentes. Nos anos seguintes,
em particular de 1964 a 1985, fase em que o Brasil vivenciou
os regimes militares de governo, estudaremos o segundo
momento de modernização administrativa burocrática no
Brasil, com o advento do famoso Decreto-Lei n. 200/67.
Você está pronto para continuar essa empreitada? Temos a
certeza de que sim! Bons estudos!
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que aconteceria em 1822. Vejamos como isso se deu.
Junto com D. João VI, aportou na Colônia uma quantidade
substancial de nobres, cortesãos, lacaios, comerciantes, militares
e, o que é mais importante para o tema desta Unidade, um conjunto
Lembra-se do filme
Carlota Joaquina, de altos funcionários e representantes da máquina governamental
princesa do Brasil? Caso portuguesa. Muitos dos habitantes do Rio de Janeiro, à época,
ainda não o tenha tiveram suas casas confiscadas para o abrigo dos desembarcados,
assistido, procure-o em
entre doze a quinze mil pessoas, já que a cidade não dispunha de
uma locadora próxima de
sua casa para explorar a
outras habitações disponíveis.
chegada da família real Imagine você os distúrbios causados no Rio de Janeiro,
em nossas terras. quando desse desembarque, à época uma cidade com poucos
habitantes e habitações, fétida e descuidada. Há registros de que
cerca de 2.000 proprietários tiveram suas casas confiscadas, sem
nenhuma forma de indenização que compensasse, devidamente,
essa espoliação. As casas “eleitas” para o confisco pela Corte recém-
chegada recebiam o “carimbo” de PR – Príncipe Regente.
Esse carimbo ficou conhecido pelo povo como: “Ponha-se na Rua!”
Essa prática, ícone do patrimonialismo, gerou fartos descontentamentos
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seu desfrute e gozo. Os fidalgos ganharam pensões; os oficiais da
Armada e do Exército, acesso aos postos superiores; os civis e
eclesiásticos, empregos e benefícios. Os reinóis transmigrados,
arrogantes e desdenhosos da terra, doidos para volver às delícias
lisboetas, não compreendiam o País e o tratavam como uma
Aqui entendidos como
conquista a ser explorada. (FAORO, 2001). aqueles naturais de um
reino, no caso, o
português.
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Teorias da Administração Pública
A BUROCRATIZAÇÃO:
DOS ANOS 1930 A 1985
Você pode imaginar como era difícil para um eleitor nessa época
exercer livremente o direito de escolha de seus representantes
políticos, não? Lembremos ainda que o voto não era secreto.
Logo, você já pensou o poder que detinham os coronéis em
suas terras, em um País de economia agrária predominante,
de população pobre e dependente de seus favores? Dessa forma,
era fácil constituir “currais eleitorais” e garantir o “voto de
cabresto”. Você consegue entender como essas práticas, em
suma, reproduziram o patrimonialismo na Administração
Pública brasileira, mesmo já no período Republicano?
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sentido de que passou a adotar princípios baseados na
racionalidade legal, configurando o que se pode, enfim, chamar de
Administração Pública Burocrática.
Assim, essa modernização do Estado se deu em um contexto
histórico-social específico, o qual rompeu com as amarras da Você está lembrado dos
economia agrário-exportadora baseado na exportação do café e conceitos de burocracia
v
Acesse: < http://
Público, em 1936, sendo transformado pelo Decreto-Lei n. 579 de
www2.camara.gov.br/
30 de julho de 1938, no Departamento Administrativo do Serviço internet/legislacao/
Público (DASP), órgão que ficou responsável pela concepção, legin.html/textos/
condução e execução das mudanças pretendidas, o que “[...] visualizarTexto.html?ideNorma=
350919&seqTexto=74074>
representou a afirmação dos princípios centralizadores e
e conheça o decreto de
hierárquicos da burocracia clássica.” (BRESSER-PEREIRA, 1998a, criação do DASP.
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Isso quer dizer que, na gestão pública, nunca um funcionário
é totalmente neutro, ou seja, um técnico ou tecnocrata, agindo de
forma baseada somente no seu conhecimento técnico. Ele é sim um
Um tecnocrata convicto técnico-político, isto é, alguém que possui conhecimento técnico,
afasta a sociedade civil mas que está sempre a serviço de grupos políticos que ocupam o
da Administração
poder de Estado e que, em última análise, definem as formas de
Pública, empobrece a
política e pratica uma
ação das políticas governamentais.
gestão autoritária. Outrossim, o funcionário é denominado técnico, pois, a
partir de seu conhecimento, executa ações de forma coerente, mas
sempre o faz com o intuito de atingir objetivos que não são
exclusivamente técnicos ou neutros, desprovidos de algum interesse
político. Mas como técnico-político ele deve estar preparado para
refletir sobre o que faz, ouvir críticas e reclames sociais, saber
negociar em situações de conflito, utilizando o saber técnico para
convencer, nunca para impor uma única alternativa.
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lei. Já o insulamento burocrático refere-se à definição de
instrumentos que promovem certa proteção do núcleo técnico do
Estado, ou, ainda, certo distanciamento do técnico em relação à
política, em busca de evitar a interferência da sociedade civil nas Você se recorda da
ações estatais. discussão sobre o
técnico-político? O
Desse modo, podemos entender o surgimento do
insulamento burocrático
universalismo de procedimentos, do insulamento burocrático e do é uma dessas práticas.
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Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade, verificamos que a Administração Pú-
blica Patrimonialista foi trazida de Portugal, pela comitiva
de Pedro Álvares Cabral, em 1500. A instalação da família
real portuguesa, em 1808, reproduziu e reforçou as raízes
patrimoniais da gestão estatal de origem lusitana em nos-
sas terras, confundindo o domínio das coisas privadas do
monarca no Estado. Vimos, também, como essas práticas
foram vivenciadas durante anos no Brasil.
Somente a partir de 1930 é que viemos a conhecer a
primeira iniciativa de ruptura com a ordem patrimonial, por
meio da introdução de uma grande reforma administrativa
do Estado, iniciada pelo presidente Getúlio Vargas, respon-
sável pela adoção de medidas que passaram a configurar a
Administração Pública Burocrática no Brasil, acarretando o
ocaso do ciclo patrimonial. Entretanto, vimos que esses tra-
ços patrimoniais como práticas sociais, resistiram e se repro-
duziram ao longo do tempo convivendo com outras práticas
ou gramáticas criadas após as experiências burocráticas.
Os governos militares, pós-1964, reforçaram a moder-
nização da gestão estatal marcando essas iniciativas pelo
reforço da Administração Indireta, baseada no princípio da
descentralização, por meio da edição do Decreto-Lei n. 200/
67. Esse decreto propiciou uma cisão entre a chamada Ad-
ministração Indireta e a Direta, na medida em que a Indireta
gerou uma gestão paralela, mais flexível e autônoma, forte
e profissionalizada, e a segunda foi enfraquecida, tornan-
do-se lenta e pouco profissionalizada.
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Atividades de Aprendizagem
UNIDADE 6
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
GERENCIAL NO BRASIL
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Teorias da Administração Pública
O ADVENTO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA GERENCIAL
Caro estudante,
Bem-vindo à ultima Unidade desta disciplina. Agora vamos
estudar as propostas de mudança da Administração Pública
Burocrática para a denominada Administração Pública
Gerencial no Brasil, baseada nos pressupostos da Nova
Gestão Pública (NGP), que estudamos na Unidade 3.
Conheceremos esse processo e os seus desdobramentos
até os dias atuais. Você está preparado para seguir adiante?
Acreditamos que sim!
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v
Administração Pública Gerencial, inserida no bojo de um conjunto
de ações inerentes ao que foi denominado de processo de
“reconstrução” do Estado. Dentre seus objetivos principais constava
modernizar e aumentar a eficiência dos governos da União, dos
Conheça os detalhes do
Estados e municípios, bem como contribuir para o ajuste fiscal
Plano Diretor da Reforma destes, sugerindo “enxugamentos” de quadros de pessoal em
do Aparelho do Estado no excesso, a fixação de tetos de remuneração para servidores púbicos
site <http://www.
e mudanças nas regras inerentes à aposentadoria e à previdência.
bresserpereira.org.br/>.
Assim, na perspectiva da reforma gerencial, o papel do
Estado, contrapondo-se ao modelo do Estado Social Burocrático,
seria o do Estado Social Liberal, ou seja, protetor dos direitos
sociais, promotor e não agente econômico do desenvolvimento,
capaz de realizar serviços sociais por meio de estruturas
organizacionais flexíveis públicas, porém não estatais. Iniciou,
assim, a transição da Administração Pública do tipo Burocrática
para a Gerencial, ancorada em três dimensões básicas. São elas:
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Teorias da Administração Pública
v
cunho competitivo. No plano da gestão propriamente dita, os
aparelhos estatais deveriam ser dotados de instrumentos gerenciais
modernos capazes de garantir sua maior eficiência e eficácia.
Incluía-se nessas
De acordo com Osborne e Gaebler (1995), o orçamento seria
ferramentas gerenciais a uma importante peça para um governo de resultados, na medida
avaliação de em que deve refletir as missões de determinado governo, os seus
desempenho por meio de
objetivos específicos, bem como os resultados de qualidade a serem
indicadores específicos,
alcançados. Logo, torna-se possível não só o acompanhamento da
sugerida pela obra
Reinventando o Governo – execução daquilo que foi previsto, como também a que custos os
de David Osborne e Tom resultados foram alcançados no plano qualitativo.
Gaebler.
Note que a Administração Pública Gerencial pretendida
desde 1995, foi uma das opções do governo FHC frente à crise do
Estado, no intento específico de superar os entraves históricos do
modelo burocrático clássico e em sintonia com um novo padrão de
desenvolvimento, marcado pelas novas tecnologias. Ou, ainda, a
definição de um modelo distinto de Estado, que deveria ser atuante
e gerencial, sem, necessariamente, adotar o gigantismo de seu
antecessor burocrático, herdado do regime militar.
Nesse cenário, a Administração Pública Gerencial passou a
defender características, tais como:
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v
a ser realizados por entidades públicas não estatais denominadas
de Organizações Sociais (OS), ou seja, prestadoras de serviços de
interesse público, sem, entretanto, pertencerem ao Estado, sendo
Para conhecer em
constituídas na esfera do Direito privado.
detalhes a proposta de
concepção e criação das
OS, acesse <http:// Você deve estar pensando: como assim? Isso significaria
www.planejamento.gov.br/
privatizar a saúde e a educação no Brasil?
secretarias/upload/
Arquivos/publicacao/
seges/PUB_Seges_Mare_
caderno02.PDF>. Acesso A opção pela esfera pública não estatal não significaria a
em: 1º dez. 2010. privatização do Estado, conforme os pensadores do MARE. Isso
porque as OS atuariam em áreas em que o mercado é incapaz de
atuar ou até compete com o Estado (educação e saúde, por
exemplo) e cujas organizações estatais não se apresentam de forma
eficiente e flexível na execução de serviços públicos. Do mesmo
modo, as OS seriam públicas porque estariam voltadas para
o interesse público, sem fins lucrativos ou corporativos e não
estatais por não serem de propriedade do Estado. Ou seja, não
confundiriam, neste caso, aquilo que é público com o que é de
natureza estatal.
Logo, para prestarem serviços de natureza pública, as OS
deveriam estabelecer parcerias com o Estado, por meio de um
processo denominado pelo então ministro Bresser-Pereira como
publicização, do seguinte modo:
X os indicadores de desempenho;
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Teorias da Administração Pública
v
A estratégia de extinção de entidades estatais e de
contratação de OS para a execução de atividades não exclusivas
de Estado foram também vivenciadas por Estados e municípios,
Para saber mais sobre
como ocorreu na cidade de São Paulo, por exemplo, quando foram
essas polêmicas, acesse o
firmados contratos com várias OS locais para a prestação de site do professor Bresser-
serviços de saúde. Essa estratégia tem gerado conflitos judiciais Pereira <http://www.
contrários a esse procedimento. Polêmica jurídica semelhante bresserpereira.org.br/>.
Acesso em: 1º dez. 2010.
experimentou o Estado de Santa Catarina que, por meio da
Lei n. 12.929, de 4 de fevereiro de 2004, criou o Programa Estadual
de Incentivo às Organizações Sociais.
Desse modo, o Estado Social-Liberal se configurou como
flexível, mais enxuto, descentralizado e “publicizado” no plano das
estruturas organizacionais, como vimos até aqui. No plano da
transformação da cultura burocrática para a gerencial, as principais
ações foram tentadas por meio de programas e políticas de recursos
humanos. Dentre elas podemos enumerar:
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v
Surgem, então, as iniciativas inerentes às chamadas novas
tecnologias de gestão organizacionais, que passaram a pregar a
flexibilização dos processos de produção constituindo como palavras
Algumas dessas novas
de ordem a busca da qualidade total, a gestão democrática, a
tecnologias de gestão terceirização, a redução de estoques, o defeito zero, a polivalência
são tratadas, do trabalho, a multiqualificação do trabalhador, a reengenharia,
detalhadamente neste
dentre outros. O culto a essas práticas de gestão deu origem ao
curso, nas disciplinas
Gestão de Operações e
movimento gerencialista.
Logística II e Gestão da Essas ideias foram reforçadas com o lançamento da “onda”
Qualidade no Setor a Gestão da Excelência, nos Estados Unidos, nos anos 1980, como
Público.
um modelo capaz de conter, em seu bojo, um cabedal de preceitos
necessários ao alcance do sucesso competitivo das organizações
produtivas ocidentais nos mercados mundiais.
Alguns atributos passaram a ser caracterizadores de
organizações inovadoras e excelentes. Dentre eles, ganharam
destaque:
administração, tratando a gestão estatal por uma via tecnicista, ferramenta neutra na
perspectiva técnica? Em
descolada de suas bases políticas. Isto é, não enfrentou questões
v
caso de dúvida, retorne
complexas da dinâmica da participação social em uma sociedade àquelas páginas para
democrática, não integrando questões técnicas e políticas, auxiliar a sua reflexão.
indissociáveis no plano das relações entre Estado e sociedade.
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v
comportamento nos quais os valores gerenciais superariam os
valores burocráticos. As críticas a essa ênfase nos valores gerenciais
ocorrem exatamente em razão de que essa tendência reforçaria a
postura técnica do gestor público, negando, de certa forma, sua
Na Unidade 3, tratamos
capacidade de ação como técnico-político, necessária no setor
dessa proposta da
público, como defendemos na Unidade 5. Administração Pública
De outro modo, ancorada nos pressupostos da NGP, a Gerencial no Brasil, você
se recorda? Consulte
substituição do perfil denominado como administrador burocrático
novamente aquela
por aquele identificado como novo gerente concebe um perfil Unidade caso sinta
gerencial voltado à racionalidade, à competição e ao sucesso necessidade.
enfatizando um tipo ideal de gerente impregnado e obcecado por
desempenhos eficazes, movido pela busca da produtividade e
resultados maximizadores, sempre atento ao mercado. A questão
polêmica é exatamente a preocupação com essa lógica de ação na
gestão estatal: será que podemos tratar a gestão de serviços públicos
com a mesma lógica com que tratamos a gestão empresarial
privada? Essa questão é o cerne das críticas.
Portanto, apesar de serem importantes para a melhoria da
prestação dos serviços públicos, a introdução de ferramentas mais
apuradas de gestão, como proposto pela NGP ou Administração
Pública Gerencial, no caso brasileiro, permitem, por meio de críticas,
a reflexão do modo como essas ferramentas são trazidas do setor
privado da economia sem a sua devida contextualização para a
gestão pública, bem como a ênfase ao mercado que, segundo seus
críticos, é dada na NGP.
Que desejamos uma prestação de serviço público de
qualidade, ninguém duvida; entretanto, temos que pensar sob que
condições ela será alcançada. Será que podemos dar ao setor público
o mesmo tratamento dispensado às empresas privadas em suas
lógicas de competição e de mercado?
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Mas o que isso tem a ver com gestão pública, você deve estar
se questionando, não é?
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Teorias da Administração Pública
Resumindo
Nesta Unidade, estudamos os rumos da Administra-
ção Pública Gerencial no Brasil, a partir de 1995. Apoiado
nas ideias da Nova Gestão Pública, vistas na Unidade 3, o
professor e então Ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, por
intermédio do Ministério da Administração Federal e da
Reforma do Estado (MARE), concebeu um conjunto de pro-
postas que pressupunham uma crítica contundente ao mo-
delo de Administração Pública Burocrática, que, no enten-
dimento do MARE, havia se tornado ineficiente e incapaz de
responder as demandas da sociedade brasileira.
Assim, por meio da edição do Plano Diretor da Refor-
ma do Estado, em 1995, foi iniciada a árdua tarefa de “re-
construir” o Estado, conforme pregavam seus idealizadores.
O papel do Estado deixava de ser agente do desenvolvimento
econômico, para se limitar a ser o fomentador desse pro-
cesso, definindo os rumos das políticas públicas nesse sen-
tido, passando, ainda, a realizar serviços sociais por meio da
flexibilização de suas estruturas organizacionais e abrindo
espaço para as entidades públicas não estatais – as Organi-
zações Sociais (OS).
As OS caracterizaram, em nosso entendimento, a pro-
posta mais ousada e pioneira dentre as demais da Adminis-
tração Pública Gerencial. Foram também desenvolvidas ini-
ciativas na área de gestão de pessoas, bem como na de
otimização de procedimentos administrativos.
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Atividades de aprendizagem
Certifique-se de que você entendeu a discussão proposta
para esta Unidade respondendo às atividades de
aprendizagem a seguir.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Teorias da Administração Pública
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Teorias da Administração Pública
Referências
ABRÚCIO, F. L. Os avanços e os dilemas do modelo pós-burocrático: a
reforma da Administração Pública à luz da experiência internacional
recente. In: BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; SPINK, Peter. (Org.).
¨
Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 173-199.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. 2. ed. São Paulo: Ática, 2003.
477 p.
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Teorias da Administração Pública
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179
Teorias da Administração Pública
PAULA, Ana Paula Paes de. Por uma Nova Gestão Pública: limites e
possibilidades da experiência contemporânea. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
204 p.
Módulo 3
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Teorias da Administração Pública
M INICURRÍCULO
Gelson Silva Junquilho
1
ISBN 978-85-7988-026-1
Universidade
Federal
Fluminense