Umidade Ascendente
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I. INTRODUÇÃO HISTÓRICA 4
3.3 PROCESSOS ELECTRO - OSMÓTICOS (Electro Osmose Activa; Electro Osmose Passiva; 17
Electro Osmose Forese)
3.3.1.1 Princípio 17
3.3.1.2 Aplicação em Obra 17
3.3.1.3 Eficácia 18
3.3.1.4 Limitações 18
A grande maioria dos edifícios construídos nos séculos XVII e XVIII não
possuem qualquer protecção contra a humidade ascendente do solo, pois
pouco foi feito até finais do séc. XlX, excepto certos aspectos de drenagem, ou
afastamento das águas freáticas dos edifícios.
Outros avanços foram feitos no século XIX. Na América, pedras de origem calcária ou
granítica foram largamente utilizadas, especialmente em edifícios públicos, para
prevenção da ascensão capilar do solo, bem como barreiras à penetração de água
das chuvas.
Downing notou também que “… em solos húmidos, a ascensão da água deve ser
prevenida, antes de as fundações serem construídas, através de uma fiada de pedra,
ou tijolo argamassado, precedida de uma camada de cimento ou argamassa de cal
hidráulica no topo da fundação. O detalhe por ele recomendado é, nada mais do que
o antecedente de um dos 5 processos hoje em dia conhecidos para combate a este
tipo de anomalia – a introdução de barreiras estanques nos paramentos.
Entre as guerras, foram pela primeira vez executados vários estudos relativos à
ascensão capilar e ao aparecimento de eflorescências, formando uma base científica
para a compreensão destes fenómenos.
Com o final da 2ª Grande Guerra, deu-se início à era dos materiais sintéticos e alta
tecnologia na indústria da construção.
Nos Estados Unidos eram introduzidos produtos químicos e, por vezes, argila nos
terrenos adjacentes às fundações com vista a travar a subida da humidade do solo
para as paredes.
Tal com aconteceu com vários produtos no séc. XIX, alguns dos tratamentos divulgados
no séc. XX revelaram-se ineficazes ou inconclusivos. Na década de 70 tornou-se
evidente a ineficácia dos drenos Knapen, muito utilizados desde a sua invenção. Os
processos electro osmóticos – activo e passivo – também se mostraram ineficazes. As
barreiras de silicone foram encontradas, em certos casos, a prejudicar a construção, ao
invés de as proteger, e as injecções no solo eram também, geralmente, pouco
eficientes.
Para concluir, convém referir que os edifícios antigos, particularmente os que possuem
cariz histórico, não devem ser vistos como alvo de testes de materiais não
experimentados. De modo a evitarem-se experiências semelhantes às atrás descritas, e
antes de se proceder a qualquer tipo de solução de reparação, há que compreender e
analisar os tipos e as causas fundamentais dos problemas relativos à humidade. Os
técnicos terão de estar aptos a executar diagnósticos e a seleccionar o tratamento
adequado a cada situação.
II – A HUMIDADE ASCENDENTE
Na maior parte dos casos não se pode evitar que o solo seja
húmido. Pode estar saturado ou não de humidade, ou seja, os seus
poros podem ou não estar cheios de água líquida. Grande parte do
solo encontra-se sempre saturado de água, formando a camada de
água subterrânea ou freática1 , cujo nível superior corresponde ao
nível de água nos poços.
Camada húmida
Uma molécula no interior de um líquido, longe
Ascenção capilar
portanto da superfície, será igualmente atraída em
Poço
da humidade do
solo saturado de todas as direcções pelas moléculas vizinhas, pelo
água
que as forças de coesão se equilibram. Contudo,
Camada aquática
subválvea para as moléculas próximas da superfície, dada a
inexistência de outras moléculas de líquido acima
delas, as forças de coesão não estão equilibradas
Fig. 2.1 – Distribuição da água nas camadas do solo.
e, em resultado, a superfície do líquido fica
tensionada (fig. 2.2).
Assim, para que possam ocorrer manifestações de humidade É também a tensão superficial que explica a
curvatura observada da água junto das paredes
proveniente do terreno, sejam de origem capilar ou freática, é
do tubo (fig. 2.1).
necessário que as paredes se encontrem em contacto com a água
do solo, o que pode acontecer nas seguintes situações [5]: Uma molécula junto à parede do tubo, não sofre
desse lado a acção de moléculas de água. No
entanto, pelo efeito observado, torna-se evidente
- fundações das paredes situadas abaixo do nível freático;
que esta molécula é atraída pelas moléculas do
vidro e que essa força se sobrepõe à acção
- fundações das paredes situadas acima do nível freático em exercida pelas moléculas de líquido inferiores. A
zonas cujo terreno possua elevada capilaridade, atracção entre moléculas de diferentes materiais
é designada por adesão. As moléculas que
provocando a ascensão da água existente a uma cota
sobem por adesão junto às paredes do vidro
inferior; estão também a contribuir para a tensão
superficial, puxando as moléculas vizinhas para
- paredes implantadas em terrenos pouco permeáveis ou com cima e originando a curvatura observada.
F = ρ . g . π . r2 . h = cosθ . 2 . π . r
O diagnóstico identifica a causa e o efeito do problema, usualmente g) Detecção de uma possível barreira
anti humidade existente, incluindo a
começando com a identificação deste último.
identificação do produto e sistema
utilizados.
Exame interno:
2.3.1 – Factores a considerar
a) Verificação da existência de fungos,
Os materiais de construção comuns diferem bastante entre si manchas e bolores;
relativamente à sua resistência à humidade. Este facto encontra-se
b) Verificação de desagregação de
relacionado com o grau da mesma existente no ar e com a
pinturas e rebocos;
capacidade que o material possui para a atrair. Para isto concorre a
sua composição química e a presença de sais que se encontram nas c) Verificação da existência de
paredes - seja por ascensão capilar, seja por integrarem os eflorescências;
A contaminação das alvenarias por uma banda de sais b) Determinação dos teores de
humidade dentro e fora das paredes;
higroscópicos poderá confirmar a existência de um problema deste
tipo, mas não possibilitará a distinção entre uma ascensão activa ou c) Verificação das juntas entre
passada. Para a verificação de tais situações será necessária a pavimentos/paramentos;
recolha – numa faixa vertical - de amostras in situ e a posterior
determinação dos teores de humidade e higroscopicidade de cada d) Detecção de uma possível barreira
anti humidade existente, incluindo a
uma. De facto, a altura onde os sais estão presentes revelará a identificação do produto e sistema
“história” da humidade – eles marcarão sempre a altura máxima a utilizados (se instalada no interior do
que ela ascendeu. Assim, poder-se-á também utilizar este método edifício);
para testar a eficiência de eventuais barreiras instaladas.
e) Verificação dos teores de humidade
nas superfícies paredes sob uma linha
É também essencial, nesta fase, proceder à eliminação de outras vertical e sob uma linha horizontal;
potenciais fontes de humidade - especialmente de condensações em
f) Verificação da existência de
meses frios – bem como à verificação de possíveis tratamentos
criptoflorescências;
anteriores nas paredes em causa, de modo a que o diagnóstico se
possa executar o mais correctamente possível (fig. 2.11), já que a g) Verificação da utilização de folhas de
determinação da relação causa/efeito se poderá tornar um polietileno ou metálicas em paredes;
processo extremamente complicado.
h) Listagem do tipo de materiais
utilizados em rebocos, pinturas,
estuques, etc.