Pedro Malasartes
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No largo tudo era finalmente paz. Os sinos
tocavam e da igreja saía um cortejo de
casamento. Como os convidados vinham
cumprimentar os noivos, ele não quis ficar
atrás. Aproximou-se do parzinho recém-
casado, feliz por apresentar também os seus
votos.
- “ Que se separem depressa! Que se
separem depressa!”
A noiva, furiosa, atirou-lhe com o ramo de
rosas à cara. Foi preciso os convidados
agarrarem o noivo para ele não lhe pregar
duas bofetadas.
Um dos convidados, que já o conhecia,
pretendeu dar-lhe uma lição.
- Para a outra vez dizes: “ Muitos destes
é que fazem falta, principalmente para
a gente nova.”
“ Muitos destes é que fazem falta, é que
fazem falta…”
Estava certo de que a frase não mais lhe
sairia da memória.
Rumou então pela rua principal, por onde
ia a passar um enterro. Os acompanhantes
vinham todos muito chorosos pois o morto
era um soldado que perdera a vida, na flor
da idade, numa batalha.
Pedro não deixou escapar a oportunidade
de ter uma palavra amável para quem tanta
tristeza mostrava.
- “ Muitos destes é que fazem falta.
Principalmente para a gente nova.”
Os outros soldados por pouco não deram
cabo dele.
Valeu-lhe o padre que acalmou a multidão
e procurou ensiná-lo:
- O que deves desejar é: “ Que Deus o
leve para o céu e depressa!”
- Nunca mais me engano! – prometeu o
pató.
Seguiu até ao jardim, sentou-se num banco,
à sombrinha, a ver quem passava.
Não teve muito que esperar. Nessa mesma
tarde celebrava-se um batizado. Que lindo
bebé, corado e gordinho ali chegou, todo
bem vestido, ao colo da madrinha! O nosso
moço aproximou-se, deu-lhe um beijo na
testa, exclamando com entusiasmo:
- “ Que Deus o leve para o céu e depressa!”
A mãe da criança desmaiou, o pai ficou
verde, a madrinha desatou a tremer. Com a
confusão, o bebé tanto berrava que ninguém
sabia o que lhe havia de fazer. Foi essa a
sorte de Pedro das Malasartes pois assim só
um miúdo correu atrás dele à pedrada.
Quando chegou a casa, ao pôr do Sol, exausto
de tantas aventuras, já a roupa lhe tinha secado
no corpo.
- Estás muito limpinho. Hoje portaste-me
bem. – alegrou-se a pobre viúva, sem calcular o
que se tinha passado.
E abraçou-o.
- Gosto de ti! – disse ela.
Ele sorriu, repetindo:
- Gosto de ti!
Projeto de Literacia Infantil
realizado pelos alunos do 2º ano
da EB1 do Picôto – Crestuma