Biocombustiveis Aula Completa PDF
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Biocombustíveis e Biomassa
Biocombustíveis e Biomassa
Autoria: Alexandre Witier Mazzonetto
Como citar este documento: MAZZONETTO, Alexandre Witier. Biocombustíveis e Biomassa. Valinhos:
2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: BIOGÁS 06
Assista a suas aulas 33
Unidade 2: BIOETANOL 41
Assista a suas aulas 63
Unidade 3: BIOEDIESEL 70
Assista a suas aulas 94
Unidade 4: BIOMASSA 101
Assista a suas aulas 118
2/221
Biocombustíveis e Biomassa
Autoria: Alexandre Witier Mazzonetto
Como citar este documento: MAZZONETTO, Alexandre Witier. Biocombustíveis e Biomassa. Valinhos:
2017.
Sumário
Unidade 5: RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) – “Lixo” 125
Assista a suas aulas 144
Unidade 6: PROCESSOS TÉRMICOS 152
Assista a suas aulas 172
Unidade 7: RESÍDUOS E OPÇÕES TECNOLÓGICAS 179
Assista a suas aulas 193
Unidade 8: REVISÃO E APLICAÇÕES 200
Assista a suas aulas 213
/221
3/221
3
Apresentação da Disciplina
Objetivos
A energia pode ser obtida de diversas ma- e água, a 35ºC, conseguindo obter 100 li-
neiras, uma delas é a produção de biogás a tros de gás por m³ de matéria. Vários países
partir de resíduos alimentícios, obtidos de (China, Índia, Paquistão) sempre utilizaram
indústrias, escolas, restaurantes, hospitais, o biogás como fonte de energia, pois está
entre outros, que geralmente os destinam associado ao tratamento sanitário e am-
para aterros sanitários. Esses resíduos po- biental dos resíduos orgânicos, uma opera-
dem servir de matéria-prima para a geração ção, então, com três benefícios.
de uma energia renovável, a partir da degra- O Biogás tem origem nos efluentes agrope-
dação da matéria orgânica - por bactérias cuários, agroindustriais e urbanos, resulta
anaeróbicas ou por processos térmicos. da degradação biológica anaeróbia da ma-
O Biogás não é um combustível novo, po- téria orgânica. Pode-se conseguir biogás a
rém, por muito tempo, a falta de preocupa- partir de: dejetos de animais, resíduo sólido
ção com o meio ambiente e os baixos preços urbano (RSU - “lixo”), vinhaça da produção
dos combustíveis fósseis deixaram o biogás de etanol e esgoto urbano.
à margem como opção energética. O biogás O poder calorífico do biogás varia entre
foi descoberto como gás dos pântanos no 22.500 a 25.000 kJ.m-3, assumindo o meta-
século XVII, mas foi só um século mais tarde no com cerca de 35.800 kJ.m-3, dependen-
que foi reconhecida a presença de metano do da concentração do metano no biogás
no gás dos pântanos. Já no século XIX, Ulys- (JORDÃO et al., 1995).
ses Gayon, aluno de Pasteur, realizou a fer-
mentação anaeróbia misturando estrume
7/221 Unidade 1 • BIOGÁS
A composição do biogás é difícil de ser de- Os produtos da biodigestão anaeróbia são:
finida, pois depende do material orgânico o biogás (biocombustível renovável) e bio-
utilizado e do tipo de tratamento anaeróbio fertilizante – matéria orgânica estabilizada
que sofre. Contudo, em linhas gerais, o bio- e com o pH entre 6,9 – 7,1, quando as maté-
gás é uma mistura gasosa composta prin- rias primas forem dejetos animais e vinhaça.
cipalmente por: metano (CH4): 50 – 65% do
volume de gás produzido; dióxido de carbo-
no (gás carbônico, CO2): 25 – 50% do volume
1. Biodigestão Anaeróbia
de gás produzido e traços de outros gases,
“Gases traços” em torno de 5% (Hidrogê- Todo o resíduo que seria descartado pode
nio (H2): 0 – 1% do volume, combustível; gás passar por um processo de transformação
sulfídrico (H2S): 0 – 3% do volume, – cheiro dentro de um biodigestor, produzindo o bio-
de ovo podre, elevada toxidade e corrosivo, gás (CH4 + CO2), gás combustível oriundo de
pode causar chuva ácida; oxigênio (O2): 0 – uma digestão anaeróbica, conhecido como
2% do volume – oxidante, corrosivo; amo- biogás.
níaco (NH3): 0 – 1% do volume; nitrogênio
(N2): 0 - 7% do volume; CO – tem poder ca- O processo de biodigestão anaeróbica é re-
lorífico a ser explorado, tóxico; NHS; NCO; alizado a partir de resíduos advindos de ou-
HC – X (Br, F, Cl) – problemas de corrosão; tros processos, conhecido como biomassa.
ciclohexano (C6H12 – biogás de aterro – tóxi-
A obtenção de energia se dá pela degrada-
co, ataca plástico e borrachas).
8/221 Unidade 1 • BIOGÁS
ção da matéria orgânica através da ação de diversos micro-organismos (CORTEZ, 2008).
A Figura 1 apresenta a degradação da matéria orgânica (quebra das moléculas grandes em mo-
léculas menores) e como se produz o biogás.
Figura 1. Esquema da biodigestão anaeróbia.
das em água.
Os bovinos confinados produzem diariamente até 40 kg de dejetos (cada um, incluindo fezes e
urina). Animais leiteiros também têm a mesma produção de dejetos, porém os animais passam
parte do dia soltos no pasto, o que impede a coleta dos dejetos; dessa forma, consideram-se
apenas os dejetos recolhidos na sala de ordenha e na área (curral) de espera (onde há alimenta-
ção concentrada para as vacas em lactação), ou seja, não é possível produzir-se comercialmente
biogás de criações soltas no pasto.
A Tabela 1 apresenta as produções médias de dejetos de algumas criações comerciais no Brasil
conforme de Barrera (1993) e Lucas Júnior (2003) (adaptados) e respectivas diluições a serem
respeitadas. Mesmo possuindo o maior rebanho bovino comercial, não é possível utilizar todo o
dejeto para produção de biogás.
Tabela 1. Quantidades de dejetos produzidos por dia e diluições recomendadas.
Os dejetos animais devem ser diluídos em água para que ocorra a biodigestão anaeróbia. O teor
de água deve normalmente situar-se em torno de 90% do peso do conteúdo total. Tanto o exces-
so, quanto a falta de água são prejudiciais.
No caso de suínos, todo dejeto pode ser recolhido, uma vez que as criações ocorrem em barra-
cões/galpões com pocilgas cobertas. O mesmo acontece com aves de corte e poedeiras, porém
aves de corte têm a “cama” retirada ao final da engorda (duas ou três engordas), por isso é reco-
mendado utilizarem-se biodigestores a batelada.
16/221 Unidade 1 • BIOGÁS
A biomassa com maior eficiência na produção de biogás são os dejetos animais, por estarem car-
regados de bactérias presentes no intestino, auxiliando o processo de fermentação (BARREIRA,
2011). Na Tabela 2 há alguns exemplos de dejetos animais e sua capacidade de produzir biogás.
Tabela 2. Produção de biogás através de diferentes dejetos
A vinhaça é considerada o principal subproduto da fabricação do álcool, não apenas pelo seu vo-
lume, mas, principalmente, devido ao seu elevado potencial poluidor. Tem, em geral, uma com-
posição rica em nutrientes minerais como potássio, cálcio e enxofre, além de apresentar elevado
teor de matéria orgânica (Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO), com pH variando de 3,7 a 5.
4. Purificação do Biogás
Lastella (2002), estudando a produção e a purificação do biogás, afirmou que a purificação do
biogás com a remoção do CO2 possibilita sua melhor utilização na geração de energia elétrica.
Além da energia elétrica, o biogás pode ser utilizado em todas as aplicações destinadas ao gás
natural. Mas nem todos os dispositivos utilizam os mesmos padrões de gás, desta forma, a re-
moção de certos componentes do biogás faz-se necessária. Os principais componentes a serem
removidos do biogás são: a água, o ácido sulfídrico (H2S), as partículas e o dióxido de carbono
(CO2) (Ad-Nett, 2000).
As técnicas empregadas para purificação do biogás são mostradas na tabela 7.
Link
Diversas notícias, artigos e entrevistas relaciona-
das à bioenergia são apresentados no site Canal
– Jornal da Bioenergia. Recomendamos a leitura
do artigo Retrospectiva canal/produção de biogás
tem grande potencial, mas depende de incentivos
para completar nossos estudos. Disponível em:
<http://www.canalbioenergia.com.br/ape-
sar-dos-recursos-disponiveis-producao-
-de-biogas-ainda-e-pequena/>. Acesso em: 1
dez. 2017.
29/221
Considerações Finais
• O biogás é um gás combustível de baixo poder calorífico, renovável e pode
ser porduzido a paritr de biomassas residuais pela biodigestão anaeróbia,
desde que tenha condições favoráveis e isolamento do oxigênio.
• A faixa de temperatura ótima para produção de biogás encontra-se entre
30º e 35º C, por isso é recomendável enterrar o biodigestor até que todo o
substrato esteja abaixo do solo, favorecendo, assim, a manutenção da tem-
peratura para o substrato.
30/221
Referências
ETT, G.; LANDGRAF, F.; DERENZO, S.; YU, A. S.; REIS, L. B. dos; MAZZONETTO, A. W.; ANTONOFF,
H. B.; SOUZA, L. A. A. de. Brazilian Bio–Fuels Production Scenario (Biogas, Biomethane and Bio-
syngas) in: Regional leaders summit - international seminar on biomass, biogas and energy
efficiency. São Paulo, 2013, p. 38-53.
31/221 Unidade 1 • BIOGÁS
FREIRE, J. F. & CORTEZ, L. A. B. Vinhaça de cana-de-açúcar. Guaíba, RS: Agropecuária, 2000,
203p.
GRANATO, E. F. Geração de energia através da biodigestão anaeróbica da vinhaça. Disserta-
ção apresentada à Faculdade de Engenharia da UNESP - Campus de Bauru, para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Industrial. 2003, 138 p.
International Panel on Climate Change, IPCC. Guidelines for National Greenhouse Gas Inven-
tories reference Manual, [Revised 1996], vol. 3, Disponível em: <http://www.ipcc-nggip. iges.
or.jp/public/gl/invs6e.htm>. Acesso em: 5 dez. 2017.
JOHANSSON T. B.; KELLY H.; REDDY, A.K.N.; WILLIAMS, R.H. Renewable energy sources for fuels
and electricity. Washington: Island Press, 1993, 1160 p.
JORDÃO E. P., PESSOA C. A. “Tratamento de esgotos domésticos”. 3ª Edição. ABES – Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental; 1995. 720 p.
LASTELLA, G.; TESTA, C.; CORNACCHIA, G.; KOTORNICOLA, M.; VOLTASIO, F.; SHARMA, V. K. An-
aerobic digestion of semi-solid organic waste: biogás production its purification. Energy Con-
servation & Mangement, v. 42, n. 1, p. 63–75, 2002.
LUCAS JÚNIOR, J.; SANTOS, T. M. B. Aproveitamento de resíduos da indústria avícola para produ-
ção de biogás. Simpósio sobre Resíduos da Produção Avícola, Concórdia – SC, 2000
34/221
Questão 1
1. Assinale a alternativa que indica corretamente a composição do biogás.
35/221
Questão 2
2. Assinale a alternativa que indica o que pode influenciar a velocidade de
produção do biogás.
36/221
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta. O que pode impedir a produção de biogás
num biodigestor enterrado?
37/221
Questão 4
4. É possível produzir biogás com matéria prima rica em lignina?
38/221
Questão 5
5. Quais equipamentos são mais indicados para produção de biogás de
cada resíduo: dejeto suíno, esgoto urbano, dejetos de aves de corte, vinha-
ça, respectivamente?
39/221
Gabarito
1. Resposta: A. algum item que não impede a produção de
biogás, como urina animal, excesso de água.
A base do biogás é CH4 + CO2, e os demais
4. Resposta: B.
gases juntos dificilmente ultrapassam 5%.
A lignina formará uma camada na superfí-
2. Resposta: C. cie do substrato impedindo a troca gasosa
e interrompendo a biodigestão anaeróbia,
O manejo (operação) e modelo do biodi- além de ser de difícil digestão para as bac-
gestor, associado com a matéria prima e di- térias; porém utilizando-se um homoge-
luição podem influenciar na velocidade da neizador impedirá a formação da película e
produção do biogás. O pH pode ser corrigi- manterá a biodigestão anaeróbia. Também
do antes de se iniciar o processo. é recomendável misturar o material rico em
lignina com dejetos animais para melhorar a
3. Resposta: B. biodigestão e acelerar o inicio do processo.
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Gabarito
5. Resposta: D.
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Unidade 2
BIOETANOL
Objetivos
8.12 Adsorção – etanol anidro - a desidratação de álcool através de Peneira Molecular está
baseada na capacidade de adsorção seletiva de substâncias denominadas zeolitos. Quan-
do da passagem, em fase de vapor, de um fluxo contendo álcool + água (vinda da coluna B),
as moléculas de água ficam “presas” na estrutura cristalina especialmente desenvolvida.
Como mostra a figura 2.
53/221 Unidade 2 • BIOETANOL
Figura 2. A- Resina que funciona como peneira molecular; B- Um esquema Sistema para pro-
dução de bioetanol anidro utilizando-se Peneira MOLECULAR.
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Referências
64/221
Questão 1
1. Quais as principais matérias primas para a produção de bioetanol? Identifi-
que a alternativa INCORRETA.
65/221
Questão 2
2. Qual a matéria prima mais viável para produção de bioetanol no Brasil?
a) Sorgo sacarino.
b) Mandioca.
c) Milho.
d) Cana-de-açúcar.
e) Linhaça.
66/221
Questão 3
3. O milho e/ou o sorgo podem complementar a produção do bioetanol no
período da entressafra da cana-de-açúcar. Identifique a afirmativa INCOR-
RETA.
67/221
Questão 4
4. O bioetanol de segunda geração já é uma realidade que provocará uma com-
petição entre energias – bioetanol e bioeletricidade; porém, é fato que a pro-
dução de bioetanol crescerá. Identifique a afirmativa correta.
68/221
Questão 5
5. O processo industrial da produção de bioetanol e bioeletricidade geram
resíduos. Destes resíduos produzidos, qual pode ser usado como biofertili-
zante e produzir biogás?
a) Cinzas.
b) Torta de filtro.
c) Palha.
d) Bagaço.
e) Vinhaça.
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Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: E.
É possível fracionar o petróleo e obter-se A produtividade e o custo de produção do
etanol, porém não será o bioetanol; das de- milho e do sorgo representam 50% do custo
mais matérias primas são possíveis obter- e são 65% mais produtivos do que a cana.
-se bioetanol por rotas distintas. Inclusive O custo da produção de milho e sorgo são
bagaço e palha podem produzir bioetanol maiores do que a da cana e a produtividade
de segunda geração. (por hectare) é bem inferior.
2. Resposta: D. 4. Resposta: A.
A cana-de-açúcar tem a maior produtivida- Apenas a questão “a” está certa, pois inicial-
de por hectare (área), o menor custo produ- mente o aumento da produção de bioetanol
tivo e a maior taxa de produção de litros de pode ocorrer sem aumentar a área planta-
etanol por hectare. da, somente utilizando o bagaço e a palha
– já disponíveis no sistema sucroalcooleiro.
5. Resposta: E.
Apenas a vinhaça pode produzir biogás e
biofertilizante.
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Unidade 3
BIOEDIESEL
71/221
Introdução
A maior parte de toda a energia consumida vegetais e/ou gordura animal (ou gordura
no mundo provém da queima de combus- residual), o que ajuda a dar destino a esses
tíveis fósseis, como por exemplo: petróleo, rejeitos, uma vez que o Brasil tem grandes
carvão e gás natural. Estudos apontam que produções de animais para consumo de car-
o uso, em larga escala, dos biocombustíveis ne - suínos e bovinos, sendo o rebanho bo-
é uma grande opção para a substituição vino o segundo maior do mundo. O biodie-
dessas fontes, podendo contribuir para o sel pode ser facilmente utilizado em moto-
desenvolvimento sustentável. res a diesel, sem necessidade de adaptação,
O biodiesel é uma alternativa ao diesel obti- o que o torna uma alternativa mais viável do
do a partir do petróleo, pois emite menores que outras fontes de energias alternativas,
quantidades de gases poluentes durante o como o GNV (gás natural veicular).
processo de combustão. Além disso, provo- Muitos países produzem biodiesel à
ca menor desgaste no motor, é biodegradá- base de óleo de soja, como EUA, Argentina e
vel, não tóxico e praticamente livre de enxo- Brasil; ou utilizando-se óleo de canola/col-
fre, particulados e outros poluentes inten- za ou girassol, como Alemanha e boa par-
sificadores do efeito estufa, porém produz te da comunidade Europeia; já a China usa
mais NOx que o petrodiesel. gordura suína como principal matéria pri-
O biodiesel pode ser obtido de óleos ma para seu biodiesel; Malásia e Indonésia
72/221 Unidade 3 • BIOEDIESEL
usam a palma africana/dendê para produ- 1. O biodiesel – vantagens e des-
zirem biodiesel. vantagens
Aproximadamente 75% do diesel no Bra-
sil são consumidos no setor de transpor- O biodiesel é utilizado como um substituinte
tes, 16% no setor agropecuário (geração de do óleo diesel na matriz energética mundial,
energia elétrica no uso bombeamento de pois já que tem propriedades semelhantes,
água para a irrigação e o acionamento de podem ser adicionados percentuais parciais
máquinas agrícolas) e cerca de 5% no se- ou totais de biodiesel ao óleo diesel, nos
tor de transformação. A importação anual motores a combustão para transporte ro-
de óleo diesel variou, nos últimos 14 anos, doviário ou nos motores utilizados na gera-
entre 2 a 10 milhões de m³, alcançando por ção de energia elétrica (MCT, 2004).
volta de 11 milhões de m³ em 2014 (ANP, Segundo Parente (2003) e Alves (2010),
2015). para garantir a qualidade e para que um
combustível se torne viável para motores
a diesel, são necessárias algumas análi-
ses que enquadrem os seguintes aspectos:
combustibilidade, efeitos ao meio ambien-
te consequentes das emissões, compatibi-
73/221 Unidade 3 • BIOEDIESEL
lidade ao uso e ao manuseio. O biodiesel é tamente associado a atividades agrícolas;
proveniente de fontes renováveis como óle- f) no caso do biodiesel de óleo de fritura,
os vegetais ou gordura animal. Sua utiliza- caracteriza-se por um grande apelo am-
ção está associada à substituição de com- biental.
bustíveis fósseis em motores de ignição por
compressão. Ainda sobre as vantagens do uso do biodie-
sel, como o provável substituto do diesel,
Enquanto produto, o biodiesel possui as se- Carvalho & Ribeiro (2012) destacam:
guintes características, de acordo com Ros-
si e Ramos (1999): i) Fonte de energia renovável.
Fonte: A <https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/biocombustiveis/producao-de-biodiesel>.
B - <http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=312935¬icia=representantes-de-70-pais-
es-vem-ao-brasil-para-discutir-producao-de-biodiesel>. Acesso em: 18 nov. 2017.
3.1 Transesterificação
Na conversão das gorduras em biodiesel, ocorre a reação química deste com o álcool, formando
ésteres de ácidos graxos que constituem o biodiesel. Quando comparado ao diesel proveniente
do petróleo (fóssil), o biodiesel apresenta menores taxas de emissão de dióxido de carbono, fator
79/221 Unidade 3 • BIOEDIESEL
que contribui para amenizar o problema do aquecimento global (BARROS, WUST & MEIER, 2008).
A reação química geral da produção de biodiesel pode ser escrita de maneira simplificada como
apresentada pela Figura 4A. O gráfico apresentado pela Figura 4B demonstra qualitativamen-
te a relação entre conversão e tempo de reação nos quais di e monoacilgliceróis são formados
como intermediários durante a transesterificação. Enquanto os triacilgliceróis diminuem, há a
formação de ésteres alquílicos e uma pequena liberação de di e monoacilgliceróis. Os aspectos
quantitativos e a escala da Figura 4B podem variar de reação para reação (KNOTHE et al, 2006).
Figura 4. A - Reação química geral da produção de biodiesel. B - Transesterificação – Conversão X tempo.
3.2 Esterificação
Uma das alternativas tecnológicas mais utilizadas para a redução do teor de ácidos graxos livres
é a realização da reação de esterificação dos ácidos graxos livres, utilizando um álcool levando à
formação de ésteres alquímicos de ácidos graxos (biodiesel) e água como uma etapa de pré-tra-
tamento (MOURA, 2010).
81/221 Unidade 3 • BIOEDIESEL
Segundo Alves (2010) a reação pode ser lenta se realizada em temperatura ambiente, mas com
o uso de aquecimento e de um catalisador o processo pode ocorrer mais rapidamente. O álcool
utilizado deve ser, preferencialmente, de baixo peso molecular, assim, o metanol é o mais usado
devido ao menor custo e facilidade de recuperação no processo.
A Figura 6 mostra a reação de esterificação sob presença de ácido para produção de Biodiesel.
Figura 6. Reação de esterificação para produção de biodiesel.
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Considerações Finais
• Biodiesel tem uma capacidade “detergente”, solta toda a sujeira dos tanques e sistemas de
alimentação habituados a trabalhar com petrodiesel, causando, com isso, entupimentos nos
bicos injetores. O problema não é o biodiesel, mas sim a má qualidade do petrodiesel usado no
país. Então, para utilizar-se uma mistura rica em biodiesel precisa-se, antes do início do uso,
limpar os tanques de combustível e todo o sistema de injeção.
• No Brasil não se deixa de produzir alimentos para se produzir biocombustível.
• A produção do biodiesel é fundamental para o equilíbrio da balança comercial brasileira, pois
não se produz todo o petrodiesel utilizado pelo país. Assim, se fosse atingida a meta da mistu-
ra de biodiesel no petrodiesel de 20%, não se importaria mais diesel. Isso também incentivaria
a produção agrícola e daria segurança ao mercado.
• As microalgas apresentam inúmeras vantagens (produtividade por área usada, teor de óleo,
tempo para início da produção) sobre as culturas tradicionais, mas ainda existem diversas bar-
reiras técnicas e econômicas que precisam ser vencidas para que essa matéria prima ganhe
espaço no cenário internacional de biocombustíveis (AZEREDO, 2012).
• A reação de triacilgliceróis com água pode formar AGL (ácidos graxos livres), porque estas
substâncias também são ésteres, e quando há mais do que 1,0% de AGL na mistura causa sa-
ponificação (sabão), ou seja, não pode haver água nem mais que 0,5% na matéria prima para
que não ocorra saponificação na transesterificação (KNOTHE et al, 2006).
90/221
Referências
95/221
Questão 1
1. Assinale a alternativa incorreta sobre as vantagens e desvantagens do bio-
diesel sobre o “petrodiesel”:
96/221
Questão 2
2. Sobre a produção de biodiesel, assinale a alternativa correta.
a) A produção de biodiesel pode ser apenas a partir de óleo vegetal – in natura, e/ou sebo ani-
mal adicionando-se um álcool, na presença de catalisador, sob aquecimento e agitação.
b) A produção de biodiesel pode ser a partir de qualquer óleo vegetal – in natura ou usado, ou
sebo animal adicionando-se um álcool, na presença de catalisador e agitação.
c) A produção de biodiesel pode ser a partir de qualquer óleo vegetal – in natura ou usado, e/
ou sebo animal adicionando-se um álcool, na presença de catalisador, sob aquecimento e
agitação.
d) A produção de biodiesel pode ser a partir de qualquer óleo vegetal – in natura ou usado, e
sebo animal adicionando-se metanol, na presença de catalisador, sob aquecimento e agita-
ção.
e) A produção de biodiesel pode ser a partir de qualquer óleo vegetal – in natura ou usado, e
sebo bovino adicionando-se etanol, na presença de catalisador, sob aquecimento e agita-
ção.
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Questão 3
3. Quais as duas principais matérias primas de produção do biodiesel no Bra-
sil e na Europa, respectivamente?
98/221
Questão 4
4. É incorreto afirmar sobre a glicerina:
99/221
Questão 5
5. Com relação ao biodiesel, julgue os itens abaixo.
100/221
Gabarito
1. Resposta: B. 3. Resposta: B.
Possui mais oxigênio na molécula, o que No Brasil, a soja e o sebo animal (bovino e
gera uma combustão mais eficiente – com- suíno) são as principais matérias primas. Na
pleta, não emitindo particulados. Europa as principais são canola e girassol.
4. Resposta: A.
2. Resposta: C.
Não é um resíduo problemático, pois é um
A produção de biodiesel pode ser a partir de subproduto com várias possibilidades de
qualquer óleo vegetal – in natura ou usado, uso.
e/ou sebo animal adicionando-se um álcool,
na presença de catalisador, sob aquecimen- 5. Resposta: E.
to e agitação. Pode-se usar como matéria
Todas as afirmativas referem-se adequada-
prima óleos vegetais (in natura e/ou usado)
mente ao biodiesel.
e/ou qualquer sebo animal.
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Unidade 4
BIOMASSA
Objetivos
Apresentaremos as principais fontes e definições de biomassa, e como ela pode ser utilizada
como combustível, fonte de energia renovável e/ou matéria-prima para processos termoquími-
cos.
Para isso, discutiremos aspectos relacionados a:
• Fontes de biomassa – bagaço de cana, palha de cana, restos culturais, galhada de árvores;
• Usos: caldeira, fornos a lenha (pizzaria, padarias e cerâmicas);
• Principais produtos.
102/221
Introdução
Desde o início deste século buscam-se no- fins energéticos. Dentre as fontes vegetais
vas fontes de energia, que diminuam o im- temos a madeira, folhas, cascas, resíduos
pacto ambiental e a dependência de fontes agrícolas, como a casca de arroz, bagaço de
fósseis (petróleo, gás natural e carvão mi- cana-de-açúcar etc., que têm um poder ca-
neral). Para mitigar os impactos ambientais lorifico médio de 15,7 MJ/kg.
é importante usar matérias primas renová-
veis e preferivelmente consideradas como
resíduos. Além da preocupação ambiental, Para saber mais
há uma questão com o suprimento de ener-
A biomassa pode ser considerada um biocombus-
gia para atender a demanda crescente nos
tível sólido, quando se utiliza diretamente para
municípios e os riscos de “apagões”, oca-
obtenção de calor (lenha, bagaço ou carvão vege-
sionados pelas inconstâncias das chuvas e
tal) em substituição de combustíveis fósseis como
consequentes variações da oferta de ener-
GLP, gás natural, carvão mineral, óleos combustí-
gia geradas por hidrelétricas.
veis e outros, in natura.
Para Cortez, Lora e Gómez (2009) biomassa
é uma fonte renovável, que tem origem em
resíduos sólidos urbanos (animais, vege-
tais, industriais e florestais) voltados para
103/221 Unidade 4 • BIOMASSA
A necessidade de redução dos efeitos da ca. Esse elemento faz com que a necessi-
emissão de CO2 na atmosfera conduz as dade de oxigênio externo do material seja
pesquisas a uma maior utilização de bio- menor, o que o difere do petróleo, é menos
massas e resíduos na matriz energética, poluente, porém tem uma menor energia li-
pois o CO2 emitido na oxidação do carbo- berada, reduzindo seu PCS (Poder Calorífico
no contido nas biomassas e seus derivados Superior). A lignina é um polímero tridimen-
são enquadrados no ciclo de absorção do sional com a finalidade de manter as fibras
dióxido de carbono na fotossíntese do cres- unidas. Matérias menores e moles tendem
cimento de mais biomassa, já o dióxido de a conter mais celulose, entre 45-50%, com-
carbono da oxidação de derivados do petró- plementado com 25–35% de hemicelulose e
leo, não entra nesse balanço, aumentando 25–35% de lignina (RENDEIRO et al., 2008).
sua concentração na atmosfera (SÁNCHEZ A biomassa voltada para fins energéticos
et al, 2010). abrange a utilização de vários resíduos para
a geração de fontes alternativas de energia
1. FONTES DE BIOMASSA (CORTEZ, LORA & AYARZA, 2008).
A biomassa é um hidrocarboneto com áto- De acordo com Brito (2007), o uso da ma-
mos de oxigênio na sua composição quími- deira para energia engloba efeitos de dimi-
nuição da dependência energética externa e
104/221 Unidade 4 • BIOMASSA
uma maior segurança quanto ao suprimento energia não é recente, mas a ideia de desti-
da demanda, algo que muitos dos combus- nação dos resíduos da poda, capina e serra-
tíveis hoje empregados não proporcionam. gem urbana para geração de energia é algo
Além do mais, graças ao seu alto potencial incomum (MAZZONETTO et al., 2012).
renovável e produtivo, especialmente no De acordo com Sánchez et al. (2010), a ca-
caso brasileiro, a madeira representa uma racterização de biomassas deve ser basea-
matriz energética ambientalmente mais da em seu uso e apresentar elementos que
limpa e socialmente mais justa, pois é uma auxiliem na compreensão das propriedades
das fontes de energia que permite uma das determinantes, inerentes a cada biomassa.
maiores taxas de geração de emprego por O emprego da biomassa com fins energéti-
recurso monetário investido. cos requer um pleno conhecimento das pro-
A madeira sempre foi uma grande fonte de priedades físico-químicas do combustível.
energia para a humanidade e continua sen-
do, como lenha ou carvão. É usada ampla-
mente para cocção de alimentos (churras-
carias, pizzarias, padarias, fogões à lenha),
em secadores industriais, caldeiras etc. A
proposta de usar madeira como fonte de
105/221 Unidade 4 • BIOMASSA
Em 2010, o Governo Federal do Brasil, atra-
Link vés da Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de
2010, instituiu a Política Nacional de Resí-
A caracterização da biomassa a fim de avaliar o po- duos Sólidos que visa normatizar a destina-
tencial energético de resíduos florestais, resíduos ção de resíduos sólidos e possibilita o em-
de poda e capina urbana tem sido amplamente prego dos mesmos para fins energéticos.
investigada e divulgada. Os autores Mazzonetto Perante as diretrizes estabelecidas, as bio-
et al. (2012), Souza, Alencar e Mazzonetto (2016) massas aqui apresentadas são classificadas
e Vissotto et al. (2012) fizeram caracterizações como Resíduo Classe II-A, que são materiais
de várias biomassas disponíveis e discutem os não inertes e podem ter propriedades de
potenciais energéticos. Disponível em: <http:// biodegradabilidade, combustibilidade ou
www.abcm.org.br/anais/conem/2012/PDF/ solubilidade em água.
CONEM2012-0859.PDF>; <http://revistas.fca.
unesp.br/index.php/energia/article/view/2189/
pdf>; <http://www.abcm.org.br/anais/co-
nem/2012/PDF/CONEM2012-0868.PDF>.
Acesso em: 25 nov. 2017.
MW médio gerado em
Estado
2015
São Paulo 840,93
Mato Grosso do
271,56
Sul
Goiás 207,69
Minas Gerais 181,57
Paraná 85,76
Bahia 60,80
Maranhão 60,66
Alagoas 30,58
Pernambuco 28,79
Mato Grosso 22,14
Fonte: CCEE (2016)
113/221
Considerações Finais
• É fundamental caracterizar o potencial energético da biomassa. As princi-
pais analíses são: análise Imediata (voláteis, carbono fixo e cinzas), análise
elementar (C, H, O, N), umidade, granulometria (apesar de serem variáveis),
PCI e PCS (poder calorífico inferior e superior).
• Há um grande potencial em diversos resíduos disponíveis, como poda e ca-
pina urbana que podem ter destinações energéticas.
• Os dois setores que mais utilizam energia renovável e ainda “exportam” seu
excedente são o setor sucroenergético (sucroalcooleiro) e papel e celulose.
• O biochar – carvão produzido pela pirólise convencional de biomassas, tem
a capacidade de atuar como corretivo de solo, além de melhorar a retenção
de água e qualidades do solo.
114/221
Referências
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: <www.aneel.gov.br>. Acesso em: 3
dez. 2017.
BEN. Balanço Energético Nacional - Ministério de Minas e Energia. Departamento Nacional de
desenvolvimento. Ano base: 2015. Brasília, 2016.
BRASIL. Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 3 dez. 2017.
119/221
Questão 1
1. Quais as principais biomassas usadas no Brasil?
120/221
Questão 2
2. Quais os principais usos para a biomassa?
121/221
Questão 3
3. Para conservar a biomassa, facilitar o armazenamento e transporte po-
demos transformá-la em:
122/221
Questão 4
4. Quais as grandes vantagens em usar biomassa como combustível reno-
vável?
123/221
Questão 5
5. Os processos mais utilizados no Brasil para o aproveitamento da bio-
massa são:
124/221
Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: D.
O Bagaço de cana, a madeira, a palha de O carbono (CO2) liberado nos processos tér-
cana e os restos de culturas agrícolas já são micos já faz parte do ciclo do carbono at-
utilizados em caldeira para geração de va- mosférico não aumentando o efeito estufa
por e/ou bioeletriciade. e a não emissão de enxofre.
5. Resposta: C.
2. Resposta: E.
A maior parte da biomassa é queimada em
Todas as alternativas estão corretas. A bio- caldeiras (combustão) ou convertida em
massa pode ter todos os usos apresentados carvão para posterior combustão.
nas alternativas da segunda questão.
3. Resposta: B.
Objetivos
126/221
Introdução
A ABNT (2004a) define o lixo como os “res- (Resíduo Sólido Urbano - RSU) vai parar em
tos das atividades humanas, considerados aterros, onde sua decomposição pode gerar
pelos geradores como: inúteis, indesejáveis gases de alta periculosidade ao meio am-
ou descartáveis, podendo se apresentar no biente, como é o caso do metano, conside-
estado sólido, semissólido ou líquido, desde rado 21 vezes pior que o dióxido de carbono
que não seja passível de tratamento con- para o efeito estufa (MAZZONETTO et al.,
vencional”. 2016).
O Brasil teve um aumento da geração de re- O item XI do artigo 3 da lei n° 12.305/2010
síduo muito maior do que o crescimento po- menciona o “conjunto de ações voltadas
pulacional, sendo que entre os anos 2003 e para a busca de soluções para os resíduos
2014, a população cresceu 6% enquanto a sólidos, de forma a considerar as dimensões
produção de resíduos aumentou 29% (LE- políticas, econômicas, ambientais, culturais
NHARO, 2015). A gestão de resíduos sólidos e sociais, com controle social e sob a pre-
urbanos é um problema que muitos países missa do desenvolvimento sustentável”.
têm enfrentado, mas alguns países proces- Dentre vários resíduos sólidos gerados pe-
sam e/ou tratam os resíduos; no Brasil as las empresas em seus processos produtivos
destinações mais comuns são aterros sa- está o lodo de esgoto, que é oriundo do pro-
nitários e lixões. Grande parte desse “lixo” cesso de tratamento de esgoto ou efluen-
127/221 Unidade 5 • RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) – “Lixo”
tes dos processos industriais – comuns nas dos resíduos. Nele deve constar a origem do
indústrias de papel e celulose, bebidas, ETE resíduo, descrição do processo de segrega-
(estações de tratamento de esgoto) e afins. ção e dos critérios adotados na escolha de
parâmetros analíticos (ABNT, 2004a).
1. Tipos de resíduos
Resíduos como vidros e metais devem ser reciclados. Polímeros podem ser destinados à produ-
ção de energia ou reciclados. Papelão, papel e madeira apenas se tiverem coleta seletiva, em
caso contrário deverão ser destinados à geração de energia.
Alguns autores estimaram o potencial do RSU submetidos a diferentes processos térmicos, assim
tratam o resíduo, geram energia e eliminam riscos de proliferação de contaminantes. O resíduo
do processo são pequenas frações de biochar e cinzas, que somados podem ser abaixo de 15%
da massa processada – dependendo da composição. Não havendo metais pesados no RSU as
cinzas podem ser usadas como adubo. A Tabela 1 apresenta os valores obtidos em cada processo
térmico e suas respectivas fontes bibliográficas.
133/221 Unidade 5 • RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) – “Lixo”
Tabela 1. Conversões de RSU em energia elétrica para a rede.
Produção de energia
Tipo de Processo Térmico Referência Unidades
líquida para a rede
Incineração EPA (2002) kWh/ ton
523,0
RSU
Incineração Tolmasquim (2003) kWh/ ton
769,2
RSU
Queima da massa/ Young (2010) 493 kWh / ton
combustão/ Incineração RSU
Pirólise Young (2010) 518 kWh / ton
RSU
Pirólise/ Gaseificação Young (2010) 621 kWh / ton
RSU
Gaseificação Convencional Young (2010) 621 kWh / ton
RSU
Gaseificação com Arco de Young (2010) 740 kWh / ton
Plasma RSU
Fonte: EPA (2002), Tolmasquim (2003) e Young (2010).
139/221
Considerações Finais
• A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) requer soluções pela escassez de áreas
para aterros sanitários, ao mesmo tempo incentiva que os geradores do resíduo deem
uma destinação que não dependa de aterros sanitários.
• Vários países têm explorado o potencial energético do RSU, gerando energia para os mu-
nicípios que geram o resíduo, dispensando a necessidade de grandes aterros. Os pro-
cessos oferecem tratamento sanitário aos resíduos, uma vez que as altas temperaturas
inibem a proliferação de enfermidades ou contaminantes – inclusive para resíduos do
serviço de saúde.
• Para muitos municípios, encontrar locais apropriados para implantação de novos ater-
ros tem sido cada vez mais difícil, além da distância aumentar junto com o crescimento
das cidades.
• Há um grande potencial em cada cidade brasileira. Uma boa gestão de resíduos e dos
parques e áreas verdes poderia gerar energia para o próprio município.
140/221
Referências
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis Etanol. Disponível em: <http://www.
anp.gov.br/wwwanp/biocombustiveis/etanol>. Acesso em: 2 nov. 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10004: Resíduos sólidos – Clas-
sificação. Rio de Janeiro, 2004. 71 p.
BRASIL. Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sóli-
dos; altera a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário da Repú-
blica Federativa do Brasil, 3 de agosto de 2010
CHRISTENSEN, T. H. et al. Biogeochemistry of landfill leachate plumes. Applied Geochemistry.
Elsevier Science Ltd, 16, p. 659-718, 2001.
EPA, U.S Environmental Protection Agency – Solid Waste Management and Green House Gases
– A Life-Cicle Assessment of Emissions and Sinks. US. EPA. 2002.
GLASER, B.; HAUMAEIR, L.; GUCCENBERGER, G.; ZECH, W. The “Terra Preta” phenomenon: a
model for sustainable agriculture in the humid tropics. Naturwissnechaften, 88: 37–41, 2001.
HANSON, N.W. Part 1. Standardized methods of Analysis. In: Official, standardized and recom-
mended methods of analysis. 2. ed. London: Society for Analytical Chemistry, 1973. p. 323-327,
383-389.
YOUNG, G. C. Municipal solid waste to energy conversion processes: economic, technical, and
renewable comparison. John Wiley & Sons. Hoboken, New Jersey, 2010. 394 p.
Aula 5 - Tema: Resíduo Sólido Urbano – RSU - Aula 5 - Tema: Resíduo Sólido Urbano – RSU -
Lixo. Bloco I Lixo. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a7e519414fa6b563aa7d0f3d216c55a5>. 2c5ada483d34eefcd2f1ca0a0cd4f4df>.
145/221
Questão 1
1. Com relação à importância da geração de energia com os resíduos sólidos
urbanos, julgue os itens a seguir em V (verdadeiro) e F (falso).
146/221
Questão 2
2. Assinale a alternativa que indica os principais resíduos que podem ge-
rar energia.
147/221
Questão 3
3. Os resíduos disponíveis num município de médio a grande porte tor-
nam-se insumos para outro processo ou utilização, com exceção de:
148/221
Questão 4
4. A exergia de um sistema, que se encontra em estado morto, é conside-
rada:
149/221
Questão 5
5. Cada tipo de resíduo pode ter um tratamento ou processo para o qual o
resíduo é um insumo. Avalie qual afirmativa está correta.
a) Polímeros podem ser reciclados e/ou gerarem energia por processos térmicos, dependendo
do mercado.
b) Vidro é melhor destinar aos aterros, pois é muito onerosa a reciclagem.
c) Madeira, mesmo com coleta seletiva, não poderá ser reciclada.
d) Papelão tem apenas um destino, o aterro.
e) Todo metal tem capacidade para gerar energia térmica e produzir biochar.
150/221
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: D.
As três primeiras alternativas estão corre- Biogás, resíduos radioativos e com metais
tas, mas a última é falsa, pois vidros e me- pesados podem adubar hortaliças. Metais
tais devem ser reciclados uma vez que não pesados e resíduos radioativos têm proce-
geram energia. dimentos específicos e não podem gerar
energia nem serem insumos de novos pro-
2. Resposta: C. cessos.
151/221
Gabarito
5. Resposta: A.
152/221
Unidade 6
PROCESSOS TÉRMICOS
Objetivos
153/221
Introdução
Há resíduos ou biomassas residuais que podem ser usadas diretamente na combustão em cal-
deiras para geração de vapor e/ou vapor e bioeletricidade, como são os casos do bagaço e da
galhada das árvores (lenha). A Figura 1 apresenta um esquema de caldeira para biomassa.
Figura 1- Esquema de uma caldeira para resíduos ou biomassas residuais.
O processo de gaseificação pode ser consi- decomposto na forma de gás, porém peque-
derado uma alternativa viável e sustentável nas quantidades de subprodutos são tam-
com o objetivo de produzir um combustí- bém formadas, incluindo alcatrão, carvão e
vel gasoso com melhores características de cinzas (COHCE et al., 2011). Dependendo do
transporte, melhor eficiência de combustão design e condições operacionais do reator o
e também que possa ser utilizado como ma- processo também pode gerar metano e hi-
téria-prima para outros processos (CENBIO, drocarbonetos (SINGH et al., 2011).
2002).
O processo de gaseificação é a conversão de
material carbonáceo sólido ou líquido (ali-
mentação), em um gás energético, através
da oxidação parcial à elevada temperatu-
ra (500°C – 1400°C) e pressão variável (at-
mosférica a 33 bar) (MORRIN et al., 2011).
Durante a gaseificação, a maior parte do
material de alimentação é termicamente
164/221 Unidade 6 • PROCESSOS TÉRMICOS
A Figura 2 mostra o desenho de um gaseificador contracorrente e as zonas em que ocorre cada
processo termoquímico.
Figura 2. Gaseificador Up draft (Contracorrente) e perfil dos processos termoquímicos.
168/221
Considerações Finais
• A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) requer que seja feito tratamento nos resídu-
os gerados e que se reduza a 30% o volume destinado aos aterros sanitários.
• A secagem é importante para resíduos com alta umidade viabilizarem processos térmicos,
facilitarem o armazenamento e transportes. Também contribuem para aumentar a conser-
vação da biomassa.
• Na gaseificação, uma fração (14 – 18%) da biomassa (insumo) que entra no reator será con-
sumida no processo para elevar a temperatura. O resultado será gás produto ou gás de sín-
tese (um gás combustível: CO + H2 na maior parte e CH4, N2, CO2, O2), bio-óleo/alcatrão
(5-7%), cinzas – depende da biomassa inicial (4 – 9%) e biochar (5-6%).
• Os processos térmicos são mitigadores ambientais, pois viabilizam a utilização de muitos
resíduos que teriam como destinação um aterro sanitário ou lixões. O que sobra do proces-
so sempre pode ser usado como adubo, desde que seja processada uma biomassa.
169/221
Referências
BAJAY, S.V., FERREIRA, A.L. A energia de biomassa no Brasil. In: ROSILLO-CALLE, F.; BAJAY, S.V.; RO-
THMAN, H. Uso da Biomassa para produção de energia na indústria brasileira. Campinas, SP:
Editora da UNICAMP, 2005. Cap. 2, p. 71-120.
BATIDZIRAI, B.; MIGNOT, A. P. R.; SCHAKEL, W. B.; JUNGINGER, H. M.; FAAIJ, A. P. C. Biomass tor-
refaction technology: Techno-economic status and future prospects, Energy, v. 62, p. 196–214,
2013.
BIZZO, W. A. Combustão. In: EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor. Faculdade
de Engenharia Mecânica – FEM/UNICAMP. s.d.
BRIDGWATER, A. V. Renewable fuels and chemicals by thermal processing of biomass. Chemical
Engineering Journal, v. 91, n. 2-3, p. 87-102, 2003.
CENBIO. Estado da Arte da Gaseificação: Comparação entre tecnologias de gaseificação de bio-
massa existentes no Brasil e no exterior e formação de recursos humanos na Região Norte. 2002,
108 p.
Aula 6 - Tema: Processos Térmicos. Bloco I Aula 6 - Tema: Processos Térmicos. Bloco II
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1d/5edc41ff31cf302abf598e5bddbf8060>. 454eee4e74fe89fae257e40a28789>.
173/221
Questão 1
1. Assinale a alternativa que apresenta corretamente os principais processos
térmicos.
174/221
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta. A combustão direta em caldeira é reco-
menda para quais biomassas in natura?
175/221
Questão 3
3. Com relação ao uso do bio-óleo, julgue os itens abaixo.
176/221
Questão 4
4. Observe o questionamento apresentado e, em seguida, assinale a alter-
nativa correta. Qualquer biomassa pode passar por um processo térmico
para gerar calor ou biochar ou gás combustível ou bio-óleo?
177/221
Questão 5
5. Assinale a alternativa que apresenta os dois produtos principais da pi-
rólise.
178/221
Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: C.
179/221
Unidade 7
RESÍDUOS E OPÇÕES TECNOLÓGICAS
Objetivos
180/221
Introdução
188/221
Considerações Finais
• Polímero pode ser reciclado e destinado para a geração de energia por pro-
cessos térmicos, sendo pirólise e gaseificação as técnicas mais indicadas
por fazer um processo mais mitigador e para se obterem produtos – bio-ó-
leo, biochar e gás de síntese.
• O óleo usado deve ser direcionado para produção de biodiesel, assim evi-
tam-se grandes contaminações nos mananciais e se reduzem os custos para
tratamento d’água. A glicerina poderá ser usada para produção de produtos
de higiene ou fins energéticos – queima em caldeira.
• Pneus podem ser moídos para fazer pisos de praças e gramas de campos
artificiais, porém a quantidade produzida e descartada é tão relevante, que
mesmo essas destinações não são suficientes. Por isso, a recuperação do
negro de fumo (insumo para produção de novos pneus), a malha de aço e
geração de bio-óleo são mais interessantes.
189/221
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 10004): Resíduos sólidos – Classificação.
Rio de Janeiro, 2004. 71 p.
BRASIL. Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 2 dez. 2017.
KJELDESEN, P.; BARLAZ, M. A.; ROOKER, A. P.; BAUN, A.; LEDIN, A.;CHRISTENSEN, T.H. Crit. Rev.
Environ. Sci. Technol. 2002, 32, 297
LEME, M. M. V. Avaliação das Opções Tecnológicas para geração de energia através dos Re-
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- Universidade Federal de Itajubá, 2010. 123 p.
MAZZONETTO, A. W.; CUNHA, J. R. da; VICENTINI, M. Potencial energético dos resíduos dos ser-
viços de saúde (RSS): perspectivas e propostas. Bioenergia em revista: diálogos, ano 6, n. 1, p.
85-110, jan./jun. 2016a.
NINNI, K. Municípios buscam reciclar suas árvores. O Estado de São Paulo. São Paulo, 30 de ju-
nho de 2010 | 0h 00. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,municipios-
-buscam-reciclar-suas-arvores,574014,0.htm>. Acesso em: 2 dez. 2017.
Aula 7 - Tema: Resíduos e Opções Tecnológicas. Aula 7 - Tema: Resíduos e Opções Tecnológicas.
Bloco I Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ffa-
1d/9b08d362472460d7e1310c5a523bd31e>. a8915ea9121cc58c7de458753affe>.
194/221
Questão 1
1. Quais as vantagens de uma campanha de coleta para óleo usado em um
município?
195/221
Questão 2
2. Assinale a alternativa mais correta no que diz respeito aos resíduos que
estão disponíveis em um município para a geração de energia e biocom-
bustíveis.
196/221
Questão 3
3. O lodo de esgoto pode carregar patógenos e possíveis metais pesados.
Assinale com V (verdadeiro) o que é mais recomendado fazer com esse
resíduo, e F (falso), caso contrário.
197/221
Questão 4
4. Analise cada afirmativa apresentada a seguir:
I. O lodo de esgoto tem potencial para gerar energia por meio do biogás ou misturado com ou-
tros resíduos para a incineração.
II. O pneu não serve para nenhum processo térmico nem biológico para gerar energia, nem é
possível recuperar insumos.
III. Os resíduos do serviço de saúde também podem gerar energia, inclusive dando tratamento
sanitário aos resíduos.
IV. A poda e capina urbana podem ser utilizadas para gerar energia e sobrarão cinzas (adubo)
para as áreas verdes do município.
Agora, assinale a alternativa que contém somente os itens corretos.
a) a) I, III.
b) b) I, III, IV.
c) c) II, IV.
d) d) I, IV.
e) e) I, II, III, IV.
198/221
Questão 5
5. Assinale com V (verdadeiro) para o item que apresenta a relação correta
entre o resíduo e o destino recomendado para o mesmo, e F (falso), caso
contrário.
( ) Polímeros podem ser reciclados e/ou gerar energia por processos térmicos.
( ) Vidro é melhor destinar aos aterros, pois é muito onerosa a reciclagem.
( ) Madeira, mesmo com coleta seletiva não poderá ser reciclada.
( ) Papelão tem apenas um destino, aterro.
Agora, assinale a alternativa que indica a sequência correta.
a) V, F, F, F.
b) V, V, F, F.
c) F, V, V, V.
d) F, F, V, V.
e) V, F, V, F.
199/221
Gabarito
1. Resposta: E. derão ser usadas como adubo sem risco de
contaminações, além de gerar energia ou
Todas as alternativas apresentam correta- biocombustíveis.
mente as vantagens de uma campanha de
4. Resposta: B.
coleta para óleo usado em um município
Pneu pode ser submetido à pirólise, gerar
2. Resposta: B. biochar e bioóleo e recuperar a malha de
aço e “negro de fumo”.
Óleo usado – biodiesel; lodo de esgoto, poda
e capina urbana: combustão, pirólise e ga- 5. Resposta: A.
seificação; pneus – pirólise (bioóleo, biochar
e recuperação do “negro de fumo”). Polímeros podem ser reciclados e/ou gerar
energia por processos térmicos, dependen-
3. Resposta: D. do do mercado.
Objetivos
201/221
Introdução
Ao longo das unidades trabalhadas nesta Tabela 1. Produção de biogás através de diferentes dejetos.
A produção de biogás pode ser a partir de A partir das informações levantadas pelo
dejetos animais. Barreia (1993) elaborou referido autor, e considerando uma proprie-
uma tabela com a produção de biogás de dade com 40 bovinos e 20 suínos, podemos
diferentes dejetos, conforme mostra a Ta- nos questionar:
bela 1.
202/221 Unidade 8 • REVISÃO E APLICAÇÕES
• Quanto biogás pode ser produzido por 1 m3 de biogás equivale a 0,454 kg de GLP,
dia e por mês? então 4860 m3 x 0,454 kg/ m3 = 2206,44 kg
• Quanto GLP poderia ser substituído ou (P13: dividindo por 13 – massa de 1 bo-
por mês? tijão) temos 169 botijões. Se ficar curioso a
respeito do valor financeiro disso, multipli-
• Quanta energia elétrica poderia ser que pelo valor do botijão de GLP da sua re-
gerada por mês? gião.
Primeiramente, vamos observar o caso dos
No que diz respeito à quantidade de ener-
bovinos, então temos os seguintes equacio-
gia que poderia ser produzida, sabendo que
namentos: a quantidade de dejetos é obtida
cada m3 de biogás pode gerar (num motoge-
fazendo: 40 animais x 15 kg/animal = 600
rador) 1,7 kW.h, então, 4860 m3 x 1,7 kW.h/
kg de dejetos. Então, a produção de biogás
m3 = 8262 kW.h/mês ou 8,26 MW.h/mês. Se
é obtida por (0,6 ton x 270 m3) / 1 ton = 162
considerarmos que a energia elétrica pela
m³, cuja base de cálculo é 1 dia. Então em
CCEE é de R$ 221,34, teremos um valor de
um mês temos 4860 m³/mês. Analogamen-
R$ 1.828,46 por mês.
te, fazemos para os suínos, o que resulta em
756 m³/ mês. Vamos aplicar a equação do IPCC, descrita
por:
Para o segundo ponto levantado, temos que
203/221 Unidade 8 • REVISÃO E APLICAÇÕES
E = Popurb * taxa RSU * RSUf * FCM * COU * te degrada (%);
COUF * F * 16/12 F = fração de CH4 no gás de aterro;
Relembrando que: 16/12 = taxa de conversão de carbono em
Popurb = população urbana (média de clien- metano.
tes da churrascaria por dia);
Taxa RSU = taxa de geração de resíduos só- Link
lidos urbanos por habitante, por dia [kg/dia. Os pesquisadores Salomon & Lora publicaram um
pessoa]; artigo (2005) que apresenta estimativas do po-
tencial energético do biogás no Brasil para pro-
RSUf = fração de resíduos sólidos urbanos
dução de energia elétrica. No artigo os autores
depositada em locais de disposição de resí-
usam as fórmulas de estimativa do IPCC. Disponí-
duos sólidos (%);
vel em: <http://www.renabio.org.br/06-B&E-
FCM= fator de correção de metano (% - fra- -v2-n1-2005-p557-67.pdf>. Acesso em: 10
ção adimensional); dez. 2017.
COU = COD = carbono orgânico degradável
no resíduo sólido urbano;
COUF = CODF = fração de COU que realmen-
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Considere uma cidade com 200 mil habitan- considerando-se que apenas 50% do car-
tes no interior de São Paulo, cuja taxa de re- bono degradável se degradará. Então:
síduo corresponde a 1,1 kg/hab.dia; saben- E = 200000 * 1,1 kg/dia.hab * 0,915* 1 * 0,54
do que 91,5% do resíduo é coletado e será * 0,5 * 0,5 * 16/12
depositado em aterro sanitário (FCM = 1), o
resíduo tem 54% de carbono (pode ter 50 a Assim, E= 36.234 kg de metano por dia ou
65% de carbono na sua composição; con- 1.087.020 kg de metano por mês. Como a
siderando-se trabalhos no estado de SP – massa específica do metano é 0,740 m3/kg
pode variar com a composição do RSU). De- e os motogeradores fazem 1,7 a 1,93 kW.h/
sejamos responder às seguintes questões: m³ de biogás, então, o volume de biogás
mensal será 1.468.945,95 (1087020/0,74)
Quanto será produzido de metano por dia e m3/mês de biogás o que pode produzir
por mês? (considerando-se 1,7 kW.h/m3) 2.497.208
Quanta energia elétrica poderá ser gerada kW.h/mês, que são valores muito eleva-
pela cidade por mês? dos! Considerando-se o valor de R$ 221,34
Qual a receita que poderia gerar ou a des- (CCEE – 03/11/2017), temos um valor de R$
pesa que poderia economizar? 552,732,04 (R$ 221,34/MW.h x 2.497,208
MW.h) por mês de receita ou economia.
Utilizaremos, então, a equação do IPCC,
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Para saber mais
Há outras fórmulas que estimam a produção de biogás de RSU, como a da Agência de Controle
Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – USEPA, 2007):
Q = População x Taxa de RSD x RSDf x 0,45 x F
Sendo:
Q = metano gerado [m3/dia];
População = número de habitantes atendidos pelo aterro [habitantes];
Taxa RSD = taxa de geração de resíduos sólidos por habitante por dia [kg RSD/habitante.dia];
RSDf = fração de resíduos sólidos coletados que é depositada nos LDRS [%];
0,45 = volume de biogás gerado por 1 kg de resíduo sólido [m3 biogás/kg RSD];
F = fração de metano no biogás [%].
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Considerações Finais
• A eficiência da gaseificação é uma das mais altas dos processos térmicos,
estima-se um percentual em torno de 80%.
• As estimativas do IPCC resultam em grandes valores, que nem sempre re-
presentam a realidade de um projeto real.
• Outro autor importante para o biogás e estimativas de produção é Jorge
Lucas Júnior, que atribui outros valores para produção de dejetos animais,
principalmente suínos (mais detalhado) e bovinos. O recomendável é avaliar
qual fonte se adequa mais à realidade do seu projeto para fazer os cálculos
com os valores mais coerentes.
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Referências
EPA. Solid Waste Management and Green House Gases – A Life-Cicle Assessment of Emissions
and Sinks. US.EPA. 2002
BARRERA, P. Biodigestores: energia, Fertilidade e Saneamento para a Zona Rural. Icone Edito-
ra, 1993, 106 p.
IPCC. Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories reference Manual, [Revised 1996],
vol. 3. Disponível em: <http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/gl/invs6e.htm>. Acesso em: 05
dez. 2017.
HENRIQUES, R. M. Aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos: uma abordagem
tecnológica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de
Janeiro, 2004, 190 p. Disponível em: <http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/rachelh.pdf>.
Acesso em: 05 dez. 2017.
LUCAS JUNIOR, J.; SOUZA, C. F.; LOPES, J. D. S. Manual de construção e operação de biodigesto-
res. 1. ed. Viçosa: CPT - centro de Produções Técnicas, 2003. v. 1, 40 p.
Aula 8 - Tema: Revisão e Aplicações. Bloco I Aula 8 - Tema: Revisão e Aplicações. Bloco II
Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/
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Questão 1
1. Com relação à produção de gás, analise os seguintes itens:
I. É possível produzir biogás de dejetos animais e suprir parte ou toda a demanda energética da
propriedade.
II. As estimativas de produção de biogás em aterros resultam em valores elevados, que são bas-
tante promissores para projetos de energia.
III. A possibilidade de produzir biogás de vinhaça é real e interessante.
IV. A produção de biogás a partir de dejetos suínos é mais viável frente aos dejetos de vacas lei-
teiras.
Agora, assinale a alternativa que contempla apenas o(s) item(s) correto(s).
a) I, IV.
b) II, III.
c) I, II, III.
d) I e IV
e) II, III, IV.
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Questão 2
2. Assinale com V o item que corresponde a uma matéria-prima utilizada
para a produção de biogás, e F, caso contrário.
( ) Dejetos animais.
( ) Vinhaça.
( ) Esgoto.
( ) Resíduos orgânicos.
( ) Resíduos inorgânicos.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a) F, F, V, V, V.
b) F, V, V, F, F.
c) V, V, F, F, V.
d) V, V, V, V, F.
e) V, F, F, V, V.
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Questão 3
3. Acerca da produção de biodiesel, analise os itens:
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Questão 4
4. Sobre produção de carvão, é correto afirmar que:
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Questão 5
5. Sobre catalisadores na produção de biodiesel, assinale a alternativa
INCORRETA.
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Gabarito
1. Resposta: C. na produção de carvão nunca é superior a
47%. Além da umidade a granulometria (ta-
As alternativas I, II e III estão corretas. manho da partícula tem grande influência
sobre o transporte do carvão). O carvão ve-
2. Resposta: D. getal não faz fumaça, pois os voláteis foram
retirados na pirólise e seu poder calorífico é
Todos os itens são matérias-primas utiliza- inferior ao carvão mineral.
das na produção de biogás, com exceção de
resíduos inorgânicos. 5. Resposta: E.
3. Resposta: A. O catalisador participa da reação de tran-
sesterificação e quanto mais catalisador
O álcool (metanol ou etanol) influencia no presente maior o rendimento da reação. O
rendimento da reação de transesterificação. catalisador não participa da reação e nem
altera o rendimento da mesma.
4. Resposta: C.