3 O Conceito de Desenvolvimento: Origens, Perspectivas e Debates
3 O Conceito de Desenvolvimento: Origens, Perspectivas e Debates
3 O Conceito de Desenvolvimento: Origens, Perspectivas e Debates
3.1
O Iluminismo e a Ideia de Progresso
nineteenth century the idea was cast in terms of society or culture” (Nisbet, 1969,
p.115).
Apesar das origens na antiguidade ressaltadas por Nisbet, foi durante o
Iluminismo que a idéia de progresso ganhou ímpeto, tornando-se algo entendido
como natural, como uma tendência inerente à vida humana. O século das luzes foi
responsável pela consolidação da ciência e da razão como os motores do avanço
da humanidade, por meio da ciência e da razão o homem poderia ser livre e
evoluir. A definição de Iluminismo sugerida por Immanuel Kant ressalta bem o
ideal que estava sendo disseminado na época:
1
Esta discussão está relacionada com idéia de ordem e mudança. Seguindo Comte, o argumento é
que há uma falsa dicotomia entre as duas noções. A mudança deve ser entendida como algo que
acontece por meio de altos níveis de ordem. Apesar de muitos teóricos separarem estas duas
noções, Comte ressalta que estas devem ser entendidas de maneira conjunta, “Order is order-in
change” (Nisbet, 1969).
54
3.2
A Teoria da Modernização
2
Na obra de Durkheim, os laços que unem os membros entre si e ao próprio grupo constituem a
solidariedade, que pode ser mecânica ou orgânica. A solidariedade orgânica é esta que deriva da
divisão do trabalho, e é responsável por assegurar a unidade e a coesão social (Durkheim, 1999).
57
3
Com exceção das formas anormais, em que a divisão do trabalho não produz solidariedade. Ver
Durkheim (1999), Livro III, capítulo I.
4
Ver Darwin (2001).
58
5
De acordo com Parsons (1969), enquanto que a linguagem facilita a independência do sistema
cultural com relação às exigências mais condicionais da sociedade; o direito, quando desenvolvido
até o nível exigido, facilita a independência dos componentes normativos da estrutura societária
com relação às exigências dos interesses políticos e econômicos, bem como com relação aos
fatores pessoais, orgânicos e do ambiente físico que atuam por meio de tais exigências.
59
3.3
Alternativas ao Discurso da Modernização: Teoria da Dependência
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6
Ver Furtado, C. Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.
7
Ver Frank, G. Desenvolvimento do Subdesenvolvimento Latino-americano. Monthly Review, vol
18, nº 5, 1966.
8
Ver Amin, S. Imperialismo e Desenvolvimento Desigual, São Paulo. Editora Vértice, 1987.
9
Pode-se dizer que enquanto Raúl Prebisch e Celso Furtado filiam-se mais claramente ao
pensamento keynesiano, outros teóricos da dependência como Gunder Frank e Samir Amim
seguem a proposta marxista-leninista, adotando um tom mais revolucionário no discurso sobre as
possibilidades de desenvolvimento dos países periféricos (Messari e Nogueira, 2005).
64
3.4
A Consolidação do Discurso Desenvolvimentista
d- Por fim, o desenvolvimento constitui-se como uma noção que trata das
mudanças sociais com base na ideia de evolução de uma sociedade
primitiva para a sociedade moderna. Apesar das críticas e propostas
alternativas como a teoria da dependência, esse é o modelo de pensamento
sobre desenvolvimento que se tornou o discurso dominante no século XX.
Por conseguinte, o discurso do desenvolvimento trouxera um conjunto de
novas práticas para lidar com as nações ditas atrasadas, e nesse contexto, a
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nas décadas de 40 e 50. Apesar disso, é possível falar numa maior emergência do
discurso desenvolvimentista no pós Segunda Guerra diante da nova dinâmica de
relação entre ricos e pobres na política mundial.
Antes da Segunda Guerra e durante o conflito, a periferia do mundo era
vista pelos países centrais a partir de um olhar estratégico, principalmente como
fonte de matéria prima. Após a Segunda Guerra, os países periféricos passaram a
integrar a economia e política mundial de maneira substancial. Nas conferências
que antecederam a criação da ONU, o mundo não industrializado passou a estar
presente na agenda de discussão. Importante destacar que é nesse período que as
noções de subdesenvolvimento e Terceiro Mundo entram no debate político como
conceito para se referir aos países não industrializados. Nos anos 50, a ideia de
três mundos, países industrializados (primeiro mundo), países comunistas
(segundo mundo) e países não industrializados (terceiro mundo), já estava
estabelecida como a principal referência por meio dos qual o mundo era
compreendido.10
A ideia de três mundos nada mais é do que uma consequência da nova
configuração geopolítica da Guerra Fria, que inaugurou um longo período de
10
Segundo Escobar (1995), o termo Terceiro Mundo foi cunhado pelo demógrafo francês Alfred
Sauvy em analogia ao terceiro estado que existia no período da Revolução Francesa. Mesmo após
o fim do bloco comunista, os termos primeiro e terceiro mundo ainda continuaram como o
principal termo de representação das diferenças econômicas e sociais entre os países ricos e pobres
do mundo.
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