ABNT NBR 6023.2018 - Referências - Elaboração
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Ano passado tivemos, no Brazil Conference at Havard & MIT, uma conferência
entre Olavo de Carvalho, o maior filósofo brasileiro ainda vivo, Eduardo Suplicy,
político profissional do legislativo brasileiro (também foi fundador do Partido dos
Trabalhadores) e Hussen Kalout, secretário especial de assuntos estratégicos
do governo Temer. Ainda, o moderador Pedro Henrique Cristo (ONG Brasil21),
que rapidamente abordou sua experiência de trabalho no Rio de Janeiro após
ter cursado mestrado em Havard, conduziu a conferência. Apresentados os
palestrantes, é de suma importância termos uma visão básica, mas
abrangente, que nos leva ao palco deste evento para que possamos sair da
paixão torcedora do “a favor ou contra” que nos cega diante dos argumentos ali
apresentados. Primeiro, a audiência, se não em sua totalidade, pelo menos em
sua maioria é formada por brasileiros que estudam fora do país, ou através de
programas do governo – ou multinacionais - ou por interesse de suas próprias
famílias, e, em breve, farão parte da classe dominante, dirigente. Isso foi
destacado bem no início da conferência pelo Prof. Olavo. Segundo, dos quatro
participantes, apenas o Prof. Olavo é um autodidata – no sentido o qual seu
trabalho intelectual foi desenvolvido fora da formalidade acadêmica - que,
dispensando explicações, tem uma vasta obra filosófica e literária da qual dois
livros são importantes para o que aqui será exposto: O Jardim das Aflições e
Os EUA e a Nova Ordem Mundial (ambos da Vide Editorial). Os outros três,
todos, tiveram a carreira formal acadêmica completa, entre institutos públicos
governamentais e privados, aonde iram convergir na docência ou discência em
institutos estrangeiros e a aplicação desses trabalhos no seu país de origem. É
importante entendermos que essa comparação não tem nada a ver com uma
demonstração curricular para que seja válida a opinião de fulano ou cicrano,
porém, ela ressalta as diferentes experiências intelectuais obtidas pelos
indivíduos que, ao decorrer do texto, serão entendidas. Por último, e não
menos importante, o teor político-ideológico que possamos identificar nas falas
ali apresentadas só é considerado como um todo e não em seus planos
individuais de uma possível esquerda ou direita. Isso fica bem característico se
pensarmos em três linhas progressivas que vão crescendo em paralelo ao
decorrer da conferência: de um lado o cientificismo-positivista e do outro o
distributivismo-materialista como formas paliativas de soluções, as quais são
trazidas para tangenciar a linha central, representada pelo caráter educacional
deficiente, problema real que é apresentado em confronto às doutrinas,
compreensíveis na forma abstrata, que são proferidas.
Em 1933, época na qual ele escreveu seu estudo final sobre o maravilhoso
mundo vindouro da Conspiração Aberta e o condensou em The Open
Conspiracy. What are we to do with our lives? Blueprints for a World Revolution
(Traduzido por Flávio Quintela e publicado pela Vide Editorial em 2017). Além
dos avanços tecnológicos, o mundo vinha numa enorme pujança de alterações
socioeconômicas e geopolíticas, principalmente na Europa, antecedidas por
idéias que, impulsionadas na descoberta filosófica alemã, foram influenciadas
pela turbulência da tradição socialista francesa e da política econômica inglesa.
Nesse cenário cheio de vivacidade intelectual e científica, acontece a Grande
Guerra e, ao seu final, Wells reflete sobre uma crise nos assuntos dos homens
e que “essas novas forças e substâncias estavam modificando e transformando
– de forma discreta, certeira e inexorável – os detalhes da vida normal da
humanidade”. A partir daí, por que não ter um conjunto de idéias que culminem
num sistema de conduta que atualize a nossa vida social e política? Ele
percebe certeiramente que os vários Kaluots, Suplicys e Pedro Henriques,
cidadãos do mundo, cada qual de sua forma, estarão – se, de posse de uma
ferramenta a qual possam usar - aptos a fazer parte e propagar um sistema
mundial futuro. Portanto, na intuição de Wells:
Portanto, o autor aponta para estudos os quais sejam “algo realmente sólido e
abrangente para seguir em frente, uma ‘ideologia’, como dizem, com a qual
seria possível pensar a construção de um novo mundo, sem surpresas
fundamentais...” chegando a uma quantidade de visão e conhecimento de
mundo que alcance um arranjo geral, ou seja, ele (e seus adeptos) tornaria-se
um exímio planejador da humanidade.
Fica evidente, digo até que estereotipado, as opiniões que foram apresentadas
no “debate”, pois não trazem nada de novo, a não ser dentro da “convergência
de muitos tipos diferentes de pessoas a uma idéia comum”.
A opinião expressa pelo ex-senador Suplicy – do qual conhecemos sua
atuação política - fica subentendida em termos os quais são bem amplos,
gerais e abstratos. Por exemplo, invocando uma “fraternidade universal”, ele
fala sobre “valores que não sejam simplesmente a busca do interesse próprio,
de levar vantagem em tudo” – um ataque a psicologia individual de cunho
pessimista. Óbvio que nós brasileiros temos o ego muito aguçado sobre tirar
vantagens nas nossas relações pessoais, principalmente pecuniárias, porém,
esse “interesse próprio” não é combatido neste sentido e sim de uma forma
ampla na qual qualquer ganho, qualquer ascensão e mérito pessoal de
empreendedorismo vira “interesse próprio”. Assim, resta apenas o “interesse
público” pelo qual irão atuar os administradores da burocracia governamental –
por muito tempo o ex-senador foi um deles, que não buscam o lucro ou a
vantagem, mas o bem coletivo. O que leva o ex-senador a prosseguir
argumentando, mais à frente, sobre a “renda básica de cidadania” e de
inúmeros exemplos de países e cidades que, segundo ele, instituíram um valor
pecuniário básico para cada indivíduo em toda a população. Bom, neste ponto,
a expressão de um marxismo contumaz – ele foi fundador do PT e disse que
vai lutar até morrer para ver esse programa social implantado – nos conduz a
uma interpretação lógica a qual não será possível que 206 milhões de
brasileiros percebam um valor fixo do Estado. O que resulta em três problemas:
primeiro, a burocracia que será envolvida nesse processo; segundo, o próprio
gasto para ter esta burocracia e; terceiro, o próprio controle burocrático amplo
sobre a população, pois, para ter o benefício todos deverão ser registrados
pelo aparato burocrático. Porém, essa reivindicação é válida exatamente
porque não se pode atendê-la, acarretando apenas a fixação na tal “luta pelo
direito”, que nunca é concedido, e por alguém que o promulgue. Com isso
temos, proferido pelo político brasileiro e que encontra eco numa grande parte
da nossa elite, a luta por um ideal de igualdade universal que será amparada
pelos administradores do bem público, e estes, garantirão o mínimo de renda
como condição de vida para o resto da população. Contudo, esta conclusão
estava contida, há 85 anos, no que foi previsto por H G Wells e, neste caso, no
discurso da Conspiração Aberta:
Já vamos longe, e não custa lembrar que tudo isto não é a famosa
“conspiração” pejorativa com a qual os que tem medo do conhecimento taxam
os outros e riem dos argumentos apresentados. Aqui estão descritos os planos
narrados por um dos mais altos agentes desta “concepção de vida”, como o
mesmo afirma. Neste sentido, podemos citar aqui inúmeros outros partícipes
como Aldous Huxley, George Orwell, Arnold Toynbee, George Bernad Shaw,
Oscar Wilde, James Joyce, Virginia Woolf, eminentes nomes da literatura
mundial cujos trabalhos tinham alguma ligação com a psicologia das possíveis
relações humanas num futuro próximo e que apresentavam características da
“concepção de vida” que estavam disseminando.
Porém, não existem planos humanos perfeitos e, a todos eles, sempre haverá
alguma oposição, mesmo que seja ínfima. Neste caso, a oposição não é feita
como um projeto em contrário, mas sim como um despertar, um alerta, para o
objetivo pérfido, mesquinho e diabólico que é o planejamento da vida humana -
consequentemente, sua submissão - por uma casta dominante, uma elite
mundial iluminada. Esse alerta é o conhecimento da nossa realidade, e esse é
apresentado na Conferência do M.I.T. pelo prof. Olavo de Carvalho. H G Wells
tem um ponto em comum acordo com o que o Prof. Olavo – e os dois são
exímios ensaístas e literatos, ou seja, possuem um rico treinamento do
imaginário - fala no debate: sobre a educação, em seu sistema universal, ser
(tanto hoje, como naquela época) péssimas e não ensinarem nada. E cada
indivíduo, por si mesmo, tem que buscar as ferramentas de sua reorientação
na vida. Olavo é prova viva disto e o autor também afirma no livro que o é, mas
esta concordância, para na crítica.
Nós também não podemos parar, temos que enfrentá-los, pois, cada um de
nós é uma resistência. Busque, leia, informe-se, ainda podemos resistir!
Referências: