Protocolo Saude Mulher
Protocolo Saude Mulher
Protocolo Saude Mulher
Brasília – DF
2015
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Brasília – DF
2015
2015 Ministério da Saúde. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta
obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na
íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde.
Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e
Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.
xx p. : il.
1. Atenção Básica. 2. Protocolos. 3. Saúde da Mulher. I. Título. II. Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa.
CDU 613.99
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2015/0609
PARTE 1 – ATENÇÃO AOS PROBLEMAS/QUEIXAS MAIS COMUNS EM SAÚDE DAS MULHERES ...........16
Fluxograma 1 – Sangramento uterino anormal..................................................................................................16
Fluxograma 2 – Atraso menstrual e amenorreias ..............................................................................................22
Fluxograma 3 – Ausência de menstruação, descartada gestação ....................................................................23
Fluxograma 4 – Amenorreia secundária sem causa evidente na avaliação clínica inicial ................................24
Fluxograma 5 – Sintomas pré-menstruais .........................................................................................................27
Fluxograma 6 – Avaliação inicial da queixa de lesão anogenital .......................................................................29
Fluxograma 7 – Corrimento vaginal e cervicites ................................................................................................34
Fluxograma 8 – Mastalgia ..................................................................................................................................39
Fluxograma 9 – Descarga papilar ......................................................................................................................40
Fluxograma 10 – Dor pélvica .............................................................................................................................42
Fluxograma 11 – Imagens anexais ....................................................................................................................48
Fluxograma 12 – Miomas ...................................................................................................................................49
Fluxograma 13 – Perda urinária .........................................................................................................................52
Fluxograma 14 – Queixas urinárias ...................................................................................................................54
PARTE 2 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO, PUERPÉRIO E PROMOÇÃO
DO ALEITAMENTO MATERNO ............................................................................................................................56
Fluxograma 1 – Pré-Natal na Atenção Básica ...................................................................................................62
Fluxograma 2 – O que fazer nos quadros de náusea e vômitos .......................................................................84
Fluxograma 3 – O que fazer nas queixas urinárias ...........................................................................................85
Fluxograma 4 – O que fazer nos quadros de dor abdominal e cólicas .............................................................86
Fluxograma 5 – O que fazer nos quadros de edema.........................................................................................87
Fluxograma 6 – O que fazer na anemia gestacional .........................................................................................93
Fluxograma 7 – O que fazer nos quadros de sífilis............................................................................................94
Fluxograma 8 – O que fazer nos quadros de toxoplasmose .............................................................................95
Fluxograma 9 – O que fazer nas síndromes hemorrágicas ...............................................................................96
Fluxograma 10 – O que fazer nos quadros de alterações do líquido amniótico ................................................97
Fluxograma 11 – O que fazer no diabetes mellitus gestacional (DMG) ............................................................98
Fluxograma 12 – O que fazer nas síndromes hipertensivas, pré-eclâmpsia e eclâmpsia ................................99
Fluxograma 13 – O que fazer nos resultados de sorologia do HIV .................................................................100
PARTE 3 – PLANEJAMENTO REPRODUTIVO ................................................................................................126
Fluxograma 1 – Escolha do método anticoncepcional ....................................................................................129
Fluxograma 2 – Esterilização voluntária feminina e masculina (métodos definitivos e cirúrgicos) .................130
Fluxograma 3 – Abordagem da mulher ou do casal que planeja a gravidez – auxílio à concepção ...............131
Fluxograma 4 – Anticoncepcional oral combinado (AOC) e minipílula ............................................................132
Fluxograma 5 – Anticoncepção injetável (AI) trimestral e mensal ...................................................................133
Fluxograma 6 – DIU de cobre ..........................................................................................................................134
PARTE 7 – ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E/OU
DOMÉSTICA/INTRAFAMILIAR ...........................................................................................................................172
Fluxograma 1 – Atenção às mulheres em situação de violência doméstica e/ou violência sexual .................180
LISTA DE QUADROS
PARTE 1 – ATENÇÃO AOS PROBLEMAS/QUEIXAS MAIS COMUNS EM SAÚDE DAS MULHERES ...........16
Quadro 1 – Sangramento uterino aumentado: ciclos regulares, porém prolongados ou intensos. Podem estar
presentes sintomas relacionados à menstruação ..............................................................................................17
Quadro 2 – Sangramento uterino irregular: ciclos irregulares, geralmente sem sintomas relacionados à
menstruação, volume do sangramento variável ................................................................................................18
Quadro 3 – Sangramento uterino intermenstrual: sangramento uterino não associado à menstruação –
Padrões mais frequentes são escape e sangramento pós-coito .......................................................................19
Quadro 4 – Manejo clínico do sangramento uterino agudo intenso ..................................................................19
Quadro 5 – Manejo clínico do sangramento uterino aumentado crônico de padrão ovulatório ........................20
Quadro 6 – Atraso menstrual e amenorreias .....................................................................................................25
Quadro 7 – Avaliação inicial da queixa de lesão anogenital ..............................................................................30
Quadro 8 – Dor pélvica aguda: como identificar e como manejar as principais causas ginecológicas e não
ginecológicas ......................................................................................................................................................43
Quadro 9 – Dor pélvica crônica – como identificar e como manejar as principais causas ................................45
Quadro 10 – Considerações gerais sobre o tratamento de dor pélvica crônica ................................................46
PARTE 2 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO, PUERPÉRIO E PROMOÇÃO
DO ALEITAMENTO MATERNO ............................................................................................................................56
Quadro 1 – Entrevista ........................................................................................................................................63
Quadro 2 – Exame físico geral e específico no pré-natal de baixo risco ...........................................................65
Quadro 3 – Solicitação dos exames de rotina no pré-natal de baixo risco ........................................................69
Quadro 4 – Interpretação de Resultados de ultrassonografia no pré-natal de baixo risco ...............................72
Quadro 5 – Principais sinais de alerta na gestação ...........................................................................................73
Quadro 6 – Avaliação do risco gestacional pela equipe de Atenção Básica .....................................................74
Quadro 7 – Abordagem de queixas frequentes na gestação ............................................................................76
Quadro 8 – Atenção às intercorrências do pré-natal .........................................................................................88
Quadro 9 – Relação de medicamentos essenciais na atenção ao pré-natal ..................................................101
Quadro 10 – Imunização: recomendações de rotina no pré-natal ...................................................................104
Quadro 11 – Vitaminas e minerais, suas funções, fontes e recomendações durante o período gestacional .105
Quadro 12 – Preparo para o parto ...................................................................................................................106
Quadro 13 – A gestação no âmbito do trabalho, direitos sociais e trabalhistas ..............................................107
Quadro 14 – Condições clínicas maternas que necessitam de avaliação quanto à manutenção ou
contraindicação do aleitamento materno .........................................................................................................121
Quadro 15 – Intercorrências ou complicações no aleitamento materno..........................................................122
PARTE 3 – PLANEJAMENTO REPRODUTIVO ................................................................................................126
Quadro 1 – Categorias da OMS para os critérios de elegibilidade de métodos contraceptivos .....................135
Quadro 2 – Critérios de elegibilidade da OMS de contraceptivos por condição clínica ..................................135
Quadro 3 – Métodos contraceptivos ofertados pelo SUS ................................................................................137
Quadro 4 – Taxas de falha dos métodos contraceptivos – Índice de Pearl ....................................................137
Quadro 5 – Anticoncepção hormonal de emergência – AHE ..........................................................................138
Quadro 6 – Como lidar com problemas na contracepção? .............................................................................138
PARTE 4 – PREVENÇÃO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO ......................................................................142
Quadro 1 – Recomendações da coleta do exame citopatológico do colo do útero diante de situações
especiais ...........................................................................................................................................................146
Quadro 2 – Recomendações diante dos problemas mais frequentes encontrados durante a coleta do exame
citopatológico do colo do útero.........................................................................................................................146
Quadro 3 – Adequabilidade da amostra ..........................................................................................................147
Quadro 4 – Recomendação diante de resultados de exames citopatológicos normais ..................................148
Quadro 5 – Recomendação inicial diante de resultados de exames citopatológicos anormais ......................149
PARTE 5 – PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA .........................................................................................152
Quadro 1 – Síntese de prevenção do câncer de mama ..................................................................................154
Quadro 2 – Mamografia de rastreamento: interpretação, risco de câncer e recomendações de conduta ......155
Quadro 3 – A eficácia do rastreamento populacional por mamografia ............................................................156
PARTE 6 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO ..............................................................................159
Quadro 1 – Quais são as queixas associadas ao climatério? .........................................................................163
Quadro 2 – Cuidados não farmacológicos e orientações de acordo com as queixas apresentadas ..............163
Quadro 3 – Fitoterápicos que podem ser utilizados no manejo de sintomas transitórios do climatério ..........165
PARTE 7 – ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E/OU
DOMÉSTICA/INTRAFAMILIAR ...........................................................................................................................172
Quadro 1 – Formas de violência contra a mulher (art. 7, Lei Maria da Penha) ...............................................174
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 9
1 OS PROTOCOLOS DA ATENÇÃO BÁSICA E A ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS
MULHERES NA ATENÇÃO BÁSICA ............................................................................................... 9
2 LINHAS ORIENTADORAS DESTA PUBLICAÇÃO ..................................................................... 11
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 15
PARTE 1 – ATENÇÃO AOS PROBLEMAS/QUEIXAS MAIS COMUNS EM SAÚDE DAS
MULHERES....................................................................................................................................... 16
1 PROBLEMAS RELACIONADOS À MENSTRUAÇÃO ................................................................. 16
1.1 Sangramento uterino anormal .............................................................................................. 16
1.1.1 Padrões de sangramento e manejo das diferentes causas de sangramento uterino ......... 17
1.1.2 Referências ....................................................................................................................... 21
1.2 Atraso menstrual e amenorreias........................................................................................... 22
1.2.1 Atraso menstrual ............................................................................................................... 22
1.2.2 Ausência de menstruação, descartada gestação .............................................................. 23
1.2.3 Amenorreia secundária sem causa evidente na avaliação clínica inicial ........................... 24
1.2.4 Referências ....................................................................................................................... 26
1.3 Sintomas pré-menstruais...................................................................................................... 27
Referências ................................................................................................................................ 28
2 LESÃO ANOGENITAL ................................................................................................................ 29
2.1 Avaliação inicial da queixa de lesão anogenital .................................................................... 29
Referências ................................................................................................................................ 33
3 CORRIMENTO VAGINAL E CERVICITES .................................................................................. 34
3.1 Corrimento vaginal e cervicites............................................................................................. 34
3.2 Quadro-síntese para tratamento de corrimento vaginal e cervicite ....................................... 35
Referências ................................................................................................................................ 38
4 PROBLEMAS NA MAMA ............................................................................................................ 39
4.1 Mastalgia .............................................................................................................................. 39
4.2 Descarga papilar .................................................................................................................. 40
Referências ................................................................................................................................ 41
5 DOR PÉLVICA ............................................................................................................................ 42
5.1 Dor pélvica: aguda, crônica e cíclica ........................................................................................ 42
Referências .................................................................................................................................... 47
6 AVALIAÇÃO DE ACHADOS EM ULTRASSONOGRAFIA PÉLVICA ........................................... 48
6.1 Imagens anexais .................................................................................................................. 48
6.2 Miomas ................................................................................................................................ 49
6.3 Outros achados frequentes .................................................................................................. 50
Referências ................................................................................................................................ 51
7 QUEIXAS URINÁRIAS ................................................................................................................ 52
7.1 Perda urinária....................................................................................................................... 52
Referências ................................................................................................................................ 53
7.2 Dor e aumento da frequência ............................................................................................... 54
Referências ................................................................................................................................ 55
PARTE 2 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO, PUERPÉRIO E
PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO .................................................................................. 56
1 ATENÇÃO ÀS MULHERES NO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO ............................................... 56
1.1 Quadro-síntese de atenção à gestante no pré-natal de baixo risco ...................................... 57
1.2 Saiba Mais ......................................................................................................................... 108
Referências .............................................................................................................................. 109
2 ATENÇÃO À MULHER NO PUERPÉRIO ................................................................................. 111
2.1 Quadro-síntese de atenção à mulher no puerpério............................................................. 112
Referências .............................................................................................................................. 114
3 PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
..................................................................................................................................................... 115
3.1 Quadro-síntese de promoção do aleitamento materno ....................................................... 118
3.2 Saiba Mais ......................................................................................................................... 124
Referências .............................................................................................................................. 125
PARTE 3 – PLANEJAMENTO REPRODUTIVO.............................................................................. 126
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 126
2 QUADRO-SÍNTESE NA ATENÇÃO À SAÚDE SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA ................ 127
3 FLUXOGRAMAS....................................................................................................................... 129
4 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES .................................................................................... 135
5 SAIBA MAIS .............................................................................................................................. 140
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 141
PARTE 4 – PREVENÇÃO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO ..................................................... 142
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 142
2 QUADRO-SÍNTESE NA PREVENÇAO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO .......................... 143
3 SAIBA MAIS .......................................................................................................................... 150
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 151
PARTE 5 – PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA ....................................................................... 152
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 152
2 SAIBA MAIS .............................................................................................................................. 157
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 158
PARTE 6 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO ............................................................ 159
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 159
2 QUADRO-SÍNTESE – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO ...................................... 160
3 SAIBA MAIS .............................................................................................................................. 169
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 170
PARTE 7 – ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E/OU
DOMÉSTICA/INTRAFAMILIAR ....................................................................................................... 172
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 172
2 QUADRO-SÍNTESE PARA ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL
E/OU DOMÉSTICA/FAMILIAR NO ÂMBITO DA AB ........................................................................ 176
3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES .................................................................................... 181
3.1 Rede de atendimento às mulheres em situação de violência ............................................. 181
4 SAIBA MAIS .............................................................................................................................. 182
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 184
INTRODUÇÃO
Para que a Atenção Básica (AB) possa cumprir seu papel na Rede de Atenção à Saúde, é
fundamental que a população reconheça que as unidades básicas de saúde (UBS) estão próximas a
seu domicílio e podem resolver grande parte de suas necessidades em saúde. Para isso, gestores e
trabalhadores possuem a tarefa de organizar os serviços de modo que eles sejam, de fato, acessíveis
e resolutivos às necessidades da população. Por meio do acolhimento, compreendido como uma
escuta atenta e qualificada, que considera as demandas trazidas pelo usuário, a equipe de saúde
define as ofertas da UBS para o cuidado e estabelece critérios que definem as necessidades de
encaminhamento desse usuário para outro ponto da Rede de Atenção à Saúde.
Nesse sentido, o presente documento, que tem abrangência nacional, pode ser adotado na
íntegra ou adaptado pelos gestores estaduais e municipais conforme as necessidades e
particularidades regionais. Deve, ainda, ser utilizado de forma complementar a outras publicações do
DAB, como os Cadernos de Atenção Básica e os Protocolos de Encaminhamento da Atenção Básica
para a Atenção Especializada, num contexto de integração, em que cada publicação tem sua
funcionalidade e contribui para maximizar o potencial de ação do profissional de saúde nas variadas
situações que se apresentam no cotidiano da AB.
Desse modo, os protocolos devem ter flexibilidade para reconhecer um leque maior de
modelagens de equipes para as diferentes populações e possíveis adequações às distintas
realidades do Brasil. Seu propósito não é abarcar todas as possibilidades de arranjos e práticas de
cuidado em saúde, nem nos demais níveis de atenção, mas trazer ofertas para o fortalecimento da
Atenção Básica como importante ponto de atenção – de coordenação do cuidado e porta de entrada
preferencial no sistema –, que opera dentro de um arranjo maior de Redes de Atenção à Saúde, a fim
de ampliar o acesso, melhorar a qualidade dos serviços, os resultados sanitários e a satisfação dos
usuários, com uso racional dos recursos do SUS.
Cada protocolo aborda um tema clínico e é elaborado com base em diversos saberes, a fim de
garantir um cuidado integral sob a ótica da clínica ampliada, considerando que aspectos biológicos,
psíquicos, socioeconômicos, culturais, espirituais e ambientais exercem determinação sobre o
processo saúde-doença dos indivíduos e, portanto, os profissionais de saúde devem acionar recursos
diversos para o cuidado. O presente protocolo é referente ao cuidado da mulher na AB e dialoga com
os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) ao
considerar o gênero, a integralidade e a promoção da saúde como perspectivas privilegiadas, bem
9
como os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, sob orientação das diferentes
dimensões dos direitos humanos e questões relacionadas à cidadania.1,2 Com esse protocolo, afirma-
se também um compromisso com a implementação de ações de saúde no âmbito da AB que
reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis, a partir da adoção de boas práticas
profissionais, com enfoque não apenas para a mulher, mas também para a família e a comunidade.
Aponta-se, ainda, para o fortalecimento das ações voltadas a mulheres historicamente excluídas das
políticas públicas, como forma de garantir legitimidade às suas necessidades e especificidades.
Nesse sentido, é necessário garantir acesso aos serviços, respeitando a diversidade cultural, sexual,
étnica e religiosa, contribuindo para a construção da autonomia de mulheres com deficiência,
lésbicas, bissexuais, transexuais, negras, índias, ciganas, do campo e da floresta, em situação de rua
e privadas de liberdade, em todas as fases da vida.
Nesse contexto, o Protocolo da Atenção Básica: Saúde das Mulheres contempla desde temas
como pré-natal, puerpério e aleitamento materno, até planejamento reprodutivo, climatério e atenção
às mulheres em situação de violência doméstica e sexual. Contempla, ainda, a abordagem dos
problemas/queixas e a prevenção dos cânceres que mais acometem a população feminina.
Reconhece-se que, para o alcance dos objetivos do sistema de saúde e o cumprimento efetivo
e qualificado de suas funções como porta de entrada preferencial, coordenação do cuidado e
resolutividade na Atenção Básica, faz-se necessário conferir maior qualificação, autonomia e
responsabilidade a todas(os) as(os) trabalhadoras(es) atuantes neste nível de atenção. Também é
fundamental estimular dispositivos para o trabalho compartilhado, considerando a oferta de cuidado
em contextos de difícil acesso, com barreiras geográficas ou outras particularidades locorregionais.
Partindo de tais objetivos e pressupostos, o Ministério da Saúde firmou parceria com uma
instituição de excelência, cuja trajetória é reconhecida no campo de formação de profissionais de
saúde e no desenvolvimento de projetos de apoio ao SUS: o Hospital Sírio-Libanês (HSL). Com
recursos da filantropia, o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HSL desenvolveu o processo de
10
produção dos Protocolos da Atenção Básica juntamente com o Departamento de Atenção Básica do
Ministério da Saúde, ao longo de 2014.
Por meio dessa parceria, foram realizadas diversas oficinas de trabalho com um coletivo de
trabalhadoras(es) de diferentes núcleos profissionais e notória experiência e saber na Atenção
Básica. Tais oficinas foram orientadas por metodologias ativas de ensino-aprendizagem, com o
objetivo de facilitar a emersão dos temas a serem trabalhados na publicação e a criação de formato
que pudesse dialogar mais significativamente com a lógica da Atenção Básica. A continuidade do
desenvolvimento dos temas se deu nos momentos de dispersão, embasada pela produção prévia do
Ministério da Saúde voltada para a Atenção Básica e para a área temática do protocolo.
Cabe ressaltar que as referências bibliográficas que serviram de base para a produção desta
publicação são obras que versam sobre práticas e saberes já consolidados no âmbito da Atenção
Básica, isto é, tratam do cuidado em saúde neste nível de atenção considerando a perspectiva do
usuário, da pessoa que busca o cuidado – e não de agravos ou uma tecnologia –, contemplando o
trabalho em equipe e a organização do processo de trabalho sob a ótica da integralidade e demais
princípios da Atenção Básica. Sendo assim, o conteúdo dos Cadernos de Atenção Básica (CABs)
serviu como ponto de partida para a elaboração deste material. Agregam-se aos CABs as diretrizes
de políticas de saúde, com destaque para a PNAB e a PNAISM, além de manuais, diretrizes, normas
e notas técnicas, leis, portarias e outras publicações do MS. Além disso, foram utilizados estudos e
consensos de bases de dados nacionais e internacionais de reconhecido valor para a Atenção
Básica.
Após a elaboração, foi realizada a etapa de validação interna, que consistiu em um processo
de discussão do material por um conjunto de especialistas – profissionais, gestores(as),
professores(as) – em saúde da família, medicina de família e comunidade (MFC), ginecologia e
obstetrícia. Nesta etapa promoveu-se a análise técnica dos protocolos a fim de garantir o
aprimoramento do material elaborado pela equipe de produção.
No cotidiano dos serviços, a integralidade se expressa pela atenção à saúde dos usuários,
sob a ótica da clínica ampliada, com a oferta de cuidado à (e com a) pessoa, e não apenas a seu
adoecimento. Isso inclui também a prestação de cuidados abrangentes, que compreendem desde a
promoção da saúde, a prevenção primária, o rastreamento e a detecção precoce de doenças até a
cura, a reabilitação e os cuidados paliativos, além da prevenção de intervenções e danos
desnecessários, a denominada prevenção quaternária.3, 5
Isto é, o alcance da integralidade na
Atenção Básica pressupõe a superação da restrição do cuidado às mulheres a ações programáticas
por meio do desenvolvimento de ações abrangentes de saúde e de acordo com as necessidades de
saúde das usuárias.
11
Nesse sentido, com o intuito de contribuir com a consolidação dos princípios do SUS, o primeiro
capítulo dos Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres, intitulado “Atenção aos
Problemas/Queixas mais Comuns em Saúde das Mulheres”, apresenta os principais motivadores de
contato espontâneo das usuárias com os serviços de saúde que usualmente não estão contemplados
nas ações programáticas já consolidadas (também abordadas na sequência do material).
Por sua vez, os capítulos subsequentes abordam os seguintes temas: atenção às mulheres no
pré-natal de baixo risco, no puerpério e promoção do aleitamento materno; planejamento reprodutivo;
prevenção dos cânceres do colo do útero e de mama; atenção às mulheres no climatério; e atenção
às mulheres em situação de violência. Estes capítulos foram estruturados em cinco blocos principais:
introdução, quadro-síntese, quadros explicativos, textos/informações complementares e saiba mais.
12
Sendo assim, incluir o acolhimento com escuta qualificada como princípio básico das ações dos
profissionais de saúde tem por objetivos:6, 7
a melhoria do acesso das usuárias aos serviços de saúde, modificando a forma tradicional
de entrada por filas e a ordem de chegada;
a operacionalização de uma clínica ampliada que implica a abordagem da usuária para além
da doença e suas queixas, bem como a construção de vínculo terapêutico para aumentar o
grau de autonomia e de protagonismo dos sujeitos no processo de produção de saúde.
Ainda no detalhamento da categoria “Acolhimento com escuta qualificada”, foi utilizado como
referencial o conceito de “motivos de consulta” (MC) da Classificação Internacional de Atenção
Primária (CIAP) – incorporado pelo Ministério da Saúde (MS) no Prontuário Clínico do Cidadão (PEC)
do Sistema e-SUS da Atenção Básica (e-SUS AB) –, adaptado nos Protocolos da Atenção Básica
como “motivos de(o) contato”.8, 9 Em analogia ao conceito de MC, o motivo de contato se refere a
qualquer razão, fator ou motivação que leve a um encontro entre profissional de saúde e usuário, com
ênfase na demanda apresentada pelo usuário ao serviço de saúde, nas necessidades apresentadas
pelas pessoas que buscam cuidado: “poderá se tratar de sintomas ou queixas [...], doenças
conhecidas [...], pedidos de exames de diagnóstico ou preventivos [...], pedido de tratamento [...],
conhecer os resultados de testes, ou por razões administrativas [...]”.8
De forma geral, as categorias dos quadros-síntese, dispostas nas linhas, foram inspiradas nas
notas de evolução (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano – SOAP), do modelo de Registro Clínico
Orientado para o Problema (RCOP) – ou Prontuário Orientado para o Problema e para a Evidência
(Pope) –, também adotado pelo Ministério da Saúde no PEC do e-SUS AB.9, 10 O SOAP é um modelo
13
de registro em saúde adequado para o cuidado na Atenção Básica e para as diferentes práticas
profissionais, cuja estrutura reflete a complexidade dos cuidados básicos de saúde (favorecendo a
continuidade, a integralidade e a coordenação do cuidado), com destaque para suas categorias de
problemas e avaliação (não restritas às categorias de “doença” e “diagnóstico”, respectivamente), bem
como de plano de cuidados (em suas dimensões de propedêutica, terapêutica, educativa e de
seguimento/acompanhamento).10, 11
Nos quadros-síntese dos Protocolos da AB, são utilizados três termos ao denotar “quem faz”
(última coluna dos quadros), isto é, as categorias profissionais responsáveis pela realização das
ações do ponto de vista técnico e legal: equipe multiprofissional, enfermeiro(a)/médico(a) e
médico(a). A equipe multiprofissional contempla todos os profissionais das equipes de Atenção
Básica (como a equipe mínima: agentes comunitários de saúde, técnicos em enfermagem,
enfermeiros e médicos) e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), a depender da realidade
de cada região e serviço de saúde, dos profissionais presentes nas equipes (e seus saberes-práticas)
e da forma de organização do processo de trabalho que contemple as especificidades e
singularidades de cada território.3, 13, 14
Por fim, os quadros e textos de leitura complementar foram incluídos para apoiar a
compreensão do tema abordado no capítulo, de forma um pouco mais detalhada, ainda que breve. E
a seção “Saiba mais” traz alguns hiperlinks, que podem ser acessados para agregar conhecimentos
ao tema abordado no capítulo, além de informações relevantes que tangenciam ou atravessam o
lócus da AB encontradas em documentos do Ministério da Saúde.
Este material deve ser entendido como oferta do Departamento de Atenção Básica do
Ministério da Saúde para os profissionais e gestores da AB e é importante que esteja atrelado a
outras iniciativas para potencializar e qualificar o cuidado na Atenção Básica pelos três entes
federativos (governo federal, unidades da federação e municípios).
14
REFERÊNCIAS
8. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema e-SUS Atenção Básica: manual de uso do Sistema
com Prontuário Eletrônico do Cidadão PEC versão 1.3. Brasília, 2014. Disponível em:
<http://goo.gl/Cv8Mo5>. Acesso em 12 dez. 2014.
10. DEMARZO, M. M. P. et al. Módulo Político Gestor: gestão da prática clínica dos
profissionais na Atenção Primária à Saúde. São Paulo: UNA-SUS; UNIFESP, 2012.
Disponível em: <http://goo.gl/cfFGDa>. Acesso em: 12 dez. 2014.
12. NORMAN, A. H.; TESSER, C. D. Prevenção quaternária na atenção primária à saúde: uma
necessidade do Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9,
p. 2012-2020, set. 2009. Disponível em: <http://goo.gl/CthVMG>. Acesso em: 24 nov. 2014.
15
PARTE 1 – ATENÇÃO AOS PROBLEMAS/QUEIXAS MAIS COMUNS EM SAÚDE DAS
MULHERES
Considerar abortamento
Atentar para violência sexual
Encaminhar para serviço
Ver abordagem do teste de Teste de gravidez*
gravidez positivo no Fluxograma 2 Enfermeiro(a)/médico(a) de emergência
– Atraso menstrual e amenorreias
e no Capítulo 2, sobre Pré-Natal
Negativo Não respondeu
Não Respondeu
Avaliar padrão de sangramento
Médico
Não Sim
Sangramento iniciou
após inserção de DIU de Orientar
cobre ou há história Uso de anticoncepcional
sugestiva de hormonal e
coagulopatia?** Investigar e manejar sangramento de
como para amenorreia escape?
secundária
Sim Não Ver Fluxograma 4. Não Sim
Ver protocolo de
Manejo conforme Manejo clínico por
Planejamento
Quadro 1 três meses
Reprodutivo
(Quadros 1 e 5)
Evidência de cervicite,
Solicitar câncer de colo
ultrassonografia e Não Boa uterino, pólipo cervical
encaminhar para resposta? ou ectopia?
ginecologista
Sim Não
Sim
Proceder conforme Encaminhar para
Manter e observar
Quadro 3 histeroscopia
* Para mais informações sobre o teste de gravidez, ver Fluxograma 2 – Atraso menstrual e amenorreias.
** Sangramento uterino aumentado desde a menarca OU história familiar de coagulopatia OU múltiplas manifestações hemorrágicas.
*** Patologias da vagina não foram incluídas no fluxograma, por não serem de origem uterina. Incluem trauma, vaginose, vaginite atrófica e carcinoma.
16
1.1.1 Padrões de sangramento e manejo das diferentes causas de sangramento uterino
Orientar.
Mais intenso nos primeiros três meses após a Se necessário, associar AINE nos primeiros
DIU de cobre
inserção, acompanhado de dismenorreia. meses durante o sangramento menstrual.
Se persistente, considerar remover o DIU.
Notas:
* Outras causas possíveis, mas que geralmente se manifestam como sangramento intermenstrual, são: pólipos endometriais, hiperplasia ou carcinoma de
endométrio, endometrite e doença inflamatória pélvica.
** Se boa resposta ao tratamento farmacológico, não há relevância clínica em diferenciar entre miomatose e adenomiose.
17
Quadro 2 – Sangramento uterino irregular: ciclos irregulares, geralmente sem sintomas
relacionados à menstruação, volume do sangramento variável*
Nota: * Se não se encaixar de forma evidente em um desses diagnósticos, considerar também as causas de sangramento intermenstrual.
18
Quadro 3 – Sangramento uterino intermenstrual: sangramento uterino não associado à
menstruação – Padrões mais frequentes são escape e sangramento pós-coito
Nota: * Embora não estudado adequadamente, podem-se associar diferentes opções farmacológicas para o controle do sangramento uterino.
19
Quadro 5 – Manejo clínico do sangramento uterino aumentado crônico de padrão ovulatório*
REDUÇÃO
AGENTE POSOLOGIA ESPERADA NO CONTRAINDICAÇÕES
SANGRAMENTO
600 mg de ibuprofeno ou
História de úlcera péptica ativa, uso
Anti-inflamatório não 50 mg de diclofenaco, de
concomitante de anticoagulantes,
esteroide (p. ex., ibuprofeno 8/8 horas, por 4 dias, a 49%
distúrbios da coagulação, doença
ou diclofenaco) partir do primeiro dia da
renal.
menstruação.
Presença ou histórico de
tromboflebite, distúrbios
Acetato de tromboembólicos e cerebrovasculares.
10 mg/dia do 5º ao 26 dia. 83%
medroxiprogesterona oral Insuficiência hepática grave. Presença
ou suspeita de neoplasia mamária ou
de órgãos genitais.
Acetato de
medroxiprogesterona 150 mg a cada três meses. Amenorreia Idem ao anterior.
injetável de depósito
Nota: * Embora não estudado adequadamente, podem-se associar diferentes opções farmacológicas para o controle do sangramento uterino.
20
Referências
1 - JAMES, A. H. et al. Evaluation and management of acute menorrhagia in women with and without
underlying bleeding disorders: consensus from an international expert panel. European Journal
of Obstetrics and Gynecology, Philadelphia, v. 158, n. 2, p. 124-134, 2011.
4 - BIRNBAUM, S. L. Approach to the woman with abnormal vaginal bleeding. In: GOROLL, A. H.;
MULLEY JR, A. G. Primary care medicine: office evaluation and management of the adult
patient. 7th ed. Hanover: Lippincott Williams & Wilkins, 2014.
5 - MAZZA, D. Women’ health in general practice. 2nd ed. Chastwood: Elsevier, 2011.
6 - RYDEN, J.; BLUMENTHAL, P. D. Practical gynecology: a guide for the primary care physician.
2nd edition. American College of Physicians, 2009. (ACP Women’s health series)
21
1.2 Atraso menstrual e amenorreias
Sim
Não
ATRASO MENSTRUAL
Questionar sobre sintomas sugestivos de gravidez (p.
ex., náusea/vômitos, aumento de volume mamário) AMENORREIA PRIMÁRIA
Avaliar regularidade de uso de contraceptivo Encaminhar para investigação
com ginecologista
Atentar a situações oportunas para uso de
Médico(a)
contracepção de emergência (relação desprotegida nos
últimos cinco dias e ocorrência de violência sexual)
Enfermeiro(a)/médico(a)
Sim Sim
Sim Gravidez
Positivo?
confirmada
Não
Há risco de
abortamento inseguro?
Sim
Orientar situações em que o aborto é permitido por lei e sobre possibilidade de adoção.
Aconselhar a mulher a conversar com pessoa de confiança e, se gestação em fase inicial, oferecer-
se ao cuidado, mediação de conflitos, verificar vulnerabilidades sociais e familiares.
Orientar sobre riscos de práticas inseguras de interrupção da gravidez (hemorragia, infecção,
perfuração uterina, infertilidade, morte).
Marcar retorno para reavaliação.
Se ocorrer abortamento, assegurar planejamento reprodutivo para evitar nova gestação indesejada.
Enfermeiro(a)/médico(a)
* O teste rápido pode ser realizado dentro ou fora da unidade de saúde. O acesso é livre, e a entrega do insumo pode ser
feita à mulher adulta, jovem, adolescente ou à parceria sexual. Deve-se realizar aconselhamento pré e pós-teste.
22
1.2.2 Ausência de menstruação, descartada gestação
Ausência de
menstruação,
descartada
gestação
Não
Considerar suspender e
Uso atual ou recente de Sim observar por pelo menos seis
anticoncepcional oral? meses. Oferecer método
Médico(a) contraceptivo não hormonal .
Médico(a)
Não
Monitorar.
Se menstruação Observar por três a
irregular, ver Menstruou
seis meses.
fluxograma de
Sangramento Uterino
Anormal
Não menstruou
Amenorreia
secundária:
seguir Fluxograma 4
23
1.2.3 Amenorreia secundária sem causa evidente na avaliação clínica inicial
Solicitar dosagem de
prolactina e TSH
Médico(a)
Hipotireoidismo ou hipertireoidismo
Sangramento
após teste da Não Explicado por
progesterona?* medicamento
ou outra causa
Sim Sangramento
reversível?
após teste do
estrogênio mais Sim Não
progesterona?**
Não Sim
Manejar Encaminhar para
conforme ginecologista ou
Fator uterino Quadro 6 endocrinologista
(especialmente Médico(a) Médico(a)
síndrome de
Asherman)
Sinais de Dosagem
hiperandrogenismo?*** de FSH
Aumentado Normal ou
diminuído
Sim Não
Falência TC ou RNM
Síndrome dos Provavelmente ovariana do SNC
ovários policísticos. amenorreia Normal
Lesão
Ver Quadro 6. hipotalâmica
Médico(a) (psicogênica). Ver
Quadro 6. Encaminhar para Amenorreia hipotalâmica grave:
Médico(a) > 40 neurocirurgião avaliar encaminhamento
anos? Médico(a) conforme situação clínica
Médico(a)
Sim Não
Notas:
* Acetato de medroxiprogesterona, 5 a 10 mg/dia, durante 5 a 10 dias, por via oral. Se houver sangramento entre 3 e 10 dias após o término
da medicação, isso indica que a paciente tem secreção estrogênica adequada e não apresenta obstrução do trato genital. Portanto, o
hipogonadismo é normogonadotrófico e a alteração é apenas na pulsatilidade.
** Etinilestradiol, 30 ug, + levonorgestrel por 21 dias. Se não houver sangramento após o término da medicação, isso sugere fortemente
obstrução do trato genital.
*** Acne, pele oleosa, calvície de padrão masculino, hirsutismo.
Observação: geralmente se sugere observar por seis meses antes de se iniciar esse fluxograma diagnóstico. Pode-se antecipar a aplicação
do fluxograma se história prévia de amenorreia ou de sangramento uterino irregular.
24
Quadro 6 – Atraso menstrual e amenorreias
25
Referências
3 - MAZZA, D. Women’ health in general practice. 2nd ed. Chastwood: Elsevier, 2011.
4 - RYDEN, J.; BLUMENTHAL, P. D. Practical gynecology: a guide for the primary care physician.
2nd ed. Philadelphia: American College of Physicians, 2009. (ACP Women’s health series)
26
1.3 Sintomas pré-menstruais
Afetivos: Somáticos:
depressão dor mamária
explosões de raiva distensão
irritabilidade abdominal
confusão Não
cefaleia
isolamento social edema de
fadiga extremidades
Enfermeiro(a)/Médico(a)
Sim
Sim
Construir com a paciente um modelo explicativo baseado no conceito de limiar para aparecimento dos sintomas e particularizar
para a situação da paciente elucidada na anamnese. Fatores estressantes reduzem o limiar para o aparecimento dos
sintomas.
Oferecer intervenções focadas nos fatores estressantes identificados e na promoção de hábitos de vida saudáveis, incluindo
exercício físico, outras práticas corporais e de relaxamento, bem como práticas integrativas e complementares. O objetivo é
aumentar o limiar para o aparecimento dos sintomas.
Ressignificar a menstruação como evento fisiológico e natural na vida da mulher
Se constatada potencial situação de violência, proceder conforme fluxograma de Atenção a Mulheres em Situação de Violência.
Enfermeiro(a)/Médico(a)
Não
Sim
Cefaleia associada à menstruação: migrânea sem aura é o diagnóstico mais frequente. Considerar uso cíclico de AINEs ou
triptanos (três dias antes até três dias depois da menstruação). Considerar profilaxia.
Sintomas depressivos: intensificar abordagem psicossocial e não farmacológica. Considerar iniciar ISRS (Nível C). Os ISRS podem
ser usados de forma contínua ou apenas na fase lútea. Essa última opção possui menor eficácia, porém maior tolerabilidade.
Edema de membros inferiores: intensificar aconselhamento para exercício físico. Considerar prescrever espironolactona, 100 mg
ao dia, durante a fase lútea, em casos com edema muito acentuado e refratários à intensificação do exercício físico.
Médico(a)
27
Referências
1 - MAZZA, D. Women’ health in general practice. 2nd ed. Chastwood: Elsevier, 2011.
2 - RYDEN, J.; BLUMENTHAL, P. D. Practical gynecology: a guide for the primary care physician.
2nd ed. Philadelphia: American College of Physicians, 2009. (ACP Women’s health series.)
28
2 LESÃO ANOGENITAL
EXAME FÍSICO
Caracterizar melhor a localização, o tamanho, o número de lesões e a
distribuição.
Avaliar sinais associados: eritema, edema, secreção, outras lesões associadas.
Enfermeiro(a)/Médico(a)
29
Quadro 7 – Avaliação inicial da queixa de lesão anogenital
30
CAUSA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
Máculas,
manchas, Descartadas verruga vulgar e as Encaminhar ao dermatologista ou ao
pápulas e dermatoses eritematodescamativas ginecologista para diagnóstico
placas, de listadas no item anterior, o diagnóstico diferencial e eventual biópsia. O líquen
Médico(a)
diferentes diferencial é extenso, destacando-se plano e o líquen escleroso se beneficiam
colorações, líquen plano, líquen escleroso e as de acompanhamento especializado a
com ou sem neoplasias intraepiteliais vulvares. longo prazo.
atrofia
31
CAUSA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
É o ingurgitamento e extravasamento
de plexos vasculares na submucosa
do canal anal. Os principais fatores de
Casos leves de hemorroida interna
risco são constipação, esforço
respondem bem à dieta rica em fibras e
evacuatório prolongado e gestação.
líquido e redução do esforço
Se proximal à linha pectínea, a
evacuatório. Devem-se estimular banhos
hemorroida é denominada interna; se
de assento pelo menos 3x/dia e
distal, externa; se ambos estiverem
desestimular o uso de papel higiênico.
presentes, é denominada mista. As
Em casos de sangramento em pacientes
hemorroidas internas não costumam
acima dos 50 anos, considerar
Hemorroidas ser dolorosas, geralmente se Médico(a)
encaminhar para investigação de câncer
manifestando clinicamente por
de cólon e reto. Em caso de trombo
sangramento e/ou prolapso, quando
hemorroidário, é possível realizar a
se exteriorizam. A hemorroida externa
trombectomia na Atenção Básica. Caso
se apresenta como nódulo palpável
o médico não esteja apto a realizá-la,
distal à linha pectínea. Na hemorroida
pode-se fazer manejo expectante com
externa, o principal motivo de consulta
analgesia ou encaminhar a paciente
é quando ocorre a formação de
para serviço de emergência.
trombo, que se manifesta com dor
intensa e nódulo doloroso de
coloração azulada.
Nota * O(A) enfermeiro(a) devidamente capacitado, e mediante o estabelecimento de protocolo institucional local, poderá executar o tratamento das lesões
condilomatosas com ácido tricloroacético a 80%-90% em solução alcoólica, nas situações clínicas em que haja previsão do uso deste produto. 9
32
Referências
1 - DAMIN, D.C. Problemas orificiais. In: DUNCAN, B. B. et al. Medicina ambulatorial: condutas de
atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
2 - NAUD, P.; MATOS, J. C.; MAGNO, V. Secreção vaginal e prurido vulvar. In: DUNCAN, B. B. et
al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2013.
3 - MAZZA, D. Women’ health in general practice. 2nd edition. Chastwood: Elsevier, 2011.
4 - RYDEN, J.; BLUMENTHAL, P. D. Practical gynecology: a guide for the primary care physician.
2nd edition. Philadelphia: American College of Physicians, 2009. (ACP Women’s health series)
6 - MARGESSON, L. J.; LYNCH, P. J.; HAEFNER, H. K. Vulvar lesions: differential diagnosis based
on morphology. Waltham: UpToDate, 15 Aug. 2014. Disponível em: <http://goo.gl/wzZtmp>.
Acesso em: 9 mar. 2015.
33
3 CORRIMENTO VAGINAL E CERVICITES 1, 2, 3, 4, 5, 8
EXAME FÍSICO
Exame do abdome: sinais de peritonite, massa abdominal, dor à palpação de
hipogástrio.
Exame ginecológico.
Exame especular: observar características do colo/sinais de cervicite; coletar
material para teste de aminas e, se disponível, microscopia a fresco.
Toque vaginal: dor à mobilização do colo (cervicite); dor à mobilização do útero e
anexos (DIP ou sinais de endometrite/pelveperitonite secundária a aborto/parto).
Enfermeiro(a)/médico(a)
Se visualizado
Teste pH ou KOH
Microrganismos Clue-cells Hifas ou micélios disponíveis??
flagelados e/ou ausência de e esporos de Lactobacilos
móveis lactobacillos leveduras
Sim Não
VAGINOSE FLORA VAGINAL
TRICOMONÍASE CANDIDÍASE
BACTERIANA NORMAL
Tratar as
vaginoses/vulvovaginites mais
comuns conforme Quadro-Síntese
para tratamento de corrimento*
Tratar conforme o Quadro-Síntese para tratamento de corrimento. Enfermeiro(a)/Médico(a)
Aconselhar, oferecer sorologia HIV, sífilis, hepatites B e C se
disponível, vacinar contra hepatite B, enfatizar a adesão ao tratamento,
notificar se IST, convocar e tratar parceiros e agendar retorno.
Enfermeiro(a)/Médico(a) Se pH vaginal > 4,5 e/ou teste KOH (+): tratar vaginose bacteriana e
tricomoníase.
Se pH < 4,5 e corrimento grumoso ou eritema vulvar: tratar candidíase
Se o teste de pH for normal (4-5) e o teste do KOH (-): possível causa
fisiológica e/ou não infecciosa.
Tratar conforme o Quadro-Síntese para tratamento de corrimento.
Enfermeiro(a)/Médico(a)
* O diagnóstico de corrimento necessita da avaliação do conteúdo vaginal (teste de pH, teste de aminas e microscopia) e, se não houver disponibilidade destes recursos,
o tratamento terá de se basear nas características do corrimento, mas ressalte-se que a predição é baixa e as chances de erro aumentam.
34
3.2 Quadro-síntese para tratamento de corrimento vaginal e cervicite1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
35
CAUSA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER
Agente Características Teste de apoio Tratamento
Orientações Alternativa Gestante/nutrizes Observações
etiológico clínicas diagnóstico medicamentoso
for sintomático. Nos demais
casos, este tratamento não traz
benefícios.
• Via oral
(independentemente da
• Via oral: idade gestacional e
Metronidazol, 500 nutrizes): Metronidazol,
• Gardnerella mg, VO, a cada 12 250 mg, VO, a cada 8
vaginalis • pH vaginal superior a horas, por 7 dias; • Via oral: horas, por sete dias; OU • O tratamento das parcerias
• Secreção vaginal sexuais não está recomendado.
• Mobiluncus 4,5; OU Clindamicina, 300 Metronidazol, 500 mg,
acinzentada, • Orientar quanto ao efeito
sp • Teste das aminas mg, VO, a cada 12 via oral, a cada 12 horas,
cremosa, com odor antabuse – não fazer uso de
positivo; • Via intravaginal: horas, por 7 dias; por sete dias; OU
Vaginose • Bacteroides fétido, mais
• Liberação de odor fétido Metronidazol gel OU Clindamicina, 300 mg, bebida alcóolica antes, durante
sp acentuado após o e após o tratamento.
bacteriana com KOH a 10%; vaginal, 100mg/g, 1 VO, a cada 12 horas, por
• Mycoplasma coito e durante o
• Clue cells; aplicador (5 g), • Via intravaginal: sete dias. • Puérperas e nutrizes: mesmo
hominis período menstrual.
• Leucócitos escassos; 1x/dia, por 5 dias; Clindamicina esquema terapêutico das
• Peptococcus • Sem sintomas OU óvulos, 100 mg, • Via intravaginal:
• Corrimento homogêneo gestantes.
e outros inflamatórios. • Clindamicina 1x/dia, por 3 dias. Clindamicina óvulos, 100
e fino.
anaeróbios creme 2%, 1 mg, 1x/dia, por três dias
aplicador (5 g), OU Metronidazol gel a
1x/dia, por 7 dias. 0,75%, 1 aplicador (5 g),
1x/dia, por cinco dias.
36
CAUSA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER
Agente Características Teste de apoio Tratamento
Orientações Alternativa Gestante/nutrizes Observações
etiológico clínicas diagnóstico medicamentoso
sangramento manejo das cervicites por 1.271, de 6 de junho de • Espectrinomicina, dose única OU gonorreia em TODOS os casos.
intermenstrual ou clamídia e gonorreia é o 2014. As demais, se 2 g IM, dose única; • Cefixima, 400 mg, dose • As principais complicações da
pós-coito, tratamento das parcerias considerado conveniente, OU única cervicite por clamídia e
dispareunia e disúria. sexuais de homens notificar de acordo com a • Ampicilina, 2 ou 3 gonorreia, quando não tratadas,
8
- Achados ao portadores de uretrite”. lista estabelecida nos g + Probenecida, 1 incluem: doença inflamatória
exame físico: • O diagnóstico estados/municípios. g, VO, dose única; pélvica (DIP), infertilidade,
sangramento ao laboratorial da cervicite OU gravidez ectópica e dor pélvica
toque da espátula ou causada por C. • Tianfenicol, 2,5 g, crônica.
swab, material trachomatis dever ser VO, duas doses, a
mucopurulento no feito por biologia cada 12 horas.
orifício externo do molecular e/ou cultura. • Eritromicina
colo e dor à Para diagnóstico da estearato, 500 mg,
mobilização do colo cervicite gonocócica, VO, a cada 6
uterino. proceder à cultura em horas, por 7 dias; Primeira escolha:
meio seletivo, a partir de OU Azitromicina, 1 g, VO,
amostras endocervicais e • Eritromicina dose única.
8
uretrais. estearato, 500 mg,
VO, a cada 12 Segunda escolha:
• Azitromicina, 1 g,
horas, por 14 dias; • Amoxiciclina, 500 mg,
VO, dose única; OU
Chlamydia OU VO, a cada 8 horas, por
Clamídia • Doxiciclina, 100
trachomatis • Ofloxacina, 200 7 dias; OU
mg, VO, 2x/dia, por
7 a 10 dias. mg, VO, a cada 12 • Eritromicina estearato,
horas, por 7 dias; 500 mg, VO, a cada seis
OU horas, por 7 dias OU
• Ofloxacina, 400 • Eritromicina estearato,
mg, VO, 1x, por 7 500 mg, VO, a cada 12
dias OU horas, por 14 dias.
• Tetraciclina, 500
mg, VO, a cada 6
horas, por 7 dias.
37
Referências
2 - BRASIL. Ministério da Saúde. HIV/aids, hepatites e outras DST. Brasília, 2006. (Caderno de
Atenção Básica, n. 18)
3 - NAUD, P et al. Secreção vaginal e prurido vulvar. In: DUNCAN, Bruce B; SCHIMIDT, Maria
Ines; GIUGLIANI, Elsa R. J. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em
evidências. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 460-464.
4 - U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. Centers for Disease Control and
Prevention. Sexually Transmitted Diseases. Treatment Guidelines, 2010. Atlanta, 2010.
(Morbidity and Mortality Weekly Report – MMWR, v. 59, n. RR-12). Disponível em:
<http://www.cdc.gov/std/treatment/2010/STD-Treatment-2010-RR5912.pdf>. Acesso em: 1 set.
2014.
5 - MENEZES, R. A. Corrimento vaginal. In: GUSSO, G.; LOPES, J.M.C. (Org.). Tratado de
medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012.
p.1019-1026.
6 - SOUTH AFRICA. The National Department of Health. Primary Care 101 Guideline 2013/14.
Symptom-based integrated approach to the adult in primary care. Cape Town, 2013.
38
4 PROBLEMAS NA MAMA
4.1 Mastalgia
Fluxograma 8 – Mastalgia
Sim Não
ECM normal? Avaliação médica
Sim Não
Dor bilateral
Dor na mama de localização específica/pontual e
sem história de trauma: investigar com
ultrassonografia (< 30 anos) e mamografia + USG se
2, 3
necessário (>30 anos).
Não Dor na mama de localização específica/pontual com
Cíclica,
relacionada à história de trauma: recomendação de observação,
menstruação? suporte adequado, calor local, medicação
analgésica, se ausência de melhora em uma
semana, conduta acima.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Buscar causas hormonais:4 tumores ovarianos,3
Sim gestação.3, 4
Uso de medicação: se terapia hormonal, avaliar
suspensão; se ACO, reduzir dose de estrogênio ou
avaliar outro método contraceptivo.
Médico(a)
Houve
melhora?
Sim Não
39
4.2 Descarga papilar
ENTREVISTA:
• secreção: bilateral ou unilateral, multi ou uniductal, aparência, persistência espontânea, mancha a roupa;
• idade, alterações na mama ou na axila, uso de medicação, gestação corrente e passada e lactação;
• sintomas visuais, dores de cabeça, irregularidade menstrual ou amenorreia, alteração no apetite ou
tolerância à temperatura;
• história de trauma ou cirurgia;
• história ginecológica.
Enfermeiro(a)/médico(a)
2, 3, 4
EXAME FÍSICO GERAL:
• exame de campos visuais * Doença de Paget:4 eritema,
EXAME COMPLETO DAS MAMAS: crostas, pele seca, escoriações e
• procurar por ferimentos ou lesões nas mamas ou aréolas que aparência eczematosa.
possam ser a causa (atenção à doença de Paget*); À mastologia.
• procurar determinar se espontânea ou não;
• multiductal ou uniductal, uni ou bilateral. Enfermeiro(a)/médico(a)
Enfermeiro(a)/médico(a)
Presença de descarga
espontânea? 2, 3, 4, 5, 6, 7
Não
Aparência da secreção
• Provavelmente benigna.
• Orientar não estimular
• Serosa (água de rocha); Leite ou Amarelada, esverdeada, descarga.
• Sanguinolenta; colostro amarronzada ou acinzentada7 • Reavaliar em 2 a 3 meses.
• Serossanguinolenta; • Se muito incômodo, à
(se dúvida, teste do mastologia.2, 3, 4, 7
Guaiaco); Enfermeiro(a)/médico(a)
• Ou mulher > 60 anos.3, 7
Puérpera ou
• Investigação para CA de Mama3, 7, – gestante?3, 4
ver protocolo de Prevenção do Câncer Se houver dúvida,
de Mama. teste rápido.
• Encaminhar à mastologia caso a
investigação não possa ser realizada. Sim
Enfermeiro(a)/Médico(a) Uso de alguma
medicação.2, 3, 4, 5, 6
(Quadro 1)
Fisiológico2, 3, 4
• Tranquilizar a paciente.
Sim Não
• Se gestação recém-
descoberta, acolher Ver
protocolo de Atraso Avaliar possibilidade Alterações menstruais, ou
Menstrual de Amenorreias e de suspender redução da libido, ou
protocolo de Pré-Natal. medicação.2, 3 4 alteração do apetite ou
Enfermeiro(a)/médico(a) Médico(a) tolerância à temperatura.3
3 3,4
LISTA 1 – Medicamentos com alto risco de causar aumento da prolactina: Causas de descarga:
• Antipsicóticos: • Fisiológicas ou patológicas não mamárias:
- Típicos: haloperdol, clorpromazina, tioridazina, tiotixeno. - descarga leitosa ou aquosa bilateral;
- Atípicos: risperidona, aminosulpirida, molindona, zotepine. - idiopática 40%-50%, galactorreia 20%-30%, medicação 10%-45%, associada à
• Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, demipramina, clomipramina, amoxapina. irregularidade menstrual: síndrome anovulatórias 1%-2%, lesões de sela túrcica
• ISRS: sertralina, fluoxetina, paroxetina, i-mao, pargilina, clogilina. 1% a 2%.
• Outros psicotrócpicos: buspirona e alprazolam.
• Patológicas da mama:
• Antieméticos: metoclopramida e domperidona. - papiloma intraductal (44% dos casos): 45-50 anos de idade, 95% uniductal e
• Anti-hipertensivos: metildopa, reserpina, verapamil. unilateral, 20% a 50% dos casos têm derrame serossanguinolento;3, 4
• Opiáceos: morfina. - pode ser multifocal e conter hiperplasia e células atípicas, aumentando risco de
• Antagonistas H2: cimetidina e ranitidina. CA de mama nesses casos;
• Outros: fenfluramina, fisostigmina, quimioterápicos. - ectasia ductal (15%-20% dos casos): > 50 anos, secreção opalescente;3, 4
Obs.: anticoncepcionais orais não causam aumento significativo, mas a presença - câncer de mama (10% a 15% dos casos): normalmente associado à massa e
de estrogênio aumenta a sensibilidade aos estímulos físicos de sucção. unilateral.
40
Referências
1 - MAYO CLINIC. Chest pain: first aid. Scottsdale: Mayo Clinic, [s.d.]. Disponível em:
<http://goo.gl/CjIjUb>. Acesso em: 13 out. 2014.
2 - SALZMAN, B.; FLEEGLE, S.; TULLY, A. S. Common breast problems. American Family
Physician, Leawood, v. 86, n. 4, p. 343-349, Aug. 2012.
3 - MAZZA, D. Women’s health in general practice. 2. ed. Chatswood: Elsevier, 2011. cap. 11:
Breast problems.
7 - AUSTRALIA. Cancer Australia. The investigation of a new breast symptom. A guide for general
practitioners. Strawberry Hills, 2012. Disponível em: <http://goo.gl/SemvBu>. Acesso em: 18 out.
2014.
41
5 DOR PÉLVICA
Quadro 8
* Sobre Teste Rápido de Gravidez, ver a Nota Técnica da Rede Cegonha de 12 de dezembro de 2013.
Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/nt_teste_rapido_gravidez_ab.pdf>.
** Perda ponderal, comprometimento do estado geral, sangramento urogenital ou gastrintestinal.
42
Quadro 8 – Dor pélvica aguda: como identificar e como manejar as principais causas ginecológicas e não ginecológicas
Critérios elaborados:
Exames complementares:
- evidência histopatológica de endometrite
- oferecer anti-HIV, VDRL, hepatites B e C se disponível, vacinar contra hepatite B;
- presença de abscesso tubo-ovariano ou de - hemograma, proteína C reativa, VHS;
fundo de saco de Douglas em estudo de imagem
- bacterioscopia (vaginose bacteriana), cultura de material da endocérvice (clamídia e
- laparoscopia com evidência de DIP
gonococo);
- teste de gravidez (diferenciar de gestação ectópica);
Outros sintomas: sangramento vaginal anormal de - ultrassom transvaginal para avaliar suspeita de abscesso tubo-ovariano.
11
pouca quantidade (spotting), dispareunia, descarga
11
vaginal.
- Estilo de vida saudável, atividade física regular;
- Anti-inflamatórios não hormonais: podem ser iniciados 2 a 3 dias antes do período
- Cólica menstrual (em alguns casos, intensa, com menstrual e mantidos durante a menstruação (evitar uso superior a 7 dias) –
Enfermeiro(a)/
Dismenorreia repercussão gastrintestinal). ibuprofeno 600mg ou diclofenaco 50 mg, de 8/8 horas; piroxican 20 mg ou nimesulida
Médico(a)
- Caráter cíclico. 100 mg de 12/12 horas;
- Antiespasmódicos e analgésicos, se necessário: escopolamina 10 mg, de 6/6 horas;
dipirona ou paracetamol 500 mg 6/6 horas.
43
CAUSA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
- Encaminhar para serviço de urgência/emergência;
- Quadro de abdome agudo, com irritação
Torção/ruptura de peritoneal. - Provável quadro cirúrgico;
Médico (a)
cisto ovariano - Exames complementares no serviço de urgência: hemograma, ultrassom
- Atentar para sinais de alerta.
transvaginal.
- Encaminhar para hospital de referência – provável internação para antibioticoterapia
- Sangramento e/ou corrimento com odor fétido
Endometrite pós- venosa;
parto/aborto - Comprometimento do estado geral – atentar para
- Exames complementares no serviço de urgência: hemograma, Ultrassom Médico (a)
sinais de alerta.
transvaginal para avaliar presença de restos ovulares ou placentários.
- Quadro de abdome agudo, com irritação
peritoneal.
- Dor iniciada em região epigástrica/periumbilical e - Encaminhar para serviço de referência em cirurgia geral.
Apendicite evolui para dor localizada em fossa ilíaca direita. Médico (a)
- Alteração de ritmo intestinal; náuseas/vômitos
- Comprometimento do estado geral, febre.
- Hidratação, sintomáticos; Enfermeiro
- Disúria, polaciúria, poliúria. - Antibioticoterapia. (a)/Médico (a)
Infecção/litíase - Hematúria. - Ver fluxograma 14,
urinária - Dor lombar associada. Exames complementares: de Queixas
Causas não Urinárias
ginecológicas - Comprometimento do estado geral. - Hemograma, EAS, urocultura, considerar realização de tomografia na presença de
hematúria
- Constipação – dieta rica em fibras, aumentar ingestão de líquidos, atividade física
- Ritmo intestinal não diário, fezes ressecadas.
Constipação regular; Enfermeiro
- Presença de muco ou sangue nas fezes.
intestinal e outras - Diarreia aguda: hidratação e sintomáticos; (a)/Médico (a)
doenças intestinais - Diarreia, náuseas, vômitos.
- Encaminhar se houver suspeita de doenças inflamatórias intestinais;
- Febre, desidratação.
- Considerar avaliação clínica para exames pertinentes.
- Quadros agudos, com dor intensa e grande
Vasculopatia comprometimento do estado geral (ex.: aneurisma
- Encaminhar para serviço de urgência/emergência. Médico (a)
abdominal de aorta abdominal, trombose/isquemia
mesentérica).
Nota: * As parcerias sexuais dos últimos dois meses, sintomáticas ou não, devem ser tratadas empiricamente contra Neisseria gonohrroeae e Chlamydia trachomatis.
44
Quadro 9 – Dor pélvica crônica: como identificar e como manejar as principais causas
45
Quadro 10 – Considerações gerais sobre o tratamento de dor pélvica crônica
- Psicoterapia: indicada em função de questões familiares, existenciais, ansiedade e depressão presentes em grande
número de mulheres com DPC, terapia cognitivo-comportamental, constelação familiar, terapia comunitária, terapia breve
focal (a melhor psicoterapia é aquela da qual a paciente está disposta a participar).
- Práticas integrativas e complementares: tratamento não farmacológico com fitoterapia, homeopatia, acupuntura e
eletroestimulação transcutânea pode ser útil para algumas mulheres.
- Antidepressivos:
Tricíclicos: amitriptilina – 25-50 mg/noite, quando se identifica um componente emocional e/ou conflituoso com
parceiro ou familiares ou quando não tem causa aparente (evitar em pacientes com sobrepeso e/ou com obstipação
crônica relevante).
Inibidores da recaptação de serotonina: fluoxetina – 20 mg/dia, para mulheres com tendência depressiva,
ansiosas, com conflitos familiares. Indicados em pacientes com sobrepeso e obstipadas crônicas
46
Referências
1- ABERCROMBIE, P. D.; LEARMAN, L. A. Providing holistic care for women with chronic pelvic
pain. J. Obstet. Gynecol. Neonatal Nurs., Malden, n. 41, p. 668-679, 2012.
3- BRASIL. Ministério da Saúde. HIV/Aids, hepatites e outras DST. Brasília, 2006. (Cadernos
de Atenção Básica, n. 18).
5- DEUS, J. M. et al. Analysis of 230 women with chronic pelvic pain assisted at a public hospital.
Revista Dor, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 191-197, jul./set. 2014
6- HOWARD, F. M. The role of laparoscopy in the chronic pelvic pain patient. Clin Obstet
Gynecol, v. 46, n. 4, p. 749-766, 2003.
7- JARRELL, J. F. et al. Consensus guidelines for the management of chronic pelvic pain. J
Obstet Gynaecol Can, Vancouver, v. 27, n. 9, p. 869-910, 2005.
9- NOGUEIRA, A. A.; REIS, F. J. C.; POLI NETO, O. B. Abordagem da dor pélvica crônica em
mulheres. Rev Bras Ginecol Obstet, Rio de Janeiro, v. 28, n. 12, p. 733-740, 2006.
10- ORTIZ, D. D. Chronic pelvic pain in women. American Family Physician, Leawood, v. 77, n.
11, p. 1.535-1.542, 2008.
12- YUNKER, A. et al. Systematic review of therapies for noncyclic chronic pelvic pain in women.
Obstet Gynecol Surv, San Francisco, v. 67, n. 7, p. 417-425, 2012.
47
6 AVALIAÇÃO DE ACHADOS EM ULTRASSONOGRAFIA PÉLVICA
ATENÇÃO
Não existe indicação de ultrassonografia de
ACOLHIMENTO COM rastreamento, logo, este exame não deve ser
ESCUTA QUALIFICADA solicitado como rotina em mulheres sem queixas.
Equipe multiprofissional
ALERTA
• Considerar GESTAÇÃO ECTÓPICA em mulheres em
idade fértil.
Ultrassonografia com massa anexial • Solicitar teste de gravidez se necessário.
Aspectos avaliados: tamanho, característica (sólida, Enfermeiro(a)/médico(a)
cística, mista), complexidade (septações grossas,
projeções sólidas), presença ou ausência de líquido
livre na cavidade (ascite) ALERTA
Enfermeiro(a)/médico(a) Sempre que houver imagem descrita como CISTO
COMPLEXO, a mulher deve ser encaminhada à
GINECOLOLOGIA.
Se disponível, já solicitar CA- 125.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Sim Não
48
6.2 Miomas4, 5
Fluxograma 12 – Miomas
ATENÇÃO
ACOLHIMENTO COM Não existe indicação de
ESCUTA QUALIFICADA ultrassonografia de rastreamento, logo
Equipe multiprofissional este exame não deve ser solicitado
como rotina em mulheres sem queixas.
SEGUIMENTO CLÍNICO
• Não são necessárias outras ultrassonografias.
Não • Mais de 50% dos miomas são assintomáticos.
Paciente
• Tranquilizar a paciente (enfatizar a benignidade
sintomática?
do mioma: “não é câncer”).
• Orientar quanto aos possíveis sintomas.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Sim
Manejo clínico
(Quadro 1 do protocolo sobre
Sangramento uterino anormal)
Sim
Manter e observar
49
6.3 Outros achados frequentes6, 7
Enfermeiro(a)/médico(a)
CISTO DE NABOTH
• Imagem cística adjacente ao canal endometrial. Representa o bloqueio da drenagem de uma glândula endocervical e o
consequente acúmulo de secreção mucoide. Não tem significado clínico.
• Tranquilizar a paciente.
Enfermeiro(a)/médico(a)
• Este achado é normal em mulheres assintomáticas e pode ser observado em todas as fases do ciclo menstrual, ocorrendo
mais frequentemente no período perimenstrual e periovulatório.
• Sua ocorrência de forma isolada não apresenta significado clínico.
Médico(a)
50
Referências
1 - GIVENS, V. et al. Diagnosis and management of adnexal masses. American Family Physician,
Leawood, v. 80, n. 8, p. 815-820, Oct. 2009.
2 - LE, T. et al. Initial evaluation and referral guidelines for management of pelvic/ovarian masses.
Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada, Vancouver, v. 31, n. 7, p. 668-680, Jul. 2009.
3 - LEVINE, D. et al. Management of asymptomatic ovarian and other adnexal cysts imaged at US:
Society of Radiologists in Ultrasound Consensus Conference Statement. Radiology, Oak Brook,
v. 256, n. 3, p. 943-954, Sep. 2010.
4 - DIVAKAR, H. Asymptomatic uterine fibroids. Best Practice & Research Clinical Obstetrics &
Gynaecology, Philadelphia, v. 22, n. 4, p. 643-654, Aug. 2008.
5 - EVANS, P.; BRUNSELL, S. Uterine fibroid tumors: diagnosis and treatment. Journal of
Obstetrics and Gynaecology Canada, Vancouver, v. 31, n. 7, p. 668-680, Jul. 2009.
7 - DAVIS, J. A.; GOSINK, B. B. Fluid in the female pelvis: cyclic patterns. Journal of Ultrasound in
Medicine, Philadelphia, v. 5, n. 2, p. 75-79, Feb. 1986.
51
7 QUEIXAS URINÁRIAS
ENTREVISTA
- Verificar início dos sintomas, duração, frequência de perdas, gravidade, hábito intestinal, fatores precipitantes, sintomas
associados, como urgência miccional, frequência urinária, noctúria, hesitância, esvaziamento incompleto, disúria.
- Avaliar o impacto sobre a qualidade de vida.
- Identificar fatores contribuintes: obesidade, status hormonal, história obstétrica, tabagismo, ingestão hídrica, atividade física
e sexual, uso de medicamentos, cirurgia pélvica prévia.
- Investigar possíveis causas: infecções do trato urinário, neoplasia vesical, litíase urinária vesical, obstrução infravesical,
fatores emocionais e sinais que possam sugerir doenças neurológicas.
EXAME FÍSICO
- Excluir comprometimento neurológico.
- Avaliar o suporte pélvico e excluir outras anormalidades pélvicas.
- Avaliar abdome, dorso e pelve na busca por massas pélvicas, com atenção à integridade do períneo e à força muscular.
- Avaliar as paredes vaginais e o colo do útero, em busca de sinais de deprivação estrogênica, fístula, cicatrizes e distopias
pélvicas.
- O toque retal testa a força da parede vaginal posterior, a presença de retocele, enterocele, e o tônus do esfíncter anal.
Médico(a)
Não
Classificar o tipo
de incontinência
urinária (IU)
Médico(a)
52
Referências
53
7.2 Dor e aumento da frequência1,2,3,4,5
Apresenta
algumas das Sim Encaminhar para avaliação médica
considerações**
Enfermeiro(a) / Médico(a)
Médico(a)
ITU complicada
Não Havendo recursos adequados, algumas
pessoas podem ser tratadas
ambulatorialmente.
Nesse caso:
ITU não complicada
Apresenta iniciar tratamento empírico conforme
Iniciar uso de antibiótico de forma box abaixo.
empírica (a escolha deve estar Não sintomas Sim
sistêmicos*** colher amostra de urina para
direcionada para cobertura de germes realização de cultura.
comuns, conforme box abaixo). Enfermeiro(a)
/Médico(a) reavaliar em 24 horas e, se houver
Enfermeiro(a)/Médico(a) melhora clínica evidente, manter o
tratamento ambulatorial.
se sinais precoce de sepse ou caso
- Se gestante, ver Fluxograma 2 no
não ocorra melhora, encaminhar para
protocolo de Pré-Natal.
avaliação e tratamento hospitalar.
- Urocultura de controle não é necessária
para ITU com resolução clínica. Médico(a)
- Se os sintomas persistirem após 48h a 72h
de tratamento ou recorrência em poucas
semanas, devem ser reavaliados e
classificados como ITU complicada.
Urocultura deve ser repetida e tratamento
empírico iniciado com droga de outra classe.
54
Referências
55
PARTE 2 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO, PUERPÉRIO
E PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO
É fundamental abordar a história de vida dessa mulher, seus sentimentos, medos, ansiedades
e desejos, pois, nessa fase, além das transformações no corpo há uma importante transição
existencial. É um momento intenso de mudanças, descobertas, aprendizados e uma oportunidade
para os profissionais de saúde investirem em estratégias de educação e cuidado em saúde, visando
o bem-estar da mulher e da criança, assim como a inclusão do pai e/ou parceiro (quando houver) e
família, desde que esse seja o desejo da mulher.
Além das questões de saúde, a gestante precisa ser orientada sobre questões referentes a seus
direitos sexuais, sociais e trabalhistas (ver Quadro 13). E, no caso de uma gestação indesejada (ver
Quadro-Síntese do capítulo Planejamento Reprodutivo e Fluxograma de Atraso menstrual), é
importante acompanhamento e abordagem multidisciplinares, devendo-se acompanhar a mulher de
forma acolhedora, singular e integral, com atenção para a detecção precoce de problemas. No caso de
gravidez decorrente de violência sexual, ver o capítulo Atenção às Mulheres em Situação de
Violência, que aborda a interrupção da gestação em mulheres vítimas de violência.
56
1.1 Quadro-síntese de atenção à gestante no pré-natal de baixo risco2, 3, 4, 5, 6
57
toxoplasmose IgG e IgM;
malária (gota espessa) em áreas endêmicas;
parasitológico de fezes;
ultrassonografia obstétrica.
Presença de sinais de alerta na gravidez (ver Quadro 5):
cefaleia;
contrações regulares;
diminuição da movimentação fetal;
edema excessivo;
epigastralgia;
escotomas visuais;
febre;
perda de líquido;
sangramento vaginal.
Avaliação do risco gestacional (ver Quadro 6):
fatores de risco indicativos de realização do pré-natal de baixo risco;
fatores de risco indicativos de encaminhamento ao pré-natal de alto risco;
sinais indicativos de encaminhamento à urgência/emergência obstétrica.
Cadastramento e preenchimento da Caderneta da Gestante:
preenchimento do cartão da gestante;
preenchimento da ficha de cadastramento em sistema de informação já na primeira consulta de pré-natal.
Identificação e manejo das queixas e intercorrências do pré-natal (ver Quadros 7 e 8):
conforme fluxogramas e quadros específicos;
estabilização e encaminhamento das situações de urgência, quando necessário.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Observar a utilização de medicação na gestação (ver Quadro 9)
Verificar o grau de segurança na gestação e na lactação.
Encaminhamento para serviço de referência:
Plano de cuidado manter o acompanhamento da gestante com sua equipe de Atenção Básica;
solicitar contrarreferência para manter as informações a respeito da evolução da gravidez e dos tratamentos administrados à gestante;
realizar busca ativa e acompanhamento das gestantes por meio da visita domiciliar mensal do ACS.
Vinculação com a maternidade de referência e direito a acompanhante no parto
Informar a gestante, com antecedência, sobre a maternidade de referência para seu parto e orientá-la para visitar o serviço antes do parto (cf. Lei nº 11.634/2007, da
vinculação para o parto). Equipe multiprofissional
Orientar sobre a lei do direito a acompanhante no parto (Lei Federal nº 11.108/2005), que garante às parturientes o direito a acompanhante durante todo o período de
trabalho de parto, no parto e no pós-parto no SUS. O acompanhante é escolhido pela gestante, podendo ser homem ou mulher
Suplementação de ferro e ácido fólico (ver diretriz da OMS3 e Saiba Mais):
Enfermeiro(a)/médico(a)
ferro elementar (40 mg/dia);
58
ácido fólico (400 μg/dia ou 0,4 mg/dia).
Utilizar no período pré-gestacional até o final da gestação.
Imunização (Quadro 10):
dT/dTpa; Equipe de
hepatite B; enfermagem/médico(a)
influenza.
Busca ativa das gestantes que não comparecem às consultas:
identificar os motivos para o não comparecimento;
realizar visita domiciliar;
oferecer novo agendamento;
realizar a consulta em domicílio.
Educação em saúde
Oferecer orientações educativas individuais ou coletivas (que podem ter a participação também do pai/parceiro e da família da gestante) acerca dos temas:
a) Modificações fisiológicas da gestação (conforme trimestre);
59
- Ao se deitar, a posição mais indicada é em decúbito lateral esquerdo, por diminuir a compressão sobre a aorta e a cava, favorecendo a circulação sanguínea. O
uso de um travesseiro preenchendo o espaço entre a cabeça e o ombro, e outro entre as pernas fletidas, está indicado. Antes de se levantar, é importante
realizar atividades com as mãos e pés para ativar a circulação.
- Ao conduzir veículos, a gestante deve posicionar o cinto de segurança sobre o quadril mais abaixo no abdome, para prevenir possíveis lesões sobre o útero em
caso de acidentes. Para trajetos longos, é indicado realizar paradas para movimentação, alongamento e alívio da pressão sobre a bexiga.
6
f) Exposição ao tabaco (ver Saiba Mais):
- Orientar que há maior risco de partos prematuros, crescimento intrauterino restrito, recém-nascidos com baixo peso e mortes perinatais para gestantes
fumantes.
- Orientar sobre a abstinência total ou redução do consumo, quando essa não for possível, apoio de familiares e amigos, retirada de cigarros dos ambientes,
participação das atividades de autocuidado apoiado da UBS, estratégias de resolução de problemas e prevenção de uso/recaídas.
g) Exposição ao álcool e outras drogas:
- Alertar sobre os perigos é fundamental, mas não garante mudança radical de comportamento.
- As gestantes e as mulheres que planejam engravidar devem ser aconselhadas a evitar o consumo de álcool durante os primeiros três meses de gravidez, pois o
seu consumo pode estar associado ao aumento do risco de aborto.
h) Preparo para o parto:
- Abordagem nas consultas e em rodas de conversa:
o O parto é um momento intenso que marca para sempre a vida da mulher e da criança;
o Esclarecer as vantagens do parto normal: rápida recuperação da mulher, menor risco de complicações, favorecimento do contato pele a pele e o
estabelecimento de vinculo entre mãe e recém-nascido, além de facilitar a amamentação na primeira hora de vida; sinais de trabalho de parto (contrações de
treinamento, tampão mucoso, mudança progressiva no ritmo e na intensidade das contrações);
o processo fisiológico do trabalho de parto;
a) Pródromos (pré-parto)/Fase latente: podem durar dias ou semanas. A duração e a intensidade das contrações costumam variar
bastante, pode haver perda do tampão mucoso (às vezes, com rajas de sangue) e sensação dolorosa nas costas. Nessa fase, a mulher
pode procurar posições confortáveis, tomar um banho morno, repousar; ainda é cedo para se dirigir ao serviço de saúde.
b) Fase ativa: caracterizada pelas contrações rítmicas e regulares, com intervalo de 3 a 5 minutos e duração de cerca de 60 segundos. São
essas contrações as responsáveis pela dilatação do colo uterino e pela descida do bebê no canal de parto. Elas podem vir acompanhadas
de dor lombar e em baixo ventre. Essa é a fase ideal para se dirigir a um serviço de saúde.
c) Transição: período intermediário entre a fase ativa e a dilatação total (10 cm) e o período expulsivo propriamente dito. As contrações
costumam ficar mais intensas e podem ocorrer em intervalos menores. Pode ser o período mais desafiador do trabalho de parto, com
ocorrência de sensação de exaustão, náuseas e vômitos, entre outros.
d) Expulsivo: conforme o bebê desce pelo canal de parto, é comum a sensação de pressão cada vez maior na vagina e no reto, associada
aos puxos espontâneos (vontade incontrolável de fazer força). A distensão máxima do períneo, que ocorre quando a cabeça do bebê
coroar, pode vir acompanhada de uma sensação de ardência de intensidade variável.
e) Expulsão da placenta: acontece, em média, de 5 a 30 minutos depois do nascimento do bebê. As contrações são mais leves e
espaçadas. Podem ser necessários procedimentos, algumas vezes desconfortáveis, para acelerar o desprendimento da placenta e evitar
hemorragias.
60
o métodos não farmacológicos para alívio da dor, livre movimentação e deambulação, preferência por posições verticalizadas, livre expressão das emoções,
liberdade para se alimentar e para ingerir líquidos durante o trabalho de parto.
61
Fluxograma 1 – Pré-Natal na Atenção Básica2, 7
Sinais de alerta
Gravidez confirmada
Enfermeiro(a)/médico(a) - sangramento vaginal
- cefaleia
- escotomas visuais
- Acolher a mulher. - epigastralgia
- Avaliar risco de - edema excessivo
abortamento inseguro. - contrações regulares
Ver o Quadro-Síntese no Não - perda de líquido
Gravidez desejada
capítulo de Planejamento - diminuição da movimentação
Enfermeiro(a)/médico(a)
Reprodutivo e - fetal
Fluxograma 2, página 20. - febre
Enfermeiro(a)/médico(a) - dor em “baixo ventre”
- dispneia e cansaço
Sim
Presença de risco
gestacional
Não Enfermeiro(a)/médico(a)
Sim
Sim
62
Quadro 1 – Entrevista2
QUANDO
ENTREVISTA O QUE AVALIAR
AVALIAR
Náuseas e vômitos; Tontura;
Obstipação e flatulência; Dor mamária;
Presença de Sintomas urinários; Dor lombar;
sintomas e Todas as consultas Salivação excessiva; Alterações no padrão de sono;
queixas Pirose; Dor e edema de membros
Corrimento (que pode ou não ser inferiores;
fisiológico). Dor pélvica.
Planejamento Gestação desejada e/ou planejada; Data da última menstruação
Primeira consulta
reprodutivo Métodos contraceptivos utilizados. (DUM).
Primeira consulta; Relacionamento familiar e
Rede familiar e nas demais Presença de companheiro; conjugal para identificar relações
social consultas, verificar Rede social utilizada. conflituosas;
se houve mudanças História de violência.
Estresse e jornada de trabalho;
Condições de Tipo de moradia; Exposição a agentes nocivos
Primeira consulta;
moradia, de Tipo de saneamento; (físicos, químicos e biológicos);
nas demais
trabalho e Beneficiário de programa social de
exposições
consultas, verificar Grau de esforço físico;
se houve mudanças transferência de renda com
ambientais Renda. condicionalidades (ex.: Programa
Bolsa família).
Primeira consulta; Tipo de atividade física; Deslocamento para trabalho ou
nas demais
Atividade física Grau de esforço; curso;
consultas, verificar
se houve mudança Periodicidade. Lazer.
Malformações congênitas;
Idade na primeira gestação;
Intercorrências em gestações
Antecedentes Número de gestações anteriores, anteriores como síndromes
clínicos, partos (termo, pré e pós-termo; tipo hemorrágicas ou hipertensivas,
ginecológicos, e intervalo), abortamentos e perdas isoimunização Rh, diabetes
obstétricos e de fetais; gestacional, incompetência
Primeira consulta
aleitamento Gestações múltiplas; istmocervical, gravidez ectópica;
materno Número de filhos vivos, peso ao Mola hidatiforme, gravidez
nascimento, recém-nascidos com anembrionada ou ovo cego;
história de icterícia, hipoglicemia ou Intercorrências no puerpério;
óbito neonatal e pós-neonatal.
Experiência em partos anteriores.
História de útero bicorno,
Ciclos menstruais; malformações uterinas, miomas
História de infertilidade; submucosos, miomas intramurais
Primeira consulta Resultado do último exame com mais de 4 cm de diâmetro ou
preventivo de câncer de colo múltiplos, cirurgias ginecológicas e
uterino. mamária, implantes, doença
inflamatória pélvica.
História de aleitamento em outras
Primeira consulta gestações, tempo, intercorrências Desejo de amamentar.
ou desmame precoce.
63
QUANDO
ENTREVISTA O QUE AVALIAR
AVALIAR
Idade de início da atividade sexual; Desejo e prazer sexual;
Saúde sexual Primeira consulta Intercorrências como dor, Práticas sexuais;
desconforto. Medidas de proteção para IST.
Imunização Primeira consulta Estado vacinal: dT/dTpa, hepatite B, influenza, tríplice viral.
Antecedentes ou história atual de Hábitos de higiene bucal como
sangramento gengival, mobilidade rotina de escovação e uso de fio
Saúde bucal Primeira consulta dentária, dor, lesões na boca, dental;
infecções, pulpite, cáries, doença Data da última avaliação de saúde
periodontal ou outras queixas. bucal.
Doenças hereditárias;
Gemelaridade; Pré-eclâmpsia;
Diabetes; Hipertensão;
Antecedentes Hanseníase; Tuberculose;
Primeira consulta
familiares Transtorno mental; Câncer de mama ou ovário;
Doença neurológica; Deficiência e malformações;
Grau de parentesco com o pai do Parceiro com IST ou HIV/aids.
bebê.
64
Quadro 2 – Exame físico geral e específico no pré-natal de baixo risco2, 6, 7, 8, 9
Exame bucal
Verificar alterações de
Dentes;
cor da mucosa, Encaminhar todas as gestantes para
hidratação, esmalte Língua;
Primeira consulta avaliação odontológica, pelo menos uma
dentário, cáries, Gengiva; vez, durante a gestação.
presença de lesões, Palato.
sangramento,
inflamação e infecção
Valores persistentes de PA sistólica ≥ 140
mmHg e/ou diastólica ≥ 90 mmHg (em três
ou mais avaliações de saúde, em dias
diferentes, com duas medidas em cada
avaliação) caracterizam hipertensão arterial
(HA) na gestação e devem ser
acompanhadas no alto risco.
PA entre 140/90 e 160/110 mmHg,
assintomática e sem ganho de peso > 500 g
semanais, fazer proteinúria, agendar
consulta médica imediata, solicitar USG e
Dados vitais referir ao alto risco para avaliação.
Avaliar sentada ou em decúbito lateral Elevação ≥ 30 mmHg da PA sistólica e/ou ≥
esquerdo: 15 mmHg de diastólica em relação à PA
pulso; anterior à gestação ou até a 16a semana,
Todas as consultas controlar com maior frequência para
frequência respiratória;
identificar HA. Se assintomática e PA <
Aferição de pressão arterial (PA); 140/90 mmHg, reavaliar frequentemente e
frequência cardíaca; orientar medidas alimentares.
temperatura axilar. PA > 160/110 mmHg ou PA > 140/90 mmHg
e proteinúria positiva e/ou sintomas de
cefaleia, epigastralgia, escotomas e reflexos
tendíneos aumentados, referir com urgência
à maternidade.
Gestantes com HAS prévia e em uso de
medicação anti-hipertensiva devem ser
acompanhadas no pré-natal de alto risco.
Ver também o Quadro 8 (Atenção às
intercorrências do pré-natal) e Fluxograma
12 (O que fazer nas síndromes
hipertensivas, pré-eclâmpsia e eclampsia).
Avaliação nutricional (ver Saiba Mais)
1) Medida de peso em todas as avaliações e
medida inicial de altura (a cada trimestre, em
Baixo peso:
gestantes com menos de 20 anos).
- verificar alimentação, hiperêmese
2) Cálculo do IMC e classificação do estado gravídica, anemia, parasitose intestinal,
nutricional baseado na semana gestacional, outros.
de acordo com a tabela específica.
- orientar planejamento dietético e
3) Caracteriza-se risco nutricional: extremos de acompanhar em intervalos menores, com
peso inicial (< 45 kg e > 75 kg); curva apoio do NASF.
descendente ou horizontal; curva ascendente Excesso de peso:
com inclinação diferente da recomendada
Primeira consulta para o estado nutricional inicial. - verificar história, presença de edema,
2º trimestre elevação da PA, macrossomia, gravidez
4) Adolescentes com menarca há menos de múltipla, polidrâmnio;
3º trimestre dois anos geralmente são classificadas, - orientar alimentação adequada e
equivocadamente, com baixo peso; nesse
saudável e acompanhar em intervalos
caso, observar o comportamento da curva. menores, com apoio do NASF.
Se a menarca foi há mais de dois anos, a
interpretação dos achados assemelha-se à Recomenda-se:
de adultas. - acompanhamento com intervalos
menores, apoio do NASF e
5) Monitoramento do ganho de peso de acordo
encaminhamento ao alto risco para os
com a classificação inicial nutricional ou pela
casos que persistem com ganho de peso
curva no Gráfico de Acompanhamento
inadequado.
Nutricional da Gestante, do Cartão da
Gestante, baseado no IMC semanal (ver
Saiba Mais).
65
QUANDO AVALIAR? O QUE AVALIAR/COMO AVALIAR? O QUE FAZER?
Mamas
Inspeção estática e dinâmica, avaliando
simetria, alterações do contorno, Realizar orientações específicas.
abaulamento ou espessamento da pele,
Primeira consulta coloração, textura, circulação venosa, tipo de Para as condutas nos achados anormais,
mamilo. ver capítulo de Prevenção do câncer de
mama.
Palpação de mamas, região supraclavicular e
axilar em busca de alterações de textura,
nódulos, abaulamentos, entre outros.
Resultados
(-) ou ausente – monitorar rotineiramente.
(+) apenas no tornozelo – observar; pode
ser postural, pelo aumento de temperatura
ou tipo de calçado.
Edema (++) em membros inferiores + ganho de
peso + hipertensão – orientar decúbito
Inspeção na face e membros superiores. lateral esquerdo, pesquisar sinais de alerta
Palpação da região sacra, com a gestante e movimentos fetais, agendar retorno em
Primeira consulta sentada ou em decúbito lateral. sete dias; se hipertensão e/ou proteinúria
2º trimestre Palpação de membros inferiores (MMII), presente, encaminhar ao alto risco.
3º trimestre região pré-maleolar e pré-tibial, com a (+++) em face, membros e região sacra, ou
gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem edema observado ao acordar pela manhã,
meias. independentemente de ganho de peso e
Observar varizes e sinais flogísticos. hipertensão. Suspeita de pré-eclâmpsia;
encaminhar para avaliação médica e ao alto
risco.
Unilateral de MMII, com sinais flogísticos e
dor – suspeita de tromboflebite e trombose
venosa profunda; encaminhar para
avaliação médica e ao alto risco.
66
QUANDO AVALIAR? O QUE AVALIAR/COMO AVALIAR? O QUE FAZER?
Abdome
Palpação abdominal.
Palpação obstétrica
Para identificação da situação e apresentação
fetal (polo cefálico, pélvico e dorso fetal) e
acompanhamento da altura uterina. Recomendação
Primeira consulta Em torno da 36 ª semana, recomenda-se a A situação transversa e a apresentação
2º trimestre determinação da apresentação fetal (cefálica pélvica ao final da gestação podem trazer risco
e pélvica). ao parto, e a gestante deve ser encaminhada
3º trimestre
Determinar a situação fetal (longitudinal, para a maternidade de referência.
transversa e oblíqua) colocando as mãos
sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em
direção à escava pélvica e abarcando o polo
fetal que se apresenta. A situação longitudinal
é a mais comum.
Manobra de Leopold (ver Saiba Mais).
Recomendação
Medida da altura uterina Traçados iniciais abaixo ou acima da faixa
devem ser medidos novamente em 15 dias
Indica o crescimento fetal e a medida deve
para descartar erro da idade gestacional e
ficar dentro da faixa que delimita os percentis
risco para o feto.
10 e 90 do gráfico de crescimento uterino de
acordo com a idade gestacional (ver Saiba Nas avaliações subsequentes, traçados
Todas as consultas, persistentemente acima ou abaixo da faixa
Mais).
após a 12ª semana de e com inclinação semelhante indicam
gestação Após delimitar o fundo uterino e a borda
provável erro de idade gestacional;
superior da sínfise púbica, fixar a extremidade
encaminhar para avaliação médica para
da fita métrica inelástica na primeira e
confirmação da curva, verificar a
deslizá-la com a borda cubital da mão pela
necessidade de solicitação de
linha mediana do abdome até a altura do
ultrassonografia ou referência ao alto risco.
fundo uterino.
Se a inclinação for diferente, encaminhar
para o alto risco.
Determinação aproximada da idade
gestacional por exame obstétrico
Pela medida da altura do fundo do útero, de
acordo com os seguintes parâmetros:
até a 6ª semana, não ocorre alteração
do tamanho uterino;
8ª semana – o útero corresponde ao
dobro do tamanho normal;
10ª semana – o útero corresponde a
três vezes o tamanho habitual;
12ª semana – o útero enche a pelve,
de modo que é palpável na sínfise
púbica;
Recomendação
16ª semana – o fundo uterino encontra-
A idade gestacional deve ser calculada a partir
Primeira consulta se entre a sínfise púbica e a cicatriz da DUM (ver Saiba Mais). Na impossibilidade
2º trimestre umbilical; de identificação da idade gestacional por esse
3º trimestre parâmetro, a USG no primeiro trimestre é o
pela percepção do início dos
a a método mais fidedigno de datação da
movimentos fetais (entre a 18 e 20 gestação (ver Quadro 4).
semana em geral);
20ª semana – o fundo do útero
encontra-se na altura da cicatriz
umbilical;
a
20ª até 30 semana – relação direta
entre as semanas da gestação e a
medida da altura uterina;
30ª semana em diante – parâmetro
menos fiel.
67
QUANDO AVALIAR? O QUE AVALIAR/COMO AVALIAR? O QUE FAZER?
Recomendação
Alterações persistentes da frequência dos
BCF devem ser avaliadas pelo médico ou
na maternidade de referência, assim como
Ausculta dos batimentos cardiofetais (BCF) BCF não audíveis com Pinard após a 24
a
Audível com uso de sonar doppler a partir da semana e não percepção de movimentos
a
10ª/12 semana; fetais e/ou se não ocorreu crescimento
Todas as consultas, a
partir da 10ª a 12ª Audível com uso de estetoscópio de Pinard a uterino.
a
semana de gestação partir da 20 semana; Ocorre aumento transitório da frequência na
Verificar ritmo, frequência e regularidade dos presença de contração uterina, movimento
BCF. Contar número de BCF em um minuto. fetal ou estímulo mecânico. Se ocorrer
A frequência esperada é de 110 a 160 bpm. desaceleração durante e após contração,
pode ser sinal de preocupação. Nestas
condições, referir para avaliação em serviço
de maior densidade tecnológica ou
maternidade.
68
Quadro 3 – Solicitação dos exames de rotina no pré-natal de baixo risco2, 7, 8, 10
INTERPRETAÇÃO DOS
EXAME PERÍODO O QUE FAZER?
RESULTADOS
Teste de
tolerância à Diagnóstico de DMG na presença de No diagnóstico de DMG, orientar medidas
glicose (jejum e qualquer um dos seguintes valores: de prevenção primária e referir ao alto
24ª-28ª risco, mantendo o acompanhamento na
2 horas pós-
semanas** em jejum > 110 mg/dl; UBS.
sobrecarga com
75 g de glicose após 2 horas > 140 mg/dl. Ver Fluxograma 11.
anidro)
69
INTERPRETAÇÃO DOS
EXAME PERÍODO O QUE FAZER?
RESULTADOS
70
INTERPRETAÇÃO DOS
EXAME PERÍODO O QUE FAZER?
RESULTADOS
Ver Fluxograma 8.
Fornecer orientações sobre prevenção
primária para as gestantes suscetíveis:
lavar as mãos ao manipular alimentos;
lavar bem frutas, legumes e verduras
antes de se alimentar;
não ingerir carnes cruas, mal cozidas
IgG e IgM reagentes:
ou mal passadas, incluindo embutidos
avidez de IgG fraca ou gestação (salame, copa etc.);
> 16 semanas: possibilidade de
evitar o contato com o solo e a terra de
infecção na gestação – iniciar
jardim; se isso for indispensável, usar
tratamento imediatamente;
luvas e lavar bem as mãos após a
avidez forte e gestação < 16 atividade;
semanas: doença prévia – não
evitar contato com fezes de gato no
repetir exame.
lixo ou no solo;
Toxoplasmose 1ª consulta IgM reagente e IgG não reagente:
IgG e IgM após manusear carne crua, lavar bem
3º trimestre**** doença recente – iniciar tratamento
as mãos, assim como também toda a
imediatamente e repetir o exame
superfície que entrou em contato com
após três semanas.
o alimento e todos os utensílios
IgM não reagente e IgG reagente: utilizados;
doença prévia – não repetir o não consumir leite e seus derivados
exame. crus, não pasteurizados, sejam de
IgM e IgG não reagente: suscetível – vaca ou de cabra;
orientar medidas de prevenção e propor que outra pessoa limpe a caixa
repetir o exame no 3º trimestre. de areia dos gatos e, caso isso não
seja possível, tentar limpá-la e trocá-la
diariamente utilizando luvas e pazinha;
alimentar os gatos com carne cozida
ou ração, não deixando que eles
façam a ingestão de caça;
lavar bem as mãos após o contato
com os animais.
necessário sp..
Se negativo: investigar quadros febris.
O diagnóstico e o tratamento de
gestantes com parasitoses intestinais
deveriam ser realizados antes da
gestação.
Nenhuma droga antiparasitária é
considerada totalmente segura na
gestação.
Quando
anemia Mulheres com parasitoses intestinais só
Negativo: ausência de parasitos.
Parasitológico presente ou devem ser tratadas na gravidez quando o
de fezes outras Positivo: conforme descrição de quadro clínico é exuberante ou as
manifestações parasitos. infecções são maciças, não sendo
sugestivas recomendado o tratamento durante o
primeiro trimestre da gestação.
Medidas profiláticas, como educação
sanitária, higiene correta das mãos,
controle da água, dos alimentos e do
solo, devem ser encorajadas devido ao
impacto positivo que geram sobre a
ocorrência de parasitoses intestinais.
Notas:
* Por conta do alto grau de miscigenação da população brasileira, todas as gestantes devem ser rastreadas para doença falciforme, conforme Nota Técnica nº
035/2011/CGSH/DAE/SAS/MS da Rede Cegonha.10
** Nas gestantes sem diagnóstico prévio de DM.
*** Conforme Nota Técnica da Rede Cegonha de 12 de dezembro de 2013. Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/nt_teste_rapido_gravidez_ab.pdf>.
**** Se IgG e IgM negativos no 1º exame.
***** Incluir o exame de gota espessa para malária na rotina do pré-natal em áreas endêmicas para a doença.
71
Quadro 4 – Interpretação de resultados de ultrassonografia no pré-natal de baixo risco11, 12, 13
Com base nas evidências existentes, a ultrassonografia de rotina nas gestantes de baixo risco
não confere benefícios à mãe ou ao recém-nascido (grau de recomendação A).
Quando indicada, a ultrassonografia precoce pode auxiliar no diagnóstico oportuno das
gestações múltiplas, na datação mais acurada da idade gestacional, reduzindo, dessa forma, o
número de induções por gestação prolongada, além de evidenciar a viabilidade fetal. Nestes
casos, Preferencialmente deve ser realizada por via transvaginal.
Datação da idade gestacional por ultrassonografia:
Deverá sempre ser baseada na 1ª USG realizada e nunca ser recalculada com USG
posteriores;
Quanto maior o tempo de gestação, maior a margem de erro no cálculo da IG pelo USG em
comparação com a DUM confiável. O desvio esperado no cálculo pelo USG é em torno de
8% em relação à DUM. No primeiro trimestre, o desvio esperado no cálculo da idade
gestacional é de três a sete dias (aumentando o intervalo, o número de dias, quanto maior a
1º trimestre IG). Se a DUM estiver dentro da variação esperada, considerá-la para cálculo; se a diferença
for maior, considerar a USG. Não recalcular durante a gravidez.
Não é indicado rastreamento de aneuploidias de rotina no primeiro trimestre, mas se for
solicitado, considerar os seguintes aspectos:
Entre a 11ª e a 13ª semana de gestação, a medida da translucência nucal (TN) associada à
idade materna identifica cerca de 75% dos casos de trissomia do cromossomo 21. No
entanto, a indicação deste exame deve estar sempre sujeita à disponibilidade local de
recursos e ao desejo dos pais de realizar o exame após esclarecimentos sobre as
implicações do exame, indicação, limitações, riscos de falso-positivos e falso-negativos (grau
de recomendação B).
Deve-se também ponderar sobre a qualificação da equipe responsável pelo rastreamento, a
necessidade de complementar o exame com pesquisa de cariótipo fetal nos casos de TN
aumentada, a implicação psicológica do teste positivo (incluindo falso-positivos) e o impacto
no nascimento de portadores da síndrome genética.
Apesar de aumentar a taxa de detecção das malformações congênitas, não existem evidências
de que a USG em gestantes de baixo risco melhore o prognóstico perinatal (grau de
recomendação A).
2º trimestre
Entre 18 e 22 semanas, os órgãos fetais já estão formados e são de visualização mais precisa,
de modo que este é o momento mais adequado para fazer o rastreamento de malformações,
caso se opte por fazê-lo.
Revisão sistemática disponibilizada pela biblioteca Cochrane sugere que não há benefícios da
ultrassonografia de rotina em gestações de baixo risco após a 24ª semana de gravidez (grau de
recomendação A).
3º trimestre Em caso de suspeita da alteração do crescimento fetal, por exemplo, quando a medida da AFU
está diferente do esperado, a USG pode ser ferramenta útil na avaliação.
Os achados relacionados com a indicação ou não de cesárea, os quais costumam provocar
indicações inadequadas de cesárea, estão descritos no Quadro 12.
Visto que está preconizada pelo Ministério da Saúde a realização de 1 (uma) ultrassonografia
obstétrica por gestante (Portaria MS/SAS nº 650, de 5 de outubro de 2011, Anexo III), os profissionais
da Atenção Básica devem conhecer as indicações do exame ultrassonográfico na gestação e estar
habilitados para interpretar os resultados, a fim de, conjuntamente com a gestante, definir o momento
mais apropriado de realizar o exame, caso seja pertinente.
72
Quadro 5 – Principais sinais de alerta na gestação2,7
Cefaleia
Escotomas visuais Esses sintomas, principalmente no final da
Avaliação médica e avaliação da PA
gestação, podem sugerir pré-eclâmpsia
Epigastralgia imediata.
(ver Quadro 8).
Edema excessivo
73
Quadro 6 – Avaliação do risco gestacional pela equipe de Atenção Básica2, 8, 14, 15
74
FATORES DE RISCO INDICATIVOS DE ENCAMINHAMENTO AO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO
Malformações fetais ou arritmia fetal.
Evidência laboratorial de proteinúria.
Diabetes mellitus gestacional.
Desnutrição materna severa.
Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante para avaliação nutricional).
NIC III.
Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-RADS III ou mais.
Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória).
Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser
inicialmente encaminhada ao hospital de referência para avaliação).
Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso.
Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com
malformação fetal) e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis, como o condiloma), quando não há suporte na
unidade básica.
Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual.
Adolescentes com fatores de risco psicossocial.
75
Quadro 7 – Abordagem de queixas frequentes na gestação2, 7, 16
Presença de ITU;
Verificar se a gestante não está apresentando contrações uterinas.
76
No geral, surge no 3º trimestre da gestação, limitando-se aos
membros inferiores e, ocasionalmente às mãos. Piora com o
ortostatismo (ficar em pé) prolongado e com a deambulação;
desaparece pela manhã e acentua-se ao longo do dia.
Avaliar sempre:
Edema Ver Fluxograma 5 Ver Fluxograma 5
A possibilidade do edema patológico, em geral associado à
hipertensão e proteinúria, sendo sinal de pré-eclâmpsia;
A maioria das grávidas edemaciadas exibe gestação normal.
É recomendado:
Fazer alimentação fracionada (pelo menos três refeições ao dia e
dois lanches);
Evitar líquido durante as refeições e deitar-se logo após as
refeições. Ingerir líquido gelado durante a crise;
Embora possa acometer a gestante durante toda a gravidez, é mais Elevar a cabeceira da cama ao dormir (dormir com travesseiro
intensa e frequente no final da gravidez. alto);
Avaliar sempre:
Evitar frituras, café, chá mate e preto, doces, alimentos
Pirose/azia Sintomas iniciados antes da gravidez; Enfermeiro(a)/médico(a)
gordurosos e/ou picantes;
Uso de medicamentos;
Evitar álcool e fumo – preferencialmente, não devem ser utilizados
História pessoal e familiar de úlcera gástrica. durante a gestação.
É recomendado:
Explicar que é uma queixa comum no início da gestação;
A sialorreia, ptialismo ou salivação excessiva é uma das queixas que
Sialorreia Manter dieta semelhante à indicada para náuseas e vômitos. Enfermeiro(a)/médico(a)
mais incomodam na gravidez.
Orientar a gestante a deglutir a saliva e tomar líquidos em
abundância (especialmente em época de calor).
77
Os episódios são, na maioria das vezes, de breve duração e
intensidade, dispensando terapêutica medicamentosa.
No geral, as medidas profiláticas assumidas, associadas ao
esclarecimento da gestante, são eficazes, sendo recomendado:
Evitar a inatividade;
Tem origem na instabilidade hemodinâmica em decorrência de dois
fatores principais: Fazer alimentação fracionada (pelo menos três refeições ao dia e
Vasodilatação e hipotonia vascular pela ação da progesterona, na dois lanches);
musculatura da parede dos vasos;
Evitar jejum prolongado;
Estase sanguínea nos membros inferiores pela compressão da Sentar com a cabeça abaixada ou deitar-se de decúbito lateral
Fraqueza/tontura Enfermeiro(a)/médico(a)
circulação de retorno pelo útero grávido.
esquerdo e respirar profunda e pausadamente para aliviar os
Tudo isso conduz à diminuição do débito cardíaco, à hipotensão arterial sintomas;
e à hipóxia cerebral transitória, causa provável das tonturas e
desmaios. Evitar permanecer, por longo tempo, em ambientes fechados,
Também estão associadas à hipoglicemia, alteração frequente quando quentes e sem ventilação adequada;
do jejum prolongado da grávida. Ingerir líquidos;
78
Comum na gravidez inicial, provavelmente resultado das ações de
hormônios esteroides, fortemente aumentados na gestação.
É frequente, na proximidade do parto, a grávida referir a presença de
Esclarecer que o aumento de volume mamário na gestação pode
descarga papilar, que, na quase totalidade das vezes, se trata de
ocasionar desconforto doloroso.
colostro, fisiológico para a idade gestacional.
Dor nas mamas (mastalgia) É recomendado realizar exame clínico das mamas para descartar Enfermeiro(a)/médico(a)
Avaliar sempre:
qualquer alteração.
Presença de sinais de alerta; Orientar uso de sutiã com boa sustentação.
É recomendado:
Ingerir alimentos que formam resíduos, como legumes e verduras
– em especial as folhosas, por serem ricas em fibras – e frutas
cítricas.
79
É recomendado:
O mais provável é que, na gestação, as hemorroidas preexistentes e Dieta rica em fibras, estimular a ingestão de líquidos e, se
assintomáticas possam ser agravadas. É certo que aquelas necessário, supositórios de glicerina;
previamente sintomáticas se agravam na gestação e, sobretudo, no
parto e no pós-parto. Higiene local com duchas ou banhos após a evacuação;
Avaliar sempre sinais de gravidade:
Hemorroida Banho de assento com água morna; Enfermeiro(a)/médico(a)
Aumento da intensidade da dor;
Usar anestésicos tópicos, se necessário;
Endurecimento do botão hemorroidário;
Obs.: tratamentos esclerosantes ou cirúrgicos são contraindicados.
Sangramento retal.
Se ocorrerem complicações como trombose, encaminhar para o
hospital de referência.
Orientar:
Corrigir a postura ao se sentar e andar;
A adaptação da postura materna sobrecarrega as articulações da Observar a postura adequada, evitando corrigir a lordose
coluna vertebral, sobretudo a lombossacral. fisiológica;
Avaliar sempre:
Recomendar o uso de sapatos confortáveis e evitar saltos altos;
Características da dor (mecânica ou inflamatória, tempo de
evolução, fatores de melhora ou piora, relação com o movimento); Recomendar a aplicação de calor local e massagens
Dor lombar especializadas; Enfermeiro(a)/médico(a)
Sinais e sintomas associados (alerta para febre, mal-estar geral,
sintomas urinários, enrijecimento abdominal e/ou contrações Recomendar acupuntura;
uterinas, déficit neurológico); Indicar atividades de alongamento e orientação postural.
História de trauma. Se não melhorarem as dores, considerar o uso de medicamentos:
Paracetamol (500-750 mg), de 6/6 horas;
Dipirona (500-1.000 mg), de 6/6 horas.
80
Orientar:
É importante afastar as hipóteses de hipertensão arterial e pré- Repouso em local com pouca luminosidade e boa ventilação;
eclâmpsia.
Conversar com a gestante sobre suas tensões, conflitos e
Avaliar sempre:
temores;
Sinais de cefaleia secundária;
Cefaleia Se dor recorrente, agendar consulta médica e orientar sobre os Enfermeiro(a)/médico(a)
Sintomas antes da gravidez; sinais de alerta, como frequência, intensidade etc.
Diagnóstico prévio de enxaqueca; Considerar o uso de analgésicos comuns:
Uso de medicamentos. Paracetamol (500-750 mg), de 6/6 horas;
Dipirona (500-1.000 mg), de 6/6 horas.
81
Os cuidados gerais são mais eficazes que a conduta
medicamentosa, sendo recomendado:
Evitar o alongamento muscular excessivo ao acordar, em especial
dos músculos do pé (ato de se espreguiçar);
Espasmos musculares involuntários e dolorosos que acometem, em
especial, os músculos da panturrilha e se intensificam com o evoluir da Na gestação avançada, devem ser evitados o ortostatismo (ficar
gestação. em pé) prolongado e a permanência na posição sentada por longo
Avaliar sempre: período, como em viagens demoradas;
Câimbras Uso de medicamentos; Nas crises, a grávida com câimbras nos membros inferiores se Enfermeiro(a)/médico(a)
beneficia muito do calor local, da aplicação de massagens na
Presença de varizes;
perna e da realização de movimentos passivos de extensão e
Fadiga muscular por uso excessivo. flexão do pé;
Evitar excesso de exercício físico e massagear o músculo
contraído e dolorido;
Realizar alongamentos específicos, com orientação profissional.
É recomendado:
Orientar que são frequentes após o 5º mês de gestação,
geralmente no quadril, abdome e mamas, ocasionadas pela
distensão dos tecidos, e que não existe método eficaz de
prevenção;
Lesões dermatológicas definitivas que aparecem na segunda metade
Estrias da gravidez e se localizam, preferencialmente, no abdome inferior, na Ainda que polêmica, na tentativa de preveni-las, pode ser Enfermeiro(a)/médico(a)
região glútea, nas coxas e nos seios. recomendada a massagem local, com óleos e cremes hidratantes
compatíveis com a gravidez, livre de conservantes ou qualquer
outro alergênico.
82
Realizar avaliação clínica, com observação cuidadosa dos
batimentos cardíacos fetais.
Caracterizada pela ausência, diminuição ou parada de movimentação Recomenda-se:
fetal.
Alterações na movimentação A movimentação fetal se reduz ante a hipoxemia. Orientar, a partir de 26 semanas, a realização de “mobilograma”
Enfermeiro(a)/médico(a)
fetal Quando são relatadas mudanças abruptas no padrão de (ver Saiba Mais) diário: pós-café, almoço e jantar (normal seis ou
movimentação do concepto, elas podem revelar comprometimento mais movimentos em uma hora em decúbito lateral esquerdo).
fetal.
Reduzir o intervalo entre as consultas de rotina.
83
Fluxograma 2 – O que fazer nos quadros de náusea e vômitos2, 7
ACOLHIMENTO COM
ESCUTA QUALIFICADA E
ENTREVISTA
Equipe multiprofissional Sinais de alerta
- queda do estado geral
- sinais de desidratação
- sinais de distúrbios metabólicos
Médico(a)
* Hiperêmese gravídica: caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação da gestante,
ocasionando desidratação, oligúria, perda de peso e transtornos metabólicos, com alcalose (pela perda maior de
cloro, perda de potássio e alterações no metabolismo das gorduras e dos carboidratos).
84
Fluxograma 3 – O que fazer nas queixas urinárias2, 7
ACOLHIMENTO COM
ESCUTA QUALIFICADA E
ENTREVISTA
Equipe multiprofissional
Não
Orientar que o aumento do
número de micções é comum
na gestação, por conta da
compressão da bexiga pelo
útero gravídico, diminuindo a
capacidade volumétrica.
Enfermeiro(a)/médico(a)
85
Fluxograma 4 – O que fazer nos quadros de dor abdominal e cólicas2, 7
Sinais de alerta
ACOLHIMENTO COM ESCUTA - dor em baixo ventre de
QUALIFICADA E ENTREVISTA intensidade, duração e ritmo
Equipe multiprofissional aumentados, sugerindo
contrações uterinas
- sangramento vaginal
- sintomas sistêmicos
- sinais de abdome agudo
Gestante com queixas de dor
abdominal e cólicas
Investigar causas
Presença de Verificar se a gestante não está
sinais de Sim
apresentando contrações uterinas.
alerta? Ver Fluxograma 3 e Fluxograma 9
Enfermeiro(a)/ Médico(a)
médicos(a)
Não
86
Fluxograma 5 – O que fazer nos quadros de edema2, 7
Sinais de alerta
ACOLHIMENTO COM ESCUTA
QUALIFICADA E ENTREVISTA - edema limitado aos MMII, porém
Equipe multiprofissional associado à hipertensão ou ao
ganho de peso
- edema generalizado
- edema unilateral de MMII com dor
e/ou sinais flogísticos
Não
87
Quadro 8 – Atenção às intercorrências do pré-natal2, 7
Características:
História de atraso menstrual com teste positivo para gravidez;
Perda sanguínea uterina e dor pélvica intermitente, na fase inicial, evoluindo
para dor contínua e intensa, dor pélvica intermitente;
Gravidez ectópica USG após 5ª semana de gestação não demonstrando gravidez tópica. Encaminhar a gestante para um hospital de referência obstétrica. Médico(a)
Sinais de alerta: sinais de irritação peritoneal e repercussões hemodinâmicas
que podem ser discretas, apenas com lipotímia, até quadros graves com
choque hipovolêmico, na dependência do volume de sangramento
intracavitário.
88
INTERCORRÊNCIA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
89
INTERCORRÊNCIA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
Características:
Aparecimento de dor abdominal súbita, com intensidade variável;
Sangramento vaginal que pode variar de sangramento discreto a volumoso,
muitas vezes incompatível com o quadro de hipotensão (ou choque) materno;
pode ocorrer “sangramento oculto” quando não há exteriorização do
sangramento; pode evoluir para quadro grave caracterizado por atonia uterina
(útero de Couvelaire);
Descolamento Causa importante de sangramento no 3º trimestre.
Na suspeita diagnóstica, encaminhar a gestante, como emergência, ao
prematuro da Realização do exame obstétrico: Enfermeiro(a)/médico(a)
hospital de referência obstétrica.
placenta (DPP) Na fase inicial, ocorre taqui-hipersistolia (contrações muito frequentes [> cinco
em dez minutos] e intensas), seguida de hipertonia uterina e alteração dos
batimentos cardíacos fetais;
Útero, em geral, encontra-se hipertônico, doloroso, sensível às manobras
palpatórias;
Os batimentos cardíacos fetais podem estar alterados ou ausentes;
Comprometimento variável das condições gerais maternas, desde palidez de
pele e mucosas até choque e distúrbios da coagulação sanguínea.
Características:
Sangramento vaginal, súbito, de cor vermelho-vivo, de quantidade variável,
indolor. É episódica, recorrente e progressiva.
Realização do exame obstétrico:
Revela volume e tono uterinos normais e frequentemente apresentação fetal
anômala;
Habitualmente, os batimentos cardíacos fetais estão mantidos;
Placenta prévia Referenciar a gestante para o alto risco. Enfermeiro(a)/médico(a)
O exame especular revela presença de sangramento proveniente da cavidade
uterina e, na suspeita clínica, deve-se evitar a realização de toque vaginal.
Realização de exame ultrassonográfico, se possível:
Visualização de placenta em localização baixa, confirmando o diagnóstico;
Frequentemente, as placentas no início da gestação encontram-se
localizadas na porção inferior do útero. Entretanto, somente 10% das
placentas baixas no segundo trimestre permanecem prévias no termo.
90
INTERCORRÊNCIA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
Características:
O TPP frequentemente está relacionado a infecções urinárias e vaginais,
principalmente à vaginose bacteriana;
Para a vaginose bacteriana, pode ser feita a abordagem sindrômica ou a
Solicitar avaliação especializada, quando possível.
realização do exame de bacterioscopia da secreção vaginal onde estiver
Trabalho de parto disponível; O trabalho de parto prematuro constitui situação de risco gestacional,
Enfermeiro(a)/médico(a)
prematuro (TPP) Na suspeita de infecção urinária, tratar conforme Fluxograma 3 e solicitar portanto a gestante deve ser encaminhada para um centro ou maternidade
urina tipo I e urocultura; de referência.
Na presença de contrações uterinas rítmicas e regulares, porém sem
modificação cervical, caracteriza-se o falso trabalho de parto prematuro. Tais
casos costumam evoluir bem apenas com o repouso, principalmente se
identificada e tratada a causa de base.
91
INTERCORRÊNCIA COMO IDENTIFICAR/AVALIAR O QUE FAZER QUEM FAZ
Na hipertensão arterial:
A metildopa é a droga preferida por ser a mais bem estudada e por não
Hipertensão arterial: haver evidência de efeitos deletérios para o feto (750-2.000 mg/dia);
Define-se como hipertensão arterial quando a pressão arterial sistólica atinge Outros antagonistas de canais de cálcio (ACC), como nifedipino (10-80
valor ≥ 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica atinge valor ≥ 90 mmHg, mg/dia), podem ser considerados como alternativas;
em duas medidas com intervalo de pelo menos quatro horas; Os betabloqueadores são considerados seguros na gravidez, embora se
a atribua a eles redução no crescimento fetal.
As consultas pré-natais devem ser mensais até a 30 semana, quinzenais até
Hipertensão arterial, a
a 34 semana e semanais após essa idade gestacional até o parto. Por seus efeitos danosos ao feto, os inibidores da enzima de conversão da
pré-eclâmpsia, angiotensina (IECA), como captopril, e antagonistas da angiotensina II, Enfermeiro(a)/médico(a)
Pré-eclâmpsia:
eclâmpsia como losartana, devem ser substituídos.
Caracterizada pelo aparecimento de HAS e proteinúria após a 20ª semana de
gestação em mulheres previamente normotensas. Na pré-eclâmpsia:
Eclâmpsia: Referenciar à urgência obstétrica e, caso a gestante não fique internada,
Corresponde à pré-eclâmpsia complicada por convulsões que não podem ser encaminhar ao pré-natal de alto risco.
atribuídas a outras causas. Na eclâmpsia:
Referenciar à urgência obstétrica.
Ver Fluxograma 12.
Diabetes mellitus
Diabetes gestacional costuma ser assintomático ou apresentar sintomas
obstétricos: ganho de peso excessivo, altura uterina superior à esperada, Ver Fluxograma 11. Ver Fluxograma 11
gestacional
entre outros.
Características:
As infecções sexualmente transmissíveis (IST), podem ocorrer em qualquer Tratar conforme diagnóstico, respeitando as particularidades da gestação
IST momento do período gestacional; Enfermeiro(a)/médico(a)
(ver capítulo 1, sobre Queixas mais comuns).
Abortos espontâneos, natimortos, baixo peso ao nascer, infecção congênita e
perinatal estão associados às IST não tratadas em gestantes.
Polidrâmnio;
Alterações do líquido Oligoidrâmnio;
Ver Fluxograma 10. Ver Fluxograma 10
amniótico Amniorrexe prematura;
Ver Fluxograma 10.
92
Fluxograma 6 – O que fazer na anemia gestacional2, 7
ACOLHIMENTO COM
ESCUTA QUALIFICADA E
ENTREVISTA
Equipe multiprofissional
Não
Sim Não
A anemia durante a gestação pode estar associada a um risco aumentado de baixo peso ao nascer,
mortalidade perinatal e trabalho de parto prematuro.
Sulfato ferroso: um comprimido de 200 mg de Fe = 40 mg de ferro elementar.
Administrar longe das refeições e preferencialmente com suco cítrico.
Profilático: 1 comprimido (indicada suplementação diária a partir do conhecimento da gravidez até o
terceiro mês após parto).
Tratamento: quatro a seis comprimidos.
Atentar para os diagnósticos prévios ou no pré-natal de talassemia, doença falciforme, entre outros,
avaliando a necessidade de acompanhamento no alto risco.
Enfermeiro(a)/médico(a)
93
Fluxograma 7 – O que fazer nos quadros de sífilis2, 7
Enfermeiro(a)/médico(a)
Sim
Enfermeiro(a)/médico(a)
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina devem ser encaminhadas para um
centro de referência, para que se realize a dessensibilização. A penicilina é a única droga
treponemicida que atravessa a barreira placentária e, portanto, trata também o feto.
As gestantes com manifestações neurológicas e/ou cardiovasculares devem ser hospitalizadas e
submetidas a esquemas especiais de penicilina via intravenosa.
Com a instituição do tratamento correto, o teste não treponêmico (VDRL) tende a se negativar em 6 a
12 meses, podendo, no entanto, permanecer com títulos baixos por longos períodos de tempo ou até
por toda a vida; é o que se denomina memória ou cicatriz sorológica da sífilis.
Os testes não treponêmicos (VDRL) devem ser realizados mensalmente para controle de cura.
Nos casos de sífilis primária e secundária, os títulos devem declinar em torno de quatro vezes em
três meses e oito vezes em seis meses.
Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em duas oportunidades, após um ano, pode ser
dada alta.
94
Fluxograma 8 – O que fazer nos quadros de toxoplasmose2,7
Prevenção primária
Gestante soronegativa Sim
Repetir a sorologia de três em três
IgG (-) e IgM (-)?
Enfermeiro(a)/médico(a) meses e no momento do parto.
Enfermeiro(a)/médico(a)
Não
Gestante IgG (+) e IgM (-) Gestante IgG (+) e IgM (+) Gestante IgG (-) e IgM (+)
- Imunidade remota: gestante - Possibilidade de infecção durante a - Infecção muito recente ou IgM
com doença antiga ou gestação. falso positivo.
toxoplasmose crônica. - Realizar teste de avidez de IgG na - Iniciar espiramicina
- Não há necessidade de novas mesma amostra: imediatamente.
sorologias. Avidez forte e gestação < 16 - Repetir a sorologia em três
Enfermeiro(a)/médico(a) semanas: infecção adquirida semanas:
antes da gestação, não há IgG positiva: confirma-se a
necessidade de mais testes. infecção.
Enfermeiro(a)/médico(a) IgG negativa: suspender a
espiramicina, prevenção
Avidez forte e gestação > 16
primária e repetir sorologia
semanas: iniciar espiramicina se
de três em três meses e no
antes da 30ª semana e esquema
momento do parto.
tríplice após a 30ª semana.
Avidez fraca: possibilidade de Médico(a)
infecção adquirida na gestação,
iniciar espiramicina
imediatamente.
Médico(a)
Confirmada a infecção aguda antes da 30ª semana, deve-se manter a espiramicina (1 g – 3.000.000 UI),
de 8/8 horas, via oral, continuamente até o final da gravidez.
Se a infecção se der após a 30ª semana, recomenda-se instituir o tratamento tríplice materno: pirimetamina
(25 mg), de 12/12 horas, por via oral; sulfadiazina (1.500 mg), de 12/12 horas, por via oral; e ácido folínico
(10 mg/dia) – este imprescindível para a prevenção de aplasia medular causada pela pirimetamina.
Em gestantes com infecção aguda, deve-se realizar USG mensal para avaliar alterações morfológicas
fetais e, caso haja alterações, encaminhar para o serviço especializado.
Se há suspeita de infecção aguda materna, deve-se encaminhar a gestante para centro especializado em
medicina fetal para realização de amniocentese, visando avaliar a presença de infecção fetal por análise do
líquido amniótico por meio de PCR.
Se idade gestacional > 30 semanas, não é necessário avaliar o liquido amniótico. Inicia-se esquema tríplice
pela alta probabilidade de infecção fetal.
95
Fluxograma 9 – O que fazer nas síndromes hemorrágicas2,7
Não
Não
Não
96
Fluxograma 10 – O que fazer nos quadros de alterações do líquido amniótico2,7
ACOLHIMENTO COM
ESCUTA QUALIFICADA E
ENTREVISTA
Equipe multiprofissional
Sim Sim
97
Fluxograma 11 – O que fazer no diabetes mellitus gestacional (DMG)2,7
Não
Manifestação do DMG:
idade de 35 anos ou mais;
sobrepeso, obesidade ou ganho de peso excessivo na gestação atual;
deposição central excessiva de gordura corporal;
baixa estatura (≤ 1,50 m);
crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual;
antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou
neonatal, macrossomia (peso ≥ 4,5 kg) ou DMG;
história familiar de DM em parentes de 1º grau;
síndrome de ovários policísticos.
Recomendações
Para a maioria das gestantes, o DMG responde bem somente com o controle alimentar,
baseado nos mesmos princípios de uma alimentação saudável, com exercícios físicos e com
suspensão do fumo.
Algumas mulheres, entre 10% e 20%, necessitarão usar insulina, principalmente as de ação
rápida e intermediária, caso as medidas não farmacológicas não controlem o DMG.
Os hipoglicemiantes orais são contraindicados na gestação devido ao risco aumentado de
anomalias fetais.
Na grande maioria dos casos, os efeitos relacionados ao DMG para a mãe e para o feto em
formação não são graves.
O uso de insulina deve ser mantido nas gestantes que já faziam uso antes da gravidez e
iniciado nas diabéticas tipo 2 que faziam uso prévio de hipoglicemiantes orais.
Os ajustes de doses são baseados nas medidas de glicemia, cujo monitoramento pode ser
realizado diariamente em casa, com uso de fitas para leitura visual ou medidor glicêmico
apropriado – método ideal de controle.
98
Fluxograma 12 – O que fazer nas síndromes hipertensivas, pré-eclâmpsia e eclâmpsia2, 7
Sinais de alerta
ACOLHIMENTO COM ESCUTA - cefaleia;
QUALIFICADA E ENTREVISTA - escotomas visuais;
- epigastralgia;
Equipe multiprofissional
- edema excessivo;
- epistaxe;
- gengivorragia;
- reflexos tendíneos aumentados;
- PA > 160/110mmHg.
Atenção:
PA > 160/110 mmHg ou PA > 140/90 mmHg e
Sim proteinúria positiva e/ou sintomas de cefaleia,
epigastralgia, escotomas e reflexos tendíneos
aumentados, encaminhar com urgência à maternidade.
PA entre 140/90 e 160/110 mmHg, assintomática e sem
Teste rápido de ganho de peso > 500g semanais, fazer proteinúria,
proteinúria positivo (1+)? Não
agendar consulta médica imediata, solicitar USG e
Enfermeiro(a)/ referenciar ao alto risco para avaliação.
Médico(a)
Tratamento agudo
Em urgência ou emergência hipertensiva que requeira
hospitalização, realizar monitoramento intensivo,
Sim administração parenteral de anti-hipertensivos
(preferencialmente a hidralazina), considerar
antecipação do parto (a depender da idade gestacional
e das condições clínicas da mulher e do feto).
Tratamento de longo prazo:
Proteinúria – 300 mg ou
mais de proteína em Não Ver também Quadro 2 e Quadro 8.
urina de 24h? Para gestantes com pré-eclâmpsia, com quadro
Enfermeiro(a)/ estabilizado, sem necessidade de parto imediato, está
Médico(a) indicado tratamento anti-hipertensivo por via oral (ver
Quadro 8).
Recomenda-se NÃO prescrever anti-hipertensivo para
gestantes com HAS com valores de PA < 150/100
Sim mmHg associada à pré-eclâmpsia ou à hipertensão
crônica. Não há comprovação de benefícios para a mãe
ou para o feto, exceto redução do risco de HAS grave,
Pré-eclâmpsia
que é considerado insuficiente diante da exposição do
Referenciar à urgência obstétrica e, caso a feto ao risco potencial de comprometimento de seu
gestante não fique internada, encaminhar ao crescimento.
pré-natal de alto risco. Em relação à HAS crônica, recomenda-se o início ou a
Enfermeiro(a)/médico(a) reinstituição do tratamento medicamentoso com PA
sistólica > 150 mmHg e PA diastólica de 95 a 99 mmHg
ou sinais de lesão em órgão-alvo. Para gestantes
portadoras de HAS crônica que estão em uso de anti-
hipertensivos e com PA < 120/80 mmHg, recomenda-se
reduzir ou mesmo descontinuar o tratamento e iniciar
monitoramento cuidadoso da PA.
Médico(a)
Ver também Quadros 2 e 8 para detalhamento do diagnóstico e manejo das síndromes hipertensivas.
As gestantes negras requerem maiores cuidados devido à maior incidência de hipertensão arterial sistêmica,
diabetes e morte materna na população negra.
Sugere-se que o tratamento seja instituído mais precocemente quando a PA for > 150/100 mmHg.
99
Fluxograma 13 – O que fazer nos resultados de sorologia do HIV2, 7
ACOLHIMENTO COM
ESCUTA QUALIFICADA E
ENTREVISTA
Equipe multiprofissional
Não
O diagnóstico reagente da infecção pelo HIV deve ser realizado mediante pelo menos duas etapas
de testagem (etapas 1 e 2).
Eventualmente, podem ocorrer resultados falso-positivos. A falsa positividade na testagem é
mais frequente na gestação do que em crianças, homens e mulheres não grávidas e pode ocorrer
em algumas situações clínicas, como no caso de doenças autoimunes.
Diagnóstico com testes rápidos: a possibilidade de realização do diagnóstico da infecção pelo
HIV em uma única consulta, com o teste rápido, elimina a necessidade de retorno da gestante ao
serviço de saúde para conhecer seu estado sorológico e possibilita a acolhida imediata, no SUS,
das gestantes que vivem com HIV.
Nos casos de gestantes já sabidamente HIV positiva ou em uso de antirretroviral, encaminhar
para acompanhamento em serviço de pré-natal de alto risco e Serviço de Atendimento
Especializado (SAE) e atentar para a prevenção de transmissão vertical. Para mais informações,
ver o capítulo Planejamento Reprodutivo.
O TR se destina a todas as gestantes.
As gestantes HIV positivas deverão ser orientadas a não amamentar (para mais informações, ver
seção sobre Promoção do aleitamento materno).
100
Quadro 9 – Relação de medicamentos essenciais na atenção ao pré-natal7, 17
GRAU DE SEGURANÇA
MEDICAMENTO USO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA
Gestação Lactação
200-400 mg, 5x/dia
Aciclovir Herpes simples Comprimido (200 mg) (10 dias se C B
primoinfecção e 5 dias
na recorrência)
500 mg, 1-4x/dia
Lúpus eritematoso (antipirético e
Ácido sistêmico Comprimido (100 mg e analgésico)
C/D C
acetilsalicílico Síndrome 500 mg) 100 mg, 1x/dia
antifosfolípide (profilaxia de pré-
eclâmpsia)
400µg ou 0,4 mg, dose
única diária
Anemia: até a cura e
Prevenção de durante o puerpério.
defeitos do tubo Solução oral (0,2
mg/ml) Prevenção de
neural
Ácido fólico Cápsula gelatinosa defeitos do tubo A A
Anemia neural: pelo menos
mole (400µg ou 0,4
Anemia mg) 30 dias antes da
megaloblástica data em que se
planeja engravidar
até o final da
gestação.
1 comprimido, 1x/dia
(durante três semanas
Toxoplasmose seguidas, com pausa
Ácido folínico Comprimido (15 mg) de três semanas, da B B
Feto infectado
época de diagnóstico
da infecção fetal até o
termo da gestação)
750-2.000 mg/dia
Alfa-metildopa Hipertensão arterial Comprimido (250 mg) (na preconcepção, na B B
gestação e puerpério)
Cápsula (500 mg)
500 mg, 8/8 horas
Amoxicilina Antibioticoterapia Pó para suspensão B B
(de 7 a 10 dias)
oral (50 mg/ml)
Infecção urinária
Infecções RN Comprimido (500
Abortamento mg) 500 mg, 6/6 horas
Ampicilina infectado Pó para solução (VO, IM ou EV) A A
Infecção puerperal injetável (500-1.000 (de 7 a 10 dias)
Endocardite mg)
bacteriana
500 mg, dose única
diária (por 3 dias)
Azitromicina Antibioticoterapia Comprimido (500 mg) C B
1,5-2 g em dose
única
Comprimido (200
200-400 mg, dose
Carbamazepina Epilepsia mg) D B
única diária
Xarope (20 mg/ml)
Cápsula (500 mg)
Infecção urinária 500 mg, 6/6 horas
Cefalexina Suspensão oral (50 B B
Bacteriúria (por 7 dias)
mg/ml)
Infecção urinária Pó para solução 2-4 g/dia, EV
Ceftriaxona Cervicite injetável (250, 500 e B B
1.000 mg) (de 7 a 10 dias)
Septicemia
Vaginose bacteriana
Abortamento 300-600 mg/dia (VO,
infectado IM ou EV) (de 7 a 10
Clindamicina Cápsula (75 e 150 mg) dias) B B
Infecção puerperal
Creme vaginal 2%,
Embolia pulmonar 1x/dia (por 7 dias)
Corioamnionite
Comprimido (2 e 5
mg)
Diazepam Depressão 2-10 mg, 2-4x/dia D B
Solução injetável (5
mg/ml)
Comprimido (40 e 120
Dimeticona Flatulência 40-80 mg, 4x/dia B B
mg)
101
GRAU DE SEGURANÇA
MEDICAMENTO USO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA
Gestação Lactação
Comprimido (500
mg)
Analgésico; Solução oral (500
Dipirona 500 mg, 1-4x/dia B B
Antitérmico. mg/ml)
Solução injetável
(500 mg/ml)
Cápsula (500 mg)
Comprimido (500
250-500 mg, 6/6 horas
Eritromicina Antibioticoterapia mg) D/B B
(de 7 a 10 dias)
Suspensão oral (25
mg/ml)
Infecção fetal por 3 g/dia (até o término
Espiramicina Comprimido (500 mg) B B
toxoplasmose da gravidez)
Comprimido (100
mg)
Solução oral – gotas 100-200 mg, dose
Fenobarbital Epilepsia D D
(40 mg/ml) única diária
Solução injetável
(100 mg/ml)
Comprimido (25 e 40
mg) 20-80 mg, dose única
Furosemida Diurético D D
Solução injetável (10 diária
mg/ml)
Abortamento
infectado Solução injetável (10
e 40 mg/ml) 240 ml/dia (EV ou IM)
Gentamicina Infecção puerperal D B
Solução injetável (50 (de 7 a 10 dias)
Corioamnionite
e 250 mg/ml)
Septicemia
Uma ampola diluída
em 20 ml de água
Solução injetável (20 destilada, administrar 5
Hidralazina Hipertensão arterial ml da solução EV. C B
mg/ml)
Repetir a critério
médico.
Comprimido
mastigável (200 mg)
Hidróxido de
Pirose Suspensão oral 300-600 mg, 4-6x/dia C B
alumínio
(35,6 mg + 37
mg/ml)
Hioscina/Butiles
Cólicas Comprimido (10 mg) 10-20 mg, 3-5x/dia B D
copolamina
NPH: 0,5 UI/kg/dia
Insulina humana Solução injetável (100 Regular: 0,4
Diabetes UI/kg/dia B B
NPH e regular UI/ml)
Adaptar segundo
critério médico.
Comprimido (150
mg) 20 mg/dia (por três
Mebendazol Helmintíase C C
Suspensão oral (20 dias)
mg/ml)
Comprimido (10 mg)
Solução oral (4
10 mg, 3x/dia (VO, IM
Metoclopramida Hiperêmese mg/ml) B B
ou EV)
Solução injetável (5
mg/ml)
Infecção puerperal
2 g, dose única;
Septicemia Comprimido (250
mg) Um aplicador/dia,
Metronidazol Abortamento B B
intravaginal (por sete
infectado Creme vaginal 5%
dias).
Corrimento vaginal
10-80 mg/dia
Nifedipina Hipertensão arterial Comprimido (20 mg) (segundo critério C B
médico)
Comprimido (100
mg) 100 mg, 6/6 horas
Nitrofurantoína Infeção urinária B/D D
Suspensão oral (5 (por 10 dias)
mg/ml)
102
GRAU DE SEGURANÇA
MEDICAMENTO USO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA
Gestação Lactação
Comprimido (500
Analgésico mg)
Paracetamol 500 mg, 1-4x/dia B/D B
Antitérmico Solução oral (100
mg/ml)
Pó para solução Até 2.400.000 UI (IM)
Penicilina
Sífilis injetável (600.000 e com intervalo de uma B B
benzatina
1.200.000 UI) semana
25 mg, 8/8 horas (por
três dias), seguidos de
Toxoplasmose 25 mg, 12/12 horas
Pirimetamina Comprimido (25 mg) (durante três semanas, C D
Feto infectado com intervalo de três
semanas, até o termo
da gestação)
Hipertensão arterial Comprimido (40 e 80
Propranolol 20-80 mg/dia C/D B
Hipertireoidismo mg/ml)
Hanseníase 600 mg, dose única
Rifampicina Cápsula (300 mg) C B
Tuberculose diária
Toxoplasmose 500-1.000 mg, 6/6
Sulfadiazina Comprimido (500 mg) B/D D
Feto infectado horas
Comprimido (400 +
80 mg)
800 mg de SMZ+ 160
Sulfametoxazol Solução injetável (80
Antibioticoterapia mg de TMP, 12/12 C/D D
+ trimetoprim + 16 mg/ml)
horas (de 7 a 10 dias)
Suspensão oral (40
+ 8 mg/ml)
Ataque: 4 g, em 10
Sulfato de Solução injetável (500 min (EV);
Eclâmpsia B B
magnésio a 50% mg/ml) Manutenção: 2
g/hora (EV).
200 mg, dose única
Comprimido (40 mg) (a partir do
Ferro elementar Anemia Solução oral (25 conhecimento da C/D B
mg/ml) gravidez até 3º mês
pós-parto)
Comprimido (500
mg) 50 mg/kg/dia
Tiabendazol Estrongiloidíase C B
Suspensão oral (50 (dois dias seguidos)
mg/ml)
Legenda:
A: Estudos controlados não mostraram riscos.
B: Sem evidência de riscos em humanos.
C: O risco não pode ser afastado, só deve ser prescrito se o benefício terapêutico justificar o potencial terapêutico.
D: Há evidência de risco, porém os benefícios terapêuticos da administração em grávidas/lactantes justificam a utilização.
X: Contraindicados na gestação/lactação.
103
Quadro 10 – Imunização: recomendações de rotina no pré-natal2, 7, 18
1ª dose dT (qualquer
idade gestacional) Caso iniciado o esquema
tardiamente, para
2ª dose dT (após 60 ou prevenção do tétano
no mínimo 30 dias da neonatal, a 2ª ou 3ª dose
Esquema vacinal primeira)
desconhecido deve ser realizada pelo
Três doses
3ª dose dTpa (após 60 menos 20 dias antes do
Não vacinada dias ou no mínimo 30 parto, respeitando o
dias da segunda, intervalo mínimo de 30
preferencialmente entre dias da 1ª dose,
a 27ª e 36ª semana de garantindo uma dose de
gestação) dTpa
A dose de dTpa deve ser
Conforme o número de administrada em todas
dT/dTpa doses faltantes, sendo as gestações,
Completar uma de dTpa,
Esquema incompleto independentemente de
esquema preferencialmente entre já ter sido realizada em
a 27ª e 36ª semana de gestações anteriores
gestação
Para gestantes em áreas
Administrar uma dose de de difícil acesso,
Esquema com três dTpa preferencialmente administrar dTpa a partir
Uma dose dTpa
doses de dT entre a 27ª e 36ª da 20ª semana de
semana de gestação gestação, adequando as
doses conforme
Reforço informações nesse
preferencialmente entre quadro, visando não
Vacinação completa Uma dose dTpa
a 27ª e 36ª semana de perder a oportunidade
gestação
104
Quadro 11 – Vitaminas e minerais, suas funções, fontes e recomendações durante o período
gestacional2, 19, 20
Leite
Fígado
Gema de ovo
Prematuridade, Vegetais folhosos verdes As necessidades de vitamina A são
retardo do (espinafre, couve, beldroega, facilmente alcançadas na alimentação.
crescimento bertalha e mostarda) A suplementação deste micronutriente não
Vitamina A intrauterino, baixo
Vegetais amarelos (abóbora e deve ser indicada na gestação, salvo em
peso, descolamento situações específicas (como no pós-parto
cenoura)
placentário, imediato em áreas endêmicas para
mortalidade materna Frutas amarelo-alaranjadas deficiência de vitamina A).
(manga, caju, goiaba, mamão e
caqui)
Óleos e frutas oleaginosas
(buriti, pupunha, dendê e pequi)
Atum
A exposição solar regular da pele atinge as
Necessário para Sardinha recomendações.
Vitamina D formação esquelética Gema de ovos Não há evidências suficientes de que a
do feto
Óleo de peixe suplementação de vitamina D seja
necessária.
Salmão e fígado
105
Quadro 12 – Preparo para o parto21, 22, 23, 24
Prolapso de cordão – com dilatação não completa Apresentação córmica (situação transversa)
Descolamento da placenta fora do período expulsivo Herpes genital com lesão ativa no momento em que se
(DPP) inicia o trabalho de parto
Placenta prévia parcial ou total As urgências devem ser encaminhadas imediatamente à
Ruptura de vasa prévia emergência obstétrica
Apresentação pélvica
Duas ou mais cesáreas anteriores
HIV/aids
Para a mãe:
Para a mãe: Rápida recuperação, facilitando o cuidado com o
Mais dor e dificuldade para andar e cuidar do bebê bebê após o parto;
após a cirurgia; Menos riscos de complicações, favorecendo o
Maior risco de hemorragia, infecção e lesão de outros contato pele a pele imediato com o bebê e o
órgãos; aleitamento;
Maior risco de complicações na próxima gravidez. Processo fisiológico, natural;
Menor risco de complicações na próxima gravidez,
Para o bebê: tornando o próximo parto mais rápido e fácil.
Mais riscos de nascer prematuro, ficar na incubadora,
ser afastado da mãe e demorar a ser amamentado; Para o bebê:
Mais riscos de desenvolver alergias e problemas Na maioria das vezes, ele vai direto para o colo da
respiratórios na idade adulta; mãe;
Mais riscos de ter febre, infecção, hemorragia e O bebê nasce no tempo certo, seus sistemas e
interferência no aleitamento. órgãos são estimulados para a vida por meio das
contrações uterinas e da passagem pela vagina.
106
Quadro 13 – A gestação no âmbito do trabalho, direitos sociais e trabalhistas7
DIREITO À SAÚDE
Toda gestante tem direito a atendimento gratuito e de qualidade nos hospitais públicos e conveniados ao SUS
Carteira da Gestante: a gestante deve recebê-la na primeira consulta de pré-natal e esta deve conter todas as
informações sobre o seu estado de saúde, desenvolvimento do bebê e resultados de exames realizados.
Tem o direito de ter a criança ao seu lado em alojamento conjunto, amamentar e receber orientações sobre
amamentação, assim como a presença de um acompanhante, de livre escolha, durante as consultas de pré-natal, no
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (Lei nº 11.108/2005).
Realização gratuita de testes no RN (pezinho, orelhinha, olhinho e coraçãozinho) em todos os hospitais e
maternidades.
DIREITOS SOCIAIS
DIREITOS TRABALHISTAS
Estabilidade no emprego
- Toda empregada gestante tem direito à estabilidade no emprego, desde a confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto.
Licença e salário-maternidade
- A gestante tem direito à licença-maternidade de 120 dias (art. 392), sem prejuízo do emprego e do salário, devendo a
gestante notificar o seu empregador da data do início do afastamento, que poderá ocorrer entre o 28º dia antes do parto
e a ocorrência deste.
- O salário-maternidade é devido às seguradas empregadas, trabalhadoras avulsas, empregadas domésticas,
contribuintes individuais, facultativas e seguradas especiais, por ocasião do parto, inclusive o natimorto, aborto, adoção
ou guarda judicial.
- O benefício poderá ser pago nos 120 dias em que ficam afastadas do emprego por causa do parto e poderá ter início
até 28 dias antes.
- Nos casos em que a criança venha a falecer durante a licença-maternidade, o salário-maternidade não será
interrompido.
- Em casos de aborto, será pago o benefício por duas semanas, a licença varia entre 14 a 30 dias de acordo com a
prescrição médica.
Funções exercidas pela gestante
- Durante a gravidez, a gestante poderá se adequar a outras funções no trabalho, sem prejuízo dos salários e demais
benefícios, quando as condições de saúde da mãe e do bebê o exigir – assegurada a volta à função anteriormente
exercida, logo após o retorno da licença-maternidade –, devendo a gestante apresentar ao empregador o atestado
médico confirmando que as condições atuais do trabalho podem causar prejuízos à saúde da mãe e do bebê.
Dispensa do horário de trabalho para realização de no mínimo seis consultas médicas e demais exames
complementares.
Dispensa durante a jornada de trabalho para amamentar o filho, até que este complete 6 meses de idade, sendo dois
descansos especiais de meia hora cada um.
Quando a saúde de seu filho exigir, a licença de seis meses poderá ser dilatada, a critério da autoridade competente.
DIREITOS DO PAI
O pai tem direito à licença-paternidade de cinco dias contínuos logo após o nascimento do bebê.
O pai tem direito a participar do pré-natal.
O pai tem direito a acompanhar a gestante durante o pré-parto, parto e pós-parto.
107
1.2 Saiba Mais
Para saber mais sobre monitoramento de ganho de peso, leia Orientações para a coleta
e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema
de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropo
metricos.pdf
Sobre os dez passos para uma alimentação adequada e saudável, leia o Guia alimentar
para a população brasileira, páginas 125 a 128:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-
pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf
108
Referências
2 - BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. Brasília, 2013.
(Caderno de Atenção Básica n. 32). Disponível em: <http://goo.gl/ZhsG6p>. Acesso em: 12 mar.
2015.
4 - BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília,
2014. Disponível em: <http://goo.gl/6gQtRF>. Acesso em: 12 mar. 2015.
14 - PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Linha Guia da Rede Mãe Paranaense.
Curitiba, 2013. Disponível em: <http://goo.gl/K9pcKU>. Acesso em: 12 mar. 2015.
18 - BRASIL. Ministério da Saúde. Informe técnico para implantação da vacina adsorvida difteria,
tétano e coqueluche (Pertussis Acelular) tipo adulto – dTpa. Brasília, 2014.
109
19 - LIMA, L. A.; GREGOLETTO, M. L. O. Alimentação saudável na gestação e puerpério. In:
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde da gestante em APS. Porto Alegre: Hospital
Nossa Senhora da Conceição, 2011. Disponível em: <http://goo.gl/Ts3lCB>. Acesso em: 12 mar.
2015.
110
2 ATENÇÃO À MULHER NO PUERPÉRIO
O pós-parto é um momento muito delicado para a mulher, pois envolve o cuidado do bebê e
as mudanças físicas e emocionais, no cotidiano e nas relações sociais. Deve-se dar especial atenção
às condições psíquicas e sociais da mulher neste momento, pois uma das características marcantes
desse período é a ansiedade despertada com a chegada do bebê, o que pode ocasionar sintomas
depressivos. É preciso continuar apoiando e protegendo essa mulher. Além das frustrações devido às
expectativas que podem ter sido criadas em relação à experiência da maternidade confrontadas com
a realidade vivida, muitas vezes a família não está preparada ou organizada para tudo que se
apresenta nesse momento. É comum observar nas mulheres, durante o puerpério, sentimentos de
ambivalência (medo, frustração, ansiedade, incapacidade), que podem surgir durante os primeiros
momentos da mãe com o bebê. São frequentes os episódios de tristeza que, ocasionados pela
mudança hormonal brusca logo após o parto, podem perdurar por algumas semanas, devendo ser
compreendidos pela família e pela sociedade para não culpabilizar essa mulher. É um momento
muito esperado por ela, mas, apesar disso, ela pode não se sentir bem. Esse estado depressivo mais
brando é conhecido como baby blues ou blues puerperal, ocorre em 70% a 90% das mulheres e é
transitório, não incapacitante e está associado às mudanças cotidianas – que exigem adaptações –, e
às perdas vividas pela mulher nessa fase de transição.
Os profissionais da Atenção Básica devem estar atentos e preparados para apoiar a mulher e
sua família, para reconhecer condições de risco e vulnerabilidade física, psíquica e social, e para
utilizar os recursos das redes de saúde e intersetorial para lidar com os possíveis problemas surgidos
nessa fase.
111
2.1 Quadro-síntese de atenção à mulher no puerpério1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
112
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
113
Referências
3 - BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. Brasília, 2013.
(Caderno de Atenção Básica, n. 32). Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_32.pdf>. Acesso em: 12 mar.
2015.
4 - BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco: manual. 5. ed. Brasília, 2012. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf>. Acesso
em: 12 mar. 2015.
10 - DERTKIGIL et al. Líquido amniótico, atividade física e imersão em água na gestação. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 5, n. 4, p. 403-410, out. / dez., 2005.
14 - NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CLINICAL EXCELLENCE. Antenatal care. London:
Nice, [2008] 2014. (Nice Clinical Guideline, n. 62). Disponível em:
<https://www.nice.org.uk/guidance/cg62/resources/guidance-antenatal-care-pdf>. Acesso em: 12
mar. 2015.
114
3 PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
e o Ministério da Saúde (MS) recomendam que a amamentação seja exclusiva nos primeiros 6 meses
de vida e, a partir dos 6 meses e até 2 anos de idade, ela seja complementada com a introdução de
alimentos sólidos/semissólidos de qualidade e em tempo oportuno. Esse procedimento resulta em
inúmeros benefícios para a saúde das crianças em todas as etapas da vida.
Existem fatores que podem levar ao desmame precoce, como a introdução de água, chás e
outros leites, que também estão associados ao aumento da morbimortalidade infantil. Alguns
utensílios oferecidos à criança podem trazer riscos para a continuidade da amamentação, como as
chupetas e mamadeiras. Seu uso está associado à “confusão de bicos”, gerada pela diferença
marcante entre a maneira de sugar na mama e na mamadeira, que pode comprometer, ainda, a
115
produção de leite, pois as crianças que usam chupeta comumente são amamentadas com menos
frequência. Outras condições precisam ser observadas, como o término da licença maternidade aos 4
meses de vida da criança, o que pode gerar insegurança na mãe quanto à continuidade da
amamentação exclusiva. Nesse contexto, é importante que o profissional de saúde oriente a mulher
sobre como manter a amamentação mesmo após o retorno ao trabalho. Com foco na qualidade e
integralidade do cuidado, é importante registrar em prontuário o tipo de alimentação que a criança
tem recebido, utilizando-se as definições de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), relacionadas a seguir.15
Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, direto da
mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com
exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos
minerais ou medicamentos.
Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água
ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos
rituais (poções, líquidos ou misturas utilizadas em ritos místicos ou religiosos).
Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos
de leite. Se necessário, o cuidado com a amamentação deverá ser compartilhado com os
outros pontos da rede de atenção à saúde, como maternidades, bancos de leite, serviços
especializados, cabendo à Atenção Básica o acompanhamento e a coordenação do
cuidado em rede.
Ao completarem 6 meses de idade (180 dias), as crianças precisam receber outros alimentos
para complementar as necessidades de energia e micronutrientes, que já não são mais supridas
apenas pelo leite materno. No entanto, o leite materno continua sendo uma importante fonte de
nutrientes e de fatores imunológicos, que protegem a criança de doenças após os 6 meses de idade.
O termo alimentação complementar é usado para descrever as práticas alimentares do período de 6
a 23,9 meses, quando as crianças recebem, além do leite materno, outros alimentos sólidos,
semissólidos e líquidos, incluindo outros leites.
“Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças
Passo 9 alimentos: garantir o seu armazenamento e sobre cuidados de higiene geral, alimentar e
conservação adequados”. bucal.
“Estimular a criança doente e convalescente a
se alimentar, oferecendo sua alimentação Avaliar em equipe como está a acessibilidade
Passo 10
habitual e seus alimentos preferidos, da criança doente ao serviço de saúde.
respeitando a sua aceitação”.
117
3.1 Quadro-síntese de promoção do aleitamento materno1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
Entrevista
Avaliar:
Expectativas, dificuldades, ideias, conhecimento relacionados ao
aleitamento;
Experiência pessoal com a amamentação: se amamentou, por quanto
tempo, dificuldades, facilidades, conhecimento sobre a importância da
amamentação;
Experiência familiar e da rede social em relação à amamentação;
Equipe
História clínica: cirurgia mamária (redução de mamas ou implantes multiprofissional
mamários), problemas na mama, tipo de parto;
Presença de condições clínicas maternas que necessitem de avaliação
quanto à manutenção ou contraindicação do aleitamento materno – ver
Quadro 14 (a seguir) e uso de medicamentos, no Quadro 9 da seção de
pré-natal;
Aleitamento atual: tipo de aleitamento, frequência das mamadas,
dificuldades na amamentação, satisfação do RN, condições das mamas;
Busque identificar risco de abandono da amamentação.
118
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
119
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
120
Quadro 14 – Condições clínicas maternas que necessitam de avaliação quanto à manutenção
ou contraindicação do aleitamento materno 5, 6, 20
CONDIÇÃO CLÍNICA
RECOMENDAÇÃO OBSERVAÇÕES
MATERNA
Infecção por HIV Contraindicado Pelo risco de transmissão da mãe para o bebê.
Infecção pelo vírus Manter aleitamento A administração da imunoglobulina específica após o nascimento
da hepatite B materno praticamente elimina o risco de transmissão via leite materno.
Infecção pelo vírus Manter aleitamento * Contraindicado somente quando a mãe apresenta fissura no mamilo
da hepatite C materno, com restrição* ou carga viral elevada.
Drogas
*** Devem ser evitadas durante a amamentação. Contudo, nutrizes
consideradas lícitas, Manter aleitamento
tabagistas devem manter a amamentação, pois a suspensão da
como: tabaco e materno, com restrição***
amamentação pode trazer riscos ainda maiores à saúde do lactente.
álcool
Em tratamento
quimioterápico e Contraindicado
radioterápico
121
Quadro 15 – Intercorrências ou complicações no aleitamento materno1, 5, 6, 17, 18, 20
122
INTERCORRÊNCIA MANEJO QUEM FAZ?
123
3.2 Saiba Mais
Sobre a megadose de vitamina A que deve ser administrada à puérpera antes da alta da
maternidade, em áreas endêmicas para a deficiência de vitamina A, consulte o Manual
de Condutas Gerais do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A do
Ministério da Saúde:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_programa_nacional_vitamina_a_2ed
icao.pdf
Sobre nutrição infantil, consulte o Caderno de Atenção Básica, nº 23, Saúde da Criança.
Também no CAB 23, consulte sobre a quimioprofilaxia para crianças contra a
tuberculose na seção “Situações em que há restrições ao aleitamento materno”:
http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/cadernoatenaaobasica_23.pdf
Sobre orientações sobre amamentação – dicas para dar o melhor alimento para seu
bebê:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/servicos/amamentacao/index.p
hp?p=1499
124
Referências
1 - BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed., rev. Brasília, 2013.
(Caderno de Atenção Básica, nº 32). Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_32.pdf>. Acesso em: 12 mar.
2015.
6 - BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco: manual. 5. ed. Brasília, 2012. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf>. Acesso
em: 12 mar. 2015.
9 - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Indicators for assessing infant and young child feeding
practices: conclusions of a consensus meeting held 6–8 November 2007 in Washington D.C.,
USA. Disponível em:
<http://www.who.int/nutrition/publications/iycf_indicators_for_peer_review.pdf>. Acesso em: 12
mar. 2015.
10 - BRASIL. Ministério da Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. rev. Brasília, 2007.
125
PARTE 3 – PLANEJAMENTO REPRODUTIVO
1 INTRODUÇÃO
A saúde sexual1 significa para os indivíduos a vivência livre, agradável, prazerosa e segura,
por meio de abordagens positivas da sexualidade humana e respeito mútuo nas relações sexuais,
valorização da identidade e das experiências individuais, das relações interpessoais e da vida,
independentemente de orientação sexual e identidades de gênero. Mulheres lésbicas e bissexuais
têm direito ao planejamento da vida sexual e reprodutiva, às tecnologias reprodutivas, ao aborto legal
e à assistência humanizada durante a gestação, o parto e o puerpério.
A saúde reprodutiva implica que a pessoa possa “ter uma vida sexual segura e satisfatória,
tendo autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve
1
fazê-lo”. Devem, portanto, ser ofertados a homens e mulheres adultos, jovens e adolescentes
informação, acesso e escolha a métodos eficientes, seguros, permissíveis, aceitáveis e não
contrários à Lei nº 9.263/1996, além da oferta de outros métodos de regulação da fecundidade e o
direito ao acesso a serviços apropriados de saúde para o pré-natal, o parto e o puerpério.2, 3
As ações de planejamento reprodutivo são voltadas para o fortalecimento dos direitos sexuais
e reprodutivos dos indivíduos e se baseiam em ações clínicas, preventivas, educativas, oferta de
informações e dos meios, métodos e técnicas para regulação da fecundidade. Devem incluir e
valorizar a participação masculina, uma vez que a responsabilidade e os riscos das práticas
anticoncepcionais são predominantemente assumidos pelas mulheres.5
126
2 QUADRO-SÍNTESE NA ATENÇÃO À SAÚDE SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA 1, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 13
Entrevista:
Registrar os antecedentes pessoais obstétricos e patológicos (com atenção
especial às IST e às doenças cardiovasculares e metabólicas) – ver Quadro 2.
Abordar, sempre que pertinente, as questões referentes às parcerias, à
identidade de gênero, à orientação sexual e à satisfação sexual pessoal ou do
casal. Equipe
Questionar se há medicações em uso. multiprofissional
Avaliação Investigar presença de dispaurenia e de sangramentos vaginais pós-coito ou
global anormais, principalmente se há intenção de uso do DIU.
Questionar sobre o desejo de concepção ou anticoncepção por parte da mulher
ou do casal.
Indagar sobre o conhecimento e uso prévio de métodos anticoncepcionais.
Exame físico geral e específico:
Enfermeiro(a)/
Realizar se necessário, conforme o método de escolha e os critérios de médico(a)
elegibilidade – ver Quadro 2.
Educação em saúde:
Orientar individual ou coletivamente pessoas em idade fértil (10-49 anos),
considerando os aspectos biopsicossociais relacionados ao livre exercício da
sexualidade e do prazer, além dos aspectos culturais e transgeracionais
relacionados à sexualidade e à reprodução. Equipe
multiprofissional
Orientar acerca de temas importantes como direitos sexuais e direitos
reprodutivos, sexo seguro, métodos anticoncepcionais (quadros 2, 3 e 4),
papéis sociais e projeto de vida, reprodução humana assistida, atenção
humanizada ao abortamento, riscos implicados em certas práticas sexuais.
Indicação de preservativos:
Orientar sobre o uso e formas de inserção dos preservativos masculinos e
femininos.
Orientar sobre sua função como método de barreira e a importância da dupla
Equipe
proteção.
multiprofissional
Ofertar preservativos masculinos e femininos para as usuárias e usuários.
Atentar em especial para aquelas(es) desproporcionalmente afetadas(os) pelo
HIV/aids: profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens,
população transgênera e transexual, pessoas que utilizam substâncias
psicoativas injetáveis e população em privação de liberdade.
Abordagem de casais soro discordantes:
Orientar para os cuidados preventivos, prestar esclarecimentos sobre os Enfermeiro(a)/
tratamentos disponíveis e sobre as medidas para o controle da infecção médico(a)
materna e para a redução da transmissão vertical do HIV.
Acompanhar conjuntamente com o serviço de atenção especializada (SAE).
Escolha do método anticoncepcional:
Orientar sobre os métodos anticoncepcionais existentes e disponíveis na
Atenção Básica.
Plano de Informar a eficácia de cada método, sua forma de uso e possíveis efeitos
cuidados adversos. Enfermeiro(a)/
médico(a)
Orientar sobre suas contraindicações diante de certos antecedentes clínicos
e/ou ginecológicos.
Reforçar a importância do retorno para acompanhamento clínico conforme
método em uso e disponibilidade da usuária.
Recomendar métodos de acordo com adequação e escolha informada da
usuária, considerando fatores individuais e contexto de vida dos usuários(as)
no momento da escolha do método.
Escolha do método contraceptivo de emergência:
Informar sobre a forma de uso (ver quadro 5) e indicações (relação sexual sem
uso de preservativo ou falha do método em uso. Inclui também a indicação em
casos de violência sexual – ver capítulo 7, sobre Atenção às Mulheres em
Situação de Violência).
Ofertar o método sempre que necessário, uma vez que é um direito da usuária.
Mulheres que mantenham relações sexuais ocasionalmente podem optar pelo
contraceptivo de emergência sem que isso lhe acarrete qualquer dificuldade de
acesso ao método.
127
Abordagem de jovens e adolescentes:
Respeitar o sigilo profissional inerente à abordagem em saúde.
Orientar sobre os métodos de escolha, reforçando a necessidade da dupla
proteção.
Abordar as necessidades de jovens e adolescentes em educação sexual e
planejamento reprodutivo sem que haja a necessidade do acompanhamento de
pais ou responsáveis legais, exceto em caso de incapacidade daqueles.
Responsabilização da figura masculina na anticoncepção:
Estimular a participação do casal no momento da escolha do método.
Estimular a participação masculina nos demais momentos além da escolha do Equipe
método, como durante o acompanhamento de pré-natal e na saúde da criança. multiprofissional
Orientar sobre direitos sexuais e reprodutivos para além do controle de
natalidade.
Abordagem da usuária ou do casal em possibilidade ou confirmação de gravidez
indesejada:
Propor planejamento reprodutivo em caso de exame negativo de gravidez com
orientação para início de método anticoncepcional. Em caso de confirmação e
acompanhamento da gestação, propor métodos para posterior adesão (ver
sobre teste de gravidez no capítulo 1, seção 1.2 – Atraso menstrual e
amenorreias).
Orientar sobre as consequências e fatores relacionados a um abortamento
inseguro: clínicas não equipadas e profissionais não capacitados; método
empregado; idade gestacional.
Conversar e orientar acerca dos métodos que colocam a vida da mulher em
maior risco: 1) inserção de uma substância ou objeto (uma raiz, um galho, um
cateter) no útero; 2) dilatação e curetagem feitas de forma incorreta por
profissional não capacitado; 3) ingestão de preparados caseiros; 4) aplicação
de força externa.
Informar e orientar para as principais consequências de abortamento
inseguro e acionar os demais membros da equipe ou serviços de saúde
especializados, quando necessário. A saber: óbito materno; hemorragia;
septicemia; peritonite; traumatismo do colo do útero e dos órgãos abdominais
etc.
Acolher e acompanhar de forma humanizada a mulher com histórico de
abortamento.
128
3 FLUXOGRAMAS
ACOLHIMENTO
COM Condições
Avaliação econômicas.
ESCUTA
QUALIFICADA
clínica Estado de saúde e
Situação 1 – A Enfermeiro(a)/ condições clínicas
Equipe médico(a)
mulher, o homem correlacionadas.
multiprofissional
ou o casal Aspirações
manifesta o desejo reprodutivas.
Relação de de iniciar uso de Características da
cuidado e anticoncepção. Problematização
dos métodos personalidade da
construção de
confiança disponíveis mulher e/ou dos
Equipe parceiros e
Situação 2 – A multiprofissional parceiras.
mulher, o homem Fatores culturais e
ou o casal religiosos.
manifesta o desejo Outros fatores,
Abordagem em trocar o Escolha da como medo,
saúde sobre mulher, do dúvidas e
direitos sexuais Situação 3 – A homem ou vergonha.
mulher, o homem casal
ou o casal
manifesta o desejo
de interromper o
uso de Orientações e
anticoncepção. abordagem de Escolha e
Importante: dúvidas oferta do
- Priorizar a decisão da mulher Situação 4 – A Equipe método
de iniciar ou não o uso do multiprofission Enfermeiro(a)/
método anticoncepcional (não
mulher, o homem
al médico(a)
apenas no início da vida ou o casal
sexual). manifesta o não
- Levar em consideração que, desejo ou a não
muitas vezes, a escolha do demanda em iniciar
método por parte da mulher é uso de Manter vínculo para
resultado dos processos sociais anticoncepção. reavaliação do uso do
e históricos permeados de método escolhido.
sensações, emoções, “Volte quando quiser.”
recordações e fantasias vividas
Encoraje a mulher, o
por ela.
homem ou o casal para
Para mais informações: que se sinta à vontade
Ver os quadros da sessão para retornar quando
Informações Complementares e quiser – por exemplo, caso
os links disponíveis na sessão
Saiba Mais.
129
Fluxograma 2 – Esterilização voluntária feminina e masculina (métodos definitivos e
cirúrgicos)1, 2, 6, 9
Observações legais:
ACOLHIMENTO COM - A regulamentação da esterilização
ESCUTA QUALIFICADA feminina e masculina é feita pela Lei
Equipe multiprofissional Orientar outros nº 9.623/96 (Planejamento Familiar).
- Não se pode fazer a esterilização
métodos
por outro procedimento que não a LT
Relação de cuidado
anticoncepcionais. e a vasectomia.
e construção de Equipe - Não se pode realizar a laqueadura
confiança multiprofissional tubária (LT) nos períodos pós-parto
ou aborto, exceto nos casos de
comprovada necessidade, por
Abordagem em cesarianas sucessivas anteriores.
saúde sobre Não - No caso de pessoas incapazes, a
direitos sexuais
e planejamento
reprodutivo,
orientando sobre
todos os
Homem ou
mulher com Aguardar
capacidade civil prazo de 60
plena que tenha: Sim
dias entre a
1) Idade maior expressão
que 25 anos; do desejo da
Orientar sobre OU esterilização
a dificuldade de 2) Pelo menos ea
reversibilidade dois filhos
do método de vivos.
esterilização. Esterilização
Equipe Orientar sobre o masculina
multiprofissional preenchimento de (vasectomia)
documento que expresse Serviço de
a vontade do indivíduo referência
contendo informações
sobre o procedimento (e
riscos, efeitos colaterais, Esterilização
Orientar sobre a feminina
dificuldade de reversão dificuldade de reversão e
opções de contracepção (laqueadura
dos métodos definitivos tubária – LT)
Se houver dúvida, no momento da reversível). Esse
orientar sobre outros documento deve ser Serviço de
escolha do método. A referência
métodos LT e a vasectomia
contraceptivos (ver possuem baixa taxa de
quadros de 1 a 6 e reversibilidade cirúrgica
fluxogramas de 4 a 6). (na laqueadura tubária,
o sucesso da
reversibilidade pode
chegar a 30% dos
casos).
130
Fluxograma 3 – Abordagem da mulher ou do casal que planeja a gravidez – auxílio à
concepção1,11,12
131
Fluxograma 4 – Anticoncepcional oral combinado (AOC) e minipílula1, 6, 7, 8, 9
Quais os efeitos
Como utilizar? colaterais/adversos mais comuns?
132
Fluxograma 5 – Anticoncepção injetável (AI) trimestral e mensal1, 6, 7, 8, 9
Como utilizar?
- Se trimestral, a
cada três meses (13 Quais os efeitos colaterais/adversos mais
semanas). Se AI comuns?
mensal, a cada TRISMESTRAL Alterações da menstruação, alterações do peso (AI
quatro semanas (30 e MENSAL mensal), alterações de humor ou no desejo sexual
dias); (AI trimestral), cefaleia comum, dores de cabeça
- O AI trimestral pode com enxaqueca, sensibilidade dos seios (AI
ser adiantado ou mensal) etc. Ver mais informações no Quadro 6.
atrasado em até
duas semanas; o AI
mensal pode ser
adiantado ou
atrasado em até 7
Se após gestação:
dias.
- Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente
para AI trimestral: se não houve retorno da menstruação, iniciar a
qualquer momento se há certeza razoável de que não está
grávida. Método de apoio por 7 dias.
- Amamentando de forma exclusiva ou quase ou parcialmente
O que orientar?
para AI mensal: atrase a primeira injeção até completar seis
- Para maior eficácia, Quando semanas depois do parto ou quando o leite não for mais o alimento
é importante aplicar começar?
principal do bebê – o que ocorrer primeiro.
no intervalo correto. - A usuária - Após aborto (espontâneo ou não): imediatamente. Se mais que
- No caso do AI pode começar sete dias, iniciar desde que haja certeza razoável de que não está
trimestral, o retorno à o uso a grávida (método de apoio por sete dias)
fertilidade é gradual, qualquer - Não amamentando: 1) para AI trimestral, se menos de quatro
mas pode apresentar momento se semanas, iniciar a qualquer momento (sem necessidade de
alguma demora. houver certeza método de apoio); 2) para AI mensal, se menos de quatro
- Não protege contra razoável de semanas do parto, iniciar a qualquer momento a partir do 21º do
doenças que não está parto; 3) para ambos AI, se mais que quatro semanas do parto,
sexualmente grávida. iniciar a qualquer momento desde que com certeza razoável de
transmissíveis (IST). Utilizar método que não está grávida. Se a menstruação tiver retornado, começar
de apoio por tal como mulheres que apresentam ciclos menstruais.
sete dias.
133
Fluxograma 6 – DIU de cobre1, 6, 7, 8, 9
Quando indicar?
- Para toda e qualquer mulher,
independentemente se adolescente ou
adulta, que preencha os critérios de
elegibilidade para anticoncepção o DIU de
cobre.
- Mulheres que tenham risco de contrair ou
estejam infectadas com o HIV, ou que
tenham aids e que estejam em terapia
antirretroviral (ARV) e estejam clinicamente
bem podem colocar o DIU com segurança.
As usuárias de DIU com aids devem ser
reavaliadas sempre que surgirem sintomas
adversos, como dor pélvica ou corrimento,
na unidade básica (monitorização para Quais os efeitos colaterais/adversos
doença inflamatória pélvica). mais comuns?
Alterações da menstruação, dor aguda na
parte inferior do abdômen, cólicas e dor,
possibilidade de anemia, possibilidade de
perfuração uterina etc. Ver mais
informações no Quadro 6.
O que orientar?
- Possui alta eficácia.
- Proteção de longo prazo contra gravidez
(duradouro).
- A mulher retorna rapidamente à fertilidade DIU DE
quando retirado o dispositivo. COBRE Se após gestação:
- Não protege contra doenças sexualmente - Logo após o parto: a qualquer momento
transmissíveis (IST). até 48 horas depois de dar à luz (exigirá
um profissional com treinamento específico
em inserção pós-parto). Se já se passaram
mais de 48 horas após o parto, retarde a
inserção do DIU por quatro semanas ou
mais.
- Após quatro semanas do parto: ela
poderá colocar o DIU a qualquer momento
Quando colocar? desde que haja certeza razoável de que
não está grávida. Se a menstruação tiver
- Se apresenta ciclos menstruais: a retornado, ela poderá colocar o DIU como
qualquer momento do mês. Caso se aconselhado para mulheres que
passaram mais de 12 dias do início da apresentem ciclos menstruais.
menstruação, poderá colocar o DIU a - Após aborto (espontâneo ou não):
qualquer momento desde que se certifique a imediatamente se houver certeza razoável
não possibilidade de gravidez. Não há de que não está grávida e não houver
necessidade de método de apoio. infecção. Não há necessidade de um
- Se está mudando de outro método: a método de apoio.
qualquer momento se estiver usando o outro - Se houver infecção, trate-a ou
método de forma consistente e correta ou encaminhe a usuária e ajude-a a escolher
ainda se houver certeza razoável de que não outro método. Se ela ainda quiser colocar
está grávida. Não há necessidade de o DIU, ele poderá ser inserido após a
método de apoio. infecção ter desaparecido completamente.
- Após tomar AHE: o DIU pode ser inserido A inserção de DIU após aborto no segundo
imediatamente após o uso. trimestre exige treinamento específico.
Caso não haja alguém com este
treinamento, retarde a inserção por no
Nota * A inserção de DIU pode ser realizada por médico(a) e enfermeiro(a). O enfermeiro, após treinamento e cumprindo o disposto
na Resolução COFEN nº 358/2009, está apto a realizar consulta clínica e a prescrever e inserir o DIU como ações intraconsulta.14
134
4 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
ANTICONCEPCIONAL
ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL DIU DE MÉTODOS DE
MINIPÍLULA
CONDIÇÃO ATUAL ORAL* Combinado Progestágeno COBRE BARREIRA**
(mensal) (trimestral)
1
Idade < 40 anos 1 1 1 1 1
A: 2
Idade > = 40 anos 2 2 2 1 1 1
Não aplicável
(preservativo
Gravidez B B C C 4 deve ser utilizado
pela dupla
proteção)
1
Amamentação: (diafragma não
D: 1
menos de 6 sem do 4 4 3 3 aplicável se <= 6
E: 3
parto semanas pós-
parto)
Amamentação: 6
sem a 6 meses do 3 3 1 1 1 1
parto
Amamentação: mais
2 2 1 1 1 1
de 6 meses do parto
Obesidade 2 2 1 1 1 1
IST (exceto HIV e F: 4
1 1 1 1 1
hepatite) G: 2
Fumo: <35 anos 2 2 1 1 1 1
Fumo: >= 35 anos;
3 3 1 1 1 1
<= 15 cigarros/dia.
Fumo: >= 35 anos; >
4 4 1 1 1 1
15 cigarros/dia.
Não aplicável
(não é necessário
HAS sem para a segurança
3 3 2 2 1
acompanhamento do método o
acompanhamento
da HAS)
HAS controlada em
3 3 2 1 1 1
acompanhamento
HAS: PAS 140-159 e
3 3 2 1 1 1
PAD 90-99 mmHg
HAS com PAS>160
4 4 3 2 1 1
e PAD>=100 mmHg
HAS + portadora de
4 4 3 2 1 1
doença vascular
História atual de
4 4 3 3 1 1
TEP/TVP
Histórico TEP/TVP +
uso atual de 4 4 2 2 1 1
anticoagulante oral
História prévia de
4 4 2 2 1 1
TEP/TVP
135
ANTICONCEPCIONAL
ANTICONCEPCIONAL INJETÁVEL DIU DE MÉTODOS DE
MINIPÍLULA
CONDIÇÃO ATUAL ORAL* Combinado Progestágeno COBRE BARREIRA**
(mensal) (trimestral)
2 (introdução
do método)
Isquemia cardíaca
4 4 3 3 1 1
(prévia ou atual)
(manutenção
do método)
2 (introdução
do método)
AVC (prévio ou
4 4 3 3 1 1
atual)
(manutenção
do método)
Dislipidemias 2/3 2/3 2 2 1
Diabetes há mais de
20 anos OU com
doença vascular 3/4 ¾ 3 2 1
(nefro, retino ou 1
neuropatias)
2 (introdução 1 (introdução
2 (introdução do
do método) do método)
Enxaqueca sem método)
3 2 2 1 1
aura (<35 anos) 3 (manutenção do
(manutenção (manutenção
método)
do método) do método)
3 (introdução 2 (introdução 2 (introdução
3 (introdução do
do método) do método) do método)
Enxaqueca sem método)
4 3 3 1
aura (>= 35 anos) 4 (manutenção do 1
(manutenção (manutenção (manutenção
método)
do método) do método) do método)
2 (introdução 2 (introdução
do método) do método)
Enxaqueca com 4 (introdução do 4 (introdução
3 3 1 1
aura método) do método)
(manutenção (manutenção
do método) do método)
Câncer (CA) de
4 4 4 4 1
mama atual
Histórico de CA de
mama – ausência de
3 3 3 3 1
evidência por 5
anos
Uso atual de
3 2 1 3 1
anticonvulsivantes**
Notas:
* Anticoncepcionais com dose menor ou igual a 35 mcg de etinilestradiol.
** Diafragma, preservativo masculino, feminino e espermicida.
*** Anticonvulsivantes: fenitoína, carbamazepina, topiramato, oxcarbazepina, barbitúricos, primidona. Não entra nessa lista o ácido
valproico.
136
Quadro 3 – Métodos contraceptivos ofertados pelo SUS1
DEFINITIVOS (ESTERILIZAÇÃO)
TEMPORÁRIOS (REVERSÍVEIS)
Métodos de barreira
Métodos hormonais
Pílula anticoncepcional de
Levonorgestrel 0,75 mg
emergência (AHE)
Sem método 85 85
Diafragma com espermicida 16 6 57
Preservativo feminino 21 5 49
Preservativo masculino 15 2 53
AOC
Minipílula (durante 8 0,3 68
lactação)
Injetável de progestágeno 3 0,3 56
Injetável combinado 3 0,05 56
DIU de cobre 0,8 0,6 78
Esterilização feminina 0,5 0,5 100
Esterilização masculina 0,15 0,10 100
137
Quadro 5 – Anticoncepção hormonal de emergência – AHE1, 6, 7, 8, 9
COMUM EM QUAIS
SITUAÇÃO O QUE FAZER?
MÉTODOS?
138
COMUM EM QUAIS
SITUAÇÃO O QUE FAZER?
MÉTODOS?
AOC
Sugerir um analgésico. Se a cefaleia ocorre na semana em que ficam sem
Injetável trimestral
Cefaleia hormônios, considerar uso estendido e contínuo. Deve-se avaliar quaisquer
(progestágeno)
comum dores de cabeça que se agravem ou ocorram com maior frequência durante o
Injetável mensal uso do método contraceptivo.
(combinado)
AOC
Recomendar uso de sutiã firme (inclusive durante atividade física). Orientar uso
Sensibilidade Minipílula
de compressas quentes ou frias. Sugira um analgésico. Considerar soluções
dos seios Injetável mensal localmente disponíveis.
(combinado)
É comum que a mulher sinta um pouco de cólicas e dor um ou dois dias após a
colocação do DIU. As cólicas também são comuns nos primeiros três a seis
meses de uso do DIU, particularmente durante a menstruação. De modo geral,
não é algo prejudicial e normalmente diminui com o tempo. Sugerir um
analgésico, de preferência um anti-inflamatório não esteroidal ou hioscina. Se
ela também tiver menstruação intensa ou prolongada, não deverá utilizar
aspirina (pode aumentar o sangramento).
DIU de cobre
Cólicas e dor Se as cólicas continuarem e ocorrerem fora da menstruação:
Avaliar se há problemas de saúde subjacentes e tratá-los ou encaminhar; se
não for constatado nenhum problema subjacente e as cólicas forem agudas,
converse sobre a possibilidade de retirar o DIU; se o DIU removido tiver
aparência distorcida ou se dificuldades durante a remoção sugerirem que o DIU
estava fora da posição correta, explicar à usuária que ela poderá colocar novo
DIU, o qual possivelmente lhe causará menos cólicas.
Perguntar à usuária: se e quando ela viu o DIU sair; quando ela sentiu os fios
pela última vez; quando ela teve sua última menstruação; se ela tem algum
sintoma de gravidez; se ela usou método de apoio desde que deu pela falta
dos fios.
Ausência Sempre iniciar com procedimentos menores e seguros e agir com suavidade.
dos fios DIU de cobre Verificar se há fios nas dobras do canal cervical. Em metade dos casos de
ausência dos fios de um DIU, eles podem ser encontrados no canal cervical.
Se não se conseguir localizar os fios no canal cervical, ou eles subiram para o
útero ou o DIU foi expelido sem se notar, excluir a possibilidade de gravidez
antes de tentar procedimentos mais invasivos. Solicitar ultrassonografia pélvica
para verificar a presença do DIU. Fornecer a ela método de apoio para ser
usado no período caso o DIU tenha saído.
139
COMUM EM QUAIS
SITUAÇÃO O QUE FAZER?
MÉTODOS?
Explicar que isso acontece algumas vezes quando os fios são cortados curtos
demais.
O parceiro Se o parceiro achar que os fios incomodam, apresente algumas opções:
sente os fios – Os fios podem ser cortados ainda mais de modo a não ficarem para fora no
do DIU DIU de cobre canal cervical. O parceiro dela não sentirá os fios, mas a mulher não poderá
durante o verificar os fios de seu DIU.
sexo
– Se a mulher deseja poder verificar os fios do seu DIU, este pode ser
removido e um novo ser colocado em seu lugar (para evitar desconforto, os fios
devem ser cortados de modo a ficarem 3 centímetros para fora do cérvix).
5 SAIBA MAIS
Sobre a portaria que institui, no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral
em Reprodução Humana Assistida:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_426_ac.htm
Sobre como são os métodos contraceptivos ofertados pelo SUS, veja o Caderno de
Atenção Básica nº 26:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad26.pdf
Sobre a portaria que trata sobre os serviços de reprodução humana assistida no SUS,
consulte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_426_ac.htm
140
REFERÊNCIAS
1- BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília, 2010. (Caderno
de Atenção Básica, n. 26). Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad26.pdf>.
5- CARVALHO, Marta Lúcia O.; PIROTTA, Katia Cibelle Machado; SCHOR Neia. Apoio: a
forma predominante de participação masculina na regulação da fecundidade do casal.
Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 9, n. 1-2, jan./dez. 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v9n1-2/05.pdf>.
10 - HIV: science and stigma. The Lancet, v. 384, n. 9.939, p. 207, 2014. Disponível em:
<http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)61193-4/fulltext>. Acesso
em: 10 dez. 2014.
13 - BEYRER, C. et al. An action agenda for HIV and sex workers. The Lancet, v. 385, n. 9.964,
p.287-301, 17. jan. 2015.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o câncer de colo do útero, também chamado de câncer cervical, é o quarto tipo de
câncer mais comum entre as mulheres.¹ Com exceção do câncer de pele, esse tumor é o que
apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente.¹
Atingir alta cobertura no rastreamento da população definida como alvo é o componente mais
importante para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer de
colo do útero. Estima-se que 12% a 20% das brasileiras entre 25 e 64 anos nunca realizaram o
exame citopatológico, que é a principal estratégia de rastreamento do câncer de colo do útero e de
suas lesões precursoras.¹
Entre as razões que levam a uma baixa cobertura no rastreamento do câncer de colo do útero
encontra-se a dificuldade de acesso e acolhimento enfrentado pelas mulheres, seja pela rigidez na
agenda das equipes, que nem sempre está aberta à disponibilidade da mulher, ou ainda por não
acolher singularidades. Mulheres com deficiência, lésbicas, bissexuais, transexuais (ver Saiba Mais),
negras (ver Saiba Mais), indígenas, ciganas, mulheres do campo, floresta e águas (ver Saiba Mais),
em situação de rua, profissionais do sexo e mulheres privadas de liberdade, todos estes segmentos
populacionais específicos demandam adequações para acessar o serviço, já que barreiras
arquitetônicas, culturais, ambientais ou atitudinais (resistência, discriminação ou despreparo dos
profissionais) podem afastá-las do serviço. Um público que exige atenção das equipes de saúde é a
mulher com identidade lésbica. Esse grupo de mulheres pode ser vulnerável ao câncer do colo
uterino pela crença errônea delas e dos(as) profissionais de saúde na impossibilidade de infecção
pelo HPV na prática sexual entre mulheres. Assim, a coleta do exame de prevenção do câncer do
colo uterino pode equivocadamente deixar de ser ofertado a elas, com perda da janela de
oportunidade para o diagnóstico precoce.
O rastreamento deve ser realizado a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram
atividade sexual, a cada três anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais. Os exames
devem seguir até os 64 anos de idade (ver Saiba Mais). O detalhamento das recomendações de
rastreamento está disposto no quadro-síntese e nos quadros complementares deste capítulo.
Conhecer as indicações de acordo com faixa etária e condições clínicas é importante para qualificar o
cuidado e evitar o rastreamento em mulheres fora do preconizado e da periodicidade recomendada,
evitando intervenções desnecessárias.
A Atenção Básica, em especial a Estratégia Saúde da Família (ESF), tem importante papel na
ampliação do rastreamento e monitoramento da população adscrita, realizando busca ativa dessas
mulheres, de modo a impactar positivamente na redução da morbimortalidade por essa doença.
142
2 QUADRO-SÍNTESE NA PREVENÇAO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
Entrevista
Idade (ver população-alvo, conforme descrita no plano de
cuidados).
Verificar a realização prévia de exame citopatológico (data do
último exame e ocorrência de exames citopatológicos
anormais, vide Quadro 5 deste capítulo).
Questionar sobre a realização de exames intravaginais,
utilização de lubrificantes, espermicidas ou medicamentos
vaginais, história de relações sexuais com preservativo nas 48
horas anteriores ao exame citopatológico (fatores que podem
ocasionar prejuízo à leitura da amostra coletada). A presença
de espermatozoides na amostra não prejudica sua qualidade,
entretanto outros fatores podem prejudicar o diagnóstico. É
importante aproveitar a presença da mulher na UBS e realizar o
exame preventivo compartilhando com ela os riscos de
diagnóstico alterado além de garantir registros em prontuário
com a informação do tempo da prática sexual.
Antecedentes pessoais obstétricos, cirurgias pélvicas e Enfermeiro(a)/médico(a)
antecedentes patológicos, em especial as IST e, entre elas, a
infecção pelo HPV.
Data da última menstruação.
Presença de queixas relacionadas a corrimentos vaginais.
Embora a avaliação de corrimentos vaginais não demande a
coleta de colpocitológico, a queixa deve ser avaliada no
momento do exame e tratada quando necessário, não
descartando a oportunidade de realizar a coleta do material se
o motivo de contato da mulher se deu pelo corrimento. No
entanto, em alguns casos, como na suspeita de tricomoníase,
recomenda-se tratar a mulher e reagendar a coleta do material
cervical em 3 meses, pelo risco de prejuízo da amostra (para
diagnóstico de tratamento dos corrimentos vaginais, ver
Fluxograma 7, no capítulo sobre Atenção aos
Problemas/Queixas mais Comuns em Saúde das Mulheres).
Avaliação
global Dispareunia e sangramentos vaginais pós-coito ou anormais
(ver Fluxograma 1, de sangramento anormal, e Fluxograma 7,
de corrimentos, no capítulo 1).
Consulta de retorno
Interpretação do resultado do exame citopatológico e conduta
(vide Quadros 3, 4 e 5 deste capítulo).
Orientação sobre periodicidade de realização do exame
citopatológico: os dois primeiros exames devem ser feitos com
intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, o
exame deve ser feito a cada três anos.
O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as
mulheres que já tiveram atividade sexual.
Os exames devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas
sem história prévia de lesões pré-neoplásicas, devem ser
interrompidos quando, após esta idade, as mulheres tiverem
pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos
cinco anos.
As mulheres com história de lesões pré-neoplásicas retornam
ao rastreio trienal ao apresentarem dois exames de controle
citológicos semestrais normais após tratamento das lesões
Enfermeiro(a)/médico(a)
precursoras na unidade de referência.
Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca
realizaram o exame citopatológico, deve-se realizar dois
exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames
forem negativos, elas podem ser dispensadas de exames
adicionais.
Comunicação da alteração detectada no exame para a mulher
e realização de apoio emocional e esclarecimento de suas
dúvidas. Abordar, a depender do resultado, sobre a
Plano de necessidade de acompanhamento por meio de exame
cuidados citopatológico, colposcopia ou outros procedimentos. É comum
a remissão espontânea de lesões intraepiteliais escamosas de
baixo grau, identificada na colpocitologia de controle (vide
Quadro 5).
Garantia da continuidade do cuidado em momento oportuno e
encaminhamento para serviços de referência em diagnóstico
e/ou tratamento do câncer de colo do útero, conforme
necessidade.
144
Manter o acompanhamento da mulher com resultado
citopatológico alterado na Atenção Básica, quando
contrarreferenciado pelo serviço de referência após diagnóstico
ou tratamento.
Contato contínuo com mulheres com resultado alterado, para
estimular a adesão ao tratamento e detectar as faltosas.
Educação em saúde
Orientação individual e coletiva de mulheres sobre o objetivo do
exame e sua importância.
Orientação individual e coletiva de mulheres sobre aos fatores
de risco para o câncer de colo do útero: tabagismo, idade,
infeção por HPV.
Orientação individual e coletiva sobre sexo seguro e prevenção
do câncer de colo do útero.
Orientação individual e coletiva quanto à periodicidade,
recomendações do exame e cuidados a serem tomados antes
da coleta, evitando a realização de exames intravaginais,
utilização de lubrificantes, espermicidas ou medicamentos
vaginais, ou manutenção de relações sexuais com
preservativos nas 48 horas anteriores ao exame citopatológico.
145
Quadro 1 – Recomendações da coleta do exame citopatológico do colo do útero diante de
situações especiais2, 3
Sem história de atividade Não há indicação para rastreamento do câncer de colo do útero e seus precursores
sexual nesse grupo de mulheres.
Climatério e pós- Devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demais mulheres.
menopausa Na eventualidade de o laudo do exame citopatológico mencionar dificuldade
diagnóstica decorrente de atrofia, realizar estrogenização, conforme o Quadro 4.
É parte deste grupo: mulheres infectadas pelo vírus HIV, imunossuprimidas por
transplante de órgãos sólidos, em tratamentos de câncer e em uso crônico de
corticosteroides.
O exame citopatológico deve ser realizado após o início da atividade sexual, com
intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto
Imunossuprimidas
se mantiver o fator de imunossupressão.
Em mulheres HIV positivas com CD4 abaixo de 200 células/mm³, deve ter priorizada
a correção dos níveis de CD4 e, enquanto isso, deve ter o rastreamento citológico a cada
seis meses. Considerando a maior frequência de lesões multicêntricas, é recomendado
cuidadoso exame da vulva (incluindo região perianal) e da vagina.
146
A etiologia do vaginismo não está bem esclarecida, embora comumente esteja
associada a fatores psicossociais, afetivos, que podem ser decorrentes de
questões culturais, religiosas ou mesmo secundários a vivências sexuais
traumáticas. Entre as causas físicas, podem estar: anormalidades do hímen,
anormalidades congênitas, atrofia vaginal, endometriose, infecções, lesões na
vagina, tumores, doenças sexualmente transmissíveis, congestão pélvica (ver
Saiba Mais).
Caracteriza-se pela contração involuntária dos músculos próximos à vagina Enfermeiro(a)/
Vaginismo
antes da penetração. Pode impedir a realização do exame, pela limitação à médico(a)
introdução do espéculo. Caso isso aconteça, recomenda-se evitar o exame
naquele momento para não provocar desconforto ou mesmo lesões à mulher.
Deve-se apoiá-la, buscar tranquilizá-la e tentar reagendar a avaliação. Deve-se,
ainda, investigar a etiologia.
Considerar encaminhamento ao ginecologista caso seja identificada causa
orgânica que necessite de tratamento na atenção especializada ou apoio
psicológico especializado, quando necessário.
Ectopia
No período de atividade menstrual, fase reprodutiva da mulher, geralmente, a
JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora deste, caracterizando ectopia
Enfermeiro(a)/
ou eversão. Logo, a ectopia é uma situação fisiológica, não demandando
médico(a)
intervenções.
Cisto de Naboth
É considerada insatisfatória a amostra cuja leitura esteja prejudicada por natureza técnica
ou devido à presença de: sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes
Amostra insatisfatória externos ou intensa superposição celular.
para avaliação
Nestes casos, a mulher deve repetir o exame em 6 a 12 semanas com correção, quando
possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório.
Para garantir boa representação celular do epitélio do colo do útero, o exame citopatológico
Esfregaços normais deve conter amostra do canal cervical coletada com escova apropriada e da ectocérvice,
somente com células coletada com espátula tipo ponta longa (espátula de Ayre).
escamosas Deve ser repetido com intervalo de um ano, e com dois exames normais anuais
consecutivos, o intervalo poderá ser de três anos.
147
Quadro 4 – Recomendação diante de resultados de exames citopatológicos normais2, 3
Reparação
Inflamação sem
identificação do agente
(alterações celulares
benignas reativas ou
reparativas)
Seguir a rotina de rastreamento citológico.
Achados microbiológicos:
Tratar apenas em caso de queixa clínica de corrimento vaginal, segundo o Fluxograma 7
• Lactobacillus sp. do capítulo 1, sobre corrimentos vaginais .
• Cocos
• Bacilos
supracitoplasmáticos
(sugestivos de
Gardnerella/Mobiluncus)
• Candida sp.
• Efeito citopático Chlamydia, Gonococo e Trichomonas: mesmo que sintomatologia ausente (como na
compatível com vírus do maioria dos casos de infeção por Chlamydia e Gonococo), seguir esquema de tratamento da
grupo herpes mulher e parceiro, além de oferta de sorologias e orientações, conforme Quadro-síntese
sobre corrimentos do capítulo sobre Atenção aos Problemas/Queixas mais Comuns em
• Trichomonas vaginalis Saúde das Mulheres.
• Actinomyces sp. Actinomyces: bactéria encontrada no trato genital de um percentual (10% a 20%) de
mulheres usuárias de DIU; raramente estão presentes em não usuárias. A conduta é
expectante: não se trata, não se retira o DIU.
Herpes vírus: recomenda-se o tratamento em caso de presença de lesões ativas de
herpes genital, conforme Quadro-síntese sobre corrimentos do capítulo sobre Atenção aos
Problemas/Queixas mais Comuns em Saúde das Mulheres.
148
Quadro 5 – Recomendação inicial diante de resultados de exames citopatológicos anormais2, 3
Em células
Encaminhamento para colposcopia.*
glandulares.
Não se pode afastar lesão de
alto grau.
Lesão intraepitelial de alto grau, não podendo excluir microinvasão ou Encaminhamento para colposcopia.*
carcinoma epidermoide invasor
* Ver Saiba Mais para acompanhamento das mulheres encaminhadas para colposcopia.
149
3 SAIBA MAIS
150
REFERÊNCIAS
2 - BRASIL. Ministério da Saúde. Controle de Câncer de Colo de Útero e de Mama. Brasília, 2013.
(Cadernos da Atenção Básica, n. 13)
5 - BRASIL. Ministério da Saúde. HIV/aids, hepatites e outras DST. Brasília, 2006. (Cadernos da
Atenção Básica, n. 18)
6 - BRASIL. Ministério da Saúde. Rastreamento. Brasília, 2010. (Cadernos da Atenção Básica, n. 29)
7 - BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Ofício 717/2011 – Gabinete
INCA. Resolução COFEN nº 381/2011, sobre coleta de material para realização do exame
citopatológico por auxiliares e técnicos de enfermagem/Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
151
PARTE 5 – PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA
1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo, constituindo a maior
causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento. No Brasil, é o segundo tipo mais
incidente na população feminina.1 O País ainda apresenta falhas na abordagem dessa importante
morbidade e seu diagnóstico e tratamento muitas vezes não são realizados em tempo oportuno,
gerando menor sobrevida (em cinco anos) das pessoas diagnosticadas, em comparação com países
desenvolvidos (50%-60% contra 85%).2
Prevenção primária: intervém sobre fatores de risco modificáveis para o câncer de mama,
ou seja, estimula a manutenção do peso das pacientes em uma faixa saudável e a prática
de atividades físicas e aconselha a redução do consumo de álcool e cessação do
tabagismo.9, 10, 11
Prevenção quaternária:13 evita ações com benefícios incertos para a paciente e a protege
de ações potencialmente danosas, não solicitando mamografia de rastreamento na
população menor de 50 anos e maior de 70 anos ou com periodicidade menor de dois
anos; não estimula o rastreamento;4, 5, 8
realiza rastreamento de forma individualizada,
fornecendo informações claras quanto aos benefícios e riscos da ação e compartilhando as
decisões com a usuária (Ver Quadro 2).
152
São considerados fatores de risco para câncer de mama: envelhecimento (idade > 50 anos),
fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade ou primeira
gravidez após os 30 anos), história pregressa ou familiar de câncer de mama, uso de álcool, tabaco
(o tabaco é um fator com limitada evidência de aumento do risco de câncer de mama em humanos
mas merece atenção), excesso de peso, sedentarismo, exposição à radiação ionizante, terapia de
reposição hormonal (estrogênio-progesterona).4, 11
153
Quadro 1 – Síntese de prevenção do câncer de mama2, 3, 4, 9, 12, 13, 14
Entrevista
Idade;
Índice de Massa Corporal (IMC);
Antecedentes pessoais obstétricos (menarca,
nuliparidade ou primeira gravidez acima de 30 anos);
Antecedentes pessoais e familiares patológicos Equipe multiprofissional
(história pregressa e/ou familiar de câncer de mama);
História de exposição à radiação ionizante
(terapêutica ou ocupacional);
Queixas mamárias, por exemplo: mastalgia, nódulo
mamário, alterações do mamilo, descarga papilar,
Avaliação global assimetria da mama ou retração da pele (ver capítulo
1, seção 4 – Problemas na mama).
154
Quadro 2 – Mamografia de rastreamento: interpretação, risco de câncer e recomendações de
conduta11, 15, 16
CATEGORIA RISCO DE
® INTERPRETAÇÃO RECOMENDAÇÕES DE CONDUTA
BI-RADS CÂNCER
Exame com
achado Rotina de rastreamento conforme a faixa etária, fora de
2 0%
tipicamente risco.
benigno
2% a 95%, a
depender do Deverão ser encaminhadas para a unidade de referência
Exame com
4 secundária para investigação histopatológica.
achado suspeito grau de
suspeição Confirmado o diagnóstico, deverá ser encaminhada à
unidade de referência terciária para tratamento.
Exame com A APS deve manter a coordenação de cuidado e garantir
5 achado altamente > 95% acesso aos procedimentos recomendados.
suspeito
155
Quadro 3 – A eficácia do rastreamento populacional por mamografia7, 14, 17, 18
Segundo a US Preventive Services Task Force, a sensibilidade do rastreamento por mamografia varia de 77% a 95%,
dependendo do tamanho e da localização da lesão, densidade das mamas, qualidade dos recursos técnicos e habilidades
de interpretação do médico radiologista. Porém, em mamas mais densas, geralmente em mulheres com menos de 50 anos,
a sensibilidade cai para valores em torno de 30% a 48%.
O Canadian Radiographic Breast Screening Study: randomised screening trial chegou à conclusão de que o screening por
mamografia não reduz a mortalidade por câncer de mama nas faixas etárias de 40-49 anos e de 50-69 anos, após um
seguimento de 25 anos de suas 89.835 participantes. Em revisão sistemática de oito estudos randomizados em 2013,
incluindo 600.000 mil mulheres entre 39 e 74 anos, Gøetzche conclui que o malefício causado pelo sobrediagnóstico
sobrepõe-se ao benefício da detecção precoce: de 2.000 mulheres submetidas ao rastreamento por 10 anos, uma vai evitar
a morte por câncer de mama, mas 10 mulheres saudáveis serão tratadas desnecessariamente e 200 mulheres
experimentarão estresse psicológico por conta de falsos positivos no exame.
Assim, defende que submeter-se ao rastreamento seja uma decisão informada individual e disponibiliza folhetos em
diversos idiomas em linguagem acessível para possibilitar a reflexão.
156
2 SAIBA MAIS
Sobre ações da Atenção Básica para controle dos cânceres de colo do útero e de mam
a: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cab13.pdf
157
REFERÊNCIAS
1 - BRASIL. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de mama: detecção precoce. Rio de
Janeiro, [s.d.]. On-line. Disponível em:
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_con
trole_cancer_mama
3 - BRASIL. Ministério da Saúde. Rastreamento. Brasília, 2010. (Caderno de Atenção Básica nº 29)
5 - CANCER RESEARCH UK. Be breast aware. [Conheça os seus seios]. London, 2006.
Folheto. Disponível em:
<http://www.cancerscreening.nhs.uk/breastscreen/publications/breastaware-portuguese.pdf>.
Acesso em: 11 mar. 2015.
6 - HACKSHAW, A. K.; PAUL, E. A. Breast self-examination and death from breast cancer: a
meta-analysis. British Journal of Cancer, London, v. 88, n. 7, p. 1047-1053, 2003.
9 - GAUDET, Mia M. et al. Active smoking and breast cancer risk: original cohort data and meta-
analysis. Journal of the National Cancer Institute, Oxford, v. 105, n. 8, p. 515-525, 17 Apr.
2013.
10 - KUSHI, L. H. et al. American Cancer Society guidelines on nutrition and physical activity for
cancer prevention: reducing the risk of cancer with healthy food choices and physical activity.
CA: A Cancer Journal for Clinicians, Maple Shade, v. 56, n. 5, p. 254-281, Sep.-Oct. 2006.
12 - BRASIL. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Direitos sociais da pessoa com câncer. Rio
de Janeiro, 2012. On-line. Disponível em:
<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/orientacoes/site/home/direitos_sociais_cancer>.
Acesso em: 11 mar. 2015.
16 - SICKLES, E. A. et al. ACR BI-RADS® Mammography. In: D’ORSI, C. J. et al. ACR BI-
RADS® Atlas, Breast Imaging Reporting and Data System. Reston: American College of
Radiology; 2013.
18 - MILLER, A. B. et al. Twenty-five year follow up for breast cancer incidence and mortality of
the Canadian National Breast Screening Study: randomised screening trial. British Medical
Journal, London, n. 348, p. g366, 11 Feb. 2014.
158
PARTE 6 – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO
1 INTRODUÇÃO
Muitas mulheres passam pelo climatério sem queixas, mas outras podem apresentar queixas
diversificadas e com intensidades diferentes. As principais manifestações que levam as mulheres a
procurar o serviço de saúde estão descritas no Quadro 1, algumas sendo transitórias e outras
permanentes. A irregularidade menstrual é universal e os fogachos e suores noturnos também são
bastante frequentes, típicos deste período. É importante enfatizar que as queixas que mais interferem
na qualidade de vida da mulher no climatério são as de ordem psicossocial e afetiva.
159
1, 3, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15
2 QUADRO-SÍNTESE – ATENÇÃO ÀS MULHERES NO CLIMATÉRIO
Entrevista
Data da última menstruação;
Uso de métodos anticoncepcionais;
Tabagismo e história familiar de câncer de mama;
Equipe multiprofissional
Última coleta de citopatológico do colo do útero;
Sangramento genital pós-menopausa;
Explorar as queixas (Quadro 1) e outras demandas relacionadas
ao ciclo de vida.
Confirmação do climatério
Definir climatério quando a mulher encontra-se dentro da faixa
etária esperada para o período e apresenta: a) Queixas
sugestivas (vide manifestações transitórias no Quadro 1); e/ou b)
12 meses consecutivos de amenorreia.
Nos casos em que há amenorreia e outras irregularidades
menstruais, realizar abordagem ampliada considerando outros Enfermeiro(a)/médico(a)
diagnósticos diferenciais (ver problemas relacionados à
menstruação no capítulo 1).
A confirmação do climatério e menopausa é eminentemente
clínica, sendo desnecessárias dosagens hormonais. Apenas em
caso de dúvida diagnóstica, dosar FSH (valores acima de 40
mUI/ml indicam hipofunção ovariana; valores inferiores não
confirmam climatério).
160
novos projetos e objetivos para essa nova fase da vida.
Atenção às redes de apoio social e familiar, relações conflituosas
e situações de violência.
Orientar anticoncepção no climatério (ver protocolo de
Planejamento Reprodutivo).
Realizar ações de prevenção de forma individualizada, em
especial, quanto a doenças crônico-degenerativas
cardiovasculares, metabólicas e neoplásicas, de acordo com faixa
etária, história, fatores de risco e comorbidades:
Não há indicação da realização de exames de rotina no
climatério, eles devem ser orientados de forma
individualizada, quando necessário.
Não está indicado o rastreamento universal da osteoporose
8
com realização de densitometria óssea. Para mais
informações sobre diagnóstico e tratamento da osteoporose
e indicações da densitometria óssea, ver Saiba Mais
Abordagem farmacológica
Terapias não hormonal e hormonal – em casos selecionados
(vide Quadros 4 e 5).
Avaliação de necessidade, indicações, contraindicações
Médico(a)
absolutas e relativas.
Uso racional de medicamentos.
Acompanhamento clínico periódico das mulheres em uso de
terapia farmacológica, sobretudo a hormonal.
Educação em saúde
Realizar orientação individual e coletiva para as mulheres acerca de:
Ressignificação do climatério:
Abordar a vivência da mulher nessa fase, do ponto de vista
biopsicossocial. Enfatizar que, como nas demais fases da
vida, esta também pode ser experimentada de forma
saudável, produtiva e feliz.
Incentivar e promover a troca de experiências entre as
mulheres e a realização de atividades prazerosas, de lazer,
de trabalho, de aprendizagem, de convivência em grupo, de
acordo com os desejos, necessidades e oportunidades das
mulheres e coletivos.
Ressignificação dessa fase de vida, que pode ser saudável,
produtiva e feliz.
Queixas do climatério (ver Quadro 1).
Exercícios da musculatura perineal.
Alimentação saudável (ver Saiba Mais):
Estimular a alimentação rica em vitamina D e em cálcio, por
meio do consumo de leite, iogurte, queijos (principais
fontes), couve, agrião, espinafre, taioba, brócolis, repolho,
sardinha e castanhas (veja Prevenção da Osteoporose, a Equipe multiprofissional
seguir).
Manutenção do peso normal.
Prática de atividade física (ver Saiba Mais):
Orientar a prática de 150 minutos de atividade aeróbica de
intensidade moderada/semana (sejam ocupacionais ou de
lazer), sendo ao menos 10 minutos de atividades físicas de
forma contínua por período.
Promover a realização de atividades de fortalecimento
muscular duas ou mais vezes por semana, além de práticas
corporais que envolvem lazer, relaxamento, coordenação
motora, manutenção do equilíbrio e socialização,
diariamente ou sempre que possível.
Alterações e medidas de promoção à saúde bucal.
Doenças sexualmente transmissíveis, HIV, hepatites.
Transtornos psicossociais.
Prevenção primária da osteoporose e prevenção de quedas:
Informar sobre a prevenção primária da osteoporose e o
risco de fraturas associadas.
Orientar dieta rica em cálcio (1.200 mg/dia) e vitamina D
(800-1.000 mg/dia).
Aconselhar exposição solar, sem fotoproteção, por pelo
menos 15 minutos diariamente antes das 10h ou após as
16h.
161
A suplementação de cálcio e vitamina D só está
recomendada se não houver aporte dietético adequado
destes elementos e/ou exposição à luz solar.
Recomendar exercícios físicos regulares para fortalecimento
muscular e ósseo, melhora do equilíbrio e da flexibilidade.
Aconselhar a cessação do tabagismo e a redução do
consumo de bebidas alcoólicas e de cafeína.
Avaliar fatores de risco para quedas: ambiência doméstica;
uso de psicotrópicos; dosagem de medicamentos anti-
hipertensivos, distúrbios visuais e auditivos.
Nota:
* O rastreamento oportunístico é aquele que “ocorre quando a pessoa procura o serviço de saúde por algum outro motivo e o profissional de
saúde aproveita o momento para rastrear alguma doença ou fator de risco”. 8 Como o climatério e a menopausa são fases normais da vida,
não há um conjunto de procedimentos e exames a serem realizados e o cuidado deve ser orientado às necessidades das mulheres. No
entanto, deve-se aproveitar as oportunidades de contato para revisar a necessidade de ações preventivas, observadas as indicações
destas e as características e necessidades das mulheres que buscam cuidado nessa fase.
162
Quadro 1 – Quais são as queixas associadas ao climatério?3
Alterações não transitórias ● Metabolismo ósseo: há mudanças no metabolismo ósseo, variáveis de acordo com
características genéticas, composição corporal, estilo de vida, hábitos (como
tabagismo e sedentarismo) e comorbidades. As mudanças na massa e arquitetura
ósseas costumam ser mais evidentes nas regiões da coluna e do colo do fêmur.
● Ganho de peso e modificação no padrão de distribuição de gordura corporal:
tendência ao acúmulo de gordura na região abdominal (padrão androide).
Atenção: a adoção de estilo de vida saudável, com prática regular de atividade
física e alimentação adequada para as necessidades da pessoa, reduz essa
manifestação.
164
Quadro 3 – Fitoterápicos que podem ser utilizados no manejo de sintomas transitórios do climatério1
165
FITOTERÁPICO INDICAÇÃO RECOMENDAÇÃO POSSÍVEIS EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES
agitação.
Grandes quantidades podem induzir a
sonhos, dispepsia e reações alérgicas
cutâneas.
Alívio de ansiedade, insônia e algumas Extrato seco: não menos que 0,5% de óleo
desordens digestivas como cólicas volátil contendo citral; não menos que 6% de Gestantes, portadores de glaucoma e de
derivados hidroxicinâmicos totais, calculados Entorpecimento e bradicardia em indivíduos
Melissa (Melissa officinalis) intestinais, flatulência, dispepsia, além de hipertireoidismo e hipersensibilidade aos
como ácido rosmarínico. sensíveis.
outras indicações, principalmente quando constituintes da planta.
associada à valeriana. Uso: 80-240 mg/dia, em três tomadas.
166
1,16
Quadro 4 – Abordagem farmacológica – terapia não hormonal
Indicação ● Para mulheres com sintomas vasomotores proeminentes, sem melhora com terapias
não farmacológicas.
Obs.: atentar para as indicações, contraindicações, interações medicamentosas e comorbidades que podem ter seu manejo favorecido ou
dificultado com o uso de tais medicamentos. Titular a dose e manter a menor dose capaz de melhorar os sintomas.
● Absolutas:
câncer de mama;
câncer de endométrio;
doença hepática grave;
sangramento genital não esclarecido;
história de tromboembolismo agudo e recorrente;
Contraindicações à terapia
hormonal porfiria.
● Relativas:
hipertensão arterial não controlada;
diabetes mellitus não controlado;
endometriose;
miomatose uterina.
● Avaliação inicial:
história clínica e exame físico detalhados, com especial atenção às
comorbidades, à pressão arterial e ao exame da mama;
Avaliação clínica e
exames laboratoriais não são obrigatórios, embora possam ser importantes para
acompanhamento
a escolha da via de administração e para a avaliação do risco cardiovascular,
longitudinal especialmente em mulheres com comorbidades. Considerar a solicitação de:
hemograma, glicemia, perfil lipídico, função hepática e renal;
outros: mamografia bilateral (solicitar se o último exame tiver sido há mais de um
ano), ultrassonografia transvaginal (recomendado para mulheres com
167
sangramento uterino anormal), citopatológico do colo do útero.
● Controle aos dois-três meses: reavaliar aderência e efeitos adversos; observar o
padrão de sangramento menstrual, aferição de pressão arterial e peso.
● Controle aos seis meses: reavaliar aderência e efeitos adversos; observar o padrão
de sangramento menstrual, aferição de pressão arterial e peso; repetir exames
laboratoriais (conforme avaliação do profissional médico responsável).
● Controles anuais: observar padrão de sangramento menstrual (se anormal,
referenciar à ginecologia); exame físico com especial atenção à pressão arterial, ao
peso e ao exame da mama; repetir exames laboratoriais (a critério médico);
mamografia (repetir anualmente enquanto a mulher estiver em uso de terapia
hormonal).
● A dose ministrada deve ser a mínima eficaz para melhorar os sintomas, devendo ser
interrompida assim que os benefícios desejados tenham sido alcançados ou os
riscos superem os benefícios. De forma geral, recomenda-se uso da terapia
estrogênica por no máximo cinco anos, mas a duração deve considerar o
risco/benefício individual.
● O estrogênio pode ser administrado por via oral (estrogênio conjugado ou estradiol),
parenteral (estradiol) transdérmico, sob a forma de adesivo ou percutâneo, sob a
forma de gel. É importante orientar a escolha da via de administração de acordo
com as preferências da mulher, com a indicação da TH e também com as
comorbidades: ver Saiba Mais.
● Em caso de queixas vulvovaginais e urinárias e sem demais indicações de terapia
estrogênica sistêmica, pode-se utilizar estrogênio tópico vaginal: estrogênio
conjugado, estriol ou promestiene, sendo que o primeiro apresenta absorção
sistêmica significativa e os dois últimos absorção sistêmica desprezível (ver
tratamento de ressecamento vaginal no Quadro 2 do capítulo Prevenção do Câncer
de Colo do Útero).
Prescrição
● Opções de prescrição: estrogênio conjugado 0,3-0,625 mg OU estradiol oral 1-2 mg
OU estradiol transdérmico 25-50 mcg OU estradiol percutâneo 0,5-1,5 mg. Em
mulheres com útero, é mandatória a associação com progestágeno
(medroxiprogesterona 2,5 mg/dia OU noretindrona 0,1 mg/dia OU noretisterona 0,1
mg/dia OU drospirenona 0,25 mg/dia OU progesterona micronizada 100-200
mg/dia), que pode ser realizado de forma cíclica (12 a 14 dias por ciclo, esquema
em que a mulher tem sangramentos vaginais) ou contínua por via oral (esquema em
que há ausência de sangramentos vaginais).
● A tibolona (1,25-2,5 mg/dia) é um esteroide sintético que se comporta em nível
uterino como uma TH combinada contínua, porém sem efeito estimulante no tecido
mamário (menos risco de câncer de mama), efeito protetor ósseo com redução do
risco de fraturas, associado a efeito androgênico; reduz os níveis de triglicerídeos e
de HDL.
● Encontram-se relacionados na Rename: estrogênio conjugado (0,3 mg); acetato de
medroxiprogesterona (10 mg); nortisterona (0,35 mg); estrogênio conjugado tópico
vaginal (0,625 mg/g); estriol tópico vaginal (1 mg/g).
168
3 SAIBA MAIS
169
REFERÊNCIAS
7- INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamin D. Washington,
2010. Disponível em: <http://www.iom.edu/~/media/Files/Report%20Files/2010/Dietary-
Reference-Intakes-for-Calcium-and-Vitamin-
D/Vitamin%20D%20and%20Calcium%202010%20Report%20Brief.pdf>. Acesso em: 12 mar.
2015.
9- BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília,
2014. Disponível em:
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/guia_alimentar2014>.
Acesso em: 12 mar. 2015.
10 - BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica:
obesidade. Brasília, 2014. (Cadernos de Atenção Básica n. 38). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_doenca_cronica_obesidade_c
ab38.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2015.
11 - BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica.
Brasília. 2014. (Cadernos de Atenção Básica, n. 35). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab
35.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2015.
170
14 - COSMAN, F. et al. Clinician’s Guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporosis
International, Philadelphia, v. 25, n. 10, p. 2.359-2381, 2014. Disponível em:
<http://download.springer.com/static/pdf/825/art%253A10.1007%252Fs00198-014-2794-
2.pdf?auth66=1421267329_369ce9d8ea798e4d17709b0dbe81eafc&ext=.pdf>. Acesso em: 12
mar. 2015.
15 - FILIPPETTO, B. M. et al. Terapia não hormonal no manejo das ondas de calor no climatério.
Femina, Rio de Janeiro, v. 37, n. 1, p. 7-12, 2009. Disponível em:
<http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Feminav37n1p7-12.pdf>. Acesso
em: 12 mar. 2015.
18 - MARJORIBANKS, Jane; FARQUHAR, Cindy; ROBERTS, Helen; LETHABY, Anne. Long term
hormone therapy for perimenopausal and postmenopausal women. Malden: The Cochrane
Library, 2012. Disponível em:
<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD004143.pub4/abstract>. Acesso em: 12
mar. 2015.
171
PARTE 7 – ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL E/OU
DOMÉSTICA/INTRAFAMILIAR
1 INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher pode ser definida como “qualquer ato ou conduta baseada no
gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera
pública como na esfera privada”.1 Considera-se como violência sexual qualquer forma de atividade
sexual não consentida.2, 28 A violência doméstica/intrafamiliar “ocorre entre os parceiros íntimos e
entre os membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não unicamente”. 26 É toda
ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física e/ou psicológica, assim como a
liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família. 8, 30 Pode ser cometida
dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir
função parental – ainda que sem laços de consanguinidade – e em relação de poder à outra. A
violência doméstica/intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre mas
também às relações em que se constrói e efetua. A violência doméstica/intrafamiliar inclui outros
membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico. Incluem-se aí
empregados (as), pessoas que convivem esporadicamente e agregados.37
Em 2001, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 737, que institui a Política Nacional de
Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. De acordo com a política, as ações do
Ministério da Saúde para enfrentamento da violência seguem, em especial, as seguintes diretrizes:
promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis; monitorização da
ocorrência de acidentes e de violências; assistência interdisciplinar e intersetorial às vitimas de
acidentes e de violências; entre outras. Já em 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde
(PNSP) foi instituída através da Portaria nº 687, que foi revisada em 2014. A PNPS tem, como um de
seus eixos transversais, a cultura da paz e dos direitos humanos.
A notificação de violência doméstica, sexual e outras violências foi universalizada pela Portaria
nº 104/2011. Em 2014, essa portaria foi substituída pela Portaria nº 1.271, que estabeleceu também a
notificação imediata dos casos de violência sexual em âmbito municipal.
Uma das maneiras de se coibir a violência é tirá-la do silêncio. Entre as mais importantes
políticas públicas destacadas pelo movimento feminista brasileiro, está a criação das Delegacias
Especiais das Mulheres.4, 5, 9 Dialogando com as delegacias especiais dentro da rede de proteção às
mulheres em situação de violência, figuram as unidades de saúde e a Atenção Básica. Elas ocupam
papel importante na luta contra todo e qualquer tipo de violência, que podem influenciar ou causar
processos de adoecimento, derivando em questões de saúde pública.10
Na Atenção Básica, devem ser desenvolvidas ações de produção do cuidado em saúde que
possam garantir os direitos sexuais na perspectiva da autonomia das mulheres sobre seu corpo. É
fundamental que os profissionais de saúde identifiquem e prestem atendimento integral e humanizado
nas situações em que elas têm seus direitos – sexuais e humanos – violados.3 Vale enfatizar que este
nível de atenção enseja acesso frequente, constante e legitimado às mulheres ao longo de toda a sua
vida, estabelece relação mais próxima com a comunidade no território e é dirigido a problemas
comuns de saúde muito associados com violência doméstica/intrafamiliar e sexual contra a mulher.
Por essa razão, neste material, optou-se por abordar a violência doméstica/intrafamiliar e sexual
contra a mulher.
Pelo fato de a Atenção Básica estar nos territórios, mais próxima do cotidiano das pessoas,
tem papel importante na identificação de situações de violência e, assim, nas primeiras abordagens
173
realizadas com as mulheres, além da promoção do cuidado e do acesso a informações sobre
serviços da rede que possam apoiá-las. Os profissionais precisam conhecer a rede intrasetorial de
seu município para garantir o encaminhamento adequado para outros serviços e unidades das redes:
Serviços da Atenção Básica - Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), Ambulatórios
Especializados, Policlínicas, Núcleos de Prevenção das Violências e Promoção da Saúde, Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), Hospitais, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS),
Centros de Referência Especializados em de Assistência Social (CREAS), Centro de Referência de
Atenção à Saúde da Mulher em Situação de Violência (CRAM), Casa da Mulher Brasileira, entre
outros.11, 12
IMPORTANTE:
Em 2014, foram publicados importantes normativas sobre serviços de Atenção à Saúde de Mulheres em
Situação de Violência, entre as quais destacamos as portarias nº 485 e nº 618 do Ministério da Saúde.
Essas portarias tratam da organização, funcionamento e cadastro dos serviços no Sistema de Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).
Os serviços de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual podem abranger: i) Serviço de
Referência para Atenção Integral às Mulheres em Situação de Violência Sexual; ii) Serviço de Referência
para Atenção Integral a Adolescentes em Situação de Violência Sexual; iii) Serviço de Referência para
Atenção Integral às Crianças em Situação de Violência Sexual; iv) Serviço de Referência para Atenção
Integral aos Homens em Situação de Violência Sexual; v) Serviço de Referência para Atenção Integral às
Pessoas Idosas em Situação de Violência Sexual; vi) Serviço de Referência para Interrupção de Gravidez
nos Casos Previstos em Lei; e vii) serviços ambulatoriais com atendimento a pessoas em situação de
violência sexual.
As unidades de atenção básica (UBS) e as unidades de Saúde da Família (USF) compõem essa rede e
podem se classificar como serviços com ofertas de atendimento a pessoas em situação de violência sexual.
Uma das ações das UBS e USF consiste na realização da anticoncepção hormonal de emergência (AHE).
É importante conhecer os serviços que o município dispõe em sua rede e qual a oferta de cada um deles
para garantir o encaminhamento adequado das mulheres acolhidas.
Qualquer conduta que cause dano emocional, diminuição da autoestima, que prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento da mulher ou vise degradar ou controlar ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
“Violência psicológica/moral é toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito,
cobrança exagerada, punições humilhantes e utilização da pessoa para atender às necessidades
Psicológica psíquicas de outrem. É toda ação que coloque em risco ou cause dano à autoestima, à
identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esse tipo de violência também pode ser chamado
de violência moral. No assédio moral, a violência ocorre no ambiente de trabalho a partir de
relações de poder entre patrão e empregado ou empregado e empregado. Define-se como
conduta abusiva, exercida por meio de gestos, atitudes ou outras manifestações, repetidas,
sistemáticas, que atentem, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa,
que ameace seu emprego ou degrade o clima de trabalho. Portanto, a violência moral é toda
174
TIPOS DE VIOLÊNCIA DEFINIÇÃO
37
ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da pessoa”.
Qualquer conduta que a constranja a presenciar, manter ou participar de relação sexual não
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar
ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade; que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos.
Violência sexual é qualquer ação na qual uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder e
fazendo uso de força física, coerção, intimidação ou influência psicológica, com uso ou não de
armas ou drogas, obriga outra pessoa, de qualquer sexo, a ter, presenciar, ou participar de
alguma maneira de interações sexuais ou a utilizar, de qualquer modo, sua sexualidade, com fins
de lucro, vingança ou outra intenção. Incluem-se como violência sexual: situações de estupro;
abuso incestuoso; assédio sexual; sexo forçado no casamento; jogos sexuais e práticas eróticas
Sexual não consentidas, impostas; pornografia infantil; pedofilia; e voyeurismo; manuseio, penetração
oral, anal ou genital, com pênis ou objetos, de forma forçada. Inclui também exposição
coercitiva/constrangedora a atos libidinosos, exibicionismo, masturbação, linguagem erótica,
interações sexuais de qualquer tipo e material pornográfico. Igualmente caracterizam a violência
sexual os atos que, mediante coerção, chantagem, suborno ou aliciamento impeçam o uso de
qualquer método contraceptivo; forcem a matrimônio, à gravidez, ao aborto, à prostituição; ou
limitem ou anulem em qualquer pessoa a autonomia e o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos. A violência sexual é considerada crime, mesmo se exercida por um familiar, seja
37
ele, pai, mãe, padrasto, madrasta, companheiro(a), esposo(a).
Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Violência financeira/econômica/patrimonial: é o ato de violência que implica dano, perda,
subtração, destruição, ou retenção de objetos, documentos pessoais, instrumentos de trabalho,
Patrimonial
bens e valores da pessoa atendida/vítima. Consiste na exploração imprópria ou ilegal, ou, ainda,
no uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre,
sobretudo, no âmbito familiar, sendo mais frequente contra as pessoas idosas, mulheres e
37
deficientes.
Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Trabalhamos a violência moral
Moral
juntamente com a psicológica.
175
2 QUADRO-SÍNTESE PARA ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL
E/OU DOMÉSTICA/FAMILIAR NO ÂMBITO DA AB 3, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
Atendimento humanizado:
Observar os princípios do respeito da dignidade da pessoa humana, da
não discriminação, do sigilo e da privacidade, propiciando ambiente de
confiança e respeito.
Garantir a privacidade no atendimento e a confidencialidade das
informações.
176
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
Entrevista:
Detectar situação de vulnerabilidade (ver Fluxograma 1).
Identificar se a situação de violência é recorrente ou não (violência de
repetição).
Identificar sinais de alerta de violência:
- Transtornos crônicos, vagos (inespecíficos dentro da nosografia médica)
e repetitivos;
- Início tardio do pré-natal;
- Parceiro(a) demasiadamente atento(a), controlador(a) e que reage se for
separado(a) da mulher;
- Infecção urinária de repetição (sem causa secundária encontrada);
- Dor pélvica crônica;
- Síndrome do intestino irritável;
- Complicações em gestações anteriores, aborto de repetição; Equipe multiprofissional
- Depressão;
- Ansiedade;
- Transtorno do estresse pós-traumático;
- História de tentativa de suicídio ou ideação suicida;
- Lesões físicas que não se explicam como acidentes.
Avaliação
Observar possibilidade de violência entre parceiros íntimos. Vale lembrar
global
que essas situações não são necessariamente verbalizadas pelas
mulheres, devido a: sentimento de vergonha ou constrangimento; receio
por sua segurança ou pela segurança de seus filhos(as); experiências
traumáticas prévias ou expectativa de mudança de comportamento por
parte do(a) agressor(a); dependência econômica ou afetiva de parceiro(a);
desvalorização ou banalização de seus problemas; e/ou cerceamento da
liberdade pelo parceiro(a).
Se houver situação de risco de vida, fornecer informações sobre como
estabelecer um plano de segurança.
Exame físico geral (vide Norma Técnica sobre Prevenção e Tratamento dos
12
Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes )
177
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
178
O QUE
COMO FAZER? QUEM FAZ?
FAZER?
Educação em saúde:
Orientar individual ou coletivamente os usuários da Atenção Básica acerca
dos direitos das mulheres, em prol do fortalecimento da cidadania e de
uma cultura de valorização da paz.
Oferecer serviços de planejamento reprodutivo às mulheres pós-
abortamento, bem como orientações para aquelas que desejam nova
gestação, para prevenção das gestações indesejadas e do abortamento
inseguro.
Orientar sobre os aspectos biopsicossociais relacionados ao livre exercício
da sexualidade e do prazer.
179
Trabalhar conforme quadro-síntese (Avaliação Global e Plano de Cuidados).
Equipe multiprofissional
Fluxograma 1 – Atenção às mulheres em situação de violência doméstica e/ou violência
sexual3, 13, 14, 17, 28, 30
ACOLHIMENTO COM ESCUTA Sinais de alerta
QUALIFICADA - queixas vagas, inexplicáveis ou recorrentes
Equipe multiprofissional - distúrbios gastrointestinais
- sofrimento psíquico
- queixa de dores pélvicas e abdominais crônicas
- doenças sexualmente transmissíveis, principalmente
Manter cuidado integral e em crianças
informar sobre atividades - prurido ou sangramento vaginal
coletivas e individuais Não
Há sinais/indícios - evacuação dolorosa ou dor ao urinar
ofertadas pela unidade de
de violência? - problemas sexuais e perda de prazer na relação
saúde/AB.
Equipe multiprofissional - vaginismo (espasmos musculares nas paredes
vaginais, durante relação sexual)
- presença de doenças pélvicas inflamatórias
Sim
- síndrome da imunodeficiência humana adquirida (aids)
- gravidez indesejada ou em menores de 14 anos
Realizar o atendimento independentemente da - entrada tardia no pré-natal
realização de boletim de ocorrência. - parceiro(a) demasiadamente atento(a), controlador(a)
Definir o tipo de violência (ver Quadro 1). e que reage se for separado da mulher
Preencher ficha de notificação de violência. - infecção urinária de repetição (sem causa secundária
Identificar situações de vulnerabilidade encontrada)
presentes no caso e garantir a continuidade do - síndrome do intestino irritável
cuidado em outros serviços por meio do
- complicações em gestações anteriores, aborto de
encaminhamento qualificado (ver seção 3.1).
repetição
Acionar Conselho Tutelar e/ou Vara da Infância
- transtorno do estresse pós-traumático
e da Juventude em situações de violência
envolvendo menores de 18 anos. - história de tentativa de suicídio ou ideação suicida
Equipe multiprofissional - lesões físicas que não se explicam como acidentes
Realizar quimioprofilaxia
Realizar exames
complementares (Quadro 1 e Não Sim - Não realizar quimioprofilaxia.
Quadro 2) Se violência sexual, a - Realizar exames
exposição ao agressor é complementares (Quadro 1)
Monitorar a situação de saúde contínua?
da mulher, agendando novo Enfermeiro(a)/Médico(a)
atendimento na unidade e
respeitando caso ela não
queira retornar
Trabalhar conforme Quadro-
Síntese (Avaliação Global e
Plano de Cuidados)
Enfermeiro(a)/Médico(a)
180
3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Rede Intersetorial
Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher
Casa da Mulher Brasileira
Cras – Centro de Referência de Assistência Social
Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência
Social
Casas de Acolhimento Provisório
Casas-abrigo
Deam – Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher
Delegacia de Polícia
IML – Instituto Médico Legal
Ouvidoria da Secretaria de Políticas para as Mulheres
Disque 100 – Disque Denúncia Nacional de Violência Sexual
Juizados Especializados de Violência Doméstica e Familiar
Promotoria Especializada do Ministério Público
Núcleo Especializado de Defensoria Pública
ONG – Organizações não-governamentais
Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação
de Violência (CRAM)
O termo Rede de Atendimento designa um conjunto de ações e serviços intersetoriais (com destaque dos
setores da assistência social, da justiça, da segurança pública e da saúde), que “visam à ampliação e à melhoria
da qualidade do atendimento, à identificação e ao encaminhamento adequados das mulheres em situação de
violência e à integralidade e à humanização do atendimento”.36
Os serviços da rede de saúde compõem a Rede de Atendimento às mulheres em situação de violência e devem
esgotar todos os recursos disponíveis para oferecer a Atenção Integral às Mulheres em Situação de Violência
desde o acolhimento com escuta qualificada até o monitoramento/seguimento das mulheres na rede de
atendimento, fortalecendo a integração entre os serviços que compõem a rede.
181
4 SAIBA MAIS
Sobre a Lei nº 10.778/03, que estabelece notificação compulsória dos casos de violência
contra a mulher: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.778.htm.
Sobre a Lei nº 2.848/40, art. 128, do Código Penal, que versa sobre as condições em que
o aborto é legal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.html.
183
REFERÊNCIAS
5 - BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). Cria mecanismos para
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá
outras providências. Brasília, 2006. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.
14 - BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Brasília; 2010. (Caderno de
Atenção Básica, n. 26). Disponível em:
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad26.pdf>.
184
15 - BRASIL. Ministério da Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço.
Brasília, 2002. (Cadernos de Atenção Básica, n. 8). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd05_19.pdf>.
20 - DEBERT, G. G., GREGORI, M. F. Violência e gênero: novas propostas, velhos dilemas. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, n. 23, n. 66, p. 165-185, 2008.
21 - GOMES, M.C.A. Tambores e corpos sáficos: uma etnografia sobre corporalidades de mulheres
com experiências afetivo-sexuais com mulheres da cidade de Fortaleza. 137 f. Dissertação
(Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
24 - GROSSI, P. K. Violência contra a mulher: implicações para os profissionais de saúde. In: LOPES,
M. W. Gênero e saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. p. 133-149.
29 - OLIVEIRA, C.S.; DELZIOVO, C.R.; LACERDA, J.T. (Org.). Redes de atenção à violência.
Florianópolis: UFSC, 2014.
32 - PORTO, R. T. S.; BISPO JÚNIOR, J. P.; LIMA, E. C. Violência doméstica e sexual no âmbito da
ESF: atuação profissional e barreiras para o enfrentamento. Physis: Revista de Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 787-807, set. 2014.
33 - SCHRAIBER, L. B. et al. Violência vivida: a dor de quem não tem nome. Interface –
Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 7, n. 12, p.41-54, 2003.
34 - SCHRAIBER, L. B. et al. Violência contra mulheres entre usuárias de serviços públicos de saúde
da Grande São Paulo. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 3, p. 359-367, 2007.
185
35 - SCHRAIBER, L. B.; D’OLIVEIRA, A. F. P. L. O que devem saber os profissionais de saúde
para promover os direitos e a saúde às mulheres em situação de violência doméstica. São
Paulo: Projeto Gênero, Violência e Direitos Humanos – Novas Questões, 2003. Disponível em:
<http://www.mulheres.org.br/violencia/documentos/cartilha_violencia.pdf>.
36 - SOARES, B. M.; ILGENFRIT, I. Prisioneiras: vida e violência atrás das grades. Rio de Janeiro:
Garamond, 2002.
37 - STRAZZA, L. et al. Vulnerabilidade à infecção pelo HIV entre mulheres com alto risco de
exposição – menores infratoras e detentas do estado de São Paulo, DST. Jornal brasileiro de
doenças sexualmente transmissíveis, v. 17, n. 2, p.138-142, 2005.
186