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Revista Agrária Acadêmica

Agrarian Academic Journal


Volume 1 – Número 1 - Mai/Jun (2018)

Publicação técnico-científica bimensal eletrônica


Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)

SUMÁRIO

Viabilidade econômica e produtiva da suplementação de bovinos a pasto na 6 - 18


época da seca. Eduardo Gabriel Galavotti, André da Cruz França Lema

Especificidade de Disonycha glabrata (Coleoptera: Chrysomelidae) em plantas de 19 - 27


caruru e genótipos de batata-doce. Mychelle Pires Barbosa, Elias Correa de Freitas
Neto, Alexandre IA Pereira, Carmen RS Curvêlo, Gilberto S Andrade, Luiz Leonardo
Ferreira

As certificações compulsórias de inspeção sanitária para produtos de origem 28 - 34


animal: valorização dos atributos de qualidade dos alimentos. Silvia Cristina
Vieira, Fabiana Liar Agudo, Daniel de Sá Freire Lamarca

Aplicação de fertilizantes foliares potássicos na produção e qualidade de pêssego. 35 - 46


Igor Bertolini, Marco Aurélio de Freitas Fogaça, Lucas Dal Magro

Salmonella spp., bactérias heterotróficas, coliformes e Escherichia coli em fubá 47 - 57


de milho e derivados após estocagem doméstica. Camila Maria Coutinho Moura,
Lígia Calina Rocha Pires Ferreira, Rafael Gomes Abreu Bacelar, Maria Christina
Sanches Muratori

Ectima Contagioso dos Ovinos e Caprinos: a doença e sua vacina. Jailson 58 - 83


Honorato, Raimundo Vicente de Sousa, Roberto Soares de Castro

Natriuresis does not account for urinary concentration inhability in the 84 - 91


chronically undernourished rat. Edinéia Goedert, Ana Durce Oliveira da Paixão,
Carmem de Castro Chaves

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

A Revista Agrária Acadêmica é um periódico científico


publicado bimensalmente destinada a divulgação de
trabalhos técnico-científicos nas áreas de Agronomia,
Medicina Veterinária, Zootecnia, Engenharia Florestal,
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internacionais (Artigos de Revisão, Artigos Científicos,
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ser enviados para o e-mail agrariacad@gmail.com.

A iniciativa visa contribuir na atualização técnico-científica dos profissionais nas universidades,


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também tornar a informação mais acessível aos profissionais de campo.

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A Revista agradece o apoio permanente dos membros do


Conselho Editorial e do Comitê Científico. Agradece também
aos autores pelo envio dos trabalhos.

Os editores

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

CORPO EDITORIAL

EDITORES
Jailson Honorato – Doutorado em Ciência Animal – UI / USA
Luiz André Rodrigues de Lima – Doutorado em Biociência Animal – UFRPE
CONSELHO EDITORIAL
André da Cruz França Lema (IFSULDEMINAS) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UNESP
Cícero Soares dos Santos (SENAR) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI
Claudia Marinovic (FESAR) – Doutorado em Anatomia Animal – USP / Pós-Doc em Patologia Animal – UFT
Claudio Belmino Maia (UEMA) – Doutorado em Fitopatologia – UFV
Cristy Handson Pereira dos Santos (UNISULMA) – Mestrado em Tecnologia Ambiental – UFLA
Deyse Naira Mascarenhas Costa (UNITINS) – Doutorado em Ciência Animal – UFPI
Edinéia Goedert (UFPE) – Mestrado em Bioquímica e Fisiologia – UFPE
Florisval Protásio da Silva Filho (IFMA) – Doutorado em Zootecnia (Produção Animal) – UFRPE
Gabriela Braga de Sá (UFCG) – Mestranda em Ciências Florestais – UFCG
Itamara Gomes de França (UFMA) – Doutoranda em Biotecnologia – BIONORTE – UFMA
Luzimary de Jesus Ferreira Godinho Rocha (IFMA) – Doutorado em Engenharia e Ciência de Alimentos – UNESP
Rosana Léo de Santana (UFRPE) – Doutorado em Ciência Veterinária – UFRPE
Yamê Fabres Robaina Sancler da Silva (UFV) – Doutorado em Ciência Veterinária – UK / USA

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Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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Viabilidade econômica e produtiva da suplementação de bovinos


a pasto na época da seca

Economic and productive feasibility of pasture cattle supplementation


in the dry season

Eduardo Gabriel Galavotti1, André da Cruz França Lema2


1
Universidade Brasil – UNIVBRASIL – Fernandópolis/SP – Brasil – E-mail:
eduardogalavotti@gmail.com
2
Instituto Federal Sul de Minas Gerais – IFSULDEMINAS – Inconfidentes/MG – Brasil – E-mail:
andre.lema@ifsuldeminas.edu.br – Rua Cláudio Manoel da Costa, 71 – Centro – Inconfidentes, MG –
Cep: 37576-000
________________________________________________________________________________
Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar técnica e economicamente o desempenho de bovinos machos, não-
castrados, suplementados com sal mineral proteinado, em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu
durante o período da seca, na região noroeste do Estado de São Paulo. O ganho de peso médio foi de 25,78
kg animal-1. Os custos médios foram de R$124,10 animal -1, o que propiciou lucratividade de R$0,45 animal -1.
Apesar do pequeno lucro, a suplementação permitiu acelerar o ciclo produtivo, uma vez que os animais
ganharam peso e foram abatidos logo após o término da suplementação, reduzindo a idade de abate, o tempo
e o custo de permanência dos animais na propriedade.

Palavras-chave: ganho de peso, nutrição, proteinado.

Abstract

The aim of this paper was to evaluate technically and economically non-castrated male cattle performance,
supplemented with proteic salt grazzing Brachiaria brizantha cv. Marandu in the dry season, in the
northwest region of São Paulo State. The average weight gain was 25.78 kg animal -1. The average costs were
R$124.10 animal-1, which had a profitability of R$0.45 animal -1. Despite small profits, the supplementation
allowed to accelerate the productive cycle, since the animals gained weight and were slaughtered right after
the end of supplementation intake, thereby lowering the slaughtering age, time and the animal cost in the
property.

Key-words: weight gain, nutrition, proteic salt.


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Introdução

A base para a criação de bovinos de corte no Brasil são as pastagens em função do nosso
país apresentar clima favorável e abundância territorial (FIGUEIREDO et al., 2007, p.1444), com a
produção concentrada em sistemas extensivos e, portanto, dependente das condições climáticas e
ambientais que contribuirão na produção de forragem (SILVA et al., 2014, p.3483). Essa informação
está de acordo com Koscheck et al. (2011, p.377), os quais afirmaram que a maior parte dos
animais abatidos no Brasil são produzidos em sistema de pastejo.

Por outro lado, as pastagens apresentam sazonalidade de produção, além de deficiências


nutricionais em determinadas épocas do ano, com excesso de produção na época das águas e
escassez na seca. Além disso, no período do inverno a forragem perde qualidade nutricional,
afetando diretamente o aproveitamento da dieta pelos animais (HOFFMANN et al., 2014, p.123).
Segundo Costa et al. (2005, p.191), na época da seca ocorre aumento no teor de fibra indigerível e
queda nos níveis de proteína bruta, cujos valores se tornam inferiores a 7%. Segundo Medeiros;
Marino (2015, p.40), as exigências mínimas de proteína bruta na dieta dos bovinos é de 7% e,
valores inferiores a esse não atendem as exigências mínimas de mantença dos animais, o que
culminaria com a perda de peso dos mesmos. Isso se deve ao fato de que forragens com teores
baixos em proteína prejudicam o consumo de matéria seca e os animais acabam sofrendo carências
múltiplas (HOFFMANN et al., 2014, p.123), uma vez que o consumo real de matéria seca pelo
animal acaba sendo menor do que o consumo exigido para atender as suas necessidades
(KOSCHECK et al., 2011, p.379).

Castro et al. (2014, p.1), afirmam que o maior problema do período da seca é o baixo
desempenho dos bovinos em pastejo, que acaba causando um grande transtorno para os pecuaristas,
devido a perda de peso dos animais, que leva a diminuição da rentabilidade do negócio. Para
minimizar esse problema é fundamental a adoção de tecnologias que otimizem o desempenho
animal, garantindo, com isso, a conquista do mercado de forma sustentável e competitiva
(FIGUEIREDO et al., 2007, p.1444).

Se não forem adotadas medidas de manejo para compensar a queda da produção forrageira
no período da seca o resultado será um decréscimo no desempenho animal, com consequente
aumento na idade de abate, queda na taxa de desfrute do rebanho e na lucratividade final da
propriedade, além do comprometimento da qualidade das carcaças produzidas (SOUZA, 2008, p.1).

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A suplementação a pasto pode amenizar possíveis fases negativas gerando um


desenvolvimento linear crescente dos animais. A suplementação no período da seca tem por
objetivo adequar os baixos níveis de proteína presentes nas pastagens, melhorando a eficiência de
degradação da fração fibrosa, e o consumo de matéria seca da forragem, elevando o desempenho
animal (REIS et al., 2009, p.151).

Detmann et al. (2004, p.173-174), afirmam que a suplementação irá propiciar aumento no
consumo de forragem, gerando maior disponibilidade de energia dietética e, consequentemente, no
desempenho animal. Isso se deve ao fato de que a suplementação aumenta a taxa de degradação
ruminal e a síntese de proteína microbiana, resultando em maior aporte de nutrientes para o
intestino e de ácidos graxos voláteis para o metabolismo energético.

Patino; Medeiros (2003, p.1), citam que, se corretamente utilizada, a suplementação proteica
pode gerar em torno de 15 a 45% de aumento no consumo de matéria seca e 2 a 5 % na
digestibilidade, propiciando ganhos de peso diário de 200 a 300 gramas por animal. Silva et al.
(2014, p.3486) complementam que a suplementação pode, também, ser utilizada para a mantença,
evitando a perda de peso e de escore corporal dos animais.

Segundo Moreira et al. (2008, p.204), vários trabalhos confirmam este melhor desempenho
animal com uso de suplementação proteica a pasto, enquanto outros não verificaram efeito positivo
sobre o desempenho animal. Isso pode ser justificado devido ao uso de diferentes forragens, épocas
do ano, níveis de consumo de suplemento ou categoria animal.

Para ser recomendado efetivamente, a suplementação alimentar de bovinos mantidos em


sistema de pastejo deve, antes de qualquer coisa, tornar a exploração mais lucrativa, além de
apresentar algumas vantagens produtivas, tais como, redução no tempo necessário para a
terminação dos animais para o abate, aumento na taxa de lotação, desocupação de áreas para
entradas de animais mais jovens, e normalmente mais eficientes, aumento de taxa de desfrute e
planejamento para venda em momentos mais oportunos, estão entre as de maior impacto
(HOFFMANN et al., 2014, p.124).

A eficácia da suplementação depende da disponibilidade de oferta de forragem, para que não


haja limitação no consumo. Quando da disponibilidade de forragem uma das opções para
suplementação de animais mantidos em sistema de pastejo, no período da seca, é o uso de sal
mineral proteinado. Vários estudos já demostraram que tal prática apresenta viabilidade técnica, no

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

entanto ocorrem questionamentos em relação a sua viabilidade econômica devido ao acréscimo de


custos relacionados à adoção desta tecnologia (PILAU; ROCHA; SANTOS, 2003, p.967).

Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho e a viabilidade


econômica de bovinos machos não-castrados, na fase de terminação, suplementados com sal
mineral proteinado durante o período da seca na região noroeste paulista.

Material e Métodos

Este trabalho foi desenvolvido na Fazenda São Jorge, localizada no Município de


Macedônia, Estado de São Paulo, no período de junho a setembro de 2015, totalizando 122 dias de
período experimental.
A pastagem utilizada durante a fase experimental era formada de braquiarão (Brachiaria
brizantha cv. Marandu), utilizada em sistema extensivo, com área de 11,6 ha. A pastagem havia sido
formada a cerca de 10 anos e apresentava boa cobertura do solo e prévio ao início do experimento a
mesma estava vedada a aproximadamente 30 dias.
Foram retiradas amostras da área de pastejo, no início e término do período experimental,
para estimar a disponibilidade de matéria seca para os animais, utilizando-se a técnica de
amostragem direta, conforme metodologia proposta por Salman; Soares; Canesin (2006, p.2-3).
Foram utilizados 37 bovinos machos mestiços, inteiros, com idade média de 30 meses e
peso médio de 408 kg. Os bovinos foram identificados individualmente com uso de brinco
numerado e alocados na pastagem, perfazendo uma taxa de lotação de aproximadamente 2,9 UA ha 1
(Unidade Animal por hectare). A área de pastejo continha cocho para suplementação mineral, cocho
para suplementação proteico-energética, bebedouro e área de sombreamento natural, respeitando as
condições de bem estar dos animais. O fornecimento de água e suplemento mineral permitiam
consumo ad libitum.
Na véspera da entrada dos animais na área experimental os mesmos foram desverminados
com uso de solução injetável a base de Doramectin 1%, administrado por via subcutânea e
aplicação tópica (pour-on) de carrapaticida a base de cipermetrina, clorpirifós, butóxido de
piperonila e citronelal, ambos utilizados segundo dose recomendada pelo fabricante. Os animais
permaneceram fechados no curral, recebendo água e suplementação volumosa, com o objetivo de
evitar a contaminação da pastagem experimental com ovos de parasitas, sendo liberados no dia
subsequente a aplicação do vermífugo.

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Os animais foram suplementados com uso de um suplemento protéico-energético, misturado


na própria propriedade, cuja composição e valor bromatológico são expressos na Tabela 1.
Foi realizada adaptação dos animais a suplementação como medida preventiva de
intoxicações, por um período de 23 dias. A adaptação foi realizada adicionando maiores quantidades
de cloreto de sódio (sal comum) ao suplemento, a qual foi sendo reduzida gradativamente, no
referido período, conforme recomendação de Gomes et al. (2015). Inicialmente adicionou-se 50%
de cloreto de sódio a mistura, sendo que ao término do período adaptativo a quantidade de cloreto
de sódio era de 13,5% do suplemento. A adição do cloreto de sódio tinha por objetivo limitar o
consumo do suplemento na fase de adaptação.
Após o período de adaptação o suplemento foi oferecido ad libitum, com reposições diárias,
sempre que se fizesse necessário. O consumo do suplemento foi quantificado semanalmente com
base nos dados de pesagem da quantidade colocada e das possíveis sobras.

Tabela 1: Composição percentual e valor nutricional do suplemento utilizado durante a fase


experimental

Ingrediente Proporção (%MS)


Milho moído 42,9
Calcário 2,7
Ureia 9,7
Sal Mineral 10,5
Farelo de Algodão 38%PB 9,8
Farelo de Soja 46%PB 9,8
Sulfato de amônia 1,1
Cloreto de Sódio (NaCl) 13,5
Níveis Nutricionais
Macrominerais Unidade
Cálcio % 3,61
Fósforo % 2,11
Magnésio % 0,15
Sódio % 5,35
Enxofre % 0,64
Microminerais
Cobalto Ppm 10,84
Cobre Ppm 135,57
Manganês Ppm 216,91
Selênio Ppm 1,63
Zinco Ppm 571,52
NDT % 52,06
Proteína Bruta % 41,49

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Mensalmente foram realizadas pesagens nos animais após os mesmos terem sido submetidos
a um jejum sólido de 12 horas, utilizando balança eletrônica com capacidade de 3.000 kg e precisão
de 500 g.
No terceiro mês experimental foi realizada vacinação contra clostridiose, com uso de vacina
polivalente, em todos os animais, em função da ocorrência de um caso suspeito de botulismo em um
animal que permanecia em pasto adjacente aquele que estava sendo utilizado experimentalmente,
com reforço da vacina 30 dias após a primeira aplicação. Esse protocolo foi utilizado em função de
desconhecer o histórico sanitário dos animais experimentais, optando pelo reforço da vacina.
Para determinação do custo de produção foram calculados os gastos com os cuidados
sanitários do rebanho (vermífugos e vacinas), brincos para identificação, combustível, mão de obra
e o suplemento propriamente dito. Não foi levado em consideração o custo oportunidade e a
depreciação da pastagem pelo fato dela já ter sido formada a mais de 10 anos.
Foram obtidos, diariamente, os dados meteorológicos do município de Macedônia/SP,
através de informações retiradas do site Climatempo (https://www.climatempo.com.br/previsao-do-
tempo/cidade/2380/ macedonia-sp). A partir dessas informações calcularam-se as temperaturas
médias de cada mês do período experimental, bem como o total mensal da precipitação
pluviométrica.
Os parâmetros avaliados foram ganho de peso e custo de produção dos bovinos. Foram
realizadas comparações entre o ganho de peso médio mensal para o período experimental utilizando
Delineamento Inteiramente Casualizado, através do Software Assistat 7.7 (SILVA, 2016).

Resultados e Discussão

Os dados referentes a precipitação pluviométrica e temperatura média durante a fase


experimental são apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1: Temperaturas mínima, média e máxima e índice de precipitação pluviométrica obtidos,


durante a fase experimental, no Município de Macedônia/SP segundo dados obtidos no site
Climatempo

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

As temperaturas médias oscilaram entre 21,5oC e 28,0oC, respectivamente nos meses de


junho e setembro de 2015. Essas temperaturas seriam suficientes para promover o crescimento da
Brachiaria brizantha cv. Marandu, cuja temperatura mínima requerida é de 15oC (SHERMAN;
RIVEROS, citado por SANTOS et al., 2008, p.628), porém o que se verificou é que ao longo do
período experimental ocorreu uma redução na quantidade de forragem disponível para consumo,
que passou de 6.620 kg MS ha-1 para 2510 kg MS ha-1.

Esse resultado era esperado, comprovando que o crescimento de gramíneas forrageiras


tropicais depende, além da temperatura, de outros fatores ambientais, tais como a radiação solar e o
regime hídrico para expressar seu crescimento. Segundo Pedro Junior (1995, p.430), a maior
limitação ao crescimento da forrageira na região Noroeste do Estado de São Paulo é o regime
hídrico, tendo menor influência a radiação solar. Esse resultado difere parcialmente daquele obtido
neste experimento, uma vez que em setembro se verificou aumento nos índices pluviométricos, que
chegaram a 96,5 mm de chuva, contra 5,8 mm registrados no mês de agosto e a produção de matéria
seca continuou em declínio, evidenciando a necessidade de aumento também na radiação solar.
O consumo de suplemento estimado por animal dia, durante a fase experimental, é
apresentado no Gráfico 2.

Gráfico 2: Consumo estimado de suplemento (g animal -1 dia-1) para os animais ao longo do período
experimental

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

O consumo médio de suplemento obtido, respectivamente para os meses de junho a


setembro, foi de 320g, 495g, 511g e 396g. Em relação ao peso corporal o consumo de junho
equivaleu a 0,08%, enquanto que julho e agosto 0,12% e setembro 0,09%.
Segundo Andrade et al. (2015, p.99), a oferta de suplementos no período da seca em
quantidades abaixo de 0,5% do peso corporal não é suficiente em promover ganhos de peso
satisfatórios. Isso foi confirmado neste experimento, onde o ganho médio de peso obtido foi 25,78
kg por animal durante toda a fase experimental, o que resultou em baixo ganho de peso diário,
conforme pode ser verificado na Tabela 2.

Tabela 2: Ganho médio de peso (g dia-1) obtido para os bovinos durante a fase experimental
Mês Ganho de peso (g/animal/dia)
Junho 480a*
Julho 150b
Agosto 120b
Setembro 112b
CV (%) 22,69
* Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade

A suplementação propiciou ganho de peso durante toda a fase experimental, porém, se


verificou que o ganho de peso médio diário obtido no mês de junho foi maior (P<0,05) em relação
aos demais meses experimentais, com superioridade média de 282,9% (variação entre 220 a
328,6%). Essa variação pode ter ocorrido em função da redução na quantidade de matéria seca de
forragem disponível, que foi da ordem de 62%, quando comparado a produção inicial com a final,
passando de 6.620 kg MS ha-1 para 2510 kg MS ha-1, respectivamente para os meses de junho e
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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

setembro de 2015. Essa diferença pode ser explicada, conforme relatado por Knorr et al. (2005,
p.785), pelo consumo constante de pastagem e pelo aumento da carga animal, no período de
avaliação, associados a um período de latência no crescimento da pastagem.
No trabalho desenvolvido por Knorr et al. (2005, p.786), também ocorreu redução na
produção de matéria seca durante o período de inverno, em áreas de pastagens nativas no Rio
Grande do Sul, porém a diminuição foi da ordem de 42,4%. Essa diferença pode estar associada a
maior taxa de lotação utilizada neste experimento em relação ao do referido autor (2,9 UA ha -1 x
0,62 UA ha-1), o que acabou levando a maior consumo pelos animais e, consequentemente, redução
na oferta de matéria seca por se tratar de uma época de baixo crescimento forrageiro em função das
condições climáticas do local. Esses resultados também são corroborados por Reis et al. (2009,
p.147), os quais afirmam que o consumo de forragem parece ser o fator que mais explica as
variações no desempenho animal em relação a qualidade da forragem.
Considerando o ganho de peso médio diário durante a fase experimental, o qual foi da
ordem de 215,5 g por animal, verifica-se que esse resultado está dentro da faixa de ganho de peso
relatada por diversos autores quando do uso de suplementos proteicos para bovinos na época da
seca, onde são relatados ganhos menores (MOREIRA et al., 2003, p.452; FIGUEIREDO et al.,
2007, p.1445) e maiores (DETMANN et al., 2004, p.173; MOREIRA et al., 2008, p.203; BARONI
et al., 2010, p.179) ANDRADE et al., 2015, p.96; BACHLER; BECKER; UNDI, 2017, p.7) aquele
obtido neste experimento. Essa variação do ganho de peso dos animais recebendo suplemento na
época da seca se dá em função da composição do suplemento, nível de consumo, valor nutricional
da planta forrageira e genética dos animais, não sendo possível estabelecer comparações efetivas.
Os componentes dos custos totais obtidos com a suplementação e cuidados sanitários dos
animais experimentais são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Custos obtidos com a suplementação dos bovinos durante o período experimental
Itens Junho Julho Agosto Setembro Total
Suplemento 511,95 658,30 653,98 568,50 2.392,73
Brincos 81,40 ------- ------- ------- 81,40
Vermífugo 111,00 ------- ------- 111,00 222,00
Carrapaticida 6,29 ------- ------- 24,05 30,34
Vacina -------- ------- 54,00 50,00 104,00
Mão de obra 213,20 213,20 341,12 213,20 980,72
Combustível 191,94 191,94 191,94 191,94 767,76
Total 1.115,78 1.063,44 1.241,04 1.158,69 4.578,95

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Conforme apresentado na Tabela 3, o custo total para a suplementação dos 37 bovinos foi de
R$4.578,95, dando um custo médio de aproximadamente R$123,76 por animal. O componente que
mais influenciou o custo de produção dos bovinos foi o suplemento, responsável por 52,25% dos
gastos envolvidos na produção desses animais. Normalmente os gastos com os
suplementos/alimentos são aqueles que mais pesam no custo final de produção, semelhante ao
ocorrido neste experimento, e, de acordo com outros autores, como Souza e Melz (2014, p.104),
que avaliando o custo de produção de bovinos de corte concluíram que os gastos com alimentação
oneram mais a atividade em relação a outros gastos, como vacinas, medicamentos, entre outros.
Considerando apenas os gastos com o suplemento utilizado, o valor obtido neste
experimento foi de aproximadamente R$0,53 animal -1 dia-1, valor semelhante ao obtido por
Carvalho et al. (2009, p.770), quando do uso de suplemento para bovinos na época da seca com uso
de milho e ureia. Por outro lado foi inferior ao obtido por Quadros et al. (2016, p.470), os quais
gastaram R$0,66 animal-1 dia-1, com uso de suplemento contendo 10% de ureia, com composição
nutricional próxima aquele deste experimento.
O ganho de peso médio obtido neste trabalho, que foi de 25,78 kg animal-1, se transformado
em equivalente carcaça, equivale o valor de 0,859 arrobas, considerando rendimento de carcaça da
ordem de 50%. Desse modo, o custo para produção de uma arroba de carcaça neste experimento
seria estimado em R$144,07. Segundo consulta realizada no site do CEPEA (2016), o valor médio
da arroba do boi comercializada em outubro de 2015 foi de R$147,51. Caso os animais fossem
comercializados nesse período, o lucro obtido seria de R$3,44 animal-1, perfazendo um lucro total
de R$127,28, o que não seria vantajoso economicamente para o produtor. Por outro lado, a
suplementação permitiu aos animais passar o período seco do ano mantidos em sistema de pastejo
sem perdas de peso, resultado que corrobora com aquele obtido por Quadros et al. (2016, p.469),
que citou que o sal proteinado beneficiou o gado, evitando a diminuição do peso corporal durante o
período da seca, levando os animais a reduzirem a idade de abate num período subsequente a seca.
Segundo Quadros et al. (2016, p.469), a manutenção de animais em sistema de pastejo na
época da seca, sem suplementação, propicia perdas de peso de, no mínimo, 0,1 kg animal -1 dia-1.
Nesse sentido, caso não tivesse sido realizada a suplementação proteica/energética dos animais
deste experimento é bem provável que os mesmos perdessem peso, da ordem de 12,3 kg. Assim, ao
término do período experimental o peso médio dos bovinos seria de aproximadamente 395,7 kg,
contra os 433,78 kg obtidos. A recuperação desse peso levaria, pelo menos, 48 dias, se considerar
que no período das águas o ganho de peso pode atingir até 0,800 kg animal -1 dia-1 (KNORR et al.,
2005, p.787).

15
Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

A suplementação proteico/energética na seca não deve ser realizada unicamente com o


intuito de ganhar peso, mas com um contexto mais abrangente, pensando na cadeia produtiva como
um todo, uma vez que, conforme Lima et al. (2012, p. 950), animais suplementados são mais
precoces, reduzindo o tempo e o custo de permanência na propriedade, o que antecipa a liberação da
área para entrada de nova categoria animal e aumenta o giro de capital.
Considerando-se a necessidade atual de se optar por uma pecuária moderna e com ciclos
mais curtos, a suplementação, ao aumentar a média da taxa de ganho diário anual, traz outro
benefício importante à pecuária, que é a redução do tempo de abate, que, por sua vez, entre outras
vantagens, proporciona o maior retorno econômico e a obtenção de carcaças de melhor qualidade
(QUADROS et al., 2016, p.469).
Segundo Figueiredo et al. (2007, p.1444), a tecnologia da suplementação permite corrigir
dietas desequilibradas, aumentar a eficiência de conversão das pastagens, melhorar o ganho de peso
dos animais, encurtar os ciclos reprodutivos, de crescimento e engorda dos bovinos e aumentar a
capacidade de suporte dos sistemas produtivos, justificando, desse modo, seu uso.

Conclusão

A suplementação com mistura proteico/energética para bovinos de corte em pastejo, no


período da seca, propiciou ganho de peso, mesmo ocorrendo diminuição da disponibilidade de
forragem.
Apesar de pequena margem de lucro, a grande vantagem econômica que se obteve foi evitar
a perda de peso, permitindo realizar a terminação dos animais de maneira mais precoce.

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Submissão: 18/04/2018
Aceito: 03/05/2018

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Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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Especificidade de Disonycha glabrata (Coleoptera: Chrysomelidae) em


plantas de caruru e genótipos de batata-doce
Specificity of Disonycha glabrata (Coleoptera: Chrysomelidae) in
caruru and sweet potato genotypes

Mychelle Pires Barbosa1, Elias Correa de Freitas Neto1, Alexandre IA Pereira*1, Carmen RS
Curvêlo1, Gilberto S Andrade2, Luiz Leonardo Ferreira3

1
Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí. Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, CEP 75.790-000,
Urutaí, GO, Brasil. * Corresponding author: Alexandre IA Pereira. E-mail: aiapereira@yahoo.com.br
2
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco, Via do Conhecimento, Km 1, CEP
85.503-390, Pato Branco, PR, Brasil.
3
Centro Universitário de Mineiros, Rua 22, Setor Aeroporto, UNIFIMES, CEP 75.830-000, Mineiros, GO,
Brasil.
________________________________________________________________________________
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo testar a preferência alimentar de Disonycha glabrata (Fabr.)
(Coleoptera: Chrysomelidae) entre plantas de caruru-roxo e diferentes genótipos de batata-doce, em
condições de campo e laboratório. Disonycha glabrata demonstrou especificidade ao caruru-roxo em testes
com escolha, ganhou peso com essa dieta em testes sem escolha e foi considerado, sob condições de campo,
de presença constante nesse hospedeiro em comparação com os dez genótipos de batata-doce avaliados. Os
resultados apontam que esse crisomelídeo pode vir a ser um futuro candidato em programas de controle
biológico do caruru-roxo em plantios de batata-doce, porém, mais pesquisas devem ser conduzidas para
avaliar o real potencial desse inseto como agente de controle biológico de ervas daninhas.

Palavras-chave: Herbivoria, Dieta, Preferência.

Abstract
This study aimed to test the feeding preference of Disonycha glabrata (Fabr.) (Coleoptera: Chrysomelidae)
between amaranth plants and different genotypes of sweet potato in field and laboratory. Disonycha glabrata
demonstrated specificity to the amaranth plant in multiple-choice tests, gained weight with this diet in non-
choice tests and it was found, under field conditions, constantly on this weed host compared with the ten
genotypes of sweet potato evaluated. The results indicate that this chrysomelid might be a future candidate
for biological control programs of amaranth plants, although further research should be conducted to assess
the real potential of this insect as a biological control agent of weeds.

Keywords: Herbivory, Diet, Preference.


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Introdução

No mundo, existem cerca de 60 espécies de plantas do gênero Amaranthus (Amaranthaceae)


(popularmente conhecidas como carurus) e, aproximadamente, 10 destas têm importância como
plantas daninhas (Kissmann & Groth, 2006). A grande produção de massa fresca, alto potencial
germinativo e o rápido crescimento são características inerentes ao gênero Amaranthus
classificando-o como um grupo de plantas invasoras de difícil controle.
O principal método de controle de plantas daninhas, atualmente, é o químico por meio de
aplicação de herbicidas de pré ou pós-emergência (Guo & Al-Khatib, 2006) o que aumenta a
presença de xenobióticos no meio ambiente e o risco de contaminação em diversos compartimentos
ambientais como água, solo e ar. Dessa forma, esforços devem ser realizados para descobrir, testar e
aplicar biotecnologias potencialmente capazes de manter os invasores sob níveis reduzidos, tanto na
agricultura e pecuária como em ambientes naturais.
Além de sua ampla distribuição e fácil manipulação, os insetos vêm sendo testados quanto à
sua aplicabilidade em programas de controle biológico de plantas daninhas exóticas e nativas,
principalmente, pelo seu reconhecido grau de especificidade hospedeira. O controle biológico de
plantas com insetos é uma alternativa mais duradoura que outros métodos de controle e que
preenche vários requisitos, como ambientais e econômicos (Vitorino & Pedrosa-Macedo 2007).
Besouros da família Chrysomelidae possuem potencial como agentes de controle biológico
de plantas daninhas (Caxamba & Almeida, 2007). Segundo esses autores, além de apresentarem
determinada especificidade alimentar, os crisomelídeos produzem diversos tipos de danos às suas
plantas daninhas hospedeiras como abertura de orifícios e entradas para fungos e outros patógenos
no tecido vegetal e redução de área fotossintética, o que provoca por conseqüência estresse e
diminuição da produção. O gênero Disonycha (Coleoptera: Chrysomelidae: Alticinae), de origem
Neotropical, possui relação de herbivoria com diversas espécies de Amaranthus (Tisler, 2000).
Porém, poucos estudos relacionam o grau de especificidade desses herbívoros em sistemas agrícolas
onde o caruru é considerado planta daninha.
Em plantios de batata-doce, Ipomoea batatas L. (Convolvulaceae), o caruru pode interferir
de forma negativa no desenvolvimento dessa hortaliça, principalmente entre os 45 a 60 dias após o
plantio. Após esse período, as plantas de batata-doce passam a cobrir superficialmente o solo o que
impede o crescimento de competidoras. Dessa forma, a janela temporal de coexistência entre o
caruru e a batata-doce é crucial ao seu desenvolvimento, o que exige a investigação de medidas de

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controle eficientes e menos poluidoras ao meio ambiente. Segundo Vitorino & Pedrosa-Macedo
(2007) a investigação da especificidade ao hospedeiro é uma das operações mais cruciais em
projetos de controle biológico de plantas indesejáveis.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo testar o grau de preferência alimentar
de Disonycha glabrata entre plantas de caruru-roxo e diferentes genótipos de batata-doce, em
condições de campo e laboratório.

Material e Métodos

Local de execução da pesquisa

O experimento foi conduzido no laboratório de Entomologia e na área de produção de


hortaliças do Instituto Federal Goiano (IF Goiano), Campus Urutaí, Urutaí (GO), cujas coordenadas
geográficas são 17º29’10” S de latitude e 48º12’38” O de longitude a 697m de altitude. O clima da
região é classificado como tropical de altitude com inverno seco e verão chuvoso, do tipo Cwb pela
classificação de Köppen. A temperatura média anual é de 23ºC no período de setembro a outubro,
podendo chegar até a máxima de 30ºC e, entre os meses de junho e julho, com mínima inferior a
15ºC. A precipitação média anual é de 1000 a 1500 mm, com umidade relativa média do ar de 60%.

Experimentos

Dez genótipos de batata-doce, com diferentes teores de carotenóides, oriundos do CNPH


(Centro Nacional de Pesquisas de Hortaliças) da Embrapa, Gama (DF), foram plantados, em uma
área útil de 600m2, através de ramas-semente com seis a oito entrenós (cerca de 30 cm) que foram
retiradas das partes mais novas dos caules originais. Os genótipos de batata-doce utilizados
diferenciam-se entre si, também, pela cor da casca, cor da polpa e morfologia foliar. Esses materiais
são provenientes do programa Biofort (programa de biofortificação brasileiro) que está ligado ao
HaverstPlus e AgroSalud, dois programas internacionais de biofortificação de alimentos. Na Tabela
1 encontram-se as principais características de diferenciação visual entre os materiais testados. As
folhas de A. hybridus foram provenientes de plantas sadias mantidas no entorno da área plantada
com batata-doce e, também, entre os dois blocos plantados com batata-doce.
O delineamento utilizado no experimento foi de blocos casualizados com duas repetições e
cinco leiras, para cada genótipo, de quatro metros de comprimento cada e um metro entre cada

21
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parcela. O espaçamento entre leiras utilizado foi de 80 cm e 33 cm entre plantas (aproximadamente


três plantas por metro linear). Os adultos de D. glabrata foram coletados por varredura aos 112
DAT (dias após o transplantio) da batata-doce e em plantas de caruru dispostas na bordadura e entre
os blocos onde o plantio dos dez materiais de batata-doce foram instalados. A coleta de adultos,
realizada através de aspiradores entomológicos, durou duas horas ao longo da área de 600m 2 e a
partir das 15 horas (horário onde foi observada a maior presença do crisomelídeo ao longo do dia).
Todos os indivíduos de D. glabrata coletados vivos foram trazidos ao laboratório de Entomologia
do IF Goiano, Campus Urutaí, e mantidos isoladamente em placas de Petri (9 cm de diâmetro) sem
alimentação por um intervalo de 24 horas até o início dos testes de preferência alimentar.

Tabela 1. Características dos 10 genótipos de batata-doce, Ipomoea batatas L. (Convolvulaceae),


utilizados no plantio e para os testes com e sem escolha. Urutaí, Instituto Federal Goiano, Campus
Urutaí, 2011.

Genótipos Coloração Formato (folha madura)


Película(casca) Polpa Geral Tipo de Lóbulo
lóbulos central
1304 Roxa avermelhada Laranja escuro Triangular Muito suave Dentado
1195 Rosada Laranja intermediário Lanceolada Profundo Lanceolado
1205 Roxa avermelhada Laranja intermediário Lobulada Suave Triangular
1190 Roxa avermelhada Branca Triangular Muito suave Dentado
1210 Creme Laranja escuro Cordiforme Muito suave Dentado
1362 Rosada Laranja escuro Cordiforme Muito suave Dentado
1206 Creme Branca Lanceolada Profundo Lanceolado
1338 Roxa escura Laranja escuro Cordiforme Muito suave Dentado
1310 Rosada Laranja escuro Triangular Suave Dentado
1340 Roxa avermelhada Laranja escuro Triangular Muito suave Dentado

O índice de constância de D. glabrata em plantas de caruru e nos diferentes genótipos de


batata-doce foi determinado pela fórmula C= P x 100/N, onde C= índice de constância; P= número
total de coletas realizadas e N= número total de insetos coletados. Dessa forma, a espécie de
herbívoro em questão foi classificada de acordo com metodologia proposta por Bodenheimer
(1955): constante (presente em mais de 50% das coletas), acessória (presente em 25 a 50% das
coletas) ou acidental (presente em menos de 25% das coletas).
Folhas frescas de cada genótipo de batata-doce aos 112 DAT e do caruru-roxo foram
retiradas do campo no final do dia, com seus pecíolos embebidos em água, dentro de copos
descartáveis de 200ml para manter a turgescência das folhas até o laboratório. Discos de tecido

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

foliar oriundos da batata-doce foram extraídos das folhas trazidas tenras e sem danos prévios ao
laboratório, com o auxílio de um vazador metálico de 25mm de diâmetro e colocados alternados em
placas de Petri (16cm de diâmetro) sobre papel filtro umedecido para manter a turgidez do vegetal.
Dez discos pertencentes aos materiais de batata-doce e um disco relativo ao caruru foram
acondicionados por placa, totalizando 11 discos por placa, mais um inseto adulto, representando
uma unidade experimental para os testes com escolha. Os tratamentos seguiram a sequência:
Tratamento 1 (caruru-roxo), T2 (genótipo 1304 de batata-doce), T3 (genótipo 1195), T4 (1205), T5
(1190), T6 (1210), T7 (1362), T8 (1206), T9 (1338), T10 (1310) e T11 (1340).
Adultos de D. glabrata coletados em campo e sem distinção sexual foram liberados
individualmente no centro de cada placa de Petri. Cada material vegetal constituiu um tratamento
experimental e foi distribuído de forma inteiramente casualizada dentro da placa de Petri. Cada
conjunto de placas, com todos os tratamentos, dispostos ao acaso, foi colocado em uma bandeja. As
bandejas foram mantidas em B.O.D. regulada a 25±1ºC, 70±10% de umidade relativa e fotofase de
12h.
Para os testes de múltipla escolha, a preferência alimentar de D. glabrata foi quantificada
em função dos sintomas de alimentação (furos nas folhas) nos diferentes materiais testados. No
ensaio sem chance de escolha, 50 discos de cada tratamento (conforme descrito no ensaio anterior)
foram cortados de plantas de batata-doce aos 112 DAT e dispostos individualmente em placas de
Petri (9 cm de diâmetro). Um adulto do crisomelídeo, submetido a jejum por 24h, foi
disponibilizado em cada placa e ali mantidos por 96 h ou até sua morte. As folhas foram
substituídas diariamente, mantendo-se a integridade de cada tratamento. O ganho de peso dos
adultos para o intervalo de 96 horas e o seu peso corpóreo médio foram quantificados.

Análise estatística

Os dados referentes ao ganho de peso e peso corpóreo médio de todos os ensaios foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível
de 5% de probabilidade. Os resultados do teste de escolha foram avaliados pela análise de variância
não-paramétrica com o teste de Kruskal-Wallis (P<0,05) para comparação entre médias através do
programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG) (Ribeiro Júnior 2001).

Resultados e Discussão

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Adultos de D. glabrata foram considerados como constantes em plantas de caruru (C=


93,80%) e acidentais nos dez materiais de batata-doce mantidos sob condições de campo (C<
6,20%). Além disso, a presença acidental desse inseto em plantas de batata-doce não
necessariamente indicou presença de danos nas plantas, por que outros insetos herbívoros que
provocam danos similares foram observados simultaneamente na ocasião da varredura, inclusive,
em maior abundância como Diabrotica speciosa Germar (Coleoptera: Chrysomelidae) e
Charidotella sp. (Chrysomelidae).
O caruru (Tratamento 1), com 75,00 ± 0,05% das escolhas, foi mais atrativo ao crisomelídeo
nos testes de múltipla escolha do que qualquer um dos dez genótipos de batata-doce disponíveis
(Figura 1). Entre os materiais de batata-doce avaliados, o 1304 (T2), 1205 (T4), 1210 (T6), 1206
(T8) e 1338 (T9) variaram o número total de escolhas pelo inseto em 4, 4, 4, 1 e 4%,
respectivamente. Segundo Heard (1997) o agente de controle biológico deve ser seguro para a
liberação em campo e alimentar-se apenas da planta alvo de controle. Dessa forma, o fato de se
observar sinais de alimentação de Disonycha glabrata em folhas de batata-doce já descartaria uma
possível utilização desse inseto como agente de controle biológico do caruru, pois, incorreria no
risco de disseminação de uma nova praga junto à plantações comerciais de batata-doce.

100
1,0

a
0,8
80
Total de escolhas (%)

0,6
60
0,2
20

b b b b

b
0,0
0
Caruru (1304) (1195) (1205) (1190) (1210) (1362) (1206) (1338) (1310) (1340)

Tratamentos

Figura 1. Preferência alimentar (%), através de teste de escolha, de adultos de Disonycha


glabrata(Coleoptera: Chrysomelidae) por Amaranthus hybridus (Amaranthaceae) (caruru) ou diferentes
genótipos de batata-doce. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si (P>0,05) (Teste de Kruskal-
Wallis).

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Porém, o resultado apresentado no teste de múltipla escolha deve ser analisado com cautela,
pois alguns insetos em condições de laboratório comumente ovipositam, alimentam e sobrevivem
em muitas plantas que normalmente não atacariam na natureza (Harris & Zwölfer 1968). Assim,
muitos insetos selecionados como agentes de biocontrole para as plantas daninhas, quando testados
em condições controladas, por meio de exposição a um grupo de plantas selecionadas, geralmente
são rejeitados para a liberação, sendo considerados inseguros por atacarem outras plantas nessas
condições, as quais não atacariam na natureza, constituindo num “falso positivo” segundo conceito
proposto por Wapshere (1989).
Os genótipos 1195 (T3), 1190 (T5), 1362 (T7), 1310 (T10) e 1340 (T11) não foram
escolhidos para alimentação em nenhuma oportunidade por adultos de D. glabrata nos testes de
múltipla escolha. Esse resultado indica que o tipo de resistência envolvido entre os materiais
estudados pode ter sido o de não-preferência.
Nos testes sem escolha, adultos de D. glabrata ganharam peso, apenas, quando alimentados
com folhas de caruru-roxo e não houve diferença significativa entre o peso corpóreo médio desses
insetos entre os diferentes tratamentos (Tabela 2). O peso corpóreo em insetos é um importante
indicativo de fecundidade (Wiedenmann & O´Neil 1990), sugerindo que a dieta caruru-roxo é capaz
de manter o fitness reprodutivo desse inseto em detrimento das diferentes variedades de batata-doce
avaliados. Todavia, mais pesquisas devem ser conduzidas para se observar a amplitude de
especificidade desse inseto, inclusive, em outras plantas de importância econômica e com
parentesco botânico mais próximo ao caruru.
Disonycha glabrata demonstrou especificidade ao caruru-roxo em testes de múltipla
escolha, ganhou peso com essa dieta e foi considerado, sob condições de campo, de presença
constante nesse hospedeiro em comparação com os dez genótipos de batata-doce avaliados. Tais
resultados indicam que esse crisomelídeo pode vir a ser um candidato ao controle biológico da erva
daninha em questão em plantios de batata-doce.

Tabela 2. Valores médios (±EP) do ganho de peso e peso corpóreo médio (em 96h) de Disonycha
glabrata (Coleoptera: Chrysomelidae) adultos submetidos a Amaranthus hybridus (Amaranthaceae)
(caruru) ou diferentes genótipos de batata-doce, Ipomoea batatas L. (Convolvulaceae).

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Tratamentos Ganho de peso Peso corpóreo


(genótipos de batata-doce) (mg/96 horas) (mg)
Caruru 0,94±1,10 a 16,31±0,75 a
(1304) -4,10±0,90 ab 14,64±0,73 a
(1195) -7,18±1,60 b 17,39±1,03 a
(1205) 0,00±3,00 a 15,94±0,24 a
(1190) -3,64±0,97 ab 15,52±1,28 a
(1210) -2,52±0,64 ab 15,29±1,31 a
(1362) -1,56±0,59 ab 15,47±0,59 a
(1206) -2,56±0,35 ab 14,86±0,65 a
(1338) -3,35±0,05 ab 17,50±0,28 a
(1310) -3,77±0,51 ab 14,69±1,35 a
(1340) -2,35±0,71 ab 14,90±1,19 a
F 3,87 0,798
P 0,001 >0,05
Médias seguidas pela mesma letra dentro de cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P= 0,05)
(Means followed by the same letter within each column do not differ by Tukey test (P = 0.05)).

Referências bibliográficas

BODENHEIMER, FS. Precis d'écologie animal. Paris, Payot, 1955, 315p.

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

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maculiventris (Heteroptera: Pentatomidae). The Canadian Entomologist, 122: 271-283, 1990.

Submissão: 19/04/2018
Aceito: 30/04/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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As certificações compulsórias de inspeção sanitária para produtos de


origem animal: valorização dos atributos de qualidade dos alimentos
The certificates compulsory health inspection of animal products:
development of food quality attributes
Silvia Cristina Vieira*1, Fabiana Liar Agudo2, Daniel de Sá Freire Lamarca3
*1
- Centro Universitário de Adamantina – Rua Nove de Julho, 730, Adamantina/SP, Brasil.
tinavieiragomes@hotmail.com.br
2
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Rua Othon Guedes Júnior, 175, Tupã/
SP, Brasil. fabiana.liar@ifsp.edu.br
3
- Universidade de São Paulo – Avenida Pádua Dias, 11, Piracicaba/SP, Brasil.
lamarca@tupa.unesp.br
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Resumo
Produzir e fornecer alimentos seguros são fatores que desafiam os diversos agentes envolvidos na cadeia de
suprimento alimentar, que possuem a árdua missão de garantir aos consumidores acesso a informações claras
e de fácil entendimento sobre a qualidade do produto, por meio de recursos apropriados, como os selos de
inspeção sanitária. Para os produtos de origem animal, os selos de inspeção sanitária refletem certificações
compulsórias e o objetivo deste ensaio consiste na identificação e descrição circunstanciada destes
distintivos, proveniente da tríade nas diferentes esferas: municipal, estadual e federal. Especificamente foram
identificados por meio de pesquisa qualitativa o Selo de Inspeção Municipal; o Selo de Inspeção do Estado
de São Paulo; o Selo de Inspeção Federal e o Selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem
Animal que está inserido no Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária. Ambos valorizam os
tributos de qualidade dos alimentos.

Palavras-chave: Segurança do alimento, Inspeção sanitária, Certificação, Selos, Qualidade.

Abstract
Produce and provide safe food are factors that challenge the various actors involved in the food supply chain,
that have the arduous task of ensuring consumers access to clear and easy understanding of product quality
through appropriate resources, as the seals sanitary inspection. For animal products, the sanitary inspection
stamps reflect compulsory certification and the purpose of this test is the identification and detailed
description of these badges, from the Triad in different spheres: municipal, state and federal. Specifically
identified through qualitative research the seal of Municipal Inspection; the State Inspection Stamp of São
Paulo; the Federal Inspection Seal and the Seal of the Brazilian System of Animal Products Inspection that is
inserted into the Unified System for the Agricultural Health. Both value the quality of food.

Keywords: Food safety, Sanitary inspection, Certification, Stamp, Quality.


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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Introdução

A questão da segurança dos alimentos é um requisito a ser observado, tendo em vista as


consequências danosas a que o consumidor está exposto, como possíveis enfermidades veiculadas
por alimentos, além dos prejuízos econômicos em que incorrem os estabelecimentos pela perda de
clientes para a concorrência. Vários episódios sanitários, fizeram com que os consumidores
alterassem radicalmente sua percepção sobre a segurança sanitária dos alimentos. A necessidade de
se obter informações mais claras a respeito de mecanismos organizacionais que garantam a
segurança dos alimentos justifica este resumo (VIEIRA, BUAINAIN; SPERS, 2010).
Diante deste cenário, observa-se a necessidade da identificação dos produtos alimentícios
por selos, distintivos ou insígnias que transmitam informação da valorização da qualidade destes
alimentos. Para os produtos de origem animal, os selos de inspeção sanitária refletem certificações
compulsórias e o objetivo deste ensaio consiste na identificação e descrição circunstanciada destes
selos, proveniente da tríade nas diferentes esferas: municipal, estadual e federal.
É direito dos consumidores terem acesso a alimentos que sejam seguros e adequados para
alimentação humana. Os hábitos alimentares têm passado por mudanças, reverberando no
desenvolvimento de novas técnicas de produção, preparação, controle e distribuição de alimentos
(CODEX ALIMENTARIUS, 2006). Tais controles, visam a promoção de soluções sanitárias e a
prevenção de doenças e danos provocados pelos alimentos à saúde humana e à economia.
Para Vaz (2006), as informações disponibilizadas por meio desses mecanismos de
rastreabilidade, dos selos de qualidade e da notoriedade da marca, servem para assegurar aos
consumidores, no ato de compra e no consumo dos alimentos, um padrão mínimo de qualidade, o
que reduz o grau de incerteza de um possível evento. Essa demanda gerou um grande número de
informações fundamentadas em legislações e normas de comércio, as quais são repassadas aos
consumidores, informando sobre a composição, as técnicas de produção e a origem dos alimentos.
Mesmo quando o consumidor está limitado em sua capacidade de avaliação dos fundamentos e da
pertinência dessas informações, o simples fato de a informação existir acaba gerando a sensação de
que existe um controle, decorrendo daí o sentimento de que o alimento é seguro.
Os consumidores vêm exigindo alimentos com maios índice de qualidade, e os selos de
inspeção sanitária apresentam-se como uma garantia para este mercado demandante, no tocante aos
produtos de origem animal. Tais selos não são excludentes e sim complementares para a
obrigatoriedade dos demais requisitos legais como a rotulagem adequada, seguindo os padrões da
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Material e Métodos

Com relação à abordagem, adotou-se metodologia qualitativa. Trata-se de uma pesquisa


descritiva e exploratória. Caracterizou-se como exploratória, pois tem por objetivo familiarizar-se
com o fenômeno, obtendo uma nova percepção do mesmo. E descritiva, por realizar narrativas das
situações e buscar descobrir as relações existentes entre os elementos que compõem a pesquisa.
Além disso, flexibiliza o planejamento para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos
do problema (CERVO; BERVIAN, 2003).

Para tanto, a revisão de literatura permitiu compreender que há uma amplitude no enfoque
da tecnologia com a qualidade dos alimentos tomando como base diretrizes que norteiam o assunto
nos princípios da segurança do alimento.

Resultados e Discussão

Aspectos antes pouco valorizados no consumo, como segurança do alimento, higiene,


qualidade e confiabilidade dos produtos, especialmente no setor de alimentos para consumo
humano, cada vez mais passaram a ser fatores de grande relevância para a tomada de decisão no
momento da compra. Hoje o consumidor está preocupado em saber de onde vem o alimento
consumido e como é produzido. E, sendo o consumidor final o objetivo último e primordial de
qualquer sistema produtivo, as mudanças pelas quais passam, afetam em maior ou menor escala,
todos os setores do sistema de qualidade alimentar (VIEIRA, 2004).
Embora a preocupação dos consumidores, a assimetria de informações é uma constante no
setor de alimentos no Brasil. Visando correção deste sistema, a valorização dos atributos de
qualidade, depende de comunicação e identificação dos produtos por meio de insígnias.
As insígnias distintivas além de atestarem a qualidade e identidade dos produtos de origem
animal, garantem rotulagem padronizada, dentro das bases legais da ANVISA e agrega valor ao
produto, baseado em Vieira et al., (2015) aspectos institucionais permeiam as legislações que
normatizam as certificações compulsórias de inspeção sanitária para produtos de origem animal
desde a criação do RIISPOA – Regulamento da inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal no ano de 1950, com última revisão em 2015.

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Segundo a Lei Federal, N° 1283, de 18 de Dezembro de 1950, Artigo 1º “É estabelecida à


obrigatoriedade da prévia fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário, de todos dos
produtos de origem animal, comestíveis e não comestíveis sejam ou não adicionados de produtos
vegetais, preparados, transformados, manipulados, recebidos, acondicionados, depositados e em
trânsito” (BRASIL, 1950, p. 1).
De acordo com a Lei Federal N° 7889, de 23 de Novembro de 1989, em seu Artigo. 1º “A
prévia inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, de que trata a Lei nº. 1.283, de
18 de dezembro de 1950, é da competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, nos termos do artigo 23, inciso II, da Constituição” (BRASIL, 1989, p. 1).
O SIM – Serviço de Inspeção Municipal da Estância Turística de Tupã foi formatado por
meio da Lei municipal nº 3.686 de 1º de julho de 1997, regulamentada pelo Decreto nº4. 729 de 20
de outubro de 1998 que possui a função de nortear a inspeção de produtos de origem animal
comercializados na delimitação geográfica de âmbito municipal (permite comercialização exclusiva
dentro do perímetro do município). Tal decreto definiu o brasão oficial da prefeitura municipal,
seguido pela sigla (SIM) e o número de registro do estabelecimento, como o selo oficial do serviço
de inspeção municipal da Estância Turística de Tupã (PM.TUPÃ, 1997).

Figura 1 - Brasão oficial da Prefeitura Municipal de Tupã estampa o selo do SIM. Fonte: PM Tupã (2016)

Já na legislação do SISP – Sistema de Inspeção do Estado de São Paulo norteia que produtos
provenientes de origem animal comercializados legalmente deverão ser identificados por um rótulo
quanto à sua origem e composição. O Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do
Estado de São Paulo (SISP) foi implantado em 1992 em decorrência da Lei Federal nº 7889 de
1989, através da Lei Estadual nº 8208 de 1992 e regulamentado pelo Decreto Estadual nº 36964 de
1994, estando estruturado na Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
(SAA), na Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), vinculado ao Grupo de Defesa Sanitária
Animal (GDSA) sendo designado Centro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (CIPOA). Na

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estrutura da CDA existem 40 (quarenta) Escritórios de Defesa Agropecuária (EDA) Regionais,


sendo que o SISP atende nas regionais e no nível central no CIPOA.

O SISP permite comercialização intraestadual dos produtos de origem animal (somente


dentro dos limites geográficos do estado de São Paulo) e seu selo de identificação pode ser
observado na Figura 2.

Figura 2 - Selo de inspeção que defini a Inspeção Estadual – SP. Fonte: CDA (2016)

Em complemento, o SIF – Serviço de Inspeção Federal possui o selo mais reconhecido pelos
consumidores entre todos os distintivos de inspeção sanitária para produtos de origem animal
(PEREIRA et al., 2015).

Por meio da Lei Federal nº 7889 de 1989, parâmetros foram delimitados e o distintivo do
SIF possui permeabilidade nacional. Permite comercialização dos produtos de origem animal
inspecionados por ele para todo o Brasil e os para produtos voltados à exportação.

Figura 3 – Selo de identificação do Serviço de Inspeção Federal. Fonte: MAPA (2016)

Ainda na esfera Federal, contamos com o SUASA – Sistema Unificado de Atenção à


Sanidade Agropecuária. O sistema foi criado por meio da Lei nº 9.712, de 20 de novembro de 1998,
atualmente regulamentado pelo Decreto n° 5.741, de 30/03/2006 que aprova o regulamento dos
artigos 27-A, 28-A E 29-A da Lei 8.171/1991 (MAPA, 2015).

O SUASA e os Sistemas Brasileiros de Inspeção de Produtos e Insumos, possui a


competência de abranger tanto a sanidade de produtos de origem animal, quanto vegetal e ainda
inspeciona insumos.

Dentro do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária está locado o SISBI –


Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal que está inserido no SUASA e
normatiza todos os produtos de origem animal. O Sistema unificado só é valido nos estados da

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

federação que são signatários ao programa. O estado de São Paulo ainda não é adepto deste tipo de
inspeção sanitária.

O SISBI permite ampla comercialização dos produtos de origem animal para todo o
território nacional e para exportação e ainda possui normas diferenciadas para os pequenos
produtores.

Figura 4 - Selo de inspeção SISBI – SUASA. Fonte: MAPA (2016)

Considerações Finais

Produzir e fornecer alimentos seguros são fatores que desafiam os diversos agentes
envolvidos na cadeia de suprimentos alimentar. O esforço de oferecer produtos inócuos para o
consumo humano, deve ser comunicado aos consumidores por meio de indicação visual (selos) de
inspeção sanitária que atestem a qualidade dos alimentos de origem animal. Tal identificação é
prevista na legislação, tratando-se de uma certificação compulsória que valoriza os atributos de
qualidade destes alimentos.

As certificações sanitárias estão presentes nas três esferas: municipal, estadual e federal e a
comercialização dos produtos inspecionados, ficam restritas as mesmas áreas de atuação do selo.

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PEREIRA, M. E. B. G.; VIEIRA, S. C.; MORANDI, L. U.; LOURENZANI, A. E. B. S.; MACHADO, J. G. C. F.


Agricultura familiar e o selo de identificação da participação da agricultura familiar (SIPAF): percepções do
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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

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VIEIRA, A.C. P.; BUAINAIN, A. M.; SPERS, E. E. A segurança do alimento e a necessidade da informação aos
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<https://www.metodista.br/revistas/revistasunimep/index.php/cd/article/download/189/392>. Acesso em 03 out. 2017.

VIEIRA, S. C.; LAMARCA, D. S. F.; BERNARDES, J. C.; FLOZI, C. N. B. Mel: estreito vínculo com as certificações
compulsórias de inspeção sanitária. Revista Omnia CPC, v.19, n.1, p.27. 2017.

Submissão: 24/04/2018
Aceito: 03/05/2018

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Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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Aplicação de fertilizantes foliares potássicos na produção


e qualidade de pêssego

Application of potassium foliar fertilizers in


peach production and quality

Igor Bertolini1, Marco Aurélio de Freitas Fogaça2, Lucas Dal Magro3


1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS – Bento Gonçalves, RS,
Brasil. igor-bertolini@hotmail.com
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS – Bento Gonçalves, RS,
Brasil. marco.fogaca@bento.ifrs.edu.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS – Porto Alegre, RS, Brasil.
lucas.dalmagro@yahoo.com.br
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Resumo

O trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de dois produtos à base de potássio aplicados via foliar sobre a
produção e qualidade de frutos da variedade Marli cultivada em Nova Pádua na Serra Gaúcha. Os
tratamentos utilizados foram: T1 (testemunha, pulverização com água), T2 (pulverização com Ubyfol K 50
+S) e T3 (pulverização com Amino Quelant - K). Em relação aos resultados, as adubações foliares potássicas
não influenciaram significativamente os parâmetros analisados, como sólidos solúveis, acidez, coloração,
firmeza da polpa, produtividade, tamanho e massa de frutos. Entretanto, obteve-se um efeito negativo sobre o
número de frutos por planta.

Palavras-chaves: Adução potássica, nutrição foliar, Amino Quelant K, Ubyfol K 50 + S, Prunus pérsica.

Abstract

The objective of this work was to evaluate the effect of two potassium products applied via leaf on the
production and quality of fruits of the Marli variety cultivated in Nova Pádua, Serra Gaúcha. The treatments
used were: T1 (control, spray with water), T2 (spray with Ubyfol K 50 + S) and T3 (spray with Amino
Quelant - K). Regarding the results, the potassic leaf fertilizations did not significantly influence the
analyzed parameters, such as soluble solids, acidity, color, pulp firmness, productivity, fruit size and mass.
However, a negative effect on the number of fruits per plant was obtained.

Keywords: Potassium fertilization, leaf nutrition, Amino quelant K, Ubyfol K 50 + S, Prunus persica.
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Introdução

O pessegueiro é uma frutífera de clima temperado nativo da China, sendo este o maior
produtor mundial. A região sul do Brasil, composta por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
apresenta as melhores condições de cultivo dessa fruta, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor
do país (MENEGOTTO, 2011).
Esta frutífera pertence à família Rosaceae, espécie Prunus persicas, que tem por
características bastante aroma e sabor. A fruta é rica em vitaminas A, C e do complexo B, contém
fósforo, magnésio, manganês, cobre, iodo e ferro. Apreciada tanto in natura, como em sucos, geleias
e bolos. O seu consumo no mundo é favorecido pelo sabor, aparência e valor econômico
(ROSSATO, 2009).
Dentre as diversas cultivares de pêssego plantado no sul do país, a cultivar Marli é uma das
mais importantes. Possui como características boa produtividade, atingindo cerca de 40 Kg/planta,
crescimento aberto e vigoroso, necessita de 300 horas de frio, apresentando floração tardia
comparado com a maioria das outras cultivares. Os frutos são de forma cônica, com sutura
desenvolvida e uma pequena ponta, a película do fruto é esverdeada com até 40 % de vermelho-
escuro, a polpa é semi-aderente possuindo coloração esverdeada com manchas rosadas e vermelha
ao redor do caroço. O fruto tem um calibre médio superior a 100 g, de sabor levemente
adstringente, o teor de sólidos solúveis totais varia entre 12 a 14° Brix (HOFFMANN et al., 2003).
O pêssego, por ser um produto perecível, é muito afetado pelas condições de manejo da
cultura, principalmente no momento da colheita, onde a qualidade da fruta é essencial para uma
sobrevida maior no armazenamento. No Brasil, a tecnologia de conservação do pêssego em câmara
fria não avançou muito quando comparado com a cultura da maçã, que pode ficar armazenada
durante vários meses, para o pêssego esse período varia de 7 a 40 dias. A temperatura de 0 °C
proporciona melhores condições de conversação e durabilidade, já temperaturas acima de 2 °C
apresenta rápido escurecimento e lanosidade (MITCHELL et al., 1974).
No período de armazenamento, as principais causas de perdas são distúrbios fisiológicos,
podridões e escurecimento da polpa, os quais são influenciados pelos teores de nutrientes que
compõe o fruto no momento da colheita (HOFFMANN et al., 2003). Por isso torna-se importante
aplicação de fertilizantes à base de potássio e cálcio para que a fruta saia da lavoura com níveis
adequados de nutrientes em seus tecidos.

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O potássio e o cálcio são essenciais para maior firmeza do fruto e maiores resistências as
doenças e pragas, estes elementos devem estar em equilíbrio no solo, pois, os dois nutrientes
competem pelos mesmos sítios de absorção, por isso excesso de um causa deficiência de outro,
sendo comprovado por Bernardi et al. (2000), onde testou adubação de nitrogênio, fósforo e
potássio (NPK) em mudas de citros cultivadas em vasos.
Na planta, o potássio é um dos mais importantes nutrientes, sendo responsável pela abertura
e fechamento dos estômatos, transporte do floema, osmorregulação, extensão celular, grande
mobilidade, equilíbrio de cátions e ânions e regula absorção de água (MORAES, 2006). É
absorvido na forma K+, possui funções essenciais no metabolismo vegetal, atuando como ativador
de diversas enzimas durante a fotossíntese e a respiração, síntese proteica, turgidez das células, além
de tornar as plantas mais tolerantes às secas, geadas, salinidade, doenças, pragas (TAIZ & ZEIGER,
2013).
Os principais adubos potássicos que são aplicados em coberturas são: cloreto de potássio (60
% K2O); sulfato de potássio (48 % K2O, 2 % de cloro, e 17 % de enxofre); nitrato de potássio (13%
NO3- e 46% K2O). Os produtos utilizados no experimento enquadram-se com sulfato de potássio
que possui rápida assimilação pela planta e alta solubilidade em água (BISSANI et al., 2004).
O potássio move-se das folhas para órgãos de armazenamento de reservas e crescimento,
essa movimentação ocorre de tecidos velhos para tecidos mais jovens. A deficiência de potássio
causa necrose e morte das gemas laterais. Nas folhas, os sintomas de deficiência são manchas
necróticas, curvadas e secas, ocasionando pouco crescimento. As plantas tornam-se suscetíveis às
doenças e pragas, ocasionando perda de rendimento (peso), qualidade e o tempo de conservação dos
frutos são menores (TAIZ & ZEIGER, 2013).
Analisando este contexto, o presente trabalho busca avaliar o efeito de dois fertilizantes à
base de potássio aplicados via foliar na variedade Marli cultivada na região de Nova Pádua na Serra
Gaúcha, avaliando a produção e a qualidade dos frutos.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido de julho a dezembro de 2015, na região da Serra Gaúcha, na


cidade de Nova Pádua, Rio Grande do Sul, Brasil. Localizado nas coordenadas geográficas 29°1'31''
Sul e 51°19'25'' Oeste, a 569 m de altitude. O pomar conduzido em taça no espaçamento de 5 m
(entrelinha) x 4 m (entre planta) com a cultivar Marli enxertado sob Capdeboscq, contendo
aproximadamente 15 anos de idade.

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

O solo no local do experimento é classificado como Nitossolos NBd 5 e apresenta, na


camada de 0-20 cm, os seguintes atributos: argila 24 %, matéria orgânica 2,8 %, pH em água 6,
índice SMP 6,3, K trocável 233 mg.L -1, Ca trocável 9 cmol(c).L -1, Mg 4,4 cmol(c).L-1, Al 0,0
cmol(c).L-1, P disponível 99,6 mg.L-1 (Mehlich) CQFS-RS/SC (2004).
O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com três tratamentos e seis
repetições, sendo considerada uma planta como unidade experimental em um total de 18 plantas no
experimento. Distribuídas em 3 blocos, considerando 3 plantas como bordadura e 2 plantas entre os
tratamentos dentro de cada bloco. O T1 foi o tratamento testemunha pulverizado apenas com água,
o T2 foi o tratamento utilizando o produto comercial Ubyfol K 50 +S (50% K e 16% S) e o T3 foi o
tratamento que utilizou o produto comercial Amino Quelant - K (25% K e 1% N). Os produtos
foram aplicados via foliar, sendo realizadas quatro aplicações espaçadas em 15 dias logo após a
fixação de fruto. As aplicações dos fertilizantes foram feitas entre 10 e 12 horas da manhã, com
direcionamento do produto para os frutos e folhas em volta destes, utilizando-se um pulverizador
manual calibrado para 2,5 litros por planta na concentração de 1,5 g e 3 mL de fertilizante por litro
para o T2 e T3, respectivamente. Todas as demais práticas de manejo foram realizadas da mesma
forma para todas as plantas.
A colheita dos frutos foi no dia 01/12 pela manhã, sendo colhidos 10 frutos de cada
repetição, totalizando 60 frutos em cada tratamento nos blocos avaliados e, posteriormente, os
frutos foram encaminhados ao laboratório de tecnologia de alimentos do Instituto Federal do Rio
Grande do Sul (IFRS), campus Bento Gonçalves, onde foram realizadas análises físico-químicas
dos frutos.
Na planta, foi avaliada a produção através do número de frutos por planta, feita na colheita
pela contagem individual das repetições, utilizado o resultado para o cálculo da produção por
hectare. Nos frutos, foram avaliados os sólidos solúveis totais (teor de açúcar medido em °Brix
através do refratômetro); acidez (titulação com hidróxido de sódio (NaOH)); massa média de frutos
(pesou-se em uma balança digital a produção de cada repetição e dividiu-se pelo número de frutos
por planta); tamanho de fruto (medido o calibre dos frutos com um paquímetro); textura (analisada
com o penetrômetro realizando três leituras em cada fruta) e a intensidade da cor vermelha (os
frutos foram avaliadas conforme sua maturação, sendo distribuídos em quatro classes).
Essas classes variaram de um fruto verde inapto para consumo (verde), fruto iniciando o
estádio de maturação, fruto com maturação fisiológica visando armazenamento em câmara fria e
fruto com maturação comercial, destinando-o direto ao consumidor após a colheita, respectivamente
as classes I, II, III e IV.

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Para determinação da acidez titulável e o teor de sólidos solúveis cortaram-se os frutos em


diversos pedaços e para obtenção do suco utilizou-se uma centrífuga. Com o auxílio do refratômetro
e um pouco de suco determinou-se o teor de sólidos solúveis, expresso em °Brix. A acidez foi
realizada pelo processo eletrométrico, através do pHmetro, onde foi misturado 10 mL de suco e 90
mL de água destilada em um Becker, titulando a mistura com 0,1 M de NaOH até alcançar pH 8,1
com auxilio de um pHmetro (AOAC, 2011). Os valores de NaOH gastos em cada amostra foram
convertidos em gramas por litro de ácido cítrico, utilizando a equação abaixo:
Acidez (ácido cítrico) = V x f x 100 x 0,064
Pxc
Onde:
V = volume gasto de NaOH (mL)
f = molaridade da solução de NaOH (mol.L-1)
P = volume de amostra (mL ou g)
c = correção da solução de 0,1 M de NaOH
As avaliações fenológicas, para obtenção da estimativa da quantidade de frutos fixados
baseado na floração das plantas, foram realizadas conforme descrito por Segantini (2010). Início da
brotação quando houver 5 % de pontas verdes; Início, plena e fim da floração quando houver 5 %,
acima de 50 % e quando não houver mais flores, respectivamente; Início do amadurecimento
quando 5 % dos frutos estiverem trocando de cor; Início da colheita, primeira colheita, e fim da
colheita, última colheita.
As variáveis de produção quantitativa e qualitativa foram submetidas à análise de variância e
ao teste de Tukey ao nível de significância de 5 % de probabilidade.

Resultados e Discussões

Em relação aos resultados de produtividade, como pode ser observado na tabela 1, a


testemunha apresentou um maior número de frutos, diferenciando-se estatisticamente dos demais
tratamentos. Porém, a produtividade por planta não foi afetada, devido à pequena superioridade da
massa de frutos para os tratamentos com os adubos foliares, os quais obtiveram 149 g (Amino
Quelant K), 147 g (Ubyfol K 50 + S) e 141 g para a testemunha, compensando assim, o menor
número de frutos, não tendo diferença significativa em relação à produção por hectare.
Essa maior fixação de fruto para a testemunha pode ser explicado pelas condições climáticas
de excesso de chuva e pouca luminosidade ocorridas na semana de 16/08, onde a testemunha

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

apresentava 80 % das flores abertas, enquanto as plantas com os tratamentos Ubyfol K 50 e Amino
Quelant K apresentavam cerca de 70 % da floração. Nos dias subsequentes, o excesso de chuva
ocasionou abortamento floral, o que pode ter afetado de modo diferente cada tratamento em termos
de fixação de frutos, pois, um dos principais fatores responsáveis pela fixação de frutos está
relacionado com a disponibilidade de carboidratos no período da queda de pétalas, dias com pouca
luminosidade e baixas temperaturas limitam o fluxo de carboidratos reduzindo a fixação de frutos
(ROBINSON & LAKSO, 2011).
Outro parâmetro analisado foi o calibre do fruto, característica importante para a
comercialização, visto a grande preferência dos consumidores por uma fruta de calibre médio a
grande com boa coloração. Em relação aos resultados, foi constatado um calibre superior para os
tratamentos que receberam aplicação foliar, destacando o tratamento com Amino Quelant K,
entretanto os resultados não diferenciaram estatisticamente entre os tratamentos (Tabela 1).

Tabela 1. Aspectos produtivos avaliados nos pessegueiros da variedade Marli, submetidos a


diferentes adubações foliares em Nova Pádua, Serra Gaúcha, na safra 2015.
Massa de Fruto Calibre Produtividade
Tratamentos Número de frutos
(g) (mm) (t/ha)
a1 a a
Testemunha 141 60,70 323,5 45,33a
Ubyfol K 50 + S 147a 60,93a 303,5b 44,33a
Amino Quelant K 149a 61,97a 301,0b 44,83a
CV (%) 4,99 2,94 1,63 3,84
(1)
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey 5 %.

Os resultados de produtividade obtidos no trabalho corroboram com Francisconi et al.


(1996) e Trevisan et al. (2008), onde também não observaram resultados significativos, ao
utilizarem aplicação foliar potássica em macieira e pessegueiro. No entanto, Hunsche et al (2003),
trabalhando com macieiras, encontraram resultados positivos para essas variáveis através da
adubação foliar potássica. Segundo esses autores a maior disponibilidade de potássio para as plantas
tendem a propiciar maior peso e calibre dos frutos, enquanto que a deficiência desse nutriente
diminui a síntese de carboidratos nas folhas, limitando assim um desenvolvimento adequado dos
órgãos vegetativos e frutíferos.
Em relação aos aspectos qualitativos, os frutos obtidos pelos tratamentos com potássio não
diferenciaram estatisticamente da testemunha (Tabela 2). Resultado similares também foram

40
Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

encontrados por Francisconi et al (1996) e Trevisan et al (2006) ao testarem poda verde e adubação
potássica no pêssego.
Muito desses resultados, também podem estar ligado às condições climáticas no período de
maturação. O pêssego para atingir excelente qualidade necessita de grande luminosidade solar ao
longo do dia e temperaturas mais amenas à noite, durante o período de maturação. Segundo Bernadi
et al. (2000), essas condições favorecem aumento nos teores de açúcares e coloração mais intensa,
tendo assim frutos com ótima coloração e boa relação sólidos solúveis/acidez total, ou seja, frutos
com excelente aceitação pelo consumidor.
A relação entre sólidos solúveis e acidez é importante para estabelecer um padrão de
qualidade das frutas, buscando uma fruta relativamente doce e com baixa acidez. Meredith et al.
(1989) relatam que a relação SS/AC deve ser igual ou maior que 15 para ser uma fruta de alta
qualidade. Os resultados do experimento não mostraram diferenças significativas para os
tratamentos com adubação foliar (Tabela 2), situando-se dentro dos padrões de comercialização, o
que indica que os níveis de potássio disponibilizados as plantas via solo foram suficientes.
O potássio tem por característica aumentar os níveis de acidez das frutas quando
disponibilizados as plantas por aplicações foliares (ANDRIOLO et al., 2010), entretanto, não foi
observado diferenças significativas para os tratamentos (Tabela 2). Além disso, acidez pode
aumentar ou diminuir de safra para safra influenciado pelas condições climáticas (TREVISAN et
al., 2006). Estes autores também não observaram variação nos teores de acidez ao testarem três
dosagem de adubação potássica com cloreto de potássio (KCl) tanto no solo como foliar,
comparando com testemunha, corroborando com os dados obtidos no experimento.
Para o parâmetro firmeza da polpa, os tratamentos com adubação foliar potássica não
apresentaram melhorias quando comparados à testemunha (Tabela 2). Como o ponto de colheita foi
definido como aquele que seria o ideal para o armazenamento em câmara fria, este fator influenciou
diretamente aos resultados, conferindo maior firmeza as frutas. Esse nível de maturação propicia
uma menor ação dos hormônios ligados à maturação, como o etileno, que ativa as enzimas
degradadoras de parede celular, resultando assim, em frutos mais firmes (JOHNSTON et al., 2002).
Lysiak & Pacholak (1999) e Hunsche (2003) encontraram resultados semelhantes ao testaram
influência da adubação potássica no solo visando maior qualidade da macieira.
A coloração da fruta é uma característica importante para atrair o consumidor, possibilitando
aos frutos de boa coloração facilidade de comercialização, principalmente no período de safra. Os
pigmentos que conferem a coloração dependem das características intrínsecas da cultivar, das
condições ambientais e de cultivo, como luminosidade no interior da copa das plantas, poda, raleio,

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porta-enxerto, densidade de plantio e manejo do solo (BYRNE et al., 1991). Como o pêssego é uma
fruta climatérica, apresenta-se bastante sensibilidade aos danos pós-colheita, o qual requer que as
frutas sejam colhidas em um ponto de maturação fisiológica mais cedo quando comparado com as
frutas destinadas diretamente ao mercado consumidor, pensando assim, em armazenamento do
fruto.

Tabela 2. Aspectos qualitativos avaliados nos pêssegos da variedade Marli, submetidos a diferentes
adubações foliares em Nova Pádua, Serra Gaúcha, na safra 2015.
Firmeza
Sólidos Solúveis Acidez Relação
Tratamentos de polpa
(°Brix) (g.ml-1) SST/AT
(Kg/F)
Testemunha 8,02a1 10,29a 0,41a 25,09a
a a a
Ubyfol K 50 + S 8,63 10,45 0,44 23,75a
Amino Quelant K 7,93a 10,42a 0,40a 26,05a
CV (%) 10,58 3,92 7,47 8,90
(1)
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey 5 %.

De acordo com Girardi et al. (2000), a porcentagem de coloração vermelha, é definido pela
genética de cada cultivar, porém, a maior influência na coloração está relacionada a quantidade de
luminosidade que a fruta recebe. Para os resultados do experimento, a coloração dos pêssegos
apresentou uma tendência à cor vermelha mais intensa nos tratamentos com aplicação de potássio
(Tabela 3), concordando Hunsche (2003) e Trevisan (2008,) quando comparados à testemunha.
Porém, estatisticamente não se constatou diferença significativa, concordando com Gazolla-Neto et
al. (2007) que pulverizou Kristasol® na folha e não observou diferenças da testemunha.

Tabela 3. Classes de intensidade de cor (Classificação dos pêssegos pela coloração) dos pêssegos da
variedade Marli, submetido a diferentes adubações foliares em Nova Pádua, Serra Gaúcha, na safra
2015.

Classes de coloração
Tratamentos
I II III IV
a1 a a
Testemunha 3,00 3,16 2,50 1,33a
Ubyfol K 50 + S 2,33a 2,66a 3,00a 2,00a
Amino Quelant K 2,16a 2,50a 2,83a 2,50a
CV (%) 31,83 22,45 34,57 57,33
(1)
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey 5 %.

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As adubações foliares potássicas ocorreram nos dia 18/10, 01/11, 15/11, 29/11. A primeira e
a última aplicação foram beneficiadas com dois dias de boa luminosidade, já a segunda e a terceira
aplicação foram prejudicadas por precipitação e nebulosidade nos dias subsequentes a pulverização
(Figura 1). Os fertilizantes foliares são de rápida assimilação pela planta, porém esse efeito varia em
função da disponibilidade de luz (OLIVEIRA JUNIOR et al., 1995), o que pode ter afetado a
eficiência dos tratamentos. Através da figura 1, pode-se notar que nos meses de setembro, outubro,
novembro e dezembro as condições climáticas não foram ideais para o desenvolvimento das
plantas, devido ao excesso de chuvas.
Outro fator que explicaria a falta de resposta às adubações foliares, pode ser o fato de o
potássio atuar no transporte de nutrientes, água, açúcares, formação de amido, proteínas e
fotossíntese, portanto, altas taxas fotossintéticas são importantes para utilização da adubação
fornecida (TAIZ & ZEIGER, 2013). Assim, como houve restrição da luminosidade pelo excesso de
chuva, também houve menores taxas fotossintéticas e menor crescimento, culminando na ausência
de resposta as adubações foliares aplicadas quando comparado com a testemunha.

Figura 1. Precipitações diárias no período de floração, frutificação e maturação. Fonte: Embrapa,


2016.

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Além disso, os solos da Serra Gaúcha apresentam elevados índices de potássio, exigindo
menores adubações desse nutriente. No caso da área estudada os níveis de potássio, segundo análise
estão elevados, atingindo 233 mg.L-1, teores que não recomendariam adubação via solo. Segundo a
CQFS-RS/SC (2004), estas elevadas concentrações de potássio no solo restringem possíveis
respostas as adubações foliares.

Conclusões

Adubação foliar potássica influenciou negativamente o número de frutos por planta,


resultados que esta diretamente ligada às condições climáticas do período de floração. Entretanto,
esse aspecto na afetou na produtividade final.
As demais variáveis respostas, coloração, acidez, teor de sólidos solúveis, firmeza de polpa,
produtividade, peso e calibre do fruto não diferiram estatisticamente da testemunha.
Os níveis de potássio encontrados no solo do experimento parecem ser suficientes para
manter os níveis de produtividade e qualidade dos pêssegos.
Para a obtenção de resultados mais sólidos, mais estudos fazem-se necessários, visto a
grande influência do clima da região sobre os aspectos produtivos e qualitativos analisados.

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Submissão: 26/02/2018
Aceito: 20/03/2018

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Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
________________________________________________________________________________

Salmonella spp., bactérias heterotróficas, coliformes e Escherichia coli


em fubá milho e derivados após estocagem doméstica
Salmonella spp., heterotrophic bacteria, coliformes and Escherichia coli
in fuba corn and derivatives after domestic storage

Camila Maria Coutinho Moura*1, Lígia Calina Rocha Pires Ferreira2, Rafael Gomes Abreu Bacelar3,
Maria Christina Sanches Muratori4
*1
Departamento de Morfofisiologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina/Piauí –
Brasil, cahmila@live.com
2
Departamento de Morfofisiologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina/Piauí –
Brasil, ligia_calina@hotmail.com
3
Departamento de Morfofisiologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina/Piauí –
Brasil, rafael.bacelar@hotmail.com
4
Departamento de Morfofisiologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí – UFPI – Teresina/Piauí –
Brasil, chrismuratori@uol.com.br
________________________________________________________________________________
Resumo
Objetivou pesquisar Salmonella spp., bactérias heterotróficas, enumeração de coliformes e de Escherichia
coli em fubá de milho comercializado na zona urbana de Teresina e avaliar após armazenamento em
condições domésticas. As amostras foram coletadas de quatro grupos de supermercados, escolhidos de forma
aleatória e as análises laboratoriais foram realizados no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Processamentos de
Alimentos da Universidade Federal do Piauí. Em nenhuma das amostras houve identificação de Salmonella
spp e Escherichia coli. As amostras de fubá milho analisadas estavam adequadas para o consumo e que a
estocagem doméstica não permitiu a multiplicação de micro-organismos.
Palavras Chaves: Armazenamento. Higiene. Bactérias. Zea mays L.

Abstract
The objective of this study was to investigate Salmonella spp., Heterotrophic bacteria, enumeration of
coliforms and Escherichia coli in maize corn meal commercialized in the Teresina urban area and evaluate
after storage in domestic conditions. Samples were collected from four randomly selected supermarket
groups and Laboratory analyzes were performed at the Nucleus of Studies, Research and Food Processing of
the Federal University of Piauí. None of the samples identified Salmonella spp and Escherichia coli. The
samples of maize corn analyzed were adequate for consumption and that domestic storage did not allow the
multiplication of microorganisms.
Keywords: Bacteria, Storage, Corn Meal, Hygiene.
________________________________________________________________________________

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Introdução

O fubá é resultado da moagem do milho (Zea mays L.) sendo usado na formulação e
fabricação de outros gêneros alimentícios (PAES, 2006). Devido ao manuseio, pode ser passível de
contaminação microbiana em qualquer etapa do processamento (RIBEIRO, et al 2003).
A presença de bactérias heterotróficas é indicativa de das condições higiênicas, que são
significativas para a avaliação da segurança e qualidade microbiológica (MONTE, 2009) que o
alimento foi processado, armazenado e distribuído (FAO, 2008). Na análise da qualidade de
alimentos o grupo Coliforme também indica as condições higiênicas do processamento. São
bactérias em formato de bastonete Gram negativos, anaeróbios facultativos viáveis, fazem parte
deste grupo os gêneros: Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e Klebisiella (BETTEGA, 2006). A
presença de Escherichia coli em alimentos indica contaminação fecal por ser encontrada em grande
quantidade no trato gastrointestinal do homem e animais (SILVA; CAVALLI; OLIVEIRA, 2006).
Ocorrências de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) vêm sendo pauta de discussões
nos últimos anos principalmente devido a preocupação mundial com estratégias que permitam o
controle e seguridade dos produtos no mercado (SILVA; CAVALLI; OLIVEIRA, 2006). A
salmonelose é um problema de saúde pública, uma zoonose comum e economicamente importante
(WHO, 2010). Considerada como o principal agente envolvidos em surtos de origem alimentar nos
Estados Unidos (CDC, 2012) e no Brasil (GARCIA, 2013). Salmonella spp são micro-organismos
amplamente distribuídos na natureza, sendo o homem e os animais seus principais reservatórios
naturais (BORSOI, FRANÇA e GONÇALVES, 2011).
A análise da vida de prateleira do alimento legitima o consumo com suas características
sensoriais, físicas, químicas e funcionais do padrão do alimento, (ZUNIGA et al 2011). O
condicionamento errôneo dos alimentos é um dos fatores de risco à saúde humana, em virtude da
vulnerabilidade de exposição que proporciona contato com veiculadores de micro-organismos
causadores de DTA provocando modificações organolépticas e nutricionais nos alimentos
(ANDRADE; NASCIMENTO, 2005). Deste modo, este trabalho objetivou avaliar a higiene e
sanidade do fubá de milho comercializado em Teresina, PI após a aquisição e após armazenamento
em condições domésticas até o prazo de validade.

Material e Métodos

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O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Controle Microbiológico de Alimentos


do Núcleo Estudos, Pesquisas e Processamentos de Alimentos – NUEPPA no Centro de Ciências
Agrárias (CCA) na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
A aquisição e análise inicial das amostras de fubá de milho relacionadas à quantificação das
bactérias heterotróficas e coliformes nas amostras do grupo controle das amostras de fubá de milho,
bem como isolamento e identificação de Escherichia coli e Salmonella spp., foi realizada da
seguinte forma:
Na primeira etapa do projeto foram coletadas 40 amostras de fubá de milho em embalagens
de 500 g comercializadas em quatro redes de supermercados de Teresina sorteados aleatoriamente
dentro da zona urbana da cidade, denominadas “A”, “B”, “C” e “D”. Em cada supermercado foram
compradas duas amostras de marcas aleatórias (MC, MS, MY e MV) que estavam à disposição dos
clientes nas prateleiras. No momento da aquisição das amostras foram observadas as condições de
vendação.
Em seguida as amostras eram encaminhadas ao Laboratório de Controle Microbiológico de
Alimentos do Núcleo Estudos, Pesquisas e Processamentos de Alimentos - NUEPPA da UFPI, para
realização das análises. As coletas e as análises laboratoriais do grupo controle foram realizadas de
outubro de 2013 a fevereiro de 2014.
Após semeadura das amostras o restante do conteúdo da embalagem foi transferido para um
depósito plástico destinado a alimentos de primeiro uso com tampa, que foi armazenado pelo tempo
de validade declarada no rótulo. Próximo ao vencimento declarado, as amostras estocadas foram
analisadas de forma semelhante ao grupo controle.
No Laboratório foi transferida assepticamente uma porção de 25g da amostra de fubá de
milho, para um frasco com 225 mL de água peptonada a 0,1%, formando diluição inicial (10 -1). A
partir desta, foram preparadas diluições decimais seriadas até 10-3.
Para contagem de bactérias heterotróficas mesófilas, retirou-se alíquotas de 1,0 mL de cada
uma das três diluições preparadas anteriormente e transferênridas para placas de Petri esterilizadas,
acrescentada de ágar padrão para contagem. Após solidificação do ágar as placas foram incubadas
invertidas a 35 a 37°C por 48 horas. Posteriormente foi feita a contagem das colônias apresentadas e
o resultado foi expresso em unidades formadoras de colônias por grama de amostra (UFC/g)
(ELLIOT; RYSER; SCHUMAN; 2013).
Para coliformes totais e termotolerantes foi utilizado o método dos tubos múltiplos e para
cada amostra foram transferidas alíquotas de 1,0 mL das diluições previamente preparadas para

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

tubos contendo caldo lauril triptose que posteriormente foram incubados em estufa a 37ºC por 48
horas. Os tubos com resultado positivo foram repicados com alça de platina para tubos com caldo
Verde e Brilhante e EC e em seguida incubados em banho-maria a 37º por até 48h e 45,5ºC por 24
horas respectivamente. Os tubos de EC positivos foram plaqueados em ágar eosina azul de metileno
(EMB) incubado a 37ºC por 24 horas. Uma vez que não houve a formação de colônias
características nas placas, não foi feito os testes bioquímicos (KORNACKI, GURTLER,
STAWICK, 2013).
Na pesquisa de Salmonella spp. os frascos contendo a diluição 10-1 com água peptonada a
0,1% foram incubados a 37°C por 24 horas. Na sequência, alíquotas com 0,1 mL e 1,0 ml foram
transferidas respectivamente para os caldos de enriquecimento seletivo: Rappaport-Vassiliadis e
selenito-cistina, para serem incubados a 37°C por 24 horas. Depois da incubação, a partir dos tubos,
foram semadas placas de Petri com ágar Salmonella-Shigella e ágar Hektoen que foram incubadas
por 24 horas a 37°C. A partir das colônias características foi realizada a triagem bioquímica nos
meios: ágar TSI e ágar LIA incubados a 37°C por 24 horas. Não houve necessidade de realizar os
testes bioquímicos, pois não houve a formação de colônias caraterísticas nas placas (COX, 2013).
As análises microbiológicas: pesquisa de Salmonella spp., contagem de bactérias
heterotróficas mesófilas e enumeração de coliformes a 37°C e de Escherichia coli. foram
armazenadas em condições de uso doméstico e próximo ao prazo de validade foram analisadas de
forma semelhante a descrita anteriormente para o grupo controle.
Os dados obtidos das contagens foram transformados em log 10(x+1) em seguida analisados
segundo os procedimentos do software Sigma Stat 3,5 e submetidos à análise de variância e
comparação de médias pelo SNK, a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Todos os supermercados visitados apresentavam características higiênicas adequadas, as


mercadorias aparentemente estavam expostas a venda conforme estabelecidos pelos fabricantes das
marcas de fubá de milho analisadas. Estes produtos eram dispostos em prateleiras, nas sessões
específicas separadas de outros produtos, abrigadas da luz e do calor.
Com base nos resultados para Contagem de Bactérias Heterotróficas Mesófilas (CBH)
representado na Tabela 1, pode se observar que houve diferença significativa (P < 0,05) na
contaminação entre o grupo controle e o grupo estocado, uma vez que houve uma redução na
quantidade numérica de micro-organismos. Entre as marcas do grupo controle não houve diferença

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

significativa (P < 0,05), em virtude das médias para CBH apresentam-se estatisticamente iguais. O
mesmo resultado foi encontrado para as análises do grupo estocado.
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) não determina limites de tolerância para
contagem padrão de bactérias mesófilas para farinhas, amidos, féculas e fubá, assim os valores
encontrados não podem ser comparados a um padrão, Leitão et al (1988) consideram inadmissível
valores variando entre 104 e 106 UFC por g-1, desta forma as amostras de fubá de milho analisadas
apresentam boas condições higiênicas para CBH tanto no momento da compra como depois de um
período de armazenamento doméstico.

Tabela 1. Média e desvio padrão da contagem de bactérias heterotróficas mesófilas em amostras de


fubá de milho comercializado em Teresina, PI após a compra e depois de estocagem doméstica.
Marcas Análise após compra Análise após estocagem doméstica
(Grupo Controle) (Grupo estocado)
(UFC/g) (UFC/g)
MS 2,85 aA ± 0,43 0,43bA ± 0,59
MY 2,43aA ± 0,53 1,81bA ± 0,49
MC 2,69aA ± 0,55 1,79bA ± 0,45
MV 3,15aA ± 0,39 1,71bA ± 0,48

Letras minúsculas representam comparação na mesma linha, letras maiúsculas na mesma coluna Resultados
em médias ± Desvio Padrão UFC/g em log10 (x+1) (P= < 0,05); UFC/g Unidade Formadora de Colônia por
grama

Sabe-se que a secagem decorrente dos processos de desidratação das matérias prima
interrompe o desenvolvimento microbiano, porém não é suficiente para eliminar todos os micro-
organismos presente no alimento (BLACK, 2002). A baixa atividade microbiológica verificada
pode ser atribuída à característica dos alimentos desidratados, em que a redução da microbiota
viável é acentuada, pela baixa atividade de água encontrada. Tabela 2.

Tabela 2. Média da atividade de água das amostras de fubá de milho comercializadas em Teresina,
PI após a compra e depois de estocagem doméstica
Análise após compra Análise após estocagem doméstica
(Grupo Controle) (Grupo Estocado)
Marcas
Atividade de água Temperatura (°C) Atividade de água Temperatura(°C)

MS 0,38 23, 7 0,44 23,4


MY 0,28 24,1 0, 41 22,5
MC 0,32 22,9 0,43 24,1
MV 0,38 23,5 0,38 23,8
Total 0,35 23,5 0,43 23,6
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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Os resultados deste trabalho diferem dos resultados encontrados por Tsav-Wua et al


(2004) na qual encontrou uma quantificação bacteriana com variação de 3,43 a 7,08 UFC/g em log
10 em farinha de mandioca que segundo Lima et al (2007) esta variação nos valores encontrados
pode estar relacionada tanto às condições de processamento, manipulação e equipamentos, quanto
às de comercialização e distribuição.
Após estudo microbiológico com farinhas de mandioca, Ferreira Neto et al (2004)
conclui que as amostras analisadas de farinhas simples e temperadas, apresentaram as mesmas
características microbiológicas, tanto no início, como ao longo do armazenamento, se justificando
pelo atributo da farinha de mandioca apresentar teor de umidade maior que a do fubá de milho
como também sua variação conforme o tipo de embalagem utilizada. Segundo Cereda e Vilpoux
(2003), o tipo de embalagem utilizada e às condições de armazenamento são fatores muito
importantes que evitam que a farináceos reabsorva umidade.
Balbani e Butugan (2001) em seu experimento encontraram, em 79% das amostras de
fubá analisadas, um aumento da contaminação, concluindo que falhas nas condições de
armazenamento podem ser constatadas não só pela proliferação de micro-organismo, como também
pela presença de insetos e ácaros resultando na deterioração do alimento. Assim, através dos
resultados obtidos neste estudo, por não haver aumento na contagem bacteriana, conclui-se que o
modo de armazenamento foi eficaz por não permitir a multiplicação bacteriana.
Conforme disposto na Tabela 3, houve diferença significativa (P < 0,05) para contagem
de coliformes totais entre as marcas do grupo controle, onde a marca MV apresentou-se com maior
contaminação em relação às demais marcas, enquanto que a marca MY com menor contaminação.
Após o período de estocagem não houve diferença significativa entre as médias das marcas
analisadas demonstrando que os níveis de contaminação foram iguais entre elas. Os resultados
também indicam que houve diferença estatística entre as médias do grupo controle e do grupo
estocado, na qual as marcas do grupo estocado apresentavam uma redução na contaminação,
excluindo a marca MS, esta não alterou a contaminação.
Da Silva (1997) afirmou que alimentos livres de contaminação são adequados para o
consumo e é um direito de toda pessoa, sendo uma atenção a saúde, tornado-se então uma questão
de saúde publica. Apesar de não haver limites máximos para coliformes totais, Delazari (1998)
ressalta que a presença de coliformes é utilizada para identificar as condições higiênicas na qual o
alimento foi processado e armazenado. Essa contaminação, além de identificar as más condições
higiênicas do produto, inutiliza os mesmos para consumo.

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Tabela 3. Média e desvio padrão Coliformes totais e termotolerantes. Escherichia coli expresso em
ausência ou presença em amostras de fubá de milho comercializado em Teresina, PI após a compra
e depois de estocagem doméstica
Coliformes Totais Coliformes Termotolerantes Escherichia coli
(45º C)
Análise após Análise após Análise após Análise após Análise após Análise após
Marcas compra estocagem compra estocagem compra estocagem
(Grupo doméstica (Grupo doméstica (Grupo doméstica
Controle) (Grupo Controle) (Grupo Controle) (Grupo
(NMP) Estocado) (NMP) Estocado) (NMP) Estocado)
(NMP) (NMP) (NMP)
MS 1,74 aAB ± 0,14 0,87aA ± 0,46 0,19aA ± 0,41 0,70aA ± 0,46 Ausente Ausente
MY 1,20 aB ± 0,71 0,39bA ± 0,62 0,40 aA ± 0,52 0,43aA ± 0,49 Ausente Ausente
MC 1,53aAB ± 0,53 0,83bA ± 0,53 0,56aA ± 0,53 0,53aA ± 0,57 Ausente Ausente
MV 2,18aA ± 0,67 0,88bA ± 0,67 0,75aA ± 0,17 0,32aA ± 0,37 Ausente Ausente

Letras minúsculas representam comparação na mesma linha, letras maiúsculas na mesma coluna Resultados
em médias ± Desvio Padrão (P= < 0,05); NPM Número mais provável

Para a contagem de coliformes termotolerantes, não houve diferença significativa (P <


005) entre a contagem do grupo controle e do grupo estocado, assim presumi que os níveis de
contaminação permaneceram iguais antes e após a estocagem das amostras e nenhuma marca
ultrapassou os limites permitidos pela resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001 de 102/g
(BRASIL, 2001)
Em estudos realizados por Prado et al. (2005) ao analisar diversos farináceos embalados
teve os resultados semelhantes ao deste trabalho, aonde somente em marcas de fubás foram
encontrados coliformes termotolerantes, entretanto, os valores encontrados excederam os limites
estabelecidos pela ANVISA.
O grupo de bactérias coliformes é, sem dúvida, o mais significante, pelo papel que
exercem como indicadores de poluição fecal (CHISTÉ et al. 2007). A presença de coliformes
termotolerantes nos alimentos pode indicar a presença de uma grande variedade de patógenos
entéricos, como contaminação pela manipulação, transporte e acondicionamentos do alimento de
forma inadequada e a presença de Escherichia coli é um indício de contaminação fecal (WRIGHT,
WEBB, HIGHLEY, 2003).
De acordo com os dados expressos para pesquisa Escherichia coli, na Tabela 3, todas as
amostras analisadas foram ausente para E. coli, portanto, as amostras estavam dentro do padrão

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recomendado pela Resolução RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001, na qual o resultado para E. coli
deve ser ausente em 25g da amostra (BRASIL, 2001). Essa ausência pode ser explicada pela baixa
atividade de água encontrada nas amostras, de acordo com os dados da Tabela 2. uma vez que a
atividade de água mínima para crescimento de Escherichia. coli é de 0,95 (MITTELSTAED;
CARVALHO, 2006), valor este abaixo do encontrado nas amostras analisadas.
Escherichia. coli, indicadora mais representativa de contaminação fecal, é uma bactéria
que presume contaminação causada por roedores durante a estocagem dos alimentos (WRIGHT,
WEBB, HIGHLEY, 2003), o que presume a boa forma de estocagem doméstica das amostras em
recipientes emeticamente fechados como determina o fabricante.
Outro grupo de bactérias importante é a Salmonella spp, estas são apontadas como o
principal agente etiológico de surtos alimentares (YAMAGUCHI et al. 2013) constituindo um dos
problemas mais graves de saúde pública no mundo (BORGES; ANDRADE; MACHADO, 2010).
Todas as marcas estavam dentro dos padrões recomendados pela legislação, para pesquisa
de Salmonella spp (BRASIL, 2001), tabela 4, indicando sua segurança para o consumo.

Tabela 4. Resultado para pesquisa de Salmonella spp nas marcas de fubá de milho comercializado
em Teresina, PI, após a compra e depois de estocagem doméstica
Marcas Análise após compra Análise após estocagem doméstica
Grupo Controle Grupo Estocado
MS Ausente Ausente
MY Ausente Ausente
MC Ausente Ausente
MV Ausente Ausente

Em estudo feito por Prado et al.(2005), 100% das amostras foram negativas para Salmonella
spp mostrando que os farináceos não são propícios para o desenvolvimento desse grupo de
bactérias, principalmente pela baixa atividade de água desse grupo de alimentos como demonstrado
na Tabela 2. De acordo com Cardoso e Carvalho (2006) este é um fator que afeta diretamente o
desenvolvimento das Salmonelas, pois necessitam de uma atividade água mínima de 0,94 para o seu
metabolismo e consequente multiplicação.
A partir da avaliação dos resultados desse estudo, é possível observar que a qualidade
microbiológica dos farináceos é de grande importância para se evitar surtos alimentares e problemas
de saúde pública.

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Conclusões

Os resultados obtidos demonstraram que o fubá de milho comercializado em Teresina tem


condições de higiene satisfatórias. O armazenamento doméstico adequado não favorece
multiplicação de micro-organismos.

Referências bibliográficas

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Submissão: 25/02/2018
Aceito: 20/03/2018

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Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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Ectima Contagioso dos Ovinos e Caprinos: a doença e sua vacina


Contagious Ecthyma of Sheep and Goats: the disease and its vaccine

Jailson Honorato1, Raimundo Vicente de Sousa2, Roberto Soares de Castro3

1
Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão – MA,
honorato@uemasul.edu.br
2
Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Lavras – MG,
rvsousa@dmv.ufla.br
3
Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco – PE,
rscastro@dmv.ufrpe.br
________________________________________________________________________________
Resumo
O Ectima contagioso (EC) é uma virose aguda que acomete caprinos e ovinos, amplamente disseminada em
todo mundo, inclusive no Brasil, especialmente na Região Nordeste, onde a caprinovinocultura é
amplamente praticada para produção de pele, carne e leite. No estado de Pernambuco, tem sido relatada
como uma das principais enfermidades infecciosas de caprinos e ovinos do semi-árido. Apesar do caráter
endêmico da enfermidade e da sua importância, poucos trabalhos de pesquisa têm sido realizados no país
com relação ao vírus EC, que possam subsidiar o controle da enfermidade, fundamentado, principalmente, na
vacinação dos animais. O EC é uma doença que pode ser confundida com as enfermidades vesiculares, como
a Febre Aftosa, havendo assim a necessidade de sua diferenciação, sobretudo como suporte às ações do
Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) do MAPA.
Palavras-chave: Orf, isolamento, diagnóstico

Abstract
Contagious ecthyma (CE) is an acute viral disease that affects sheep and goats, widespread throughout the
world, including Brazil, especially in the Northeast, where sheep and goat rearing is practiced for the
production of skin, meat and milk. In the state of Pernambuco, has been reported as one of the major
infectious diseases of goats and sheep in semi-arid. Despite the endemicity of the disease and its importance,
few research studies have been conducted in the country with the virus CE, that can support the control of
the disease, grounded mainly on vaccination of animals. CE is a disease that can be confused with the
vesicular such as Footh and Mouth Disease, with the need for differentiation, especially to support the
actions of the National Program for the Eradication of Footh and Mouth Disease (PNEFA) of the MAPA.
Keywords: Orf, isolation, diagnosis

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Introdução

As explorações de caprinos e ovinos no Brasil até recentemente eram vistas como atividades
pecuárias secundarias, mas os pequenos ruminantes domésticos tem potencialidades biológicas para
contribuírem com a produção de produtos de elevado valor biológico, sendo de suma importância
que se implementem melhorias substanciais no ambiente, visando ao bem-estar animal; no regime
de manejo, independentemente de ser extensivo, semi-intensivo ou intensivo; no estabelecimento de
sistemas de exploração compatíveis com a função explorada; na transferência de conhecimentos e
tecnologias e na assistência técnica (SIMPLÍCIO, 2011).
O Ectima Contagioso (EC), dermatite pustular cutânea, dermatite labial infecciosa,
dermatite pustular contagiosa, dermatite pustular infecciosa, dermatite labial infecciosa, estomatite
pustular contagiosa, boqueira, “scabby mouth” ou “soremouth”, foi descrito pela primeira vez em
ovinos e caprinos por Steeb em 1787 e 1879, respectivamente (BARRAVIERA, 2005). No Brasil,
foi identificado pela primeira vez em São Paulo (GUIMARÃES, 1939), Pernambuco (TORRES,
1943) e no Rio Grande do Sul (GUERREIRO, em 1954). Posteriormente, amostras do vírus de
Ectima Contagioso foram isoladas de ovinos no Ceará (ARITA et al., 1986), de caprinos em Minas
Gerais e no Rio de Janeiro (MAZUR e MACHADO, 1990) e de caprinos e ovinos em Pernambuco
(OLIVEIRA et al., 1998; SANTANA et al., 2008). Há relatos de surtos em rebanhos ovinos no Rio
Grande do Sul (SALLES et al., 1992) e em São Paulo (LANGONI et al., 1995; CARTROXO et al.,
2002). Surtos de doença epidérmica sugerindo Ectima Contagioso têm sido observados em muitos
rebanhos de ovinos e caprinos de diferentes áreas geográficas do Brasil (MAZUR, 2000;
PINHEIRO, 2000).
Em estudo retrospectivo sobre doenças diagnosticadas em ovinos e caprinos, no semi-árido
dos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, foram registrados 980 diagnósticos de
doenças, sendo que 80% destes foram de doenças de pele e, por sua vez, o Ectima Contagioso foi a
segunda causa mais frequente entre estas (MACÊDO et al., 2006).
A doença é uma condição aguda debilitante da pele dos ovinos e caprinos. O Ectima
Contagioso é altamente contagioso para ovinos e caprinos, e também afeta o homem, os bovinos, e
raramente, os cães (ROBINSON e BALASSU, 1981; NANDI et al., 2011). A frequência da
infecção é provavelmente alta entre fazendeiros e pastores, sendo considerada uma doença
ocupacional, embora muitas infecções não sejam notificadas (HAIG et al., 1997). O EC está entre
as maiores causas de perda econômica da indústria ovina e todos os rebanhos estão potencialmente

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

em risco de contrair a doença (REID, 1995), além disso, a doença afeta consideravelmente o bem-
estar animal (NANDI et al., 2011).
Apesar do desenvolvimento da caprinovinocultura brasileira e da importância da
enfermidade pelo seu caráter endêmico, poucas pesquisas têm sido realizadas com relação ao vírus
EC para subsidiar o controle da doença, fundamentado, principalmente, na vacinação de animais
apenas em áreas endêmicas (TORRES, 1943; ROBINSON e BALASSU, 1981; HONORATO,
2007). As vacina empregadas são de vírus vivo, o que implica na introdução do agente no rebanho e
apresenta sério risco de disseminação de outras doenças, principalmente virais, já que a vacina não
é inativada (HONORATO, 2007).
O vírus EC apresenta dificuldade de replicação em cultivo celular, pois muitas das linhagens
de células utilizadas em sua replicação mostraram-se pouco permissíveis a replicação contínua do
vírus EC (SANTANA, 2008). Além disso, o Ectima Contagioso pode ser confundido com
enfermidades vesiculares e sua diferenciação com base em testes laboratoriais pode servir de
suporte para as ações do Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no qual os ovinos e caprinos são considerados
animais sentinelas. Para tal, é necessário dispor de um teste rápido e eficiente. A Reação em Cadeia
da Polimerase (PCR) é reconhecida como um método de diagnóstico molecular estável, rápido e
sensível para a detecção de ácidos nucléicos e pode ser utilizada mesmo quando a disponibilidade
de amostra é pequena. A PCR identifica animais verdadeiramente infectados e não apenas
soropositivos (NITSCHE et al., 2006). Embora estudos anteriores tenham demonstrado a utilidade
da PCR como teste de diagnóstico de EC (TORFASON e GUONADÓTTIR, 2002; GALLINA et
al., 2006), poucos estudos foram realizados sobre sua utilização envolvendo amostras brasileiras,
que são geneticamente diferentes das estudadas em outros países, conforme descrito em estudos
com análises de restrição (MAZUR et al., 2000) e filogenética (ABRAHÃO et al., 2009). Portanto,
o desenvolvimento de um método de diagnóstico molecular rápido poderá atender às necessidades
para identificação precisa do agente etiológico e diferenciação frente a outras enfermidades.

Etiologia

A etiologia viral do Ectima Contagioso foi apresentada na França e, simultaneamente, foi


realizada pela primeira vez a imunização ativa de animais sadios por inoculação na pele da face
interna da coxa (AYNAULD, 1923). Posteriormente, houve a primeira multiplicação do vírus em

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culturas celulares (GREIG, 1957). O agente é um Parapoxvírus da família Poxviridae, subfamília


Chordopoxvirinae, de duplafita de DNA (NANDI et al., 2011).
O vírus multiplica-se no citoplasma celular, formando corpúsculos de inclusão, e é
altamente epiteliotrópico (ROBINSON e BALASSU, 1981; GREIG et al., 1984). É relacionado ao
Parapoxvírus causador da Estomatite Papular Bovina e do Nódulo dos Ordenhadores em bovinos e
humanos, respectivamente.
O vírus EC é inativado a 30°C por 30 minutos, a 37ºC por 7 dias e pela radiação ultravioleta
e desnaturado pela ação do clorofórmio, formalina, fenol, ácidos e lixivias nas concentrações
comuns, porém resiste ao dessecamento, ao éter e outros solventes lipídicos (ARRANZ, 2005;
LOSOS, 1986). O congelamento não reduz o título viral, entretanto, temperaturas entre 0,5ºC e
36ºC, por uma semana, reduzem sua infectividade (ROBINSON e BALASU, 1981). O vírus
permanece viável durante meses no meio ambiente e em crostas de animais enfermos durante anos,
resistindo a dessecação. As crostas expostas diretamente ao sol mostram infectividade durante
meses; quando mantidas à sombra, a infectividade permanece por vários anos (LININGSTON,
1960).
Os Parapoxvírus apresentam forma ovoide e a relação de guanina e citosina no genoma viral
é alta, cerca de 64% (DELHON et al., 2004). Os virions têm cerca de 140-170 nm de largura e 200-
300 nm de comprimento e uma membrana externa envolvendo um núcleo homogêneo. O
sequenciamento do DNA do vírus EC revelou que os genes mais prováveis de induzir virulência e
imunidade estão concentrados na região terminal (BARRAVIERA, 2005). O seu genoma está
relacionado ao genoma de outros poxvírus e inclui uma região central, que contém genes
essencialmente conservados em posição, espaço e orientação, e uma região terminal, que é variável
e codifica os fatores que influenciam a virulência, a patogênese e a mudança de hospedeiro
(NANDI et al., 2011).
O conhecimento da biologia molecular dos Parapoxvírus ainda é limitado em comparação
com os Orthopoxvírus, especialmente o vírus da vaccínia. Embora a seqüência completa de
nucleotídeos do parapoxvirus protótipo ainda não ter sido publicada, um esforço considerável tem
sido feito na caracterização molecular do seu genoma de DNA de dupla-fita, que tem
aproximadamente 140 kpb (139-160 kpb) (BUTTNER e RZIHA, 2002; NANDI, et al., 2011).
O DNA viral e a RNA polimerase são semelhantes aos dos seres eucarióticos. Pelo menos 8
genes codificam o complexo da RNA polimerase (TORFASON e GUONADOTTIR, 2002).
Em comum com outros Poxvírus, o vírus EC se multiplica no citoplasma das células
hospedeiras e codifica as próprias enzimas para a transcrição do DNA e replicação. Os genes

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responsáveis pela duplicação do DNA e pela produção das partículas virais no citoplasma das
células infectadas estão localizados na região central do genoma. O vírus EC possui, pelo menos, 3
classes de genes e 20 kpb do DNA terminal direito contém genes não encontrados no vírus da
vaccínia e isso deve contribuir nas diferenças de patologia entre esses vírus (NANDI et al., 2011).
A heterogeneidade do genoma entre espécies de Parapoxvírus e até entre amostras de uma
mesma espécie já foi demonstrada, e estudos recentes para análise do genoma e identificação de
seus genes, bem como para a geração de vírus EC recombinante têm sido realizados. O
conhecimento acerca do genoma do vírus EC e a identificação dos genes de virulência deve facilitar
a seleção de componentes virais indutores de reações imunes, que não sofram influência das
proteínas virais de neutralização e que são necessários para a proteção vacinal (BUTTNER e
RZIHA, 2002).
Até agora, a maior parte de informações sobre a biologia molecular do Parapoxvírus, foi
obtida da cepa NZ2, isolada na Nova Zelândia. A principal conclusão sobre seu genoma, apesar do
seu conteúdo extraordinariamente alto de G + C, é que a organização e a regulação da dupla-fita de
DNA do genoma do Parapoxvírus é estreitamente relacionada com outros poxvírus. A organização
genética do vírus EC exibe o padrão geral de outros poxvírus, consistindo de uma região central,
que contém genes essenciais conservados em posição, espaço e orientação. A região terminal
contém genes que são dispensáveis para o crescimento in vitro. Geralmente, os genes que
influenciam a virulência e a patogênese são encontrados na região terminal. Por exemplo, fatores de
virulência como os pertencentes a família do fator de crescimento endotelial, o fator inibidor do
fator de crescimento de macrófagos, o fator de resistência ao interferon e a interleucina-10, são
encontrados na região terminal do genoma viral (BUTTNER e RZIHA, 2002).
Genes da região terminal do genoma também codificam fatores com papel importante na
relação entre o vírus e seus hospedeiros, determinando inclusive o espectro de hospedeiros, sendo
igualmente dispensáveis para o crescimento in vitro (CHAN et al., 2007). Ambos os genes da região
central e terminal, apresentam orientação bidirecional (NANDI et al., 2011).
A perspectiva de vetores em potencial e com reduzida capacidade patogênica demanda mais
detalhes da organização genômica do vírus EC, o que é um pré-requisito importante para identificar
genes potencialmente não-essenciais ou regiões adequadas para inserção e expressão de genes
estranhos. Já foi conseguida não só a perda, como também a duplicação de genes da região terminal
numa amostra atenuada de vírus EC, como por exemplo genes de virulência e o gene F9L (este de
função desconhecida). Até o momento, a duplicação destes genes foi realizada apenas para esta
amostra atenuada, não tendo o mesmo sido feito para outras cepas de vírus EC. Outros genes podem

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potencialmente intervir entre os genes já existentes do genoma, mesmo que não exibam qualquer
homologia poxviral ou outros genes relacionados no GenBank (BUTTNER e RZIHA, 2002).
Comparação entre partes do genoma desta amostra atenuada e partes do genoma da amostra
NZ2, notadamente o gene F10L, demonstrou marcante diversidade em suas sequencias,
corroborando afirmações sobre heterogeneidade genética de amostras do vírus EC (BUTTNER e
RZIHA, 2002).
O gene B2L é um fragmento da cepa NZ2 e codifica uma proteína do envelope viral de 42
kDa. O tamanho do gene B2L compreende cerca de 1206 pb. A região central do seu genoma (Orf
009 a 111) é realmente mais conservada em comparação com as duas regiões terminais (001 a 008 e
112 a 134). O gene B2L está localizado na região 011 e é conservado também cepas diferentes. Esse
gene tem sido o mais usado para detecção do vírus EC pela PCR (CHAN et al., 2007).
Para a produção de poxvírus recombinante, o gene da timidina quinase é normalmente
usado. Este gene não foi identificado na amostra atenuada, tendo sido em amostra de vírus EC
isolada no Brasil. O vírus da vaccínia, como dito anteriormente, estreitamente relacionado aos
poxvírus, apresenta o gene que codifica a timidina quinase na região central, região que nos
poxvírus não apresenta genes de virulência e o sequenciamento de parte da região central de
amostra atenuada do vírus EC, realmente não revelou a existência de tal gene (BUTTNER e
RZIHA, 2002).
A alteração do genoma viral do vírus EC pode também ocorrer quando o vírus é adaptado a
crescer em diferentes linhagens celulares, o que pode levar a perda de diferentes regiões do genoma,
ou seja, a adaptação em cultura celular e a subsequente atenuação viral pode estar associada com a
perda de genes não-essenciais (BUTTNER e RZIHA, 2002).
Devido a essa heterogeneidade genética não somente entre os vários Parapoxvírus, mas
também entre os vírus EC, a classificação dos Parapoxvírus baseada na caracterização molecular
permanece problemática. Como os fragmentos de DNA da região terminal parecem ser análogos
para cada espécie de Parapoxvírus, eles podem talvez ser usados como sondas espécie-específicas
para a classificação dos Parapoxvírus, mas para isso, o sequenciamento genético de outros
Parapoxvírus, que não o vírus EC, é necessário (BUTTNER e RZIHA, 2002).

Epidemiologia

O Ectima Contagioso tem ampla distribuição geográfica, causando queda na produção e


perda econômica. Sua incidência é mais alta no final da primavera. Acontece, também, em qualquer

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época, sendo mais comum nas estações secas, momento em que os ovinos estão pastando e abrasões
causados por alimento seco fornecem uma porta de entrada para a infecção. A disseminação é rápida
e a transmissão ocorre por contato com animais infectados ou objetos contaminados (NANDI et al.,
2011; ARRANZ, 2005).
O vírus é eliminado pelos exsudatos das pústulas, vesículas e pelas crostas já secas. As
crostas são longa e altamente infectantes, mas a persistência da doença pode ser devido a lesões
crônicas mantidas em certos indivíduos (McKEEVER e REID, 1986). Devido a sua extraordinária
capacidade para ser conservado nas crostas, o vírus pode permanecer virulento nos pastos e
estábulos durante anos. Especialmente durante o período seco, a infecção é disseminada
rapidamente nas criações.
Os animais jovens estão em maior risco, sendo especialmente susceptíveis os cordeiros e
cabritos de 3 a 6 meses, mas podem acometer animais de todas as idades. Em certas situações,
cordeiros de 10 a 12 dias de idade, bem como animais adultos, podem adoecer gravemente (HAIG
et al., 1997). Na Itália, as infecções proliferativas em ovinos adultos tem aumentado nos últimos
anos. Estes casos extremos são frequentemente fatais e dificultam a diferenciação de outras doenças
infecciosas de ovinos como, por exemplo, a língua azul (SCAGLIARINI et al., 2006).
A doença é frequentemente severa para criar problemas substanciais nos rebanhos. Quanto a
morbidade, geralmente adoecem mais de 50% dos animais do rebanho, podendo incidir em até
90%. Entretanto, a mortalidade usualmente não passa de 10% (SCAGLIARINI et al., 2006).
Algumas mortes podem ocorrer devido ao comprometimento do sistema respiratório, infecção
secundaria por Fusobacterium necrophorus, miíase ou raramente invasão sistêmica (ROBINSON e
BALASSU, 1981). Alguns animais afetados adquirem outras infecções dermatológicas e a condição
predispõe as fêmeas lactentes à mastite (HAIG, 2001).
Animais que se recuperam adquirem forte imunidade durante 2 a 3 anos, com alto título de
anticorpos neutralizantes no soro; entretanto, cordeiros recém-nascidos de ovelhas imunes são
suscetíveis. Ovelhas infectadas pelo vírus EC podem transmitir a doença aos seus cordeiros que
ainda mamam e vice-versa (HAIG, 2001).

Patologia e imunidade

O vírus EC penetra no hospedeiro via pele ferida ou escarificada, pela mucosa, lábios,
extremidades dos membros e genitais (McKEEVER, 1986). Os locais mais comuns de infecção são
ao redor da boca e narinas (HAIG et al., 1997). O vírus se replica em células epidérmicas

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regeneradas (queratinócitos) ocasionando proliferação, degeneração (vacuolização e aparecimento


de corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos eosinofílicos) e liquefação, formando vesículas que,
devido a afluência de leucócitos, são transformadas em pústulas. O epitélio superficial necrosa-se e
é constituído um coágulo de fibrina, formando-se as crostas. Sob estas a pele é regenerada sem
formar cicatriz no prazo de duas semanas (HAIG, 2001).
As primeiras lesões são frequentemente proliferativas e graves, com uma progressão clínica
de máculas eritematosas, pápulas, vesículas, pústulas, crostas, alopecia temporária, e que podem ser
acompanhadas por edema, febre e linfangite, ocorrendo resolução em aproximadamente 4 a 6
semanas. As lesões geralmente são menores do que um centímetro, exceto em indivíduos
imunossuprimidos, em que podem se tornar extensas (BARRAVIERA, 2005).
As lesões de reinfecção progridem pelos mesmos estágios clínicos, mas geralmente não são
proliferativas, são menores e se resolvem mais rapidamente, usualmente dentro de 2 a 3 semanas. O
vírus é desprendido com a crosta, contribuindo para a disseminação ambiental do agente. O vírus
pode conservar sua virulência durante anos incluído no material formado pelas crostas e escaras;
entretanto, pela ação da luz é inativado em poucas semanas. A observação de que ovinos podem ser
reinfectados repetidamente com o vírus EC é de interesse imunológico. A resposta imune específica
é capaz de conter a replicação viral, mas não é eficaz por um período crítico de alguns dias pós-
reinfecção durante o qual o vírus pode se replicar e se disseminar no ambiente (HAIG et al., 1997).
A imunohistoquímica baseada no exame histológico de lesões primárias induzidas
experimentalmente em ovinos, usando anticorpos monoclonais específicos para o núcleo viral e
proteínas do envelope, mostrou a presença de antígenos virais entre 3 e aproximadamente 25 dias
pós-infecção. Antígeno viral foi localizado em áreas de hiperproliferação de células epidérmicas,
com maior intensidade em células degeneradas, indicando um efeito citopático in vivo. A infecção
primária foi associada com profunda proliferação epidermal. A análise do acúmulo de células
imunes e inflamatórias revelou um fluxo precoce de neutrófilos nas primeiras 48 horas, seguido por
um acúmulo de células T CD4+, T CD8+, células B e células dendríticas com picos entre 9 e 15
dias pós-infecção e retorno aos níveis pré-infecção ao redor de 30 dias pós-infecção (HAIG et al.,
1997).
As lesões de reinfecção foram de dimensões e tempo menores se comparadas à infecção
primária. O antígeno viral foi detectado entre 3 e 9 dias pós-reinfecção, com máximo entre 5 e 7
dias e desaparecendo antes da resolução macroscópica da lesão entre 10 e 15 dias. Houve redução e
aumento paralelo no acúmulo de células T, células B e células dendríticas durante o curso da
replicação viral. A característica mais interessante das lesões primárias e de reinfecção foi o denso

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acúmulo de células dendríticas. A origem e a função do acúmulo dessas células não são conhecidas,
todavia um papel na reparação da pele, apresentação do antígeno e contenção direta do vírus são
possibilidades. O tempo curto de resolução e o menor tamanho das lesões de reinfecção indicam o
envolvimento de uma resposta imune específica no controle da extensão da replicação viral (HAIG
et al., 1997).
Uma função para as células T e citocinas na imunidade à reinfecção pelo vírus EC foi
deduzida em animais que, tendo recebido 25 mg/kg de ciclosporina A sistemicamente,
desenvolveram lesões primarias típicas com pronunciada replicação viral comparados aos controles
(HAIG et al., 1997).
Após uma escarificação de controle, não há alterações significantes na produção total de
células, transformação linfoblástica ou na proporção de diferentes linhagens celulares das linfas
aferente ou eferente. Já após a reinfecção pelo vírus EC, a produção total e linfoblástica é bifásica
na linfa aferente e eferente. O primeiro pico de resposta é provavelmente contra um antígeno de
memória do vírus EC e o segundo ocorre devido a replicação viral na pele que ocorre entre
aproximadamente 3 e 9 dias pós-infecção (BUJDOSO et al., 1989). Subsequente a reinfecção, os
títulos de anticorpos aumentam em ambos os compartimentos da linfa, e células T da linfa
proliferam em resposta ao antígeno exógeno do vírus. Estas análises revelam uma potente resposta
imune a reinfecção pelo vírus (HAIG et al., 1997).
Há várias razões possíveis pelas quais o vírus EC pode reinfectar repetidamente ovinos e se
replicar. Primeiramente, a infecção é aguda e aparentemente restrita aos queratinócitos da epiderme
in vivo. Segundo, a infecção viral pode não estimular uma resposta protetora adequada. Finalmente,
o vírus EC pode ter desenvolvido mecanismos para subverter ou interferir com os componentes da
resposta imune protetora, como foi demonstrado para outros poxvírus (HAIG, 2001).
As lesões que se desenvolvem na segunda infecção ou em desafios subsequentes, resolvem-
se mais rapidamente do que àquelas induzidas pela infecção inicial. A imunidade apos a vacinação é
de cerca de 2 anos (YIRREL et al., 1989).

Sinais clínicos

O período de incubação é de 3 a 8 dias. Clinicamente são observadas as formas labial, podal


e genital, idênticas em ovinos e caprinos (BARRAVIERA, 2005) (Tabela 1).
A principal apresentação é a de localização no ângulo labial, causando hiperplasia
acantósica e necrose que com frequência sofrem infestação secundaria por larvas de moscas

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necrobiontófagas; ocorre ainda nas mamas com grave prejuízo para a saúde do animal (OTT e
NELSON, 1978; PIEGAS, 1967).
As lesões de pele apresentam graus variáveis podendo ser imperceptíveis ou graves. No
início da doença há formação de pápulas, vesículas e pústulas, seguidas de crostas espessas que
recobrem uma área elevada na pele. As primeiras lesões são observadas na junção mucocutânea
oral, frequentemente nas comissuras labiais, disseminando-se posteriormente para região
periorbital, perinasal e fossas nasais. Nos casos mais graves as lesões penetram nas gengivas,
palato, língua e esôfago (NÓBREGA et al., 2008).
As lesões evoluem de pequenas manchas avermelhadas, nódulos, vesículas, pústulas e, uma
vez rompidas, crostas grossas e persistentes de coloração marrom avermelhada, que recobrem uma
área elevada de ulceração, granulação e inflamação, que podem estar reunidas como uma placa
contínua. Ao continuar a exsudação, as crostas aumentam de tamanho, racham-se, ficam dolorosas
ao toque, secam-se e desprendem-se depois de duas semanas, aparecendo em seu lugar pele normal.
As lesões cutâneas podem se estender às orelhas, pálpebras, narinas, bochechas, etc. As erosões dos
lábios dificultam a alimentação, especialmente em cordeiros, com os animais enfraquecendo,
podendo até virem a óbito. A evolução da doença pode ser complicada particularmente por
infecções secundárias por bactérias produtoras de necrose (BARRAVIERA, 2005).
Na forma podal, que aparece simultânea ou independentemente da forma labial, são
observadas lesões cutâneas similares na borda da falange média dos cascos, a nível da articulação
do boleto e no espaço interdigital. As partes distais das extremidades ficam quentes e dolorosas, e as
vesículas e crostas sofrem infecções bacterianas secundarias, transformando-se em panarícios e
pododermatite necrótica (BARRAVIERA, 2005).
Na forma genital aparecem pústulas, erosões e crostas na face interna das coxas, e
especialmente na época da lactação pode aparecer mamite gangrenosa. As lesões podem afetar
também a pele da região inguinal, vulva, ânus e prepúcio, membros e cauda (NÓBREGA et al.,
2008). As lesões no úbere podem resultar no abandono da prole e lesões nos cascos podem causar
claudicação transitória (NANDI et al., 2011).
Há uma forma aguda e maligna da doença caracterizada por vesículas orais que se estendem
para o trato gastrintestinal, lesões granulomatosas e desprendimento dos cascos. Em carneiros, as
lesões no saco escrotal podem estar acompanhadas por acúmulo de líquido (SCAGLIARINI et al.,
2006) (Tabela 2).

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Lesões difusas ocorreram 48 horas após a inoculação na face interna da coxa de um cabrito
com 1 mês de idade, SRD e sem histórico de EC. Macroscopicamente, as lesões consistiram de
edema, múltiplos pontos arredondados, salientes e hiperêmicos, além de espessamento da pele. As
lesões progrediram dando origem às vesículas no 4º dia p. i., com pontos esbranquiçados na
superfície. As pústulas foram observadas no 5º dia p. i., aumentaram de tamanho e romperam-se
entre o 9º e o 11º dia p. i., dando origem a exsudação serosa e emaciação da região acometida. No
16º dia p. i., o início da formação de crostas foi observado simultaneamente com o surgimento de
novas pústulas. No 23º dia p. i., lesões pustulares e crostas foram observadas na comissura labial.
No 35º dia p. i., constatou-se a regressão das lesões na região da inoculação e regeneração do tecido
epitelial (OLIVEIRA et al., 1998).

Tabela 1 – Relação entre formas clínicas e localização lesionais do Ectima Contagioso

Formas clínicas Localização lesionais


Labial Borda dos lábios
Junção mucocutânea
Comissuras bucais
Focinho e narinas
Gengivas e língua
Pálpebras

Podal Falange média dos cascos


Articulação do boleto
Espaço interdigital

Genital Face interna dos coxais


Lábios vulvares
Prepúcio
Glândulas mamárias

Sistêmica Mucosas oral e nasal


Coroas e orelhas
Desprendimento dos cascos
Panarícios
Edema escrotal
Gastrenterite e Broncopneumonia

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Tabela 2 – Evolução clínica das lesões de Ectima Contagioso


Grau de severidade Evolução lesional
Leve Eritema
Mácula
Pápula
Vesícula
Nódulo

Moderada Pústula
Crosta
Úlcera

Grave Edema
Febre

Sistêmica Linfangite
Granuloma
Necrose

Prognóstico e diagnóstico

A doença é benigna e espontaneamente curável, portanto, o prognóstico, geralmente, é


favorável, entretanto, há casos graves em que o prognóstico é reservado. O diagnóstico pode ser
realizado clinicamente, por histopatologia, por microscopia eletrônica e identificação do agente
(método mais rápido e seguro), imunodifusão em ágar gel, fixação de complemento, por inoculação
experimental (BARRAVIERA, 2005), em cultivo de células (SANTANA, 2008) e pela Reação em
Cadeia da Polimerase (GALLINA et al., 2006).
O Ectima Contagioso pode ser confundido com a língua azul, eczema facial, dermatose
ulcerativa, dermatite proliferativa e varíola ovina. A língua azul apresenta alta mortalidade, reação
sistêmica grave, lesões no focinho, coroas dos cascos, mucosa oral e uma conjuntivite não purulenta
(BHANUPRAKASH et al., 2006). O eczema facial é distinguido por dermatite difusa, edema grave
e lesões nas orelhas. A dermatose ulcerativa é uma dermatite micótica da pele coberta de lã. A
dermatite proliferativa apresenta úlceras com aspecto de morango confinadas aos membros
posteriores. Na varíola ovina, as crostas são duras típicas, ocorre reação sistêmica grave e alta
mortalidade (BARRAVIERA, 2005).

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Cultivo celular

Apesar de muitos estudos já terem sido realizados sobre o crescimento em cultura de células
(Tabela 3), o vírus EC apresenta dificuldade de replicação em cultivo celular (SANTANA, 2008). A
dificuldade de cultivo celular permissível à replicação contínua do vírus EC tem levado a
comercialização no Brasil de vacina obtida a partir da suspensão de crostas de animais infectados 1-2,
que apresenta sério risco de disseminação de outras doenças, principalmente virais, já que a vacina
não é inativada (HONORATO, 2007).
O vírus EC parece ser pouco exigente quando cultivado em células primárias, crescendo
com mais dificuldade em linhagens contínuas (NAGINGTON, 1968).
O soro bovino é utilizado para o crescimento celular (OLIVEIRA, 1998; SANTANA, 2008),
no entanto, ele pode ser incriminado como prejudicial ao crescimento do vírus EC, no sentido da
ausência de efeito citopático (ECP) nos cultivos celulares (TÓRTORA, 1985); sendo assim, pode
ser tentada sua substituição pelo soro equino (ZEBROWSKI et al., 1974).
O ECP ocorre geralmente a partir do 3º dia p. i., sendo visível até o 7º ou 8º dias, mas pode
ocorrer logo após as primeiras 24 horas p. i., dependendo da linhagem celular utilizada, da
adaptação viral ao soro utilizado ou da virulência da amostra coletada (OLIVEIRA, et al., 1998).
O ECP se caracteriza por arredondamento e desprendimento das células da monocamada,
formação de vacúolos e corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos, sincícios e células
binucleadas (TÓRTORA, 1985; OLIVEIRA et al., 1998; SANTANA, 2008). Os corpúsculos de
inclusão intracitoplasmáticos são locais de proliferação viral e acúmulos de restos celulares ricos
em glicoproteínas (TÓRTORA, 1985; KLUGE et al., 1972).
A maioria dos estudos in vitro do vírus EC utilizou células epiteliais, rim ou testículo de
caprinos, ovinos e/ou bovinos, tendo sido um estudo realizado com células de córnea por também se
tratar de células epiteliais, porém sem irrigação sanguínea (SANTANA, 2008).

Reação em Cadeia da Polimerase

A Reação em Cadeia da Polimerase, ou reação de polimerização em cadeia – PCR, é uma


técnica molecular que permite a amplificação do DNA in vitro, através de uma reação enzimática
catalizada pela DNA polimerase. Esta enzima cataliza a síntese do polímero de ácido nucléico
complementar usando uma cadeia precursora como molde (ANDRADE, 1993).

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Tabela 3 – Estudos sobre o crescimento do vírus EC em cultura de células


Linhagem celular Referência
Epiderme embrionária de ovino Greig (1957)
Webster (1958)
Torres et al. (1982)
Tórtora e Hernandez (1985)

Rim bovino e/ou ovino Plowright et al. (1959)


Ramyar (1973)
Precausta e Stellman (1973)
Dobric (1995)

Rim caprino Oliveira (1998)

Testículo bovino e/ou ovino Plowright et al. (1959)


Sawhney e Toschkov (1972)
Robinson, Ellis e Balassu (1982)
Balassu e Robinson (1987)
Sullivan et al. (1994)
Kottaridi et al. (2005)

Testículo caprino Mazur e Machado (1990)


Hosamani (2007)

Anion humano Nagington e Whittle (1961)


MacDonald e Bell (1961)

HeLa MacDonald e Bell (1961)


Sawhney e Toschkov (1971)

Rim de macaco Nagington e Whittle (1961)

Fibroblasto de embrião de pinto e pato Rossi (1973)

Baço fetal bovino Hessami et al. (1979)

Ovos embrionados Rao e Singh (1981)

BHK Tórtora et al. (1981)


Kottaridi et al. (2005)

Pneumócito bovino Gassman et al. (1985)

Vero Hussain e Burger (1989)


Vikoren (2008)

Fibroblasto fetal de cordeiro Onwuka et al. (1995)

MDBK Oliveira (1998)

MDOK Guo et al. (2003)

Queratinócitos de prepúcio de cordeiros Scagliarini (2005)

GBK Kottaridi et al. (2005)

Córnea fetal caprina Santana (2008)

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A PCR reproduz laboratorialmente o processo de replicação natural de DNA, o que somente


é possível devido à descoberta do Thermus aquaticus, uma espécie de bactéria que sobrevive em
altas temperaturas em termas naturais. Desta bactéria extrai-se uma DNA polimerase, a Taq DNA
polimerase, capaz de resistir aos agressivos ciclos térmicos usados durante a realização da PCR
(ANDRADE, 1993).
A Reação em Cadeia da Polimerase é reconhecida como um método de diagnóstico
molecular estável, rápido e sensível para a detecção de ácidos nucléicos e pode ser utilizada mesmo
quando a disponibilidade de amostra é pequena. A PCR identifica animais verdadeiramente
infectados e não apenas soropositivos (NITSCHE et al., 2006).
A PCR ocorre em 3 fases: desnaturação, anelamento ou hibridização e extensão ou
polimerização propriamente dita. Na primeira fase ocorre a separação da fita dupla do DNA em
duas fitas únicas, promovida por elevação da temperatura em graus variáveis, entre 90º e 95º. Na
segunda fase, se dá a demarcação das extremidades do DNA de interesse nas duas fitas resultantes
da fase anterior. A polimerase, para desempenhar seu papel de polimerização, necessita de um
fragmento de DNA previamente ligado na região escolhida com antecedência, e para isto utiliza-se
um iniciador ou primer. Primers são pequenos fragmentos de DNA de fita simples sintetizados in
vitro a partir de uma sequência de oligonucleotídeos previamente conhecida, a fim de que uma
perfeita hibridização com os pares de base da fita do DNA estudado ocorra. Somente haverá
amplificação de DNA se houver hibridização do primer com um segmento do DNA da amostra, o
que confere especificidade à reação. Esta fase da reação requer uma temperatura em torno de 45º a
60º. A terceira e última etapa é iniciada quando o primer já se encontra ligado aos segmentos
complementares. A polimerase liga os nucleotídeos entre si, completando a fita simples e
transformando-a em dupla, promovendo sua extensão. A partir daí ocorre uma reação em cadeia,
sendo que os fragmentos de DNA recém-formados fornecem mais moldes para a montagem de
novas fitas nos ciclos subsequentes. Atualmente este procedimento é totalmente automatizado em
um aparelho denominado termociclador, programado para ajustar tempo, temperatura e número de
ciclos específicos para o objetivo que se pretende alcançar (ANDRADE, 1993; COHEN, 1994).
Os produtos da PCR convencional são detectados pela eletroforese em gel de agarose ou
poliacrilamida. Os produtos são corados com azul de bromofenol, submetidos a eletroforese sob
voltagem constante e, em seguida, o gel é observado sob luz ultravioleta (UV). A presença de
bandas de pares de bases é considerado como resultado positivo (TORFASON e GUONADÓTTIR,
2002).

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A PCR em tempo real é uma tecnologia baseada em fluorescência, realizada em um sistema


fechado, na qual a amplificação e a detecção de DNA ocorrem em um único tubo ou poço, o qual
permanece fechado durante todo o processo, minimizando o risco de contaminação. Além disso, o
tempo necessário para a finalização do processo é de aproximadamente 50 minutos inferior à
convencional, não necessitando de processamento eletroforético após a amplificação
(BANKOWSKI e ANDERSON, 2004).
As condições termo cíclicas consistem de uma incubação inicial a 94º C por 5 ou 12
minutos, seguida por 35 ou 40 ciclos de anelamento a 58º C por 30 segundos ou 68º C por 45
segundos, polimerização a 68º C ou 72º C por 45 segundos e desnaturação a 65º C por 3 minutos ou
a 94º C por 30 segundos. Um ciclo final de anelamento a 58º C por 2 minutos, seguido pela
extensão a 72º C por 7 minutos e uma imersão final a 4º C (TORFASON e GUONADÓTTIR, 2002;
GALLINA et al., 2006).
A PCR convencional utiliza como modelo fragmentos de DNA representados pelos primers
PPP1/PPP4. Esses primers amplificam um fragmento interno do gene do envelope B2L, resultando
em um produto de 594 pares de bases. Outro fragmento de DNA que pode ser utilizado é o primer
PPP3, que é utilizado em conjunto com o PPP4, resultando em produto amplificado com 235 pares
de bases (GALLINA et al., 2006). O gene B2L é um fragmento da cepa NZ2 e codifica uma
proteína do envelope viral ( SULLIVAN et al., 1994).
A extração de DNA para a PCR pode ser realizada pela mistura da amostra com fenol,
clorofórmio e álcool isoamílico. Em seguida, a mistura é suspendida em solução de lise celular,
composta de 50 mM de KCL e 2,5 mM de MgCl2 (TORFASON e GUONADÓTTIR, 2002). Outros
protocolos de extração de DNA são a termo extração, a lise com proteinase K, lise com
isotiocianato de guanidina, lise com DNAzol e lise com hexadeciltrimetilamônio brometo (GROFF
et al., 2010).
O DNA amostral é misturado com uma solução adicionada de primers, d-oxinucleotídeos e
da enzima Taq polimerase (TORFASON e GUONADÓTTIR, 2002; GALLINA et al., 2006).
Brevemente, a reação é realizada em 50 µl da solução de mistura, que contém 5 µl de solução
tamponada 10x, 200 µl de cada dNTP, 2 nmol de cada primer oligonucleotídeo, 100 ng de cada
amostra de DNA, 2,5 mM de MgCl2 e 5 unidades de DNA polimerase (CHAN et al., 2007).
A PCR em tempo real é precisa na quantificação do DNA viral e apresenta ainda uma
relação entre a quantificação e o título viral. O desenvolvimento de uma PCR como método de
diagnóstico molecular para detecção do vírus EC atende à demanda por um teste rápido e sensível
para diagnóstico da doença (GALLINA et al., 2006).

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A PCR foi realizada para confirmar o diagnóstico de Ectima Contagioso durante uma
exposição no estado de Mato Grosso, em que ovinos apresentavam lesões de Ectima Contagioso
nos lábios, na língua e ao redor da boca. As crostas secas foram coletadas, processadas e o vírus foi
detectado pela PCR sem extração de DNA. A análise filogenética levou a conclusão que distintas
amostras de vírus EC circulam no território brasileiro (ABRAHÃO et al., 2009) (Tabela 4).

Tabela 4 – Estudos com diagnóstico do vírus EC através da PCR


Protocolo de PCR Gene amplificado Referência
Convencional B2L e B3L Sullivan et al. (1994)
RPA Torfason e Guonadóttir (2002)
B2L Mondal et al. (2006)
B2L e F1L Shao-peng et al. (2011)

Tempo Real VEGF Scagliarini et al. (2006)


B2L Gallina et al. (2006)
B2L e VIR Kottaridi et al. (2006)
B2L Nitsche et al. (2006)
B2L Hosamani et al. (2007)
B2L Chan et al. (2007)
B2L Abrahão et al. (2009)
B2L Zhang et al. (2010)

Semi-Nested B2L Inoshima et al. (2000)


VIR Guo et al. (2003)
B2L Hosamani et al. (2006)

Duplex B2L Zhang et al. (2007)

Os diagnósticos de EC realizados pela PCR apresentam protocolos variados. Alterações


macroscópicas e sinais clínicos consistentes de Ectima Contagioso também foram observados em
caprinos Boer e lesões coletadas. As amostras foram utilizadas para infectar células primárias de
testículo de cordeiro e, após a observação de ECP, o vírus EC foi colhido e seu DNA extraído. Os
genes B2L e F1L foram amplificados a partir das amostras extraídas das células com efeito
citopático positivo (SHAO-PENG et al., 2011).
Durante um surto de Ectima Contagioso de disseminação severa em animais jovens,
amostras de crostas foram coletadas e inoculadas em células de rim ovino (MDOK). Quando 50%
de ECP foi observado, o DNA foi extraído da cultura de células infectada e a especificidade do ECP
foi confirmada pela PCR. As amostras de DNA para a PCR foram preparadas tanto das células

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infectadas quanto diretamente das crostas e fragmentos de DNA com 235 e 594 pares de bases
foram amplificados pela semi-nested PCR (GUO et al., 2003).

Tratamento e controle

Não há drogas específicas para o tratamento da doença em animais infectados e a excisão


das crostas pode acelerar o processo de resolução (SHELLEY e SHELLEY, 1983; SCAGLIARINI,
2006). As erosões podem ser tratadas com glicerina iodada (SHATZMAYR et al., 2006), álcool
iodado com 3% de tanino ou outros desinfetantes suaves. Além disso, podem ser feitas aplicações
prévias de pomadas com salicilatos para amolecer as crostas.
Em áreas endêmicas, repelentes e larvicidas apropriados devem ser aplicados sobre as lesões
(AIELLO, 1998). Se houver complicação secundaria, é recomendado tratamento parenteral com
antibiótico de amplo espectro. Recomenda-se o fornecimento de alimentos macios e palatáveis.
Casos leves não requerem tratamento. Uma vez detectada a doença, os animais infectados devem
ser isolados e os demais vacinados (BERRIER, 2001).

Imunoprofilaxia

A vacinação contra EC utiliza microrganismos completamente virulentos (Tabela 5), sendo


que esta vacina não previne a doença, mas diminui sua gravidade e a duração, estando indicada na
imunização ativa de ovinos e caprinos, para prevenir ou minimizar a gravidade de um surto
(HONORATO, 2007).

Tabela 5 – Esquema de vacinação para o Ectima Contagioso em caprinos e ovinos


Categoria animal Condições Esquema de vacinação
Cordeiros e Cabritos; Rebanhos onde já surgiu a doença; ou naqueles em que ocorreu Autovacina, dose única, repetindo-se nas
Matrizes (terço final da gestação) introdução de novos animais; ou quando do envio de animais matrizes na próxima parição
para exposição
Fonte: HONORATO (2007) adaptado de Silva et al. (2001).

Vacinas comerciais indicadas para caprinos e ovinos estão disponíveis e têm sido de valor
em algumas circunstâncias. Estes produtos devem ser sempre utilizados de acordo com a
recomendação do fabricante, porque a dose adequada é fundamental para otimizar a imunização. As

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vacinas são preparações de vírus vivos atenuados, basicamente de crostas virulentas ou, mais
recentemente, culturas celulares (NETTLETON et al., 1996).
As vacinas preparadas a partir de crostas emulsificadas em glicerol salino foram
introduzidas em 1930 e foram efetivas na prevenção da doença (BOUGHTON e HARDY, 1935;
HART et al., 1949). As vacinas vivas liofilizadas ainda são preparadas pelo procedimento de
homogeneização em solução salina de crostas infectadas, que requer a infecção deliberada de uma
grande área de criação de ovinos. É produzida a partir de vírus vivos atenuados derivados das
crostas de animais afetados pela doença e contém penicilina e estreptomicina como preservativos
(PYE, 1990).
A vacina produzida em cultura de células poderia evitar o desconforto ao ovino, em relação
ao seu bem estar, e proporcionar um produto melhor definido para ser produzido. Estudos foram
conduzidos para examinar o potencial de vacinas contra o vírus produzidas em cultura de células,
algumas foram efetivas na proteção (MAYR et al., 1981), enquanto outras não foram efetivas até
contra vírus homólogos (BUDDLE et al., 1984).
A vacina é aplicada sobre uma pequena área de pele escarificada na face interna da coxa,
sob a orelha com um aplicador previamente imerso na vacina, nas áreas desprovidas de lã das
paredes laterais do tórax ou abaixo da cauda. Não é produzida a generalização do processo devido a
vacinação (TIZARD, 1996).
As vacinas devem ser aplicadas com cuidado para evitar a contaminação de propriedades
não infectadas e os animais vacinados devem ser isolados do lote não protegido, até a queda das
crostas (AIELLO, 1998). Para cabras expostas regularmente, a vacinação previne a ocorrência de
um surto. São necessárias duas a três semanas para a formação de imunidade adequada após a
vacinação. Após a aplicação, ocorre uma reação vacinal local após 1 a 3 dias, caracterizada por
formação de crostas que secarão e cairão em cerca de duas a quatro semanas. (NETTLETON et al.,
1996).
Os animais vacinados desenvolvem lesões com aproximadamente 2 mm (BUDDLE et al.,
1984) características da infecção pelo vírus EC. Inicialmente é observado um intenso eritema ao
longo das linhas de escarificação, seguido pelo desenvolvimento de vesículas, pústulas e crostas
(NETTLETON et al., 1996).
Há variação entre os cordeiros e cabritos vacinados, mas geralmente, o eritema é mais
evidente entre 2 e 8 dias após a vacinação, vesículas e pústulas após 9 a 14 dias e as crostas são
mais proeminentes entre 15 e 24 dias (NETTLETON et al., 1996).

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A ausência de uma reação local após a vacinação pode significar a existência de imunidade
previa, perda da viabilidade da vacina ou falha técnica na aplicação. (LUGINBUHL e
ANDERSON, 1914).
Em áreas endêmicas, cordeiros devem ser vacinados entre 6 a 8 semanas. Em áreas livres, a
vacina não está recomendada porque pode infectar o rebanho (BERRIER, 2001).
Após a vacinação, as lesões em cordeiros e cabritos expostos são relativamente suaves, em
contraste com as lesões severas típicas em animais não vacinados. Adicionalmente, as lesões nos
animais vacinados se desenvolvem mais cedo e se resolvem mais rapidamente (NETTLETON et
al., 1996), indicando uma resposta imune anamnéstica (BUDDLE et al., 1984).
Amostras de soro coletadas após a vacinação apresentam picos de anticorpos 2 a 4 semanas
depois da inoculação (BUDDLE et al., 1984).
Não foi relatado aborto devido a utilização da vacina, entretanto, o estresse causado pela
reunião de animais para facilitar a aplicação da vacina, pode potencialmente induzir o aborto em
algumas fêmeas A imunidade colostral é de curta duração e os cordeiros recém-nascidos devem ser
vacinados (LUGINBUHL e ANDERSON, 1914).
Ovelhas vacinadas 3 a 4 semanas antes do parto transferem anticorpos aos cordeiros via
colostro. Apesar destes cordeiros terem níveis de anticorpos mais altos ao desafio do que cordeiros
vacinados com 1 a 4 dias de idade, somente os cordeiros vacinados foram protegidos contra o
desafio com vírus de Ectima Contagioso a 1 mês de idade (BUDLLE e PULFORD, 1984).
O risco dos cordeiros pode ser reduzido se for realizada a vacinação das ovelhas entre 6 e 8
semanas antes do parto. Isso tanto permite que a imunidade das ovelhas suba ao máximo durante o
período de gestação, como as lesões produzidas pela vacinação caiam do local de escarificação. Se
o rebanho for removido para um pasto novo cerca de duas semanas antes do parto, as lesões
vacinais poderão ser deixadas no antigo pasto e assim os cordeiros não terão contato com esta fonte
de infecção (KERRY e POWELL, 1971).
Surtos da doença podem ocorrer em cordeiros jovens desprotegidos e ainda há o problema
adicional da infecção do úbere das ovelhas pelos cordeiros lactentes, quando a injuria a teta a partir
dos dentes dos cordeiros e a inoculação simultânea do vírus na lesão causa o desenvolvimento de
uma infecção local de Ectima Contagioso até em ovelhas vacinadas (KERRY e POWELL, 1971).
Em um experimento prático, um grupo de 10 cordeiros foi vacinado com 48 horas de idade
na base da cauda, enquanto um grupo controle também de 10 cordeiros não foi vacinado. Doze dias
depois de um desafio, todo o grupo controle apresentou sintomas, mas nenhum dos animais
vacinados desenvolveu a doença. Tendo em mente o maior número de cordeiros que tem sido

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vacinado, e o fato de que onde a vacina tem sido mal aplicada, as lesões têm sido observadas,
poderia parecer razoável considerar que o programa de vacinação tem obtido sucesso e não produz
reações adversas. A vacina não deve ser aplicada até 21 dias antes do abate (KERRY e POWELL,
1971).
Epizootias de Ectima Contagioso em ovinos vacinados foram registradas (PEDDIE, 1950;
BECK e TAYLOR, 1974), mas as razões para estas falhas na vacinação permanecem incertas.
Falhas resultariam da administração incorreta da vacina e da multiplicidade de linhagens do vírus
EC, com virulência aumentada ou antigenicamente diferentes do vírus vacinal, apesar de que os
vírus isolados de Ectima Contagioso podem compartilhar alguns antígenos de superfície comuns.
Porém, experimentos de proteção cruzada não sustentam a sugestão de que as falhas vacinais devem
ser explicadas com base na diferença antigênica entre o vírus vacinal e de campo (BUDDLE et al.,
1984).

_______________________________________________________________________
1- Vacina Leivas Leite – registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, sob o nº 0260/75
2- Vacina Ceva Ectisan – registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, sob o nº 9342/07

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Submissão: 27/01/2018
Aceito: 04/04/2018

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Rev. Agr. Acad., v.1, n.1, 2018

Revista Agrária Acadêmica


Agrarian Academic Journal
Volume 1 – Número 1 – Mai/Jun (2018)
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Natriuresis does not account for urinary concentration inhability


in the chronically undernourished rat
Variação nos teores de sódio em dieta multicarenciada:
efeitos sobre alguns aspectos da função renal em roedores

Edinéia Goedert1, Ana Durce Oliveira da Paixão1, Carmen de Castro-Chaves*1

Corresponding author: Carmen de Castro-Chaves, Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Centro de


Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego S/N, 50670-901, Recife,
PE, Brazil. E-mail: cchaves@ufpe.br
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Abstract

Through different concentrations of sodium in the diet, we investigated whether the natriuresis observed in
the DBR rats since weaning resulted from the higher Na + intake or from its lower conservation by the
kidney and its effect on the urinary concentration. For this purpose, we used a multicentre diet, locally called
the regional basic diet (DBR) and 60 male Wistar rats, treated from weaning with: (i) control diet, by the
American Institute of Nutrition (AIN); ii) DBR supplemented with low Na + content (0.06%), the DBR
group; (iii) DBR supplemented with normal Na + content (0.3%), the DBRnorm group; iv) DBR
supplemented with high Na + content (3.12%), the DBRhiper group. The excretion capacity in relation to
sodium intake was similar between these two groups (99.01 ± 0.12 vs 99.02 ± 0.17%). Malnutrition
compromised the urinary concentration mechanism.

Keywords: Undernutrition, glomerular filtration rate, sodium balance, urinary concentration.

Resumo

Através de diferentes concentrações de sódio na dieta, investigamos se a natriurese observada nos ratos em
DBR desde o desmame decorria do maior aporte de Na+ ou da sua menor conservação pelo rim e o seu
efeito sobre a concentração urinária. Para isso utilizamos uma dieta multicarenciada, localmente denominada
dieta básica regional (DBR) e 60 ratos machos Wistar, tratados a partir do desmame com: i) dieta controle,
nos padrões da American Institute of Nutrition (AIN), o grupo controle (C); ii) DBR suplementada com
baixo teor de Na+ (0,06%), o grupo DBRhipo; iii) DBR suplementada com teor normal de Na+ (0,3%), o
grupo DBRnormo; iv) DBR suplementada com teor alto de Na+ (3,12%), o grupo DBRhiper. A capacidade
de excreção em relação a ingestão de sódio apresentou-se similar entre estes dois grupos (99,01 ± 0,12 vs
99,02 ± 0,17 %). A desnutrição comprometeu o mecanismo de concentração urinária.

Palavras-chave: Desnutrição, filtração glomerular em ratos, balanço de Na, concentração urinária.


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Introduction

Natriuresis, defective water handling, impaired urine concentration,activation of renin-


angiotensin-system, hypoproteinemia and metabolic alterations, were described in chronic
undernutrition [1, 2]. Epidemiological studies in Pernambuco State, Brazil, found undernutrition
mostly in children due to the diet consumed. These studies were the base for an experimental diet
normal in carbohydrates but deficient in proteins, lipids, vitamins and minerals, and also in NaCl
[3]. The effects of chronic undernutrition by this diet on renal function aspects have been addressed
as follow. Adult rats with chronic undernutrition presented hypoproteinemia, renal vasodilatation
and natriuresis leading to a negative balance, with unaltered GFR [4].
The intake of such a diet from weaning impaired renal Na+ and H2O conservation, but
increased GFR and proximal tubule re-absorption in adult rats with unaltered levels of nitric oxide
in blood and urine [5]. Juvenile and adult undernourished rats urinary Na+ excretion was higher
being twice the Na+ intake a in control group) and the adult undernourished showed augmented
fractional proximal Na+ reabsorption (61.0 ± 0.3% vs 81.8 ± 2.2%) with a concomitant decrease in
distal delivery (9.5± 0.5 lmol/min vs 14.0 ± 0.2 lmol/min per 100 g BW). At the molecular level, the
lack angiotensin II sensibility could be due to Na+-ATPase hyperactivity and the ATP-dependent
Na+ transporters were affected in opposite ways: the (Na+-K+)ATPase activity from
undernourished rats fell by 30%, in parallel with a 20% decrease in its immunodetection, whereas
the ouabain-insensitive Na+-ATPase, which is responsible for the fine-tune control of Na+
reabsorption, increased threefold [5].
The present work was designed to verify if the natriuresis seen on rats on chronic
undernutrition was due to increased dietary Na+ intake or to renal impairment to conserve this
electrolyte. Additionally, the effects of variable dietary Na+ content and chronic undernutrition on
renal concentrating mechanism were assessed. Plasma volume was measured in normal sodium
content diets for its effect on effective circulatory volume.

Materials and methods

Materials

All reagents used here were of the highest purity available: creatinin kit Biosystem; Lithium
chloride (Cloreto de lítio) P.A. VETEC, Sodium Cloride (Cloreto de sódio) P.A. VETEC.

Animals

Experiments were conducted in accordance with the Guide for the Care and Use for
Laboratory Animals – EUA and were approved by the Ethics Committee for Animal
Experimentation from the Federal University of Pernambuco, Brazil by report number N 029/06.
Wistar rats were maintained in a room at 22±2oC, with 12-h light–dark cycle, 50% humidity, and
reared at four per collective cage with free access to food and water, except when indicated. Only
male rats were used in all experiments. All rats were weighed weekly from weaning, and had tail
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blood collected at weaning and at three week intervals to measure hematocrit. 40 rats were
previously adapted to individual metabolic cages, remaining there only during the experimental
procedures [7]. At the completion of the 24h balance studies, renal concentration was assessed. At
least 72 h later, the rats were treated with LiCl, as described below, to evaluate GFR and proximal
tubule Na+ re-absorption.

Diets and experimental groups

Control diet (CD) was AIN 93 M [8], modified by adding NaCl to obtain a Na+ 0.3 g/100 g
diet. The deficient diet (DD) was prepared according to Teodósio et al, 1990 [3] with the following
ingredients (g/100g): manioc flour (64.9), beans (18.5), sweet potatoes (12.9) and cured meat (3.7).
All dietary components but manioc, were cooked, dehydrated at 60o C, pulverized, weighed, mixed
and had meat fat added (0.3 g/100g). The mixture was hydrated into a paste and dehydrated at 60oC
for 24 h to obtain pellets. Dietary modifications: i) the cured meat was repeatedly washed, the diet
was prepared as above and the diet final sodium was 0,049 mg/100 g; ii) the diet was prepared as
above employing cured meat washed as above, NaCl was added at the end, to obtain diets with low,
normal and high Na+ levels, respectively: 0.15 (LSDD), 0.3 (NSDD) or 0.6 (HSDD) g/100g [9].
Dietary composition was held at the Federal University of Pernambuco Nutrition
Department. At the day 22nd day of life, age-matched rats were weaned and randomly assigned
into CD or to one of the deficient diets LSDD, NSDD or HSDD until 18th week of age.

Sodium and water balances

Rats were housed in individual metabolic cages. As being previously adapted to the cages,
after 1 day of acclimatization, diet and H2O intake plus urine volume were measured for two 24 h
periods at 8th, 13th and 18th weeks of age. Na+ intake was calculated by the product of food
intake and Na+ dietary content. Data is a mean of the two measurements.

Renal concentration capacity

Renal concentration capacity was assessed by a 12 h overnight H2O deprivation in rats from
all groups but HSDD group, as previously done in humans [1] and in rats [10]. Urine volume,
density and Na+ concentrations were determined but Na+ excretion was calculated. All values were
corrected for 100g BW.

GRF and proximal tubule Na+ re-absorption

GFR and proximal tubule Na+ re-absorption were measured respectively by creatinine
(Clcr) and lithium (ClLi) clearances while Na+ tubular transport was calculated [11, 12]. General
clearance formula (Cx) is: Cx = Ux x V / Px (1) Where, Ux is x concentration in urine, V is urine
volume and Px is plasma concentration of x. The rats were given LiCl (0.06 mmol/100 g BW) by
gavage and were maintained with H2O but no food overnight (12 h). Then, they received a H2O
overload (5 mL/100 g BW) by gavage in two steps (3 and 2 mL/100 g BW), respectively 90 and 30
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min before being housed in metabolic cages. At the end, blood was collected by decapitation in non-
heparinized tubes. Then, major organs were removed and weighed. All values were corrected for
100 g of BW. Na tubular transport was assessed by the following formula:

Na+ filtered load (FLNa+) = Clcr x [Na+]plasma , in µEq/min/100g (2);


Na+ distal delivery (DDNa+) = ClLi+ x [Na+]plasma, in µEq/min/100g (3);
Na+ proximal tubule fractional reabsorption (PTFrNa+R) =[(FLNa+- DDNa+)/FLNa+ ] x 100(4);
Na+ distal tubule fractional reabsorption (DTFrNa+R) = [( DDNa+)-(UNa+V)/DDNa+] x 100 (5).

Plasma volume measurement

Plasma volume was assessed by Evans Blue dye, after anesthesia with sodium pentobarbital
(60 mg/kg BW, i.p.). Briefly, a femoral artery was catheterized one 1 mL basal blood sample was
collected in heparinized syringe to obtain plasma, after centrifugation and the catheter was filled
with physiological saline. The dye (0.1% in physiological saline) was administered (100 µg/100 g
BW) and the catheter was flushed with 200 µL of physiological saline. After 7.5 min, physiological
saline in the catheter was discarded and another 1 Ml blood sample was collected as above. The
plasmatic dye concentration was determined spectrophotometrically at 610 nm and compared to a
standard curve constructed with known concentrations of Evans Blue dye and samples of basal
plasma [13].

Analytic technique

Urine density was assessed by refractometry (Atago), showing upper limit of 1.050. Na+
and creatinine concentrations in serum and urine were determined respectively by a selective ion
analyser 9180 (Roche) and colorimetry on a Beckman Coulter, CX9 ALX.

Statistical analysis

Data is presented as mean±SD. The statistical analysis was by Student-Newman-Keuls test.


Significance values were set at 95% (p<0.05)

Results

Although at weaning all offspring had similar BW, the weight gain during development was
decreased on the DD groups at all Na+ levels. The adult LSDD rats weighed less than NSDD rats
only at 18th week of age, but the HSDD rats had the lowest weights at all weeks either compared to
CD or to NSDD. The hematocrit increased with age similarly among groups: at weaning the value
was 34±35 for all; at 8th week (CD: 40±4, LSDD: 45±2, NSDD: 44±2, HSDD: 45 ± 2), at 13th
week (CD: 45±3, LSDD: 48±2, NSDD: 47±1, HSDD: 47±2) and at 18th week of age (CD: 47±2,
LSDD: 50±2, NSDD: 49±1, HSDD: 49±1). The ratio liver/body weight was higher only at HSDD
compared to NSDD, while the relative heart weight (heart/body weight) was increased in HSDD
either compared to CD or NSDD groups. The ratio testicles/body weight was augmented in all DD
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groups compared to CD, and in HSDD also compared to NSDD. Undernutrion induced kidney
atrophy as can be seen in groups LSDD and NSDD, but the high dietary sodium led to kidney
hypertrophy in the HSDD group. The renal index was similar between HSDD and CD.
All rats on the DD from weaning had a higher diet intake throughout life than rats on CD at
all study weeks but rats on LSDD and HSDD diet intake was greater than NSDD. The values of
percent Na+ excretion over intake were similar among NSDD, HSDD and CD. Due to the low
sodium intake, the levels of Na+ urinary sodium concentration shown by LSDD were undetectable
in the sodium electrolyte analyzer.
At 8th of age, HSDD exhibited H2O intake 5 times all other groups but at 13th and 18th
weeks of age, the difference was 3 times. The values of percent H2O excretion in urine over intake
decreased with age. At 8th week the mean values were 40% for CD, LSDD and NSDD but 77% for
HSDD; at 13th week mean values were 31% for CD, LSDD and NSDD but 56% for HSDD; and at
the 18th week of age CD, LSDD and NSDD mean values were 23% and the rats from HSDD group
excreted 55% percent of the H2O intake. Dietary Na+ influenced H2O intake as expected, but H2O
balance was maintained independently of nutrition condition and Na+ intake.
After 12 h overnight H2O deprivation, the decrement in urine volume was less than CD and
lower urinary density on NSDD group points to incapacity to conserve H2O.
Creatinin and lithium clearances were similar among rats from all groups. The mean value
of plasma lithium in all experimental groups was 0.30±0.09 µEq/mL, varying from 0.26 to 0.33,
µEq/mL. Besides being measured after an acute administration, these values were well below the
nephrotoxic levels observed in humans in chronic treatments [14]. Sodium tubular transport values,
assessed by filtered load, distal delivery plus proximal tubule fractional re-absorption were similar
among groups. However, fractional distal re-absorption was increased in LSDD and decreased in
HSDD compared to CD and NSDD, due to Reinforcing data on maintained Na+ balance in
undernourished rats, the plasma volume was similar (3.4±0.41 vs 3.3±0.37mL) between NSDD and
CD groups.

Discussion

The organ weight relative to body weight was adopted here due to great difference in rat
weights from CD and the DD groups at 18th week of age. Rats on DD at different Na+ levels
weighed less than the ones on CD, due to deficient quality and quantity of nutrients but
carbohydrates. Na+ levels were the only difference among the DD, and NSDD rats weighed more
than LSDD at 18th week but rats on HSDD group weighed less throughout the study, compared to
CD and NSDD rats. The results on LSDD are different from the weight pattern seen on 12 week
old rats, from weaning on normal protein diets but with low, normal or high s Na+: the rats on low
Na+ diet weighed more than controls, and rats on the high Na+ weighed less from the 8th week
until adults [9], in agreement with the NSDD data here.
Interestingly, the weight gain stabilized differently among the experimental groups: at the
13th week for the CD, at the 18th week for HSDD and LSDD but rats of NSDD group were still
growing at the week 18th, since protein-malnourished rats grow more slowly but for longer
durations [15], although here the rats did not reach normal final size. Organ weights were more
affected in the HSDD group. The higher testicles weights on all DD groups could be due to
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increased angiogenesis as previously been seen [16]. Higher heart weight in the HSDD rats might
be by increased oxidative stress, as has been shown that a high-salt diet leads to increased
generation of reactive oxygen species in striated muscle micro-vessels, which are responsible for
decreased endothelium-dependent dilation [17]. This could lead to cardiac hypertrophy by
hemodynamic mechanisms. Furthermore, increased oxidative stress could lead also to hypertrophy
in some tissue [18].
Regarding the sodium balance, the values of percent Na+ excretion over ingestion shows
that rats from all groups maintained their balances, However, previous results from this laboratory
found natriuresis in DD rats from weaning: i) in adult rats in a high Na+ control diet (807.5
mg/100g ) or on a low Na+ deficient diet (207.5 mg/100 g), although Na+ intake was higher in
control rats, Na+ excretion ware similar but the percent excreted over the ingested was 3 times
higher in the low sodium deficient diet rat, thus indicating a difficulty on sodium conservation [19];
ii) Urinary Na+ excretion was increased and almost twice the Na+ intake in juvenile and adult DD
rats as to controls. At the molecular level, the ATP-dependent Na+ transporters were affected in
opposite ways. The (Na+-K+ )ATPase activity from undernourished rats fell by 30%, in parallel
with a 20% decrease in its immunodetection, whereas the ouabain-insensitive Na+-ATPase, which
is responsible for the fine-tune control of Na+ reabsorption, increased threefold. Then, that early
alterations in proximal tubule Na+ pumps, together with an abnormally augmented urinary Na+
excretion, might be the link between undernutrition and late renal dysfunction [6].
Also, anesthethized 3-month day old rats assigned from weaning to a multideficient diet,
which was low in sodium, presented a high urinary sodium excretion, a negative sodium balance
and renal vasodilatation as well [4]. In spite of the diverse dietary Na+, balance was maintained at
all weeks with Na+ excretion paralleling ingestion in this study.
The present work was designed to shed some light on the nature of the natriuresis seen on
rats on a DD since weaning. There were three major possibilities: increased ingestion, renal
impairment to conserve Na+ and comparison to a control diet low in Na+. All rats on the DD from
weaning had higher diet intake throughout life than rats on control. Na+ intake is a product of diet
intake and Na+ dietary content, which was respectively low, normal and high on DD rats. The
excretion relative to intake indicates that rats on DD at diverse Na+ levels were able to maintain
their respective Na+ balances at all study weeks.
The capacity to concentrate urine is the finest and most complex of the renal functions, the
last to be acquired in normal life and the first to be lost when functioning renal mass starts to
decrease. Then, NSDD were unable to concentrate urine, corroborating literature data in humans [1,
2], in rats [2, 10] and our previous results [5, 6, 19]. The impairment of urinary concentration
mechanisms was not correlated with increment in GFR, i. e, medullar washout seem unlikely in
these undernourished animals, since plasma volume was unchanged in the normal sodium levels.
GFR is reduced both in humans with caloric protein malnutrition and experimentally in rats
on low protein diets [2] contributing to the hydro-electrolytic alterations. Here, GFR was not
different in adult conscious on DD, independently of dietary Na+ content. Since plasma volume was
similar between CD and DD rats, it may be suggested that effective circulatory volume might be
unchanged. Measurement of GFR by creatinine clearance is a valid method in conscious animals,
since GFR measured simultaneously by creatinine and by [3H]inulin clearances, a significant
correlation was shown between them [20] The increased urinary volume in NSDD rats could not be
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attributed to reduction in Na+ re-absorption in the proximal and distal tubules. Kudo and others [21]
have shown that Na+ re-absorption is reduced in the thick ascendant limb of Henle loop in
undernourished rats and here, we cannot discard a reduced Na+ re-absorption iŶ the asĐeŶdiŶg
liŵď of HeŶle’s loop. Furtherŵore, the syŶthesis of urea is reduĐed iŶ the liver of
undernourished rats, consequently diminishing medullar osmolarity [22]. This disturbance of
urinary concentration leads to an increment of urea transporters in the inner medullary collecting
ducts [23].

Conclusions

Malnutrition and sodium content did not influence: glomerular filtration; proximal tubular
sodium transport; sodium balance; plasma volume; pressure levels. Malnutrition compromised the
urinary concentration mechanism, however, sodium excretion does not seem to contribute to this
disorder, since it remained closely correlated with the concentration of this electrolyte in the diet.

Acknowledgment

Financial support for this research was provided by CAPES through PROCAD 8052. We
would like to thank Nielson Torres de Melo for his technical support, Laboratório Marcelo
Magalhães for creatinin analysis and Marcelo CC Stabile for revising the English.

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Submissão: 25/01/2018
Aceito: 02/04/2018

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