PRP Giglio Lugli
PRP Giglio Lugli
PRP Giglio Lugli
Resumo - Este artigo trata da experiência desenvolvida na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) a
partir da concepção do Programa de Residência Pedagógica (PRP) no Curso de Pedagogia. A base teórica dessa
proposição inicial teve inspiração na Pedagogia da Alternância, produzindo uma metodologia para a formação
prática em estreito vínculo com as escolas públicas de educação básica do Município de Guarulhos (São Paulo,
Brasil). Essa metodologia confronta questões que envolvem as instituições formadoras – universidade e escolas -
em diversos aspectos. Finaliza discutindo o caráter sistêmico presente na dimensão da formação inicial prática
de professores, e a imprescindível gestão estratégica dessa formação, acenando para uma desejável vinculação
entre a formação inicial e continuada de professores e gestores.
Relevant dialogs in pre-service and in-service teacher education programs. The conception of the
Program of Pedagogic Residence from UNIFESP
Abstract - This article describes an experiment carried out at the Federal University of São Paulo (UNIFESP)
with the implementation of the Pedagogical Residency Program (PRP). The theoretical underpinning for its
initial proposition was loosely based on the Pedagogy of Alternation, and produced a unique methodology for
teacher education practice at Guarulhos (Sao Paulo, Brazil) public elementary schools. This new methodology
challenges both educational settings—the university and public elementary schools—in several different aspects.
The paper moves on to discuss the systemic aspect present in teachers’ practical issues as well as the
indispensable strategic management of such education program, which calls for a combination of pre-service and
in-service teacher education programs for both teachers and educational managers.
Key words - Pedagogical Residency, Pedagogy of Alternation, In-service and pre-service teacher education,
Education Management.
Introdução
O espaço da prática na formação inicial de professores e gestores escolares tem se
constituído como um âmbito curricular visto como repleto de possibilidades e de elevado
potencial para a inovação na formação de professores. Esse novo status conferido aos estágios
e às atividades práticas no interior dos currículos das licenciaturas, apesar das diretrizes
1
Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – FEUSP. Professora Adjunta da Universidade Federal
de São Paulo. Foi Coordenadora do Curso de Pedagogia da UNIFESP de 2006 a 2011.
2 Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – FEUSP. Professora Adjunta da Universidade Federal
de São Paulo. Coordenadora do Curso de Pedagogia da UNIFESP de 2011 a 2013
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legais3, enfrenta constrangimentos de várias ordens. Entre eles a permanência de uma cultura
desenvolvida ao longo do tempo na universidade, que tende a desvalorizar a formação prática
e os cenários de aprendizagem profissional. Essa cultura produz também resistências nas
novas gerações de licenciandos quanto a vivenciarem modelos de formação prática diferentes
daqueles que marcam uma tradição de vinculação frágil entre estudantes, universidades e
escolas, caracterizada muitas vezes por relações em que predominam preocupações
burocráticas mais que propriamente acadêmicas.
O desafio da inovação na formação prática de professores está colocado amplamente
para todas as licenciaturas e recebe atenção especial nas diretrizes. No caso dos Cursos de
Pedagogia, as diretrizes curriculares editadas em 2006 dão centralidade à formação de
professores para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, transformando a
Pedagogia em uma licenciatura que também prepara para a gestão educacional.
Neste artigo trataremos de uma experiência desenvolvida na Universidade Federal de
São Paulo a partir da concepção do Programa de Residência Pedagógica (PRP) na formação
prática de pedagogos. A base teórica que informou essa proposição inicial, além da literatura
do campo, teve inspiração na Pedagogia da Alternância, produzindo uma metodologia para a
formação prática em estreito vínculo com as escolas públicas de educação básica do
Município de Guarulhos-SP. Esta metodologia confronta questões que envolvem as
instituições formadoras – universidade e escolas – em seus aspectos mais tensos, interrogando
nossos discursos sobre o conceito de excelência na formação inicial de professores, o diálogo
com as políticas educacionais e nossas capacidades para partilhar e produzir conhecimentos
com as escolas a partir dos contextos plurais presentes nelas.
Para ancorar esta discussão apresentaremos brevemente o PRP da UNIFESP, com
ênfase no desenvolvimento de sua metodologia, e os princípios inspiradores da Pedagogia da
Alternância que informaram essa concepção inicial. O desenvolvimento da metodologia
contou com a relevante contribuição dos resultados de uma pesquisa realizada junto aos
profissionais das redes públicas de ensino no Município Guarulhos entre 2007 e 2008. A
partir da experiência em campo desde 2009, apresentaremos aspectos da gestão do PRP que
3
Parecer CNE/CP nº 9, aprovado em 8 de maio de 2001 que trata das Diretrizes Curriculares para a Formação
Inicial de Professores da Educação Básica em Cursos de Nível Superior; Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de
fevereiro de 2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena; Resolução CNE/CP n.º 1, de 15 de maio de
2006, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, e a
que dispõe sobre o estágio de estudantes e afeta o conjunto das licenciaturas.
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4
Parecer CNE/CP nº 9, aprovado em 8 de maio de 2001 que trata das Diretrizes Curriculares para a Formação
Inicial de Professores da Educação Básica em Cursos de Nível Superior pg.4
5
Idem, pg.23
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6
Chamamos de instituições formadoras não apenas as instituições que oferecem formação inicial de professores;
agregamos aqui as escolas públicas que se oferecem como campo de aprendizagem prática da docência e da
gestão escolar. O contato direto da universidade com essas escolas revela a dimensão e efeitos das iniciativas dos
próprios sistemas de ensino voltadas à formação continuada dos profissionais de suas redes.
7
Para saber mais sobre o currículo e o funcionamento da Unidade Curricular Práticas Pedagógicas
Programadas, consultar o Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia (2006-2010) da UNIFESP, disponível em
http://humanas.unifesp.br/rep/cursos/pedagogia_projeto_pedagogico.pdf
8
Idem
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9
Resolução CNE/CP n.º 2, de 19 de fevereiro de 2002. As 400 horas de prática como componente curricular
previstas nessa Resolução não se aplicam aos Cursos de Pedagogia.
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10
Um exemplo de formação continuada promovida no âmbito do PRP pode ser conhecido em MORETTI
(2011). A articulação entre a formação inicial e continuada de professores que ensinam matemática: o caso da
Residência Pedagógica da Unifesp.
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sucessão integrada de espaços e tempos exige a produção de novas experiências que podem
distanciar-se da lógica acadêmica tradicional, desafiando nossa disposição para inventar e
reinventar nossos modelos de formação.
Os modelos de formação prática que adotamos revelam, em certo sentido, o problema
apontado por Tardif (2000) ao discutir as relações entre saberes profissionais dos professores
e conhecimento científico, apresentando uma pauta de trabalho para o desenvolvimento de
uma epistemologia da prática profissional docente que pode alterar os contextos da produção
científica no campo da formação de professores, inclusive questionando as teorias do ensino e
da aprendizagem no âmbito da docência universitária.
A ideia básica do PRP na concepção inicial é a de superar as limitações dos estágios
curriculares, superar o modelo predominante do estágio como um contato episódico com as
escolas para cumprir um ritual de obrigatoriedade e transformar essa relação num
compromisso entre instituições formadoras, nos colocando por meta a vinculação entre a
formação inicial e continuada de professores e gestores escolares, estabelecendo um diálogo
permanente entre as instituições formadoras e os sistemas de ensino.
Para isso foi necessário ouvir os profissionais das redes públicas de ensino do
Município de Guarulhos. Esse diálogo foi estabelecido em 2007 a partir de um projeto de
Pesquisa e Desenvolvimento MEC-DEB-Capes Prodocência 2007-2008, desenvolvido no
Curso de Pedagogia, intitulado Residência Pedagógica. Um diálogo em Construção11.
11
Edital 05/2007 de 20 de junho de 2007– PRODOCENCIA MEC-SESU-DEPEM. Em 2008 esse Programa foi
transferido para a CAPES-DEB. O Relatório Técnico da pesquisa pode ser acessado em
humanas.unifesp.br/rep/cursos/pedagogia_rel_tecnico.doc.
Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel 71
originadas de suas práticas pedagógicas atuais. Outro objetivo foi o de verificar a avaliação
que os profissionais faziam de sua própria formação inicial, incluindo a aprendizagem prática,
e ouvir suas opiniões para a operacionalização do programa.
Os resultados dessa pesquisa, em 2008, auxiliaram o desenvolvimento do PRP,
agregando aspectos importantes para a operacionalização dele a partir de 2009. Além de
levantar informações relevantes, a pesquisa permitiu conhecer as demandas de formação
continuada apontadas pelos professores e as demandas para a formação inicial de professores,
apontadas pelos gestores das escolas e dos sistemas de ensino.
O perfil geral dos professores participantes da pesquisa é predominantemente
feminino, com faixa etária média entre 30 e 45 anos, sendo que os mais jovens, entre 18 e 30
anos concentravam-se na educação infantil e os mais velhos, entre 41 e 50 anos na educação
de jovens e adultos.
Analisando o nível de formação e considerando o percurso formativo, verificamos que
53,3% fizeram magistério em nível médio; 5,2% fizeram magistério em nível superior; 44,9%
possuíam graduação em Pedagogia; 36,9% possuíam graduação em outras Licenciaturas.
Considerando a amostra, podemos afirmar que 12,9% dos participantes não possuíam curso
superior à época.
Analisando o contexto de atuação do grupo de docentes, verificou-se que 30% deles
tinham atuação simultânea em mais de uma área, considerando a educação infantil, o primeiro
e segundo ciclos do ensino fundamental e o ensino médio. A maioria dos docentes
participantes da pesquisa, 73,8%, estava na carreira do magistério há mais de 5 anos; apenas
14,9% possuíam mais de 20 anos na carreira e 23,8% encontravam-se há menos de 5 anos na
carreira. Quanto ao tempo médio de permanência dos docentes nas instituições onde atuavam
no momento da pesquisa, verificou-se que era de 1 a 5 anos.
docentes, 35,2%, considerava a formação inicial adequada, porém não suficiente para a
atuação profissional. Nesse grupo, o maior percentual de aprovação estava presente entre
docentes de 18 a 30 anos, e diminuía entre os docentes nas faixas etárias subsequentes.
Consideram a formação inicial insuficiente ou insuficiente e inadequada, 8,9% dos docentes;
6,2 % expressam avaliação crítica da formação inicial para sua atuação profissional,
indicando-a como “ultrapassada” para as necessidades atuais. Analisando percentualmente a
formação dos docentes que apontaram a formação inicial como crítica, predominou o grupo
que possui estudos pós-graduados (Mestrado e Especialização).
Entre os gestores, considerando a sua prática profissional atual, 41,45% acreditavam
que sua formação inicial foi adequada, porém insuficiente para a atuação profissional; 34,9%
consideravam que sua formação inicial foi adequada e suficiente, e outros 35% consideravam
inadequada e/ou insuficiente. Comparando as opiniões de docentes e gestores, verifica-se uma
tendência de maior aprovação relativamente à adequação e suficiência para o exercício
profissional entre professores e maior tendência à crítica entre os gestores.
Verificando a avaliação da formação inicial para a prática profissional, vivenciada em
estágios e outras atividades curriculares práticas, constatamos que 37,3% dos docentes
consideraram-na suficiente e adequada para atuar profissionalmente; 33,4% adequada, porém
insuficiente; 16,1% consideraram-na insuficiente para o aprendizado profissional pleno; 2,3%
como insuficiente e inadequada para o aprendizado profissional e, finalmente, 5,4%
consideraram a aprendizagem prática como artificial e sem vínculo com a realidade da escola
e da sala de aula.
Destaca-se aqui como importante a diminuição do grau de satisfação dos docentes ao
tratar-se da formação para a prática profissional: enquanto 44,7% consideraram suficiente a
formação inicial para atuação profissional, 37,3% consideraram os estágios e atividades
práticas suficientes e adequadas. Dos 7,4% que consideraram a formação inicial insuficiente
para a atuação profissional, passamos a 16,1% que apontam a formação prática como
insuficiente para o aprendizado profissional pleno. O mesmo destaque pode ser feito quanto
às opiniões dos gestores sobre sua formação inicial para a prática, com a redução do grau de
satisfação; em relação à satisfação plena o percentual cai de 34,9% na formação inicial geral
para 29% quando se trata de estágios e atividades práticas.
Considerando as respostas dos dois grupos ao avaliarem sua formação inicial, e nela, a
formação prática realizada em estágios, verifica-se uma tendência geral de queda na satisfação
Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel 73
no que se refere aos estágios e atividades práticas a que tiveram acesso em sua formação
inicial.
em sala de aula a partir das experiências práticas que os residentes poderão desenvolver no
período de residência junto às classes.
12
Parte dos resultados dessa pesquisa foi apresentado em GIGLIO, C. M. B. Residência Pedagógica como
diálogo permanente entre a formação inicial e continuada de professores. In: DALBEN, Angela; DINIZ, Julio;
LEAL Leiva; SANTOS, Lucíola. (Org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente.
1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010, v. 1, p. 375-392.
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O preparo dos residentes para entrada nas escolas-campo, os roteiros de trabalho nas
escolas – incluindo o desenvolvimento de planos de ação pedagógica a serem desenvolvidos
durante a residência –, a produção de um manual de RP e outros instrumentos de trabalho,
foram elaborados considerando as informações colhidas durante a pesquisa.
Um meio de aproximação com as escolas e de manutenção do diálogo foi a publicação
dos “Cadernos de Residência Pedagógica”, em 2008, abordando temas e aspectos verificados
como demandas formativas. Em 2013 novos Cadernos estão sendo publicados com apoio
financeiro da Capes-DEB - Prodocência 201013. Os Cadernos de Residência Pedagógica são
um material destinado aos residentes do curso de Pedagogia da UNIFESP, aos professores e
gestores das escolas públicas do município de Guarulhos. Seu objetivo é discutir algumas das
questões fundamentais que caracterizam os diferentes níveis e modalidades de ensino e desse
modo orientar as ações do Programa de Residência Pedagógica. A meta para a continuidade
das publicações é a de que os Cadernos de Residência sejam um espaço de interlocução que
articule teoria e prática na integração da formação inicial e o exercício profissional da
docência, elegendo temas relevantes, inspirados nas vivências do PRP. Pretende-se ainda
paulatinamente envolver os profissionais das escolas nas publicações, divulgando
experiências, apresentando resultados de estudos de caso e de pesquisas realizadas em
conjunto com a universidade.
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Prodocência 2010 - Diálogos Pertinentes - proposições para um projeto institucional de formação de
professores da Educação Básica. CAPES, Edital 028/2010
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Governos que as delimitam e constrangem. É nesse espaço das diferenças e semelhanças que
se localiza o lócus da formação. Não se trata de reconhecer nesse espaço a oposição entre
teoria e prática, ação e reflexão, mas de reconhecer a complexidade presente nas relações de
formação que empreendemos.
O PRP possibilita um campo de conhecimento mútuo entre a universidade e as
escolas, ainda de base hipotética de ambos os lados, que se encontra em fase de construção. O
contato permanente da universidade com a escola, por meio da presença dos residentes e dos
preceptores que atuam na orientação deles ou participam da formação continuada naqueles
espaços, revela um conjunto de questões a serem investigadas.
Parte delas diz respeito ao estranhamento da universidade relativo à lógica de
funcionamento das escolas e do trabalho de seus profissionais. O cotidiano do trabalho do
professor em sala de aula, dos gestores na administração e na coordenação do trabalho
pedagógico é observado e compreendido a partir de pontos de vista plurais, informados pelo
que caracteriza a universidade nessa relação: a produção intelectual, o rigor científico do
campo e concepções vinculadas a correntes teóricas variadas. Ampliar o raio de compreensão
do território das escolas tem exigido reconhecer nossas limitações para operar com os
contextos e determinantes que produzem e são produtos das práticas escolares.
A experiência dos preceptores na orientação aos residentes tem continuidade após o
período de imersão nas escolas. Um conjunto de instrumentos pedagógicos, desenvolvidos no
PRP, faz a mediação entre a experiência, a reflexão, a ação, a formalização e a teorização, no
sentido de articular os tempos e espaços de formação e fazer dialogar os saberes empíricos e
teóricos. O acúmulo dessas experiências e o contato dos preceptores com as escolas, os
professores formadores e os residentes que orientam, vêm se constituindo nesse exercício de
superação de limites.
Considerando os formadores das escolas-campo, a experiência desafia romper a
intimidade da sala de aula e da escola nos aspectos referentes aos seus espaços de trabalho
para conviver com aprendizes que alteram suas rotinas em alguns momentos e que passam a
integrá-las em outros. O estranhamento inicial entre formador e residente é superado pela
dinâmica do trabalho na classe e pela ação de colaboração que se desenvolve. Essa
aproximação e interação são facilitadas pela imersão do residente que acompanha
intensamente o trabalho do formador na qualidade de colaborador aprendiz. Certamente ainda
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sabemos pouco sobre as rupturas provocadas pela presença de residentes nos espaços dos
profissionais e sobre as opiniões desses formadores relativamente a essa experiência.14
Panizzolo et.al. (2012), ao analisar o desenvolvimento do PRP afirma que, dentre
circunstâncias a superar e desafios está a resistência de professores e de escolas-campo às
propostas da universidade, mesmo que construídas em parceria. Nessa direção, evidencia-se
a necessidade de se estreitar relações entre preceptores, professores formadores e gestores
educacionais, assim como, com representantes do sistema público de ensino, para que todos
se apropriem e se responsabilizem pela formação do estudante que opta pela área da
Educação e do ensino, contribuindo com a consolidação dessa parceria.
Um aspecto dificultador presente no papel de professor-formador reside na jornada de
trabalho desses profissionais, afetando a participação em ações de formação continuada. A
experiência vivida até esse momento parece também não ter viabilizado a expectativa
expressa pelos professores na pesquisa Prodocência 2007, de que essa experiência pudesse
promover encontros sistemáticos entre os professores formadores e a universidade e a
reciprocidade na formação - que também envolve expandir os tempos de contato entre
residentes, preceptores e formadores das escolas.
Relativamente à necessidade de estabelecimento de alianças entre a universidade e as
escolas, apontamos como fator dificultador a estrutura e a dinâmica de pessoal nas escolas. A
rotatividade de profissionais nas redes de ensino, com alterações frequentes nas equipes de
trabalho, oferece mais um desafio no desenvolvimento do PRP no sentido da necessidade de
re-conhecimento do programa por parte de diretores, coordenadores pedagógicos e
professores a cada ano. Esse acontecimento, no entanto, constitui parte da lógica de
funcionamento das escolas públicas e, portanto, compõe os desafios desse cenário de
aprendizagem profissional.
Outro aspecto importante é a relação da universidade com as políticas educativas
geradas pelos governos que se sucedem, impactando orientações pedagógicas e induzindo
práticas que conformam o trabalho das escolas de educação básica e também afetam a
universidade. Temos aqui outro elemento que envolve constrangimentos mútuos para o
14
O PRP realizou, em 2008, um Seminário para divulgação dos resultados da pesquisa Prodocência. Em 2010,
após o primeiro ano de funcionamento do programa, ocorreu o I Colóquio do PRP, que reuniu estudantes e
docentes da universidade, professores e gestores das escolas e agentes dos sistemas de ensino. Nesse colóquio foi
produzido um balanço do funcionamento do PRP e elaboradas recomendações a partir das contribuições de
todos. Em 2013 ocorre o II Colóquio do PRP e iniciativas para a produção de uma análise crítica da metodologia
do PRP no âmbito do Projeto Capes-Prodocência 2010.
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Referências Bibliográficas