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Claudia PANIZZOLOi
Marineide de Oliveira GOMESii
RESUMO
Este artigo tem por objetivo o estudo do estágio curricular obrigatório denominado Programa de
Residência Pedagógica - PRP. Essa experiência inovadora de estágio tem como premissas o diálogo
próximo e constante com o sistema de ensino público e o princípio da imersão profissional em
instituições de educação infantil, por um período de tempo ininterrupto, experienciando a unidade
entre a teoria e a prática. Por meio de análise documental, o presente estudo toma como fonte a
documentação do Programa de Residência Pedagógica da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp)e os relatórios produzidos pelos discentes. O texto apresenta as potencialidades do Programa
em dar visibilidade às crianças, respeitando-as como sujeitos de direitos e em uma formação curricular
reflexivo-emancipatória do futuro professor de crianças pequenas.
ABSTRACT
This article aims to study the compulsory curricular stage called Pedagogical Residence Program.
This innovative experience of internship is based on the close and constant dialogue with the public
education system and the principle of professional immersion in early childhood education
institutions,for an uninterrupted period of time, experiencing the unity between theory and practice.
Through documentary analysis it takes as a source the documentation of the Unifesp Pedagogical
Residency Program and the reports produced by the students. The text presents the potential of the
Program in giving visibility to children, respecting them as subjects of rights and in a reflective-
emancipatory curriculum formation of the future teacher of young children.
i
Doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela PUC-SP. Professora Associado I da Escola de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo- EFLCH / UNIFESP. Docente do
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP. Docente do
curso de Pedagogia, na área de Educação Infantil. E-mail: claudiapanizzolo@uol.com.br.
ii
Doutora em Educação (FE-USP), com Pós-Doutoramento pela Universidade Católica Portuguesa (UCP-
Lisboa). Professora-pesquisadora da Universidade Católica de Santos/SP (Programa de Pós-Graduação em
Educação e Curso de Pedagogia); Líder do Observatório de Profissionais da Educação: Políticas e Pesquisa-
Formação. E-mail: neide.ogomes@gmail.com.
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RESUMEN
Este artículo tiene por objetivo el estudio del curso curricular obligatorio denominado Programa de
Residencia Pedagógica. Esta experiencia innovadora de práctica tiene como premisas el diálogo
cercano y constante con el sistema de enseñanza públic y el principio de inmersión profesional en
instituciones de educación infantil, por un período de tiempo ininterrumpido, experimentando la
unidad entre la teoría y la práctica. Por medio de análisis documental toma como fuente la
documentación del Programa de Residencia Pedagógica de la Unifesp y los informes producidos por
los discentes. El texto presenta las potencialidades del Programa en dar visibilidad a los niños,
respetando como sujetos de derechos y en una formación curricular reflexivo-emancipatoria del
futuro profesor de niños pequeños.
1 INTRODUÇÃO
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internamente e como se relaciona com a comunidade e o território nos quais se insere? Quem
são os sujeitos: crianças e famílias que a frequentam? Quais as formas de resistência que as
crianças manifestam à rotina estabelecida? Quais as maneiras de interação entre as crianças?
Como é a atuação da equipe gestora da escola? Quem são os professores? É visível a
existência de um planejamento norteador das ações educativas com as crianças? É possível
identificar as concepções sobre educação infantil, de criança e de infância que dão suporte às
práticas dos educadores? Quais concepções de família estão ali presentes? O trabalho é
orientado por um currículo? Como o espaço e o tempo são planejados e organizados na rotina
institucional?
Interessa ainda ao PRP-EI explicitar aos residentes e aos professores-formadores que
as identidades profissionais dos professores de educação infantil são plurais, construídas em
espaços e tempos diferenciados (no caso da creche e da pré-escola) e tais identidades são
dinâmicas e mutantes (GOMES, 2013; 2010).
Como uma tapeçaria, compreender o estágio curricular, a formação de educadores
para a educação infantil, as creches e pré-escolas brasileiras e o direito das crianças às
infâncias e ao brincar implica pensar em fios, tramas e urdidura.
A tapeçaria é uma obra têxtil, usualmente de cunho narrativo, formada pelo
entrecruzamento perpendicular dos fios da urdidura e dos fios da trama. Na tapeçaria, é esse
entrecruzamento que constitui o desenho, e, relacionando a tessitura ao estágio curricular,
pode-se fazer uma analogia entre a urdidura, o conjunto de fios de mesmo comprimento
reunidos paralelamente no tear, com o Programa que institui o estágio (o PRP), sua estrutura e
normatizações de funcionamento.
As tramas da tapeçaria, conjunto de fios que os tecelões fazem passar com a lançadeira
ou com a agulha entre os fios estendidos da urdidura, seriam os vários enredos construídos
nos tempos e espaços das relações entre professor-preceptor com os residentes, do professor-
preceptor com os monitores (estudantes que já realizaram o PRP-EI e que colaboram com o
acompanhamento do estágio), dos residentes com a instituição que os recebe, dos residentes
com as crianças, dos residentes consigo mesmos e, por fim, mas não menos importante, da
universidade com a escola pública.
Os fios da tapeçaria, fibras longas, delgadas e retorcidas de lã, seda entre outros,
embora deixem de ser vistos isoladamente, fio a fio, uma vez terminada a obra, constituem, de
certo modo, a armação do trabalho, e deles depende a solidez da tapeçaria. Tal qual esses fios,
a concepção de infância e de infâncias, de criança e de brincar sustenta a observação realizada
minudente das práticas cotidianas, as ações de intervenções planejadas, as reflexões da e na
experiência vivida pelos sujeitos participantes do Programa e as contribuições para a escola-
campo.
Ao discutir o PRP do curso de Pedagogia da Unifesp intencionamos investigar o papel
desse estágio diferenciado na formação dos estudantes, futuros docentes, especificamente na
etapa da educação infantil, e as implicações para as escolas-campo e para o currículo dos
cursos de Pedagogia. Toma-se como fonte a documentação do Programa de Residência
Pedagógica da Unifesp e os relatórios produzidos pelos discentes.
O texto está organizado em três partes. Na primeira, intitulada “As tramas da formação
de professores: uma narrativa de avizinhamentos, encontros, diálogos e descobertas”, busca-
se apresentar o Programa de Residência Pedagógica, em sua estrutura, documentação e como
potencial de contribuição para a formação intelectual, política, técnica e relacional do
graduando, alicerçado na pesquisa como princípio formativo, no diálogo entre teoria e prática
e entre a universidade e a escola de educação básica.
Na segunda, “Os fios que amarram, sustentam e colorem a tapeçaria: a (in)
visibilidade das crianças”, ajusta-se o foco para uma residência em específico, como imersão
profissional, na educação infantil, buscando compreender as possibilidades formativas do
PRP no sentido de contribuir para a superação de uma visão de condição de invisibilidade das
crianças nas instituições de educação infantil, por meio do estudo teórico das concepções de
infância(s) e criança e pela possibilidade de planejar, organizar e propiciar ações educativas
significativas.
Na terceira, à guisa de Conclusão, apresentamos alguns desafios do PRP-EI em
contribuir com a formação de professores, tendo por base a pesquisa e as similitudes e as
divergências entre o PRP Unifesp e o atual Programa homônimo, recentemente instituído pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (PRP/Capes).
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atitudes e ações do residente na escola, que não tem por objetivo julgar ou avaliar o trabalho
dos profissionais, e sim de apreender as culturas que ali se apresentam, de forma crítica e
reflexiva, buscando extrair episódios formativos significativos e identificar as teorias que
subjazem as práticas observadas.
Ainda na universidade, antes da entrada na escola-campo, é apresentado e debatido
com os residentes o Roteiro de Observação da Residência Pedagógica em Educação Infantil,
cujo objetivo é orientá-los, de modo que:
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por meio de observações das práticas dos professores, são recorrentes o registro e os
comentários que, grosso modo, desqualificam o trabalho ali realizado. Nesse período de ajuste
do foco de observação, tendem a captar as faltas, as inadequações, o não feito, o não dito. Os
professores, por seu turno, por vezes também tecem críticas e senões, tais como: “as
residentes criam uma situação de que elas são as boazinhas e nós, professores, os bruxos da
história”, ou argumentam que “no cotidiano isto não é possível, só numa experiência de
estágio é que pode ser feito”, ou ainda, “na prática, a teoria é outra”.
Em decorrência da relação orgânica estabelecida entre universidade e escolas-campo
da RP, os profissionais das escolas apresentam demandas por ações de Extensão
Universitária, resultando em projetos formativos que se realizam tanto na universidade como
nas escolas-campo, aliada à oferta de vagas em disciplinas do curso de Pedagogia para
professores de escolas públicas, com preferência para as escolas-campo do PRP. Anualmente,
realiza-se na universidade um evento envolvendo as escolas-campo como forma de
socialização dos trabalhos dos residentes e das escolas-campo, assim como a avaliação do
PRP, que são os Colóquios de Residência Pedagógica.
Durante o período de realização da RP-EI, quando a universidade e a escola-campo
estreitam vínculos, estabelecem diálogo, implementam acordos, ambas se comprometem com
o processo formativo e com o que ele apresenta de dificuldades, desafios, fragilidades e
potencialidades. Dessa forma, as escolas-campo deixam de ser apenas territórios de passagem,
de cumprimento obrigatório e cartorial de horas de estágio e/ou laboratórios de práticas, e
convertem-se em ambientes orgânicos de aprendizagem e de produção de conhecimentos para
todos os envolvidos.
Zeichner (2000) ao se referir às parcerias entre universidade e escola para a formação
de professores alerta-nos sobre as formas de tratamento dessas duas instituições educacionais,
chamando a atenção para a hierarquização e a inferiorização de saberes com relação ao campo
da formação de professores nesse ambiente formativo.
A nosso ver, a universidade necessita assumir o compromisso com a melhoria da
qualidade da escola pública e com a promoção da justiça social, pela possibilidade de
compreensão da diversidade presente nessas escolas e da unidade entre teoria e prática que os
processos formativos paulatinamente constroem. Torna-se assim fundamental ouvir o
insistente chamado de professores da educação básica, atender aos convites, responder aos
anseios e desejos daqueles que estão, cotidianamente, fazendo a educação pública na outra
ponta do processo formativo, que são as escolas, com os profissionais que lá se encontram.
Por conseguinte, entendemos que contribuímos para a construção de modelos contra-
hegemônicos de educação e de formação de professores, de forma a explicitar os interesses, as
ambiguidades e as contradições emaranhados nos contextos reais de vida e de trabalho das
escolas de educação básica e da profissão docente no âmbito do direito à Educação e da
justiça social (ZEICHNER; DINIZ-PEREIRA, 2014).
Conforme anunciado no início deste texto, toda a sustentação da urdidura e das tramas
encontra-se nos fios. No caso específico da RP-EI, os fios se concentram nas concepções de
criança e de infância(s) que vão sendo configuradas. Ao ingressarem na escola-campo, os
residentes observam inicialmente o contexto, com centralidade para as crianças, para, a partir
daí, organizar propostas educativas significativas, pautadas pelas características e pelas
necessidades daquelas crianças pequenas. Portanto, desde o princípio apresentam-se as
seguintes questões de fundo: Quem são aquelas crianças? O que é ser criança hoje? O que é
ser criança em um bairro localizado na periferia de um município também periférico da
Grande São Paulo? Qual o lugar das crianças na escola e na cidade? O que pensam, desejam e
anseiam? Quais suas preferências, o que já sabem? Do que gostam e não gostam?
O revisitar das leituras, os filmes indicados e as aprendizagens na universidade (e fora
dela) auxiliam a quebra de estereótipos e de generalizações naturalizadas acerca da concepção
de criança como um “vir a ser” sedimentado em um modelo universal, abstrato, que
desconsidera os condicionantes sociais, históricos, de classe e de gênero. A RP-EI mostra-se
fértil para a ampliação desse olhar, para o desenvolvimento do ver além do aparente, para a
atenção aos detalhes, para enfim, adentrar no mundo real das crianças e compreender seus
modos de ser, pensar, apreender e expressar o mundo. É imprescindível aprender a estar junto
delas, a observá-las, a escutá-las e a enxergá-las.
A observação das práticas cotidianas nas escolas-campo no PRP revelou a necessidade
de dar visibilidade às crianças, por mais paradoxal e estranho que possa parecer essa
afirmação, por tratar-se de uma instituição pública de educação infantil. O período de imersão
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trouxe à tona – em alguns casos - a (in)visibilidade das crianças como sujeitos, em que os
residentes destacam que a imersão revelou-lhes que muitas vezes as crianças eram privadas de
seu direito de brincar, com uma rotina estabelecida e inflexível, sendo constrangidas a
obedecer regras e ordens e a terem suas vontades, desejos e corpos controlados.
Os ambientes criados na escola, os materiais utilizados e sua disposição nos dizem
muito a respeito do trabalho realizado, dos objetivos pretendidos, das concepções de
instituição de educação infantil e de sua finalidade. O espaço e o modo como é organizado
resulta sempre das ideias, das opções, das concepções das pessoas que o ocupam. Portanto, o
espaço de um serviço destinado às crianças expressa a imagem das crianças e dos adultos que
o organizaram, bem como do projeto educativo concebido para aquele grupo de crianças. Não
poder circular sozinha pela instituição, não poder ir e vir e só poder estar onde o adulto
considera “necessário”, expressam uma determinada concepção de criança.
Os espaços internos da sala, descritos pelos residentes, em geral, trazem poucas
informações sobre quais crianças ali convivem, além dos nomes nas paredes, podendo
dificultar que elas se sintam pertencentes àquele espaço.
As paredes de uma escola de educação infantil funcionam como um testemunho das
concepções que se têm das crianças que ali convivem. As paredes contam uma história do que
se fez, viveu, experimentou, construiu ao longo dos dias, com outras crianças, explorando os
recursos naturais, os jogos, os brinquedos, ouvindo histórias, cantando etc. Nessas situações
refletimos com os residentes sobre o valor estético dos desenhos das crianças e as concepções
de ensinar e aprender na educação infantil ali expressas.
O espaço na educação infantil, mais que um local de trabalho, é um elemento a mais
no processo educativo, é, antes de tudo, um recurso, um instrumento, um parceiro do
professor na prática educativa e o papel do professor é observar, registrar, interferir e
oportunizar novos espaços e situações para que as crianças sejam protagonistas de suas ações
e, para que com estas possam desenvolver-se.
Um dos registros no Relatório Final, assinala que “as crianças não são ouvidas, não
são notadas e consequentemente não são atendidas em suas necessidades e especificidades”
(SANTOS; BELO; SOUZA, 2012, p. 13), e, em certo sentido, são relegadas a uma condição
de (in)visibilidade, sendo observada a prática de espalhar brinquedos pela sala e, enquanto as
crianças brincavam, as professoras estavam ocupadas com atividades administrativas da
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num movimento de produção e de criação constante e que lhes é próprio, vivendo a infância
em toda a sua plenitude.
As experiências vividas durante o PRP-EI permitem aos residentes, cujos Cadernos de
Campo e Relatório subsidiaram a análise aqui apresentada, oportunidades de refletir sobre as
situações cotidianas de unidades de educação infantil, à luz dos diversos aportes teóricos
estudados no Curso de Pedagogia. Pela prática de observação, de registro e de intervenção e
no diálogo teoria e prática é possível construir com os residentes um olhar atento e cuidadoso
para com as crianças (objetivo primeiro do trabalho pedagógico nas instituições de educação
infantil), pelo planejamento do PAP, com o intuito de buscar maneiras pelas quais as
crianças possam se expressar, escolher, ouvir e ser ouvida. Enfim, a RP-EI propicia condições
favoráveis para se alcançar crianças e professores reais, por meio de aportes formativos
dialógicos e emancipatórios e com condições de inserir no campo profissional um futuro
professor/pedagogo crítico e pesquisador, por meio da aprendizagem em situação.
A condução das ações formativas pelos professores preceptores com os residentes
acontece no sentido de construir essa compreensão e evitar julgamentos e avaliações
imprecisas e localizadas, ao mesmo tempo que há a intenção de provocá-los para ousarem
atuar de forma a transformar condições análogas às que foram observadas, no exercício
profissional. Perguntamos-lhes, com frequência se fossem vocês os professores, o que fariam
para que o direito à Educação, de fato, fosse garantido às crianças da escola estagiada? A
intenção formativa é deslocar o lugar das avaliações para o lugar das possibilidades, da
centralidade do direito, da justiça social e do atendimento às necessidades das crianças
pequenas e da formação qualitativa dos professores (dos residentes e dos professores
formadores).
4 CONCLUSÕES
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