Sistema Se Exaustao
Sistema Se Exaustao
Sistema Se Exaustao
Porto Alegre
Julho de 2006
2
ALCEMIR MILIAVACCA
BANCA EXAMINADORA:
Porto Alegre
Julho de 2006
3
AGRADECIMENTOS
ao meu filho Otávio e minha esposa Júlia, pela compreensão e motivação nos momentos de
realização deste trabalho
aos meus familiares, especialmente meus pais Alcides e Rosa, que apesar das dificuldades
encontradas neste percurso, sempre apoiaram e incentivaram meus estudos
à minha orientadora, Profa. Adriane P. Petry, por sua intensa dedicação na orientação deste
trabalho
aos colegas e amigos da Pirelli, de modo especial ao setor de Melhoramento Contínuo e aos
engenheiros Gerson Centenaro e Edson Zílio Silva, pela motivação e auxílio fornecido na
execução deste
ao amigo e funcionário do Laboratório de Medições Térmicas, Batista, pelo auxílio nos expe-
rimentos deste trabalho
RESUMO
ABSTRACT
The internal mixer (Banbury) is the equipment used to prepare rubber composed. Many
polymer and powder ingredients are introduced in the mixture. These ingredients have differ-
ent densities and particle sizes. Carbon black is the ingredient more used and due to its impor-
tance in the rubber composed it can cause quality problems and health hazardous. A local
exhaust system (LES) is uses to avoid contaminations. In that system, points of capture next
the mixture camera act collect or aspirate the suspension particles. A cyclone system follow
by a fabric collector capture the powder. The energy is supplied for a radial centrifugal fan.
That LES was installed thirty years ago and a preliminary analysis demonstrates a certain in-
efficiency of that system. The objective of this work is to analyze this local exhaust system
located in a Banbury mixer of a multinational company of tires. Measurements of flow are
developed and compared with the necessity prescribed by specialized bibliography and infor-
mation of the manufacturer. The energy losses are obtains by equations to viscosity com-
pressible flow and measurements. These information allows a complete evaluation of the sys-
tem, with identification of possible problems how unnecessary energy losses. Improvements
are propose and adopter in order to improve the existing system. The methodology developed
in presented work is proposed to monitoring and control similar systems in the industrial
plant.
KEYWORDS: Local Exhaust System (LES), Banbury Mixer, Rubber, Energy Losses, Fan.
6
SUMÁRIO
ABSTRACT 5
1. INTRODUÇÃO 8
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 8
2.2. CAPTORES 9
2.4. PURIFICAÇÃO DO AR 11
2.4.1. Filtro de Mangas 11
2.4.2. Ciclone 11
2.5. VENTILADORES 12
3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA 13
4. ESTUDO EXPERIMENTAL 13
5. ANÁLISE DO PROBLEMA 16
6. MELHORIAS NO SISTEMA 20
8. CONCLUSÕES 21
9. REFERÊNCIAS 23
11. APÊNDICES 24
12. ANEXOS 28
8
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2. CAPTORES
O sistema de dutos vem a ser uma disposição de tubulações para a condução do ar sob
variações de pressão pouco elevadas, onde, portanto, a compressibilidade do ar pode ser des-
prezada (MACINTYRE, 1990).
O estudo e dimensionamento são baseados na Equação da Continuidade e no Princípio
da Conservação da Energia. Aplicando-se esta equação entre dois pontos, 1 e 2, de um dispo-
sitivo de escoamento, veremos que a energia no ponto 1 é igual à que haverá em 2 mais as
perdas devido ao escoamento entre os dois pontos, expressa aqui por p12 (FOX; MCDO-
NALD, 2001; ASHRAE, 1993).
p V1
2
p V2
2
p
1 g
1
z1 2 g
2
z 2 hlT 12 (1)
2 2
onde:
hlT = perda de carga por unidade de massa [J/kg]
p1 e p2 = pressões estáticas [Pa]
V 1 e V 2 = velocidades médias do escoamento [m/s]
g = aceleração da gravidade [m/s2]
= densidade do fluido [kg/m³]
g z1 g z2 = diferença entre energias potenciais, aqui adotada como nula.
1 e 2 = coeficientes de energia dinâmica, aqui adotados como sendo iguais a 1 devido ao
elevado número de Reynolds presente nesse escoamento.
Para cada seção de um sistema de dutos, a perda total Δpt será dada pela equação abaixo
(ASHRAE, 1993):
onde:
p fij = perdas devido ao atrito para o trecho j da seção i, discutidas a seguir [Pa]
pacik = perdas devido à k-acessórios da seção i, discutidas a seguir [Pa]
10
2
L
V
p f
h f f (3)
D 2
a
b
0,625
V Deq
Re (5)
2
V
pac
hac K (7)
2
11
onde hac é a perda por unidade de massa [J/kg]. O coeficiente de perda localizada, K, adimen-
sional, é obtido experimentalmente e está disponível na bibliografia.
Diz-se que o sistema está balanceado quando o escoamento de ar em cada ramal iguala
a vazão de projeto, ou seja, a perda de carga total para cada ramal e/ou seção for a mesma.
Este balanceamento pode ser realizado teoricamente (CLEZAR; NOGUEIRA, 1999).
Nesta abordagem, as vazões são determinadas para cada ramal, em função do ajuste da perda
de carga total do mesmo. Este método inicia-se pela comparação das perdas de carga de cada
um dos ramais que chegam na junção, determinando-se a diferença percentual do maior para o
menor. Quando o percentual for grande, acrescentam-se perdas de carga no ramal de menor
perda. Se a diferença for inferior a 5%, considera-se o sistema balanceado.
2.4. PURIFICAÇÃO DO AR
2.4.2. Ciclone
Nestes coletores centrífugos, pretende-se fazer agir sobre as partículas a força centrífuga
para possibilitar sua coleta. Esta força aplicada é várias vezes mais intensa do que a força da
gravidade, empurrando a partícula na direção das paredes do ciclone, retirando-a do fluxo
gasoso.
Para o cálculo aproximado da perda de carga, utiliza-se a Eq. (8) (MESQUITA; GUI-
MARÃES; NEFUSSI, 1977). Logo,
2, 7 10 3 Q2
pciclone (8)
L 3 L'
K
dd 2 l
h 3
d d
onde l=0,08 m (comprimento reto do duto de entrada), h=0,7 m (altura do duto de entrada)
dd,=0,5 m (diâmetro de saída), L=1,8 m (altura do cilindro), d=0,9 m (diâmetro do cilindro),
12
2.5. VENTILADORES
2 3
N N N
Q2 Q1 2 , p2 p1 2 , P2 P1 2 (9)
N1 N1 N1
2
V
pest ptot out (11)
2
3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
O misturador Banbury é composto por uma câmara dentro da qual giram dois rotores.
Devida à sua configuração, este misturador opera por batelada, sendo que a cada ciclo repete-
se a inserção de ingredientes, a mistura e a liberação do composto homogeneizado pela porta
de descarga. No Apêndice E temos um esquemático da sua câmara de mistura.
Pelo fato deste misturador ser empregado nas fases iniciais do processo, ocorre a libera-
ção de gases provenientes da homogeneização dos componentes, e de pó-preto resultante de
etapas do ciclo como abertura e fechamento de portas da câmara. Desta forma, o sistema e-
xaustor em estudo possui três pontos de captação junto à câmara de mistura (apêndice E).
Além destes, existem dois ramais criados com o objetivo de funcionarem como aspiradores
para limpeza da área em volta ao andares onde o equipamento está instalado. Ambos podem
ser vistos no Apêndice A que traz a planta detalhada com todos os componentes do sistema,
elaborada para este trabalho.
4. ESTUDO EXPERIMENTAL
A fim de avaliar a eficiência do atual sistema de exaustão, dados sobre vazões e, conse-
qüentemente, velocidades serão necessários. Com esta finalidade, medições foram realizadas
para uma posterior comparação com a necessidade estimada.
2 pd
V (12)
4.1.2. Medições
1 n
V Vi (13)
n i1
onde V i é a respectiva velocidade medida em cada ponto com o tubo de Pitot, em m/s, e n é o
número de pontos utilizados. Neste caso dezesseis. As posições de medição são fornecidas
pela ACGIH (2001).
b) Pontos 1 e 2:
Para esses pontos não foi possível executar as medições dos dezesseis diferentes pontos
para os dois diâmetros. Isso se deve ao fato de a pressão dinâmica nestes dutos ser baixa, ca-
indo numa região de baixa resolução do manômetro de coluna.
Com um maior erro associado (20%), a ACGIH (2001) recomenda para esses casos es-
timar a velocidade média V através da medição da velocidade no centro do tubo, V ct, multi-
plicada por um fator de ajuste, conforme pode ser visto na Eq. (14).
V 0,9 Vct
(14)
c) Pontos 4 e 6:
Para estes pontos a medição através de tubo de Pitot é de difícil realização. Por esse mo-
tivo, optou-se por utilizar um anemômetro de hélice acoplado às extremidades das mangueiras
flexíveis, empregadas como aspiradores. Sabe-se que, para medições precisas, a área da hélice
não deve exceder 5% da área do duto (ACGIH, 2001). Neste caso, a hélice possui a mesma
área do duto e, portanto, grandes erros são atribuídos a este tipo de medição pela obstrução
causada à passagem do ar. Sendo assim, estas leituras foram empregadas apenas como estima-
tivas, já que as vazões destes ramais são pequenas perante a total. Além disso, estes ramais de
aspiração não são o principal foco do trabalho.
No dia da medição, a temperatura do fluido na entrada das coifas foi medida com o au-
xílio do termo-anemômetro como sendo de 26,7ºC. Esta temperatura será empregada posteri-
ormente na determinação das propriedades do fluido para o cálculo da velocidade média. Os
valores encontrados nas medições podem ser vistos na tabela do Apêndice H. As incertezas
propagadas foram calculadas segundo o teorema de Kline e McClintock (HOLLMAN, 2001).
Executadas as medições, parte-se para o cálculo das velocidades médias em cada uma
destas seções com auxílio das Eq. (12), (13) e (14). Para os cálculos, admitiu-se uma densi-
dade de 1,15 kg/m³ (valor encontrado para uma temperatura de 26,7ºC e umidade relativa de
50%). As vazões para os pontos em estudo são obtidas através da multiplicação das velocida-
15
des média pelas respectivas áreas. Na Tab. (1) encontram-se as velocidades e vazões avaliadas
para os pontos em estudo.
Com o auxílio das medições acima e através de somas e subtrações, obtêm-se os valores
das vazões nas captações e a vazão geral do sistema (Tab. 2).
Para captura da pressão estática utilizou-se o mesmo princípio empregado para as medi-
ções de pressão dinâmica do item anterior: um tubo de Pitot conectado a um manômetro. Po-
rém, como o objetivo é agora medir pressão estática, desconecta-se o lado do Pitot que realiza
a tomada de pressão de estagnação, tendo assim em um dos lados do manômetro a tomada de
pressão estática e do outro a pressão atmosférica.
Com a vazão obtida no item anterior e a curva do ventilador (Anexo B), verificou-se
que o manômetro utilizado nas medições de pressão dinâmica (manômetro de coluna inclina-
da marca Dwyer) não atenderia a necessidade de medição de alguns pontos, já que é empre-
gado para medições até um diferencial máximo de 130 mmCA. Dessa forma, surgiu a neces-
sidade de construção de um manômetro que atendesse à necessidade do problema. Pela facili-
dade de construção, optou-se por um manômetro de coluna d’água.
Através da pressão estimada pela curva do ventilador (300 mmCA a 450 mmCA), de-
terminou-se a altura mínima do manômetro. Para auxiliar na leitura, foi fixado papel com es-
cala milimétrica entre as duas colunas d’água. Estima-se que o conjunto tenha uma incerteza
de medição de 3%. O equipamento pode ser visualizado no Apêndice D – foto 2 e 3. Para o
cálculo da pressão em Pascal utilizou-se a mesma densidade da água empregada em outros
itens do trabalho (999 kg/m³).
4.2.2. Medições
Para medição da pressão estática, a ACGIH (2001) recomenda posicionar o Pitot na li-
nha de centro da seção a ser medida. Infelizmente não foi possível medir a pressão estática na
descarga do ventilador. Isto se deve principalmente ao fato de não existir um ponto distante o
suficiente da saída do ventilador e da válvula Damper, livre total ou parcialmente de turbulên-
cias que viessem a influenciar as medições (ACGIH, 2001). Dos pontos selecionados, apenas
um não atende na totalidade a distância mínima imposta (ponto 10). Pórem, como a própria
bibliografia sugere, não atendendo todas as condições, os melhores pontos devem ser utiliza-
dos nas medições. Os resultados obtidos podem ser vistos na Tab. (3). Nesta, as duas primei-
ras medições (7 e 8) foram realizadas com o manômetro de coluna, e as outras (9 e 10), com o
manômetro de coluna de água construído.
5. ANÁLISE DO PROBLEMA
A análise foi dividida em duas etapas: a primeira onde serão analisadas as vazões neces-
sárias em cada um dos captores, e uma segunda, item onde será realizado um estudo de perdas
de carga no sistema.
Para uma primeira análise das perdas de carga do sistema, faz-se uso da curva do venti-
lador fornecida pelo fabricante do mesmo (Anexo B). Pelas informações fornecidas, verifica-
se que a curva foi obtida para densidade e rotação diferentes das atuais. A correção relativa à
densidade será aqui desconsiderada, já que, alterações na temperatura, ocorrem rotineiramente
no sistema e fornecem variações maiores do que a originada por essa correção. A pressão es-
tática e vazão de ar resultantes da mudança de rotação são corrigidas com auxílio da Eq. (9).
Analisado a curva , verifica-se que esta não possui informações para a vazão medida no
ventilador (55,51 m³/min). Segundo o fabricante do ventilador, BAYERVENTO, estes dados
não estão contidos na curva devido à baixa eficiência (menor que 65%) em que o ventilador
trabalha nesta vazão. Desta forma, pela inexistência da curva completa deste ventilador, sali-
enta-se que os dados obtidos da curva para esta etapa inicial serão aproximados.
Após uma correção aproximada da rotação (Eq. 11), pode-se verificar que a perda de
carga aproximada para a vazão em que o ventilador opera fica na faixa de 350 mmCA
(3430,06 Pa) a 400 mmCA (3920,07 Pa).
Para uma análise inicial das perdas de carga do sistema, elaborou-se uma planilha onde
esta carga foi calculada para cada segmento usando-se os conceitos teóricos do Item 2 e a
vazão medida presente no Item 4.1. A planilha pode ser visualizada no Apêndice B.
Para o cálculo das perdas devido ao fator de atrito, considerou-se para o aço uma rugo-
sidade de 0,046 mm (FOX; MCDONALD, 2001), e para a mangueira SPIRAFLEX, 0,1 mm,
valor este estimado como sendo aproximadamente o dobro do valor do aço comercial. Os va-
lores iniciais das rugosidades foram majorados em 50% relativos ao seu valor teórico, basea-
do no fato de se ter materiais que estão em uso há 30 anos e ao grande acúmulo de pó que
acontece nas paredes dos dutos. Apesar destes dados não terem sido mensurados, experiências
práticas de manutenção mostram que estes valores podem ser utilizados para esta análise. Na
determinação das perdas devido aos acessórios, buscaram-se os fatores de perda de carga na
18
bibliografia. A perda devido a equipamentos (filtro de mangas e ciclone) foi baseada na teoria
do Item 2.4..
Com os valores das perdas para cada peça do sistema, este foi separado em trechos (A-
pêndice F, trechos I-IX). A seguir, somaram-se os valores das perdas para cada um das peças,
e o resultado pode ser visto no Apêndice C (Δp - teórica).
Com as perdas obtidas para os trechos, parte-se para a determinação da pressão total do
ventilador, que deverá ser a mesma para cada uma das cinco seções existentes neste sistema.
Estes dados estão contidos na Tab. 4 (coluna referente à ptot – teórica).
Para fins de cálculo utiliza-se o valor médio das perdas das cinco seções. Assim, segun-
do cálculos teóricos, a perda total será ptot = 1935,73 Pa (197,5 mmCA). Com este valor, a
velocidade na descarga do ventilador e a Eq. (13), calcula-se a pressão estática do ventilador
como sendo pest = 1903,07 Pa (194,2 mmCA). Vê-se que esse valor se afasta muito do valor
estimado pela curva do ventilador (Anexo B) de 350 mmCA (3430,06 Pa) a 400 mmCA
(3920,07 Pa). Dessa forma, optou-se por fazer uma análise experimental da pressão estática
para aferição dos dados teóricos e encontrar o agente causador das perdas no sistema. O pro-
cedimento foi discutido no Item 4.2, e os resultados da medição encontram-se na Tab. 3.
Através de uma análise preliminar, verificou-se no ponto de medição número 10 (Apên-
dice), que o valor obtido nele (211 mmCA) representa quase na totalidade as perdas antes do
ventilador. Mesmo assim, esse valor continuou bastante distante da totalidade de pressão está-
tica estimada fornecida pelo ventilador (de 350 mmCA a 400 mmCA). Assim, como prelimi-
narmente não se encontrou grande perda na aspiração do ventilador, passou-se a dar maior
atenção para o trecho na descarga deste (segmentos 3, 77, 2, 1, 71 da planta do sistema - A-
pêndice A).
Não foi possível realizar medidas de pressão deste trecho da tubulação devido à proxi-
midade da descarga do ventilador (região muito turbulenta). Como neste trecho a peça mais
crítica é uma válvula Damper, sobre ele recaiu o maior esforço da análise. Nesta válvula, de-
vido ao seu grande período de operação, não mais existe o indicador de abertura, o que justifi-
ca a aparente dificuldade de se visualizar um provável fechamento parcial desta. Com uma
inspeção minuciosa, verificou-se que o seu mecanismo de fechamento, mecânico e pneumáti-
co, estava emperrado. Com esta indicação, através do desmonte do segmento, verificou-se
que, de fato, a válvula estava operando numa posição parcialmente fechada, num ângulo a-
proximado de 50º.
Então, para uma nova análise da pressão do ventilador, as seguintes informações foram
acrescentadas aos cálculos junto à planilha de cálculo:
a) Para a válvula Damper alterou-se, dentro da planilha de perdas teóricas, o fator de per-
da de carga de 0,52 (0º, totalmente aberta) para 45,06 (50º fechada), com informações
fornecidas pela ASHRAE (1993).
b) Com as pressões estáticas e dinâmicas obtidas experimentalmente, calculou-se as per-
das de carga totais nas três regiões onde os cálculos teóricos são mais questionáveis:
junto ao filtro de mangas, junto ao ciclone e na ramificação utilizada para a captação
junto à porta de descarga. As perdas podem ser vistas na Tab. 5.
19
Juntando-se então cálculos teóricos com os valores obtidos via medição (Tab. 5) mon-
tou-se uma nova planilha de perdas. Como resultado desta, novos valores para as perdas por
trechos foram encontrados e podem ser vistas no Apêndice C (Δp – teórica+experim.). Com
estes, novamente calcula-se as perdas por seção lembrando que para o sistema estar balancea-
do, perdas iguais devem ser encontradas. O resultado está na Tab. 4 (ptot – teórica-
experimental).
Observa-se nesta tabela, que as perdas totais para cada uma das seções estão bem pró-
ximas, certificando parcialmente os cálculos realizados. Para posteriores análises, adota-se
para o sistema o valor da perda obtida na porta de descarga do misturador, ou seja, ptot =
3775,97 Pa (385,3 mmCA). A pressão estática do ventilador com essa informação é calculada
como sendo pest = 3743,31 Pa (382 mmCA).
Analisando este valor junto à curva do ventilador, percebe-se que ele está dentro da fai-
xa estimada inicialmente (Item 5.2.1) e, portanto, será adotado como o valor da perda de carga
estática para o sistema atual. Sabe-se que esta afirmação contém erros, porém, na falta da cur-
va completa do ventilador, aproximações se fazem necessárias.
Para complementar a análise de perdas de carga, é realizado um rápido estudo relacio-
nada às perdas do filtro de mangas e do ciclone empregados na limpeza do ar coletado. Para
isso, comparam-se as perdas de carga teóricas obtidas no Item 2.4 com as experimentais. Co-
mo não foi possível realizar medições justamente na entrada e na saída de cada um destes
equipamentos, subtraiu-se dos dados experimentais as perdas teóricas relativas a trechos da
tubulação que não pertencem ao equipamento em estudo. O resultado pode ser visto na tabela
abaixo:
Através da tabela, observa-se que são pequenas as diferenças entre a perda de carga
teórica fornecida pela bibliografia das perdas medidas. Além disso, podem ser atribuídos erros
à perda teórica, já que dificilmente sua formulação engloba todas as variáveis do processo.
Conclui-se então que as perdas nestes dois equipamentos estão de acordo com o estimado
como ideal, e, portanto, não representam, portanto, problema para o sistema como um todo.
nutenções, alguns destes trechos encontram-se quase que totalmente bloqueados pelo acúmulo
de pó. Isso explica a diferença para as perdas de carga encontradas via cálculos e experimen-
tos (Apêndice C: Δp-teórica e Δp-teórica+experim.) para o trecho IX (Apêndice F).
6. MELHORIAS NO SISTEMA
Abaixo, três melhorias provenientes dos estudos acima realizados são discutidas:
a) Válvula Damper:
O final de vida útil desta válvula e seus acionamentos é um dos principais agentes cau-
sadores do seu fechamento parcial e, conseqüentemente da perda de carga e baixa vazão do
sistema. Como melhoria, segere-se substituir o conjunto da válvula e permitir que o mesmo
opere na condição 100% aberto, interferindo o mínimo possível no escoamento da descarga
do ventilador.
Em perfeitas condições e na posição o mais aberta possível, o coeficiente de perda de
carga será de K = 0,52, diferentemente do atual K = 45,06 (ASHRAE, 1993).
b) Chapéu:
A segunda melhoria a ser implementada é relativa ao chapéu existente na descarga do
sistema. Sua proximidade com o duto, hoje de aproximadamente 170 mm, resulta num coefi-
ciente de perda de carga K = 1, (ACGIH, 2001) bastante elevado para este acessório. Possi-
velmente esta configuração tenha sido adotada para minimizar o esforço resultante do arrasto
do vento sobre este acessório.
O novo chapéu deverá distar um mínimo de 400 mm do final do duto. Isto resultará a
redução do coeficiente de perda de carga para K = 0,1 (ACGIH, 2001). O aumento do esforço
causado pelo escoamento do ar poderá ser compensado com um reforço estrutural deste cha-
péu.
c) Captação na porta de descarga:
Como discutido no Item 5.3, acredita-se que o pó esteja depositando-se no trecho hori-
zontal desta tubulação e, conseqüentemente, obstruindo a passagem do ar.
Como possível solução, considerou-se a substituição total deste trecho da tubulação. A-
lém disso, optou-se por utilizar dois pontos captores como forma de melhor uniformizar a
captação nesta área do misturador (porta de descarga). No Apêndice G tem-se um esquema do
novo trecho com suas duas captações.
Optou-se pela seleção de dutos de PVC e mangueiras flexíveis devido à facilidade de
instalação e remoção, principalmente porque o local apresentar intensa movimentação durante
manutenções nas máquinas.
da de carga fornecida pela curva do ventilador naquela mesma vazão. Além disso, as intera-
ções foram necessárias para igualar as perdas de carga para cada uma das seções, a fim de
balancear o sistema como um todo. As vazões finais obtidas das interações estão contidas,
para cada captação, na tabela abaixo:
Tabela 7 – Vazão medida, necessidade estimada e estimativa após implantação das melhorias.
Vazão Medida Necessidade Estimativa após melhorias
Ponto Captor
[m³/min] [m³/min] [m³/min]
A Porta de Descarga 6,14 42,47 38,00
B Captação Lateral 1,62 1,62 1,80
C Porta de Carga 45,65 55,74 64,50
D Aspiração nas Roscas 0,68 0,68 0,70
E Aspiração nos Silos 1,24 1,24 2,15
F Vazão total (ventilador) 55,51 101,75 107,15
Como resultado, a planilha de cálculo forneceu os dados de perdas que constam na úl-
tima coluna do Apêndice C (Δp - melhorias).
Da mesma forma que calculado anteriormente, calcula-se a perda por seção captora
(Tab. 8). Como a diferença entre as perdas para cada uma das seções é menor que 5%, admi-
te-se o sistema como balanceado para esta configuração.
Para os cálculos, foi considerado a maior perda de carga das seis seções (ptot = 3788,72
Pa ou ptot = 386,6 mmCA). Com auxílio da Eq. (11), calculou-se a perda de carga estática co-
mo sendo pest = 3667,03 Pa (374,20 mmCA). Esta pressão e esta vazão obtidas do sistema
cruzaram numericamente com um ponto da curva do ventilador (Anexo B), onde se tem uma
pressão estática de 374,23 mmCA e uma vazão de 107 m³/h.
Comparando a necessidade estimada com os últimos resultados (Tab. 7), verifica-se um
aumento da vazão em todos os pontos de captura. Os maiores ganhos certamente estão nos
pontos A e C, críticos para o misturador, apesar de mesmo assim o ponto A ainda ter uma
vazão abaixo na necessidade. Pequenos ganhos também deverão ocorrer nos ramais aspirado-
res e junto à captação lateral.
Apesar das melhorias, nem todos os segmentos de duto atingirão a velocidade mínima
de transporte, como pode ser visto na Tab. 9. Mesmo assim, grandes acréscimos são previstos
se comparados com às velocidades atuais existentes (Apêndice B), especialmente na captação
da porta de descarga do misturador.
Tabela 9 – Velocidade média estimada após as melhorias para cada segmento de duto.
Segmento 1-3 4 5-9 10-15 16-18 19-27 28-29 30-31
V (m/s) 14,21 18,56 5,49 9,10 8,91 13,93 10,86 13,83
Segmento 32 49-50 52-55 56-60 61-67 68-69 80-84 85;87
V (m/s) 13,83 17,95 2,26 2,00 4,56 18,25 12,50 9,69
8. CONCLUSÕES
experimental realizada, que evidenciou uma vazão existente muito menor do que a necessária.
Além desta, uma baixa velocidade de transporte foi verificada na maioria dos segmentos.
Na localização de problemas e buscando-se melhorias, estudos relacionados às perdas
de carga foram empregados. A junção de informações teóricas e experimentais permitiu veri-
ficar problemas que estavam ocorrendo na ventilação local exaustora da máquina. O maior
deles estava localizado na válvula Damper junto à descarga do ventilador, no seu mecanismo
automático de abertura e fechamento. Devido ao grande tempo em que está instalado, o con-
junto da válvula estava travado numa posição intermediária e, por não existir um indicador,
visualmente não era perceptível. Graças à perda estimada pela curva do ventilador e medições
na aspiração deste, pode-se verificar que uma perda adicional deveria estar ocorrendo na des-
carga, apontando uma das causas do baixo rendimento da máquina. Neste mesmo trecho, in-
formações da bibliografia apontaram uma excessiva perda de carga junto ao chapéu de des-
carga, por este estar muito próximo a saída do duto.
No trecho responsável pela captação junto à porta de descarga, a perda medida experi-
mentalmente foi muito maior do que a perda estimada por teoria. Possivelmente isso seja fruto
de acumulações de pó nas paredes dos dutos que, somados ao fato de parte deste trecho ser
horizontal, estejam obstruindo a passagem do ar e resultando numa baixa vazão para este cap-
tor. Como melhoria, um novo percurso de dutos foi sugerido. Além disso, dois ramais capto-
res deverão ser utilizados, um no antigo ponto captor e um novo, numa direção 90º do antigo,
permitindo uma captura mais uniforme do particulado junto à região de descarga do material.
Vale salientar ao final deste trabalho, a possibilidade de ocorrência de erros em deter-
minadas etapas. Nas medições com Tubo de Pitot, além das incertezas do equipamento, deve-
se questionar a sua correta posição e os possíveis erros de paralaxe no momento de leitura do
manômetro. Outra fonte de erros é a escolha dos pontos de medida. Por estes dutos apresenta-
rem grande quantidade de transformações, algumas medições tiveram de ser realizadas pró-
ximas a estes acessórios e, possivelmente influenciam o resultado das leituras. Nas medições
com o anemômetro de hélice, grandes erros são associados devido à pequena área medida.
Nessa medição, apesar dos dados terem sidos usados como estimativa, melhores resultados
podem ser obtidos com a utilização, por exemplo, de um Venturi. Além das medições, a falta
da curva de desempenho do ventilador para toda faixa de vazões e de informações sobre rugo-
sidade de alguns dutos, fizeram necessárias aplicação de estimativas para variáveis de cálcu-
los.
Infelizmente as duas últimas melhorias estão em fase de implantação e o resultado final
ainda não pode ser verificado experimentalmente. Porém, medições parciais após o conserto
da válvula Damper, não discutidas nos itens anteriores, já demonstraram um acréscimo apro-
ximado de 76% no valor da vazão do ventilador.
Com a implantação das três melhorias sugeridas, espera-se um parcial atendimento das
vazões e velocidades de transporte exigidas. Vale salientar que as melhorias aqui identificadas
serão obtidas a um baixo custo. Para um total atendimento, deve-se admitir a possibilidade de
substituição do ventilador e/ou equipamentos de purificação do ar e dutos. Para os próximos
anos, maiores investimentos estão previstos para estas máquinas, sendo que então serão con-
sideradas essas alternativas.
Após a execução das melhorias, serão estabelecidos novos parâmetros de funcionamen-
to que farão parte do plano de manutenção do misturador. Este plano deverá englobar check-
lists em válvulas e medições de velocidade em pontos chaves, procedimentos não existentes
atualmente e que serão importantes na verificação de anomalias e problemas no sistema.
Este estudo também serviu como projeto piloto, sendo que a metodologia de análise uti-
lizada será empregada em outros misturadores Banbury em estado assemelhado ao estudado
neste trabalho.
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9. REFERÊNCIAS
FOX, R. W.; MCDONALD, A.T. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 5.ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2001.
JORGENSEN, R. Fan Engineering. 8. ed. New York: Buffalo Forge Company, 1983.
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11. APÊNDICES
APÊNDICE C – Perdas por techo nas três situações analisadas: teórica, teórica-experimental e
após melhorias.
Δp Δp Δp
Trecho Segmentos Localização
(teórica) (teórica+experm.) (melhorias)
71+1+2+3+4+5+6+7+8+75+9+10+11+11+12+13
I +14+77+75
anexo A 1232,18 Pa 2996,55 Pa 1424,88 Pa
II 15 (braço)+64+65+66+67+68+69+70 anexo A 798,69 Pa 798,69 Pa 2321,37 Pa
III 15 (princ.)+16+17+18+19+20+21+22+23+24+76 anexo A 576,17 Pa 616,04 Pa 2152,47 Pa
IV 25(princ.)+26+27+28+29+30+31 anexo A 1,16 Pa 1,16 Pa 3,22 Pa
V 25(braço)+60+61+62+63 anexo A 188,16 Pa 188,16 Pa 197,37 Pa
VI 32(princ.)+49+50 anexo A 85,75 Pa 85,75 Pa 162,23 Pa
VII 52(braço)+52+53+54+55+56+57+58+59+73 anexo A 0,07 Pa 0,07 Pa 0,03 Pa
VIII 51 anexo A 23,00 Pa 23,00 Pa 45,91 Pa
32(braço)+33+34+35+36+37+38+39+40+41+42
IX +43+44+45+46+47+48+72
anexo A 28,21 Pa 162,22 Pa não aplicado
X 32(braço)+80+81+82+83 fig. 3 não aplicado não aplicado 40,96 Pa
XI 84(frontal)+85+86 fig. 3 não aplicado não aplicado 84,62 Pa
XII 84(lateral)+87+88 fig. 3 não aplicado não aplicado 84,62 Pa
APÊNDICE D – Fotos
Pistão
Esteira de Alimentação
Plataforma
Rotores
Câmara de Mistura
APÊNDICE G – Esquemático com novo trecho de dutos para captação na porta de descarga.
-80,81,82,83: Dutos de PVC Ø10”
-84: Junção Y 60º
-85,87: Mangueira ESPIROFLEX Ø7”
-86,88: Captores Ø7”
400 pd Pontos Diâmetro A 2,7 ± 0,1 2,9 ± 0,1 3,2 ± 0,1 3,4 ± 0,1 3,3 ± 0,1 3,2 ± 0,1 3,0 ± 0,1 2,6 ± 0,1
5
mm (mmCA) Pontos Diâmetro B 2,8 ± 0,1 3,0 ± 0,1 3,2 ± 0,1 3,4 ± 0,1 3,4 ± 0,1 3,2 ± 0,1 2,9 ± 0,1 2,6 ± 0,1
12. ANEXOS