Apostila de Óptica
Apostila de Óptica
Apostila de Óptica
Brasília – DF
2015
Apresentação
Este manual didático contém tópicos de Óptica Geométrica com abordagem voltada
para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Nível Médio. Ele faz parte de
uma proposta pedagógica desenvolvida como trabalho de conclusão do curso do
Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF) na Universidade de
Brasília (UnB).
Seu desenvolvimento, que também contou com a contribuição de estudantes,
ocorreu durante o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015, a partir de
intervenções feitas em turmas de EJA do Instituto Federal do Tocantins, na cidade de
Palmas.
Durante a construção desse Manual Didático houve uma constante preocupação de
contextualizar os conteúdos abordados relacionando-os com fatos presentes na vida dos
estudantes. Mostrar que esses conhecimentos estão presentes na rotina diária dos
estudantes é parte de seu objetivo.
Este Manual Didático está dividido em nove tópicos, sendo o primeiro introdutório,
que abordam fenômenos relacionados com luz. Entre os vários conteúdos abordados
estão: a reflexão da luz; espelhos planos e esféricos e suas aplicações; lentes esféricas e
suas aplicações; e alguns defeitos da visão humana e suas respectivas correções por meio
de lentes esféricas.
Acreditamos, com isto, contribuir para sua formação.
Bons estudos.
O autor.
Sumário
1 Fenômenos Ópticos
Você já se perguntou por que conseguimos enxergar os objetos? Por que eles
possuem cores diferentes? Por que enxergamos nossa imagem em um espelho? Por que,
às vezes, precisamos usar óculos? As respostas para essas perguntas estão relacionadas
com a luz.
Fenômenos que estão relacionados com a luz são chamados de fenômenos ópticos.
São comuns em nosso dia-a-dia. A reflexão da luz, a formação de um arco-íris e a
formação de imagens por espelhos e lentes, são exemplos desse tipo de fenômeno.
Ao longo desse módulo iremos estudar alguns conceitos que nos possibilitam
compreender como esses fenômenos acontecem e também como o conhecimento
relacionado com os mesmos estão presentes no nosso dia-a-dia.
2 A Luz e os Objetos
Figura 8: Corpos
iluminados.
Óptica Geométrica 10
CONCEITOS
Meios transparentes: são materiais através dos quais a luz se propaga em linha reta.
Meios translúcidos: são materiais que não deixam passar a luz de forma ordenada, ou
seja, materiais que ao serem atravessados pela luz provocam o espalhamento de seus
raios.
Meios opacos: são materiais que bloqueiam completamente a passagem da luz, não
permitindo que a mesma o atravesse.
Meios absorvedores de luz: são materiais que têm a capacidade de absorver parte da
luz que incide em sua superfície.
Princípio da independência da luz: afirma que a luz não interage com ela mesma.
Um raio de luz após cruzar com outro não sofre alteração em sua trajetória e nem em
sua coloração; são completamente independentes.
Sombra: região com ausência de luz. Se forma quando a luz é bloqueada por um corpo
opaco. A formação da sombra só é possível porque, em geral, a luz se propaga em
linha reta.
Fontes de luz primárias: são corpos que têm a capacidade de emitir luz própria.
Fonte de luz secundárias: são corpos que não possuem luz própria, apenas refletem
parte da luz que incide em sua superfície.
11 A Luz e os Objetos
Perguntas
1. Identifique as fontes de luz primárias que existem em sua casa.
2. Entre os corpos citados abaixo, identifique quais são fontes de luz primária e
secundária:
a) vela apagada f) lâmpada acesa
b) Sol g) uma barra de ferro aquecida ao
c) Lua rubro (vermelho)
d) estrelas h) madeira queimando
e) lâmpada apagada i) tela de uma TV ligada
3. Por que não enxergamos com nitidez os objetos que estão atrás de um material
translúcido, como o vidro da figura 2, por exemplo?
4. Cite pelo menos uma propriedade da luz.
5. Por que os eclipses são provas de que a luz se propaga em linha reta?
6. O que são meios opacos? Cite três exemplos.
7. Por que os corpos opacos formam sombras quando são iluminados?
8. (Fuvest-SP) Admita que o Sol subitamente “morresse”, ou seja, sua luz deixasse de
ser emitida. Vinte e quatro horas após, um eventual sobrevivente, olhando para o
céu, sem nuvens, veria:
a) a Lua e as estrelas. d) uma completa escuridão.
b) somente a Lua. e) somente os planetas do sistema
c) somente estrelas. solar.
Observação: a luz, emitida pelo Sol, leva aproximadamente 8 minutos para chegar
à Terra.
9. (UEL) Considere as seguintes afirmativas:
i. A água pura é um meio transparente.
ii. O vidro fosco é um meio opaco.
iii. O ar é um meio transparente.
Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta.
a) Apenas a afirmativa i é verdadeira.
b) Apenas a afirmativa ii é verdadeira.
c) Apenas a afirmativa iii é verdadeira.
d) Apenas as afirmativas i e a iii são verdadeiras.
e) Apenas as afirmativas ii e a iii são verdadeiras.
Óptica Geométrica 12
3 Reflexão da Luz
A maioria dos objetos que estão a nossa volta não emite luz. Por que, então,
conseguimos enxergá-los?
Para os gregos antigos, a visão era explicada pela emissão de raios de luz projetados
pelos olhos. Esses raios, ao incidirem nas coisas, refletiam de volta para os olhos trazendo
informações que seriam interpretadas pelo cérebro.
Quando um objeto, como uma cadeira, por exemplo, é iluminado por uma fonte de
luz, parte da luz que incide em sua superfície é refletida. Assim, a reflexão da luz ocorre
quando ela incide na superfície de um objeto e retorna para o meio de onde veio. Na figura
9 todos os objetos que vemos estão refletindo parte da luz que recebem do Sol.
Figura 9: Todos os objetos que enxergamos refletem parte da luz que recebem.
Você consegue enxergar as páginas deste texto porque a luz emitida por uma fonte
de luz, como o Sol ou uma lâmpada, por exemplo, é refletida, e parte dela é direcionada
para seus olhos.
A reflexão da luz pode acontecer de duas formas diferentes: difusa, também
chamada de irregular; e regular. O tipo de reflexão está relacionado com a superfície do
objeto no qual a luz incide.
A reflexão difusa ocorre quando a luz incide em uma superfície rugosa ou granular,
como na superfície de uma parede, por exemplo.
13 Reflexão da Luz
Assim, quando a luz incide em
uma superfície rugosa ela é refletida
de forma difusa, ou seja, se
espalhando para várias direções Superfície
diferentes. rugosa
nossos olhos.
A reflexão difusa também possibilita enxergarmos um mesmo objeto, quando
iluminado, de vários ângulos diferentes. Na figura 12, a luz emitida pela lâmpada é
refletida na superfície rugosa das folhas do livro e direcionada para os dois observadores
posicionados em locais diferentes.
A superfície das folhas de um livro parece lisa, mas quando observadas em visão
ampliada, por meio de um microscópio, é possível notar que são irregulares, desta forma,
também reflete a luz de forma difusa.
A reflexão difusa também
ocorre na atmosfera terrestre. A luz
solar ao incidir na atmosfera é
espalhada em todas as direções. Isto
explica porque o céu é claro durante
o dia (figura 13). Se não existisse
atmosfera, mesmo durante o dia, o
céu seria completamente escuro. A
Lua não possui atmosfera, assim, o
céu visto de lá é completamente Figura 13: A reflexão difusa também ocorre na
atmosfera terrestre.
escuro.
A reflexão regular ocorre
quando a luz incide em uma
superfície polida, como a de um
espelho, por exemplo. Nesse tipo de
reflexão, os raios de luz refletidos se Superfície
polida
propagam em uma única direção,
que vai depender apenas da forma da Figura 14: Reflexão da luz em uma superfície
polida.
superfície. Assim, se os raios de luz
incidentes forem paralelos, os raios
de luz refletidos em uma superfície
polida também serão.
A figura 14 ilustra a luz
emitida por uma lanterna,
representada pelas setas; incidindo
em uma superfície polida (lisa).
Uma superfície é dita polida
quando suas irregularidades são
muito pequenas, pois não há, de fato,
uma superfície completamente Figura 15: A luz solar refletindo de forma regular
polida. As superfícies metálicas em uma superfície polida.
15 Reflexão da Luz
cromadas, revestidas com cromo; ou niqueladas, revestidas com níquel; são polidas o
suficiente para refletirem a luz de forma regular.
Nos espelhos, a luz também é refletida por uma superfície metálica polida. Os
espelhos são formados por uma placa de vidro, polida e transparente, com um de seus
lados revestido por uma fina camada metálica. É na superfície desta fina camada metálica
que a luz sofre reflexão regular.
Lei da Reflexão
Reta normal
Rai
o de l et ido
Ângulo de
Ângulo de
luz ef
incidência
inc zr
e lu
reflexão
ide
nte od
Rai
Espelho
Figura 16: Lei da reflexão.
Figura 17 Figura 18
A figura 19 mostra que os ângulos de incidência e de reflexão medem zero. Neste
caso, tanto o raio incidente quanto o raio refletido, percorrem o mesmo caminho, mas
com sentidos opostos.
Figura 19
CONCEITOS
Reflexão da luz: ocorre quando a luz incide na superfície de um objeto e retorna para
o meio de onde veio. A reflexão da luz pode ocorrer de forma regular ou difusa.
Reflexão regular: ocorre quando a luz incide em uma superfície polida, como a de
um espelho, por exemplo. Nesse tipo de reflexão os raios de luz refletidos se propagam
em uma única direção que só depende da forma da superfície.
Reflexão difusa: ocorre quando a luz incide em uma superfície rugosa. Nesse tipo de
reflexão os raios de luz refletidos são espalhados em todas as direções.
17 Reflexão da Luz
Perguntas
1. Por que conseguimos enxergar os objetos?
2. Qual a diferença entre a reflexão difusa e a reflexão regular da luz?
3. Cite pelo menos três exemplos de corpos ou superfícies nas quais ocorrem reflexão
regular da luz.
4. Qual a principal característica de uma superfície para que nela ocorra reflexão
regular?
5. O que diz a lei da reflexão?
6. A ilustração abaixo representa a reflexão de um raio luminoso em um espelho
plano:
Rai
od
e lu ido
z in flet
cid
e lu z re
nte de
i o
80° Ra
Espelho
Você já se perguntou por que percebemos as cores dos objetos? Para responder essa
pergunta precisamos saber um pouco mais sobre a natureza da luz.
Você já sabe que só é possível enxergar um objeto se ele estiver sendo iluminado
por uma fonte de luz ou se ele emitir luz própria. Sem uma fonte de luz nada poderia ser
visto. Tudo ficaria absolutamente escuro. As cores também estão relacionadas com a luz.
A luz emitida por uma fonte como o Sol ou uma lâmpada fluorescente, por exemplo,
é formada por um conjunto de várias cores misturadas, e é chamada de luz branca.
A luz branca, considerada ideal, é na verdade, uma mistura de infinitas cores. Mas
como não temos infinitos nomes para elas, nos contentamos em destacar sete: vermelho,
alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Essas cores são observadas na formação
de um arco-íris, por exemplo. Esse conjunto de infinitas cores que forma a luz branca é
chamado de espectro visível.
Esse fenômeno foi observado pela primeira vez por Isaac Newton. Ele demonstrou
que quando a luz branca atravessava um prisma de vidro, se dividia em várias cores
(figura 20). Mais adiante, abordaremos esse fenômeno mais detalhadamente.
A luz formada pela mistura de duas ou mais cores é chamada de luz policromática.
O Sol ou uma lâmpada fluorescente, por exemplo, são fontes de luz policromática. Já a
luz formada por apenas uma única
cor é chamada de luz
monocromática. A luz de um laser,
por exemplo, é monocromática
(figura 5).
Já estudamos que parte da luz
que atinge a superfície de um objeto
sofre reflexão. Essa reflexão está
relacionada com a superfície do
objeto ou com a tinta que o reveste.
Figura 20: A luz branca tem suas cores separadas
Esse fato explica porque os corpos
ao atravessar um prisma de vidro.
apresentam cores diferentes.
Dessa forma, se um objeto
19 As Cores dos Objetos
apresenta a cor verde quando
iluminado com luz branca, é porque
Luz branca
absorve todas as outras cores, de
ver
z
refletindo apenas a luz de cor verde Lu
policromática branca. Esse tipo de luz é a mais comum em nosso meio, já que as
principais fontes de iluminação que temos, como o Sol e as lâmpadas elétricas, emitem
luz branca.
Mas com ficaria a cor de um corpo se ele fosse iluminado com uma fonte de luz
monocromática, ou seja, com luz de uma única cor?
A cor de um objeto não luminoso está relacionada com a cor da luz refletida em sua
superfície.
Um objeto que é visto branco sob a luz do Sol, será visto vermelho, se iluminado
somente com somente luz monocromática vermelha (figura 24). Isso ocorre porque ele
reflete luz de todas as cores, inclusive de cor vermelha. Nesse caso irá refletir apenas o
vermelho, pois é a única cor de luz
que incide em sua superfície. Fo
nt
e de
Já um objeto, que sob a luz do lu
zv
Sol é visto na cor azul, se iluminado erm
elh Observador
com luz de cor diferente do azul, será a
Amarelo
apenas três, chamadas de cores
o
e lh
primárias. São elas: vermelha,
Ve
rm
rde
Ve
verde e azul (figura 26). Essas cores
são representadas pela sigla RGB, Branco
Cia
do inglês: Red, Green, Blue. g enta no
M a
Qualquer cor de luz pode ser
obtida a partir da combinação, em
proporções adequadas, entre as cores Azul
primárias. Se um corpo de superfície
branca for iluminado com as três Figura 26: Cores primárias e secundárias.
cores primárias sobrepostas de
mesma intensidade, por exemplo,
será visto na cor branca, ou seja,
misturando as três cores primárias
tem-se a cor branca.
A junção do azul com
vermelho resulta na cor magenta
(parecida com a cor rosa); vermelho
com verde, em amarelo; e verde com
Figura 27: Tela de TV em visão ampliada.
azul, em ciano (parecida com a cor
azul claro) (figura 26). As cores
oriundas da mistura entre as cores primárias, são chamadas de cores secundárias.
Nas telas dos televisores e monitores de computadores existem pequenos pontos
que emitem luz nas cores vermelha, verde e azul - RGB (figura 27). Dependendo da
proporção com que cada uma das três cores é emitida, temos a sensação de vermos as
mais variadas cores.
Óptica Geométrica 22
As cores e a Natureza
CONCEITOS
Espectro visível: é o conjunto formado pelas ondas eletromagnéticas que são capazes
de sensibilizar a visão humana. Essas ondas (cores) são aquelas que compõem a luz
branca, ou seja, todas as cores.
Luz policromática: luz formada pela mistura de duas ou mais cores diferentes.
Luz monocromática: luz formada por uma única uma única cor.
Cores primárias: conjunto formado por três cores diferentes que, misturadas entre si,
em proporções variáveis, podem reproduzir a sensação visual de todas as cores do
espectro visível. Essas cores são geralmente o vermelho, o verde e o azul, quando se
trata de luz. Quando se utiliza pigmentos, como tintas, as cores primárias são o
vermelho, o amarelo e o azul.
Óptica Geométrica 24
Perguntas
1. Um corpo é visto na cor verde quando iluminado por luz branca. Se esse corpo for
iluminado por uma luz de outra cor que não seja verde nem branca, de que cor ele
será visto?
2. Um corpo absorve todas as cores da luz solar, exceto o azul. Em que cor veremos
esse corpo num ambiente iluminado:
a) somente com luz monocromática vermelha?
b) somente com luz monocromática azul?
c) pela luz do Sol?
3. A bandeira do Brasil quando iluminada com luz branca apresenta as cores verde,
amarela, azul e branca. Quais cores seriam vistas se ela fosse iluminada por uma
única fonte de luz monocromática de cor azul?
4. Sabe-se que as telas dos televisores e monitores de computadores são formadas por
pequenos pontos que emitem luz nas cores vermelho, verde e azul (cores primárias).
Por que, então, é possível ver cores diferentes das primárias nas telas desses
aparelhos?
5. Antigamente era comum iluminar as carnes expostas nos balcões dos açougues com
luz vermelha. Atualmente essa prática é proibida. Você pode explicar por quê?
6. Como algumas espécies de animais usam as cores para se proteger de seus
predadores? Cite exemplos.
7. (UFMG) Um rapaz usa uma camiseta que, exposta à luz do Sol, se apresenta
totalmente verde com a palavra PUCPR gravada no peito com letras azuis. O rapaz
entra então numa sala iluminada por luz monocromática azul. Certamente:
a) a camiseta parecerá preta e a palavra gravada se apresentará na cor azul.
b) a camiseta e a palavra se apresentarão com as mesmas cores vistas à luz do sol.
c) a camiseta e a palavra gravada no peito se apresentarão na cor azul.
d) a camiseta se apresentará azul, mas as letras da palavra gravada desaparecerão.
e) tanto a camiseta quanto a palavra gravada ficarão com a cor negra.
8. (ENEM) O centenário da imigração japonesa foi comemorado no Brasil no ano de
2008. Diversos eventos e festividades se espalham pelo país, e em um deles uma
bandeira japonesa foi colocada em uma sala, que foi iluminada por uma luz
monocromática amarela. O público presente na sala observou nesse instante que
essa bandeira tinha as cores:
a) branca e vermelha.
b) branca e amarela.
c) amarela e preta.
d) amarela e vermelha.
e) toda amarela.
25 Espelhos Planos
5 Espelhos Planos
Acredita-se que os espelhos foram inventados pelos sumérios e egípcios por volta
de 5 mil anos atrás. Usando areia, faziam o polimento de alguns metais, construindo
espelhos rudimentares que não permitiam formar imagens nítidas.
No Egito, foram encontrados espelhos feitos de cobre, fabricados há cerca de 5 mil
anos. O livro de Êxodo, da Bíblia, faz referência a espelhos de mão feitos de bronze por
volta do século XV a.C.
Com o passar de muitos séculos, e o avanço científico, foi possível construir
espelhos com maior qualidade. Na metade do século XIII artesãos italianos já revestiam
placas de vidro com uma fina camada metálica. Na época, o brilho que estas peças
produziam causava admiração a tal ponto de serem valorizadas como obras de arte.
Os processos de fabricação de espelhos utilizados atualmente foram desenvolvidos
em 1835, na Alemanha, pelo químico Justus von Liebig. Ele descobriu uma forma de
fixar uma fina camada de solução de prata sobre placas de vidro polidas.
Esse processo é feito da seguinte forma: utiliza-se uma placa de vidro polida e uma
solução de prata. Por meio de um jato, essa solução é aplicada em uma das faces da placa
de vidro. Uma reação química ocorre entre a solução e o vidro, fazendo com que o nitrato
de prata seja fixado no vidro, formando assim, uma película metálica polida que
possibilita a reflexão regular da luz. Por último, uma substância protetora é aplicada para
proteger a película metálica.
Os espelhos planos são superfícies polidas e planas onde a reflexão da luz ocorre
de maneira regular.
Espelho
significa que a sua imagem Observador
formada em um espelho plano,
Figura 30: Imagem de um objeto formada em
por exemplo, tem exatamente um espelho plano.
o mesmo tamanho do seu
corpo;
a distância entre o objeto e o
espelho é igual a distância
entre a imagem e o espelho.
Por exemplo: se você está em
frente a um espelho e distante
um metro dele, sua imagem
também estará distante um
metro do espelho. Veja a
imagem do gato na figura 31;
a imagem é normal em relação
ao objeto. Significa dizer que a Figura 31: A distância entre o gato e o espelho é
imagem formada pelo espelho igual a distância entre sua imagem e espelho.
A imagem de um
objeto em um espelho pode
ser usada como “objeto”
para outro espelho.
Considere a seguinte
situação: dois espelhos
planos podem ser dispostos
de tal forma que as suas
superfícies refletoras
formem um ângulo entre si.
Se um objeto for colado Figura 33: Associação de dois espelhos planos formando um
ângulo de 90°.
entre os espelhos, devido as
diversas reflexões que
ocorrem, várias imagens serão observadas nos dois espelhos (figura 33).
A quantidade de imagens formada pela associação de dois espelhos planos pode ser
calculada da seguinte forma:
Óptica Geométrica 28
360°
= −1
â
ℎ
Para simplificar a expressão acima, representamos a quantidade de imagem por N
e o ângulo entre os espelhos por (letra grega alfa). Assim, fica
360°
= −1
CONCEITOS
Espelho: superfície extremante polida capaz de refletir a luz que incide sobre ela. Os
espelhos são classificados de acordo com a geometria de sua superfície refletora,
podendo ser planos, esféricos ou parabólicos.
Campo visual de um espelho: região que pode ser vista por meio da imagem formada
por um espelho.
29 Espelhos Planos
Atividade Prática: observando o número de imagens formadas pela associação de
dois espelhos planos.
Para essa atividade serão necessários dois espelhos planos pequenos e um transferidor,
representado na figura 34.
Para desenvolver esta atividade siga os seguintes passos:
1. Sobre o transferidor da figura 34, coloque dois espelhos planos formando um
determinado ângulo entre eles como mostra a figura 33;
2. Coloque entre os espelhos, exatamente no meio, um pequeno objeto. Esse objeto
pode ser um bocal de caneta, uma moeda ou uma borracha, por exemplo;
3. Observe o número de imagens formadas nos espelhos;
4. Movimente os espelhos de forma que o ângulo entre eles possa variar de acordo
com os valores da tabela abaixo. Para cada ângulo observe o número de imagens
formadas e anote na tabela;
ângulo () 40° 60° 90° 120° 180°
número de
imagens (N)
5. Que conclusão você pode tirar a respeito do valor do ângulo entre os espelhos e
o número de imagens formadas?
6. Verifique, para cada ângulo, se o número de imagens obtidas em suas
°
observações está de acordo com a expressão = − 1. Caso não esteja,
explique o motivo.
90°
100°
80°
°
70°
110
0°
°
60
12
0°
°
°
13
40
50
0°
14
°
30
0°
15
20°
°
160
10°
170°
180° 0°
Figura 34: Transferidor para medir o ângulo entre os espelhos.
Óptica Geométrica 30
Perguntas
1. Qual é a constituição básica de um espelho?
2. Cite pelo menos duas características da imagem formada por um espelho plano.
3. Qual é a altura da imagem de uma pessoa que mede 1,70 m ao se ver em um espelho
plano?
4. Suponha que uma pessoa está a 0,80 m de um espelho plano vertical.
a) Qual a distância entre a pessoa e sua imagem?
b) O que acontece com o tamanho da imagem da pessoa se ele se afastar do espelho,
aumenta, diminui ou continua do mesmo tamanho?
R
5. Construa a imagem da letra R representada na figura abaixo.
Espelho
Você já viu sua imagem refletida em uma colher? Observou algo diferente?
Os espelhos esféricos, diferentemente dos espelhos planos, possuem sua superfície
refletora curvada na forma esférica. Esses espelhos são parecidos com uma concha de
cozinha.
Os espelhos esféricos são utilizados em diferentes situações, seja para visualizar um
objeto com mais detalhes, através de sua imagem ampliada, por exemplo, ou em
ambientes nos quais se faz necessário ampliar o campo visual.
Existem dois tipos de espelhos esféricos: côncavo e convexo. Um espelho é
chamado de côncavo quando sua superfície refletora é a parte interna. Ele parece com a
parte de dentro de uma concha de cozinha. Já o espelho convexo, tem a superfície
refletora na parte externa. Ele parece
com a parte de fora de uma concha.
Formalmente, os espelhos
esféricos têm a forma geométrica de
uma calota esférica. Para entendermos
esse formato, basta imaginarmos uma
esfera oca. Se retirarmos dessa esfera
uma parte, como mostrado na figura 35,
essa parte terá o formato de uma calota
esférica. Figura 35: Esfera oca com uma calota esférica
em destaque.
Se a superfície refletora for a
parte interna da calota, temos um
espelho côncavo. Os espelhos côncavos
têm a curvatura da superfície refletora Superfície refletora
voltada para dentro. No entanto, se a
superfície refletora for a parte externa
da calota, temos um espelho convexo.
Os espelhos convexos têm a curvatura
da superfície refletora voltada para fora.
Os dois tipos de espelho estão
Figura 36: À esquerda, representação de um
representados, de forma simplificada, espelho esférico côncavo, e à direita, de um
na figura 36. espelho esférico convexo.
Óptica Geométrica 32
A figura 37 mostra as
características de um espelho esférico. Espelho esférico
Como ele tem o formato de uma calota
esférica, possui um raio de curvatura, Eixo principal
R
representado na figura pela letra R. O
raio de curvatura é a distância entre o C V
centro de curvatura (C) e o vértice do
Ângulo de
espelho (V). O vértice é o ponto que
abertura
fica no centro da superfície refletora do
espelho. A reta imaginária que liga o
Figura 37: Principais características de um
centro de curvatura ao vértice do
espelho esférico.
espelho é denominada eixo principal.
O ângulo de abertura do
espelho esférico está relacionado com a sua curvatura e com o seu tamanho. Ao se
comparar dois espelhos do mesmo tamanho, o espelho mais curvado é o que possui maior
ângulo de abertura (figura 37).
=
2
A expressão matemática acima diz que a distância Figura 38: Raios de luz paralelos
refletindo em um espelho
focal (f) de um espelho esférico é igual à metade do seu esférico côncavo.
33 Espelhos Esféricos e Aplicações
raio de curvatura (R).
A figura 39 mostra um espelho côncavo
exposto à luz do Sol. Os raios solares, após
refletirem no espelho, convergem para o foco do
mesmo. A concentração de luz nesse ponto
provoca um aquecimento, que pode incendiar
alguns materiais. Na imagem um saco plástico é
queimado.
Quando raios de luz paralelos incidem
Figura 39: Saco plástico queimando
frontalmente em um espelho esférico convexo, devido ao aquecimento provocado
são refletidos de forma divergente (figura 40). Os pela concentração da luz solar no
foco de um espelho esférico
espelhos convexos provocam um espalhamento côncavo.
nos raios de luz. Esse espalhamento faz com que
os raios refletidos se afastem um do outro.
Observe, na representação da figura 40,
que os raios refletidos se propagam na mesma F C
paralelos a ele.
Os espelhos convexos formam imagens sempre com as mesmas características
(figura 41). Essas características são:
a imagem é vista sempre menor
que os objetos que estão diante do
espelho;
a imagem é vista direita, ou seja,
não aparece de cabeça para baixo;
a imagem é virtual. Não é
possível projetá-la em uma tela ou
parede, por exemplo.
Os espelhos côncavos formam
diferentes tipos de imagens. As
Figura 41: A imagem formada pelo espelho
características dessas imagens dependem convexo é sempre menor que o objeto.
da distância que o objeto se encontra do
espelho. Para esse estudo vamos
considerar apenas um caso: com objeto
próximo ao espelho.
Quando o objeto está próximo ao
espelho, localizado entre o vértice e o seu
foco, a imagem apresenta as seguintes
características (figura 42):
é vista maior que o objeto;
é direita. Não aparece de cabeça
para baixo; Figura 42: Para um objeto localizado entre
um espelho côncavo e o seu foco, a imagem
é virtual. Não é possível projetá- é vista ampliada.
la em uma tela.
Os espelhos convexos possuem o campo visual maior que o dos espelhos planos.
Isto significa que uma área maior pode ser vista através de um espelho convexo se
comparado com um espelho plano do mesmo tamanho.
A figura 43 mostra o campo visual de dois espelhos de áreas iguais. Observe que
35 Espelhos Esféricos e Aplicações
uma área maior é vista no espelho da esquerda se comparada com espelho da direita. Isso
se deve ao fato de o espelho da esquerda ser convexo, enquanto que o da direita é plano.
CONCEITOS
Espelho esférico: são espelhos que possuem sua superfície refletora curvada na forma
geométrica de uma esfera. Esses espelhos podem ser côncavo ou convexo.
Perguntas
1. Em relação à forma geométrica, cite a principal diferença entre um espelho esférico
côncavo e um esférico convexo?
2. Cite uma aplicação dos espelhos esféricos côncavos, explicando uma vantagem em
relação aos espelhos planos.
3. Cite uma aplicação dos espelhos esféricos convexos, explicando uma vantagem em
relação aos espelhos planos.
4. Qual a vantagem de se usar espelhos esféricos convexos como retrovisores de
carros e motos?
5. É uma prática comum entre os motociclistas, substituir os espelhos retrovisores
originais de suas motos, que são convexos, por espelhos menores e planos. Essa
prática pode aumentar o risco de acidentes? Justifique sua resposta.
6. Um espelho esférico possui distância focal de 28 cm. Qual o raio de curvatura desse
espelho?
7. Um espelho esférico possui raio de curvatura igual a 60 cm. Qual o valor da sua
distância focal?
8. Ao contemplar a beleza de uma árvore de natal, você observa sua imagem formada
em uma bolinha pendurada na árvore. Com que tipo de espelho esférico a bolinha
se assemelha? Cite pelo menos duas características da sua imagem vista na bolinha.
9. (PUC - Rio) Espelhos convexos são frequentemente utilizados como espelhos
retrovisores de carros. Quais das seguintes afirmações estão corretas?
i. A área refletida para o olho, por um espelho circular convexo, é maior que a
refletida por um espelho plano de igual diâmetro na mesma posição.
ii. A imagem é formada atrás do espelho, sendo, portanto, real.
iii. A imagem é menor que o objeto e não é invertida.
iv. A distância entre a imagem e o espelho é ilimitada, tornando-se cada vez
maior à medida que o objeto se afasta.
a) Somente i e iii d) Somente i, ii e iii
b) Somente ii e iv e) Somente ii, iii e iv
c) Somente i, ii e iv
39 Refração da Luz
7 Refração da Luz
A luz é capaz de atravessar, normalmente em linha reta, alguns materiais, como por
exemplo, água, ar, diamante etc. Esses materiais são chamados de meios transparentes.
A velocidade da luz ao se propagar em um meio transparente é menor que no vácuo.
Cada cor de luz visível tem velocidade própria, mas todas possuem velocidades inferiores
a 300.000 km/s ao se propagar em um meio transparente. A tabela abaixo mostra a
velocidade de propagação da luz em um determinado tipo de vidro para algumas cores.
Luz vermelha alaranjada amarela verde azul violeta
Velocidade
198.282 198.151 197.759 197.498 196.335 195.822
(em km/s)
(Bôas, N. V. et al. 2010, v. 2, p. 340)
O fenômeno da refração consiste na passagem da luz
de um meio transparente para outro: do ar para a água, por
exemplo. Quando a luz incide obliquamente na superfície
de separação de dois meios transparentes ocorre um desvio
em sua trajetória.
A figura 48 mostra um raio de luz laser passando do
ar (parte superior) para a água (parte inferior). Observe que
Figura 48: Refração de um
sua trajetória sofre um desvio para esquerda. Esse desvio raio de luz laser ao passar
na trajetória está relacionado com a mudança na velocidade do ar para a água.
primeiramente na água e tem sua velocidade reduzida, enquanto o outro lado continua
com a mesma velocidade. Devido a diferença de velocidades entre os dois lados, o raio
de luz tem sua trajetória desviada na superfície de separação entre os dois meios.
Se o raio de luz se propagasse no
sentido contrário, da água para o ar, sua
trajetória seria a mesma. A diferença Reta normal
estaria apenas na variação da velocidade
Ângulo de
do raio de luz. Ao passar da água para o
incidência
Ra cid
io en
ar, sua velocidade aumentaria.
in
de te
A figura 50 mostra, de forma
lu
Ar
z
simplificada, a refração de um raio de luz
Água
ao passar da água para o ar. Nela, estão
representados o raio de luz incidente, o
Raio
Ângulo de
refrat
raio de luz refratado, o ângulo de
refração
de lu
incidência e o ângulo de refração.
ado
z
Assim como na reflexão da luz, esses
ângulos também são medidos a partir de
uma reta imaginária perpendicular à Figura 50: Refração da luz.
superfície de separação entre os meios,
chamada reta normal.
Da figura 50 podemos observar que:
Quando a luz sofre refração em que sua velocidade diminui, o raio refratado se
aproxima da reta normal. Observe que o ângulo de incidência é maior do que o
ângulo de refração.
Se invertermos o sentido da seta na figura 50, é possível concluir que quando a
luz sofre refração em que sua velocidade aumenta, o raio refratado se afasta da
reta normal. Observe que, nesse caso, o ângulo de incidência é menor que o
ângulo de refração.
A refração da luz muitas vezes nos provoca enganos. Quando, por exemplo,
observamos um objeto dentro d’água, como um lápis, ele parece estar torto. A parte do
lápis imersa na água parece ficar mais próxima da superfície do que realmente está. O
mesmo também acontece quando observamos um peixe na água. Devido à refração da
luz, nós o enxergamos um pouco acima e mais próximo de onde ele realmente está. A
figura 51 ilustra o fenômeno.
43 Refração da Luz
Observador
Ar
Água
Figura 51: Devido à refração da luz, enxergamos um peixe na água um pouco acima
de onde ele realmente estar.
Nas estradas com asfalto, especialmente em dias quentes, vemos o que parece ser a
imagem dos veículos refletidas no asfalto. Esse fato também é explicado pela refração da
luz.
O ar, que está em contato com o asfalto da estrada, se encontra a uma temperatura
maior do que a do ar que está nas camadas um pouco mais acima. Nas camadas de ar mais
quente e, portanto, menos densas, a luz se propaga com velocidade maior. Já nas camadas
de ar mais frias e, portanto, mais densas, a luz se propaga com velocidade menor. Assim,
a luz refletida nos veículos passa por camadas de ar com temperaturas diferentes sofrendo
seguidas refrações, pois para cada camada possui uma velocidade diferente (figura 52).
Isso provoca o “encurvamento” dos raios de luz que tem como resultado a formação de
imagens invertidas, como as dos veículos, por exemplo.
Observador
Dispersão da Luz
Luz solar
Observador
CONCEITOS
Onda eletromagnética: onda que transposta energia radiante. São produzidas por
cargas elétricas oscilantes.
Refração da luz: mudança na direção de um raio de luz oblíquo quando ele passa de
um meio transparente para outro. Essa mudança na direção ocorre devido a alteração
da velocidade da luz ao passar de um meio transparente para outro.
8 Lentes Esféricas
Convexo-côncava
Côncavo-convexa
Plano-convexa
Plano-côncava
Biconvexa
Bicôncava
C F F C
+125 mm, enquanto que uma lente divergente de mesma distância focal é identificada por
-125 mm, por exemplo.
Outra forma de identificar uma lente, é através de sua vergência (ou convergência),
representada pela letra V. A vergência de uma lente está relacionada com a sua capacidade
de convergir ou divergir a luz.
A vergência de uma lente é definida como o inverso da distância focal, ou seja, um
dividido pela distância focal:
1
=
Para o cálculo da vergência, a distância focal deve ser medida em metros. A unidade
de medida da vergência é a dioptria (di), que é popularmente conhecida como o “grau”
da lente.
De acordo com os sinais adotados, as lentes convergentes possuem vergência
positiva, enquanto que as lentes divergentes possuem vergência negativa.
Assim, por exemplo, uma lente convergente com distância focal f de 0,8 metro,
possui vergência de +1,25 di. Para calcular sua vergência basta usar a expressão
matemática acima. Como a distância focal f da lente é 0,8, substituindo esse valor na
expressão, fica:
1
= = 1,25
0,8
Assim, a vergência da lente é +1,25 di. A sinal de + indica que se trata de uma lente
convergente.
A Figura 62 mostra duas lentes convergentes de vergências diferentes.
Figura 62: Duas lentes com vergências diferentes. A da esquerda tem menor
vergência (maior distância focal). A da direita tem maior vergência (menor
distância focal).
51 Lentes Esféricas
Imagens Formadas por Lentes Esféricas
Imagem projetada
no sensor ou filme
Objeto Objetiva da
fotografado câmera
Figura 68: Projeção da imagem de um objeto no sensor de uma câmera fotográfica.
CONCEITOS
Lente esférica: dispositivo óptico feito com material transparente que refrata a luz.
Uma de suas superfícies tem formato esférico podendo a outra ser tanto plana como
esférica.
Lente convergente: lente que possui o meio mais espesso que as bordas, e provoca a
convergência dos raios de luz para um único ponto, o foco.
Lente divergente: lente que possui o meio menos espesso que as bordas, e provoca a
divergência dos raios de luz como se esses estivem partindo de um mesmo ponto, o
foco.
Imagem real: imagem formada por uma lente ou espelho que pode ser projetada em
um anteparo, como uma parede, por exemplo.
Imagem virtual: imagem formada por uma lente ou espelho que não pode ser
projetada em um anteparo, como uma parede, por exemplo.
Óptica Geométrica 54
Perguntas
1. Explique qual a diferença entre uma lente esférica convergente e uma divergente?
2. O que é o foco de uma lente esférica convergente?
3. Explique por que é possível incendiar um papel usando uma lente convergente
exposta à luz solar.
4. Pedaços de vidros, expostos ao Sol, podem provocar incêndios na vegetação no
período de seca. Explique como isso pode ocorrer?
5. Ao olhar através de uma lente esférica você enxerga todos os objetos, tanto os que
estão próximos quanto os que estão distantes, sempre menores. Que tipo de lente é
essa, convergente ou divergente?
6. Cite três dispositivos ópticos que possuem lentes esféricas.
7. Qual a diferença entre uma imagem real e imagem virtual gerada por uma lente
esférica?
8. Uma lente convergente possui distancia focal de 2 metros. Calcule a vergência
dessa lente.
9. Uma lente divergente possui distância focal de 0,5 metros. Qual o valor de sua
vergência.
10. (Fuvest-SP) Uma colher de plástico transparente, cheia de água e imersa no ar, pode
funcionar como:
a) lente convergente. d) microscópio composto.
b) lente divergente. e) prisma.
c) espelho côncavo.
55 O Olho Humano
9 O Olho Humano
O olho humano é o dispositivo óptico mais avançado que existe. A figura 69 mostra,
de forma simplificada, seus principais componentes. A esclera é a membrana que reveste
a parte externa do olho. Na parte frontal do olho essa membrana se torna transparente e é
chamada de córnea. É através da córnea que a luz entra no olho. O humor aquoso é um
líquido transparente revestido pela córnea.
Córnea
Humor aquoso
Cristalino
Nervo óptico
Íris
Retina
Músculo ciliar
visão, mesmo num ambiente pouco iluminado. O oposto ocorre com o gato da direita. Por
estar em um ambiente muito claro, ele mantém suas pupilas quase fechadas. Dessa forma
consegue regular a quantidade de luz adequada que deve entrar em seus olhos.
O cristalino é a lente do olho. Seu formato é parecido com uma lente convergente
biconvexa (figura 60). A parte mais interna do globo ocular é preenchida com um líquido
transparente chamado humor vítreo.
A retina é a região do olho onde a imagem é projetada. Nessa região existem
milhões de estruturas fotossensíveis que ao serem estimuladas pela luz enviam sinais
elétricos para o cérebro através do nervo óptico. O cérebro faz a interpretação da imagem
formada sobre a retina.
A formação da imagem na retina se dá pela refração da luz ao passar por cinco
meios transparentes: o ar, a córnea, o humor aquoso, o cristalino e o humor vítreo. A
imagem projetada na retina é menor que o objeto, real e invertida. Apesar da imagem
formada na retina ser invertida, o cérebro a interpreta como se não fosse.
O cristalino do olho é uma lente flexível. Essa flexibilidade permite que a imagem
de objetos que estejam tanto próximos do olho, quanto distantes, sejam sempre projetadas
na retina.
Quando o olho
Cristalino
Imagem sobre
enxerga um objeto contraído
a retina
próximo (figura 71),
para que a imagem seja
projetada na retina, o Objeto
próximo
músculo ciliar deve se
Figura 71: Cristalino mais encurvado permite que a imagem de
contrair, aumentando a um objeto próximo do olho seja projetada sobre a retina.
curvatura do cristalino.
Nesse caso, o cristalino diminui sua distância focal.
Quando o olho olha para um objeto distante, para que a imagem seja projetada sobre
a retina, o cristalino deve diminuir sua curvatura, para que isso ocorra o músculo ciliar
relaxa. Nesse caso o cristalino aumenta sua distância focal. A figura 72 ilustra essa
situação.
O processo de variação da curvatura do cristalino para que a imagem seja projetada
sobre a retina é chamado de acomodação.
57 O Olho Humano
Objeto
distante
Figura 72: Cristalino menos encurvado permite que a imagem de um objeto longe do olho seja
projetada sobre a retina.
Problemas da Visão
Objeto
próximo
Objeto
próximo
Objeto
distante
Objeto
distante
CONCEITOS
Presbiopia: problema na visão que surge com o envelhecimento. Ele está relacionado
com o aumento do cristalino e sua perda de elasticidade.
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63 Créditos das Fotos e Ilustrações