Gôndola
Gôndola
Gôndola
E GESTÃO
DAS GÔNDOLAS
DE SUPERMERCADO*
T
endo em vista que o mercado está cada vez mais competitivo os ges-
tores de supermercados têm se preocupado em adotar estratégias par-
organizar as gôndolas e aproveitar todos os recursos disponíveis para
atrair a atenção do consumidor e, assim, poder aumentar sua média de vendas.
As estratégias nas gôndolas têm influenciado o poder de compra
dos consumidores, tornando-se uma ferramenta essencial na gestão dos
supermercados visto que é no ponto de venda que efetivamente acontece a 83
decisão de compra.
A posição dos produtos nas gôndolas deve ser pensada de forma estratégica e não
aleatoriamente de modo que o gerenciamento desta resulte no aumento das vendas,
podendo ser aplicada no ponto de venda como um todo e em todas as categorias de pro-
dutos para maximizar o ganho. Para tanto, é necessário analisar a percepção do cliente.
O presente artigo tem como objetivo mostrar como estratégias e gestão das gôndolas
de supermercado podem afetar o comportamento do consumidor no ponto de venda
e pode interferir nos resultados da empresa. Nota-se que com a competitividade os
gestores estão cada vez mais instigados a se posicionar estrategicamente pensando em
atrair atenção do consumidor no ponto de venda. Por isso, justifica-se a importância do
presente estudo em mostrar que essa postura pode influenciar a decisão de compra do
consumidor e pode trazer melhores resultados para a empresa.
O estudo contribuirá com informações relevantes para os gestores de supermercados
e para futuros estudos acadêmicos. Assim as empresas desse segmento poderão ter o
conhecimento da relevância da gestão e do posicionamento estratégico nas gôndolas.
A idéia de se desenvolver o presente estudo surgiu pelo fato da acadêmica acompa-
nhar de perto a gestão da empresa familiar nesse mesmo ramo de comércio e também
da necessidade da realização do Trabalho de Conclusão de Curso de Administração.
Do ponto de vista prático, espera-se que o estudo contribua no sentido de ampliar os
conhecimentos na área de administração e sirva também de referência para as empresas
em especial para a empresa da família foco do estudo, buscando alcançar a eficiência
e a eficácia da gestão e das estratégias nas gôndolas, assim, melhor se posicionar no
mercado competitivo.
Segundo Las Casas (2004) a competitividade no varejo vem gerando mudanças
constantes no setor, haja vista que nunca o varejo sofreu tanta modificação como agora,
tanto em termos de relacionamento com os clientes quanto na forma de oferecer produtos
ou serviços. Nesse aspecto é importante que o profissional esteja atento às tendências de
futuro. Portanto, analisar novas tendências é uma atividade necessária para o empresário
moderno principalmente no setor de varejo de supermercado.
Em termos globais, o setor varejista passa por inúmeras mudanças. O comércio local,
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
Gestão
Supermercado
Gôndola
Estratégia
Cross merchandising
Dentre as estratégias que são utilizadas nas gôndolas o cross merchandising tem se
destacado por proporcionar ao varejista a exposição cruzada de produtos explorando
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
Quanto maior for o sortimento de produtos, maior será o estoque da loja, o que
requer, além de mais espaços, mais investimento. Esse estoque influencia nos
espaços dentro do estabelecimento. Dessa forma, devem-se privilegiar os locais
com base no estudo de venda dos produtos e objetivos do varejo.
88 O autor explica a importância de uma exposição estratégica e de definir o mix
baseado no consumidor do ponto de venda e na tendência de mercado. Frente a isso,
o layout da loja modifica conforme o mix de produto é definido e, consequentemente,
influência o estoque.
A definição do mix de produto é fundamental no gerenciamento das gôndolas, para
tanto é preciso entender e utilizar das estratégias de marketing.
Marketing
Para Kotler (1998, p.37) o conceito de marketing assume a chave para atingir metas
organizacionais consiste em ser mais eficaz do que os concorrentes para integrar as ativi-
dades de marketing, satisfazendo, assim, as necessidades e desejos dos mercados-alvos.
Nesse contexto, o conceito de marketing fundamenta-se na definição do público-alvo,
na identificação das necessidades e desejos dos consumidores, na integração de todos os
departamentos com o propósito de trazer rentabilidade para a empresa. Além disso, o
varejista pode utilizar ferramentas de gestão para analisar determinadas épocas a fim de
aproveitar as oportunidades para aumentar as vendas.
O marketing de oportunidade acontece quando o varejista realiza ações temporá-
rias com início, meio e fim, aproveitando, assim, o período de um determinado evento.
Páscoa, Dia das Mães, Natal são alguns exemplos. Segundo Felisoni (2012, p.31) o
comércio vive de oportunidades e aproveitá-las depende da criatividade do varejista.
Outro componente que também pode ser explorado pelos varejistas é o marketing
sensorial, visto que os sentidos do consumidor também podem ser estimulados. Lojas
que trabalham uma ambientação criativa tendem a atrair mais o consumidor.
Segundo Felisoni (2012):
Lojas ambientadas têm vendas maiores. Hoje as pessoas estão atentas e não se
pautam só pelo preço no momento da compra. As pessoas são movidas pelos
sentidos, como olfato, tato, visão. Portanto, na medida em que o varejista explora
esses sentidos, o desejo de compra é estimulado.
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
De acordo com Costa (2011, p.32) ações que geram experimentação e degustação
de produtos costumam trazer ótimos resultados.
Desse modo, pode-se trabalhar o marketing sensorial na tentativa de atrair clientes
para a loja, com o objetivo dos clientes terem percepção dos produtos e ter a possibili-
dade de comprá-los e, assim, trazer melhores resultados em vendas para a organização.
O marketing estratégico é importante na gestão das gôndolas, assim como o ge-
renciamento por categoria.
Layout
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
O espaço entre as gôndolas tem que ser otimizado, mas não pode ser muito
estreito, para não tornar o fluxo desconfortável. A comunicação interna da loja
deve identificar claramente as seções, deve haver sempre um cuidado com a
iluminação da loja; são questões que fazem a diferença na percepção do cliente
(BRENER, 2012 p. 36).
Nesse contexto, o autor explica que uma adequada distribuição dos elementos que
compõem o layout é fundamental para dar acessibilidade eficiente entre o cliente e o
produto, além de propiciar uma operação de vendas em todas as etapas de forma atrativa
e agradável ao cliente. Um bom layout oferece uma correta sinalização dos produtos
no espaço no ponto de venda de forma estratégica, visando à atratividade das diversas
categorias de produtos, podendo assim maximizar o potencial de vendas dos produtos.
Além de entender a importância de organizar o layout do ponto de venda é essencial
ter uma gestão eficiente do estoque.
Gestão de estoque
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
A gestão do estoque é essencial para que o produto não falte na gôndola. Com a
competitividade no varejo moderno não é possível pensar em administrar o estoque
apenas olhando para a gôndola e vendo qual produto precisa ser reposto. O fato de se
conseguir um estoque ideal é um desafio para os varejistas, pois é preciso conquistar
um estoque sem exageros que não prejudique o capital de giro, não traga risco de
vencimento de produtos, etc., mas não pode ser um estoque muito reduzido, que possa
gerar problemas de rupturas na gôndola. Para tanto, os varejistas precisam levar em
consideração o conceito e aplicação do estoque mínimo, com o objetivo de conseguir
mais precisão quanto ao estoque.
Segundo Kulicheski (2012, p. 29) o estoque mínimo é o conceito usado para man-
ter o abastecimento da área de vendas até a chegada do próximo pedido. Vale reforçar
que esse estudo dever ser elaborado com base na dinâmica de venda de cada produto.
Assim, o conceito de estoque mínimo permite ter uma gestão mais eficiente do 91
estoque de uma maneira mais precisa quanto à quantidade de produtos para atender
as necessidades e desejos dos clientes de modo que não faltem produtos na gôndola,
evitando, assim, rupturas e perdas de vendas e de clientes.
Também é importante utilizar conceitos da curva ABC para gestão do estoque identi-
ficando giros e margens com mais facilidade, possibilitando, assim, traçar estratégias para
cada classificação de produto. Conforme Dias (1995) os itens da curva A correspondem
aos produtos de maior giro, portanto são itens importantes que devem ter atenção especial
da administração; os da curva B são aqueles de giro intermediário; e os da curva C são
os de baixo giro. Portanto são grupos de itens menos importantes que justificam pouca
atenção por parte da administração.
Segundo Dias (1995) uma análise ABC é preparada frequentemente para determinar
o método mais econômico para controlar itens de estoque, pois, por meio dela torna-se
possível reconhecer que nem todos os itens estocados merecem a mesma atenção por
parte da administração ou precisam manter a mesma disponibilidade para satisfazer os
clientes. Assim, conduzir uma análise ABC é com frequência um passo muito útil no
projeto de um programa de ação para melhorar o desempenho dos estoques, reduzindo
tanto o capital investido em estoques como os custos operacionais.
Nesse sentido, percebe-se a importância da análise do estoque com auxílio da
ferramenta da curva ABC, visto que ela pode ajudar os administradores a analisar com
mais precisão as condições dos itens em estoque e na tomada de decisão na avaliação
dos critérios de cada item pertencente ao estoque, dando-lhes a devida atenção relativa
à representatividade de cada produto no investimento e no faturamento, o que se certa
forma pode variar de empresa para empresa.
Na gestão do estoque é de suma importância estar atento para que não ocasione
rupturas nas gôndolas.
Ruptura
cação, divulgação efetiva se o produto não estiver presente na gôndola ou se não estiver
visível para o consumidor.
Segundo Kulicheski (2012, p. 30) a principal perda do varejista com as rupturas
é a venda, e consequentemente, a fidelização do consumidor. A falta do produto vai
permitir que o cliente saia da loja e procure um concorrente que irá oferecer uma nova
experiência de compra.
Em vista dessas situações é preciso ter uma gestão eficiente para que não haja
ruptura, pois quando os produtos que fazem parte do sortimento ativo da loja não
estão disponíveis para o consumidor no ponto de venda, causa impacto negativo nos
negócios.
A falta de planejamento do estoque é um dos responsáveis por parte desta ruptura.
Para ajudar nesse sentido, o varejista precisa estar atento para evitar problemas no
estoque.
92 A presença do produto na gôndola é um dos principais fundamentos do consu-
mo, ou seja, o produto deve estar onde o consumidor o procura. Caso isso não
ocorra, o consumidor pode trocar de marca, de loja ou desistir de comprar, o
que nenhuma marca ou varejista desejam.3
Nesse contexto, planejar e executar a distribuição dos produtos nas gôndolas com
eficiência e gerenciar a ruptura são essenciais para obter resultados satisfatórios para
conduzir e estimular o aumento das vendas. Além disso, é importante entender o com-
portamento do consumidor.
Comportamento do consumidor
ANÁLISE
ponto de venda, responderam 13% dos clientes que sempre compram produtos que se
utilizam dessa ferramenta de marketing, 47% quase sempre, 33% às vezes e 7% nunca
compra (Figura 4). Portanto evidencia que a degustação é aceitavél pela maioria dos
clientes, sendo que por meio dela pode-se trabalhar o marketing sensorial utilizando
se dos sentidos para promover a venda de produtos. Sendo que no supemercado essa
técnica é mais utilizada para medir a satisfação do cliente quando vai introduzir novos
produtos ou marcas em seu portifólio ou mix de produto. Geralmente são feitas em
parcerias com os fornecedores.
Com relação à frequência que os cliente compram produtos que estão em promoção
na gôndola nota-se que a maioria com 54% sempre compram produtos em promoção,
36% quase sempre, 7% as vezes e 3% responderam que nunca compram (Figura 4).
Nesse sentido podemos dizer que as promoções chamam atenção da maioria dos clien-
tes e ele sempre acaba comprando o produto. Para a empresa o retorno das campanhas
promocionais depende da categoria ou produto promocionado, sendo que o objetivo
97
principal é alavancar a venda de um determinado produto. Então é importante realizar
uma exposição bem sinalizada na gôndola.
Com relação às sinalizações de categorias de produtos percebe-se que os clientes
questionados responderam em 6% que observam esse tipo de sinalização, 14% quase
sempre, 50% às vezes e 30% nunca observa (Figura 4). Diante desses dados quanto a
observação dos clientes pode-se notar que por ser uma micro empresa eles não sentem
tanta necessidade de sinalizar as categorias de produtos como sentiriam se fosse em um
supermercado de médio ou grande porte. As sinalizações são comumente em empresas
maiores, pois proporcionam maior visibilidade de categorias/gôndola a média distância,
entendendo-se rapidamente onde estão as categorias e marcas dentro das gôndolas.
Assim, evita que o cliente fique perdido dentro da loja.
Com relação aos produtos que estão expostos perto do caixa, os clientes responderam
em 30% que sempre compram produtos que estão nesta localidade, 50% quase sempre,
13% às vezes e 7% nunca compram (Figura 4). Portanto, essa é uma forte estratégia de
marketing que causa um alto índice de lembrança na maioria dos clientes, além disso,
ajuda a maximizar a venda de produtos por estar perto do caixa.
Com relação aos produtos que são complementares, os clientes questionados res-
ponderam em 27% que sempre compram produtos desse tipo, 40% quase sempre, 30%
às vezes e 3% nunca compram (Figura 4). No marketing essa técnica é denominada de
cross merchandising e pode ser utilizada com frequência no ponto de venda, visto que
ao expor um produto em conjunto com mercadorias que têm a ver uma com a outra
98 pode causar forte compra por lembrança de outro produto que esteja correlacionado. Por
estar perto a maioria dos clientes acabam comprando produtos que se complementam.
Exemplo: macarrão exposto perto de extrato de tomate, pomarola, queijo ralado, etc.
Já em relação aos produtos do tipo pague 1 leve 2, os clientes questionados responde-
ram em 27% que sempre compram esse tipo de produto, 60% quase sempre, 10% as vezes
e 3% nunca compram (Figura 4). Portanto, o gestor pode manter esse tipo de produto em
seu mix, pois essa estratégia promocional atrai a maioria dos clientes para comprá-los.
Com relação ao que mais chama a atenção do cliente ao entrar no supermercado, 10%
responderam que é o layout, 26% variedade de produtos, 47% produtos bem organizados
e distribuídos nas gôndolas e 17% promoção de produtos. Diante do exposto pode-se dizer
que manter produtos bem organizados e distribuídos nas gôndolas e ter uma variedade
de produtos chama bastante atenção ao entrar no ponto de venda. Portanto, o gestor deve
dar prioridades para atender a esses requisitos para conseguir atender e satisfazer as ne-
estudos, Goiânia, v. 42, n. 1, p. 83-102, jan./mar. 2015.
cessidades e desejos de seus clientes e obter, assim, melhores resultados para a empresa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abstract: this article aims to show how strategies and management of supermarket
shelves may affect consumer behavior at the point of sale and can interfere with the
results of the company. The methodology presents a qualitative exploratory research
involving literature searches through magazines, articles, internet in order to provide
support and rationale for the study, whose design is a case study of the family business
in this line of activity. For both as an instrument of data collection was used structured
questionnaires with open and closed for the manager and customers of the undertaking
study questions. The result of the study consisted in knowing which strategies are used
in the aisles of the supermarket and they influence the purchase decision of the custo-
mer thereby allowing the manager has focus on those strategies, because these may
be used as a strategic marketing providing better interaction and customer perception
with respect to the products on the shelf and thereby maximize the number of sales.
100 Keywords: Management. Strategy. Gondola. Consumer behavior.
Notas
1 Cf. Deloitte, disponível em: <www.deloitte.com>. Acesso em: 15 abr. 2014, às 17h00mim.
2 Disponível em: <http://acnielsen.com.br/>. Acesso em: 07 abr. 2014, 15h56min.
3 Cf. Nielsen, disponível em: <http://www.nielsen.com/br/>. Acesso em: 25 mar. 2014,
18h00min.
4 Cf. Nielsen, disponível em: <http://www.nielsen.com/br/>. Acesso em: 13 abr. 2014, 16h30min
Referências