Automutilação
Automutilação
Automutilação
Volta Redonda
2017
JANIELLY GONÇALVES DOS SANTOS
Volta Redonda
2017
Ficha Catalográfica
Gonçalves dos Santos, J.
Contribuições da psicanálise winnicottiana para o estudo sobre a automutilação
na adolescência/ Janielly Gonçalves dos Santos – 2017.
00 f.
Orientador: Antônio Augusto Pinto Júnior.
Monografia– Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e
Filosofia, Departamento de Psicologia, 2017.
Bibliografia: f.59-64.
1. Adolescência. 2. Automutilação. 3. Psicologia Clínica. 4. Psicanálise. 5.
Winnicott.
I. Pinto Júnior, Antônio Augusto. II. Universidade Federal Fluminense. III. Título
CDD 000.000000.
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Curso de Graduação em Psicologia
BANCA EXAMINADORA
............................................................
Prof. Dr. Antônio Augusto Pinto JR
Universidade Federal Fluminense
............................................................
Prof.ª Dr.ª Ana Paola Frare
Universidade Federal Fluminense
............................................................
Prof. Dr. Roberto de Oliveira Preu
Universidade Federal Fluminense
Volta Redonda
2017
Dedico este trabalho a minha filha
Manuela, por estar sempre ao meu lado,
sendo a inspiração do meu viver.
AGRADECIMENTOS
Self-mutilation is a contemporary phenomenon that makes itself more and more pre-
sent in adolescents' lives, emphasizing, therefore, the need for understanding, based
on the subjective issues associated with the act. This study aims to describe the
emotional factors linked to self-mutilation in adolescents, through the theory of win-
nicottian psychoanalytic orientation. For this, a bibliographic research was made in
the area that sought to describe adolescence as a stage of human development as
well as its analysis in the psychoanalytic perspective. It was also sought to character-
ize the phenomenon of self-mutilation, approaching its definitions, incidence data and
prevalence and bringing a reading of the psychological and social aspects that in-
volve the practice. In a psychoanalytic reading with winnicottian basis, it is under-
stood that self-mutilation is related, mainly, to environmental failures, which block the
individual's capacity to constitute a self, thus harming its relation with the environ-
ment, using self-injurious behaviors to look for stability. It is important to emphazise
the need for further researches with clinical research methodologies that make it
possible to expand the better understand in this area.
1. INTRODUÇÃO 10
2. Adolescência como etapa do desenvolvimento humano 12
2.1. Definição 12
2.2 A adolescência na perspectiva psicanalítica 14
3. Automutilação em adolescentes 23
3.1 Definições e caracterização 23
3.2 Incidência e Prevalência 26
3.3 Intervenção e tratamento 28
3.4 Aspectos psicológicos e sociais envolvidos 30
4. A automutilação em adolescentes na perspetiva da psicanánalise de winnicott 35
4.1 A teoria do desenvolvimento emocional primitivo de Winnicott 35
4.1.1 Fase da dependência absoluta 36
4.1.2 Fase da dependência relativa 42
4.1.3 Fase rumo a independência 45
4. 2 As patologias decorrentes do processo de desenvolvimento emocional
primitivo 48
4.3 A automutilação na perspectiva da psicanálise winnicottiana 52
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 57
6. Referência bibliográfica 59
10
1. INTRODUÇÃO
2.1. Definição
3. A Automutilação em adolescentes
Forjado a partir da raiz grega autos (si mesmo) e do verbo latino mutilare
(mutilar, retalhar, cortar), o termo “automutilação” designa, no vocabulário
psiquiátrico, as condutas caracterizadas por lesões físicas provocadas em si
mesmo, pelo próprio sujeito, e cuja significação se apresenta muito diversa;
alguns autores propuseram o termo “gestos com efeito auto vulnerante”, o
que não pressupõe a intencionalidade.
com a população estudada. Washburn et al. (2012) consideram que a idade típica de
início é entre 11 e 15 anos de idade. Já para Whitlock et al. (2006) em média os
comportamentos autolesivos começam entre 14 e 15 anos de idade.
Um dos aspectos revelados por Moran et al. (2012) foi a redução substancial
na frequência de automutilações durante o final da adolescência, o que sugere que a
maioria dos comportamentos autolesivos entre adolescentes diminui
espontaneamente. Apenas 10% dos casos que iniciam na adolescência continuam
na fase adulta e somente 2% relataram que o início da automutilação ocorreu na
idade adulta jovem. Menos de 1% praticaram tais atos em ambas as fases,
adolescência e adultície (MORAN et al., 2012). Embora se encontrem divergências
entre os estudos clínicos, a idade média em que os comportamentos autolesivos
cessam é em torno dos 20 anos (KLONSKY, 2011).
De acordo com Klonsky (2011), é comum o uso de mais de um método para a
prática da automutilação. Seu estudo mostrou que em 50% dos casos mais de um
método era utilizado para provocar os ferimentos, em média dois tipos. Este aspecto
também é comentado por Gratz (2001) em seu estudo que evidenciou que 68% dos
indivíduos utilizaram mais de um método para se automutilar.
As manifestações mais frequentes são cortes superficiais, arranhões
extensivos, bater em partes do corpo e/ou contra a parede ou objetos, queimaduras,
mordidas e interferência na cicatrização de ferimentos com aumento progressivo dos
mesmos (FAVAZZA, 1998). Este mesmo autor enfatiza que, ao contrário do
comportamento suicida, a automutilação está associada à baixa letalidade e à
ausência de tentativas suicidas.
É válido ressaltar que o ato de se beliscar com as unhas é exercido até o
ponto em que o sangramento ocorra ou deixe marcas na pele; já o ato de bater-se é
realizado até que este provoque hematomas ou sangramento. Quanto á perfuração
da pele com objetos, essa se estende até a ocorrência de contusões, corte ou
perfuração (WHITLOCK et al., 2006). É importante destacar também que as lesões
ocorrem em mais de uma parte do corpo e as áreas mais atingidas são: braços
(52,9%), pernas (24,7%) e barriga (16,7%), outras áreas do corpo (22,5%), verifica-
se que a parte frontal é comumente lesionada, justamente pela facilidade de acesso
(MATOS et al., 2010).
26
Dados de uma pesquisa realizada no Brasil, com 31 jovens cuja faixa etária
variava de 19 a 34 anos, aponta que os objetos mais utilizados para se automutilar
eram giletes, navalhas e facas. Esta análise utilizou dados obtidos na internet a
partir de um grupo de praticantes de automutilação de redes sociais. (DINAMARCO,
2011).
75% dos envolvidos praticaram atos de automutilação mais de uma vez (WHITLOCK
et al, 2006).
Em pesquisa realizada na Universidade de Massachusetts, Boston, com 150
alunos de psicologia, os dados mostraram que 35% dos participantes da amosttra
apresentaram pelo menos um histórico de automutilação, 15% relataram uma
história de mais de 10 incidentes de automutilação e 9% mais de 100 incidentes no
passado. (GRATZ, 2001)
Outro estudo conduzido pela investigadora Ana Xavier, da Faculdade de
Psicologia da Universidade de Coimbra, envolveu 2.863 adolescentes entre os 12 e
os 19 anos, que frequentavam entre o 7º e o 12º ano de escolaridade. Os dados
concluem que, desta amostra, cerca de 20% relataram ter exercido pelo menos uma
vez na vida, comportamentos autolesivos (XAVIER, 2017).
Em outro estudo clínico realizado com cerca de 30.000 adolescentes de 14 a
17 anos, em sete países europeus, Madge et al. (2008) encontraram uma estimativa
de prevalência média de 4,3% em meninos e 13,5% em meninas. Tal investigação
viabilizou a comparação das taxas de prevalências entre os países participantes,
corroborando com o pressuposto de que a automutilação apresenta resultados
diferentes conforme a população estudada.
Moran et al (2012), realizaram uma pesquisa em 44 escolas do estado de
Victoria, Austrália, entre agosto de 1992 e janeiro de 2008, contando com a
participação de 1802 pessoas que foram acompanhadas desde a adolescência até a
idade adulta buscando identificar o percurso da automutilação. Os resultados
apontaram que 8% dos participantes com idades entre 14 a 19 anos se
automutilavam, sendo maior a prevalência de meninas, dado que corrobora os
achados de outras pesquisas que evidenciam o sexo feminino como mais
susceptível a automutilação. (WHITLOCK et al., 2006; MADGE et al., 2008;
XAVIER, 2017).
Em amostras clínicas de adolescentes, a prevalência destes comportamentos
é ainda maior, atingindo taxas que variam de 12 a 82% (Washburn et al., 2012).
Quanto aos dados sobre comorbidade, YIP (2005) aponta que a automutilação
ocorre em 70 a 80% dos casos em que os pacientes atendem aos critérios para
transtorno de personalidade boderline, já em pacientes bulímicos nervosos a
28
Temos que dizer que o bebê criou o seio, mas não poderia tê-lo feito se a
mãe não tivesse chegado com o seio exatamente naquele momento. O que
se comunica ao bebê é: Venha para o mundo de uma forma criativa, crie o
mundo; só o que você criar terá significado para você. (Winnicott,
1968/1988, p. 89-90).
Da mesma forma, a realização por sua vez também é favorecida por meio da
apresentação do objeto pela mãe. Laurentiis (2008, p.71), assinala que “por meio do
encontro, mágico e paradoxal, em que, ao conceber o objeto, ele já está lá para ser
concebido, o bebê o encontra de fato, materialmente, e não só em sua imaginação”.
Já a função materna correspondente ao manejo, foi descrita por Winnicott de
“handling”, englobando os aspectos relacionados aos cuidados para com o bebê, a
forma como é cuidado e tratado. Através do manejo delicado, sensível e cuidadoso,
exercido pela mãe, a relação entre ambos vai sendo estabelecida e mantida
gradualmente. Tal contato físico permite a criança construir imaginariamente seu
41
A fase de dependência relativa inicia-se aos seis meses de vida indo até os
dois anos. Neste período, ao contrário da fase anterior, a criança está em um estado
de dependência relativa para com o meio.
Nasio (1995) pontua que após o bebê experimentar a ilusão de ser
onipotente, de poder criar os objetos de suas necessidades, assim como o fato dele
e sua mãe serem uma única pessoa, a criança pouco a pouco vai descobrindo que
está separada da mãe e que depende da mesma para que suas necessidades
sejam satisfeitas. Segundo Frota (2006), o bebê nesta fase não deixa para trás a
criação, ele apenas abandona a onipotência da criação.
Para Nasio (1995), na fase da dependência relativa a criança começa a se
conscientizar de sua sujeição e, por conseguinte tolera com mais facilidade as falhas
de adaptação do ambiente, sendo capaz de se desenvolver mediante as mesmas.
Frota (2006, p.56) pontua que a distinção entre este o estágio da dependência
relativa e o estágio anterior é que neste momento ocorrerá a “desadaptação da mãe
às necessidades do filho”. Entretanto, a criança ainda necessita da ajuda da mãe
para continuar a progredir e se desenvolver. Por conseguinte Winnicott (1975/1982,
p. 102) pontua que:
43
Neste momento o bebê já pode ser capaz de dizer "Eu sou". Após todas as
experiências, o bebê sente que agora existe um interior assim como um exterior,
revelando uma realidade subjetiva e uma objetiva, pois agora ele pode habitar o
próprio corpo e seu mundo interior já está constituído por suas experiências. A partir
deste momento é possível falar em instalação de Eu constituído. Ao atingir esse
estádio, a criança está apta a caminhar rumo à independência, destacando que, na
visão de Winnicott, será sempre relativa.
independência (WINNICOTT, 1979/1983). Sobre esta fase Winnicott (1963, p.72) diz
que:
O desenvolvimento implica um ego que começou a se tornar independente
do ego auxiliar da mãe, podendo-se agora dizer que há um interior no bebê,
e, portanto, também um exterior. O esquema corporal começa a viver e
rapidamente adquire complexidade. Daí em diante o lactente vive uma vida
psicossomática. (apud FERREIRA et al., 2010, p.69)
Segundo Guerra (et al., 2014) aponta que um dos aspectos essenciais da
personalidade borderline seria a insuficiente integração do self, demonstrando,
frequentemente, numa má relação com o corpo manifestada através de
comportamentos autodestrutivos. Desta forma a pessoa com personalidade
borderline estaria entre a normalidade e a patologia, oscilando entre esses limiares,
estas duas condições, durante sua vida.
Sobre a etiologia da psicopatia ou tendência antissocial segundo Busnardo
(2012, p.62), esta estaria relacionado à perda de algo que em algum momento já se
teve, estando associada a uma “deprivação” do ambiente. Nas palavras de Winnicott
(1965, p.16): “Acredito que esta seja uma reação à perda de algo e não o resultado
de uma privação; neste sentido, a tendência antissocial é própria do estágio de
dependência relativa (e não absoluta)”. Sobre a tendência antissocial, Busnardo
(2012, p.63) cita Winnicott (1963, p. 232):
Sobre isso, Jatobá (2010) aponta que na clínica com adolescentes que se
automutilam, há com frequência o diagnóstico psiquiátrico de transtorno de
personalidade borderline, ressaltando que a automutilação é um dos critérios para
este diagnóstico, que incluem além desta outras manifestações de cunho destrutivo
(DSM-IV, 2014). Essa constatação corrobora com as pesquisas que apontam para
associação entre automutilação e a personalidade borderline, presente em 70 a 80%
dos casos entre pacientes que apresentam comportamentos de autolesivos (YIP,
2005; Castilho et al.,2010).
Para Castilho et al. (2010), os adolescentes que se automutilam que
apresentam ou não uma psicopatologia associada, apresentam um alto nível de auto
criticismo, em que este majoritariamente foca em evidenciar seus erros, sentimentos
de inadequação, expressos na vontade de magoar e machucar a si mesmo, dando
lugar a comportamentos agressivos contra si. Para os autores, “essa visão do Eu é
incongruente com a capacidade de ter afecto pelo Eu, de recordar os aspectos
positivos do Eu, de continuar a gostar e a cuidar de si próprio, mesmo perante
situações de embaraço e decepção” (2010, p.354).
Para ViIlhena (2016, p. 695) também o caráter repetitivo da automutilação
torna a prática um comportamento quase automático ou até mesmo viciante,
demarcando uma atitude destrutiva que pode ocultar “uma busca desesperada de se
manter vivo, enquanto seu território interno encontra-se devastado pelo ódio ao
outro e pelo vazio.” Tal sentimento de vazio pode ser devido às falhas ambientais e
privações vivenciadas nas fases iniciais do desenvolvimento primitivo, que
impediram a completa integração do Eu e a personalização. Dessa forma, os cortes
e as diferentes automutilações representariam uma tentativa de sentir-se vivo dentro
de um corpo.
Cabe salientar que os cortes realizados pelos adolescentes atingem não
somente o corpo, estando para além de uma superfície corporal, atingindo também o
self do jovem. Nas palavras de Ramos (et al., 2012, p.46) as incisões “vão além da
superfície cutânea, atingindo o psiquismo, cortando e fazendo sangrar a
subjetividade”. Nesse âmbito, percebe-se que as noções de corpo e psique não se
podem ser vistas em separado, pois remontam a estados mais primitivos em que
possíveis falhas ambientais ocorreram e que por ora ganham forma se inscrevendo
56
no corpo através dos cortes auto praticados, como uma tentativa de alcançar a
integração psicossomática não realizada a seu tempo.
Ademais, Teixeira (2011) sinaliza que os atos de automutilação praticados por
adolescentes remontam ao sentido de purificação de experiências que afligem o
aparelho psíquico, em meio à impossibilidade em conter toda a excitação e o
excesso pulsional, que recaem sobre o corpo, de maneira destrutiva. Através do
sofrimento que vai sendo marcado no corpo, o adolescente adquire conhecimento
sobre si mesmo, pois segundo Metzger (2006, p.45) “nesse momento, através da
dor, o sujeito consegue ter alguma noção de si mesmo”. Neste sentido, a dor seria
também constitutiva do Eu, da mesma forma que sinaliza uma busca pela integração
até então não alcançada.
A partir do exposto, em uma perspectiva de análise tendo como âncora os
aportes teóricos da teoria do desenvolvimento emocional primitivo de Winnicott,
pode-se compreender a automutilação em adolescentes como uma expressão de
um sofrimento que pode estar enraizado nas etapas primitivas do processo de
constituição de si, decorrente de mecanismos defensivos frente às graves intrusões
ou falhas ambientais. Como um pedido de ajuda, a agressão auto infligida pelo
jovem, que tanto assusta a sociedade atualmente, demanda e compele
constantemente o ambiente a reagir e oferecer a sustentação necessária para
possibilitar uma integração psicossomática ainda não conquistada. Nesse sentido,
torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias clínicas e interventivas que
assegurem ao jovem a oportunidade de resignificar e se recuperar dos efeitos das
privações ambientais sofridas e recuperar o seu desenvolvimento pessoal de forma
sadia.
57
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano marcada por
profundas transformações, tanto em um plano físico como psíquico, social e cultural,
ou seja, um processo dinâmico que não se reduz apenas a uma transição entre
fases. Atravessada por conflitos, incertezas e dificuldades que a perpassam, a
adolescência se caracteriza por sua ambivalência e contradições que suscitam
inúmeros conflitos internos que, acrescidos da inabilidade do adolescente em lidar
com os mesmos, por vezes, se manifestam de maneira agressiva seja contra o meio,
seja mediante atos destrutivos contra si mesmo.
É notório, principalmente na clínica contemporânea, o aumento no número de
casos de adolescentes que, frente às dificuldades na resolução dos conflitos
internos, recorrem às práticas de automutilação, sendo necessário, portanto, uma
compreensão abrangente dos fatores afetivos associados com essa prática.
A partir da teoria winnicottiana, pode-se vislumbrar que a natureza do
sofrimento psíquico está diretamente atravessada por momentos, ao longo do
amadurecimento, em que algum tipo de falha grave ocorreu, produzindo a
desesperança e o sentimento de desraizamento. Desta forma as falhas de um
ambiente que se mostrou inadequado e intrusivo podem contribuir para a
incapacidade do indivíduo de se constituir de um si mesmo, favorecendo o
desenvolvimento de uma configuração psicopatológica teorizada por Winnicott como
borderline, que pode estar associada com a automutilação, como uma tentativa de
voltar para si mesmo e para aquilo que o ambiente não fora capaz de proporcionar,
ainda que de maneira agressiva e destrutiva.
É importante destacar que o presente estudo de base psicanalítica de
orientação winnicottiana não exclui outras explicações sobre a automutilação, uma
vez que tal fenômeno envolve uma série de fatores sociais, culturais, políticos e
históricos que perpassam esta temática devendo, portanto ser considerados,
evitando, desta forma uma visão unilateral e/ou reducionista.
Considerando as taxas apresentadas em investigações internacionais e ao
aumento considerável de casos de adolescentes que se automutilam, deve-se
58
6. Referência bibliográfica
ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Maurício. Adolescência normal: um enfoque
psicanalítico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1981.
DE VILHENA, Junia. Corpo como tela... navalha como pincel. A escuta do corpo na
clínica psicanalítica. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v.
19, n. 4, p. 691-706, 2016.
MENNINGER, Karl Augustus. Man against himself New York, NY: Harcourt Brace
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MORAN, Paul et al. The natural history of self-harm from adolescence to young
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______. (1964). O recém- nascido e a mãe, in: Os bebês e suas mães. São Paulo,
Martins Fontes, 1987.
64
______. (1958) Os bebês e suas mães. 3ª Ed.São Paulo: Martins Fontes. 1999.