Anne Franke
Anne Franke
Anne Franke
APRESENTAÇÃO
Fiquei alguns dias sem escrever porque queria, antes de tudo, pensar
sobre meu diário. Ter um diário é uma experiência realmente
estranha2 para uma pessoa como eu. Não somente porque nunca
escrevi nada antes, mas também porque acho que mais tarde
ninguém se interessará, nem mesmo eu, pelos pensamentos de
uma garota de treze anos. Bom, não faz mal. Tenho vontade de
escrever e uma necessidade ainda maior de desabafar tudo o que
está preso em meu peito.
"O papel tem mais paciência do que as pessoas.” (...) É, o papel tem
mais paciência, e como não estou planejando deixar ninguém mais ler
este caderno de capa dura que costumamos chamar de diário, a
menos que algum dia encontre um verdadeiro amigo, isso
provavelmente não vai fazer a menor diferença.
Agora voltei ao ponto que me levou a escrever um diário: não tenho um
amigo.
(...) Talvez seja minha culpa não confiarmos uma nas outras. De
qualquer modo, é assim que as coisas são, e não devem mudar, o
que é uma pena. Foi por isso que comecei o diário.
Para destacar em minha imaginação a imagem da amiga há muito
tempo esperada, não quero anotar neste diário fatos banais do jeito
que a maioria faz; quero que o diário seja minha amiga, e vou chamar
esta amiga de Kitty.
(p. 25)
1
Todos os trechos aqui citados foram retirados da obra O diário de Anne Frank. 54 ed. Rio de Janeiro: Record,
2015.
2
Professor, essas marcações são explicadas nas Orientações Metodológicas, no final da Produção Didático-
Pedagógica.
Sexta-feira, 10 de setembro de 1943
Querida Kitty,
(p. 171)
Querida Kitty,
(...)
(p. 271)
Terça-feira, 5 de abril de 1944
(...)
(p. 305)
Querida Kitty,
(p. 307)
Terça-feira, 11 de abril de 1944
(p. 308)
TRABALHANDO A ORALIDADE
1- “Ter um diário é uma experiência realmente estranha para uma pessoa como eu.
Não somente porque nunca escrevi nada antes, mas também porque acho que
mais tarde ninguém se interessará, nem mesmo eu, pelos pensamentos de uma
garota de treze anos”. Para você, quem se interessaria em ler as memórias de uma
adolescente?
2- O que significa a expressão “desabafar tudo o que está preso em meu peito”?
4- “Não estou planejando deixar ninguém mais ler este caderno de capa dura que
costumamos chamar de diário, a menos que algum dia encontre um verdadeiro
amigo, isso provavelmente não vai fazer a menor diferença.” Anne deixa claro que
seus escritos são momentos que merecem ser registrados e que nem sempre tais
relatos são importantes para outras pessoas. Por que alguns diários pessoais são
publicados e outros não?
7- “Quero que o diário seja minha amiga, e vou chamar esta amiga de Kitty.” Por que
dar nome a um interlocutor imaginário ?
8- Anne chega à conclusão de que o fato de não ter amigos está relacionado a sua
autoconfiança. O que significa isso? Você é autoconfiante?
9- “Sempre que escrevo para você, é porque aconteceu alguma coisa especial,
geralmente mais desagradável do que agradável.” Geralmente as pessoas escrevem
quando vivem momentos tristes ou felizes? Por quê?
11- “Quero continuar a viver, mesmo depois de minha morte!” Anne Frank
conseguiu isso? De que maneira? Qual a importância histórica dela?
Durante esse período, você produzirá um diário contando
sobre seu dia e, principalmente, sobre a fase da
adolescência que está vivendo. Para isso, estará
recebendo a partir de agora um caderno no qual poderá
relatar fatos do cotidiano, sentimentos, impressões, emoções,
além de desabafar. Também poderá colocar fotos,
imagens, bilhetes, poemas ou outras lembranças. Não
preocupe em expor-se! Aproveite para descobrir-se!
A LÍNGUA EM FOCO
Como é sabido, existem diversos tipos de diários, tais como: de leitura, de viagem,
pessoal, ficcional ou não. Eles são encontrados em cadernos específicos para esse
fim.
Analisaremos uma página de diário para melhor compreendermos como esse tipo de
texto se estrutura em sua linguagem verbal.
Trabalhando em grupo
e) Um dos pontos marcantes do diário é que ele apresenta um relato dos fatos
cotidianos. O que leva o autor a tomar essa posição em seus escritos?
D
iário é uma agenda, geralmente de caráter íntimo, onde se fazem
anotações que contém uma narrativa diária de experiências pessoais
que é organizada pela data de entrada das informações. Um diário
pessoal pode incluir experiências de uma pessoa e/ou pensamentos,
sentimentos e segredos. Alguém que escreve um diário é conhecido
como um(a) diarista e ele(a) descreve toda sua vida ali.
Capacidades Discursivas
Saudação
Querida Kitty inicial e
Vocativo
Como você nunca passou por uma guerra, Kitty, e como sabe muito pouco sobre a
vida num esconderijo, apesar de minhas cartas, vou contar só de brincadeira o que
cada um de nós, quer fazer assim que puder sair de novo.
Margot e o Sr. Van Daan querem, em primeiro lugar, tomar um banho quente de
banheira cheia até a borda, onde possam ficar durante muito mais de meia hora. A
Sra. Van Daan gostaria de um bolo, Dussel só consegue pensar em ver sua
Charlotte, e mamãe está louca por uma xícara de café de verdade. Papai gostaria de
visitar o Sr. Voskuijl, Peter quer ir ao centro da cidade; quanto a mim, ficaria tão
alegre que nem saberia por onde começar.
Acima de tudo, quero uma casa nossa, onde eu possa me movimentar livremente e
ter de novo alguém para me ajudar com o dever de casa, pelo menos. Em outras
palavras, voltar à escola!
Sua Anne. Desenvolvimento
Assinatura
(p. 148)
O trecho que você acabou de ler pode ser dividido em 4 partes:
Local e data;
Assinatura.
RESPONDA:
e) Em que pessoa do discurso é escrito o diário? Por quê? Retire dois trechos
que comprove sua resposta.
Nesta página, Anne relata, só de brincadeira, conforme ela mesma diz, o que
as pessoas do Anexo gostariam de fazer assim que fossem libertadas.
a) Sabendo que Anne foi para o esconderijo em julho de 1942, calcule o tempo
que essas pessoas estão escondidas.
Conte a seu diário seus planos para o futuro. É sempre bom ter objetivos!!!
Preencha a tabela pensando nos elementos de um diário.
QUEM ESCREVE?
MÓDULO 3
RELACIONAMENTO COM OS PAIS
Anne acredita que é tratada de maneira diferente de sua irmã Margot. Essa é
uma situação muito comum vivida pelos adolescentes. Você também acha
que seus pais tratam cada filho de uma maneira diferente? Já viveu alguma
situação que se sentiu assim? Poderia relatar uma?
O fato dos pais comentarem para outras pessoas o que os filhos fazem ou
vivenciam é considerado um “mico” para um adolescente. Anne diz que “é um
horror”. Você concorda? Seus pais já lhe fizeram pagar esse tipo de “mico”?
Como foi?
Conte a seu diário um mico que seus pais já fizeram você pagar.
Domingo, 27 de setembro de 1942
Querida Kitty,
Querida Kitty:
Sua Anne
(p. 129)
Esse relato talvez seja um dos que mais choquem o leitor, devido ao fato de Anne se
mostrar tão insensível e indiferente às dores da mãe.
Querida Kitty,
Hoje pela manhã, como não tinha nada de melhor para fazer, folheei as
páginas de meu diário e, encontrei tantas cartas falando de “mamãe”
em termos tão fortes que fiquei chocada. Disse a mim mesma: “Anne, é
você mesma falando de ódio? Ah, Anne, como pôde!"
Continuei sentada com o caderno aberto na mão, e me perguntei por
que fiquei tão cheia de raiva e ódio a ponto de precisar contar tudo a
você. (...)
(...) É verdade, ela não me entendia, mas eu também não a entendia.
(...)
(...) Fomos apanhadas num círculo vicioso de ofensas e tristezas. (...)
Terminou o período de lágrimas e julgamentos contra mamãe. Estou
mais crescida e os nervos de mamãe estão mais tranquilos. Na maior
parte do tempo, consigo segurar a língua quando me sinto chateada, e
ela também; assim, superficialmente parece que estamos nos dando
melhor.
Sua Anne
(p. 199)
Você já viveu alguma situação que tenha sentido ódio pelo pai ou pela mãe?
Como foi?
Minha querida,
(...) não me leve a mal. Ainda amo papai do mesmo jeito, e Margot
ama papai e mamãe, mas, quando você tem a nossa idade, quer
tomar decisões sozinha, sair debaixo da asa deles. (...)
(...) quero dizer que somos tratadas como crianças quando se trata
de questões externas, e por dentro somos muito mais velhas do que
as garotas de nossa idade. Mesmo tendo somente 14 anos, sei o que
quero, sei quem está certo e quem está errado, tenho minhas
opiniões, ideias e meus princípios, e, mesmo que pareça estranho
vindo de uma adolescente, me sinto completamente independente
dos outros. (...)
(p. 273)
“Por dentro somos muito mais velhas do que as garotas de nossa idade.” Por
que Anne acredita nisso?
(...) Mamãe está contra mim e eu estou contra ela. Papai se finge
de cego para a luta silenciosa entre nós duas.(...)
Sua Anne M. Frank
(p. 297)
Por que o pai de Anne, o qual é tratado de Pim no diário, fingia não ver a
dificuldade no relacionamento entre as duas?
— Não, não acho errado. Mas, Anne, como vocês estão vivendo tão
perto, precisam ter cuidado.
(...) eu pensei que vocês eram apenas amigos. Peter está apaixonado
por você?
— Claro que não — respondi.
(...) Tenha cuidado, Anne, não leve isso muito a sério! (...)
(p. 336)
A jovem conta ao pai o que havia entre ela e Peter. A quem você conta esse
tipo de coisa?
Seus pais lhe dão liberdade para falar sobre todos os assuntos? Você fica
confortável para falar?
Cite 3 assuntos que para você é dificílimo conversar com seus pais.
Hora de discutir
Assim como você, Anne Frank também enfrentou muitos problemas enquanto esteve
escondida. Sua única opção era desabafar para Kitty, seu diário. Ali ela podia revelar
seus segredos mais íntimos, registrar sua rotina, expressar ideias, emoções,
desejos, frustrações.
Cada uma de vocês receberá um trecho diferente do diário onde a jovem judia relata
algumas dificuldades vividas por ela.
Ao receber o texto, faça a leitura e descubra o tema. Encontre entre as colegas trechos
que abordam o mesmo assunto. Reúnam-se para discutir sobre o que leram e
exponham para a sala as questões levantadas pelo grupo.
FALANDO DE INTOLERÂNCIA
Filme: Escritores da Liberdade
Capa do filme: Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenes. Alemanha/ EUA, 2007.
O filme baseado em fatos reais, conta a história da professora Erin Gruwell, jovem
idealista que assume a turma 203, de uma escola de periferia, para lecionar
Literatura Inglesa.
Os alunos estão à margem da sociedade e enfrentam muitos problemas como, por
exemplo, envolvimento com drogas, brigas entre gangues, preconceito racial,
desestruturação familiar.
Quando a professora chega na classe, não a aceitam devido ao fato dela ser branca.
Durante uma aula, um aluno faz uma caricatura de um jove m negro e passa para os
demais colegas. Toda a classe ri e faz chacota da situação.
Nesse momento, Erin decide instigar a turma sobre intolerância, mote da Segunda
Guerra Mundial. Questiona-os sobre o holocausto e descobre que somente um sabe
do que se trata essa dolorosa parte da história. A partir disso propõe a leitura do
Diário de Anne Frank, jovem judia vítima do preconceito, e que todos produzam seu
próprio diário.
Esse é o começo de uma mudança tanto na vida acadêmica quanto na vida pessoal
de cada um que acabam por descobrir valores, dentre eles o respeito.
Assista agora trechos do filme Escritores da Liberdade O
vídeo encontra-se disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3S_Mn3zaT2g. Acesso em
17/10/2016.
Roda de conversa
Capa do filme: Minha Querida Anne Frank. Direção: Alberto Negrin. EUA, 2011.
MÓDULO 5
CONHECENDO O ESCONDERIJO
ocê Sabia???
Anne reserva algumas páginas em seu diário para descrever como é o Anexo
Secreto em que ficaram escondidos durante 25 meses.
Quinta-feira, 9 de julho de 1942
Querida Kitty,
(...)
O esconderijo ficava no prédio do escritório de papai. Para as pessoas
de fora, é meio difícil de entender, por isso vou explicar. (...)
Eis uma descrição do prédio: o grande armazém no andar térreo
é usado como sala de trabalho e depósito, e é dividido em várias
seções, como a sala de estoque e a sala do moinho, onde são
moídos cravo, canela e um substituto de pimenta.
Junto à porta há outra porta externa, uma entrada separada para
o escritório. Logo depois da porta do escritório, há uma segunda porta
e, atrás dela, uma escada. No alto da escada, há outra porta, com um
vidro fosco onde está escrito a palavra Escritório em letras pretas. Este
é o escritório principal - muito grande, muito iluminado e muito cheio.
Bep, Miep e o Sr. Kleiman trabalham lá durante o dia. Depois de
passar por um quartinho que tem um cofre, um guarda-roupa e um
armário grande, cheio de material, chega-se ao escritório dos fundos -
pequeno, escuro e entulhado. Este costumava ser compartilhado pelo
Sr. Kugler e pelo Sr. van Daan, mas agora o Sr. Kugler é o único
ocupante. (...) Ao sair do escritório do Sr. Kugler e seguir pelo corredor
comprido e estreito, passando pelo depósito de carvão, e subir quatro
degraus chega-se ao escritório particular, o cômodo mais luxuoso do
prédio. (...) Na porta seguinte, há uma espaçosa cozinha com água
quente e fogão à gás, de duas bocas; ao lado, fica o banheiro. Este é o
segundo andar.
Uma escada de madeira liga o corredor de baixo ao terceiro
andar. No alto da escada há um patamar com portas dos dois lados.
A porta da esquerda leva à área de depósito de temperos e aos sótãos
na parte frontal da casa. Um lance de escadas tipicamente holandês,
muito íngreme, também leva da parte da frente da casa até a outra
porta que se abre para a rua.
A porta à direita do patamar leva ao Anexo Secreto no fundo da casa.
Ninguém jamais suspeitaria da existência de tantos cômodos por trás
daquela porta cinza e lisa. Há somente um pequeno degrau na frente da
porta, e você entra direto. Logo na frente fica uma escada íngreme. À
esquerda há um corredor estreito indo até um cômodo que serve de
sala de estar e quarto para a família Frank. Ao lado fica um cômodo
menor, o quarto e local de estudo das duas moças da família. À direita
da escada fica um lavatório sem janela, com uma pia. A porta no canto
dá no toalete e a outra no nosso quarto, meu e de Margot. Se você
subir e abrir a porta no alto da escada, terá a surpresa de ver um
cômodo tão grande, claro e espaçoso numa casa antiga junto ao
canal como esta. No cômodo tem um fogão (graças ao fato de ter
servido de laboratório do Sr. Kugler) e uma pia. Aqui será a cozinha e o
quarto do Sr. e da Sra. van Daan, bem como uma sala de estar, de
jantar e de estudos de uso comum. E, então, à semelhança da parte
baixa do prédio, há o sótão. Aí está. Agora já lhe apresentei todo nosso
querido Anexo Secreto!
Sua Anne
(p. 43)
Analise a descrição feita por Anne, as fotos mostradas no site e o trecho do filme.
NOME DESCRIÇÃO
RESPONDA:
A- Você acha possível um segredo ser confidenciado a tanta gente?
9- Além dos oito judeus, foram presos também dois ajudantes. Quem
foram eles?
a- ( ) Bep e Miep Gies
b- ( ) Miep Gies e Sr. Kugler
c- ( ) Bep Voskuijl e Sr. Voskuijl
d- ( ) Sr. Kugler e Sr. Kleiman
14- Anne morreu alguns dias depois de Margot, porém não se sabe ao
certo quando isso aconteceu. Acredita-se que foi em:
a- ( ) fevereiro de 1945
b- ( ) fevereiro de 1946
c- ( ) março de 1946
d- ( ) abril de 1945
Módulo 1
A RELAÇÃO DE ANNE COM O DIÁRIO
Estranha: Para uma menina tão sociável como ela, soa “estranho” escrever um diário, se poderia
conversar com alguém. Mas, haveria esse alguém?! A julgar pela maturidade que o texto deixa
transparecer, uma amiga real, de sua idade, pouco poderia entender.
Ninguém se interessará: Será essa declaração um reflexo do sentimento que ela já tem? O de que
ninguém se interessa pelo que ela, de fato, pensa? Os adultos estão muito ocupados; os jovens, muito
despreparados?!
Fatos banais: Ela já adota um tom “solene” em seu discurso: O diário pessoal, normalmente, traz sim
fatos banais. Mas, no contexto em que ela vivia, pouca coisa era “banal”.
Ânimo renasce: Aqui ela deixa claro que seu ânimo havia morrido, mas o fato de escrever o faz voltar à
tona.
Eu vou também: Olhando o texto com mais atenção, parece até que ela estava adivinhando o que
aconteceria: se esse diário tivesse desaparecido, não o conheceríamos. Seria como se ele não tivesse
existido. Com ele, ela vive.
Oralidade: dos conhecimentos prévios a respeito do gênero.
A expressão: A alternativa correta é “registrar as angústias de uma adolescente”.
Publicados: Escolhe-se para publicação aqueles capazes de contribuir para o conhecimento do
momento histórico, social e econômico. São de pessoas que deixaram alguma contribuição para a
ciência, arte, história e outros segmentos.
Diferença entre eles: Entende-se por colega a pessoa com quem se convive, sem muita intimidade. Já
amigo é aquele que podemos desabafar nossos segredos, dividir nossos problemas, contar sobre nossas
vitórias e conquistas. O amigo em todas as fases da vida, certamente, estará com você.
Interlocutor imaginário: Quando damos um substantivo próprio a algo ou alguém tornamo-nos mais
próximos, mais íntimos deles.
Continuar a viver: Sem dúvida, Anne Frank continua a viver entre nós. O legado que deixou é
incomensurável. Através de uma garota, como tantas outras, podemos conhecer, estudar, aprender
sobre o conturbado período da Segunda Guerra Mundial e os desdobramentos ocorridos a partir dela.
PRATICANDO: Ao final do módulo 1 todas receberão um caderno para produzir nele um diário. A
primeira atividade é personalizá-lo conforme o gosto de cada uma. A partir daí, terão liberdade para
escrever o que quiserem, sobre o que quiserem e quando quiserem. Durante as aulas, serão motivadas a
expressar sentimentos, opiniões, anseios da fase que estão vivendo: a adolescência. Importante
deixar claro que o diário só será lido pela própria autora e pela professora. Caso queiram deixar outros
lerem ficará a critério pessoal.
Módulo 2
A LÍNGUA EM FOCO
Objetivo: Identificar os elementos organizacionais e estruturais do diário, de modo a
reconhecer as características próprias do gênero, como a linguagem informal, as expressões idiomáticas,
a data e o vocativo.
É necessário explicar aos alunos quais são os conteúdos relacionados ao estudo linguístico a serem
estudados para a elaboração de forma mais efetiva de um diário. Portanto, esse módulo visa a
desenvolver algumas atividades que possibilitem a compreensão e ampliação do reconhecimento desse
tipo de texto.
As questões abaixo: o texto a seguir responde às questões propostas.
Linguagem
O diário é considerado um gênero discursivo, pois promove a reflexão individual, com características
próprias e funções específicas, sendo ainda uma ferramenta de transformação utilizada em diferentes
esferas sociais, como acadêmica, literária, religiosa, cotidiana, escolar. E o diário íntimo/pessoal, da
esfera cotidiana, é um subgênero, assim como o diário de leitura, diário de viagem, diário de bordo e
outros.
Utilizar o diário como material didático é compreender sua riqueza dado que oferece uma dimensão do
perfil social, histórico, político, cultural do momento em que foi escrito. Essa disciplina de
interiorização é capaz de registrar o diálogo de um indivíduo com seu tempo e seu espaço. Nesses
materiais, pode-se ver a interdisciplinaridade com outras disciplinas bem como história, sociologia,
geografia, ensino religioso, arte, e demais. Valendo-se da língua portuguesa, esse material faz amplo
uso de experiências com as linguagens.
O gênero Diário Pessoal possibilita guardar memórias, na forma de texto, relatar ações cotidianas do
autor, confidências de seus donos que preferem estabelecer um diálogo com ele a trocar “segredos”
com outras pessoas, bem como expressar sentimentos de uma maneira geral. O interlocutor é a própria
pessoa que escreve. Protagonista e narrador são coincidentes e, por esse motivo, a modalidade de
enunciação do discurso é a 1º pessoa do singular. Além de textos incluem fotos, imagens, figuras,
bilhetes, anotações, poesias. São outros gêneros dentro desse gênero, considerados hibridismos. Não
há muita preocupação com a linguagem utilizada que, muitas vezes é, informal, coloquial, espontânea,
com gírias, de caráter intimista e confidencial. Essa escrita confessional apresenta data e local,
vocativo (muitos dão apelidos a esse “amigo” confidente), texto com ordem cronológica e assinatura.
Origem do diário
Diário do latim diarium está relacionado com o termo dia e para muitos pode ser considerado uma
autobiografia. Mas, com uma ressalva: produz-se um texto autobiográfico ou de memórias tratando-se
de um passado mais longínquo. Já o diário lida com eventos presentes (quase) imediatos. Os relatos
são bastante próximos quanto à temporalidade do momento da escrita.
A prática de se registrar as impressões pessoais vem de séculos. Entre o século XVIII e final do século
XIX a atividade de se registrar em diário acontecia por motivos educativos ou religiosos. No campo da
educação era uma prática envolvendo instrutora/mãe com o aluno no intuito de acompanhar e avaliar o
aprendizado da escrita. A igreja Católica incentivava tal escrita como exercício para exame de
consciência dos pecados cometidos, o que facilitaria ao pecador lembrar-se dos erros na hora da
confissão, recebendo assim prontamente o perdão.
O diário teve seu ápice no século XX. A racionalidade da modernidade instiga o sujeito à reflexão
pessoal, ao questionamento de suas ações e atitudes. Esse momento de questionamento da própria
existência traz consigo um estímulo à escrita.
Capacidades Discursivas
Nesta seção, cabe ao professor tratar da organização geral do texto, ou seja, de que forma o texto está
estruturado. Sugerimos um trabalho com os alunos que explore a estrutura do gênero diário.
Datas dos registros: É uma maneira de recordar quando o fato aconteceu.
Interlocutor : Kitty. Embora essa pergunta já tenha sido feita no módulo 1, é hora de reforçar a
importância desse vocativo. Nesse gênero, e principalmente na obra estudada, o vocativo vai muito
além de um mero chamamento.
Características desse interlocutor: É um ouvinte fiel e atento. Por ser inanimado, não julga, não
questiona.
Fatos escolhidos: Relatamos aqueles acontecimentos mais significativos do dia. A decisão do que é
mais importante a ser registrado é inteiramente do escritor.
Pessoa do discurso: O texto é escrito em 1º pessoa do singular porque fala sobre si mesmo.
Protagonista e narrador são coincidentes. Exemplos: “vou contar só de brincadeira”, “ficaria tão alegre
que nem saberia por onde começar.”
Calcule o tempo: Foram para o esconderijo no domingo, 5 de julho de 1942, portanto estão há um ano
escondidos.
Desejos são coisas bastante simples: Quanto menos temos mais valor damos às coisas simples.
Levando-se em consideração o tempo que estavam privados de liberdade se contentariam sim com
coisas pequenas.
Elementos do diário
Quem escreve: Qualquer pessoa que queira relembrar o que fez no dia a dia
Por que escreve: Para guardar suas memórias na forma de texto ou para ajudá-la a pensar mais sobre si
mesma.
Para quem escreve: Para ela mesma ou para alguém que um dia será autorizado a lê-lo.
Onde circula o texto: Em cadernos específicos para isso.
O que não pode faltar: O relato das ações cotidianas do autor e algumas características formais: data,
vocativo, despedida.
Sugestão
Professor, outra sugestão para se trabalhar também com linguística é enfocar:
Verbos: tempos verbais
Pronomes: pessoas do discurso
Módulo 3
RELACIONAMENTO COM OS PAIS
Professor aqui é o momento para discutir um dos maiores conflitos ocorrido na adolescência: a relação
pai e filhos. Oportunize momentos para deixá-los livres para falarem e contarem como vivem esses
momentos.
Voz gentil: Observe que Anne percebe a boa intenção da mãe. Talvez tenha visto ali uma oportunidade
para se aproximar da filha. Por isso, a mãe usou esse tom de voz.
Rosto contraído de dor: Imagine o sofrimento que essa mãe sentiu nesse momento. Não é difícil
imaginar o quanto uma rejeição é sofrida, ainda mais para uma mãe.
Me tornei totalmente indiferente: Significa: nada do que me falem me atinge.
Desprezo: descaso
Sentiu: Anne ficou surpresa por ter usado palavras tão fortes contra a própria mãe. Nesse momento,
percebe-se como a jovem amadurecera e vê a relação com a mãe de outra maneira. Ainda não se pode
dizer que a relação é boa, na verdade aprenderam a respeitar as diferenças entre elas.
Entendimento entre pais e filhos: Essa é uma questão bastante complexa, talvez quando nos
tornamos pais nos esquecemos de que já fomos jovens e de como pensávamos nessa fase. Há um
conflito de gerações que precisa ser superado com diálogo e entendimento de ambas as partes.
Muito mais velhas: Todo o contexto vivido pelas irmãs fez com que elas amadurecessem mais rápido
do que outras adolescentes da mesma idade.
Fingia: Na verdade, o pai fingia não ver para não tomar partido nas brigas que ocorriam. Ele nega as
dificuldades colocando “panos quentes” para não entrar em conflito com elas.
Troca de um segredo
O bjetiv o da ativ idade: Tr ocar infor ma ções s obr e pr oblema s comu ns enfr ent a dos p elos
jov ens , forta lecer a a miza de e a u niã o do grup o, encont rar s olu ções para pr ob lema s, dar a
op ort u nida de para qu e os part icipa nt es ex p onham u m pr ob lema s em s e ident ificar.
Alg umas ques tõ es que po dem s er feitas aos participantes para refletire m s o bre a
ativ idade:
C omo você s e s ent iu qua ndo ou viu s eu pr oblema s endo r elata do?
O ponto de vista exposto por seu colega serviu para solucionar seu problema ?
Aproveite também para enfocar a importância da tolerância, pois nessa atividade é preciso respeitar uns
aos outros. Esse será o tema do próximo módulo.
HORA DE DISCUTIR
TEMAS:
GUERRA
CONDIÇÕES NO ANEXO
MENSTRUAÇÃO
PAIXÃO
DISCUSSÕES
Professor aproveite esse momento para questionar a turma se os problemas debatidos também fazem
parte da vida delas. Agora é a hora de extrapolar o texto e trazer para o presente as discussões.
Módulo 4
FALANDO DE INTOLERÂNCIA
Alguns questionamentos:
1- Descreva as características da professora Erin Gruell. (A professora era revolucionária, idealista.
Ensinava, além do conteúdo específico, lições de vida a seus alunos).
2- Como a direção e outros professores receberam Erin na escola? (A equipe escolar era burocrática,
conservadora e não ofereciam apoio à professora. Acreditavam que Erin logo desistiria dos
alunos).
3- Como era a sala 203? Descreva o ambiente e os alunos que ali estudavam. (A sala tinha um
aspecto sujo, com carteiras e paredes rabiscadas. Os alunos eram apáticos e desinteressados pela
escola. Era uma turma discriminada, cheia de conflitos e violência. Ali preconceitos raciais e
rivalidade entre gangues predominavam).
4- Qual é a postura da escola perante aquela sala de aula? (Os alunos enfrentavam a descrença dos
professores que não acreditavam que pudesse haver mudança no comportamento,
comprometimento e desempenho escolar deles).
5- Quando uma caricatura de um aluno negro circula pela sala a professora vê ali um momento de
discutir algo fora do contexto da aula. Ela faz uma analogia entre esse fato e o holocausto
ocorrido na Segunda Guerra Mundial. Explique esse momento. (A professora aproveitou aquilo
que parecia uma brincadeira de adolescente para mostrar o que atitudes como aquela poderiam
trazer de consequências para si mesmo e também para a humanidade, como aconteceu na
Segunda Guerra. Atitudes cheias de preconceito acarretam prejuízos incomensuráveis).
6- Qual foi o objetivo da professora ao propor a leitura do Diário de Anne Frank? (Mostrar que não
somente a turma 203 sofria discriminação. Outras pessoas em diferentes contextos foram e
continuam a ser vítimas da intolerância. Porém, Anne não se deixou abater e nos deixou como
legado seu diário).
7- Como foi a recepção dos alunos perante o projeto em que todos poderiam escrever sobre suas
vidas em um diário? Houve êxito? (No começo um pouco tímidos, porém viram naquela atividade
um canal de comunicação que permitia expressar seus sentimentos e expor seus conflitos.
Passaram a se conhecer melhor e a entender que suas atitudes refletiam na própria realidade).
8- Qual o objetivo da dinâmica Jogo da Linha? (Durante a dinâmica, os alunos tiveram que se olhar
nos olhos, coisa que não faziam. A professora mostrou ali que todos eles tinham algo em comum
e que sofriam dos mesmos problemas e enfrentavam os mesmos desafios).
9- O que significou o “Brinde pela Mudança”? (Foi um momento de celebrar as vitórias
conquistadas até ali. Brindaram às pequenas mudanças que certamente foram decisivas para o
“querer mudar”).
10- A aluna Eva sente-se motivada em ler a história da adolescente judia. Porém, fica com ódio ao
saber do final. Por quê? Qual a mensagem transmitida por um outro aluno para esse fato?
(Quando Eva descobre que Anne teve um fim parecido a tantos outros conhecidos da turma, a
aluna se rebela contra a professora. Porém, um outro aluno a interrompe com o seguinte
questionamento: “Quantos amigos nossos viveram para conhecer essa história?” A jovem judia
morreu, mas deixou relatadas suas experiências diante da guerra. Desde então podemos conhecer
essa triste realidade que certamente não vale a pena).
11- Quem foi Miep Gies? (Foi uma das seis pessoas que deram refúgio à família de Anne Frank e os
demais durante a Segunda Guerra. Miep Gies muito ajudou, levando mantimentos, roupas,
remédios e outros itens de necessidade. Também foi a responsável por encontrar e entregar, sem
ler, o diário ao pai de Anne).
12- Qual a diferença entre Anne Frank e os alunos da sala 203? (Anne não descontava sua raiva na
sociedade, na verdade ainda acreditava nela).
13- Qual a mensagem que podemos tirar do filme? (O filme traz discussões importantes acerca da
discriminação racial, violência, guetos, gangues, dentre outros temas. A partir de um olhar
diferenciado de uma pessoa disposta a fazer a diferença, houve envolvimento e aceitação. Os
alunos foram ouvidos e sentiram-se importantes durante as aulas, o que refletiu em outros
ambientes. Outro ponto de destaque é conscientizar as pessoas que só através da educação obtêm-
se méritos).
Reflita
1 - As p es s oa s en v ia da s p a ra a s câ mar a s d e gá s er a m a qu ela s qu e nã o t i n ha m
c o n di ç õ es p a r a tr a ba lha r, ou s eja , os i d os os , os ma is d o en t es e a s cr ia n ça s a t é 1 5
a n os .
2 - Os na z is t a s co ns t r u ír a m ma is d e 4 0 . 0 0 0 ca mp os d e c o nc en t r a çã o du r a nt e a
S egu n da Gu er r a . Tin ha m vá r ia s fi na l i da d es , d ent r e ela s , ma nt er os p r es os e m
a t iv i da d es es cr a va s , r ec o l h er os i n i mi g os d o g o v er n o e s er v ia m c o mo c ent r o d e
ex t er mí n i o em ma s s a . O s a lo ja men t os er a m i nf es t a d os d e r a t os e v er mes ;
p ou qu ís s i ma á gu a e c o mi da ; a s ca ma s er a m c o l et i va s e a b r i ga va m a t é 1 0 p es s oa s
em ca da u ma d ela s ; os p r es os t i n ha m os ca b el os r a s pa d os e a p el e t a t u a da co m
u m nú mer o d e i d en t if ica çã o; os b ens ma t er ia is er a m c o n f is ca d os ( j oia s , r ou p a s ,
r el ó g i os , ca lça d os ); ha v ia p i l ha s de es q u el et os e ca dá v er es ; t er r í v eis
ex p er i me nt os c i en t í f ic os er a m f eit os ; d en t r e ou t r a s b ar b ár ies .
3 - Em Auschwitz havia câmaras de gás, enquanto no campo de Bergen-Belsen não.
MÓDULO 5
CONHECENDO O ESCONDERIJO
Moradores do Anexo: Quando Anne escreveu a segunda versão do diário (depois de ouvir no rádio
que os documentos escritos durante a Segunda Guerra seriam publicados), criou pseudônimos para
algumas pessoas. Porém, Otto preferiu utilizar os nomes verdadeiros de seus familiares e aceitar a
ideia da filha de publicar o diário com nomes fictícios.
Otto Frank
Edith Frank
Margot Frank
Anne Frank
Petronella van Daan (na verdade, Auguste van Pels)
Alfred van Daan (Hermann van Pels)
Peter van Daan ( Peter van Pels)
Albert Dussel ( Fritz Pfeffer)
Cúmplices:
Sr. Kugler
Sr. Kleiman
Miep Gies
Bep Voskuijl
Sr. Voskuijl
Jan Gies
Antissemita: Movimento extremista, criado na Alemanha, que pregava o ódio aos judeus. Para ele, os
judeus eram responsáveis pelos males ocorridos no país.
Quiz:
1- B
2- C
3- B
4- C
5- D
6- A
7- A
8- C
9- D
10- B
11- D
12- D
13- C
14- A
15- C
16- B
17- B
18- A
19- C
20- D
Referências bibliográficas
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. 54 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.
Sítios