Cristianismo e Capitalismo

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Cristianismo &

capitalismo
R. J. Rushdoony
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora
Monergismo
Caixa Postal 2416
Brasília, DF, Brasil ─ CEP 70.842-970
Sítio: www.editoramonergismo.com.br 1ª edição, 2016
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES
CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE.
Todas as citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida
Revista e Atualizada (ARA) salvo indicação em contrário.
Sumário
Cristianismo e capitalismo
Recompensas e castigos
Liberdade sob Deus
A riqueza é algo moral?
Capitalização é o produto de trabalho e parcimônia
Socialismo e inflação descapitalizam uma economia
Ame teu próximo – o que isso significa?
Apêndice 1: Como ser um socialista sem o saber
Apêndice 2: Deus e impostos
Apêndice 3: A Bíblia e propriedade
Apêndice 4: Propriedade e família
Apêndice 5: O imposto de Deus
Apêndice 6: Os dez fundamentos do estatismo moderno
Apêndice 7: Um manifesto cristão
Cristianismo e capitalismo[1]
Recompensas e castigos
Uma opinião comum em anos recentes sustenta que
recompensas e castigos representam um meio
prejudicial de lidar com crianças ou adultos. Somos
informados que recompensas produzem motivos
errados naqueles que ganham e que são traumáticas
para aqueles que perdem. É dito também que o
castigo é meramente uma vingança. Sob essas
premissas, alguns educadores têm eliminado a
atribuição de notas, bem como outras formas de
recompensa e castigo. Esse ódio por recompensa e
castigo é uma forma de ataque sobre os conceitos
inter-relacionados de competição e disciplina. Quer
na esfera espiritual, com respeito ao céu, ou no
mundo acadêmico por notas, ou no mundo dos
negócios por lucros, castigos e recompensas (ou
penalidades) motivam as pessoas (Sl 19.11; 58.11;
91.8; Mt 5.11; etc.). Essa motivação leva à
competição, e a competição requer disciplina,
autodisciplina, disciplina sob a lei civil e criminal, e
disciplina sob Deus (Hb 12.1-11). E um resultado da
competição honesta é o caráter.
Mas, algumas pessoas objetam, por que não
por cooperação? Não é a cooperação um método
superior à competição? Mas, como declarado por
Campbell, Potter e Adam em Economics and
Freedom [Economia e liberdade], “num mercado
livre, a cooperação voluntária e a competição são
nomes para o mesmo conceito econômico”.
Historicamente, a competição do mercado livre tem
sido apenas possível onde uma cultura comum e
uma fé comum levam indivíduos a cooperarem uns
com os outros. Os homens competem por
cooperação na confiança que outros respeitem a
qualidade, e eles constantemente melhoram seus
produtos e serviços para conseguir essa cooperação.
A cooperação morre se a competição morrer, pois
então a “tração”, compulsão e a força substituem as
atividades livres e cooperativas do mercado.
Fundamentalmente, recompensas e castigos
pressupõem duas coisas. Primeiro, pressupõem
Deus, que estabeleceu certos retornos na forma de
recompensas e penalidades na própria natureza do
universo, bem como em sua lei moral (Ex 20.5, 6;
Jd 5.20). Assim, qualquer ataque sobre a ideia de
recompensas e castigos é um ataque sobre a ordem
de Deus. Segundo, recompensas e castigos
pressupõem liberdade como básica para a condição
do homem. O homem é livre para se esforçar,
competir, trabalhar por recompensas e sofrer
penalidades. Dessa forma, qualquer ataque sobre
esses conceitos é também um ataque sobre a
liberdade; é uma insistência que nivelar a igualdade
com total controle é uma condição melhor para o
homem do que a liberdade é ou possa ser. S. Paulo
declarou, “onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade” (2Co 3.17). Deus e liberdade são
inseparáveis. E a liberdade pressupõe e requer a
atividade livre; ela tem seu esforço, suas
recompensas e castigos, seu céu e inferno, seu êxito
e fracasso. Essas são as condições necessárias da
liberdade. A alternativa é a escravidão. A escravidão
oferece uma forma muito real de segurança, mas
isso o faz também a morte e um cemitério (Dt
30.15-20). Respeitar recompensas e castigos,
competição e disciplina, é respeitar a própria vida, e
valorizar o caráter e a autodisciplina. Isso significa,
simplesmente, escolher a vida: “escolhe pois a vida,
para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30.19).
Liberdade sob Deus
Um dos grandes fundadores do sistema americano
foi o rev. John Cotton (1584-1658), que tornou
básica para o governo colonial a premissa que a lei e
ordem piedosa significam poder limitado e
liberdade limitada. Nem o homem, nem o seu
governo civil têm o direito moral ao poder ilimitado
ou à liberdade ilimitada. Em todos os tempos deve
haver poder e liberdade sob a lei, e, ultimamente,
sob Deus (Dt 17.14-20; Pv 8.15, 16; 1Rs 2.1-4,
etc.).
Mas hoje temos exigências para tanto poder
como liberdade ilimitada, que são ideias mutuamente
contraditórias. Temos também a crescente afirmação
que a liberdade não é sob a lei e sob Deus, mas fora
da lei. Há aqueles que creem que podem ser livres
somente negando as afirmações de todas as leis e
afirmando que os verdadeiros direitos e a verdadeira
liberdade significam uma liberdade da lei.
A fé bíblica e essa lei verdadeira é um dom de
Deus e o fundamento da liberdade do homem (Dt
16.20). A lei é a condição da vida do homem: assim
como o homem fisicamente respira o ar para viver,
assim social e pessoalmente seu meio-ambiente de
vida é a lei, a qual a graça de Deus o capacita a ter e
guardar (Sl 119; Pv 6.23). O homem não pode viver
sem lei, assim como não pode viver sem comer. O
propósito da lei de Deus é a vida; como Moisés
declarou, “o SENHOR nos ordenou que cumpríssemos
todos estes estatutos… para nos guardar em vida”
(Dt 6.24). O homem foi criado e é salvo por Deus
para viver pela lei, pois sua disciplina é “o caminho
da vida” (Pv 6.23).
Aqui temos a grande divisão. Os americanos,
educados durante algumas gerações na perspectiva
bíblica, têm visto a liberdade como vida sob a lei de
Deus, mas muitos hoje estão afirmando que a
liberdade é escapar da lei.
As alternativas à liberdade sob Deus,
liberdade sob a lei, foram declaradas claramente por
Karl Marx. Elas são duplas. Primeiro, alguém pode
ter anarquia, todo homem uma lei para si mesmo,
com nenhuma lei, e uma “liberdade” total de
qualquer responsabilidade para com alguém.
Segundo, alguém pode trocar Deus pelo Estado, e a
lei total do Estado substitui a lei de Deus. A
liberdade então desaparece e o Estatismo ou
comunismo total para o “bem-estar” do homem
toma lugar. Isso é uma negação da liberdade como
um ideal “burguês”, e uma substituição da liberdade
pelo bem-estar planejado pelo Estado como a
verdadeira felicidade do homem.
Toda tentativa, portanto, de remover essa
república do “sob Deus” significa que o anarquismo
ou comunismo será certamente o resultado, quer
planejado ou não por aqueles que atacam o lugar de
Deus na vida americana. Essa é uma alternativa
inescapável.
Para restaurar a verdadeira liberdade,
devemos restaurar a verdadeira lei (Is 8.20). A Bíblia
fala da “lei perfeita da liberdade” (Tg 1.25; 2.12),
pois ela vê a lei de Deus como a própria fonte e
fundamento da liberdade do homem. Devemos
abandonar a ideia perigosa que liberdade significa
um escape da lei: isso pode ser verdade somente se
o escape for do comunismo, que não é lei
verdadeira, mas sim tirania. A palavra tirania vem
de uma antiga palavra grega com um significado
simples: significa governo secular ou humano no
lugar da lei, no lugar da verdadeira liberdade sob
Deus. O sistema americano não é anarquia nem
tirania, mas liberdade sob Deus.
A riqueza é algo moral?
Muitos escritores atuais inferem que Jesus e a Bíblia
falam contra a riqueza como algo imoral. É verdade
que a Parábola do Homem Rico (Lc 16.19-31) nos
mostra o homem rico no inferno e o pobre Lázaro
no céu, mas a condenação do homem injusto vem
do rico Abraão no céu. Novamente, embora Jesus
tenha dito, “é mais fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha, do que entrar um rico no
reino de Deus” (Mc 10.25; Mt 19.24), o mesmo
capítulo deixa claro que Jesus quis dizer que
nenhum homem, rico ou pobre, pode salvar a si
mesmo: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus
tudo é possível” (Mt 19.26). Em outras palavras, a
salvação não é um trabalho “faça você mesmo” para
ninguém, rico ou pobre; é obra e dom de Deus.
Muitos homens e mulheres ricas estavam entre os
salvos que tinham um relacionamento próximo de
Jesus (Lc 8.2-3; 19.1-19; 23.50-53).
A Bíblia condena a riqueza ganha de maneira
fraudulenta, mas declara que a riqueza honesta é
uma bênção. Primeiro, portanto, a riqueza honesta
deve ser desejada como uma bênção de Deus. “A
bênção do SENHOR é que enriquece [i.e., rico
materialmente]; e não traz consigo dores” (Pv
10.22). A posse de riqueza é legal e protegida nos
Dez Mandamentos por dois mandamentos: “Não
furtarás” e “Não cobiçarás” (Ex 20.15, 17; Dt 5.19,
21). Jesus confirmou isso e assumiu a legalidade da
riqueza como um princípio piedoso (Mt 25.14-30;
Lc 19.12-27; 16.1-8). Jesus deixou claro que a
riqueza moralmente adquirida é uma bênção de e
sob Deus: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”
(Mt 6.32s.; Lc 12.30s.), e não há nada errado em
desejá-la, se andamos em termos da prioridade da fé
em, e obediência a, Deus.
Segundo, a riqueza é moralmente boa, mas é
um bem subordinado, um meio para uma vida
melhor, e não um fim em si mesmo. E ela é muito
incerta para ser o objetivo da vida (Mt 6.19s.), e a
riqueza pode co-existir com a pobreza de alma (Lc
12.16-21;14:18s.; Mt 22.6s). Assim, a riqueza tem
perigos morais quando ela se torna primária, e não
secundária na vida de um homem. Não é o dinheiro
que é a raiz de todos os males, mas “o amor ao
dinheiro”, e a cobiça por dinheiro com esse amor
pervertido é citado como pecado por Paulo (1Tm
6.10). Os socialistas podem ser tão culpados de
“amor ao dinheiro” como qualquer outra pessoa.
Dessa forma, riqueza e prosperidade podem ser
perigosas, se os homens fazem dela o objetivo da
vida, se eles as idolatram.
O mal, então, não está na riqueza como tal,
mas no coração dos homens, e falar de riqueza
como imoral é uma lógica falsa, uma insistência que
as coisas são imorais, e não o homem. Mas, como
Paulo escreveu a Tito: “Todas as coisas são puras
para os puros, mas nada é puro para os
contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e
consciência estão contaminados” (Tt 1.15). Dessa
forma, embora homens imorais possam adquirir e
usar erroneamente riquezas, é o seu coração e ações
que são imorais, e não a riqueza em si. Em seu lugar
devido, portanto, a riqueza não é somente moral,
mas também bendita, e pode ser honestamente
desejada, adquirida e mantida, e é um benefício para
toda a sociedade.
Capitalização é o produto de trabalho e
parcimônia
Capitalização é o produto do trabalho e parcimônia,
a acumulação de riqueza e o uso sábio da riqueza
acumulada.
Essa riqueza acumulada é investida em efeito
no progresso, pois é tornada disponível para o
desenvolvimento dos recursos naturais e a
comercialização de mercadorias e produtos.
A parcimônia que leva à economia ou
acúmulo de riqueza, à capitalização, é um produto
do caráter (Pv 6.6-15).
A capitalização foi um produto em cada
período da disposição Puritana, da atitude de abrir
mão de prazeres presentes para acumular certa
riqueza para propósitos futuros (Pv 14.23). Sem
caráter, não há capitalização, mas sim
descapitalização, a exaustão contínua da riqueza.
Como resultado, o capitalismo é
supremamente um produto do cristianismo e, em
particular, do puritanismo que, mais que qualquer
outra fé, tem promovido a capitalização.
Isso significa que antes que a descapitalização,
quer na forma de socialismo ou inflação, possa
ocorrer, deve haver um colapso da fé e do caráter.
Antes dos Estados Unidos começar seu percurso no
socialismo e na inflação, ele teve que abandonar sua
posição cristã. O povo passou a ver mais vantagem
em gastar capital do que em acumulá-lo, em
desfrutar prazeres superficiais do que viver em
termos dos prazeres duradouros da família, fé e
caráter.
Quando o socialismo e a inflação saem a
caminho, tendo começado no declínio da fé e do
caráter, eles veem como seu inimigo comum
precisamente aquelas pessoas que ainda têm fé e
caráter.
Como haveremos de nos defender? E como
podemos ter um retorno ao capitalismo? O
capitalismo revive somente se a capitalização reviver,
e a capitalização depende, em sua forma melhor e
mais clara, daquele caráter produzido pelo
Cristianismo bíblico.
Isso é escrito por alguém que crê
intensamente no cristianismo ortodoxo e em nossa
liberdade e herança cristã histórica. É meu propósito
promover aquela capitalização básica da sociedade,
da qual tudo o mais flui, o capital espiritual. Com o
capital espiritual de uma fé bíblica e centrada em
Deus, nunca podemos nos tornar espiritual e
materialmente falidos (Pv 10.16).
Socialismo e inflação descapitalizam uma
economia
Descapitalização significa a destruição progressiva
de capital, de forma que uma sociedade tem
progressivamente menos habilidade produtiva.
Descapitalização é a dissipação da riqueza
acumulada (Pv 14.23).
Capitalização é o acúmulo de riqueza por
meio do trabalho e parcimônia. Uma economia livre,
o capitalismo, é uma impossibilidade sem
capitalização (Pv 10.16).
Alguns dos países agrícolas potencialmente
mais ricos são importadores de produtos agrícolas,
tais como a Venezuela e o Chile. As áreas de pesca
da Costa Pacífica da América do Sul são algumas
das mais ricas conhecidas no mundo, ricas o
suficiente para alimentar os países daquela área:
Pescadores chilenos não conseguem
comercializar peixe apropriadamente, e
atiram quantidades incríveis de peixes
capturados no mar, pois não tem
armazenamento nem transporte suficiente
para levar os peixes aos mercados. Assim,
não existe uma falta de trabalho nem uma
falta de mercado para os peixes, mas a
capitalização necessária para fornecer as
facilidades de reunir trabalho, produto e
mercado onde isso está faltando.
Muito do mundo está na mesma situação
difícil: tem o trabalho, os recursos naturais, e o
comércio faminto por seus produtos, mas carece do
capital necessário para fazer o fluxo das mercadorias
possível. O socialismo tenta resolver este problema,
mas somente o agrava, pois aumenta a pobreza de
todos interessados. O socialismo e a inflação
realizam o mesmo propósito: eles descapitalizam
uma economia.
A inflação acontece quando as pessoas têm
latrocínio em seu coração, e o mesmo é verdade do
socialismo. O socialismo é latrocínio organizado;
como a inflação, ele toma de quem tem e dá a quem
não tem. Ao destruir o capital, ele destrói o
progresso e empurra a sociedade ao desastre.
À medida que os produtos da capitalização
começam a se esgotar, não existe novo capital para
substituí-los, e o Estado não tem capital próprio: ele
somente empobrece o povo mais e, portanto, a si
mesmo, tentando criar capital por cobrança de
impostos.
Todo Estado socialista se descapitaliza
progressivamente.
Ame teu próximo – o que isso significa?
Um versículo bíblico familiar é frequentemente
usado por muitos para justificar o socialismo e
atacar a defesa da propriedade como “egoísmo”.
Mas o mandamento, “amarás o teu próximo como a
ti mesmo”, exige compartilhar a riqueza, para
programas de bem-estar, e para uma unidade
mundial?
As principais passagens bíblicas explicando
esse versículo são Levítico 19.15-18, 33-37; Mateus
19.18, 19; 22.34-40; e Romanos 13.8-10. O que
elas nos dizem?
Primeiro, quem é o meu próximo? Em
Levítico 19.33-37, Moisés deixa claro que nosso
próximo significa qualquer um e todos com quem
nos associamos, incluindo nosso inimigo; e Jesus
enfatizou isso na parábola do Bom Samaritano (Lc
10.29-37), citando a misericórdia do samaritano
para com um inimigo, um judeu.
Segundo, o que a Bíblia quer dizer por amor?
A palavra amor hoje é um termo que diz respeito a
sentimento, um sentimento que é mais forte que os
“laços” da lei. A palavra bíblica amor “é o
cumprimento da lei” (Rm 13.10). Além do mais,
amor tem referência primariamente ao cumprimento
da lei de Deus; ele se relaciona à justiça na Bíblia, e
se refere à lei de Deus e ao tribunal da lei de Deus.
O homem moderno que quebra as leis sexuais ou de
propriedade em nome do amor está, dessa forma,
carente de amor da perspectiva bíblica, pois amor “é
o cumprimento da lei”.
Terceiro, quais leis estão envolvidas no amor
para com o nosso próximo? De acordo com Jesus
(Mt 19.18-19), e novamente enfatizado por Paulo
(Rm 13.8-10), amar o nosso próximo significa
guardar a segunda tábua dos Dez Mandamentos na
relação para com ele. Isso significa “não matarás”,
ou não tomar a lei em nossas próprias mãos, que
você deve respeitar o direito à vida dado por Deus
ao seu próximo. “Não adulterarás”, significa que
você deve respeitar a santidade do lar e da família
do nosso próximo. “Não furtarás”, significa que
devemos respeitar o direito à propriedade dado por
Deus ao nosso próximo (ou inimigo). “Não
levantarás falso testemunho” significa que devemos
respeitar sua reputação. E “não cobiçarás requer
uma obediência a essas leis em pensamento bem
como em palavras e atos.
Dessa forma, “amarás o teu próximo como a
ti mesmo” é a base da verdadeira liberdade civil no
mundo ocidental. Ele requer que nós respeitemos
em todos os homens e em nós mesmos os direitos à
vida, ao lar, à prosperidade e à reputação, em
palavra, pensamento e ação. A palavra bíblica amor
não tem nada a ver com amor erótico, que é anti-lei.
O amor bíblico “é o cumprimento da lei” em relação
a todos os homens. Ele não pede para que gostemos
de todos os homens, ou que os introduzamos em
nossas famílias e círculos, nem que compartilhemos
nossas riquezas com eles. A Bíblia simplesmente diz:
ame o amigo, o inimigo e a si mesmo, ao respeitar e
defender esses direitos dados por Deus à vida, lar,
propriedade e reputação para todos. Os
“humanitaristas” modernos são, dessa forma,
frequentemente culpados de violar a lei de Deus em
nome de um amor anarquista. O amor bíblico
guarda a lei.
Apêndice 1: Como ser um socialista sem o
saber[2]

No protesto em Berkeley, em 1965, no “Dia do


Vietnã”, um dentre os radicais que discursavam
disse aos seus ouvintes que uma revolução com
armas era o tipo “menos importante” de revolução.
“As revoluções que são realmente importantes
atingem a mente das pessoas e a forma como elas
pensam e sentem.” A oposição tem motivo para se
regozijar; essa revolução foi em grande medida
vencida. As pessoas pensam e se sentem como
socialistas e comunistas.
Um teste importante disso é a questão da
culpa. A partir da perspectiva bíblica, um homem é
responsável por seus pensamentos e ações e é
culpado se transgredir a lei. É, portanto, um ato
necessário de maturidade e graça confessar nossa
responsabilidade, admitir nossos próprios erros.
Uma bela oração antiga diz: “Confesso a Deus
Todo-poderoso, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, e
perante toda a companhia do céu, que pequei, em
pensamento, palavra e ação, por minha culpa, minha
própria culpa, minha própria e gravíssima culpa;
portanto, oro a Deus Todo-poderoso para que tenha
misericórdia de mim, perdoe todos os meus
pecados, e limpe o meu coração”. Fé e caráter
piedosos são os ingredientes necessários para uma
ordem social boa.
A partir de uma perspectiva socialista, o
homem não tem culpa. É o ambiente. Lincoln
Steffens disse que não deveríamos culpar Satanás,
nem Adão ou Eva pela queda do homem: foi a
maçã[3]! Ele estava falando seriamente; é o
determinismo econômico. O homem é visto como a
criatura, não de Deus, mas do seu ambiente. O
homem é, portanto, não um pecador; antes, é uma
vítima. O problema do criminoso não é um mau
caráter; antes, é um ambiente precário, uma casa
pobre, e coisas semelhantes. Como resultado, não
podemos culpar o delinquente, ou o criminoso;
devemos culpar seu lar, escola e empregadores. Um
psiquiatra solitário, em protesto, escreveu
recentemente que está se tornando perigoso em
nossos dias se relacionar com qualquer pessoa que
seja “mentalmente doente”; tu, não a pessoa, serás
responsabilizado por isso! Os pais devem ser
responsabilizados pelos pecados de seus filhos, e
sem dúvida logo as crianças serão responsabilizadas
se seus pais fizerem algo de errado!
Quando confrontado pelo crime, ruína ou
fracasso de um homem, tu atribuis a
responsabilidade às circunstâncias, à família, às
outras pessoas, ao sistema econômico, ou a qualquer
outra coisa que não a culpa individual? Se sim,
parabéns! Tu passaste pelo primeiro teste básico do
socialismo: não responsabilizarás o homem nem o
chamarás de pecador, mas o escusarás colocando a
culpa em seu ambiente.
Tudo que o socialismo precisa para ter
sucesso é que as pessoas creiam nisso. Se tu crês
que a Bíblia está certa, e que o homem é
responsável, então tentarás mudar os homens
trazendo-os a Cristo e a uma fé e caráter piedosos.
Se tu crês que não é o homem, mas o ambiente que
deve ser responsabilizado, então tu te esforçarás
para mudar o homem transformando o ambiente,
por leis ou revolução. Tua esperança para o homem
estará nos atos do Congresso e na revolução social.
Lembre-se: “As revoluções que são realmente
importantes atingem a mente das pessoas”. A
revolução básica para Marx era subverter a
confiança dos homens na fé e caráter cristãos como
a força para a verdadeira mudança social,
substituindo-a por uma crença que não é o homem,
mas seu ambiente, que deve ser responsabilizado
quando o homem peca. Tu te uniste à revolução?
Apêndice 2: Deus e impostos[4]

Pouco é dito hoje em dia sobre o ensino bíblico


acerca de propriedade e impostos, e com razão:
estamos bem longe da forma bíblica de vida. Não
existe nenhum imposto sobre propriedade nas
Escrituras. Como H. B. Rand, em seu Digest of the
Divine Law, observou: “Era impossível desapropriar
homens de suas heranças sob a lei do Senhor visto
que nenhum imposto era cobrado contra a terra. A
despeito dos comprometimentos pessoais de um
homem, ele não poderia tirar a herança da sua
família sendo desapropriado de sua terra para
sempre”.[5] De novo e de novo a Bíblia declara: “A
terra é do Senhor” (Êx 9.29; Dt 10.14; Sl 24.1; 1Co
10.26, etc.), e somente Deus pode exigir um
imposto sobre ela. O dízimo é o imposto de Deus
para o uso da terra; não se trata de uma oferta a
Deus, mas um imposto requerido, e apenas dar
acima de dez por cento é uma oferta a Deus. Tais
ofertas eram chamadas “ofertas voluntárias” (Dt
16.10-11; Êx 36.7; Lv 22.21, etc.), pois dependiam
da vontade do homem, ao passo que o dízimo era
obrigatório.
O governo do Estado não poderia taxar a
terra, já que esta não é propriedade do Estado, mas
de Deus, e nenhum Estado tem o direito de exigir
impostos contra as posses de Deus. O apoio ao
governo civil era através do aumento de impostos,
isto é, um imposto sobre produção.
H. B. Clark, em Biblical Law, destacou que
Samuel declarou ser um sinal de tirania e perversão
quando o governo civil exige para o seu sustento
tanto quanto Deus em seu dízimo.[6] Samuel disse,
do tirano: “As vossas sementeiras e as vossas vinhas
[ele] dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus
servidores… [Ele] dizimará o vosso rebanho, e vós
lhe sereis por servos” (1Sm 8.15, 17). Hoje o
governo civil toma mais do que um dízimo de nossa
renda: em torno de 45%!
Os Estados Unidos foram fundados por
homens cristãos que estabeleceram suas colônias
sobre essas leis bíblicas: eles eximiram as
propriedades dos impostos para proteger os homens
em sua liberdade. Em sua primeira sessão, em 1774,
o Continental Congress negou que o Parlamento
poderia cobrar impostos sobre bens imóveis. Como
Gottfried Dietz declarou: “Quanto à propriedade, os
delegados sentiram que ela deveria ser isenta de
confisco e tributação”.
A ideia de imposto sobre propriedade veio
bem lentamente, e tal imposto apareceu em primeiro
lugar na Nova Inglaterra. O antigo padrão bíblico
sumiu à medida que o deísmo, unitarianismo e
ateísmo se difundiram. Tais incrédulos viam o
Estado como salvador do homem e, portanto,
favoreciam colocar mais e mais poder nas mãos do
Estado.
O imposto sobre propriedade foi resistido em
muitas áreas, especialmente no Sul, quando a
“reconstrução” pós-Guerra Civil fez dele uma arma
para destruir a antiga ordem.
Hoje, o senhorio do Deus triúno está sendo
negado; o dízimo negligenciado; o poder do
estatismo crescendo, e a tributação compelindo os
homens a pagarem um aluguel por sua propriedade.
A propriedade foi ordenada por Deus para
estabelecer homens na liberdade; ela está agora
sendo tomada do homem, e a liberdade está
diminuindo.
Se homens pudessem reconhecer a soberania
de Deus, entregar o dízimo de Deus a causas
verdadeiramente cristãs, e então trabalhar para
libertar a terra da tirania da tributação, um grande
renascimento da liberdade estaria à nossa frente.
Essa é uma causa pela qual trabalhar. Comece
consigo mesmo.
Apêndice 3: A Bíblia e propriedade[7]

Para Karl Marx, os dois grandes inimigos eram o


Deus bíblico e a família. Ele via esses dois inimigos
unidos como os grandes campeões da propriedade
privada. A posse privada da propriedade era, para
Marx e Engels, o pilar da família, e a família, a
instituição chave da religião bíblica. Para abolir a
posse privada de propriedade, o cristianismo deveria
ser atacado.
Marx e Engels estavam corretos no fato de
saberem quem eram os seus reais inimigos. A Bíblia
protege a propriedade em dois dos Dez
Mandamentos: “Não furtarás” e “Não cobiçarás a
casa do teu próximo… nem coisa alguma que
pertença ao teu próximo”. Mas isso não é tudo. A lei
mosaica não tinha imposto sobre propriedade: um
homem, rico ou pobre, estava a salvo de
desapropriação ou confisco em sua casa e terra, e as
leis levíticas enfatizavam isso com rigor. A lei bíblica
via a segurança básica do homem como residindo na
posse privada de propriedade sem a possiblidade de
confisco.
As colônias americanas seguiram
deliberadamente a lei bíblica e evitaram qualquer
imposto, não importava em que forma, sobre a
propriedade. Em alguns estados, não houve imposto
sobre propriedade até a Guerra Civil. O Sino da
Liberdade (Filadélfia) contém um versículo de uma
lei da Bíblia sobre propriedade: “Proclamareis
liberdade na terra a todos os seus moradores” (Lv
25.10).
Sempre que a propriedade privada
desaparece, a liberdade do homem se vai. O homem
é colocado completamente à mercê do Estado.
Sempre que a posse privada é enfraquecida, a
liberdade do homem é enfraquecida também. Existe
uma relação essencial entre liberdade e propriedade.
Os colonos americanos viram isso. Um dos slogans
da Guerra da Independência foi “Liberdade e
propriedade”. Todo ataque sobre a posse privada de
propriedade é, portanto, um ataque sobre a
liberdade. É uma tentativa de destruir a
independência do homem do Estado, da tirania do
governo civil. É especialmente importante para os
tiranos destruir a posse privada de propriedades da
agricultura, quer por confisco direto ou
indiretamente por controles. Em cada era, um dos
alvos primários da ditadura tem sido o controle
sobre o agricultor.
O ataque à propriedade privada é também um
ataque à família, porque destrói a independência da
família e torna seus membros em vez disso
dependentes do Estado. O Estado assume o lugar do
pai como o provedor.
O ataque sobre a propriedade privada é
também um ataque sobre Deus, pois despreza sua lei
e a substitui pela lei humanista e socialista do
homem. A defesa da propriedade privada é um
passo religioso tanto saudável como necessário. É a
defesa de uma forma de vida ordenada por Deus
para o bem-estar e felicidade da humanidade. O
direito à propriedade é um direito dado por Deus.
Posse é evidência de trabalho e caráter. Toda
tentativa de limitar o direito de posse é uma forma
de roubo, e a Bíblia diz claramente: “Não furtarás”.
Apêndice 4: Propriedade e família[8]
A propriedade é protegida por dois dos Dez
Mandamentos: “Não furtarás” e “Não cobiçarás a
casa do teu próximo… nem coisa alguma que
pertença ao teu próximo”. Três mandamentos
protegem diretamente a família: “Honra teu pai e tua
mãe”, Não adulterarás”, e “Não cobiçarás a mulher
do teu próximo”. A família e propriedade são assim
claramente muito importantes na lei de Deus.
Frederick Engels, associado de Karl Marx, em A
Origem da Família, da Propriedade Privada e do
Estado, declarou que a posse privada de
propriedade era a fundação econômica da
monogamia e da família. Para Engels, as duas coisas
andavam de mãos dadas.
Por que Engels vê uma conexão necessária
entre família e propriedade? A resposta é muito
simples. Para qualquer instituição existir, ela deve ter
independência; deve ser livre. Quanto tempo um
clube durará se cada passo e ato for controlado e
ditado por algum tirano? Ele cessaria então de ter
qualquer significado ou vida para seus membros; o
clube seria apenas uma marionete manipulada pelo
tirano. Similarmente, a família pode existir
verdadeiramente somente se for livre, e a fundação
econômica da liberdade da família é a propriedade
privada. Esse é o porquê o comunismo, em sua
guerra contra a família, tem firmemente limitado e
destruído os direitos de posse privada. A
propriedade é, então, necessária para a
sobrevivência da família.
A propriedade é necessária, não somente para
a sobrevivência e liberdade da família, mas é
também para a autoridade da família. Sob o
comunismo, o futuro das crianças depende da
lealdade ao Estado. As crianças são, portanto, leais
ao Estado e desleais aos seus pais. A autoridade real
em suas vidas é o Estado, pois ele provê o futuro
delas, e o Estado também tem o poder para destruir
suas chances de sucesso e sobrevivência. Mas, onde
o pai possui a propriedade privada e provê o
cuidado e futuro dos seus filhos, é a autoridade do
pai que governa a família.
Engels também viu o direito de herança de
propriedade como uma fundação econômica da
família, e o viu corretamente. Onde a propriedade
pertence à família, e o pai pode passá-la a um filho
piedoso, ou deserdá-lo por desobediência, a
autoridade da família é fortalecida e a disciplina da
família é reforçada. Honra e autoridade andam de
mãos dadas, e onde os pais têm autoridade, eles são
ainda mais prontamente honrados.
A propriedade dá poder ao homem e à
família. É a vontade de Deus, claramente declarada
na Escritura, que o homem possua, desenvolva e use
a terra e a propriedade pessoal sob Deus. A
transferência de propriedade ao Estado significa que
os poderes dados por Deus ao homem são
transferidos ao Estado e o homem é reduzido
progressivamente à escravidão. Mais está em jogo
na posse privada do que propriedade: a liberdade do
homem sob Deus é a questão.
Apêndice 5: O imposto de Deus[9]

O dízimo é um imposto de Deus. Ele é requerido


dos homens por Deus como seu arrendador, pois,
como a Bíblia repetidamente declara: “A terra é do
Senhor” (Êx 9.29; Sl 24.1, etc.). Deus requer o
dízimo como sua taxa, mas não, como Jesus Cristo
declarou, à custa dos “preceitos mais importantes da
Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém,
fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mt. 23.23);
isto é, o dízimo deve andar de mãos dadas com a
moralidade piedosa.
Dessa forma, a premissa básica do dízimo é
que “a terra é do Senhor”, e ele a concede aos
homens em retorno pelo dízimo e a obediência da
fé. Onde os homens e as nações negligenciam o seu
dever para com Deus, o resultado é o julgamento.
Porque “a terra é do Senhor”, ela não pode ser
reivindicada, taxada ou desapropriada pelo Estado.
Tais ações são marcas de um tirano (1Sm 8.11-18).
A história de Nabote e de sua vinha é um caso
clássico da tirania de um Estado e um governo
expropriador.
O dízimo pertence a Deus, não à igreja.
“Também todas as dízimas da terra, tanto dos
cereais do campo como dos frutos das árvores, são
do SENHOR; santas são ao SENHOR” (Lv 27.30). A
igreja não tem nenhum direito de se igualar a Deus.
Quando a igreja é fiel ao seu Senhor, então e
somente então ela tem o direito de receber o dízimo.
Se os homens contribuem com uma igreja que nega
Jesus Cristo, que prega um evangelho social
anticristão, e que proclama outro plano de salvação,
dar o dízimo a essa igreja não é dar um dízimo a
Deus, mas contra ele. Significa participar de um
empreendimento anticristão.
Malaquias declarou que negar a Deus o que
lhe é devido é roubá-lo, e isso resulta em uma
“maldição”, enquanto que entregar a Deus o que lhe
é devido resulta em tão grandes “bênçãos que [as
pessoas] nem terão onde guardá-las” (Ml 3.8-10,
NVI). O que pertence a Deus deve ser entregue a
Deus, para causas religiosas verdadeiramente
piedosas, assim como o que pertence a César, ao
Estado, deve ser entregue a César (Marcos 12.17).
No Antigo Testamento o dízimo se destinava
ao sustento dos sacerdotes e dos levitas. A função
desses homens era mais do que o que chamamos
hoje de religiosa: ela incluía educação e muitas
outras funções sociais, tudo de uma perspectiva
estritamente religiosa. Assim, o dízimo era fornecido
para, dentre outras coisas, a educação religiosa e a
adoração, bem como para as escolas. A função de
ensino dos sacerdotes e dos levitas é frequentemente
citada nas Escrituras.
O propósito do dízimo era dar a Deus o que
lhe era devido, mas também servia para proteger a
propriedade. O dízimo era um testemunho
manifesto de que Deus é o Senhor sobre a
propriedade, e não o Estado, e a propriedade está
sujeita às leis de Deus, não às leis do Estado. A lei
bíblica protege estritamente os direitos de
propriedade. Como H. B. Rand observou em Digest
of the Divine Law:
Em nenhum lugar na Bíblia há qualquer
indicação de que os direitos de
propriedades devem ser abolidos. Pelo
contrário, tais direitos são enfatizados e
proteções são colocadas ao redor dessa
propriedade para proteger um homem em
suas possessões. A liberdade para o
indivíduo não existe à parte da liberdade de
possessão e proteção de bens e
propriedades pessoais, com compensação
adequada para sua perda ou destruição.[10]
Apêndice 6: Os dez
fundamentos
do estatismo
moderno[11]
1. O primeiro dever de todo Estado é proteger o
Estado, não o povo.
2. Outros Estados são inimigos ocasionais; o povo é
o inimigo contínuo.
3. O propósito da tributação é confisco, controle e
redistribuição de riqueza, controle, sustento do
governo civil, e controle.
4. Todos os passos para aumentar o poder do Estado
devem ser feitos em nome do povo, mas o povo
deve ser usado e despojado de liberdade no
processo.
5. Liberdade é perigosa; controle é bom.
6. Liberdade deve ser redefinida; é correto ser
moralmente frouxo e irresponsável, mas a
moralidade cristã é escravidão social.
7. As crianças são propriedade do Estado.
8. As duas grandes fontes de males são a igreja e a
família.
9. O único mundo é o mundo; não existe Deus, céu
ou inferno.
10. Tudo que o Estado administra ou faz é bom, em
qualquer e todas as esferas — educação, guerra,
paz, gastos, e assim por diante. O que é “público”
ou estatista é bom; o que for “privado” é perverso.
Apêndice 7: Um
manifesto cristão[12]
1. Soberania é um atributo de Deus somente, não do
homem, nem do Estado. Deus somente é Senhor ou
Soberano sobre todas as coisas; sobre Estado,
escola, família, vocações, sociedade e tudo o mais.
2. A Bíblia é dada como uma common law [lei
comum] de homens e nações e foi durante muito
tempo na história dos Estados Unidos a common
law, como declarou o juiz Joseph Story.
3. A salvação não se dá por política, educação, a
igreja, ou qualquer agência ou pessoa que não Jesus
Cristo nosso Senhor.
4. O mito de Maquiavel, segundo o qual homens
malignos, por meio do controle estatal, são capazes
de criar uma sociedade boa, está na raiz de nossa
crise cultural e colapso crescente. Um bom omelete
não pode ser feito com ovos estragados. São
necessários homens realmente redimidos para uma
boa sociedade.
5. Governantes civis que governam sem o Senhor e
sua lei-palavra não são, como disse Agostinho,
diferentes da máfia, apenas mais poderosos.
6. O Estado não é o governo, mas uma forma de
governo entre muitos, os outros sendo o
autogoverno do homem cristão, a família, a escola, a
igreja, as vocações e a sociedade. O Estado é
governo civil, um ministro de justiça.
7. O Estado se igualar a governo é tirania e
perversidade.
8. O cristão é o único homem verdadeiramente livre
em todo o mundo, e ele é chamado a exercer
domínio sobre toda a terra.
9. Humanismo é o caminho de morte e a essência
do pecado original, ou o homem tentando ser o seu
próprio Deus.
10. Todos os homens, coisas e instituições devem
servir a Deus, ou serem julgados por ele.

[1] Originalmente publicado pela Coast Federal Savings Free


Enterprise Department na década de 1960.
[2] A Word in Season, vol. 6 (cap. 47).
[3] Embora, em momento algum, as Escrituras afirmam que o
fruto do conhecimento do bem e do mal fosse uma maçã. Nem
essa é a posição de Rushdoony, mas de Steffens; aliás, uma
opinião deveras comum entre incrédulos, desconhecedores das
Escrituras, a despeito de extremamente críticos dela. [N. do T.]
[4] A Word in Season, vol. 6 (cap. 9).
[5] Howard B. Rand, Digest of the Divine Law (Merrican, MA:
Destiny, 1943).
[6] H. B. Clark, Biblical Law, n. 128, segunda edição (Portland,
OR: Binfords and Mort, 1944), p. 25.
[7] A Word in Season, vol. 4 (cap. 7).
[8] A Word in Season, vol. 5 (cap. 7).
[9] California Farmer, v.227, n.7, 7 out. 1967, p. 28.
[10] Howard B. Rand, Digest of the Divine Law (Merrican, MA:
Destiny, 1943).
[11] Chalcedon Report nº 237. Abril de 1985.
[12] Chalcedon Report nº 225. Abril de 1984.

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