Texteis
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Coche de D. Filipe II
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Agradecimentos________________________________________________________________ 4
Introdução_____________________________________________________________________ 4
1. Têxteis______________________________________________________________________ 5
1.1. Tipos de fibras, em especial o veludo e o damasco______________________________5
1.2. Classificação das fibras____________________________________________________ 5
2. Deteriorização têxtil___________________________________________________________ 6
2.1. Principais factores de degradação das fibras___________________________________ 7
2.1.1. Reações foto-químicas______________________________________________ 7
2.1.2. Humidade________________________________________________________ 7
2.1.3. Temperatura e humidade relativa______________________________________ 7
2.1.4. Processos de manufactura e/ou poluentes________________________________ 8
3. Métodos de conservação preventiva_______________________________________________ 8
3.1.1. Luz__________________________________________________________________ 9
3.1.2. Humidade___________________________________________________________ 10
3.1.3. Os poluentes_________________________________________________________ 10
3.2. Questões preventivas do Museu dos Coches_____________________________________ 11
4. Conservação e Restauro_______________________________________________________ 12
5. Caso prático dos têxteis do Coche de D. Filipe II____________________________________13
Conclusão____________________________________________________________________ 15
6. Bibliografia_________________________________________________________________ 15
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“Os Museus, enquanto instituições responsáveis pela salvaguarda do Património têm
por dever assegurar as melhores condições para a preservação dos seus acervos.
Neste pressuposto a preservação e valorização das suas coleções surge como uma
prioridade do trabalho museológico no MNCoches e tem como objectivos principais:
- Beneficiar e valorizar as condições físicas e estéticas de um acervo único,
reconhecido mundialmente, através da acção de uma equipa pluridisplinar de
Conservadores Restauradores – com principal incidências nas seguintes áreas:
Madeiras, cabedais, têxteis, pintura e metais.
- Aprofundar o estudo histórico e material individualizado das diferentes peças
intervencionadas.
- Despoletar a realização de exames complementares de diagnóstico em parceria com
outros especialistas e entidades externas, como:
Laboratório José de Figueiredo, Laboratório Hércules, Universidades diversas.
- Dar visibilidade ao trabalho de conservação quotidiano - imprescindível mas muitas
vezes impercetível, junto dos visitantes nacionais e estrangeiros que diariamente
visitam o Museu.
- Divulgar dos trabalhos realizados através de diversos meios áudio visuais,
promovendo a excelência do trabalho realizado e valorização das coleções”
Rita Dargent
Técnica Superior
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Agradecimentos
A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a ajuda da Dra. Rosinda,
responsável pelos serviços educativos, à Dra. Rita Dargent, responsável pela
conservação preventiva do Museu Nacional dos Coches, que se dispôs amavelmente
para ajudar neste trabalho, apresentando as reservas do Museu e fornecendo
informações e bibliografias; e à Dra. Madalena Serro, responsável pelo restauro e
conservação das peças, que se disponibilizou a encontrar-se comigo para falar do
restauro que fez ao tecido do coche de D. Filipe II, assim como à Dra. Paula Monteiro,
técnica superior de conservação e restauro de têxteis do Laboratório José de
Figueiredo, que nos acompanhou na nossa vista.
Introdução
Para este trabalho aproveitei o facto de ser voluntária do Museu Nacional dos Coches
em Lisboa, para abortar um material que integrasse o coche de D. Filipe II do século
XVI, sendo que este tinha sido restaurado em 2015, altura em que o novo museu abriu.
O material escolhido foram os têxteis: veludos e damascos.
Nesta investigação irei apresentar as carateristicas dos têxteis em geral, as suas
questões de degradação e de preservação. E por último, falarei das questões de
conservação e restauro do caso prático do Coche de D. Filipe II.
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1. Têxteis
Os textéis representam uma das expressões materiais mais pessoais da cultura humana
por transmitir e representar mensagens da identidade coletiva e individual das
culturas e dos artesãoes que os criaram. Criados a partir de fibras, eram no principio
fabricadas com materiais de origem natural. Só a partir do século XIX é que se
começa a experimentar fibras fabricadas artificialmente em laboratório. (Manual de
Conservatión Preventiva de Textiles, 2002, pag.9)
Existem vários tipos de fibras, elas podem ser: naturais (de origem vegetal, como: o
algodão, o linho e o rami, de origem animal: a lã e a seda; e de origem mineral:
Amianto), sintéticas (como o poliéster, poliamida, acrílico) e artificiais (celulósicas:
viscose e modal; e proteicas: lanital).
Veludo cinzelado – Veludo lavrado a partir de uma ou mais teias de lavor, cujo efeitos sãomais
altos do que os efeitos do veludo frisado.
As fibras são polimeros orgânicos constituidos por cadeias moleculares que incluem
elementos na sua composição química que determinam algumas propriedades
carateristicas , como: o diametro, o tamanho, a resistência à tensão, reactividade
quimica, brilho, flexibilidade e absorção. Por consequinte, essas carateristicas vão
influenciar a peça têxtil que vai ter determinada reação com o tratamento que recebe e
do meioambiente onde se encontra.
Também há uma grande quantidade de objectos têxteis que têm outros materiais
agregados, como o couro, as penas, fios de metalicos, entre outros; e is´so tem de ser
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levado em consideração, pois cada um deste componentes tem requisitos especiais de
conservação. (Manual de Conservatión Preventiva de Textiles, 2002, pag.9)
A fibra têxtil é torcida de forma a criar um fio, a única excepção é a seda, onde o fio
se forma de um filamento muito largo, geralmente com minima torção (Pag. 12-
texteis), e portanto mais resistente. Muito usado para situações de cosolidação de um
material têxtil, em caso de restauro.
2. Deteriorização têxtil
A velociadade com que estes processos destroem as fibras depende de factores como
a luz; as variações bruscas ou valores incorretos de temperatura e humidade relativa; a
presença de pragas, como as traças (que preferem materiais proteicos, de origm
animal, como a lã e a seda) e os fungos (que preferem têxteis de origem vegetal, ou
seja, celulosos, como o linho e o algodão); e a presença de poluentes atmosféricos.
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2.1. Principais factores de degradação das fibras
2.1.1. Reações foto-químicas - A luz, sendo uma fonte de energia que gera calor, irá
deteriorar os objectos quando atingir a superfície dos mesmos, alterando a sua
estrutura química através de reacções químicas que são desencadeadas.
A degradação provocada por este factor de deterioração nos bens culturais depende
assim da estrutura molecular do material que os compõem, da quantidade de água e
oxigénio presentes, da temperatura, da presença de contaminantes, do comprimento
de onda da luz, da intensidade e do tempo de exposição à mesma.
2.1.2. Humidade- Existem muitas formas da deterioração da peça têxtil ser causada
pelo fator humidade. Todas as fibras são sensíveis a altas temperaturas. O que
provoca o ressequimento do tecido ,telas quebradiças e descoloração castanha devido
ao rompimenro das cadeias moleculares do polimero. Os efeitos variam dependendo
da fibra. Estas variações provocam stress na fibra, fio ou pano.
As fibras naturais expandem-se quando a humidade é alta e quando contraem perdem
as suas caraterísticas físicas de resistência, elasticidade, entre outras, e, em
consequência, o envelhecimento das fibras.
Se a humidade relativa é muito baixa, os tecidos murcham, ressecam. As fibras não só
encolhem como também perdem a sua elasticidade, flexibilidade e resistência a
tensões. (Manual de Conservatión Preventiva de Textiles, 2002, pag.11)
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(Manual de Conservatión Preventiva de Textiles, 2002, pag.15) Assim, um valor de
100% de H.R. corresponde a um volume de ar saturado de vapor de água, enquanto
que 0% corresponde a um volume de ar totalmente seco.
Porém, o nível da temperatura é menos importante que a sua constante, porque são as
mudanças bruscas que criam o risco de destruição.
“Um bem cultural pode ser susceptível a diferentes poluentes e a sua velocidade de
degradação depende ainda de vários factores, como por exemplo, a concentração de
um ou mais poluentes, a temperatura ou a humidade relativa.”
Borges de Sousa, 2007, Pág, 63
O exercício regular das acções que ajudam a evitar a degradação dos bens culturais é
variável e depende do grau de conhecimento técnico e das consequências das
condições do meio.
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aos factores: clima, situação geográfica e carateristicas do terreno), o acervo, as
actividades desenvolvidas e o público.
Acções como abrir janelas e outras entradas de ar, ou aquecer zonas do edificio,
podem causar desequilibrios prejudiciais ao acervo.
3.1.1. Luz
Como já referenciado, toda a luz é nociva. Por esta razão, é necessário reduzir o
período de exposição dos bens culturais ou mesmo mantê-los na obscuridade total
sempre que possível. Nas reservas, este procedimento é de fácil resolução, eliminando
totalmente a entrada de luz natural e ligando as luzes apenas quando necessário. Em
exposição, pode-se recorrer a sistemas que accionam a luz apenas quando um
visitante entra numa determinada sala ou quando se aproxima de um determinado
objecto, e o sistema de iluminação tem de ser colocado num compartimento próprio,
pela facilitação de substituição de lampadas e filtros. Esta acção nunca deve implicar
a abertura da vitrina.
A luz do sol nunca deve incidir directamente sobre os objectos (a qualquer hora do
dia ou época do ano). Para iluminar objectos muito sensíveis deve-se evitar a todo o
custo a utilização de luz natural. Para objectos menos sensíveis, pode-se recorrer a
esta fonte de luz desde que correctamente controlada e filtrada.
As janelas ou outras entradas de luz devem ter persianas, estores ou cortinas em
pano-cru. Devem ser colocados também filtros de U.V.- estes existem na forma de
vidros laminados ou películas. Alguns filtros têm a capacidade de, não só reduzir a
radiação U.V. em mais de 99%, como simultaneamente reduzir o calor e a
transmissão da luz visível.
As fontes de luz artificial mais usadas nos museus são: lâmpadas de filamento de
tungsténio, tungsténio-halogéneo e fluorescentes. Menos usadas, devido ao fraco
índice de restituição de cores, são as lampadas de alta pressão de sódio ou de
mercúrio.
As lâmpadas com tecnologia de LED de luz branca são outra fonte de luz artificial
que começa gradualmente a ser utilizada em museus. Apresentam algumas vantagens
como: em média, possuirem uma duração entre 10 anos (ligadas 24 horas por dia) e
30 anos (ligadas 10 horas por dia); as emissões de radiação U.V. e I.V. são
extremamente baixas; reduzem consideravelmente o consumo energético, pois são
lâmpadas de muito baixo consumo e reduzem custos de substituição das mesmas e de
serviços de manutenção associados.
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Para minimizar os irreverssiveis efeitos de degradação pela luz, os objectos devem ser
expostos a valores inferiores aos recomendados e não devem ser desnecessariamente
expostos à acção da luz. é ainda possível jogar com a lei da reciprocidade. De acordo
com esta lei pode-se afirmar que 50 lux durante 100 horas causam o mesmo efeito de
degradação que 5000 lux durante 1 hora.
Para monitorizar valores em lux é necessário utilizar um luxímetro, aparelho
normalmente acessível a baixo custo.
No que respeita a valores de U.V., deve-se recorrer a um medidor de U.V. que meça
preferencialmente esta radiação em µW/lm. Este aparelho apresenta normalmente um
custo de aquisição elevado.
Para medir os I.V., basta utilizar um simples termómetro. Medindo o aumento de
temperatura com um termómetro colocado perto do objecto e directamente exposto à
luz, podemos ter a indicação da quantidade de energia de I.V. a que o objecto está
exposto. Podemos também recorrer a aparelhos mais sofisticados e precisos, como os
termómetros de radiação I.V. portáteis, que medem a temperatura de superfície no
objecto.
3.1.2. Humidade
Algumas das medidas para controlar passivamente este factor passa pelo limitar o
número de pessoas num determinado espaço, evitar colocar objectos próximos dos
focos de luz (janelas, portas, zonas de correntes de ar, etc), impedir o aumento da
temperatura provocado, por exemplo, pela entrada de luz solar direta. E através de
outros métodos activos como o uso de humidificadores, ar condicionado, aquecedores
(termostato) ou o controlo de pequenos volumes de ar através de absorventes como
silica gel ou Art Sorb.
3.1.3. Os poluentes
No caso dos poluentes,os tubos colorimétricos podem ser usados para monitorizar
(cada tubo deteta um só tipo de poluente), assim como inspecionar o pó em reservas e
salas expositivas.
O controlo biologico tem como objetivo excluir a presença de organismos nocivos aos
bens culturais.
-Por dificilmente a presença de fungos, bacterias e outros microorganismos ser
evitada, estes não são tratados de forma tão detalhada como outros organismos. Porém,
pode-se criar condições de temperatura e himidade relativa que inibem o seu
desenvolvimento.
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“O plano de controlo integrado de infestaçoes considera os vários factores de
degradação como um todo- factores como a luz, as condiçoes do ambiente, ou a
presença de organismos estão interligados e nao podem ser abordados
isoladamente.”
Borges de Sousa, 2007, pág. 66
Inventariar peças é uma tarefa importante para o museu pois permite registar todas as
peças pertencentes ao acervo do museu.
As peças são sempre marcadas num local acessível e visível, que não interfira com a
leitura formal e estética. Usando em cada um dos compartimentos do sistema de
arquivo deslizante, o número de inventário, a descrição, assim como uma foto da peça,
e o uso de etiquetas “acid free” nas roupas.
A reserva do Museu dos Coches é composita, o que significa que é formada por vários
materiais. E portanto, segundo a Dra. Rita Dargent, tem de haver um compromisso de
um meio termo que não desfavoreça os materiais. Tem de se ter, portanto, atenção as
condições de temperatura e humidade relativa que passa pelos materiais. E por essa
razão, cada sala detém um ar condicionado que regula automáticamente e um
termógrafo.
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Peças como os atavios equestres, têxteis utilizados para cobrir os cavalos, são, pela
sua dimensão, individualizados em gavetas da sua dimensão, não ficando assim,
sujeitas a tensões que provoquem as quebras das fitas.
4. Conservação e Restauro
O desejo de preservar têxteis advém do valor depositado nele; o que justifica o tempo,
a energia e o dinheiro gastos em restauração e conservação: o contexto histórico,
social e político, pela sua beleza intrínseca, pelo seu valor financeiro, estético ou o seu
interesse tecnológico, são justificativas de preservação. Para alguns têxteis a função é
o elemento de maior importância, para outros são as imagens mais significantes que a
construção ou o tecido de suporte. Num têxtil etnográfico ou arqueológico, a fibra, a
tecedura, o pigmento ou corante, poderiam, individualmente, ser o elemento mais
importante. Assim, acima e além destes fatores, a natureza de um têxtil influencia o
tipo e o grau de conservação e restauração possíveil.
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Restauração e conservação: algumas questões para os conservadores, 1994
O restauro do coche de D. Filipe II1(1590 d.C. - 1620 d.C.), a viatura mais antiga da
coleção classificada como interesse nacional, decorreu numa cooperação
interdisciplinar (figura 2), que incidiram
sobre vários materiais: metal, têxteis, couro,
madeira, pintura e douramento.
Financiada pela Fundação Millennium BCP
e coordenada pelo Departamento de
Conservação e Coleções do museu, contou
com o apoio técnico e científico
do Laboratório José de Figueiredo / DGPC
que durou cerca de 6 meses. Durante esse
tempo os visitantes podiam observar “in
Figura 2 loco” o decorrer do trabalho destas
equipas.(figura3)
Os Restauros feitos do têxtil foram executados pela Dra. Madalena Serro com quem
tive o prazer de falar.
Segundo Madalena Serro e Paula Monteiro, técnica superior de conservação e
restauro de têxteis do Laboratório José de Figueiredo, este foi mais uma questão
preventiva, sendo que as intervenções foram executadas tendo em conta o contexto do
coche do século XVI.
Figura 3
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Informação retirada d do site do Museu: http://museudoscoches.pt/pt/museu/noticias/
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Foram postas várias hipoteses de forma a que a intervenção não ocultasse os motivos
desse tecido, como o uso de crepeline- porém por ser mais opaco optou-se pelo uso de
tule, que possibilitava uma melhor leitura dos motivos, e a sua visualização de ambos
lados.
Figura 4
Já o tratamento para os veludos cinzelados foi diferente porque não estavam tão
danificados. Os veludos encontram-se nas almofadas dos acentos, na cobertura do
suporte do tejadilho e nos braços ou trave.
Figura 6
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No enchimento das almofadas dos acentos, Madalena viu diversos materiais como
restos de lã, crina e palha.
Conclusão
6. Bibliografia
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