Tratamento Térmico em Aço Inoxidável Martensítico Aisi 420
Tratamento Térmico em Aço Inoxidável Martensítico Aisi 420
Tratamento Térmico em Aço Inoxidável Martensítico Aisi 420
AISI 420
RESUMO
O aço inoxidável martensítico AISI 420 é uma liga ferrosa de boa resistência mecânica e, por
isso, substituem os aços comuns em muitas das aplicações industriais. São aços magnéticos
endurecíveis por tratamento térmico. Apresentam boa resistência à corrosão atmosférica e se
destacam pelos diversos graus de dureza e resistência mecânica que podem ser obtidos. Outro
aspecto importante é quanto à questão ambiental, pois a energia necessária para produção de
uma peça ou componente em aço inox é praticamente a mesma de uma peça em aço comum,
mas com a vantagem de ter uma vida útil muito maior. Nesse trabalho iremos verificar se o
material em questão pode ter sua microestrutura modificada e sua dureza aumentada após
tratamento térmico em têmpera com temperatura acima de 1000 ºC. O material foi divido em
4 partes sendo realizado têmpera em 3 partes, posteriormente as partes foram esfriadas em
óleo, ar e água, retirando suas durezas após o tratamento térmico, foi feito também análise
metalográfica com auxilio de uma câmera própria para microscópio, concluindo que apesar de
sua estrutura ter modificado a sua dureza não aumentou, uma vez que o material já possuía
martensita e era temperado.
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Acadêmico do Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Rio Verde - UniRV.
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Professor do Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Rio Verde – UniRV - Orientador.
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento sobre aços inoxidáveis são pouco difundidos no país, seja pelo
baixo consumo desse material, ou pela escassa literatura em língua portuguesa disponível. Ao
longo desse trabalho, estudou-se o conceito do aço inox, sua classificação, resistência à
corrosão e as prováveis mudanças estruturais e mecânicas. Os aços inoxidáveis são materiais
considerados novos para o ser humano, pois os primeiros registros a seu respeito têm pouco
mais de 100 anos, enquanto o ferro, por exemplo, já está presente na sociedade há mais de
5000 anos. De qualquer forma já existe grande quantidade de tipos de aços inoxidáveis e um
amplo conhecimento a seu respeito.
O inox sempre foi tratado como um produto ‘nobre’ devido ao seu custo mais
elevado do que os aços carbono. De acordo com Oliveira (1998), isso ocorre pela presença de
elementos muitos caros em sua composição química, tais como Cromo e o Níquel, mas, com
certeza, se a avaliação do custo do equipamento considerar as despesas com prevenção e
correção de danos causados pela corrosão, os aços inoxidáveis se tornam competitivos e
economicamente viáveis. Outro aspecto importante é quanto à questão ambiental, pois a
energia necessária para produção de uma peça ou componente em aço inox é praticamente a
mesma de uma peça em aço comum, mas com a vantagem de ter uma vida útil muito maior.
Ou seja, a energia é gasta uma única vez e tem uma vida mais prolongada.
Por todos esses motivos, o aço inox está presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não
se perceba, por exemplo, quando se senta à mesa, os talheres (garfos, colheres e facas), são
produtos feitos em aço inox. Nos hospitais, consultórios médicos e dentários, o inox também
está presente em tesouras, pinças, agulhas hipodérmicas, bisturis e outros componentes devido
à excelente resistência mecânica e facilidade de higienização e esterilização. O inox também é
muito utilizado nas indústrias: alimentícia, farmacêutica, química e várias outras.
No caso deste estudo, o aço utilizado é o aço inoxidável martensítico AISI 420,
utilizado em lâminas e facas de corte em uma indústria alimentícia de Rio Verde. A faca em
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questão é utilizada para cubar e fatiar presunto, bacon, linguiça calabresa e ovos cozidos.
Esses produtos são cubados com temperatura em torno de 20° C e fatiados em torno de 8° C.
Desta forma, quando se observa com atenção, percebe-se que o inox participa
efetivamente na vida humana e é importante conhecer um pouco sobre ele para o utilizar de
forma correta garantindo seu bom desempenho. Tendo em vista que o aço inoxidável foi
descoberto acidentalmente em 1912 pelo inglês Harry Brearly, não há muita bibliografia que
trate deste material quando comparado aos aços comuns. Assim, este estudo consiste em
buscar novos dados sobre os comportamentos mecânicos do aço inoxidável martensítico AISI
420.
Verificar se o aço inoxidável martensítico da linha AISI 420 pode ter sua
estrutura modificada ao ser submetido à temperatura acima de 1000 ºC e
temperado em seguida;
Verificar se o corpo de prova teve sua estrutura modificada após a realização
da têmpera;
Realizar testes de dureza no corpo de prova antes e após a o tratamento
térmico, para verificar as alterações em suas propriedades mecânicas; e
Fazer análise metalográfica para verificar se houve mudança estrutural do
material.
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De acordo com Farenza (2008), em alguns meios, em que o inox é exposto, pode
haver a corrosão. Hoje existem aços inoxidáveis capazes de resistir à maioria das situações
das indústrias. Diz a história que os aços inoxidáveis foram descobertos por acaso em 1912
pelo inglês Harry Brearly que estudava uma liga Fe-Cr (13%). Quando ele tentava fazer
algumas observações metalográficas, verificou que a liga fabricada resistia à maior parte dos
reagentes que se utilizavam na época em metalográfia. Foi Brearly mesmo que deu o nome à
liga, chamando-a de Stainless Steel, que traduzindo quer dizer “aço que não mancha”. Em
1913 na Alemanha, Eduard Maurer, que estudava uma liga Fe-Cr que continha além dos
elementos da liga de Brearly cerca de 8% de Ni, observou que a liga resistiu vários meses a
vapores agressivos do laboratório no qual trabalhava.
Hoje se sabe que os aços descobertos por eles eram os conhecidos AISI 420
(martensítico) e o AISI 302 (austenítico) respectivamente. Segundo Padilha (1994), era um
pouco difícil de compreender na época que, aquecendo-se duas ligas a altas temperaturas
(1000° C) e resfriando-as rapidamente, obtinham-se duas ligas completamente diferente, uma
com alta dureza (AISI 420) e outra com ótima ductilidade (AISI 302). De 1913 para cá, os
aços inoxidáveis muito evoluíram, principalmente em função da indústria petrolífera, da
aeronáutica, até mesmo devido à segunda guerra mundial.
de cada um desses elementos. Os aços de baixo teor de carbono, por exemplo, se solidificam
com uma estrutura cúbica de corpo centrada (CCC), chamada de ferríta δ. Durante o seu
resfriamento, entre 1500° C e 1390° C, dependendo do percentual de carbono, a estrutura
cúbica de corpo centrada se transforma em cúbica de face centrada (CFC), chamada austeníta,
que permanece estável até cerca de 911 °C, quando então volta a ser cúbica de corpo centrada
(CCC), chamada ferríta α, permanecendo estável até a temperatura ambiente. A FIGURA 1
mostra o esquema da estrutura (CCC) e (CFC) respectivamente.
Na sequência são mostrados alguns elementos de liga usados nos aços inoxidáveis.
Fernandes (2010) explica que, as influências dos elementos de liga no aço inoxidável
dependem principalmente destes materiais para se ter um inox completamente puro.
microestrutura é composta de uma matriz ferrítica com carbonetos tipo M23C6. É importante
salientar que apesar do diagrama pseudobinário informar os campos de estabilidade de fases e
os pontos de transformações, não é possível obter a fração das fases em equilíbrio ou sua
composição, sendo para isto necessária a utilização de seções isotérmicas ou isobáricas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
a) Corpo de Prova – utilizou-se neste trabalho uma lâmina para corte industrial de
aço inoxidável martensítico AISI 420, utilizada em uma empresa da cidade de
Rio Verde – GO, como mostra FIGURA 4.
e) Reagente ácido para ataque químico – Como reagente foi utilizada uma
solução de água régia, indicada para ataque em aços inoxidáveis.
2.2 Metodologia
UniRV – Universidade de Rio Verde, para que houvesse a austenitização do aço e, a seguir,
foi feito um resfriamento em óleo, água e ar, para temperar as amostra. Também foi cortada
uma amostra que foi deixada sem tratamento térmico para servir como controle do material
original.
A seguir foi feita a análise metalográfica para que fosse possível avaliar as possíveis
alterações na sua microestrutura. Para essa análise, foram seguidas as seguintes etapas:
O corpo de prova foi submetido a uma lixadeira manual com lixas d’água de
granulometrias diferentes (120, 220, 320, 400, 600 e 1200), até que desaparecessem os traços
deixados pela lixa anterior.
Para realizar o ataque químico o corpo de prova ficou imerso em água régia, com o
objetivo de evidenciar a estrutura interna através do microscópio metalográfico. Após o
ataque químico, a amostra foi limpa com álcool e seca com jato de ar quente com a ajuda de
um secador de cabelo.
Nesse trabalho foi utilizado um microscópio e uma máquina fotográfica própria para
essa finalidade.
c) Análise de Dureza
Os corpos de prova foram lixados levemente com lixa de granulação 120, para retirar
a camada de óxido metálico de sua superfície e evitar que os resultados de dureza fossem
mascarados por esta camada de óxido. Após o lixamento realizou-se o ensaio de dureza na
escala Rockwell A. Foram realizados três ensaios para se retirar um valor médio das durezas.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
a) Os ensaios foram realizados em três pontos distintos de cada corpo de prova e foi tirada a
média para cada corpo de prova, como se mostra na TABELA 1.
Esses resultados mostram que, apesar do aço inoxidável martensítico ser temperável,
os tratamentos térmicos não alteraram a dureza das amostras, provavelmente isso ocorreu
porque a estrutura inicial já estava temperada e, dessa forma, a única alteração percebida foi a
da peça resfriada ao ar onde houve uma leve diminuição da dureza, provavelmente pela
redução da quantidade de martensita que pode ter sido substituída por perlita fina.
4 CONCLUSÃO
ABSTRACT
The martensitic stainless steel AISI 420 is a ferrous alloy of good mechanical strength and
therefore replace steel in many common industrial applications. Magnetic steels are
hardenable by thermal treatment. Have good resistance to atmospheric corrosion and are
distinguished by different degrees of hardness and mechanical strength can be obtained.
Another important aspect is how the environmental issue, because the energy required to
produce a part or component in stainless steel is practically the same as a piece of ordinary
steel, but with the advantage of having a much longer life. In this work we will check whether
the material in question may have modified their microstructure and their increased hardness
after heat treatment with quenching above 1000 ° C. The material temperature was divided
into 4 parts being performed tempering in 3 parts, then the parts were cooled in oil, air and
water, removing their hardness after heat treatment, was also made analysis metallographic
with the aid of a camera itself microscope, concluding that despite its structure has changed
its hardness did not increase due to the material already had martensite and it was tempered.
REFERÊNCIAS
CHIAVERINNI, V., Aços e ferros fundidos. 7º ed. São Paulo, ABM, 2002. 599p.
MESQUITA, Eduardo Luiz Alves e RUGANI, Léo Lucas. Estampagem dos aços
inoxidáveis. Apostila da empresa Acesita S.A. associada ausinor, 1997.
PORTO, João Paulo Sarmento. Aços Inoxidáveis Planos. Eng. Metalúrgico, M. Sc, 2000.