Psicologia Escolar Pesquisa e Intervenção PDF
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CONSELHO EDITORIAL
PSICOLOGIA ESCOLAR:
PESQUISA E INTERVENÇÃO
ISSN 0104-1037
Em Aberto, Brasília, v. 23, n. 83, p. 1-181, mar. 2010.
© Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
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Português Aline Ferreira de Souza | aline.souza@inep.gov.br
Antonio Bezerra Filho | antonio.bezerra@inep.gov.br
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Josiane Cristina da Costa Silva | josiane.costa@inep.gov.br
Roshni Mariana de Mateus | roshni.mateus@inep.gov.br
Tânia Maria Castro | tania.castro@inep.gov.br
Inglês Alessandro Borges Tatagiba | alessandro.tatagiba@inep.gov.br
Em Aberto online
enfoque
Qual é a questão?
pontos de vista
O que pensam outros especialistas?
bibliografia comentada
focus
What’s the point?
points of view
What other experts think about it?
Annotated bibliography
Resumo 17
A história da Psicologia no Brasil é bem recente: seu reconhecimento como
área de conhecimento e prática profissional data de 1962. Entretanto, os primórdios
da ciência psicológica no nosso país são encontrados entre o final do século 19 e o
início do século 20, em teses concluídas por médicos, na Bahia e no Rio de Janeiro,
e em disciplinas nos cursos de formação de professores. Os marcos históricos da
Psicologia anunciam sua presença próxima à Educação muito tempo antes de ela se
distinguir como área científica no cenário nacional. Uma das manifestações da relação
de trabalho e produção científica entre a Psicologia e a Educação é concretizada pela
Psicologia Escolar. Desde a década de 1960, o psicólogo escolar caracterizou-se por
diferentes perfis profissionais: inicialmente, ele se responsabilizava pelo atendimento
individual a alunos encaminhados com queixas escolares de diversas ordens, com
o intuito de adaptá-los às normas e condutas escolares, “tratando-os” por meio
de estratégias “psicologizantes” baseadas no modelo médico de atendimento;
nos últimos 20 anos, após questionamento a essa forma de atuação, a área vem
construindo uma postura mais crítica e comprometida com as demandas sociais
contextualizadas coletivamente no locus dos espaços educativos. Nessa perspectiva
contemporânea, muitas são as contribuições da Psicologia Escolar nos espaços de
articulação e ação entre a Psicologia e a Educação.
Introdução
22 vêm desenvolvendo suas pesquisas na direção de consolidar a área como fértil espaço
de estudo, de produção de conhecimento, de atuação e formação profissional; para os
pesquisadores, a produção científica acumulada nas últimas décadas é preponderante
indicador da qualidade da área, reafirmando sua identidade como campo científico
autônomo (Azevedo, Aguiar, 2001; Bettoi, Simão, 2000; Del Prette, 2001, 1999;
Guzzo, 2001, 1999, 1996, 1993; Meira, 2000; Wechsler, 1996; Witter, C. 1996;
Witter, G. P., Witter, C., Buriti, 2007; Witter, G. et al., 1992).
Desde os trabalhos publicados no I Congresso Nacional de Psicologia Escolar,
os relatos de pesquisa e investigação científicas têm priorizado as temáticas ligadas à
identidade profissional, formação e atuação, originando novas formas de compreensão
para os clássicos desafios próprios ao contexto escolar.
A pesquisa realizada por Carla Witter (1996) analisou a produção nacional
e estrangeira da área no período de 1990 a 1994, expressa em nove periódicos
(três nacionais e seis internacionais) e em dois anais de congressos (um nacional e
outro estrangeiro). Os resultados indicaram que a produção da Psicologia Escolar
concentra-se em aspectos como processos psicológicos, disciplinas acadêmicas,
aprendizagem geral e problemas de aprendizagem. Um dado importante apontado
nesse levantamento foi que a atuação profissional já era escolhida como um dos
temas mais estudados pelos pesquisadores.
Outra iniciativa de sistematização da produção científica da área foi realizada
por Neves et al. (2002), na pesquisa que analisou as modalidades de comunicações
publicadas nos anais dos congressos nacionais de Psicologia Escolar e Educacional,
Entretanto, apesar dessa tendência mais ampliada quanto aos focos de atuação
e contextos de intervenção, a pesquisa salienta que havia pouca contribuição em
relação às formulações teórico-metodológicas que oferecessem suporte consistente
à prática profissional.
Em decorrência disso, as autoras chamavam a atenção para a necessidade de
construção de uma produção teórica mais sólida e sistematizada na área, no sentido
de permitir, tanto aos psicólogos em formação quanto àqueles em exercício, a re-
significação da prática profissional apoiada em teorias e abordagens psicológicas
pautadas em concepções relacionais e perspectivas socioistóricas (Neves et al.,
2002). Os dados revelados pela pesquisa também apontaram que, apesar da grande
23
ênfase em atuações mais interativas e contextualizadas às exigências do cotidiano
pedagógico, o cenário da formação do psicólogo escolar não tem fornecido o suporte
necessário à sustentação dessas formas de atuação.
Além dos congressos nacionais de Psicologia Escolar e Educacional da
Abrapee, há um fórum expressivo para a articulação entre a pesquisa e a prática
profissional, que é o Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão. Santos et
al. (2003) pesquisaram a produção científica em Psicologia Escolar e Educacional
veiculada no I Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão, ocorrido em
2002, mediante estudo realizado em duas partes: a primeira focalizou todos os
painéis apresentados (304 painéis da área Escolar/Educação) e a segunda, os
resumos disponíveis no site do congresso e aos quais os autores puderam ter acesso
(199 resumos). Alguns temas recorrentes foram: educação especial, formação
do educador, educação infantil, ensino médio e superior, orientação profissional,
prevenção, educação informal.
A modalidade relatos de pesquisa teve um número bastante expressivo
de ocorrências, comparada às outras categorias, especialmente a de relatos de
experiência, embora um dos objetivos do congresso fosse o de aproximar profissionais
em atuação e acadêmicos, usualmente os responsáveis pelos relatos de pesquisa. Os
resultados mostraram a produção significativa de pesquisas em Psicologia Escolar,
consolidando sua identidade em um campo científico autônomo e produtor de
28 os contextos educacionais.
Tais redes profissionais favorecem, muitas vezes, indefinições de papéis e
de espaços de atuação, evidenciados por tarefas sobrepostas e encaminhamentos
desarticulados, decorrentes do trabalho com equipes multiprofissionais compostas
por orientadores educacionais, coordenadores pedagógicos, professores, gestores
ou outros profissionais. É importante que, nessas circunstâncias, o psicólogo escolar
exercite o encontro com a especificidade de sua identidade profissional; para tal, as
alternativas de formação continuada, assessoria em serviço e educação permanente
apresentam-se enquanto estratégias privilegiadas para essa instrumentalização.
Para Guzzo (2001), é necessário pensar em uma formação continuada, para
além da graduação, que se reverta, concomitantemente, em oportunidade de
investimento pessoal e preparação profissional, considerando o desenvolvimento
de competências para a compreensão do sistema educacional em suas dimensões
político-sociais.
Assim, os desafios contemporâneos da intervenção psicológica em contextos
educativos, ancorados em uma perspectiva de atuação institucional, coletiva e
relacional, exigem práticas, saberes e conhecimentos coadunados à especificidade
da ciência psicológica de tal forma que contribuam para a visibilidade da identidade
profissional do psicólogo escolar. É imperiosa a urgência na mobilização de diversos
recursos de ordem pessoal, técnica e ética para a construção de competências teórico-
metodológicas, operacionais, gerenciais, socioafetivas, estéticas e interpessoais que
balizem a intervenção profissional dialeticamente concebida a partir dos processos de
MALUF, M. R. O psicólogo escolar: uma prática em questão. In: DEL PRETTE, Zilda
Aparecida Pereira (Org.). Psicologia Escolar e Educacional, saúde e qualidade de
vida: explorando fronteiras. Campinas: Alínea, 2001.
35
Resumo 39
Trata-se de um artigo teórico cujo objetivo é apresentar, de forma sintetizada,
o amplo leque de possibilidades de atuação do psicólogo na instituição escolar.
Mostra a gradual evolução das formas de atuação dos psicólogos no País, em função
da emergência de novas concepções teórico-epistemológicas e da sensibilização
crescente dos psicólogos com as complexas demandas da educação brasileira.
Evidencia as possibilidades de trabalho desses profissionais não apenas na dimensão
psicoeducativa da instituição escolar, mas também na sua dimensão psicossocial.
Complementando a descrição das formas de atuação do psicólogo, as quais são
categorizadas em dois grandes grupos – tradicionais e emergentes –, discute o
vínculo do trabalho do psicólogo escolar com o trabalho dos outros profissionais da
escola, destacando a necessidade do trabalho em equipe.
Introdução
Essa tem sido uma das mais tradicionais funções do psicólogo na instituição
escolar, devido ao viés significativamente clínico que dominou a Psicologia por muitos
anos. Na representação social das funções do psicólogo, essa constitui, sem dúvidas,
uma das formas de maior destaque.
No entanto, a própria concepção de avaliação e diagnóstico das dificuldades
escolares vai variando. A consideração da avaliação e do diagnóstico como um
momento específico, realizado à margem da situação real em que as dificuldades
escolares se expressam, centrado no aluno e feito por um profissional isolado a
partir, fundamentalmente, de testes de forte conotação quantitativa ou clínica,
vem transformando-se em uma concepção na qual a avaliação e o diagnóstico se
configuram como processos nos quais se consideram os espaços sociorrelacionais
onde as dificuldades escolares se revelam, no marco de um trabalho em equipe no
qual o professor tem um importante papel.
44 para gerar sentidos subjetivos que “reforçam” a dificuldade inicial e que podem,
inclusive, criar dificuldades adicionais.
1
Assumimos a Teoria da Subjetividade que Fernando González Rey (1999, p. 108) tem desenvolvido a
partir de uma perspectiva histórico-cultural na qual a subjetividade se conceitua como “a organização dos
processos de sentido e significado que aparecem e se organizam de diferentes formas e em diferentes níveis
no sujeito e na personalidade, assim como nos diferentes espaços sociais em que o sujeito atua”.
Como é possível apreciar, a maior parte das ações que temos denominado
como formas de atuação “emergentes” estão vinculadas à dimensão psicossocial da
instituição escolar, expressão de uma concepção mais ampla das possibilidades de
atuação do psicólogo nesse contexto.
53
Vale enfatizar que as chamadas funções “emergentes” coexistem e se articulam
com as formas de atuação que tradicionalmente têm caracterizado as ações do
psicólogo no contexto escolar, aspecto que resulta positivo, se considerarmos as
mudanças qualitativas que se operam nelas e sua significação para o trabalho
educativo que, como um todo, se realiza na escola.
Resumo 57
O objetivo do presente artigo é apresentar alguns instrumentos que estão
sendo desenvolvidos no nosso meio e que podem facilitar a tarefa do profissional
de psicologia escolar educacional na sua atuação em instituições infantis. Para
tanto, serão apresentados os resultados referentes a três estudos: 1) a avaliação da
instituição infantil feita pelas crianças; 2) a escala de envolvimento dos professores; e
3) a entrevista lúdica como indicadora de quadros de estresse infantil em ambientes
pré-escolares. Contudo, é ingênuo pensar que a existência por si só de alguns
instrumentos pode consolidar uma prática competente, o que não ocorre, pois cabe ao
psicólogo escolar a apropriação e a atualização contínua de profundos conhecimentos
teóricos e metodológicos que possam sustentar a sua prática, contribuindo para uma
educação infantil de qualidade, aqui considerada como capaz de propiciar o adequado
desenvolvimento da criança sob os seus cuidados, cumprindo um importante papel
na constituição de um ser humano solidário, flexível, respeitoso com as diferenças
e apto a conviver em uma sociedade plural.
This paper aims to present some tools under development that may
facilitate the work and performance of the educational psychologists in children’s
institutions. For this reason, it will present results regarding three studies: 1) the
evaluation of the institution assessed by the own children, 2) the scale of the teacher
involvement, and 3) the role play interview as an indicator of child’s stress in pre-
school environments. It is naive, however, to think that the existence of only a few
instruments per se can build a competent praxis. It does not happen because, besides
to keep updated on it, the school psychologist is supposed to absorb deep theoretical
and methodological knowledge in order to support his own practice. In doing so,
it may enhance the quality of early childhood education, which can bring about an
appropriate development of children under their care. Therefore, it will fulfill an
important role in the development of a supportive and flexible human being, able
to respect differences and to live in a plural society.
58
Introdução
1
Trabalho originalmente publicado por Vectore, Alvarenga e Gomide Júnior (2006).
64 liberdade que o adulto concede à criança para experimentar, emitir juízos, escolher
atividades e expressar ideias e opiniões – é considerada.
A qualidade da interação adulto-criança constitui a tônica do Programa de
Intervenção Mediacional para um Educador mais Sensível (Misc), que se baseia na
possibilidade de se aguçar a capacidade da criança pequena para aprender, com
ênfase no planejamento, na avaliação de ações e no confronto com a realidade. Um
ponto chave do programa é a ênfase nas potencialidades e nas possibilidades dos
indivíduos, as quais, se devidamente identificadas, podem propiciar uma atuação
eficaz, no sentido de atuarem na zona de desenvolvimento próximo do mediado,
fomentando o seu desenvolvimento.
O Programa Misc tem sido adaptado ao contexto brasileiro por Vectore,
Maimone e Costa (2003, 2008), por meio de pesquisas que visam ao conhecimento
detalhado do padrão mediacional dos envolvidos e ao desenvolvimento de recursos
mediacionais – games, narrativas e outros –, de modo a disponibilizá-los como
alternativas a possíveis intervenções psicoeducacionais. Acredita-se que tais
instrumentos possam ser utilizados por psicólogos escolares atuantes em instituições
infantis e em programas de formação continuada de professores, os quais vêm
obtendo realce no âmbito das políticas públicas para a educação na infância.
É oportuno enfatizar que se trata de mais um instrumento ou ferramenta
disponível para o psicólogo escolar, contudo deve-se sempre não perder de vista a
importância de um profundo conhecimento do contexto no qual tal profissional se
insere, de modo a se avaliar a pertinência ou não de tais recursos. Como o próprio
Atender aos cinco critérios citados implica atingir uma mediação adequada.
Klein e Rye (2004), em estudo desenvolvido com mães de tribos da Etiópia,
em que os princípios básicos do Programa Misc foram implementados, observaram
que, mesmo após seis anos da intervenção, as mudanças significativas na qualidade
das interações da mãe ainda persistiam, com efeitos positivos nas crianças no que
respeita ao seu desenvolvimento cognitivo e socioemocional.
A partir do estudo de Vectore (2003), Vectore, Gomide Júnior e Alvarenga
(2006) elaboraram e validaram a Escala de Avaliação da Mediação de Educadores
Infantis, que consiste em um instrumento capaz de avaliar os comportamentos
Considerações finais
68 envolvem o trabalho com crianças pequenas, cujas alterações rápidas nesse estágio
de vida devem ser devidamente cuidadas por educadores competentes e atendidos
em programas de formação contínua.
Outro aspecto a ser mencionado refere-se à satisfação ou à insatisfação dos
pais em relação às expectativas e aos serviços prestados pela instituição aos seus
filhos. Muitas vezes, tal aspecto não é devidamente explicitado, em virtude de sua
natureza subjetiva e que acaba por envolver desde a culpa, por deixarem os filhos
entregue aos cuidados de outros, até exigências de uma aprendizagem cada vez
mais acelerada, notadamente em relação à alfabetização que, na visão dos pais, se
constitui num produto e não em um processo paulatinamente construído. Assim,
os instrumentos apresentados podem nortear a prática de tais profissionais, no
sentido de ampliar as suas possibilidades de atuação e garantir maiores espaços e
abrangências ao seu trabalho.
Desse modo, entrevistar as crianças ludicamente pode auxiliar o profissional
a conhecer os aspectos da rotina institucional, do ponto de vista da criança. Tal
conhecimento pode ser utilizado para uma melhor adequação das atividades oferecidas
pelas instituições infantis. Nesse sentido, menciona-se a importância da organização
de espaços, da formação de educadores e do trabalho com as famílias, de maneira
a contemplar aspectos que poderiam ser desconsiderados, haja vista a cultura
adultocêntrica que ainda permeia o cotidiano de instituições dedicadas à infância.
Em especial, a entrevista lúdica pode auxiliar o profissional na investigação
de aspectos, às vezes, presentes no âmbito dessas instituições, propiciadores de
69
Referências bibliográficas
ALDRIDGE, M.; WOOD, J. Interviewing children: a guide for child care and
forensic practitioners. London: Wiley, 1998.
GRAUE, M. E.; WALSH, D. J. Children in context: interpreting the here and now
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Acesso em: 21 abr. 2008.
MOSS, P. What is your image of the early childhood centre? In: CONGRESSO EM
ESTUDOS DA CRIANÇA, 2008, Braga, Portugal. Anais do I Congresso...: infâncias
possíveis, mundos reais. 2008. Disponível em: <http://ciec.iec.uminho.pt>.
Acesso em: 21 abr 2008.
72
Resumo 73
A prática do psicólogo escolar na Educação Especial foi analisada considerando
os resultados de pesquisas sobre os processos de intervenção nas redes de serviço
de Educação Especial identificadas no conjunto de produções acadêmicas registradas
no site da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) de 1994 a 2007. Para a seleção dos itens no banco de dados foi utilizada a
palavra-chave Psicologia Escolar relacionada com Educação Especial, contabilizando-
se 49 documentos com essa temática (35 dissertações e 14 teses). As respostas
produzidas no interior da academia indicam que a inserção do psicólogo escolar
tem se ampliado para além da prática de diagnosticar as deficiências, exigindo uma
outra versão de educação e uma prática que venham colaborar para a transformação
da cultura escolar, envolvendo os docentes, os alunos, os familiares, os diretores e
outros profissionais da instituição.
Introdução
74
Este artigo tem como principal objetivo apresentar as discussões que
resultaram das pesquisas sobre os processos de intervenção nas redes de serviço de
Educação Especial. Para esse fim, analisamos um conjunto de produções acadêmicas
registradas no site da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) de 1994 a 2007, por agregar trabalhos que foram publicados
como artigos em periódicos científicos, capítulos de livros e livros, como também
aqueles que, embora não publicados, trouxeram algumas contribuições sobre a
temática em referência.
Esse recorte histórico decorreu das manifestações de caráter oficial, sob as
formas de declarações, leis, decretos e políticas que foram sendo promulgadas na
perspectiva da inclusão, tanto em âmbito mundial quanto nacional. Desde então, a
Educação Especial tem se constituído em um dos campos de trabalho dos psicólogos
e vem ampliando-se gradativamente. Não é raro encontrar psicólogos atuando
em creches, escolas e outras instituições especiais, Secretarias de Educação e de
Saúde, entre outros locais que se ocupam de viabilizar a educação de pessoas que
apresentam algum tipo de necessidade educacional especial em decorrência de uma
alteração de natureza orgânica, psíquica e social que justifique a sua inserção nessa
modalidade de educação.
Embora tenham ocorrido debates entre os pesquisadores da Educação Especial
sobre os fins aos quais ela se destina, as Diretrizes Nacionais para Educação Especial
na Educação Básica compreendem-na como modalidade da educação escolar, como
Resultados e discussões
1
Acessamos a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações nos meses de agosto a setembro de 2007 e de janeiro a fevereiro
de 2008. Por terem sido incluídas as dissertações e teses defendidas até dezembro de 2007, o período considerado para
a consulta no site foi de janeiro a fevereiro de 2008.
Nos últimos dez anos, segundo os registros da Capes, houve expansão dos
programas de pós-graduação stricto sensu em todo o Brasil. No entanto, ainda é
o Estado de São Paulo que detém a maioria das produções acadêmicas na área de
Psicologia Escolar (Tabela 2).
A preocupação com a temática não está restrita aos programas de pós-
graduação na área de Psicologia. Destacam-se os programas da área de Educação, o
77
que pode ser justificado pela vinculação histórica quanto à consolidação da Psicologia
como ciência aplicada no Brasil, como, por exemplo, a existência de laboratórios
agregados às Escolas Normais (Magistério). No entanto, não se pode negar a iniciativa
de outros programas em outros Estados e regiões do País, como Sergipe e Rio Grande
do Sul. A Região Centro-Oeste, mais precisamente o Distrito Federal, apresentou
17,65% das produções, sendo que a maioria está concentrada na Universidade de
Brasília (UnB). Esses trabalhos foram produzidos, em sua maioria, no interior dos
programas de Educação e Psicologia, com a finalidade de oferecer visibilidade às
diferentes formas de atuação.
Quanto ao conteúdo das pesquisas, investigamos as modalidades em que
se enquadravam e optamos por caracterizá-las em dois tipos: pesquisa de campo
ou empírica e documental ou manuscrito teórico. De posse dessas informações,
analisamos as versões sobre a Psicologia Escolar no âmbito da Educação Especial e
suas inserções nesse campo.
Denominamos de pesquisa documental ou manuscrito teórico aquela que se
refere à análise teórica e documental sobre o campo de atuação do psicólogo escolar
no âmbito da Educação Especial e pesquisa de campo ou empírica, aquela que se
debruça sobre o cotidiano do psicólogo escolar na Educação Especial. A pesquisa
empírica foi predominante, com 95,83% do total das produções, em comparação
com a documental, que corresponde a apenas 4,17%.
Distúrbios do desenvolvimento
– Universidade Presbiteriana – – 6 17,14 6 11,76
Mackenzie
Educação – USP
1 6,25 3 8,57 4 7,84
(Faculdade de Educação)
Ciências do Comportamento
- - 1 2,86 1 1,96
– UNB
Psicologia – UCB – – 1 2,86 1 1,96
78 Psicologia do Desenvolvimento
Humano – UFU
1 2,86 1 1,96
Educação em Ciências e
– – 1 2,86 1 1,96
Matemática – PUC-RS
Distúrbios da Comunicação
– – 1 2,86 1 1,96
Humana – HRAC (Bauru, SP)
80 por Costa (2007), Balduino (2006), Prioste (2006) e Tannous (2005). Além disso, elas
alertaram sobre a dificuldade do estabelecimento de vínculos entre professores e
alunos, intensificada tanto pela precariedade das condições de trabalho quanto pelas
crenças e estereotipias sobre as crianças com deficiência. A precariedade do trabalho
docente foi abordada por Böck (2004), que realizou sua pesquisa em uma instituição
especial com os professores e identificou que as suas condições de trabalho poderiam
gerar sofrimento e, consequentemente, doenças. Diante disso, a autora ressaltou a
necessidade de se oferecer suporte psicológico a esses profissionais.
Hoelfelmann (2003), ao pesquisar a formação continuada em dois grupos
de professores que atuavam na educação de pessoas com necessidades educativas
especiais, salientou que a dinâmica se mostrou eficaz, pois permitiu aos participantes
novas ressignificações de práticas pedagógicas mais comprometidas com as
possibilidades de aprendizagem de todos os alunos. Polônia (2005) chamou a atenção
para a necessidade de trabalhar em parceria com a família, já que essa prática
favorece a elaboração de estratégias de aprimoramento e de modelos de colaboração,
com implicações bem-sucedidas no processo acadêmico do aluno.
A ênfase dada às incapacidades de aprendizagem de pessoas com deficiência
foi evidente nos trabalhos até aqui apresentados, merecendo a atenção, inclusive, dos
estudos da avaliação realizada no contexto escolar ou em outros contextos. A temática
avaliação foi pesquisada pelas teses de Mól (2007), Avoglia (2006), Anache (1997),
Manzoli (1994), Machado (1996) e pelas dissertações de Sant’Anna (2007), Pereira
(2006) e Mattos (1994), perfazendo um total de 21% do conjunto das produções.
Considerações finais
ARAUJO, Gláucia M. G. Implicações do perfil e das concepções dos pedagogos que atuam
em equipes multidisciplinares da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal,
nos atendimentos às queixas escolares. 2006. Dissertação (Mestrado em Psicologia) –
Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, 2006.
ARAÚJO, Maria das Graças. Opinião de psicólogos sobre o seu preparo profissional para
90 atender às necessidades básicas das crianças com deficiência mental. 2006. Dissertação
(Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe (UFSe), 2006.
EMÍLIO, S. A. O cotidiano escolar pelo avesso: sobre laços amarras e nós no processo de
inclusão. 2004. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano) –
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, 2004.
Resumo 95
A ideia de que a Psicologia da Educação e Escolar está voltada com exclusividade
para a educação infantil, para o ensino fundamental e o médio é generalizada não
apenas no Brasil. Neste trabalho, são analisados e criticados artigos já publicados
e que tratam da pesquisa e da intervenção do profissional psicólogo no âmbito da
educação superior, extraindo daí, e de um olhar sobre as demandas dos setores
juvenis que nele ingressam, ideias para a oxigenação e para a reorientação das
práticas do campo psi. A entrada de estudantes de origem popular nas universidades
brasileiras, via políticas de ações afirmativas, vem definitivamente exigir que políticas
públicas apresentem respostas que resultem em suporte efetivo a todos os que
ingressam nessas instituições, especialmente nos anos letivos iniciais. Pensamos que
a proposição dessas políticas e sua execução solicitam o olhar do profissional psicólogo
interessado não apenas em resultados acadêmicos, mas em propiciar convivência de
qualidade aos recém-ingressos no seio da comunidade universitária.
Introdução
1
O Programa de Ação Afirmativa da UFBA estrutura-se em quatro eixos: Preparação: ações voltadas para a melhoria
da qualidade do ensino público fundamental e médio; Ingresso: isenção de taxa de inscrição, ampliação de vagas em
cursos de graduação e sistema de cotas; Permanência: revisão da grade de horários com a abertura de cursos noturnos,
implantação de tutoria e acompanhamento acadêmico, ampliação dos programas de apoio ao estudante na forma de
bolsas de estudo, bolsas-residência e auxílio alimentação; Pós-permanência: fomento à conclusão dos cursos e preparação
para o mercado de trabalho. (Almeida Filho et al., 2005).
2
Há um texto, de 2007, criado na UFBA por alunos bolsistas do Programa Conexões de Saberes, mantido pela
Secad/MEC, chamado “Estudante de Tipo Novo”, no qual, de forma bem humorada, os estudantes descrevem suas
difíceis condições para continuar seus estudos tendo sido admitidos pelo Programa de Ações Afirmativas, além de
criticar a discriminação que sofrem por parte de colegas e funcionários.
Mas ainda há muito que ser conquistado, principalmente em relação à pesquisa científica, há
profissionais que desenvolvem suas atividades em situações escolares afastados do campo
científico e há os profissionais envolvidos com pesquisas científicas, atuando e produzindo
conhecimentos em universidades. (Del Prette, 1999, apud Oliveira et al., 2005, p. 285).
3
“Chamamos de repertório interpretativo o conjunto de termos, conceitos, lugares-comuns e figuras de linguagem
utilizados para falar de um fenômeno específico. Sendo produções culturais e estando inscritos nos textos, imagens e
lugares de memória que constituem o imaginário social, os repertórios são melhor compreendidos quando abordados
no tempo longo da história” (Spink, 2001, p. 1278).
4
Chamo de “currículo itinerância” o tipo de percurso acadêmico em que o aluno pode escolher, segundo seus interesses,
a maior parte dos componentes curriculares disponibilizados.
5
Para uma compreensão da abordagem multirreferencial em ciências da educação, ver Ardoino (2000), Barbosa (1998),
Martins (2003) e Bagnato, Renovato e Bassinelo (2007).
6
Quando faço essa afirmação, refiro-me, especificamente, à realidade urbana onde atuo, a cidade de Salvador, no
Estado da Bahia.
7
Ver discussão crítica sobre a noção de risco em Spink (2001) e em Popkewitz e Lindblad (2001).
Então, nada mudou? Eu digo que sim, mudamos, temos nos habituado a criticar
nossas próprias formas de inserção e intervenção; aí está toda uma produção científica,
calcada em experiências de campo, que confirma essa tendência. Mas é bem possível
que o apontado acima, acerca da distância entre a pesquisa e a intervenção, não
possibilite que experiências inovadoras, oriundas da prática, sintam-se autorizadas
a divulgar seus resultados, bem como reflexões de cunho crítico e emancipador,
resultado de trabalhos realizados por psicólogos envolvidos com a docência e a pesquisa,
consigam acessar o campo concreto das práticas e com elas dialoguem.
Ainda que tenhamos avançado, resta-nos muito a fazer para que abandonemos
de uma vez o restritivo e autoritário modelo medicalizado que impregna desde sempre
nossa atuação. Não temos mais as mesmas escolas e a população que as frequenta, em
qualquer nível de ensino, pertence a muitas “tribos” e apresenta diferentes formas de
relação com o saber, com a política e com a vida comunitária. Precisamos escutar mais e
pensar que talvez seja o caso de perguntar aos nossos potenciais usuários, os estudantes
universitários, de que tipo de atividades e suporte eles necessitam para progredir com
sucesso na vida acadêmica e pessoal, estando em completa disponibilidade para arcar
com suas respostas. Algumas delas podem ser incômodas ou nos parecer, inicialmente,
descabidas. Desse modo, acredito que apenas um processo de negociação, de interlocução
interessada, pode nos fazer caminhar para essa outra margem que inaugura novos
formatos, novas concepções de atenção à saúde integral dos jovens que chegam ao
ambiente universitário, para, assim, viver um momento peculiar de suas vidas em que
muitas tarefas vitais se entrecruzam. Diz Castro (2004, p. 280): 103
Os jovens, porque jovens, têm o direito a tratamento diferencial para que possam
melhor equacionar educação/lazer-esporte/formar-se/iniciação sexual sem reprodução
de estereótipos/exercer um pensamento/ação crítico-criativa que colabore em avanços
civilizatórios [...]. (grifo da autora).
8
Aqui o conceito de ambiente, a partir das considerações de Tuan (1965), é tomado de maneira vasta, significando
as condições sob as quais qualquer organismo vive e se desenvolve ou a soma total de influências que interagem e
modificam o desenvolvimento da vida, compondo-se tanto de elementos da natureza quanto culturais.
9
É importante lembrar que, quando falamos de jovens universitários, ainda falamos de uma fatia quase inexpressiva
do ponto de vista quantitativo, no Brasil. No Nordeste, para exemplificar, apenas 4,7% dos jovens entre 15 a 24 anos
frequentam o ensino superior (Ipea, 2006).
Referências bibliográficas
RIBEIRO, J. A universidade e a vida atual: Fellini não via filmes. Rio de Janeiro:
Campus, 2003.
Sônia Maria Rocha Sampaio, doutora em Educação pela Universidade Federal 105
da Bahia (UFBA) e pós-doutora em Ciências da Educação pela Université Paris 8, é
professora associada II do Instituto de Psicologia da UFBA, Coordenadora de Ações
Afirmativas, Educação e Diversidade da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil da
UFBA e Assessora Especial do Gabinete do Reitor.
sonia.sampaio@terra.com.br
Resumo 107
O bullying envolve todas as atitudes agressivas, intencionais e repetitivas –
adotadas por uma ou mais pessoas contra outra – que acontecem sem motivação
evidente, causando dor e angústia. Quando executado na escola, resulta em
comprometimento da aprendizagem, da vontade de estudar e de todo o ambiente
educativo. Um questionário com perguntas fechadas foi aplicado a 107 educadores,
em 14 escolas particulares de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, e as respostas
receberam tratamento estatístico no programa Statistic Package for the Social Sciences
(SPSS). Os dados mostram que 83% dos entrevistados já ouviram falar em bullying e
a necessidade de intervenção foi relatada por 97,03% dos entrevistados, dos quais
73,27% já foram chamados por alunos ou funcionários da escola para remediarem
situações dessa ordem. Sugere-se a intensificação de estudos relacionados ao
assunto e o desenvolvimento de ações e programas que envolvam a comunidade
escolar (educadores, pais, alunos, funcionários), em parceria com o Conselho Tutelar
e demais órgãos ligados à proteção da criança e do adolescente.
108
Bullying: a trama dos conceitos
Em pesquisa realizada com escolares no início dos anos 2000, Fante (2003)
expõe que aproximadamente 63% dos alunos do ensino médio relataram ter sofrido
intimidações pelo menos uma vez, e 25% afirmaram ter sofrido bullying, caracterizado
pela repetição de maus-tratos por parte, principalmente, de colegas da escola. A
autora ainda relata que 66% dos estudantes entrevistados declararam já ter agredido
algum colega, pelo menos uma vez, inclusive com agressão relacionada ao sexo,
como contar piadas pornográficas ou coerção sexual.
As observações e discussões sobre o comportamento de alunos e professores,
realizadas por Nogueira (2007), resultaram na identificação de três tipos de atores
envolvidos no bullying: o espectador, a vítima e o agressor. O primeiro é aquele
que presencia as situações de violência e não interfere, ou porque tem medo de
também ser atingido, ou porque sente prazer com o sofrimento da vítima. Segundo
Silva (2006), o medo de reagir, aliado à dúvida sobre o que fazer, cria um clima de
1
Disponível em: <http://www.observatoriodainfancia.com.br/>. Acesso em: 03 dez. 2008.
112
“Se ele emagrecesse, não seria tão visado.”
“Ela fez a própria fama, agora só tem que deitar na cama.”
“Se ela não desse bola, eles parariam.”
“Concentre-se no seu trabalho, não deixe que eles lhe afetem.”
ser gorda demais, magra demais, usar óculos, trabalhar bem, andar de cadeira de rodas,
usar a roupa inadequada, ser passiva ou independente demais, ter a cor, a origem étnica,
o sexo, a religião, a origem socioeconômica ou a orientação diferente, gostar do chefe,
ser simpático, ser quieto, etc. (Middelton-Moz, Zawadski, 2007, p. 21).
114
O bullying e os educadores
O ensino é uma profissão paradoxal. De todos os trabalhos que são ou aspiram a ser
profissões, só do ensino se espera que crie as habilidades humanas e as capacidades
que permitirão aos indivíduos e às organizações sobreviver e ter êxito na sociedade do
conhecimento de hoje. Dos professores, mais do que de qualquer outro profissional,
espera-se que construam comunidades de aprendizagem, criem a sociedade do
A pesquisa
Norte 9 3
Sul 13 4
Leste 17 6
Oeste 3 1
21 a 30 76,67 23,33
31 a 40 82,61 17,39
41 a 50 92,86 7,14
6 a 10 76,0 24,0
11 a 15 86,4 13,6
16 a 20 100,0 0,0
21 a 25 80,0 20,0
26 a 30 75,0 25,0
um dos fenômenos mais preocupantes para aqueles que se ocupam dos jovens é o
aumento do comportamento agressivo entre os adolescentes, que se verifica desde
as séries iniciais da escola, por meio de comportamentos que revelam intolerância e
impulsividade, que se espalham gradualmente até ciclos escolares mais avançados.
122 dos responsáveis pelos casos de violência e bullying na escola não é fato isolado
na prática pedagógica brasileira, refletindo a busca por soluções imediatas para os
problemas que surgem no seu interior.
Fante e Pedra (2008, p. 109) exploram o assunto do fracasso escolar quando
dizem que “nossa atenção se volta às vítimas e nossa indignação aos agressores”
e atentam para o fato de que, mais do que culpar ou vitimizar os envolvidos, é
imprescindível que aconteçam ações de conscientização, revisão do plano pedagógico
ou programa de paz nas escolas, envolvendo todos os atores escolares.
Também se procurou conhecer o que fazem os educadores quando algum
aluno solicita ajuda, depois de relatar ter sido vítima de violência, como apelidos
e xingamentos, marcas fortes do bullying. Quase metade dos entrevistados, 48%,
afirmou que conversa com os alunos envolvidos, e 28,8% disseram conversar com
os diretamente envolvidos na violência e, também, com a turma destes. Encaminhar
o ocorrido para a direção ou a coordenação fica em terceiro lugar, com apenas 16%
das respostas, denotando a necessidade de os educadores interferirem diretamente
quando há um problema com os alunos.
Novamente, percebe-se o profissional da educação propondo-se a solucionar
problemas em que os alunos estão envolvidos, embora entendendo que eles devem
ser devidamente penalizados pelo acontecido. Correia e Campos (2000) tratam dessa
perspectiva, que chamam de individualizante, a qual leva em conta, principalmente,
os alunos apontados como “problemáticos”. Esses alunos – considerados lentos,
agressivos ou distraídos – seriam o impedimento para que os educadores pudessem
124 mesmo que ele os relate e denuncie. Esse é um fator de profunda decepção desses
profissionais em relação ao seu trabalho, podendo contribuir para a desistência
precoce de suas atividades pedagógicas.
A situação é agravada pela desinformação dos educadores e pela desestruturação
da maioria das instituições educativas para desenvolver uma formação em serviço.
No presente estudo, 57,28% dos educadores afirmaram não ter recebido qualquer
informação ou treinamento sobre o assunto pelas instituições escolares nas quais
trabalham, enquanto apenas 18,26% deles disseram ter recebido capacitação
sobre o bullying nesses mesmos locais. No entendimento de Fante e Pedra (2008),
o desconhecimento dos educadores em relação ao bullying torna difícil atribuir a
esses profissionais a responsabilidade de identificação, prevenção e remediação do
problema. É necessária a criação de políticas públicas que proporcionem à escola o
conhecimento desse tipo de problema e as devidas ferramentas de enfrentamento.
Para que as informações cheguem até os profissionais, é importante a oportunização
de espaços de discussão sobre a violência nas escolas, em especial o bullying, em que
alternativas de resolução de problemas sejam colocadas, inclusive o encaminhamento
para outras instituições, ou outros profissionais, dos casos identificados como
impossíveis de serem resolvidos no interior da escola.
A despeito desse quadro difícil, contudo, 84,47% dos educadores disseram
acreditar que a escola é um local adequado para a prevenção de comportamentos
violentos; 27,48% deles responderam que seria importante oferecer aos alunos
palestras e informações sobre os comportamentos indesejados, bem como
Referências bibliográficas
CANDAU, V. M. F. Por uma cultura da paz. São Paulo, 1998. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos>. Acesso em: 26 out. 2007.
FANTE, Cléo; PEDRA, José Augusto. Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
126 FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. 4. ed. São Paulo: Cortez,
1995/2000.
PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma escola sem violência: estudo e prevenção das
práticas agressivas entre crianças. Porto: Dinalivro, Audil, 2002.
SOUZA, E. et al. Bullying: como lidar com nossas crianças e adolescentes? 2007.
Disponível em: <http://www. graphein.com.br>.Acesso em: 12 jan. 2007.
128
Resumo 129
Nas últimas décadas, a Psicologia reviu-se enquanto ciência e buscou novos
rumos, visando construir concepções críticas da atuação profissional no campo da
Educação, conforme significativo número de autores da Psicologia Escolar revela.
Essas reformulações ocorreram no bojo de mudanças significativas no campo político
educacional brasileiro. Nesse cenário, novas questões se fizeram presentes na área
educacional, impulsionadas pelos avanços oriundos da expansão de um sistema de
pós-graduação que, por sua vez, vem permitindo a consolidação de um conjunto de
pesquisas no Brasil e a sua repercussão no campo da elaboração de políticas públicas.
A atuação do psicólogo escolar precisará, portanto, considerar: o compromisso com
a luta por uma escola democrática e com qualidade social; a ruptura epistemológica
relativa à visão adaptacionista de Psicologia; e a construção de uma práxis psicológica
diante da queixa escolar, visando ao conhecimento das políticas públicas educacionais
e às suas repercussões na vida diária escolar.
In the last decades, the Psychology was reviewed as a science while it looked for
new directions. As a significant number of authors of the School Psychology reveals,
it attempted to build critical conceptions of its own professional performance in the
field of the Education. It happened in the core of remarkable changes in Brazilian
educational policies. In this scenery, new subjects in Education arose, pushed by
the advances in the graduate school system. In its turn, it allowed the consolidation
of a group of researches in Brazil that influenced public policies’ works. The school
psychologist’s performance will need to consider their commitment for the sake
of a democratic school, the epistemological rupture with a conservative view in
Psychology, and the construction of a school psychological praxis to deal with school
complaints, while they are aiming to know educational public policies and their
repercussions in the school daily life.
Embora não seja o objetivo deste texto aprofundar-se nas questões que se
apresentam no âmbito educacional brasileiro, será necessário considerá-las, pois
constituem o cenário fundamental a partir do qual a Psicologia no campo da Educação
134 sido possível à medida que a Psicologia, mais especificamente a Psicologia Escolar,
passou a ser questionada em seus princípios epistemológicos e em suas finalidades.
Tal discussão é introduzida no Brasil com a tese de doutorado de Maria Helena Souza
Patto, defendida em 1981 e publicada em livro com o título Psicologia e ideologia:
uma introdução crítica à Psicologia Escolar. Neste trabalho, Patto (1984) desnuda
as principais filiações teóricas das práticas psicológicas levadas a efeito na escola,
os métodos que os psicólogos vinham empregando e que centravam na criança a
causa dos problemas escolares e a forma restrita como a Psicologia interpretava
os fenômenos educacionais. A autora discute a serviço de quê e de quem estaria
a Psicologia Escolar e a prática psicológica a ela vinculada. Conclui que a atuação
profissional do psicólogo na Educação caminhava pouco a serviço da melhoria da
qualidade da escola e dos benefícios que esta escola deveria propiciar a todos, em
especial, às crianças oriundas das classes populares.
Iniciava-se, portanto, na trajetória da Psicologia Escolar, um conjunto de
questionamentos a respeito do seu papel social, dos pressupostos que a norteavam,
suas finalidades em relação à escola e àqueles que dela participavam. Esses
questionamentos – o papel do psicólogo, a sua identidade profissional e o lugar da
Psicologia enquanto ciência, numa sociedade de classes – se fortaleceram com vários
trabalhos de pesquisa que passaram a se fazer presentes na década de 1980.
1
No endereço http://www.inep.gov.br/basica/saeb/anresc.htm é possível encontrar os dados nacionais sobre a
Prova Brasil.
2
As discussões apresentadas a seguir encontram-se em Souza (2006).
3
Entre os primeiros trabalhos de pesquisa sobre as temáticas das políticas públicas do Estado de São Paulo estavam:
Cunha (1988;) Souza, D. T. R. (1991), Souza, M. P. R. (1991), Cruz (1994) e Serroni (1997).
140 a escola difunde institucionalmente? Essa é uma das realidades mais cruéis das
políticas públicas vigentes: a escola, deliberadamente, abre mão do papel de socializar
os conteúdos, o saber socialmente acumulado em detrimento de transformar-se
apenas em um espaço de socialização, na melhor das hipóteses e, em sua maior parte,
de disciplinamento e de manutenção do status quo. De fato, garantem-se apenas o
acesso e a permanência, sem, contudo, garantir-se o acesso ao conhecimento e a
uma permanência que de fato restitua ao aluno os conhecimentos que ele necessita
para uma formação integral, conforme previsto na LDBEN de 1996.
A hegemonia do discurso econômico para justificar mudanças políticas faz,
muitas vezes, com que os educadores questionem frontalmente determinadas
decisões políticas. Grande parte da chamada “resistência” de professores quanto às
políticas está por verificarem no seu dia a dia o quanto se está deixando de investir na
escola, na formação de alunos e professores de fato, na infraestrutura dos prédios e na
contratação de funcionários que dariam o apoio logístico ao trabalho pedagógico. Se,
em outros momentos da História da Educação, o discurso oficial tem se aproximado
da lógica do sistema de produção de bens, com o tecnicismo vemos atualmente a
aproximação à lógica empresarial, de prestação de serviços, por meio do conceito de
“qualidade total”, presente desde os anos 1980, e de racionalização de custos. Os
documentos oficiais mostram inúmeros gráficos, mencionando alunos e professores
enquanto “elementos de despesa”. Os gastos com Educação não são computados na
ordem do investimento em futuros cidadãos, em futuros trabalhadores, indivíduos
conhecedores de direitos e de deveres sociais. A lógica neoliberal impera na Educação,
142 em documentos oficiais. Consideramos que são olhares diferentes para o mesmo
fenômeno e que poderão se complementar, mas não são idênticos ou sequer partem
do mesmo objeto de estudo.
Considero, ainda, que uma importante contribuição para a questão das
políticas públicas centra-se no âmbito da formação de psicólogos e na formação de
professores. Com relação à formação de psicólogos, Martínez (2007) apresenta uma
série de sugestões e reflexões, a partir de três teses sobre a formação de psicólogos
em políticas públicas. A primeira tese é a de que a formação inicial do psicólogo
precisa ter como foco sua formação como sujeito do conhecimento, devendo ser
desenvolvidos alguns elementos fundamentais para tanto, a saber, “intencionalidade,
autonomia, capacidade de reflexão, capacidade de tomar decisões, produção criativa
e personalizada” (p. 124). A segunda tese refere-se ao fato de que a formação
inicial deve estar direcionada ao desenvolvimento do que essa autora denomina
de “representações abrangentes da complexidade do funcionamento psicológico
humano, tanto na dimensão social quanto na individual” (p. 125). E, por fim, a
terceira tese refere-se à formação continuada, defendida como responsabilidade do
psicólogo e, como sua principal forma de expressão, o autodidatismo. Nesse texto, a
autora ressalta a importância do estágio supervisionado enquanto lugar institucional
de contato com a realidade educacional e de desenvolvimento de um olhar crítico.
Quanto à formação de professores, considero que os desafios, até este
momento, são maiores, pois, no que tange à formação inicial, a reformulação das
diretrizes curriculares, bem como do conjunto de disciplinas, precisam ainda ser
Ressaltamos, por fim, que a Psicologia Escolar vem inserindo cada vez mais
a questão das políticas públicas em sua pauta de pesquisa, formação inicial e
Referências bibliográficas
149
Resumo 151
Transformações nas concepções e nas práticas dos psicólogos vêm sendo
observadas no Brasil. Elas ganharam corpo depois de intensas discussões sobre a
formação do psicólogo e a assinatura de Diretrizes Curriculares Nacionais para os
Cursos de Graduação em Psicologia, aprovadas em 2004. Este texto mostra os avanços
que podem ser percebidos no documento em questão, visto que propõe uma formação
mais adequada às necessidades de nossa realidade e que, por meio da escolha de
ênfases, as instituições preparam psicólogos para desenvolverem intervenções em
locais e em áreas específicas, com a consequente ampliação e diversificação de
atuações. Defende-se que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
deve ser o alvo da formação; que a pesquisa esteja presente em todas as etapas do
curso; que seja resgatada sempre que possível nas atividades práticas e teóricas
desenvolvidas; e que a extensão seja vista como parte integrante de um processo
de formação e construção profissional contínuos.
Introdução
1
É importante notar que o vocábulo practitioner, utilizado para definir o modelo de formação à qual
será submetido o futuro profissional, é traduzido por “aquele que desempenha uma profissão liberal,
especialmente o médico” (Dicionário Michaelis, 1995, p. 259).
2
Denominam-se generalistas os cursos que optam por fornecer ao estudante bases teórico-metodológicas
de todas as vertentes em Psicologia e de todas as possíveis áreas de atuação para que, posteriormente,
ele se especialize em uma delas.
3
Nome dado às antigas escolas de ensino médio que formavam professores para o ensino
fundamental.
156 elaboradas por comissões de especialistas em ensino nas diferentes áreas, contendo
competências e habilidades profissionais a serem desenvolvidas nos graduandos,
em substituição ao rol de disciplinas que ainda compunham grande parte dos cursos
de Psicologia.4
As discussões sobre a formação do psicólogo, com as contribuições de
inúmeras sociedades científicas e profissionais atuantes, foram acirradas depois
de constituída a Comissão de Especialistas em Ensino de Psicologia, no âmbito da
Secretaria de Ensino Superior (SESu), por meio da Portaria Ministerial nº 151, de 22
de agosto de 1996 (Bernardes, 2004, p. 121). Essa Comissão apresentou, em 9 de
dezembro de 1999, uma proposta de diretrizes curriculares para o curso de Psicologia
e também um projeto de resolução para regulamentá-las (MEC. SESu. Comissão...,
1999), mas, somente em 2004, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos
de Graduação em Psicologia foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação
(Brasil. CNE/CES, 2004). Elas propõem que a formação do psicólogo seja organizada
em um núcleo comum, pelo qual todas as instituições de ensino superior devem
garantir o domínio de conteúdos básicos e necessários à atuação na área, e em
ênfases curriculares, pelas quais as instituições delinearão um projeto pedagógico
que contemple suas especificidades e adapte os cursos às realidades socioeconômicas
e geográficas em que se encontram inseridos. Desse modo, pelo núcleo comum,
as instituições devem garantir que o aluno desenvolva competências básicas para
4
Todos os procedimentos legais criados e implementados a partir daí estão detalhados em Maluf et al.
(2003).
a) [...]
b) analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e
organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais;
c) identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar
projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características
da população-alvo;
A título de conclusão
Referências bibliográficas
ALBEE, G. W. The Boulder model’s fatal flaw. American Psychologist, New York,
v. 55, n. 2, p. 247-248, Feb. 2000.
Alacir Villa Valle Cruces, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo
165
(USP), é professora de Cursos de Graduação em Psicologia e Pedagogia do Centro
Universitário de Santo André (UniA).
alacircruces@gmail.com
170 daqueles comprometidos com a melhoria da Educação em nosso país: o seu papel
político e o sentido ético de sua prática.
COSTA, Adinete Sousa da. Psicólogo na escola: avaliação do projeto “Vôo da Águia”.
2005. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, 2005.
GUZZO, Raquel Souza Lobo (Org.). Psicologia Escolar: LDB e educação hoje. 2. ed.
Campinas, SP: Alínea, 2002.
174 Educação Infantil (CEINFs) de Campo Grande. O estágio teve como objetivos: o
conhecimento e a análise do espaço institucional de educação infantil, o reconhecimento
da especificidade da atuação psicológica e o planejamento da intervenção. A prática
de estágio foi desenvolvida por meio de visitas semanais às instituições e supervisão
semanal de 4h/aula. O relato aponta, principalmente, a presença de comportamentos
cristalizados quanto ao papel do psicólogo escolar, assim como os principais desafios
que se apresentam no caminho rumo a um atendimento educacional consistente e
coerente para a criança de 0 a 6 anos de idade em creches e pré-escolas.
176 para o aprimoramento da formação dos psicólogos que trabalham nos contextos
educativos. Na quarta parte – O compromisso social e a formação do psicólogo
escolar – discutem-se as implicações que o compromisso social do psicólogo tem para
a pós-graduação. A leitura dessa obra proporciona um mergulho em reflexões que
apontam para o compromisso dos psicólogos escolares com os processos educativos
e, também, com uma sociedade mais justa.
NEVES, Marisa Maria Brito Justa et al. Formação e atuação em Psicologia Escolar:
análise das modalidades de comunicações nos congressos nacionais de Psicologia
Escolar e Educacional. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 22, n. 2, p. 2-11,
2002. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php/script_sci_serial/
177
pid_1414-9893/lng_pt/nrm_iso>.
NEVES, Marisa Maria Brito Justa; MARINHO-ARAUJO, Claisy Maria. A questão das
dificuldades de aprendizagem e o atendimento psicológico às queixas escolares.
Aletheia, Canoas, n. 24, p. 161-170, 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.
org.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_1413-0394/lng_pt/nrm_iso>.
PRATI, Regina Cheli. O fazer do psicólogo escolar: uma escuta em educação. 2005.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,
Campo Grande, 2005. 179
Para revelar a essência do fazer do psicólogo escolar a partir de uma escuta
fenomenológica das suas ações no contexto da escola, foram entrevistados seis
psicólogos que trabalham em escolas particulares da cidade de Campo Grande, Estado
do Mato Grosso do Sul. Os depoimentos foram obtidos mediante as perguntas: “O
que você faz na escola? Para quê?”. Na primeira parte do estudo, discutiram-se as
determinações históricas, econômicas e sociais da inserção do psicólogo na escola
e a universalização da educação escolarizada a partir do século 19. Na segunda,
apresentaram-se as relações entre a Psicologia e a Educação no Brasil e as atribuições
do psicólogo na escola, de acordo com diferentes autores. Na terceira, detalharam-se
os procedimentos metodológicos adotados. Na quarta parte, apresentou-se a essência
do fazer do psicólogo na escola a partir de duas categorias principais: o trabalho com
o aluno e o trabalho com o professor.
180 para a escola, como cultura de experiência, e o que é exigido na escola. Certas práticas,
como a experiência da imobilidade, do silêncio, de uma postura adequada são postas
em relevo, numa tentativa de compreender o sentido da sua sobrevivência no cotidiano
escolar. Os comportamentos considerados como incompatíveis com a sala de aula foram
analisados como resultantes da cultura de origem dos alunos. Concluiu-se que, sendo
o uso do tempo e do espaço na escola dimensões importantes para se compreender
essa instituição, faz-se necessária uma reestruturação do que se pensa atualmente
sobre a própria compreensão de infância e de Educação, em termos do ensino.
SANTOS, Anabela Almeida Costa. Cadernos e outros registros escolares da primeira etapa
do ensino fundamental: um olhar da Psicologia Escolar Crítica. 2008. Tese (Doutorado em
Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano) – Universidade de São Paulo, 2008.
SANTOS, Leandro Alves Rodrigues dos. Psicanálise: uma inspira-ação para a Psicologia
Escolar? 2003. Dissertação (Mestrado em Psicologia Escolar e Desenvolvimento
Humano) – Universidade de São Paulo, 2003.
183