Padre Manuel Gonçalves
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Padre Manuel Gonçalves
Trajecto de vida
vigararia era uma presença constante nas reuniões e outras actividades do clero.
Presença muito activa, sem interferência na responsabilidade dos outros, mas
questionando muitas vezes e disponibilizando-se sempre para colaborar.
Normalmente ouvia e no fim fazia uma síntese e levantava questões, que nos
projectavam para a vida com maior interesse e atenção. Como dizia o P. José
Nuno, “os assuntos ficavam sempre de pé.”
Encontrou nesta zona um pequeno grupo da LOC. Reunia-se em
S.Bartolomeu de Fontiscos com elementos de diversas paróquias. Foi-lhe pedido
que os assistisse; o que ele fez de imediato. O grupo renovou de entusiasmo
e os seus membros foram trazendo outros que se haviam afastado. Cresceu
ao ponto de ser necessário desmembrá-lo. Foram assim surgindo novos grupos,
precisamente nas paróquias que tinham aí algum elemento. Em menos de uma
década eram seis grupos de base: Fontiscos, Burgães, S. Miguel do Couto,
Rebordões, S. Mamede de Negrelos e Guimarei. Foi um tempo de renovada
esperança para esta gente que se formou na escola da LOC e que tinha nela
o seu sentido de participação activa na Igreja e a fonte de inspiração e alimento
do seu compromisso no mundo. A multiplicação dos grupos levou à criação dos
coordenadores, que escolhidos em cada grupo base, reuniam com o P. Manuel
para a sua formação e promoção de actividades conjuntas. Entre estas estão as
festas do Natal e da Páscoa, em que se encontravam todos os militantes, bem
como amigos ou familiares, por eles convidados.
Devo ainda referir o meu testemunho, como pároco dele nos últimos onze
anos de vida. O P. Manuel era uma pessoa universalmente aceite e muito querida,
embora muitas vezes fosse uma presença que questionava e, nesse sentido,
incómoda porque não deixava ninguém indiferente, mas interpelava sempre.
Nada e ninguém lhe era indiferente. Lutou por causas sociais, buscava por
direitos que as pessoas tinham, desconhecendo-o, e esteve na origem e
condução de uma das muitas Associações da freguesia (Associação de Solidarie-
dade Humanitária de Monte Córdova) que muito lhe deve não apenas nos bens
e condições materiais que possui mas sobretudo no espírito que a fez nascer
e que ainda, apesar das dificuldades, a mantém com vitalidade. Próximo das
pessoas e das famílias, abeirava-se de todos, dando-me muitas vezes conheci-
mento de algumas que deveriam merecer mais atenção. Se nenhum profeta é
bem recebido na sua terra, como diz o Senhor, o P. Manuel foi uma honrosa
excepção, embora, como antes se disse, a sua presença causava por vezes
incómodo, porque interpelava.
A nível da paróquia sempre me ajudou, começando por profeticamente
me preparar para aceitar ser pároco da mesma, quando ela estava ainda servida
de pastor. Disse-me que as dificuldades não eram mais que aparências e que
podia sempre contar com ele. De facto assim foi. Não era preciso pedir-lhe nada
porque se antecipava sempre para ajudar no que fosse necessário. Recordo,
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P. Manuel Torres