Direito e Políticas Públicas Nos 30 Anos Da CF v1
Direito e Políticas Públicas Nos 30 Anos Da CF v1
Direito e Políticas Públicas Nos 30 Anos Da CF v1
DIREITO E POLÍTICAS
PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA
CONSTITUIÇÃO:
EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS NA PROMOÇÃO E
TUTELA DOS DIREITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
1
ESA/OAB-GO e PPGDP-UFG
Coordenadores:
Rafael Lara Martins
Saulo Pinto Coelho
Copyright© 2018 by Saulo de Oliveira Pinto Coelho, Ricardo Spindola Diniz,
& Alexandre Walmott Borges
Editor Responsável: Aline Gostinski
Capa e Diagramação: Carla Botto de Barros
ISBN: 978-85-9477-198-8
CDU:342
É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto às características gráficas e/
ou editoriais.
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Todos os direitos desta edição reservados à Tirant Empório do Direito Editoral Ltda.
DIREITO E POLÍTICAS
PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA
CONSTITUIÇÃO:
EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS NA PROMOÇÃO E
TUTELA DOS DIREITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS
1
ESA/OAB-GO e PPGDP-UFG
Coordenadores:
Rafael Lara Martins
Saulo Pinto Coelho
SUMÁRIO
1 Para uma articulação desses autores no que diz respeito à compreensão do direito como
experiência, veja-se o artigo Valor e atualidade da busca por um conceito crítico-reflexivo
e histórico-especulativo para o Direito, de Saulo Pinto Coelho. (2010, p. 98-115)
2 Em Modelos jurídicos e função atualizadora da hermenêutica em Miguel Reale: a dialé-
tica da experiência de concreção do Direito (COELHO, 2017) é possível acessar detalha-
mentos acerca da dinâmica da experiência jurídica à qual nos referimos.
8 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
Coordenadores da Coleção
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
REFERÊNCIAS
BERCOVICI, Gilberto. Constituição Econômica e Desenvolvimento: Uma leitura a partir
da Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 2005.
BUCCI, Maria Paula Dallari. Fundamentos para uma Teoria Jurídica das Políticas Públi-
cas. São Paulo: Saraiva, 2013.
BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito de políticas públicas em direito. In: BUCCI,
Maria Paula Dallari (org.) Políticas Públicas: Reflexões sobre o Conceito Jurídico. São Paulo:
Saraiva, 2006, p. 1-50.
CASTANHEIRA NEVES, António. A instituição dos “assentos” e a função jurídica dos
Supremos Tribunais. Coimbra: Coimbra Editora, 2014.
COUTINHO, Diogo. O Direito nas Políticas Públicas. In: MARQUES; FARIA (orgs.)
Política Pública como Campo Disciplinar. São Paulo: UNESP, 2013.
COMPARATO, Fábio Konder. Ensaio sobre o juízo de constitucionalidade de políticas
públicas. Revista de Informação Legislativa, v. 138, p. 39-48, 1998.
FARAH, Marta Ferreira Santos. Administração pública e políticas públicas. Revista de
Administração Pública, v. 45, n. 3, p. 813-836, 2011.
GRAU, Eros. O Estado, a liberdade e o direito administrativo. Revista da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, v. 97, p. 255-256, 2002.
SORDI, Bernardo. Révolution, Rechtsstaat, and the Rule of Law: historical reflections
on the emergence of administrative law in Europe. In: ACKERMAN; LINDSETH (eds.)
Comparative Administrative Law. Northampton: Edward Elgar Publishing, 2011.
OSZLAK, Oscar. Políticas Públicas e Regimes Políticos. Revista de Administração Pública,
v. 16, n. 1, p. 17-60, 1982.
APRESENTAÇÃO DOS COORDENADORES E
ORGANIZADORES
ORGANIZADORES
Saulo de Oliveira Pinto Coelho
Professor efetivo da Universidade Federal de Goiás (UFG),
onde atualmente é Vice-Diretor da Faculdade de Direito (FD-UFG),
bem como Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito
e Políticas Públicas (PPGDP-UFG). Possui doutorado, mestrado e
graduação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Realizou Pós-Doutorado como bolsista CAPES, na área de Teoria do
Direito, junto à Universitat de Barcelona - Espanha. Foi Chefe do
Departamento de Formação Jurídica Básica e Complementar da FD-
UFG, bem como Coordenador de Pesquisa da FD-UFG. Também é
professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos
Humanos da UFG. Atua como pesquisador e professor visitante da
Unversitat de Barcelona.
Claudiney Rocha
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito e Po-
líticas Públicas (PPGDP) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Procurador do estado de Goiás. Graduado em Direito pela Univer-
sidade Federal de Goiás (2007). Tem experiência na área de Direito,
com ênfase em Direito Constitucional, em Direito Administrativo e
em Direito Processual Civil.
Robert Bonifácio
Professor de Ciência Política da Universidade Federal de Goiás
(UFG). Coordenador do curso de graduação em Ciências Sociais (ha-
bilitação políticas públicas) e docente permanente dos programas de
Pós Graduação em Ciência Política (PPGCP) e em Direito e Políticas
Públicas (PPGDP).
Tancredo Silva
Mestrando em Direito e Políticas Públicas pela Universidade
Federal de Goiás (UFG), com início em agosto de 2017. Possui
graduação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2009).
Pós-graduado em Direito Constitucional pela Universidade Federal
de Goiás (2012). Atualmente é assistente administrativo da Univer-
sidade Federal de Goiás trabalhando na Coordenação de Processos
Administrativos (CDPA) e advogado inscrito na Ordem dos Ad-
vogados do Brasil – Seção Goiás. Membro da Comissão de Direito
Constitucional da OAB-GO.
PREFÁCIO
1. INTRODUÇÃO
Uma das principais maneiras de os governos intervirem na rea-
lidade, a fim de proporem resoluções para problemas existentes ou de
refinarem as ações governamentais em voga, é a partir da promoção
de políticas públicas. Logo, as políticas públicas têm sempre um ca-
ráter transgressor do status quo, que terá maior ou menor magnitude
dependendo das ambições políticas dos governos e da demanda da
sociedade, bem como da qualidade das políticas empreendidas.
Especialmente a partir dos anos 1990, uma parte componen-
te do que se convencionou chamar de “ciclo de políticas públicas”
passou a despertar um maior interesse dos acadêmicos e dos atores
governamentais no Brasil. Trata-se da avaliação de políticas públicas,
que é útil para verificar o quanto uma política pública cumpre suas
1 Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor
adjunto da Universidade Federal de Goiás (UFG), coordenador do curso de graduação em
ciências sociais, habilitação políticas públicas, e professor permanente nos Programas de Pós-
-Graduação em Ciência Política (PPGCP) e em Direito e Políticas Públicas (PPGDP).
2 Mestrando em Direito e Políticas Públicas (PPGDP) e servidor técnico-administrativo da Uni-
versidade Federal de Goiás (UFG). Advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil
– Seção de Goiás (OAB-GO).
3 Mestrando em Direito e Políticas Públicas (PPGDP) na Universidade Federal de Goiás
(UFG). Procurador do Estado de Goiás (PGE-GO).
34 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
• O Comitê Interministerial do DIPRES é resposnável por todo o processo de avaliação de políticas públicas. Inicialmente, o comitê
Comitê seleciona empresas e consultores para executarem os trabalhos.
Interministerial
DIPRES
• Aprova o projeto metodológico e operacional da referida avaliação, como também, a análise e aprovação dos relatórios de
progresso e final, apresentando à equipe do consultor as observações e / ou recomendações que se considerem convenientes,
Gabinete de buscando superar as deficiências detectadas durante a avaliação.
Orçamento - • O processo de avaliação demora em média de um a um ano e meio.
Minist. Finanças
• Avalia as recomendações formuladas pelos avaliadores em conjunto com as instituições responsáveis pelo programas avaliados.
Comitê • Analisa a forma de incorporação das recomendações, estabelecendo cronogramas e os espaços institucionais envolvidos, além das
Interministerial possíveis restrições legais e de recursos orçamentários.
DIPRES
• Diretoria de Orçamento do Ministério das Finanças faz uso dos resultados para guiar o processo de discussão orçamentária.
Gabinete de • Posteriormente, os relatórios são enviados ao Congresso.
Orçamento -
Minist. Finanças
• No Congresso são aprovadas as leis orçamentárias, como também, realiza-se a fiscalização da execução do orçamentária
apresentada pela Diretoria de Orçamento do Ministério das Finanças.
Congresso
Fonte: Elaboração própria.
A DIPRES concede relatórios pormenorizados sobre o mo-
nitoramento
de programas e iniciativas programáticas de cada pasta
ministerial, num total de 12 Ministérios. No momento da consulta ao
site
do órgão, existiam informações disponíveis para os anos de 2012
a 2016 (Tabela 1). Restringindo-se apenas ao último ano citado, 73%
dos
programas e das iniciativas programáticas foram monitorados, o
que
representa 188 de um total de 2597. Isso é evidência de que as ava-
Ministério da Economia,
12 37 26 54 67
Fomento e Turismo
Ministério da Educação 11 14 14 12 16
Ministério de Energia 3 8 8 14 14
Ministério da Fazenda - - 1 3 4
Ministério da Justiça 7 8 10 18 20
Ministério da Mineração 1 1 1 1 1
Ministério das Relações
5 6 6 14 15
Exteriores
Ministério de Transporte e
1 1 1 2 4
Telecomunicações
Ministério do Interior e
3 4 4 6 5
Segurança Pública
Ministério da Secretaria Geral
5 4 4 4 7
de Governo
Total 67 121 106 163 188
Fonte: DIPRES
11 Acesso: https://www.gov.uk/government/publications/the-green-book-appraisal-and-evalua-
tion-in-central-governent. Acessado em: 13/03/2018.
12 Acesso: https://www.gov.uk/government/publications/the-magenta-book. Acessado em:
13/03/2018.
ROBERT BONIFÁCIO - TANCREDO SILVA - Claudiney Rocha 45
vez que seu foco é destacar quais são as melhores práticas para se de-
senhar e se executar a avaliação de políticas públicas.
O livro é subdividido em duas partes. A parte A destina-se aos
decisores políticos, estabelecendo o que é uma boa avaliação e quais
são os seus benefícios. São explicados, em termos simples, quais
são os requisitos para se conseguir uma boa avaliação e quais são
as etapas que os decisores políticos devem cumprir para atingirem
esse nível e torná-lo sustentável. Também discute-se algumas das
questões em torno da interpretação e da apresentação dos resultados
da avaliação, especialmente no que diz respeito à qualidade da evi-
dência de avaliação. A parte B destina-se a analistas e formuladores
de políticas e, por isso, possui um caráter mais técnico. São descritas
detalhadamente as etapas para se planejar e executar uma avaliação
de políticas públicas, além de destacadas abordagens para a inter-
pretação e a assimilação de evidências de avaliação.
O Magenta Book também possui suplementos, publicados
em 2012, que versam sobre qualidade em avaliação qualitativa e
qualidade em avaliação de impacto. O primeiro visa incrementar a
qualidade das avaliações qualitativas, com foco especial nas fases de
formulação e implementação de políticas. Já o segundo contribui
para, tecnicamente, aumentar a qualidade da avaliação de impacto
de uma determinada política pública, excluindo-se dos resultados a
influência de efeitos externos.
Isto é, em ambos os países, essas três áreas são as que recebem mais
atenção, diferenciando-se apenas em termos de percentual de cada
área (CRUMPTON et al, 2016: 992)14.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação de políticas públicas passou a ser vista, ao longo
das últimas décadas, como essencial para uma maior racionalidade e
otimização das ações e dos recursos governamentais. Se a necessidade
da existência do monitoramento e da avaliação é ponto consensual
entre experts e atores políticos, por outro lado, a capacitação de
recursos humanos e a organização institucional para a sua efetiva
aplicação são objetivos que demandam um longo caminho para
serem alcançados.
Algumas experiências internacionais de sucesso indicam que é
necessário haver uma estrutura institucional para a realização de ativi-
dades de monitoramento e avaliação. Para além disso, é necessário um
acordo mínimo sobre conceitos e técnicas que devem ser empregados
em todo esse processo. A situação corrente no Brasil aponta que esta-
mos muito longe dessa situação. Há uma certa dose de apoio político
para a constituição desse cenário, mas os avanços são tímidos.
REFERÊNCIAS
ALBAEK, Erik. Knowledge, interests and the many meanings of evaluation: a develop-
mental perspective. Scandinavian Journal of Social Welfare, v. 7, 1998.
BRASIL. Projeto de Lei do Senado n° 488, de 2017. Brasília, DF, dez 2017.
COTTA, Tereza. Metodologias de avaliação de programas e projetos sociais: análise de
resultados e de impacto. Revista do Serviço Público, ano 49, nº 2, 1998.
CRUMPTON, Charles David et al. Avaliação de políticas públicas no Brasil e nos Esta-
dos Unidos: análise da pesquisa nos últimos 10 anos. Revista de Administração Pública, v.
6, n. 50, 2016.
DERLIEN, H-U. Una comparación internacional en la evaluación de las políticas públi-
ROBERT BONIFÁCIO - TANCREDO SILVA - Claudiney Rocha 55
1. INTRODUÇÃO
O advento do Estado Democrático de Direito é marcado pela
retórica de proteção aos direitos fundamentais. Nesse diapasão, tal
modelo de Estado é herdeiro do liberalismo político – que consagrou
a o respeito às liberdades individuais – , do constitucionalismo social
e do wellfare state, que se ocupava com direitos econômico-sociais.
Assim, cabe investigar como esse paradigma de Estado ope-
racionaliza a proteção e promoção desses direitos fundamentais. De
fato, a efetivação dos compromissos constitucionais reclama mecanis-
mos de financiamento correspondentes, cabendo perscrutar o modo
como as chamadas políticas públicas compõem esse quadro.
Nessa empreitada, cumpre atentar-se às formas com que o
ordenamento protege os direitos fundamentais e as políticas pú-
blicas, visando entender quais desenhos institucionais servem a tal
fim e como o fazem. Nesse sentido, tratar-se-á da ideia de mínimo
existencial, enquanto compromisso mínimo para com a dignidade
da pessoa humana. Assim, passar-se-á pelo federalismo fiscal coope-
rativo, pelo controle da atividade administrativa e pelas formulação
de planejamentos e planificações.
potencial arrecadatório.
Os direitos têm custos, de tal sorte que, o mesmo texto cons-
titucional que os prevê e os reveste de fundamentalidade, também
cuida de garantir, ao Poder Público, meios de cumprimento dos res-
pectivos encargos.
3. DEMOCRACIA MONITORADA
3.1. DESCONFIANÇA INSTITUCIONALIZADA
O modelo de democracia amplamente presente nos Estados é
o da democracia indireta, em que o exercício do poder reclama a me-
diação de representantes. Nessa configuração, por certo, paira sempre
uma desconfiança, dado que os administrados, em regra, têm alguém
atuando em seu nome, tomando decisões que afetam a coletividade,
imperativas e que envolvem o patrimônio público.
Assim, é congruente que o próprio regime democrático traga
em seu bojo “regras do jogo”, que balizem o exercício do poder. Em
um Estado Democrático de Direito, essas regras apriorísticas estão
insculpidas no ordenamento jurídico, sendo o constitucionalismo
um “dique” que, informado pelos direitos e garantias fundamentais,
protege o próprio regime democrático de arroubos da maioria e de
contingências, que ameacem aqueles mesmos direitos e garantias.
Mesmo naquelas acepções mais minimalistas de democracia,
existirá esforço em conceituar tal regime destacando que ele pauta-se
por um conjunto de regras “...que estabelecem quem está autori-
zado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos...”
(BOBBIO, 1986, p. 18).
Outrossim, para além da desconfiança oriunda do próprio fato
de o poder ser exercido por representação, já no fim do século XX, Nor-
berto Bobbio indicava que a democracia colecionava algumas promessas
não cumpridas, dentre as quais o teórico italiano destacava: criação de
uma sociedade pluralista; eliminação das oligarquias; representantes
que atendam aos interesses da coletividade, não interesses privados;
68 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
4. CONCLUSÃO
Neste trabalho, indicou-se que o Estado Democrático de Direito
caracteriza-se por um compromisso especial, a nível constitucional, para
com os direitos fundamentais. Nesse âmbito, nota-se que tais direitos,
com seu aspecto axiológico-deontológico, operam em um esquema de
“dever-ser”. Nada obstante, para que haja a devida promoção e proteção
desses direitos, a partir da atuação estatal, deve-se adotar um esquema
de “meios e fins” e isso, em relação ao Estado, dá-se por meios de pro-
gramas de ação que são justamente as políticas públicas.
Nesse compasso, não se pôde olvidar que qualquer atividade
estatal reclama o dispêndio de recursos – a valer, mesmo o respeito às
liberdades individuais, que, classicamente, é associado a uma postura
passiva do Poder Público, reclama políticas públicas de proteção e
atuação do Estado, que encerram custos – , de tal sorte que, ao se falar
em garantia de direitos fundamentais, deve-se pensar nos insumos que
as políticas públicas respectivas consumirão.
Salientou-se que, nesse contexto em que, os direitos possuem
custo e, ao mesmo tempo que há demanda por políticas públicas em
relação a esses direitos, tem-se também uma limitação dos recursos,
os dispêndios devem pautar-se por um horizonte normativo calcado
pela noção de mínimo existencial.
Ainda quanto ao custo dos direitos e financiamento das respecti-
vas políticas públicas, verificou-se que o federalismo fiscal cooperativo
– que, por meio de complexos esquemas de repasses, visa superar o
desajuste existente entre capacidade arrecadatória e a distribuição de
encargos entre os entes, garantindo-lhes autonomia – é importante
saída institucional, no sentido de guarnecer os programas de com
recursos. Isso porque tal arranjo político garante ampla penetração/
entrância das políticas públicas, mesmo quando o ente responsável
pela política pública não consegue angariar recursos mediante tributa-
ção, que é a principal fonte de receitas para a Administração Pública.
Mereceu destaque ainda um fenômeno denominado
74 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
REFERÊNCIAS
AITH, Fernando. Políticas públicas de Estado e de governo: instrumentos de consolida-
ção do Estado Democrático de Direito e de promoção e proteção dos direitos humanos.
In: BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.). Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurí-
dico. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 217-245.
BARCELLOS, Ana Paula de. Constitucionalização das Políticas Públicas em matéria de
direitos fundamentais: o controle político-social e o controle jurídico no espaço democráti-
co. In: SARLET, Ingo Wolfgang e TIMM, Luciano Benetti (Orgs.). Direitos Fundamentais
orçamento e “reserva do possível”. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 111-147.
BERCOVICI, Gilberto. Planejamento e políticas públicas: por uma nova compreensão
do papel do Estado. In: BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.). Políticas públicas: reflexões
sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 143-162.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Tradução
Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
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Elsevier, 2004.
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05 de outubro de 1988. Brasília, 05 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
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Carlos Eduardo Faraco (Org.). Federalismo Fiscal: questões contemporâneas. São Paulo:
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CONTI, José Maurício; CARVALHO, André Castro. Direito financeiro e direito à mo-
radia: a concretização mediante a judicialização. In: DOMINGUES, José Marcos (Org.).
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Nova Iorque: W. W. Norton And Company, 1999.
MARQUES NETO, Floriano de Azevedo; PALMA, Juliana Bonacorsi de. Os sete im-
passes do controle da Administração Pública no Brasil. In: PEREZ, Marcos Augusto;.
SARLET, Ingo Wolgang; FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Reserva do possível, mí-
nimo existencial e direito à saúde: algumas aproximações. In: SARLET, Ingo Wolgang;
76 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A luta pela defesa de uma sociedade inclusiva e contra todas
as formas de discriminação que impedem o exercício da cidadania
às pessoas com deficiência é relativamente recente, com conquistas
progressivas no aspecto de institucionalização de instrumentos in-
ternacionais de proteção e garantia de direitos a estas pessoas, com
respectiva incorporação nas constituições e legislações nacionais.
No campo do direito à educação, no decorrer destes avanços,
fortalece-se a crítica às práticas de segregação de estudantes encami-
nhados para ambientes especiais, geradores de exclusão nos espaços
escolares. As propostas de educação inclusiva preconizam que as escolas
devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condi-
ções físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Este foi o posicionamento adotado pela Convenção Internacio-
nal sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), outorgada
pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, ratificada por
vários países, inclusive pelo Brasil, que em seu artigo 24, garante a
educação inclusiva como um direito incondicional.
O conceito de pessoas com deficiência, pacificado a partir da
CDPD, com sua acepção ampla, engloba as pessoas com autismo,
1 Advogado, Professor, Diretor Geral da FASEM, doutorando em Ciências Jurídicas pela Uni-
versidade de Lisboa – rodrigo.gabriel@fasem.edu.br
78 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
3 Para Dworkin (1999, p. 15) os princípios são “exigências de justiça”, pois “o direito como
integridade pede que os juízes admitam, na medida do possível, que o direito é estruturado
por um conjunto coerente de princípios sobre a justiça, a eqüidade e o devido processo legal
adjeti.vo, e pede-lhes que os apliquem nos novos casos que se lhes apresentem, de tal modo
que a situação de cada pessoa seja justa e eqüitativa segundo as mesmas normas.”.
4 Conforme observa o tradutor da citada obra de Alexy (2008), Virgílio Afonso Silva, o ter-
mo “máxima da proporcionalidade” é a tradução direta do termo em alemão utilizado pelo
autor, mas pode ser menos apropriado que o termo “regra da proporcionalidade”, por ele
preferido, porque passa ao leitor brasileiro a ideia de que se trata de mera recomendação, e
não de um dever.
5 Para Humberto Ávila (2001, p. 4), “o chamado princípio da proporcionalidade não consiste
num princípio, mas num postulado normativo aplicativo (...) é que ele não pode ser deduzido
ou induzido de um ou mais textos normativos, antes resulta, por implicação lógica, da estru-
tura das próprias normas jurídicas estabelecidas pela Constituição brasileira.”
84 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
6 Conforme Joaquim Barbosa Gomes (2001b, p. 39), nos Estados Unidos, “affirmative action”;
na Europa, “discrimination positive” ou “action positive”, expressões em inglês e francês,
respectivamente.
RODRIGO GABRIEL MOISÉS 85
8 A Constituição brasileira de 1988, em vários de seus dispositivos, optou por utilizar a expres-
são pessoas portadoras de deficiência.
88 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
9 No Brasil a Convenção e seu Protocolo Facultativo foram ratificados pelo Congresso Nacio-
nal por meio do Dexreto Legislativo no 186/08 que gerou o Decreto nº 6.949/09 emitido pelo
executivo, tornando-se o primeiro tratado internacional de direitos humanos aprovado nos
termos do art. 5º, § 3º, da CF/88, com a redação dada pela EC nº 45/04, ou seja, que passou a
ter status de emenda constitucional, implicando na constitucionalização do conceito de pessoa
com deficiência e a invalidade de toda a legislação infraconstitucional incompatível.
10 Diante da não uniformização do conceito na legislação pátria, foi ajuizada a Arguição de Des-
cumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 182 no STF, para que o conceito de pessoa
com deficiência do artigo 1º da CDPD tivesse aplicabilidade imediata, eficácia erga omnes e
efeito vinculante. Por consequência, foi publicada a Portaria nº. 2.344/10, da Secretária Na-
cional de Direitos Humanos, instituindo legalmente o termo ‘pessoas com deficiência’, e, por
isso, a utilização da sigla PcD no Brasil.
90 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
Julgado em 26/09/2012)21
Sobre a negativa de matrícula por parte de instituição de ensino
privada de aluno com deficiência, o Judiciário também já se manifes-
tou, condenando a instituição ao pagamento de dano moral. Vejamos:
APELAÇÕES CÍVEIS. ENSINO PARTICULAR. DANO
MORAL CARACTERIZADO. QUANTUM INDENIZA-
TÓRIO MAJORADO. O menor goza dos mesmos direitos
fundamentais insculpidos no artigo 5° de nossa Constituição, e
por consequência, tem direito à indenização por dano extrapatri-
monial. Desta feita, o autor teve sua matrícula negada pelo Colégio
Americano por ser portador de necessidades especiais, privando-se
por mais de duas semanas de frequentar as aulas, sofrendo ato de
discriminação e preconceito, ocasião que ficou evidenciado o cons-
trangimento e abalo moral. Juros moratórios Não conhecimento
do apelo quanto ao ponto, por carência de interesse recursal. Apelo
da parte autora conhecido em parte e, nesta, parcialmente provido.
Por maioria. Apelo da ré desprovido. Unânime. (Apelação Cível nº
70039492129, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Rel.: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 29/06/2011).
A educação inclusiva é de extrema importância para a criança au-
tista, pois integra o necessário tratamento interdisciplinar. Desta forma
a sua inclusão na escola ultrapassa a condição de um direito à educação,
para ser também uma questão de saúde e de efetivação do princípio da
dignidade da pessoa humana. Este é o entendimento apresentado em
alguns julgados, como o do Tribunal de Justiça de São Paulo:
AGRAVO DE INSTRUMENTO Execução de sentença proferida
nos autos de ação civil pública promovida pelo Ministério Público
do Estado de São Paulo, onde a Fazenda Estadual foi condenada a
providenciar unidades especializadas próprias e gratuitas, adequa-
das ao tratamento educacional de portadores de autismo. Decisão
recorrida que determinou que o Estado custeie o tratamento do
agravante em instituição particular, no valor de R$ 2.000,00 por
21 No mesmo sentido: Apelação Cível nº 70021981683, 7ª Câmara Cível, TJ-RS, Rel.: Sér-
gio Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 11/12/2007 e Agravo de Instrumento nº
70019247758, 1ª Câmara Cível, TJ-RS, Rel.: Carlos Roberto Lofego Canibal, julgado em
21/11/2007; Apelação Cível n. 2012.037136-0, TJ-SC, Rel.: Paulo Henrique Moritz Martins
da Silva, j. 30/07/2013; AG 7937325800 SP , Rel.: Prado Pereira, julgado em: 20/08/2008, 12ª
Câmara de Direito Público, TJ-SP.
RODRIGO GABRIEL MOISÉS 99
5. CONCLUSÕES
O presente trabalho buscou analisar as especificidades que en-
volvem a garantia do direito à educação das pessoas com Transtorno
do Espectro Autista, e a necessidade de sua sua efetividade.
Os especialistas em tratamento do autismo são unânimes em
apontar as melhoras que um ambiente escolar adequado pode trazer
à vida dessa pessoa e à de sua família. A inclusão escolar é, além
disso, uma forma de eliminação de preconceitos, aproximando rea-
lidades diferentes e fazendo com que todos os envolvidos aprendam
a conviver com as diferenças.
23 Também no STF, no mesmo sentido: RE 464.143-AgR, Relator: Min. Ellen Gracie. Brasí-
lia: 15 de fevereiro de 2009; e RE 594.018-AgR. Relator: Min. Eros Grau. Brasília, 23 de
junho de 2009.
RODRIGO GABRIEL MOISÉS 101
REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008.
ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1997.
ÁVILA, Humberto. A distinção entre princípios e regras e a redefinição do dever de
proporcionalidade. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, a. 1, n. 4, jul. 2001. Disponível
em: <http://www.direitopublico.com.br/pdf_4/DIALOGO-JURIDICO-04-JULHO-
RODRIGO GABRIEL MOISÉS 103
1. INTRODUÇÃO
O estudo traz uma análise sobre as novas áreas habitacionais
de interesse social, especificamente, sobre as residências criadas pelo
Programa “Minha Casa, Minha Vida” e se estas atendem sua função
social, estabelecendo moradia digna para seus residentes. Ressalta-se
que o Estado é responsável por produzir políticas públicas em busca
da efetiva consolidação de seu sistema jurídico e de criar normas que
possibilitem maior igualdade e justiça social, na busca da concretiza-
ção da dignidade da pessoa humana.
Dentre outros, teve-se como objetivo principal da pesquisa, ana-
lisar a efetividade do direito constitucional de moradia no que tange às
novas áreas habitacionais de interesse social e seus impactos ambientais.
Quanto à metodologia, tratou-se de uma pesquisa bibliográfica,
documental e de campo. A pesquisa bibliográfica, foi pautada em
debates constitucionais ligados aos direitos fundamentais, dando-se
1 Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Minas Gerais. E-mail: lucasmrm2010@
hotmail.com
2 Advogado. Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em
Geografia pela mesma instituição. Especialista em Direito do Trabalho pela Universidade
Norte do Paraná. Graduação em Direito pela Fundação Educacional de Ituiutaba – UEMG.
Coordenador e professor do Curso de Direito da UEMG – Unidade Ituiutaba.
106 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
qual informou que para ter acesso a esses Planos ter-se-ia que fazer
um ofício e protocolá-lo na Secretaria de Fazenda – área de pro-
tocolos, para análise do pedido de acesso ao documento, pois de
acordo com a mesma, “para obter informações da prefeitura este
seria o procedimento correto”. Questionada sobre a existência de
um PLHIS a referida se escusou da pergunta aduzindo outros fatos
que não condiziam com o questionamento. Deduziu-se que a Se-
cretária não detinha conhecimento suficiente sobre os documentos
existentes na Prefeitura e quais deles são públicos ou não.
Não logrando êxito na primeira tentativa, a equipe dirigiu-se
novamente à Secretaria de Planejamento Municipal, desta vez em con-
tato com a Diretora do Departamento de Planejamento Urbano, que
se disponibilizou para atender e a responder as perguntas referentes ao
Plano Diretor e sobre o Plano Local de Habitação e Interesse Social.
Em relação as perguntas, questionada sobre a atualização do
Plano Diretor, primeiramente, foi informado que o Plano Diretor está
sendo atualizado junto com uma parceria com a UFU, e que no prazo
de 4 meses estaria findado e à disposição do município.
Questionada sobre a existência do PLHIS a mesma informou
que ele não existe, alegando falta de recurso humano, pois há poucas
pessoas que trabalham no setor específico. Perguntou-se então se há
omissão por parte da prefeitura, haja vista que é de sua competên-
cia a designação de concursos para ocupação de cargos públicos, e
como há falta de “recursos humanos” seria de sua alçada designar tais
funcionários, porém a servidora não respondeu diretamente, apenas
pontuando que há falta de verba para contratação de pessoal.
Em consequência disso, perguntou-se então, qual foi o critério
utilizado para as construções dos novos bairros, visto que o Plano
Diretor que foi utilizado está desatualizado e a Lei Complementar
n° 63 também está. Assim, ela informou que existem leis internas
que nortearam essas construções, as quais são Lei nº 4.161/12 e Lei
nº 4.296/14, que foram utilizadas para regulamentar as construções.
Perguntada se há um acompanhamento posterior às construções,
116 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
esses direitos, porém, não sabiam explicar. Por outro lado, 33% dos
moradores que responderam ao questionário não detinham nenhum
conhecimento sobre tais direitos. E por fim, apenas 12% da população
entrevistada sabiam do que se tratava os direitos fundamentais e sociais.
Deste modo, nota-se que, somente uma pequena parcela dos
moradores das casas construídas pelo governo detém o conhecimento
sobre alguns dos seus direitos constitucionalmente garantidos. In-
fere-se então, que as pessoas residentes nos conjuntos habitacionais
possuem baixo nível de escolaridade. Não apenas pelo fator de não
saberem o que são esses direitos, mas sim, pelo fato de apenas 3 (três)
pessoas de um total de 110, cursam ou já cursaram o nível superior de
ensino. Dos outros 107 moradores entrevistados 46 possuem o ensino
fundamental, 52 pessoas têm apenas o ensino médio e 2 entrevistados
não estudaram. Assim, como consequência do pouco conhecimento
que possuem sobre as normas que lhes garantem direitos acabam por
serem prejudicados, visto que não possuem conhecimento sobre os
seus direitos, e assim, o estado aproveita da inocência destes morado-
res e se mostra parcialmente omisso com relação as suas obrigações.
Pois já que não conhecem os seus direitos, a atual situação em que
vivem está “correta”, porque entendem que o estado é apenas obrigado
a garantir a moradia e os demais fatores (segurança, saúde, transporte,
entre outros) é como se fosse um bônus que vieram de brinde junto com
as casas e assim, não possuem um norte para reivindicar os direitos que
lhes são ceifados pelo estado. Subentende-se que, caso os moradores não
fossem tão leigos com relação aos seus direitos, estes possuiriam uma
voz mais ativa frente a atual situação em que vivem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos fatos acima apresentados, conclui-se que, o
papel do estado está sendo parcialmente cumprido, ou seja, é notó-
rio, de acordo com os dados levantados, que a maioria dos bairros
de interesse social construídos pelo “Programa Minha Casa, Minha
Vida” não estão garantindo o direito constitucional a moradia digna,
LUCAS MARQUES RODRIGUES MACEDO - FAUSTO AMADOR ALVES NETO 125
modo que também não há meios, dentro dos bairros, que garan-
tem a saúde dos que ali residem. É importante mencionar que, em
alguns bairros não existem meios que garantem a saúde e educação,
mas sim nas dependências desses locais, em outros bairros, há sim
saúde e educação, e por isso os alguns moradores consideram como
se realmente tivesse esses serviços dentro do bairro em que residem.
Como é o caso, por exemplo, do Bairro Jardim Europa I, que não
possui escolas ou creches no bairro, mas há uma escola próxima ao
bairro. O mesmo fato se repete em relação a saúde.
E por fim, o serviço que menos aparece no gráfico, isto é, aquele
que quase não tem nos bairros criados pelo programa governamental,
em Ituiutaba, é o lazer. Ele aparece em apenas duas localidades, nos
bairros: Canaã e Carlos Dias Leite. A respeito do primeiro, possui
o maior agrado dos seus moradores em relação a este serviço que é
oferecido no bairro com uma aprovação de 80%. Já o segundo, não é
de agrado integral dos seus moradores, apenas 20% dos entrevistados
consideraram que há áreas de lazer neste bairro.
Portanto, nota-se que o estado cumpre sim seu papel de esta-
belecer moradia para a população, porém, não se pode falar que essas
moradias são suficientes para garantir que elas sejam dignas, pois, os
demais fatores que norteiam para que se tenha um local de habitação
que garanta todos as suas necessidades básicas os bairros não possuem.
REFERÊNCIAS
ALFONSIN, Betânia. O significado do estatuto da cidade para os processos de regularização
fundiária no Brasil. In FERNANDES, Edésio, ALFONSIN, Betânia. Evolução do direito
urbanístico. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006.
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Cons-
titucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 109-110.
BIANCO, Fernanda Silva. As gerações de direitos fundamentais. Disponível em: <https://
www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3033/As-geracoes-de-direitos-fundamentais>.
Acesso em: 20 mar. 2018.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2006,
p. 563-571.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
128 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Em um contexto de crise da representação política, em que a
confiança nas instituições democráticas é menor a cada dia, a busca
pela renovação dos mecanismos de legitimação do Estado é uma
preocupação constante.
O processo de inclusão política observado nos países centrais
desde o século XIX e no Brasil a partir da Constituição de 1988
trouxe mudanças estruturais para a esfera pública, aumentando as
expectativas da sociedade civil em relação à atuação do Estado, prin-
cipalmente no campo das políticas públicas.
Entre nós, a promessa constitucional de um Estado Social e
a valorização da soberania popular recrudesceram as reivindicações
pela prestação de serviços públicos de qualidade. Nesse diapasão, a
juridificação da participação social como instância de controle das
políticas públicas ganha vulto.
Para a concretização da cidadania, já não basta o direito a votar e ser
votado. Após a redemocratização, as reivindicações por efetiva ingerência
4. O PORTAL E-CIDADANIA
4.1. CONTEXTO E CRIAÇÃO DO PORTAL E-CIDADANIA
O portal e-Cidadania foi criado pelo ato nº 3/2011 da Mesa
Diretora do Senado Federal, com o intuito de “estimular e possibilitar
maior participação dos cidadãos, por meio da tecnologia da infor-
mação e comunicação, nas atividades legislativas, orçamentárias, de
fiscalização e de representação da Casa”.
A ideia de criação do sítio eletrônico para fomentar a par-
ticipação social foi de um grupo de servidores do Senado Federal
(ROCHA, 2016, p.29), que constituíram um grupo de trabalho
para elaborar um mecanismo que possibilitasse maior interatividade
com a população.
O portal foi ao ar em maio de 2012, ainda em versão de testes,
que foi complementada em novembro de 2012 com outras funcio-
nalidades. Em sua primeira versão, o portal e-Cidadania apresentava
140 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
“Ideia Legislativa”.
Por meio do “Evento Interativo” o usuário pode participar de
audiências públicas, sabatinas e outros eventos abertos. Todas as saba-
tinas são interativas, conforme previsto pelo artigo 383 do Regimento
Interno do Senado Federal. As audiências públicas podem ser interati-
vas, a depender de decisão do presidente da comissão em que ocorram.
Os eventos podem ser transmitidos pela TV Senado, rádio
Senado e pelo canal do Senado no Youtube. Para cada evento, é criada
uma página com a transmissão ao vivo pelo canal do Senado no You-
tube. Nessa página, além de informações acerca do evento, há um
espaço para que o usuário envie comentários ou perguntas.
Além da página eletrônica, é possível enviar comentários via
telefone, por intermédio do canal “Alô, Senado”, que são inseridos na
página eletrônica do evento interativo por atendentes.
Os vinte eventos interativos que contaram com os maiores nú-
meros de participações de usuários foram os seguintes:
Data Evento Local Participações
11/04/2018 Transparência e demais assuntos relacionados CTFC 2.400
ao Sistema “S”
21/02/2017 Sabatina de Alexandre de Moraes, indicado ao CCJ 1.674
cargo de Ministro do STF
28/04/2016 Debate sobre a SUG nº 15, que regula a CDH 1.270
interrupção voluntária da gravidez pelo SUS
06/08/2015 Debate sobre a SUG nº 15, que regula a CDH 1.179
interrupção voluntária da gravidez pelo SUS
13/10/2014 Regulamentação do uso da maconha: CDH 1.048
posicionamento dos atores sociais contrários a
qualquer liberação
05/05/2015 Debate sobre a SUG nº 15, que regula a CDH 937
interrupção voluntária da gravidez pelo SUS
11/08/2014 Maconha: políticas públicas brasileiras e CDH 907
legislação nacional
06/05/2015 Confronto entre a Polícia Militar e os CDH 819
Professores do Paraná
29/10/2015 Debater pesquisas médico-farmacológica- CCT 800
clínicas com a droga fosfoetanolamina
LUÍS JIVAGO DE ASSIS QUIRINO 143
5. CONCLUSÃO
Mesmo que a internet efetivamente diminua os custos da
participação social e tenha o potencial de facilitar a circulação e plura-
lização da informação, observa-se uma concentração das participações
veiculadas pelo portal e-Cidadania em determinadas temáticas.
A recorrência de ideias sobre a política de desarmamento, por
exemplo, evidencia a facilidade com que grupos de interesse ligados
a setores econômicos conseguem veicular suas demandas por meio
dos canais de participação social. O lobby é alçado aos mecanismos
de democracia direta.
O mesmo pôde ser observado em relação a interesses corpora-
tivos. Propostas versando sobre salários e vantagens de determinadas
categorias profissionais facilmente angariam mais de 20.000 apoios no
programa ideias legislativas ou nas consultas públicas realizadas sobre
Projetos de Lei e Propostas de Emenda à Constituição.
Não se questiona a potencialidade da ferramenta em promover
o debate público e a participação direta dos cidadãos. No entanto, a
pluralidade das intervenções a que os teóricos da “Democracia par-
ticipativa” e da “Esfera Pública conectada” faziam referência não se
verifica na concretização de mecanismos de e-Democracia, ao menos
no caso observado.
O processo de formação de preferências pode ser um fator re-
lacionado a esse fenômeno. Embora não seja um problema novo da
Democracia (SUSTEIN, 2009), a internet, paradoxalmente, tem o
potencial de agravá-lo, por meio da massificação da informação e
impulsionamento de conteúdo.
Cristiano Ferri de Farias (2012, p. 83) destaca que há diversos
estudos demonstrando que o ambiente virtual estimula o processo de
formação de comunidades por agregação de interesses. Esses grupos
aglutinados por um interesse comum organizam-se com maior riqueza
e especificidade de informações. A agregação de preferências aliada aos
mecanismos majoritários contribuem para a exclusão de preferências
150 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
e valores minoritários.
A prevalência de mecanismos que privilegiem a decisão de de-
terminada maioria, a exemplo da votação em plebiscitos e referendos,
possibilita a manipulação de certos participantes menos informados
e preocupados quanto à questão em discussão pelo grupo de atores
mais organizados e interessados em ‘ganhar’ no processo de decisão.”
(FARIAS, p. 89-90).
Embora os contradiscursos encontrem na internet uma ferra-
menta barata e eficaz para sua disseminação, o excesso de informações
e a seletividade de sua veiculação em mídias sociais e mecanismos de
busca facilita a disseminação dos interesses e opiniões de grupos de
interesse organizados, principalmente os ligados ao poder econômico.
Identifica-se certa ambivalência no uso da internet para pro-
moção da participação social. Se por um lado ela colabora com a
democracia ao facilitar a comunicação e o debate e diminuir os custos
de participação, por outro, conduz o antigo problema das assimetrias
na formação de preferências a um novo patamar com a massificação
da informação, por vezes, descompromissada com a verdade.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Débora Rezende de. Representação como processo: a relação Estado/socie-
dade
na teoria política contemporânea. Rev. Sociol. Polit., Curitiba , v. 22, n. 50, pp. 175-199,
Junho 2014;
ALKMIN, Antonio Carlos. O paradoxo do conceito de representação. Teoria e Pesquisa,
vol. 22, n. 1, p. 56-71, jan./jun. 2013;
ASSUNÇÃO, Guilherme Sena. Internet e democratização da representação política: de-
sencontros de um casamento arranjado. Dissertação (Mestrado em Direito). 93 fls. Uni-
versidade de Brasília, 2014;
BARBER, Benjamin. Strong democracy: Participatory politics for a new age. University
of California Press, 2003;
BRANCHINE, Vanda Josefina. A publicização do portal e-Cidadania. Monografia. Ins-
tituto Legislativo Brasileiro. 132p. 2015;
CUNHA FILHO, Marcio Camargo; GUIMARÃES FILHO, Paulo André Caminha.
Por que temer o povo? O debate em torno do Sistema Nacional de Participação Social.
LUÍS JIVAGO DE ASSIS QUIRINO 151
1. INTRODUÇÃO
O presente texto se debruça sobre a atuação de atores institucio-
nais envolvidos na construção e implementação de políticas públicas
para pessoas LGBT2 presas no Rio de Janeiro, tendo como ponto
central a discussão e análise dos processos de Estado que se perfazem
no percurso de materialização de normativas referentes à temática.
Propõe-se, assim, refletir sobre as práticas de poder estatais, sobre
aquilo que se entende como “Estado”, e de que maneira esta reflexão
está imbricada à análise da construção de políticas públicas carcerárias,
direcionadas para uma “população” específica.
Tais reflexões, por sua vez, têm como origem minha dissertação
de mestrado, intitulada “‘Puxa pro Evaristo’: produção e gestão da po-
pulação LGBT presa na cidade do Rio de Janeiro” (CANHEO, 2017),
desenvolvida a partir de entrevistas semiestruturadas com atores ins-
titucionais implicados na formulação de resoluções destinadas ao
“acolhimento” de pessoas LGBT aprisionadas no Rio de Janeiro. E a
partir de entrevistas com travestis e transexuais alocadas no presídio
Evaristo de Moraes, localizado na zona norte da capital fluminense
3 Minha inserção no Presídio Evaristo de Moraes se deu como auxiliar da Defensoria Pública,
acompanhando uma pesquisa com mulheres transexuais e travestis, acerca da efetividade de
normativas que estabeleciam seus direitos.
ROBERTA OLIVATO CANHEO 155
4 No livro “Retratos da Política LGBT no Estado do Rio de Janeiro”, partes da entrevista com
o então coordenador do Programa Rio sem Homofobia, exemplificam o “fazer Estado” atra-
vés do “fazer cena de Estado”, como: “A gente lançou em maio e também com uma grande
cerimônia aqui – com a presença da senadora Marta Suplicy, do então secretário estadual
de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, e do governador Sérgio Cabral”
(CARRARA; AGUIÃO, LOPES; TOTA, 2017, p. 223-225).
166 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
5. CONCLUSÃO
Se a malha da administração pública é definida como sendo o
“Estado”, a agência e atuação de atores institucionais que compõem
ROBERTA OLIVATO CANHEO 169
REFERÊNCIAS
ABRAMS, Philip. Notes on the Difficulty of Studying the State. In: SHARMA, Aradha-
na; GUPTA, Akhil (Ed.). The anthropology of the state: a reader. Malden, MA: Blackwell,
2006, p. 112-130.
AGUIÃO, Silvia. Fazer-se no ‘Estado’: uma etnografia sobre o processo de constituição dos
‘LGBT’ como sujeitos de direitos no Brasil contemporâneo. Tese de Doutorado: UNI-
CAMP, 2014.
AGUIÃO, Silvia. Produzindo o campo, produzindo para o campo: um comentário a
respeito de relações estabelecidas entre “movimento social”, “gestão governamental” e
“academia”. In: RODRIGUES CASTILHO, Sergio Ricardo; SOUZA LIMA, Antonio
Carlos de; COSTA TEIXEIRA, Carla (orgs). Antropologia das práticas de poder: reflexões
etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de janeiro: Contra Capa; Faperj,
p. 115-126, 2014b.
BROWN, Wendy. Finding the Man in the State. In: SHARMA, Aradhana; GUPTA,
Akhil (Ed.). The anthropology of the state: a reader. Malden, MA: Blackwell, 2006, p.
187-210.
BUTLER, J. Corpos que pesam: Sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G.
172 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
Normativas:
CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA E
CONSELHO NACIONAL DE COMBATE A DISCRIMINAÇÃO. Resolução Conjun-
ta n° 1, de 15 de abril de 2014.
SAP. Resolução SAP 11 de 30-1-2014. Dispõe sobre a atenção às travestis e transexuais no
âmbito do sistema penitenciário.
SECRETARIA ESTADUAL DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA. Estabelece
diretrizes e normativas para o tratamento da população LGBT no Sistema Penitenciário
do Estado do Rio de Janeiro. Resolução n° 558, de 29 de maio de 2015.
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA E SECRE-
TARIA DE ESTADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS HUMANOS. Cria
o Grupo de Trabalho Permanente de Políticas LGBT no Sistema Penitenciário do Estado
do Rio de Janeiro. Resolução n° 34, de 29 de maio de 2015.
DESAFIOS NA EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS
DOS INDÍGENAS: O CASO DA ALDEIA
MARAKÁ’NÀ NO RIO DE JANEIRO
Karina Almeida Guimarães Pinhão1
Arão da Providencia Araújo Filho2
1. INTRODUÇÃO
A Constituição de 1988 completará 30 (trinta) anos de vigência
neste ano de 2018, um aniversário cuja comemoração desperta muitas
controvérsias principalmente na efetivação dos direitos nelas contidos.
Se, por um lado, a Constituição de 1988 foi um marco histórico,
símbolo do fim do regime militar e da redemocratização do Brasil,
por outro, a efetivação dos direitos nelas previstos se torna um desafio
e uma atividade muito precária em um país cuja governança persegue
linhas econômicas desenvolvimentista as quais, inclusive, resgatam
alguns dos projetos -nesta base político-econômica – da ditadura mi-
litar. Nesse sentido, a efetivação dos direitos indígenas presenta um
verdadeiro desafio pelo qual se propõe a presente análise.
Assim sendo, deste conflito entre a previsão constitucional
e sua efetivação que se subjaz nas próprias linhas político-econô-
micas do Brasil, primeiramente, se verificará como tais desafios já
aparecem nos debates para sua inserção no texto constitucional na
Assembléia Constituinte, em 1987. Apesar da dificultosa vitória do
1 Mestre em Ciências jurídico-políticas com Menção em Direito Constitucional pela Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra com sanduíche através do Programa “Erasmus+” junto
à École de Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) em Paris. Especialista em Direito Ci-
vil- Constitucional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ/Brasil. Bacharel em
Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio/Brasil. Advogada.
2 Advogado.
176 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
3 Opta-se intencionalmente pelo uso da expressão em indígena Maraká’nà (em Tupi), ao invés
de Maracanã em respeito e valoração às suas origem indígenas que remetem a arara, comum
em florestas tropicais brasileiras, assim como, ao “maraká”, um instrumento de uso ritual,
religioso, ancestral adotado por outros tantos povos tradicionais, também usado pelos guerrei-
ros, em batalhas e conflitos.
KARINA ALMEIDA GUIMARÃES PINHÃO - ARÃO DA PROVIDENCIA ARAÚJO FILHO 177
8 Diverge-se, neste ponto, da doutrina de Ingo Sarlet (2012: 306) que nega a ligação dos direitos
prestacionais com as posições ideológicas existente socialmente.
KARINA ALMEIDA GUIMARÃES PINHÃO - ARÃO DA PROVIDENCIA ARAÚJO FILHO 187
colocam como restritivos de sua eficácia, por outro, tais restrição são
igualmente limitadas à proibição do retrocesso que visa a resguardar
o seu conteúdo essencial (Silva, 2014). Em outras palavras, este prin-
cípio visa garantir o progresso de seu conteúdo normativo adquirido
durante o processo constituinte, ou seja, a estabilidade das conquistas
dispostas. Consequentemente, gera-se ao legislador, assim como ao
poder judiciário; no primeiro caso, um dever de abstenção no sen-
tido de não extinção arbitrária total ou parcial do direito, nem seu
esvaziamento constitucional; no segundo caso a declaração de incons-
titucionalidade de projeto de lei, ou projeto de emenda a constituição
e suas respectivas promulgações – se já votadas na casa legislativa –
que gerem a revogação total ou parcial do núcleo essencial do direito
social (ou prestacional). Parte-se do entendimento de que a permissão
a violação à este princípio, significaria uma “carta em branco” para o
legislador de fraudar e esvaziar a norma constitucional (Sarlet, 2012:
453) diminuindo-lhe a sua força normativa.
Em suma, o princípio da proibição do retrocesso é um princí-
pio implícito que decorre: do princípio do Estado Democrático de
Direito; da dignidade da pessoa humana; da máxima eficácia e efeti-
vidade das normas de direitos fundamentais- art. º5, §1º da CF/88;
da proteção em normas constitucionais a medida de cunho retroativo;
do princípio da proteção da confiança; do principio da proteção da
confiança e da segurança jurídica; da força normativa da Constituição;
e no fundamento do direito internacional o qual impõe a implemen-
tação progressiva da proteção aos direitos sociais pelos Estados (Sarlet,
2012, 255-457). Esse princípio constituí um direito subjetivo nega-
tivo (Silva, 2008), aplicável, portanto, judicialmente como meio de
impugnação de qualquer medida legislativa que vise subtrair o grau
de concretização da norma constitucional (Sarlet, 2012: 454). De
acordo Canotilho (2003), o princípio caracteriza-se como direito de
defesa para aqueles direitos sociais que contenham lei específica que
os regulamente (Sarlet, 2012: 454-455).
Sua aplicação, contudo, não está livre de divergência na
192 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
10 Despacho Tendo em vista que o Estado do Rio de Janeiro, consoante amplamente noticiado,
desistiu do projeto de demolição do Museu do Índio e o devolveu aos ocupantes anteriores, e
que, inclusive, o imóvel já voltou a ser ocupado pela comunidade indígena, intimem-se as par-
tes para que informem, no prazo de 10 (dez) dias, se persiste o interesse de agir na lide. Após,
ao MPF, voltando-me então os autos conclusos. Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2013. (
assinado eletronicamente – alínea ‘a’, inciso III, § 2º, art. 1º da Lei 11.419/2006 ) BRUNO
OTERO NERY Juiz(a) Federal Substituto(a) no exercício da Titularidade.
KARINA ALMEIDA GUIMARÃES PINHÃO - ARÃO DA PROVIDENCIA ARAÚJO FILHO 199
14 Discorda-se, neste ponto, da interpretação conferida por José Afonso da Silva (2008: 855-
208 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
5. CONCLUSÃO
Malograda as tentativas de derrubada das iniciativas de inclusão
de matéria acerca da proteção dos povos indígenas, a Constituição
de 1988 resulta, assim, em um texto progressista em relação às nor-
mativas anteriores, reconhecendo os direitos dos povos indígenas a
“organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di-
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam” (art.
231). Por outro lado, não chega a romper completamente com a he-
rança colonial, através de um projeto decolonial como estabeleceram
alguns países da América Latina, com a constituição e reconhecimento
de um Estado Plurinacional. Os direitos dos povos indígenas resta-
ram, assim, a mercê de todas as limitações impostas e construídas em
torno dos direitos prestacionais e sua insuficiência normativa para
plena efetivação do direito constitucional a que se refere.
Nesse sentido, ao perpassar pelo exame da doutrina consti-
tucionalista, verificou-se como determinados conceitos no âmbito
dos direitos prestacionais, como da reserva do possível, representam
desafios a efetivação dos direitos indígenas. Nesse sentido, a constru-
ção doutrinária acerca dos direitos prestacionais se constrói alheia
a problemática da efetivação dos direitos indígenas. Apesar disto,
reconhece-se como as conjunturas políticas e econômicas impactam
a efetivação de tais direitos que se dá em razão de sua insuficiência
normativa a qual permite, por sua vez, que tais direitos permaneçam
KARINA ALMEIDA GUIMARÃES PINHÃO - ARÃO DA PROVIDENCIA ARAÚJO FILHO 211
REFERÊNCIAS
1o Relatório do Comitê Estadual da Verdade: O Genocídio do povo Waimiri-Atroari. ., de
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A PRIMEIRA CONDENAÇÃO DO BRASIL NA
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS: (RE)PENSANDO AS POLÍTICAS
PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL EM CRISE
Aluísio Ferreira de Lima1
Maria Vânia Abreu Pontes2
1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa procura discutir, no contexto de comemoração
dos 30 anos da Constituição cidadã, a inversa internação psiquiá-
trica e a perversa morte de Damião Ximenes Lopes, que levou o
Brasil a ser condenado pela primeira vez na Corte Interamericana
de Direitos Humanos, impulsionando assim, a criação de políticas
públicas de saúde mental.
Damião Ximenes Lopes foi internado na Casa de Repouso
Guararapes, localizada no Bairro Dom Expedito, na cidade de Sobral
– CE. É importante destacar que durante a infância e adolescên-
cia Damião não teve nenhum sinal de alteração de comportamento.
Somente, em 1988, quando completa 17 anos de idade, começa a
apresentar os primeiros sinais de alteração em seu comportamento,
1 Pós-Doutor, Doutor e Mestre em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo – PUCSP. Especialista em Saúde Mental pela Universidade de
São Paulo – USP. Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Regional de Psicologia
11a. Região. Professor Associado do Departamento de Psicologia da Universidade Federal
do Ceará – UFC. Bolsista de Produtividade do CNPq. Contato: (85) 96196343. E-mail:
aluisiolima@hotmail.com
2 Doutoranda em Psicologia (Universidade Federal do Ceará). Mestre em Psicologia (Univer-
sidade Federal do Ceará). Especialista em Literatura (Universidade Estadual Vale do Acaraú).
Graduada em Letras/Português (Universidade Estadual Vale do Acaraú). Bacharel em Direito
(Faculdade Luciano Feijão). Professora do Curso de Direito do Centro Universitário INTA.
Advogada OAB/CE. Contato: (88) 99262013. E-mail: vaniapontes@yahoo.com.br
216 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
3 3. Em Silva Lane (1995), essa expressão refere-se ao homem enquanto agente constituído e
constituidor da própria história e da sociedade, a qual pertence. Aluísio Lima (2010b) com-
plementa essa perspectiva laneana ao reforçar que esse agente é um sujeito titular de direitos
na sociedade contemporânea.
ALUÍSIO FERREIRA DE LIMA - MARIA VÂNIA ABREU PONTES 219
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o Processo Internacional de Damião Xime-
nes, o Estado brasileiro, entre 1990 e 1995 vivenciou um período
de “avanços” da Reforma Psiquiátrica e no período de 1996 a 1999
passou por um momento de grande refluxo, ou seja, retrocessos no
campo da saúde mental, relacionados às mudanças no corpo admi-
nistrativo do Ministério da Saúde, como exemplo desse processo de
retrocesso, encontra-se o caso da morte violenta de Damião Ximenes
durante internação psiquiátrica, em 4 de outubro de 1999.
O Estado brasileiro afirmou, no ano de 2000, que renovou os
quadros funcionais do Ministério da Saúde e passou a fomentar novas
medidas e empreendimentos para a saúde mental, ou seja, avançou
na implementação da Reforma Psiquiátrica, tirando da última gaveta
do Congresso Nacional a Lei n°10.216, que completava doze anos de
tramitação em 2001. Estrategicamente, essa Lei foi sancionada no dia
6 de abril de 2001, isto é, um dia antes do dia Mundial da Saúde (7
de abril), em que se comemorou por determinação da Organização
232 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
das pessoas com transtornos mentais. Para estas pessoas tais violações
são agravadas por preconceitos, estigmas e fatores culturais, bem como
práticas políticas de reconhecimento perverso, que implicam, muitas
vezes, no silenciamento de tratamentos degradantes e desumanos
fundado numa relação de “exclusão inclusiva”, isto é, de “abandono”
legitimado pelo próprio Estado.
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ALUÍSIO FERREIRA DE LIMA - MARIA VÂNIA ABREU PONTES 235
1 Doutorando em Direito pela Universidade de Brasília. Mestre em Ciência Política, com con-
centração em Direitos Humanos, Cidadania e Violência, pelo Centro Universitário Euro-A-
mericano – DF. Docente do Instituto Superior de Ciências Policiais (ISCP/DF). Capitão da
Polícia Militar do Distrito Federal. E-mail: bruno.soares@iscp.edu.br.
238 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
8 Conforme lembra Carvalho (2010, p. 82), os relatores têm origem nos regimentos internos de cada
uma das casas do Congresso Nacional. Sua atribuição principal é estudar a matéria e redigir pare-
cer sobre a constitucionalidade e os demais aspectos valorativos relacionados às proposições. As
relatorias são disputadas “pois o trabalho exercido pode determinar o destino da proposição, como
a aprovação ou a rejeição do seu texto” (CARNEIRO; SANTOS; NETO, 2011, p. 199).
BRUNO CÉSAR PRADO SOARES 251
11 Em sua pesquisa, publicada em 2005, os autores haviam identificado nove conselhos de po-
líticas sociais (conselhos nacionais que contam com a participação da sociedade): Conselho
Nacional de Educação (CNE), Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), Conselho
Nacional da Saúde (CNS), Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), Conselho das
Cidades (CC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), Con-
selho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), e Conselho Curador do FGTS.
BRUNO CÉSAR PRADO SOARES 255
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segurança pública e Ordem pública são conceitos polissêmicos, de
difícil definição. Ambos podem ser compreendidos em conjunto como
um estado de convivência harmônica e organizada, onde os cidadãos
têm a sua incolumidade física garantida e o seu patrimônio preservado.
A pesquisa buscou apresentar como estão presentes os esquemas e valores
a serem buscados no trato da segurança pública e da ordem pública em
uma Lei que direciona o repasse de recursos financeiros.
Foi verificado que as políticas públicas, entendidas como a
atuação do Estado, são consolidadas por meio de leis. Essas leis
trazem em seu conteúdo as maneiras de pensar e os valores da-
queles que estão envolvidos no processo legislativo, seja no Poder
256 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
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260 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
deve ser evitado. É que nada se revela mais nocivo, perigoso e ilegí-
timo do que elaborar uma Constituição, sem a vontade de fazê-la
cumprir integralmente, ou, então, de apenas executá-la com o pro-
pósito subalterno de torná-la aplicável somente nos pontos que se
mostrarem ajustados à conveniência e aos desígnios dos governantes,
em detrimento dos interesses maiores dos cidadãos. – A interven-
ção do Poder Judiciário, em tema de implementação de políticas
governamentais previstas e determinadas no texto constitucional,
notadamente na área da educação infantil (RTJ 199/1219-1220),
objetiva neutralizar os efeitos lesivos e perversos, que, provocados
pela omissão estatal, nada mais traduzem senão inaceitável insulto
a direitos básicos que a própria Constituição da República assegura
à generalidade das pessoas. (ARE 639337 AgR, Relator (a): Min.
CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 23/08/2011,
DJe-177 DIVULG 14-09-2011 PUBLIC. 15-09-2011 EMENT.
VOL-02587-01 PP-00125).3
Nessa mesma dimensão, e ainda mais recente, o Min. Ricardo
Lewandowski se manifestou da seguinte forma no STF-RE 592581/
RS, como pode ser observado adiante:
REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO DO MPE CONTRA
ACÓRDÃO DO TJRS. REFORMA DE SENTENÇA QUE
DETERMINAVA A EXECUÇÃO DE OBRAS NA CASA DO
ALBERGADO DE URUGUAIANA. ALEGADA OFENSA AO
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DESBOR-
DAMENTO DOS LIMITES DA RESERVA DO POSSÍVEL.
INOCORRÊNCIA. DECISÃO QUE CONSIDEROU DIREI-
TOS CONSTITUCIONAIS DE PRESOS MERAS NORMAS
PROGRAMÁTICAS. INADMISSIBILIDADE. PRECEITOS
QUE TÊM EFICÁCIA PLENA E APLICABILIDADE IME-
DIATA. INTERVENÇÃO JUDICIAL QUE SE MOSTRA
NECESSÁRIA E ADEQUADA PARA PRESERVAR O VALOR
FUNDAMENTAL DA PESSOA HUMANA. OBSERVÂNCIA,
ADEMAIS, DO POSTULADO DA INAFASTABILIDADE DA
JURISDIÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARA
MANTER A SENTENÇA CASSADA PELO TRIBUNAL. – I – É
lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de
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bro de 2017.
266 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
4. ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES
Com tudo o que foi discutido, não há dúvidas que pairem
sobre a legitimidade da atuação judiciária no controle de políticas
públicas. A carta constitucional foi a responsável por garantir que
o Judiciário pudesse agir sobre a falta de atuação do Executivo em
áreas sociais de extrema necessidade.
A efetivação do Estado do bem-estar social, através de pres-
tações sociais a toda a sociedade, é indispensável para a garantia do
próprio direito à vida, bem como para a concretização do próprio
princípio basilar da dignidade da pessoa humana e para a construção
de uma sociedade justa e igualitária.
O Poder Judiciário Brasileiro, de maneira tardia, iniciou o con-
trole de políticas públicas. Esse controle já era uma realidade em
países como os EUA, que utilizam de controle judicial desde meados
da segunda metade do século XX. Atualmente o judiciário brasileiro,
com os poderes da nova constituição, demonstrou que tem “levado
a sério” a concretização dos direitos sociais, tratando-os como au-
tênticos direitos fundamentais, ao passo que a via jurisdicional se
276 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
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278 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A partir da segunda metade do século XXI a agenda interna-
cional sofreu significativa ampliação, sobretudo em decorrência da
afirmação dos direitos humanos como tema legítimo do direito inter-
nacional e também reconhecido como norma de jus cogens. O objetivo
deste trabalho é analisar o tráfico internacional de seres humanos
como um crime transnacional.
A intensificação dos processos transnacionais pode ser explicada
pelo menos sob duas perspectivas. A primeira parte do pressuposto de
que temas que antes eram exclusivos do direito nacional ou que sequer
integravam a agenda do direito internacional tanto em âmbito global
quanto em âmbito regional, passaram a ser reconhecidos e aceitos
como tal pela sociedade internacional. A segunda parte do pressu-
posto de que esse reconhecimento passou a ditar não só parâmetros
de obediência e conformidade, mas também de qualidade tanto das
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crime de caráter transnacional é um fenômeno crescente nas
últimas décadas, apresentando-se como uma imponente ameaça ao or-
denamento jurídico nacional e internacional, como uma forte ameaça
às instituições democráticas. O tráfico internacional de pessoas consti-
tui um grande desafio internacional contemporâneo, por ser um crime
complexo de ser delimitado e controverso no sentido de um consenso
universal entre as mais diversas jurisdições. Além disso, a dificuldade
em se ter dados concretos e fidedignos à realidade apresenta-se como
um grande obstáculo a identificação da real dimensão do problema. A
crise migratória presenciada a partir de 2014, já envolve uma grande
quantidade de pessoas refugiadas, que são expostas às redes criminosas
de contrabando buscando uma fuga e por sua vulnerabilidade correm
graves riscos de tráfico e exploração.
A Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado
Transnacional é, atualmente, o principal instrumento em âmbito in-
ternacional que guia a cooperação entre os países no combate ao crime
transnacional e na busca por soluções eficazes. Por meio de seus pro-
tocolos, que influenciam o sistema político internacional na adoção
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DIMAS PEREIRA DUARTE JÚNIOR - DANIELLE CARVALHO REBOUÇAS 301
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302 DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS NOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
Diretoria da OAB/GO
Lúcio Flávio Siqueira de Paiva - Presidente
Thales José Jayme - Vice-Presidente
Jacó Carlos Silva Coelho - Secretário-Geral
Delzira Santos Menezes - Secretária-Geral Adjunta
Roberto Serra da Silva Maia – Tesoureiro
Diretoria da CASAG
Rodolfo Otávio Pereira da Mota Oliveira – Presidente
Marcelo Di Rezende Bernardes - Vice-Presidente
Ana Lúcia Amorim Boaventura - Secretária-Geral
Estênio Primo de Souza - Secretário-Geral Adjunto
Carlos Eduardo Ramos Jubé - Direto Tesoureiro
Cácia Rosa de Paiva - Diretora-Adjunta
Helvécio Costa de Oliveira - Diretor-Adjunto
Osório Evandro de Oliveira Silva - Diretor-Adjunto
Tênio do Prado - Diretor-Adjunto
Thiago Mathias Cruvinel - Diretor-Adjunto
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO DE GOIÁS - GESTÃO 2016-2018 303