Apostila Imunologia - PDF Correto
Apostila Imunologia - PDF Correto
Apostila Imunologia - PDF Correto
1º Edição
2017
1
AUTORES
2
Sumário Linfócitos T-helper ....................................................................27
Prefácio .............................................................................................. 5 Linfócitos T-helper 1 .................................................................28
Introdução ......................................................................................... 6 Linfócitos T-helper 2 .................................................................28
Órgãos do Sistema Imune............................................................. 8 Linfócitos T-helper 17 ...............................................................29
Órgãos Linfoides Primários ......................................................... 9 Linfócitos T supressores .........................................................30
Timo .............................................................................................. 10 Linfócitos T- citotóxicos ..........................................................31
Medula Óssea ............................................................................. 11 Linfócitos B .....................................................................................31
Órgãos Linfoides Secundários .................................................. 12 Células NK (Natural Killer) ...........................................................32
Baço .............................................................................................. 13 Mecanismos Inatos .......................................................................33
Gânglios Linfáticos ................................................................... 14 Componentes do mecanismo Inato ..........................................34
Amigdalas.................................................................................... 15 Imunidade de Mucosa...................................................................35
Tecido Linfoide .......................................................................... 16 Placa de Peyer ................................................................................36
Placa de Peyer............................................................................ 17 Natureza dos antígenos ...............................................................37
Células do Sistema Imune .......................................................... 18 Diversidade das imunoglobulinas .............................................38
Células Fagocíticas ...................................................................... 19 Sistema Complemento .................................................................41
Neutrófilos................................................................................... 20 Vias de ativação do Sistema Complemento ...........................42
Eosinófilos .................................................................................. 21 Mecanismo Adquirido...................................................................44
Basófilos ...................................................................................... 22 Tipos de mecanismos adquirido ...............................................45
Monócitos .................................................................................... 23 Mecanismo de imunidade adquirida mediada por células .47
Macrófagos ................................................................................. 24 Cooperação entre mecanismos de imunidade adquirida
Mastócitos ................................................................................... 25 humoral e mediada por células ..................................................48
Linfócitos..................................................................................... 26 Tipos de Imunidade .......................................................................49
Linfócitos T ..................................................................................... 27 Imunidade Adquirida de forma Natural ................................49
3
Imunidade Adquirida de forma Artificial ............................. 51
Soros com anticorpos.............................................................. 52
O poder imunológico da amamentação .................................. 53
Referências Bibliográficas: ........................................................ 58
4
Prefácio revisão. No entanto, esperamos e acreditamos que sejam
úteis e interessantes para todo estudante de imunologia.
A ideia da publicação dessa apostila surgiu da Agradecemos em especial às queridas alunas, monitoras
necessidade conjunta dos alunos de graduação dos voluntárias, Cláudia Costa Porto, Milene Bicca da
cursos de Medicina e Nutrição de produzir material Silveira e Taila Freitas Xavier, que nos deram a honra,
didático, que atendesse as dificuldades dos mesmos decorrente de suas dedicações, de apresentar este
sobre o aprendizado de imunologia. Desse modo, o nosso material didático.
principal desafio é oferecer conteúdo que abarque tópicos
de importância básica, e, que ao mesmo tempo, possa
manter-se suficientemente atualizado. Esta apostila tem Prof. Albino Magalhães Neto
por finalidade servir como um texto introdutório de
imunologia nas disciplinas que as ementas garantem este
conhecimento para acadêmicos de Medicina, Nutrição e
de outras áreas que necessitam do conhecimento da
imunologia. É uma tentativa de aprender o campo da
imunologia de um ponto de vista mais simples, ou seja,
acima de tudo, o Sistema Imune existe para proteger o
hospedeiro da infecção, e sua história evolutiva deve ter
sido moldada, em grande medida, por esse desafio. O
conteúdo desta apostila deve auxiliar os estudantes a
aprender e entender a importância dos mecanismos
imunológicos básicos e, em particular, servir como
5
Introdução organismos estranhos, como células neoplásicas,
desenvolvem mecanismos de evasão para fugir da
O sistema imune é o conjunto de células, resposta imune. Provavelmente, a palavra que melhor
tecidos, órgãos e moléculas que os humanos e outros define o sistema imune, é “diversidade”. Esta diversidade
seres vivos usam para a eliminação de agentes externos é conseguida através da existência de receptores à
capazes de provocar doença (agentes patogénicos) tais superfície dos linfócitos que funcionam como pinças para
como vírus, bactérias, parasitas, fungos ou agentes agarrar os micro-organismos. Uma resposta imune
internos como os tumores, moléculas estranhas, com a específica, como a produção de anticorpos contra um
finalidade de se manter a homeostasia do organismo. Os determinado agente infeccioso, é conhecida como um
mecanismos fisiológicos do sistema imune consistem mecanismo de defesa adaptativo, uma vez que é obtida
numa resposta coordenada dessas células e moléculas durante a vida de um indivíduo como reação adaptativa à
diante dos organismos infecciosos e dos demais presença de patógeno específico. Em muitos casos, a
ativadores, o que leva ao aparecimento de respostas resposta imune adaptativa confere imunidade protetora
específicas e seletivas, inclusive com memória imunitária, contra reinfecções pelo mesmo agente infectante. Isso
que também pode ser criada artificialmente, através das diferencia essas respostas dos mecanismos de defesa
vacinas. Na ausência de um sistema imune funcional, inata (também denominada defesa natural ou nativa) que
infecções leves podem levar vantagem sobre o proporciona a defesa inicial contra micro-organismos.
hospedeiro e levá-lo à morte. Porém, mesmo com um Consiste em mecanismos de defesa celulares e
sistema imune funcional, o ser humano, por exemplo, bioquímicos, que já existem até mesmo antes da infecção
pode adquirir uma doença infecciosa ou um câncer, pois a e que estão prontos para responder rapidamente a
resposta imune específica, diante de um agente agressor, infecções. Nesta apostila, serão abordados conceitos
leva tempo para se desenvolver e, além disso, tanto
6
básicos dos principais componentes do sistema imune, os
mecanismos de defesa inata e adaptativo.
Figura 1: http://www.saudecuriosa.com.br/o-que-acontece-com-o-seu-corpo-
quando-voce-corta-o-acucar-refinado/
7
Órgãos do Sistema Imune
8
Órgãos Linfoides Primários
9
Timo quando o homem chega na terceira idade, sobra apenas
um pequeno resto atrofiado da glândula.
10
Medula Óssea
11
Órgãos Linfoides Secundários
( http://merciacallou.blogspot.com.br/2011/02/funcao-dos-orgaos-linfoides-
primarios-e.html)
12
Baço
13
Gânglios Linfáticos
14
Amigdalas
15
Tecido Linfoide
16
Placa de Peyer
17
Células do Sistema Imune
18
Células Fagocíticas
19
Neutrófilos
20
Eosinófilos
21
Basófilos
22
Monócitos
23
Macrófagos Podem induzir a produção aumentada de células
envolvidas em uma resposta inflamatória e/ou imunitária.
É uma célula derivada do monócito, um tipo de
linfócito produzido na medula óssea através da Além das funções descritas, os macrófagos têm a
de um processo conhecido como hematopoese. Após o derivados de sua atividade fagocitária, essa exposição
processo de diferenciação destas células pluripotentes, pode iniciar uma resposta imunitária quando reconhecidos
os monócitos são eliminados na corrente sanguínea onde pelos linfócitos, quando exercem essa função, os
posteriormente saem do sangue atravessando a parede macrófagos também recebem o nome de células
24
Mastócitos
25
Linfócitos
26
Linfócitos T Linfócitos T-helper
27
Linfócitos T-helper 1 Linfócitos T-helper 2
As células Th1 mediam a resposta imunológica As células Th2 mediam a defesa do hospedeiro
contra agentes patogénicos intracelulares. Nos humanos, contra parasitas extracelular, onde se inclui os helmintos.
elas são essenciais na resistência São importantes na indução e na persistência da asma e
a infeções micobacterianas. As células Th1 são de outras doenças alérgicas. As células Th2 produzem IL-
responsáveis pela indução de algumas doenças 4, IL-5, IL-9, IL-10, IL-13, IL-25 e anfiregulina. A IL-4 é
autoimunes. As principais citocinas libertadas por este tipo uma citocina de feedback positiva para a diferenciação
de células T são: o interferão-γ (IFN-γ), linfotoxina alfa de células Th2 e é o principal mediador na estimulação da
(LT-α) e interleucina-2 (IL-2). O IFN-γ produzido expressão de IgE nos linfócitos B. A IL-5 tem um papel
pelas células Th1 é importante central no recrutamento de eosinófilos. Para além do seu
na ativação de macrófagos e o consequente aumento da efeito nos mastócitos e nos linfócitos, a IL-9 induz a
sua atividade microbicida. A produção de IL-2 é produção de mucina nas células epiteliais durante
importante para as células T CD4+ de memória. a reação alérgica. A IL-10, produzida pelas células
As células IFN-γ+IL-2+ são consideradas as percursoras Th2, suprime a proliferação das células Th1 e, por
das células Th1 de memória. vezes, suprime a função das células dendríticas. Em
relação à IL-13, é uma citocina
efetora na expulsão dos helmintos e na indução de
algumas hipersensibilidades. A anfiregulina faz parte da
família dos fatores de crescimento epidermal (EGF, do
inglês “epidermal growth factor) e funciona como
um indutor da proliferação das células epiteliais. A IL-
28
25 (também conhecida como a IL-17E) é também Linfócitos T-helper 17
uma citocina produzida pelas células Th2. Este mediador
induz o aumento de produção das citocinas IL-4, IL-5 e IL- As células Th17 mediam a resposta imunológica
13. Assim, a IL-25 pode funcionar como um promotor e, contra fungos e bactérias extracelulares. São
também, como um amplificador das respostas por parte responsáveis por, ou participam na, indução de
das células Th2. A IL-25 também pode induzir a produção muitas doenças autoimunes. As células
de quimiocinas, como o RANTES (CCL5) e Th17 produzem IL-17a, IL-17f, IL-21 e IL-22. A IL-
a eotaxina (CCL11) que recruta os eosinófilos. 17a pode induzir muitas citocinas inflamatórias, como
a IL-6 e a IL-8 (também conhecida como CXCL8), e assim
tem um papel relevante na indução de respostas
inflamatórias. Tanto a IL-17a como a IL-17f
recrutam e ativam neutrófilos durante a resposta
imunológica contra fungos e bactérias extracelulares.
A IL-21 produzida pelas células Th17 é
um estimulador na diferenciação das Th17 e atua como
um amplificador de feedback positivo, tal como o IFN-
γ para células Th1 e a IL-4 para as células Th2.
Esta citocina também atua nas células T CD8+,
nos linfócitos B , nas células natural killer e nas células
dendríticas. A IL-22 tem um
papel protetor dos hepatócitos durante a inflamação
aguda do fígado. Também media a defesa do hospedeiro
29
contra bactérias patogénicas. No entanto, estas funções Linfócitos T supressores
dependem largamente da estimulação de IL-
23 que induz a produção de IL-22 por parte das células da
resposta inata, do que através da ação das células Th17. São linfócitos que tem a função de modular a
resposta imune através da inibição da mesma. Ainda não
se conhece muito a respeito desta célula, mas sabe-se
que ele age através da inativação dos linfócitos T
citotóxicos e helpers, limitando a ação deles no organismo
numa reação imune. Sabe-se que o linfócito T-helper ativa
o linfócito T-supressor que vai controlar a atividade deste
30
Linfócitos T- citotóxicos Linfócitos B
31
Células NK (Natural Killer) em sua superfície celular. Essas moléculas receptoras de
células NK são subdivididas em duas categorias
diferentes: receptores NK tipo imunoglobulinas e
Também conhecidas como células exterminadoras
receptores NK do tipo C, semelhante à lectina. Os ligantes
naturais ou células NK são definidas como células
para esses receptores são as moléculas encontradas na
citotóxicas não específicas que são importantes na
superfície celular cuja expressão sofreu alteração
resposta precoce às células tumorais e infecções virais.
resultante da infecção ou da lesão. As células NK também
São oriundas da medula óssea, linfócitos granulares
facilitam a resposta precoce às infecções virais, não
grandes que correspondem a 5-15% das células
apenas respondendo às citocinas produzidas
mononucleares do sangue periférico. Possui tamanho
precocemente durante uma infecção viral, mas também
ligeiramente maior que o do linfócito pequeno, e a
pela produção de citocinas que auxiliam diretamente a
presença do citoplasma granular abundante, permitem
reposta imune.
diferenciá-las do linfócito T. Seu citoplasma, bem como o
dos linfócitos T, é caracterizado por grânulos citotóxicos
que contêm dois potentes mecanismos que medeiam a
lise da célula-alvo. Apesar de as células NK não
expressarem nenhuma molécula específica
para antígenos, elas são altamente eficientes em
reconhecer e exterminar as células que apresentam
alterações ou que estão infectadas por vírus. As
atividades das células NK são reguladas por meio da
ativação e inibição das moléculas receptoras expressas
32
Mecanismos Inatos direcionada tanto contra antígenos microbianos quanto
para não-microbianos.
33
Componentes do mecanismo Inato Fagócitos: Neutrófilos e Monócitos/Macrófagos:
O sistema imunológico inato consiste em epitélio, que medula óssea cresce rapidamente e seu número pode até
fornece barreira às infecções, células na circulação e nos dobrar. A produção é estimulada pelas citocinas,
tecidos e diversas proteínas plasmáticas. Esses conhecidas como fatores estimulantes de colônias, que
componentes desempenham diversos papéis, mas se são produzidas por muitos tipos celulares em resposta ás
complementam, assim bloqueando a entrada de infecções, e que atuam nas células-tronco da medula
microrganismos e eliminando aqueles que entram nos óssea. Estes são o primeiro tipo celular a responder a
34
mediadoras nas reações imunológicas e inflamatórias, Imunidade de Mucosa
sendo responsáveis pela comunicação entre leucócitos e
As mucosas consistem em regiões anatômicas
entre os leucócitos e outras células. A maioria delas tem
extensas, que podem ser alvos de processos infecciosos
estrutura molecular definida na qual é chamada por
de maneira muito fácil, pois serve de porta de entrada por
convenção de interleucina, o que significa que essas
diversas vias: aéreas, ingestão de alimentos ou água
moléculas são produzidas pelos leucócitos e atuam nos
contaminada, contato sexual (vias gênito-urinárias) ou o
leucócitos. Na imunidade inata, os macrófagos ativados,
próprio trato urinário, onde o micro-organismo pode
ao reconhecerem os microrganismos, são a principal fonte
invadir e ascender esse trato até chegar a determinados
de citocinas. Elas também são produzidas na imunidade
órgãos.
celular.
Todas as citocinas são produzidas em pequenas Esse tecido está presente nas glândulas salivares e
quantidades em resposta a um estimulo externo, como mamares, no tecido do trato gênito-urinário, no tecido
um microrganismo. Elas se ligam a receptores de alta respiratório como um todo - desde a mucosa nasal, oral e
afinidade nas células-alvo. A maioria das citocinas age o tecido pulmonar - e também no tecido de mucosa que
nas células que as produzem (ações autócrinas) ou nas compõe o sistema digestório (estômago e
células adjacentes (ações parácrinas). Na reação principalmente intestino). No tecido digestório há uma
imunológica inata contra as infecções, pode ser ativado especialização maior: o tecido linfoide associado à
um grande número de macrófagos, de forma que são mucosa, onde em sua grande extensão haverá
produzidas grandes quantidades de citocinas que podem componentes do tecido imune como macrófagos, células
atuar em locais distantes de onde foram secretadas. dendríticas e linfócitos difusos. Na região intestinal,
sobretudo, há uma organização ainda maior desse tecido.
Ele recebe um nome especial, GALT (tecido linfoide
35
associado ao intestino), e é alvo de muitos estudos da Placa de Peyer
imunologia. Nele, as respostas imunes funcionam um
pouco diferente do que a gente viu. Do que, por exemplo, Trata-se de uma região mais frequente no
linfócitos sendo ativados em linfonodos e no baço. intestino delgado e com estruturas que se assemelham
a um linfonodo: uma região exclusiva de linfócitos B,
uma região exclusiva de linfócitos T, células
dendríticas prontas para reconhecer e apresentar ao
B, regiões foliculares que geram centros germinativos.
Linfócitos;
37
Imunógeno: Antígeno capaz de suscitar uma resposta Diversidade das imunoglobulinas
imune e memória.
A estrutura básica da molécula de imunoglobulina
Hapteno: Moléculas pequenas incapazes de provocar
consiste de quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas
uma resposta imune sozinhas, necessitando proteínas.
cadeias leves e duas cadeias pesadas, unidas por pontes
dissulfeto formando uma proteína globular em forma de Y.
A haste do Y é denominada fragmento Fc e é responsável
pela atividade biológica (função efetora) dos anticorpos.
Diferenças estruturais no Fc definem os cinco isotipos
principais ou classes de imunoglobulinas: IgA, IgD, IgE,
IgG e IgM. Tanto as cadeias pesadas quanto as cadeias
leves têm uma região constante e uma região variável. A
região variável é responsável pela interação com o
antígeno – são os “braços” da molécula de anticorpo e
são denominados
fragmentos Fab (Fragment antigen binding). As moléculas
de imunoglobulinas ou anticorpos apresentam diferenças
na sequência de aminoácidos nas porções Fab. A
diversidade nesses sítios de ligação ao antígeno garante
que haja um repertório quase ilimitado de especificidades
de anticorpos.
38
IgA: Representa 15-20% das imunoglobulinas do soro
humano. No homem, mais de 80% da IgA ocorre sob a
forma monomérica e está presente no sangue sob esta
forma. A IgA é a imunoglobulina predominante em
secreções: saliva, lágrima, leite, mucosas do trato
gastrintestinal (TGI), respiratório e geniturinário. Nestas
secreções ela se une a um componente secretor, e forma
a IgA secretora. Esta é composta por duas unidades
(dimérica) ligadas a uma cadeia J unida pelas porções Fc
no componente secretor. A função desse componente é
proteger a molécula das enzimas hidrolíticas
(destrutivas). O principal papel da IgA é proteger o
organismo de invasão viral ou bacteriana através das
mucosas (neutralização).
Figura 21: Estrutura básica em Y dos anticorpos IgD: perfaz menos de 1% do total de imunoglobulinas
A classe de um anticorpo é definida pela estrutura de sua plasmáticas e a função biológica precisa dessa classe de
cadeia pesada, algumas das quais possuem vários imunoglobulina é ainda incerta. A IgD é co-expressa com
subtipos, e esses determinam a atividade funcional de a IgM na superfície de quase todas as células B maduras
uma molécula de anticorpo. As cinco classes principais de e inativas (fase de reconhecimento), sendo que a IgD é
imunoglobulinas são IgA, IgD, IgE, IgG e IgM: expressa mais tardiamente, indicando uma célula B mais
madura.
39
IgE: é encontrada nas membranas superficiais dos grau de imunidade passiva ao feto e ao recém-nascido. É
mastócitos e eosinófilos em todos os indivíduos. Essa o anticorpo principal nas respostas imunes secundárias e
classe de imunoglobulina sensibiliza as células nas a única classe antitoxinas. A região Fc ativa o
superfícies das mucosas conjuntiva, nasal e brônquica. A complemento (quando unida ao antígeno) e auxilia a
IgE pode ter ainda importante papel na imunidade contra fagocitose por se ligar a macrófagos (opsonização). Com
helmintos, embora nos países desenvolvidos esteja mais a ativação do complemento, há uma amplificação da
comumente associada a reações alérgicas como asma e resposta inflamatória (com geração de quimiotaxia de
rinite. Metade dos pacientes com doenças alérgicas tem neutrófilos, aumento da permeabilidade vascular),
altos níveis de IgE. A interação entre o antígeno e a IgE opsonização e montagem do MAC (complexo de ataque à
ligada no mastócito resulta em liberação de histamina, membrana).
importante mediador inflamatório, causando
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, IgM: Perfaz aproximadamente 10% do conjunto de
contração de músculo liso e quimioatração de outras imunoglobulinas. Sua estrutura é pentamérica, as cinco
células inflamatórias. cadeias são ligadas entre si por pontes dissulfeto e por
uma cadeia polipeptídica inferior chamada de cadeia J. É
IgG: É uma imunoglobulina monomérica que perfaz 80% a primeira imunoglobulina a ser expressa na membrana
das imunoglobulinas do organismo. É a imunoglobulina do linfócito B inativo. Na membrana das células B, a IgM
mais abundante no soro e está distribuída uniformemente está na forma monomérica. O primeiro anticorpo
entre os espaços intra e extravasculares. É o anticorpo produzido numa resposta imune primária é sempre IgM
mais importante da resposta imune secundária. Em pentamérica. A IgM é encontrada principalmente
humanos, as moléculas de IgG de todas as subclasses intravascular, sendo uma classe de anticorpos "precoces"
atravessam a barreira placentária e conferem um alto
40
(são produzidas nas fases iniciais agudas das doenças Sistema Complemento
que desencadeiam resposta humoral).
41
Vias de ativação do Sistema Complemento fragmentos do C4b serve como opsoninas e o restante
para a formação da C3 convertase. Cada C3 convertase
A ativação sistema complemento ocorre gera muitas moléculas de C3 ativadas (C3b), fase de
rapidamente após influência de um estímulo específico, amplificação, que quando depositadas no alvo servem
seguindo uma cascata de auto amplificação. As três vias como opsoninas, enquanto outras irão formar a C5
principais de ativação: Via clássica é ativada quando convertase (C4b2a3b). Esta cliva C5 levando a formação
anticorpos IgG ou IgM se ligam a antígenos (vírus, do complexo de ataque à membrana, composto de C5b,
bactérias ou auto antígenos) formando ICs, fazendo parte 6,7,8 e 9. A formação do MAC determina lise osmótica da
da resposta imune específica. célula e consiste em uma interação proteína-proteína, não
requerendo clivagens proteolíticas. A ativação de C5
Etapas: A fase de ligação é iniciada quando o C1q
também libera uma potente anafilatoxina, o C5a.
do complexo C1 se liga à porção Fc de um anticorpo do
tipo IgG ou IgM. Este complexo é composto de uma
subunidade de C1q, associada a duas moléculas de C1r e
duas de C1s por ligações dependentes de cálcio. As
esterases C1r e C1s são necessárias para a fase de
ativação.O C1s cliva (quebra) C4 e C2. As moléculas
ativadas de C4 e C2 se agrupam próximo ao sítio em que
o anticorpo está ligado. Os fragmentos maiores do C4
(C4b) e do C2 (C2a) formam o complexo chamado C3
convertase (C4b2a). Cada molécula de C1 ativada gera
muitos fragmentos de C4b e C2a. A maioria dos Figura 23: Mecanismo de ação: via clássica
42
Via alternativa corresponde a um sistema mais C5 convertase (C3bBbC3bP). O restante do processo de
primitivo, que não requer a presença de anticorpos ativação é similar ao da via clássica.
específicos, sendo ativada a partir da hidrólise
espontânea do terceiro componente do complemento (C3)
e sua deposição na superfície do microrganismo.
fragmento C3b. Este, após alteração estrutural, liga-se a Via da Lecitina é composta pela lectina ligadora de
uma serina protease, denominada fator B. A clivagem do manose (LLM), uma proteína da família das lectinas
fator B pelo fator D origina o fragmento Bb, que dependentes de cálcio,que tem estrutura homóloga a
juntamente com o C3b origina a C3 convertase da via C1q. Essa via é ativada quando a lectina se liga ao
alternativa, a qual é estabilizada pela properdina terminal manose existente em diferentes grupos de
(C3bBbP). Esse complexo promove mais clivagem de C3, bactérias.
alça de amplificação, resultando em deposição de
Etapas: Essa via é iniciada por proteínas
grandes quantidades de C3b no alvo. Parte do C3b
plasmáticas denominadas lectinas ligadoras de manose
formado irá agrupar-se ao complexo C3bBb, originando a
(LLM), que são membros da família das lectinas
43
dependentes de cálcio, as colectinas, com similaridades Mecanismo Adquirido
estrutural e funcional com C1q. Essas proteínas
reconhecem porções específicas de carboidrato (manose)
presentes na superfície de alguns patógenos. A LLM Apesar de a imunidade inata poder combater
pertence à mesma família de proteínas do C1q, muitas infecções de maneira eficaz, microrganismos
entretanto, enquanto o C1q tem um domínio que se liga patogênicos para os seres humanos que são capazes de
ao Fc das imunoglobulinas, a lectina reconhece causar doenças, evoluíram para resistir aos seus
carboidratos. Essa ligação leva à ativação de serinas mecanismos. A defesa contra esses agentes infecciosos é
proteases associadas à manose, que correspondem a C1r função da resposta imunológica adquirida, e é por isso
e C1s, com subsequente clivagem de C4 e C2. O restante que defeitos nesse sistema resultam em maior
do processo de ativação é similar ao da via clássica. suscetibilidade a infecções. O sistema imunológico
adquirido é formado pelos linfócitos e seus produtos,
como os anticorpos. Enquanto os mecanismos da
imunidade inata reconhecem estruturas comuns a classes
de microrganismos, as células da imunidade adquirida, ou
seja, os linfócitos expressam receptores que reconhecem
especificamente diversas substâncias produzidas pelos
microrganismos, assim como moléculas não-infecciosas,
essas substancias são chamadas de antígenos
44
passarem pelas barreiras epiteliais e forem transportadas Tipos de mecanismos adquirido
para os órgãos linfoides, onde podem ser reconhecidos
pelo linfócitos, elas geram mecanismos especializados A imunidade humoral faz parte da imunidade
para o combate de diversos tipos de infecção. As adquirida que se baseia na diferenciação dos linfócitos em
respostas adquiridas geralmente usam células e diferentes locais a partir de linfo blastos (células
moléculas do sistema imunológico inato para eliminar os precursoras que são produzidas na medula vermelha).
microrganismos, e funções imunológicas adquiridas para
A imunidade humoral tem como efetores os
aumentar acentuadamente esses mecanismos
linfócitos B. Este tipo de células reconhece uma grande
antibacterianos da imunidade inata.
variedade de diferentes antígenos, como por exemplo,
bactérias, toxinas produzidas por bactérias, vírus e
moléculas solúveis.
45
Os anticorpos são também chamados de
imunoglobulinas. As imunoglobulinas são de diferentes
formas dando-se o nome de isotipo ou classes. Os
diferentes tipos distinguem-se pelas suas propriedades,
tanto biológicas como de localização e ainda pelas
funcionalidades e habilidades para lidar com os vários
antígenos. São constituídas por duas cadeias pesadas,
unidas a uma cadeia leve, através de duas pontes
de enxofre e mais duas cadeias pesadas unidas entre si.
Estes anticorpos possuem uma zona variável
que determina a que antígeno se unirá o anticorpo. A
zona que não varia, ou seja, a zona constante,
determina a classe do anticorpo.
Figura 26: Imagem explicativa sobre imunoglobulinas
46
Mecanismo de imunidade adquirida mediada do ataque imunológico. Como resultado final da resposta
por células imune, o invasor é removido.
Num determinado momento, as células T
A imunidade mediada por células é um processo encontram-se num estado inativo. Os receptores de
que resulta da intervenção dos linfócitos T que possuem antígenos que se encontram na superfície das células T,
receptores membranas específicos, designados por chamados receptores de células T (RCT), reconhecem e
receptores T., Contudo, estes linfócitos só reconhecem ligam-se especificamente a fragmentos antígenos
antigénicos que estão presentes na superfície das células estranhos que são apresentados na forma de complexos
do nosso organismo ligados a moléculas identificadoras MHC-antígeno. Existem milhões de diferentes células T,
do indivíduo, como parasitas multicelulares. Exemplo: cada um com um único RCT que reconhece um MHC
fungos, células cancerosas, tecidos acrescentados e antígeno específico.
órgãos transplantados. Para além de esta ser à base de Quando um antígeno entra no corpo, apenas
reconhecimento dos próprios antígenos é também a partir um número reduzido de células T expressam os RTC que
desta base que há o reconhecimento de antígenos que são capazes de reconhecer e ligar-se ao antígeno. O
são estranhos quando apresentados por células reconhecimento do antígeno envolve também outras
apresentadoras a células especializadas. proteínas de superfície presentes nas células T, sendo
A imunidade mediada por células começa pela a essas proteínas a CD4 ou CD8. Estas proteínas
ativação de um número reduzido de células T específicas. interagem com os antígenos do MHC e ajudam a manter
Uma vez que as células T são ativadas proliferam e a ligação entre o TCR-MHC. Por esta razão, é que estes
diferenciam-se em um clone de células efetoras, uma se chamam de co-receptores. O reconhecimento do
população de células idênticas que são capazes de antígeno pelo TCR com a proteína CD4 ou CD8 é o
reconhecer o mesmo antígeno e reproduzir certos aspetos primeiro sinal de ativação da célula T.
47
Cooperação entre mecanismos de imunidade
adquirida humoral e mediada por células
48
Tipos de Imunidade Imunidade Adquirida de forma Natural
49
A imunidade natural pode ainda ser ativa ou passiva.
50
de anticorpos produzidos por outro organismo, portanto o
receptor dos anticorpos não necessita de produzir mais
anticorpos. Este tipo de imunização é feito com recurso
a soros com anticorpos.
Imunidade Adquirida de forma Artificial
51
problemas, como a inserção involuntária de proteínas
desconhecidas ao plasma do receptor.
Soros com anticorpos
52
O poder imunológico da amamentação contém todos os aminoácidos essenciais, que atuam
como fatores de proteção e transportam hormônios e
parte das potencialidades humanas. Os distúrbios que O leite humano possui numerosos fatores imunológicos
incidem nessa época são responsáveis por graves que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória
consequências para indivíduos e comunidades. O é o principal anticorpo, atuando contra micro-organismos
aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no
vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e
constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos
para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda contra agentes infecciosos com os quais já teve contato,
um grandioso impacto na promoção da saúde integral da proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra
dupla mãe/bebê. os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do
processo que envolve interação profunda entre mãe e primeiro mês, permanecendo relativamente constante a
filho, com repercussões no estado nutricional da criança, partir de então. Além da IgA, o leite materno contém
em sua habilidade de se defender de infecções, em sua outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e
fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional. IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina,
lisosima e fator bífido. Este favorece o crescimento do
Além dos componentes básicos (proteínas,
Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que
carboidratos e gorduras), a composição do leite materno
acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias
varia, sendo única para cada bebê. Por exemplo, as
proteínas do leite materno possuem diversas funções:
53
que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e sueco que fez a descoberta estava explorando as
Escherichia coli. propriedades antibióticas do leite quando um pesquisador
notou que as células cancerosas do pulmão em um tubo
O sistema imunológico da mãe produz anticorpos
de ensaio morreram ao entrar em contato com leite
criados especificamente para proteger o lactente contra
materno. Foi descoberto então que quando a alfa-
os patógenos adquiridos no seu entorno. Novos
lactoalbumina se mescla com ácidos (presentes no
anticorpos são produzidos cada vez que a mãe entra em
próprio leite materno ou no estômago de lactentes) se
contato com microrganismos prejudiciais ou quando
transforma num composto chamado de HAMLET (sigla
amamenta, pois, há troca de microbiota da saliva do bebê
em inglês para Alfa-lactoalbumina Humana Transformada
para a mãe no ato da amamentação. Isto indica ao
em Letal para Células Tumorais). A pesquisa mostrou
sistema imunológico que produza anticorpos que serão
que, depois de 5 dias com tratamento com HAMLET,
passados ao filho em próximas mamadas.
pacientes com câncer de bexiga urinavam células mortas
Se o bebê toma leite artificial, terá somente seus de câncer após cada sessão de tratamento.
próprios anticorpos (que são presentes em níveis baixos)
Estudos com ratos mostraram que, depois de sete
e um sistema imunológico imaturo, se tornando
semanas de tratamento um tumor cerebral - glioblastoma
extremamente vulnerável a infecções.
altamente invasivo era sete vezes menor no grupo tratado
Alfa-lactoalbumina: com HAMLET. O fator mais importante é que a substância
É a principal proteína do leite materno, não tem efeitos secundários, pois somente elimina o
representando 10-20% da proteína total. Pesquisas câncer e não danifica células sãs. O professor Karlsson
mostraram que esta proteína provoca apoptose (“suicídio (que conduziu os estudos) acredita que esta terapia
celular”) de mais de quarenta tipos de câncer. O grupo
54
estará sendo utilizada em 5 anos para pacientes adultos eliminando células infectadas por vírus ou células
com câncer. tumorais, por exemplo.
55
Macrófagos e Neutrófilos: Citocinas:
56
Defensinas:
Fatores de Crescimento:
57
Referências Bibliográficas:
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3
Abbas, A. K.; Lichtman, A. R. Imunologia Básica: Funções e Distúrbios 701
de Sistema Imunológico
http://printer-
ABBAS, LICHTMAN. Abul, Andrew. Imunologia Básica: Funções e friendly.adam.com/content.aspx?productId=118&pid=5&gid=001295
Distúrbio do Sistema Imunológico. 2. Ed. São Paulo: Elsevier, 2007. &c_custid=802
http://imunizacaocop.blogspot.com.br/p/imunidade-natural.html http://gracieteoliveira.pbworks.com/w/page/64131091/O%20que%2
0distingue%20os%20processos%20de%20imunidade%20humoral%20
dos%20processos%20de%20imunidade%20mediada%20por%20c%C3
http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/8Digest.pdf %A9lulas
http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=183 http://metodoslaboratoriaiscomac.blogspot.com.br/2010/09/resumo
0 -aula-17092010-sistema.html
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAdvsAG/imunologia- https://pt.slideshare.net/guestd63ee00/stima-aula-sist-
anticorpos-antigenos# complemento
http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/7Linfat.pdf http://knoow.net/ciencmedicas/medicina/linfocito-t-helper/
http://biomedicinanordestina.blogspot.com.br/2016/02/sistema- http://www.biomania.com.br/bio/?pg=artigo&cod=4030
imunologico.html
58
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem
/linfocitos-b/11406
http://www.infoescola.com/citologia/celulas-natural-killer/
http://www.infoescola.com/citologia/monocitos/
http://www.infoescola.com/citologia/macrofagos/
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/mas
tocitos/31067
59