Resenha Igreja Centrada Timothy Keller

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SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA


PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSO EM MISSIOLOGIA
MISSÃO URBANA
PROFESSOR: GERSON SANTOS, DMin

Relatório de Leitura II
Gustavo Emanoel Pacheco Portes1

KELLER, T. Igreja Centrada: Desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e


centrado no evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2014. (150pp lidas).

Sumario expositivo

Timothy Keller, prolífico escritor e pastor presbiteriano norte-americano, aborda


aspectos da missão urbana na obra Igreja Centrada. A partir de uma releitura de principais
vertentes missiológicas e da experiência como pastor e plantador de igrejas urbanas, Keller
apresenta uma ampla discussão sobre princípios gerais acerca de contextualização, plantio e
nutrição de igrejas em contextos urbanos. Keller aborda amplamente a discussão cultural,
indicando, ao menos, quatro modelos principais de abordagem entre “Cristo e a cultura”,
denotando, ao fim, que o equilíbrio ou centralidade de cada contexto a partir da visão
teológica da igreja ou grupo indicará os aspectos de cada modelo que deverão ser
implementados, criativamente, de forma a promover a “centralidade” (igreja centrada) do
Evangelho no contexto urbano. Indica ainda o plantio de Igrejas nas cidades como essencial
para a manutenção saudável da pregação do evangelho. Ao fim, indica os princípios gerais de
contextualização urbana sob a visão teológica do Evangelho.

Perguntas

1.   Descreva a visão teológica da igreja centrada segundo T. Keller. Em sua opinião, o que é

                                                                                                               
1
Acadêmico da Pós-Graduação Latu Senso em Missiologia pelo UNASP-EC. E-mail:
gustavoepportes@gmail.com . Janeiro de 2015.
“Igreja Centrada” e que contribuição este conceito traz para a missiologia?

Segundo Keller, a visão teológica é a compreensão fiel do evangelho com implicações na


vida, cultura, ministério e missão da igreja. Igreja centrada, como descreve, é a igreja
sintonizada com o evangelho e sintonizada com a cidade, uma igreja em movimento que não
ignora as implicações do Evangelho e tampouco ignora a realidade do contexto urbano. Este
conceito conduz, sobretudo, ao debate acerca do papel da cidade na teologia de missão e
estratégias de missão urbana. Como o autor indica, a categoria cidade é bíblica, com elevadas
e importantes nuances para a historia da redenção, especialmente considerando o contraste
entre Babilônia – a Grande cidade – e Jerusalém – a Santa cidade – no contexto escatológico.
Ademais, o autor procura pontuar a discussão cultural dentro da teologia bíblica de missão
urbana, pontuando o lócus da cidade no debate, as formas de interpretação de seu contexto e
ponto de vista bíblico além de, criativamente, indicar princípios e guidelines gerais para
abordagem missiológica da cidade. De forma geral, os princípios apresentados demandam
reflexão e análise a partir da distintiva teologia adventista, de forma a absorver criticamente
os conceitos úteis e harmônicos mantendo intacta a identidade e a mensagem profética do
remanescente em relação ao mundo e aos demais grupos religiosos.

2.   Como você explicaria a decisão do autor em começar um novo ministério na cidade e


quais os valores que ele utilizou? Por que? Em outras palavras, qual o diferencial da
Igreja “Redeemer” comparada com outras igrejas urbanas?

Keller compreende acertadamente que a cidade é um vasto e criativo ambiente onde


inteligência, força de produção e talentos encontram livre expressão. Alem disso, é o local de
principal concentração humana atualmente. Desta forma, o contexto urbano não pode, sob
hipótese alguma, ser passado por alto, ao contrário, apresenta elevado potencial a ser
explorado. Sob este contexto o autor iniciou seu ministério urbano na Igreja Redeemer.
Acerca dos valores empregados, Keller explica que não há um “segredo” para o ministério
Redeemer, antes, o autor indica a importância da visão teológica aliada ao conhecimento da
cidade e pontos de apoio variados que sua pluralidade oferecem. Desta forma, o evangelho
continuará a transformar vidas e ter significado para as pessoas, pois atua diretamente nas
questões reais que lhes são importantes dentro de suas lógicas plurisemânticas de vida urbana.
Portanto, a contextualização para o meio urbano e a visão centrada, como o autor propõe,
constituem o principal diferencia de Redeemer.
3.   Como você descreve sua própria atitude para com a cidade? Qual é o conceito bíblico de
cidade? Como você pode buscar a “paz e a prosperidade” da cidade?

De forma pessoal, a cidade representa para mim um misto de pluralidade, diversidade,


criatividade e intensidade. As primeiras três categorias são claras tanto a nível básico como a
partir das ciências sociais. A terceira categoria indica a concentração tanto das três primeiras
como de inúmeras outras categorias, sobretudos no que tange ao pecado. Obviamente, a
compreensão clássica religiosa aponta a cidade como centro imoral a ser evitado. Tal ponto de
vista é compreensível e mesmo justificável, entretanto não deveria bloquear as iniciativas
missionais – tão importantes e necessárias – no contexto urbano. Desta forma, observo a
cidade como um amplo campo missionário, onde possibilidades inovadoras, criativas e
eficazes devem ser sistematicamente empreendidas. Obviamente que a resistência ao
evangelho e a verdade presente tendem a ser maiores onde educação, finanças e outras
variáveis convergem para o secularismo e a ênfase material da vida pós-moderna (ou moderna
tardia, como propõe Keller). Entretanto, o poder do Evangelho é infinitamente superior,
sobretudo se aplicados de forma coerente, viável, real e acompanhada do poder do Espírito
Santo. Biblicamente, a cidade é uma categoria pertinente, pois é indicada desde Genesis a
partir de Caim, até Apocalipse a partir da batalha entre as duas cidades (Babilônia e Nova
Jerusalém). Ademais, embora um fruto da criação humana como tal, a cidade encontra espaço
para redenção no plano de Deus, aspecto claramente indicado no contexto teológico de
Jerusalém veterotestamentária e da Nova Jerusalém escatológica. Portanto, tal categoria é
bíblica e deve ser, como tal, pesada e incorporada não apenas na reflexão teológica e
missiológica, mas nas estratégias de missão adventistas. Buscar a “paz e prosperidade”, creio
pode ser alcançado por um envolvimento saudável na “vida da cidade”: centros de educação,
trabalho, lazer, etc., de forma a não apenas procurar alcançar pessoas, mas empreender
honesta, justa e amorosamente nas variadas dinâmicas urbanas como economia,
sustentabilidade e desenvolvimento.

4.   Em sua opinião, que modelo de relacionamento entre Cristo e a cultura é mais adotado
pelos líderes adventistas? Por que?

Até recentemente, ao que parece, o modelo transformacionista tem sido o principal aplicável.
Isto torna-se evidente na ênfase cognitiva e no afastamento de padrões comportamentais
gerais presentes na sociedade. De forma ampla, este modelo é eficaz na medida em que
promove o senso de santificação e afastamento do pecado. Entretanto, um dos grandes
cuidados a se observar e que, ocasionalmente torna-se visível, é a construção tácita de uma
espécie de “muro de separação” entre religiosos e o não-religiosos, o que bloqueia muitas
vezes o alcance a estas pessoas e a própria propagação da verdade presente. Tal procedimento
assemelha-se ao descrito acera do povo israelita (AT), na medida em que afastaram-se de tal
forma do mundo que os rodeava para não contaminar-se que perderam de vista a missão para
a qual Deus os havia chamado. De qualquer forma, o modelo de Cristo na cultura, com suas
ênfases na “relevância” da igreja e da mensagem – apontado por Keller como espécie de
modelo mercadológico e fadado a ultrapassagem cultural (na medida em que a cultura se
transforma e a suposta “relevância” cultural torna-se obsoleta,) – tem sido de forma crescente
implementada no meio adventista, sobretudo nos últimos anos. Talvez a influencia da
literatura de Rick Warren seja uma das principais molas propulsoras deste modelo dentro do
meio adventista.

5.   De acordo com a proposta de H. Richard Niebuhr sobre o relacionamento do


cristianismo com a cultura, em que “estação você se encontra”? Adaptando estas
“quatro estações”, que proposta é apresentada por Keller?

Obviamente, a expectativa é estar na estação de verão, ajustado para a missão sem ignorar a
cultura circundante. Creio que, após as amplas discussões missiológicas que o programa de
pós-graduação tem permitido, em seus variados ângulos, espero estar passando da estação de
outono para verão. De acordo com Niebuhr, creio estar no primeiro ou talvez, como almejado,
no terceiro momento. Durante as discussões acerca de Crescimento e, sobretudo acerca da
relação igreja e cultural, é inegável os momentos de trânsito pelas três fases, ainda que a nível
de reflexão acadêmica. As discussões sobre cultura, como apresentadas por Keller, propõe
não apenas 3 fases mas 4, como descritas no inicio da resposta a esta pergunta. Keller indica
quatro estações na relação igreja-cultura: desde o inverno em que há hostilidade entre a igreja
e cultura; o outono em que o cristianismo é marginalizado em relação à cultura; a primavera
em que a cultura ataca abertamente o cristianismo (perseguição) e, ainda assim, a igreja cresce
e, finalmente, o verão em que há engajamento cultural e ativo dos cristão na sociedade e
cultura.

Conclusão
Fiel a sua cosmovisão presbiteriana, Keller conclui indicando que a igreja deve ser
centrada em sua visão teológica do Evangelho e em uma relação saudável com a cultura;
mantendo o movimento e a multiplicação urbana através do plantio de Igrejas. Ao fim,
princípios úteis à missão urbana podem ser extraídos da obra Igreja Centrada, considerando
as variáveis teológicas e a sempre presente necessidade do crivo e da reflexão missiológica
critica para a missão de Deus no tempo do fim.

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