Ete Matadouro
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Ete Matadouro
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ÍNDICE
Pág.
1.Introdução.................................................................................................................. 2
2. Objetivo.................................................................................................................... 2
3. Características da Indústria..................................................................................... 2
5. Dimensionamento...................................................................................................... 8
5.4.2 Esterqueira.................................................................................................... 10
6. Conclusões............................................................................................................... 18
7. Referências bibliográficas..................................................................................... 18
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1. INTRODUÇÃO
A implantação de uma estação de tratamento de efluentes tem por objetivo a
remoção dos principais poluentes presentes nas águas residuárias, retornando-as ao
corpo d’água sem alteração de sua qualidade. As águas residuárias de uma cidade
compõem-se dos esgotos sanitários e industriais sendo que estes, em caso de geração de
efluentes muito tóxicos, devem ser tratados em unidades das próprias indústrias.
O parâmetro mais utilizado para definir um esgoto sanitário ou industrial é a
demanda bioquímica por oxigênio, chamada DBO. A DBO é a quantidade de oxigênio
usada por uma população mista de microorganismos durante a oxidação aeróbia à
temperatura de 20ºC. Pode ser aplicada na medição da carga orgânica imposta a uma
estação de tratamento de efluentes e na avaliação da eficiência das estações, ou seja,
quanto maior a DBO maior a poluição orgânica.
A escolha do sistema de tratamento é função das condições estabelecidas para a
qualidade da água dos corpos receptores. A Resolução Conama nº 20, de 18.06.86,
classifica a qualidade dos corpos receptores e define o padrão para tratamento do
efluente. As legislações estaduais sobre meio-ambiente complementam a norma federal
nos mesmos aspectos. Além disso, qualquer projeto de sistema deve estar baseado no
conhecimento de diversas variáveis do efluente a ser tratado, tais como a vazão, o pH, a
temperatura, o DBO.
Em qualquer atividade, e de forma bastante expressiva na atividade dos
matadouros já que estes representam significativa parcela das agroindústrias instaladas,
sabemos que a geração de resíduos é algo inevitável. Por isso, para a escolha de um
método de tratamento coerente para esses resíduos, é necessária uma investigação
detalhada no que diz respeito aos métodos de tratamento dos efluentes industriais, a
qualidade do efluente tratado e o comportamento dos sistemas de tratamento frente às
condições climáticas regionais. Portanto, faz-se necessário que todos esses aspectos
sejam, e por isso serão, retratados durante a apresentação deste projeto.
2. OBJETIVO
O objetivo do presente trabalho é descrever as atividades desenvolvidas em um
matadouro, com capacidade de abate de 50 bovinos por dia, analisando os efluentes
gerados por estas atividades, para que se possa finalmente propor uma estação de
tratamento de efluentes que apresente características que combinam baixo custo de
implantação e manutenção, e uma boa eficiência de tratamento. Será apresentado o
fluxograma do processo escolhido para o tratamento, além do dimensionamento dos
equipamentos necessários, com as devidas justificativas para utilização dos mesmos.
3. CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA
Para realização deste trabalho admitiu-se o matadouro possuindo capacidade de
abate de 50 bois por dia, trabalhando com 30 operários, 15 por turno de 8 horas/dia e 6
funcionários , 3 por cada turno de 8 horas/dia.
3
- Lavagem da carne e bancadas.
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Tendo em vistas os objetivos do projeto, de se propor uma estação de tratamento
de efluentes que apresente características que combinam baixo custo de implantação e
manutenção, e uma boa eficiência de tratamento, possuindo os requisitos de área e as
condições climáticas são favoráveis, foi escolhido, dentre os sistemas secundários a
utilização de lagoas de estabilização, supondo haver área disponível e o matadouro
localizar-se fora do perímetro urbano, onde geralmente adota-se o sistema de lagoas em
série, sendo a primeira anaeróbia e as seguintes facultativas, dimensionadas segundo as
cargas orgânicas aplicadas por área e por dia.
Tal sistema foi adotado, por apresentar as seguintes vantagens sobre os demais:
Efluentes
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Caixa de Calha
Gordura Grade Parshall
Caixa de
Areia
4.2.1 PRÉ-TRATAMENTO
4.2.1.1 Recuperação do sangue, tanto quanto possível
O sangue será drenado na operação de sangramento do animal através de valas
até um tanque coletor, minimizando ao máximo a quantidade que irá ser tratado na
Estação de Tratamento de Efluente (ETE). O sangue acumulado pode ser
comercializado para fabricação de farinha de sangue, ou disposição adequada no solo,
após tratamento com cal virgem sólida.
4.2.1.4 Gradeamento
Constitui-se na remoção de sólidos e tendo como objetivo reter materiais
grosseiros em suspensão. Possui a vantagem de além da remover os sólidos, proteger os
equipamentos subseqüentes e evitar obstruções que poderiam ser causadas por tais
materiais.
As grades podem ser classificadas como finas, médias e grosseiras de acordo
com as dimensões da seção transversal da barra. Além disso, podem ser simples ou
apresentarem limpeza mecanizada. A espessura e o espaçamento entre as grades são
função das características do efluente.
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A limpeza da grade será manual e o material recolhido como pedaços de vísceras
e fragmentos de ossos serão comercializados para preparação de ração animal
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área requerida é correspondentemente menor. Neste projeto adotaremos a altura de 4,5
metros.
As lagoas anaeróbias não querem qualquer equipamento especial e têm um
consumo de energia praticamente desprezível.
O tempo de detenção normalmente situa-se na faixa de 3 a 5 dias. Com tempos
inferiores a 3 dias, poderá ocorrer que a taxa de saída das bactérias metanogênicas com
o efluente da lagoa (fatores hidráulicos) seja inferior à sua própria taxa de reprodução, a
qual é lenta (fatores biológicos). Além da eficiência da lagoa anaeróbia se reduzir,
ocorreria o aspecto mais grave do desequilíbrio entre a fase acidogênica e a
metanogênica. A conseqüência seria o acúmulo de ácidos no meio, com a geração de
maus odores, pelo fato de haver poucas bactérias metanogênicas para dar continuidade à
conversão dos ácidos. Com tempos de detenção superiores a 6 dias, a lagoa anaeróbica
poderia se comportar como uma lagoa facultativa. Tal é indesejável, pois a presença de
oxigênio é fatal para as bactérias metanogênicas.
A eficiência de remoção de DBO por uma lagoa anaeróbia é da ordem de 50% a
60%. A DBO efluente é ainda elevada, implicando na necessidade de uma unidade
posterior de tratamento. As unidades mais utilizadas para tal são as lagoas facultativas,
compondo o sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas, também
denominadas de sistema australiano.
A remoção de DBO na lagoa anaeróbia proporciona uma substancial economia
de área, fazendo com que o requisito de área total (lagoa anaeróbia + lagoa facultativa)
seja em torno de 2/3 do requisito de uma lagoa facultativa única. Devido a presença da
lagoa anaeróbia, maus odores, provenientes da liberação de gás sulfídrico, podem
ocorrer como conseqüência de problemas operacionais. Por este motivo este sistema
deve ser localizado em áreas afastadas, longe de bairros residenciais.
Fotossíntese:
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CO2 + H2O + Energia Solar Matéria Orgânica + O2
Respiração:
Matéria Orgânica + O2 CO2 + H2O + Energia
À medida que se afasta da superfície da lagoa a concentração de oxigênio diminui
devido a menor ocorrência da fotossíntese. Também durante a noite não há realização de
fotossíntese, enquanto que a respiração continua ocorrendo. Esta zona, onde pode
ocorrer ausência ou presença de oxigênio é denominada zona facultativa. Nela a
estabilização de matéria orgânica ocorre por meio de bactérias facultativas, que podem
sobreviver tanto na ausência quanto na presença de oxigênio. As lagoas facultativas
dependem da fotossíntese para a produção de oxigênio, como já foi dito anteriormente.
Desta forma, a eficiência desse tipo de sistema de tratamento depende da
disponibilidade de grandes áreas para que a exposição à luz solar seja adequada,
podendo a chegar a valores de 70 a 90 % de remoção de DBO. Como a atividade
fundamental do processo consiste no desenvolvimento das algas e estas da presença de
luz, as profundidades das lagoas restringem-se a valores variáveis entre 1,5 e 2,0
metros, porém, com volumes elevados, de forma a permitir a manutenção de grandes
períodos de detenção, em geral de 15 a 45 dias.
As vantagens relacionam-se a grande simplicidade e à confiabilidade da
operação. Os processos naturais são vias de regra confiáveis: não há equipamentos que
possam estragar ou esquemas especiais requeridos. No entanto, a natureza é lenta,
necessitando de longos tempos de detenção para que as reações se completem, o que
implica em grandes requisitos de área. A atividade biológica é grandemente afetada pela
temperatura, principalmente nas condições naturais das lagoas. Desta forma, as lagoas
de estabilização são mais apropriadas onde a terra é barata, o clima favorável, condições
também existentes para o sucesso dos matadouros.
5.DIMENSIONAMENTO
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Cargasanitária= 280 + 1200 = 1480 g/dia
5.4 PRÉ-TRATAMENTO
5.4.1 COLETOR DE SANGUE
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Tanque específico para coleta de sangue bruto dimensionado para acumular todo
o sangue durante uma jornada de trabalho, assumindo-se que a quantidade de sangue
gerada por cada boi seja 50 L/animal, o que resulta num volume total de 2500 L/ dia=
2,5 m3/dia. Adotando-se um tanque com uma profundidade de 1 m e a largura sendo a
metade do comprimento tem-se:
Vazão total de sangue= 2,5 m3/dia
Tempo de retenção= 16h
V Qxt
(8)
Volume= 1,67 m3
Comprimento= 1,83 m
Largura= 0,91 m
Profundidade= 1 m
Área= 1,67 m2
Caso não se consiga comercializar o sangue, sugere-se a sua mistura com cal
virgem, na proporção de 10 gramas/litro de sangue, o qual depois de convenientemente
misturado deverá ser enviado para um depósito de lixo e colocado em valas escavadas
no solo e cobertas com o próprio material de escavação.
5.4.2 ESTERQUEIRA
Tanque dimensionado para acumular todo o resíduo do curral, da pança e bucho
durante uma jornada de trabalho. Devendo ser limpo manualmente no final da jornada
do dia, podendo o resíduo ser lançado no solo como adubo. O resíduo da esterqueira não
vai ser tratado na ETE. Assumindo-se que a de resíduo gerada seja de 0,04 m3/boi tem-
se um volume total de 2 m3/dia. Adotando-se um tanque com uma profundidade de 1m e
a largura sendo a metade do comprimento tem-se:
Vazão total de sangue= 2 m3/dia
Tempo de retenção= 16h
Utilizando-se a eq. 8 encontra-se o volume do tanque.
Volume= 1,33 m3
Comprimento= 1,63 m
Largura= 0,82 m
Profundidade= 1 m
Área= 1,33 m2
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Assumindo a largura, b, como a metade do comprimento, L, e profundidade, h, de
0,6 m tem-se:
2 xV
L (10)
h
Substituindo os valores tem-se:
L= 0,78 m
b= 0,39 m
h= 0,6 m
Área= 0,3m2
5.4.4 GRADEAMENTO
Q
Au (12)
V
12
Au = ((52,5 m3/dia)x(1 dia/86400s))/(0,8m/s)
Au = 0,001013 m2 ou Au = 10,13 cm2
a
E (13)
at
Logo,
E = 0,7009 = 70,09%
Au
S (14)
E
V0 2 V 2
h f 1,43 (15)
2 g
Onde:
hf = perda de carga na grade de barras, em (m);
V0 = velocidade do fluxo através das barras, em m/s
V’0= 0,6 m/s (adotado), porém como a grade fica 50% suja, a vazão acarreta para a
metade da seção uma velocidade duas vezes maior, assim V0=2xV’0= 1,2 m/s
V = velocidade do fluxo imediatamente a montante da grade
V = V0 x E = 1,2 x 0,7009, V = 0,84 m/s
g = aceleração da gravidade = 9,81 m/s2;
hf = 0,0535m (OK!)
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No dimensionamento adotou-se uma garganta de 3” do vertedor Parshall,
estabelecendo-se os seguintes parâmetros [Nunes, J. A., 1996]:
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Q n
H mín mín (17)
K
Onde:
Hmáx= altura útil da caixa de areia para a vazão máxima, m;
Hmin=altura útil da caixa de areia para a vazão mínima, m;
Qmáx = vazão máxima do efluente, m3/s;
Qmín = vazão mínima do efluente, m3/s;
K e n são funções da garganta do medidor da calha Parshall.
h’= 0,3726m
h´
x (21)
sen45
x = 0,527 m= 52,7 cm
b= S/ H (22)
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b = 0,0757m= 7,57 cm
n = 3,54
A grade poderá ter 3 ou 4 barras.
e b nt n 1 a (24)
Como o espaçamento entre barras adotado foi de 1,50cm, e para 3 barras o valor
da abertura em cada extremidade se aproxima deste valor adota-se 3 barras para a
grade.
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Como t1=t2, pois o tempo gasto para a partícula percorrer as distâncias h e L é o
mesmo:
V1 x H = L x V2 (29)
Substituindo-se os valores de V1 e V2, obtém-se a seguinte relação:
L= 15 x H (30)
b = 0,11 m
4.4.3 Área da caixa de areia
A= L x b (33)
A=0,05 m2
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5.5.1 LAGOA ANAERÓBIA
5.5.1.1 Carga afluente de DBO
Carga= Concentração de DBO afluente x vazão do despejo (35)
Carga= 1378,19 g/m3 x 52,5 m3/dia
Carga= 72354,98 g/dia= 72,35 Kg/dia
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DBOefl= 551,28 mg/L
Espessura em 1 ano:
e= ((13,39 m3/ano)x(1ano))/(53,6m2)
e= 0,25 m/ ano
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Substituindo os valores tem-se:
A= 0,107185 ha= 1071,85 m2
Para atender aos padrões da legislação, será necessária a instalação de duas lagoas
facultativas em série com as lagoas anaeróbias.
Portanto adotando duas lagoas facultativas, a área respectiva a cada uma será:
A'=1071,85/2 ~ 536m2
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A área total requerida é a soma das áreas individuais de cada componente da
estação de tratamento, incluindo o coletor de sangue e a esterqueira.
Portanto somando-se tais áreas tem-se: At= 1128,8 m2
6. CONCLUSÕES
Como a DBO final calculada é menor que a DBO exigida para liberação do
efluente no corpo receptor, pode-se concluir que a Estação de Tratamento de Efluente
adotado é eficaz e o efluente pode ser lançado em águas classe 3 admitindo-se que o rio
ou corpo receptor possui uma vazão alta. Além disso, este é o sistema de tratamento
mais viável economicamente quando se dispõe de área suficiente para sua construção.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[2] Jordão, E.P., Pessoa, C.A., Tratamento de Esgotos Domésticos, 3ª edição, ABES,
Rio de Janeiro, 1995.
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