APOSTILA (Isomeria)

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Química Orgânica

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS COMPOSTOS ORGÂNICAS

GEOMETRIA E POLARIDADE

As moléculas apresentam uma forma geométrica definida, fundamental para o estudo da


polaridade molecular. Para prever a geometria de uma molécula basta sabermos o número de
átomos ao redor do átomo central e se existe(m) par(es) de elétrons não compartilhado(s) pelo
átomo central.

Moléculas que contêm apenas um átomo de carbono podem ser, como acabamos de ver,
lineares, trigonais ou tetraédricas. No caso de moléculas maiores, não se costuma falar em
geometria da molécula, mas em geometria dos átomos que se liguem a dois ou mais outros
átomos. Assim, falamos, por exemplo, em geometria dos car bonos.

No estudo da Química Orgânica é extremamente útil conhecer as diferentes geometrias


possíveis para o átomo de carbono.

sp3 sp2 sp

É importante perceber que a fórmula estrutural plana não mostra necessariamente a real
geometria dos átomos de carbono.

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Química Orgânica

Para entender a polaridade de uma molécula faz-se necessário lembrar da polaridade de


uma ligação. Ligação polar é aquela em que um átomo concentra cargas positivas e o outro
concentra as cargas negativas. Da mesma forma, molécula polar é aquela que tem um “lado”
positivo e outro negativo.

A polaridade de uma molécula depende da eletronegatividade dos elementos químicos


envolvidos e da geometria molecular.

Para saber se uma molécula é polar ou apolar devemos lembrar a regra abaixo:

 Ligações Apolares ⇒ Molécula Apolar


 Ligações Polares ⇒ Molécula Polar
 Ligações Polares ⇒ Molécula Apolar (os vetores se anulam)

Uma molécula pode ser polar ou apolar, dependendo de dois fatores: diferença de
eletronegatividade e geometria molecular.

 Diferença de eletronegatividade: Quando átomos com diferentes


eletronegatividades se unem por ligação covalente, os elétrons são efetivamente mais atraí dos
pelo mais eletronegativo deles. Isso dá origem a um dipolo, ou seja, dois polos: um positivo e
outro negativo. Um dipolo é representado pelo vetor momento de dipolo (μ).
 Geometria da molécula: Dependendo da geometria molecular, o vetor momento
de dipolo resultante pode ser nulo ou não. Quando ele é nulo (μ=0) a molécula é apolar, caso
contrário (μ≠0) ela é polar.

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Exercícios

1. (ACAFE) O gás dióxido de carbônico (CO2), principal responsável pelo efeito estufa,
apresenta quatro ligações covalentes _________e. Assinale a alternativa que completa
corretamente o enunciado acima.
a. polares ; molécula polar
b. polares ; molécula apolar
c. apolares ; molécula polar
d. apolares ; molécula apolar
e. coordenadas ; molécula apolar
2. Determine a geometria dos átomos de carbono presentes nas moléculas representadas a
seguir:

FORÇAS INTERMOLECULARES

São forças de atração existentes entre as moléculas de uma mesma substância, podendo
ser intensas, moderadas ou fracas.

Tipos de Interações Intermoleculares:

Forças de Van der Waals (dipolo induzido): são forças de atração de fraquíssima
intensidade e ocorrem apenas entre moléculas apolares.

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Dipolo-dipolo: são forças de atração de fraca intensidade e ocorrem entre moléculas


polares. Como as moléculas polares possuem pólos (+) e (–), ocorre uma atração entre os
mesmos fazendo com que as moléculas fiquem unidas.

Pontes de Hidrogênio: ou Ligações de Hidrogênio. São forças de atração de forte


intensidade e ocorrem entre moléculas polares que tenham átomo(s) de hidrogênio ligado(s) a
átomo(s) dos elementos flúor, oxigênio ou nitrogênio.

SOLUBILIDADE:

A solubilidade dos compostos orgânicos também depende das forças intermoleculares.

Substâncias que possuem o mesmo tipo de atração intermolecular são, geralmente,


miscíveis (solúveis). Lembre-se que semelhante dissolve semelhante:

 Substância polar dissolve substância polar.


 Substância apolar dissolve substância apolar.

A extremidade –OH dos álcoois é polar e isso faz com que o metanol, por exemplo, seja
solúvel em água, que também é polar. No entanto, o aumento do número de carbonos faz com que
o caráter apolar da cadeia passe a predominar cada vez mais sobre o caráter polar da extremidade
-OH, e a solubilidade diminui.

Generalizando, podemos dizer que a cadeia carbônica de uma molécula, formada por
carbono e hidrogênio, não possui afinidade pela água, pois é a parte apolar da molécula. Quanto
maior for essa parte apolar, menor a tendência de uma substância dissolver-se em água. Grupos
polares, como, por exemplo, -OH, -NH2 e -COOH, possuem afinidade pela água. Sua presença
contribui para que o composto se solubilize bem em água.

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Química Orgânica

TEMPERATURA DE EBULIÇÃO
São dois os fatores que influem nas temperaturas de ebulição: o tamanho das moléculas e
os tipos de interação intermolecular.
Observe o quadro a seguir:

 Quanto maior for o tamanho da molécula, maior será a sua temperatura de ebulição.
 Quanto maior for a intensidade das forças intermoleculares, maior será a sua
temperatura de ebulição.

Para que se possa estabelecer essa relação, deve-se considerar a ordem crescente da
intensidade das interações, que é dada por:

Dissemos, anteriormente, que a massa molecular pode ser usada para estimar o tamanho
da molécula (fator que influencia o ponto de ebulição), mas que nem sempre essa estimativa
funciona bem. Vamos a um exemplo. Analise a sequência de hidrocarbonetos e seus pontos de
ebulição mostrados abaixo.

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Química Orgânica

Exercícios

1. (UEPB) As propriedades físicas dos compostos orgânicos podem ser, muitas vezes, previstas
a partir do conhecimento das ligações químicas que unem os átomos de suas moléculas e das
forças que agem entre elas (forças intermoleculares), influenciando em algumas destas,
como no caso da solubilidade. Com relação aos compostos a seguir:

Determine a alternativa que corresponde, respectivamente, a ordem crescente de solubilidade.

a) éter dimetílico < etano < ácido etanoico


b) éter dimetílico < ácido etanoico < etano
c) ácido etanoico < etano < éter dimetílico
d) etano < ácido etanoico < éter dimetílico
e) etano < éter dimetílico < ácido etanoico

2. (UERJ) Compostos de enxofre são usados em diversos processos biológicos. Existem


algumas bactérias que utilizam, na fase da captação de luz, o H 2S em vez de água,
produzindo enxofre no lugar de oxigênio, conforme a equação química:
6 CO2 + 12 H2S → C6H12O6 + 6 H2O + 12 S
O H2S é um gás que se dissolve em água. Essa solubilidade decorre da formação de
interações moleculares do tipo:
a. iônica
b. covalente
c. dipolo-dipolo
d. ligação de hidrogênio
3. A pele humana, quando está bem hidratada, adquire boa elasticidade e aspecto macio e
suave. Em contrapartida, quando está ressecada, perde sua elasticidade e se apresenta
opaca e áspera. Para evitar o ressecamento da pele é necessário, sempre que possível,
utilizar hidratantes umectantes, feitos geralmente à base de glicerina e polietilenoglicol:

A retenção de água na superfície da pele promovida pelos hidratantes é consequência da


interação dos grupos hidroxila dos agentes umectantes com a umidade contida no ambiente
por meio de
a) ligações iônicas. b) forças de London.
c) ligações covalentes. d) forças dipolo-dipolo.
e) ligações de hidrogênio.

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ISOMERIA

Exemplo: com a fórmula molecular C2H6O poderemos ter dois compostos diferentes: CH3-O-CH3 e
CH3-CH2-OH

TIPOS DE ISOMERIA:
I. PLANA: Quando diferenciamos os compostos através da fórmula plana (sem se
preocupar com os ângulos verdadeiros)
II. ESPACIAL (ESTEREOISOMERIA): Quando os compostos são diferenciáveis somente
pela fórmula estrutural espacial.

ISOMERIA PLANA (ESTRUTURAL ou ESTRUTURAL PLANAR)


a) Entre compostos de mesma função
- CADEIA
- POSIÇÃO
- COMPENSAÇÃO (OU METAMERIA)

b) Entre compostos de diferentes funções


- FUNCIONAL
- TAUTOMERIA

1) Isomeria de Cadeia: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mesma


função, mas com diferenciação na cadeia carbônica, variando os graus de ramificação e/ou
saturação e/ou ciclização e/ou heterogenicidade.
Exemplos:
Fórmula Molecular Composto 1 Composto 2 Diferenciação

C4H10 - grau de ramificação


n-butano
metil-propano
- grau de ciclização e saturação
C3H6
propeno ciclopropano
H - grau de heterogenicidade
C2H7N NH2 N
etil-amina
dimetil-amina

2) Isomeria de Posição: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mesma


função, mesma cadeia carbônica, variando a posição de radicais (orgânicos ou grupos funcionais) e
insaturações.
Exemplos:

Fórmula
Composto 1 Composto 2 Diferenciação
Molecular
OH

C3H8O OH - posição do grupo funcional


propan-1-ol propan-2-ol

- posição da insaturação.
C4H8 but-1-eno but-2-eno

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O CH3 O

OH OH
- posição do radical orgânico.
C5H10O2 CH3 ác. 3-metil-butanóico
ác. 2-metil-butanóico

- posição de união do último núcleo


C14H10 aromático.
antraceno
fenantreno

3) Isomeria de Compensação (Metameria): ocorre entre compostos de mesma fórmula


molecular, mesma função e mesma cadeia, variando exclusivamente o posicionamento de
heteroátomos.
Exemplos:
Fórmula
Composto 1 Composto 2 Diferenciação
Molecular
H
N N
H - variação da posição do heteroátomo N
C4H11N metil-n-propil-amina dietil-amina
O
O
etóxi-etano - variação da posição do heteroátomo O
C4H10O 1-metóxi-propano
éter metil-n-propílico éter etílico
O
O
- variação da posição do heteroátomo O
O O em relação aos demais carbonos da cadeia
C4H8O2
propanoato de metila
etanoato de etila
O O
- variação da posição do heteroátomo N em
N N
H relação aos demais carbonos da cadeia
C4H9NO H
N-metil-propanamida N-etil-etanamida

4) Isomeria Funcional: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mas


pertencentes a diferentes funções, que não permanecem em equilíbrio dinâmico entre si.
Exemplos
Fórmula Molecular Composto 1 Composto 2
O
OH
C2H6O
metóxi-metano
etanol
O O
C3H6O
H
propanal propanona
O O
C3H6O2
OH O
ác. propanóico etanoato de metila
OH OH
C3H6O
prop-2-en-1-ol
prop-1-en-2-ol

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OH CH 2-OH
CH3
C7H8O

o-hidróxi-tolueno fenil-metanol

5) Tautomeria (isomeria dinâmica): isomeria que ocorre entre compostos de diferentes


funções, mas que permanecem em equilíbrio dinâmico entre si.
Exemplos:
TIPO DE TAUTOMERIA EQUILIBRIO DINÂMICO
H H
OH O
Aldo-enólica
H H
prop-2-en-1-ol propanal
OH O

Ceto-enólica
prop-1-en-2-ol propanona
O OH

Amida-iminol NH2 NH
etanamida 2-hidróxi-etilideno-imina

N
Nitrilo-isonitrilo N
cianeto de metila isocianeto de metila

Exercícios

1. Considere um poderoso desinfetante, formado por uma mistura de cresóis (metilfenóis),


sendo o componente predominante dessa mistura o isômero para.
Apresente as fórmulas estruturais planas dos dois cresóis presentes em menor proporção no
desinfetante. Apresente, também, esse mesmo tipo de fórmula para os dois compostos
aromáticos isômeros de função dos cresóis.

2. Verifique o tipo de isomeria que ocorre entre os compostos abaixo:


a. orto  dimetil  benzeno e meta  dimetil  benzeno
b. butanol  2 e etóxi  etano
c. metil  butil – éter e etil  propil  éter
d. 2 metil  buteno  1 e penteno  2
e. isopropenol e propanona
f. etanoato de etila e metanoato de propila

3. (UERJ) Isomeria é o fenômeno que se caracteriza pelo fato de uma mesma fórmula
molecular representar diferentes estruturas.
Considerando a isomeria estrutural plana para a fórmula molecular C 4H8, podemos
identificar os isômeros dos seguintes tipos:
a. cadeia e posição
b. cadeia e função
c. função e compensação
d. posição e compensação

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Química Orgânica

4. (UFRRJ) As substâncias A, B e C têm a mesma fórmula molecular (C3H8O). O componente A


tem apenas um hidrogênio ligado a um carbono secundário e é isômero de posição de C.
Tanto A quanto C são isômeros de função de B. As substâncias A, B e C são,
respectivamente:
a. 1-propanol, 2-propanol e metoxietano.
b. etoxietano, 2-propanol e metoxietano.
c. isopropanol, 1-propanol e metoxietano.
d. metoxietano, isopropanol e 1-propanol.
e. 2-propanol, metoxietano e 1-propanol.

5. (UNIRIO) Que alternativa apresenta um isômero de função do o-cresol?

6. (UERJ) O programa brasileiro de produção de etanol já despertou o interesse de várias


nações. O etanol, além de ser uma ótima alternativa de combustível, também é utilizado
em várias aplicações industriais, como, por exemplo, a produção do etanoato de etila, um
flavorizante de larga aplicação.
A fórmula estrutural plana de uma substância que possui a mesma fórmula molecular do
éster citado no texto é:

ISOMERIA ESPACIAL (ESTEREOISOMERIA)


Definição: isomeria onde os compostos são possíveis de serem diferenciados apenas pela
fórmula estrutural espacial.
Tipos: a isomeria espacial se divide em dois tipos:
1) Geométrica (ou CIS/TRANS)
2) Óptica

1) ISOMERIA GEOMÉTRICA: Ocorre com compostos que obedecem a uma das condições a
seguir:
a) Compostos com dupla e ligantes diferentes em cada carbono da dupla:

Como são denominados os isômeros geométricos?

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Química Orgânica

Tais isômeros podem ser denominados por cis e trans ou por Z e E.

Critério cis-trans

1. Analise a repetibilidade de ligantes dos carbonos unidos pela dupla. Se estiverem no


mesmo semi-espaço (lado), será denominado de CIS. Se estiverem em lados
opostos, será denominado de TRANS.

2. Se não houver repetibilidade, verifique qual é o maior ligante (em número de


átomos). Se os maiores ligantes estiverem do mesmo lado, será denominado de CIS.
Caso o número de átomos seja igual, será usada como critério de desempate a
massa molar do radical.

Critério Z/E

1. Verifique qual é o maior ÁTOMO ligante de cada carbono da dupla (em massa
atômica). Se os átomos escolhidos de cada carbono estiverem no mesmo semi-
espaço, será denominado de isômero Z (zuzamen = ao lado, em alemão); se
estiverem em semi-espaços opostos, será denominado de E (entgegen = do outro
lado).

2. Se porventura os primeiros átomos ligantes do carbono insaturado por dupla forem


iguais, analisa-se o átomo subseqüente até que o maior átomo desempate.

Cl Cl H C2 H5

H CH3
H3 C Cl
cis-1,2-dicloro-propeno trans-3-cloro-pent-2-eno
Z-1,2-dicloro-propeno Z-3-cloro-pent-2-eno

FÓRM. MOLEC. FÓRM. PLANAR ESTRUTURA 1 ESTRUTURA 2

C4H8 CH3-CH=CH=CH3 cis-but-2-eno trans-but-2-eno

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Cl
Cl Cl Cl
C2H2Cl2 Cl-CH=CH-Cl trans-1,2-cicloro-eteno
cis-1,2-dicloro-eteno
H H H CH3

Cl CH3 Cl H
C2H5Cl Cl-CH=CH-CH3
Z-1-cloro-propeno E-1-cloro-propeno
H3 C CH3 H3 C CH2-CH3

H CH2-CH3 H CH3
C6H12 CH3-CH=C(CH3)-C2H5 CIS-3-metil-pent-2-eno trans-3-metil-pent-2-eno
E-3-metil-pent-2-eno Z-3-metil-pent-2-eno

b) Compostos com parte cíclica e com ligantes diferentes em, pelo menos, 2 carbonos da
parte cíclica:

L1 L3
L2 L4

Da mesma forma, identificaremos os isômeros pelas denominações cis-trans ou Z/E,


seguindo os critérios anteriores.

Exemplos:

Nome do composto Estrutura 1 Estrutura 2


H H H CH3
H3C CH3 H3C H
1,2-dimetil-ciclobutano cis-1,2-dimetil-ciclobutano trans-1,2-dimetil-ciclobutano
Z-1,2-dimetil-ciclobutano E-1,2-dimetil-ciclobutano
H CH3
H H
CH3 H
H3C H3C
1,3-dimetil-ciclobutano cis-1,3-dimetil-ciclobutano trans-1,3-dimetil-ciclobuta
Z-1,3-dimetil-ciclobutano E-1,3-dimetil-ciclobutano
no

H Cl H CH3
HO CH3 HO Cl
2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol
cis-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol trans-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol
E-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol Z-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol

2) ISOMERIA ÓPTICA: Ocorre com compostos que apresenta assimetria (quiralidade)


molecular.

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Química Orgânica

Algumas substâncias têm a propriedade de desviar o plano de vibração da luz polarizada e


são denominadas opticamente ativas. Essa propriedade caracteriza os compostos que apresentam
isomeria óptica.

O desvio do plano de vibração pode ocorrer em dois sentidos:

a) desvio para o lado direito = isômero dextrogiro (d);

b) desvio para o lado esquerdo = isômero levogiro (l).

Esse desvio é determinado experimentalmente por um aparelho denominado polarímetro,


esquematizado a seguir:

A quiralidade molecular, em compostos orgânicos, pode ocorrer em 3 situações:

a) Presença de Carbono(s) Quiral(ais): É denominado carbono quiral ao carbono


tetraédrico (acíclico ou cíclico), ou seja, com ângulos entre os ligantes de 109º28´, que apresente
seus quatro ligantes diferentes entre si.

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Química Orgânica

Quanto maior a quantidade de carbonos quirais diferentes que um composto


apresentar, mais comportamentos ópticos diferentes a molécula poderá ter. Esse número de
comportamentos (isômeros opticamente ativos) pode ser calculado pela fórmula 2n, onde n =
número de carbonos quirais diferentes que a molécula possuir. A metade desses isômeros terá
comportamento dextrógiro (desvio da luz polarizada para a direita) e a outra metade, levógiro
(desvio da luz polarizada para a esquerda). Os isômeros ópticos que forem exatamente opostos
entre si, no desvio da luz polarizada (o dextrógiro e o respectivo levógiro) são denominados de
antípodas ópticos, enantiômeros ou enantiomorfos.

A mistura equimolar de enanciômeros nos fornece uma mistura opticamente inativa,


denominada de mistura racêmica ou racemosa, abreviada para d e l.

Exemplos:
Composto Isômeros d Isômeros l Mistura racêmica
NH2

O
H3 C
H OH ác. d-2-amin- ác. l-2-amin-
ác. dl-2-amin-propanóico
ác. 2-amin-propanóico propanóico propanóico
(alanina)
OH
H l1-3-cloro-butan-2-
C H3 d1-3-cloro-butan-2-ol ol d1l1-3-cloro-butan-2-ol
H3 C
H d2-3-cloro-butan-2-ol l2-3-cloro-butan-2- d2l2-3-cloro-butan-2-ol
Cl ol
3-cloro-butan-2-ol
OH OH O
HO H H
H
H
H H d1, d2, d3, d4, d5, d6, d7 l1, l2, l3, l4, l5, l6, l7 e d1l1, d2l2, d3l3, d4l4, d5l5, d6l6,
H OH OH e d8 -glicose l8- glicose d7l7 e d8l8 - glicose
glicose n=4 C*

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Química Orgânica

No caso de compostos que apresentam carbonos quirais equivalentes, pelo menos uma das
formas espaciais será simétrica, mesmo com a presença de carbonos assimétricos, originando uma
estrutura opticamente inativa denominada de isômero mesógiro (ou mesoisômero).

Exemplo:

HO
OH
CH3
H3C
H H
butan-2,3-diol
2 C* equivalentes

Os isômeros serão: d-butan-2,3-diol, l-butan-2,3-diol e meso-butan-2,3-diol. A mistura dos


isômeros d e l formará a mistura racêmica

b) Compostos Cíclicos quirais.

Certos compostos cíclicos apresentam quiralidade mesmo sem apresentar carbono quiral.
Devemos imaginar a estrutura espacial do referido composto e verificar se existe ou não um plano
de simetria. Caso não haja, o composto apresentará isômeros d e l.

Exemplos:

Composto Estrutura cis Estrutura Estereoisômeros


trans
cis-1,2-dimetil-ciclobutano
H H
H H CH3 H trans-d-1,2-dimetil-ciclobutano
trans-l-1,2-dimetil-ciclobutano
H3C CH3 CH3 CH3 H CH3
1,2-dimetil-ciclobutano simétrica assimétrica

cis-d-2-metil-ciclobutanol
H H
H H CH3 H cis-l-2-metil-ciclobutanol
trans-d-2-metil-ciclobutanol
H 3C OH CH3 OH H OH trans-l-2-metil-ciclobutanol
2-metil-ciclobutanol assimétrica assimétrica
OH H OH cis-3-metil-ciclobutanol
H
H H trans-3-metil-ciclobutanol (não possui forma
H OH H quiral)
CH3 CH3
CH 3
simétrica simétrica
3-metil-ciclobutanol

Exercícios
1. Dados os compostos:
I – butan-2-ol VI – but-1-eno
II – butan-1-ol VII – but-2-eno
III – metóxi-propano VIII - ciclobutano
IV – etóxi-etano IX – 1,2-dimetil-ciclopropano
V – metil-propan-2-ol X – but-1-en-2-ol
Cite:

a. isômeros de cadeia

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Química Orgânica

b. isômeros de posição
c. isômeros de compensação (metâmeros)
d. isômeros funcionais
e. tautômeros
f. que apresentem isômeros geométricos

2. (UERJ) A noradrenalina é um hormônio cuja fórmula estrutural encontra-se representada a


seguir.

3. (UFF) Os perfumes, colônias e loções têm suas origens na antigüidade. Os perfumes


modernos são misturas de vários produtos químicos, óleos animais e extratos de plantas,
usados como soluções de 10% a 25%, em álcool etílico.
O citronelol (I) e o geraniol (II), cujas estruturas são mostradas a seguir, são isômeros
orgânicos bastante apreciados como fragrâncias.

Com relação às estruturas do citronelol (I) e do geraniol (II), pode-se afirmar que:
a. apenas a substância II pode apresentar enantiômero;
b. as substâncias I e II são isômeros de função;
c. a substância I possui carbono assimétrico e, portanto, pode apresentar
atividade óptica;
d. as substâncias I e II apresentam tautomeria ceto-enólica;
e. a substância I apresenta isomeria cis-trans.

4. O número correspondente à seta que indica o átomo de carbono responsável pela atividade
óptica desta molécula é:

(a) 1 (b) 2 (c) 3 (d) 4

REFERÊNCIAS
FONSECA, MARTHA REIS MARQUES DA. Química / Martha Reis Marques da Fonseca. 1. ed. –
São Paulo : Ática, 2013
USBERCO, João. Química — volume único / João Usberco, Edgard Salvador. — 5. ed. reform.
— São Paulo : Saraiva, 2002
_Química cidadã : volume 3 : ensino médio : 3º série / Wildson Luiz Pereira dos Santos,
Gerson
de Souza Mól , (coords.) . -- 2. ed. -- São Paulo: Editora AJS, 2013. -- (Coleção química
cidadã)
MORTIMER, EDUARDO FLEURY. Química : ensino médio / Eduardo Fleury Mortimer,
Andréa Horta Machado. – 2. ed. – São Paulo: Scipione, 2013.
FELTRE, RICARDO, 1928- .Química / Ricardo Feltre. — 6. ed. —São Paulo : Moderna, 2004.

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