A Revelação de Deus PDF

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A Palavra Final

de Deus
Um Estudo da História
da Revelação Divina

Pastor Ron Crisp

2007
A Palavra Final de Deus
© Ron Crisp

Transcrição ao português:
Imprensa Joy Gardner

Tradução 2008:
Pastor Eduardo Alves Cadete

Correção gramatical:
Robson Alves de Lima
Sabrina Sukerth Gardner
Palavra Prudente
Editoração:
A Verdade em texto, Calvin G Gardner
áudio e vídeo
Capa:
Daniel Aaron Gardner
Caixa Postal 4426
Jardim Estoril Paginação:
Presidente Prudente, SP Sabrina Sukerth Gardner
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Sumário

Capitulo I

Uma Breve História de Revelação Divina...................................................5

Capitulo II

Os Apóstolos de Cristo..............................................................................11

Capitulo III

Sola Scriptura.............................................................................................17

Capitulo IV

A Doutrina da “Sola Scriptura” e a Aplicação dela de Maneira Prática.....21


Capítulo 1

Uma Breve História da


Revelação Divina

Deus falou? De que modo Ele falou? O que foi que Ele disse? Será que
Ele disse tudo o que Ele tinha intenção de dizer? Onde é que nós podemos
encontrar um registro acurado de Sua revelação ao homem? Aqueles que
procuram conhecer, adorar e servir a Deus não podem evitar essas perguntas.
Os cristãos afirmam que Deus falou em uma variedade de formas.
Assim como música e arte são atos de autoexpressão, assim também a criação
de Deus é um ato de autorrevelação.

“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra


das suas mãos.” (Salmos 19:11).
“Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, por-
que Deus lho manifestou.

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o


seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” (Romanos
1:19-20).
Se não tivessem os corações dos homens sido enegrecidos pelo pecado,
1 A não ser anotação em especial, todas as referências são da ACF (Almeida Corrigida Fiel) da
Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, São Paulo, 2007.
6 A Palavra Final de Deus

todo vislumbre de florestas, céu e mar seria um sermão.


Até mesmo no coração humano, Deus não se deixou sem testemunho.
A consciência, em uma medida limitada, fala da lei de Deus e do julgamento
vindouro. Até mesmo o ladrão que justifica sua ambição, percebe claramente
o mal do roubo quando ele se torna a vítima. No juízo, Deus não terá proble-
ma em desmascarar a hipocrisia daqueles que alegam não ter conhecimento
do certo e errado.
Os teólogos se referem a tais formas de autorrevelação divina como
“revelação natural”. Enquanto que a revelação natural é de todas as maneiras
digna do Todo-Poderoso, ainda assim ela falha em ir de encontro à necessi-
dade humana em seu estado caído. A criação clama por um Criador, mas não
pode levar os homens a adorá-Lo ou até mesmo a reconhecer a sua existência.
A consciência fala da lei de Deus, mas não pode produzir obediência. Nem
pode ela ainda encontrar um caminho de perdão para o transgressor da lei.
Alguém poderia estudar o volume da natureza por toda a vida e nunca leria:

“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu
por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)

Deus, em Sua graça, supriu nossa necessidade. Na revelação, Ele se


moveu além do natural, indo para o sobrenatural. Ao comum, Ele acres-
centou o especial. Na revelação especial, Deus se revelou a Si mesmo, a Sua
vontade e o Seu gracioso plano de redenção através de Jesus Cristo. Esse
presente da revelação é suficiente para a salvação e como um guia para a
adoração e a obediência.
A Bíblia declara-se um registro inspirado e inerrante de revelação es-
pecial. Os cristãos aceitam essa declaração. Eles creem ser a Bíblia a “Palavra
de Deus”.
Não é nenhuma surpresa que Deus viesse a produzir um livro. O ho-
mem deve ser tratado usando o veículo da linguagem humana. Sendo nossa
memória limitada e falível, esse registro precisou ser escrito. Nós precisáva-
mos de um registro acurado, completo e permanente. Precisávamos de um
livro! Note as palavras que a profecia coloca na boca de Cristo:
Uma Breve História de Revelação Divina 7

“Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito.”
(Salmos 40:7)

A história da revelação registrada na Bíblia mostra que a revelação foi


de natureza progressiva. A jornada do Éden ao Calvário foi uma jornada lon-
ga e cheia de eventos. Com o passar dos séculos, Deus revelava mais e mais
de Si mesmo e de Seu plano. O progresso foi esporádico, mas não aleatório.
Cada passo foi em direção ao objetivo. Cada palavra foi em preparação para
a Sua palavra final. Há cerca de dois mil anos, Deus falou a Sua palavra final.
O sol da revelação alcançou o seu zênite.
A epístola aos Hebreus nos dá uma breve declaração disso. Nós pode-
ríamos chamar esses versículos de uma “breve história da revelação especial”.

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas ma-


neiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho,
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mun-
do.” (Hebreus 1:1-2)

João Calvino vai ao âmago da questão nesta breve tabela de Hebreus


1.1-2.

“Deus falou
Antigamente pelos profetas: agora pelo Filho
Então aos pais mas agora a nós
Então em muitas épocas agora no fim dos tempos”2

Ao olhar para Hebreus 1:1-2, nós entendemos porque a Bíblia tem


duas divisões principais: O Velho e o Novo Testamento. Nos referimos a

2 João Calvino, New Testament Commentaries; (Comentários do Novo Testamento) A New


Translation (volume on Hebrews and I and II Peter) trans. W. B. Johnson (Grand Rapids: Eerdmans
Publishing Co., reprint 1974) p.5.
8 A Palavra Final de Deus

essas duas divisões da Escritura como sendo “testamentos” porque cada uma
delas se centra em uma aliança divina. O Velho Testamento registra a his-
tória e os detalhes da aliança que Deus fez com Israel no Monte Sinai. O
Novo Testamento fala da história e exposição da Nova Aliança que veio a ser
implantada pela morte de Jesus, O Cristo.
O Velho Testamento então registra a história e conteúdo da revelação
especial anterior à vinda de Cristo. Esta veio em uma variedade de maneiras
e através de muitas pessoas. Profetas, sacerdotes, reis, soldados, mulheres e até
mesmo crianças ouviram Deus falar. Ele falou a Adão no jardim e a Moisés
na sarça ardente. Ele falou a Miquéias sobre Belém, a Isaías sobre o Calvário
e a Joel sobre o Pentecostes. Deus falou de Sua criação, Sua santa lei, Sua
nação escolhida e dos detalhes de Sua aliança com Israel. Repetidamente,
Ele falou de um Salvador por vir, cuja vinda introduziria os últimos dias e
uma nova aliança.
Esse período inicial de revelação especial se deu desde a época de
Adão e avançou até seu desfecho com o encerramento do ministério do pro-
feta Malaquias. O relato dessa atividade reveladora está escrito pela inspira-
ção nos 39 primeiros livros da Bíblia. Esses livros são aquilo a que chamamos
o “Velho Testamento”.
Nessas revelações preliminares, Deus estava preparando o caminho
para a Sua palavra final. Ao dar Sua santa lei, Deus expôs o pecado do ho-
mem e sua necessidade de um Salvador. Profecias messiânicas asseguraram
que quando Jesus viesse, Ele teria o testemunho delas às suas reivindicações.
Os tipos, ofícios, cerimônias, e mesmo o povo do Velho Testamento, ilustra-
ram conceitos e produziram uma linguagem que possibilitou que nós enten-
dêssemos a Pessoa e a Obra de Cristo.3 Tendo, no tempo de Malaquias, dito
tudo, a não ser Sua palavra final, Deus não disse nada mais por quatrocentos
anos.4
Ao irmos para o segundo período de revelação especial, nós novamen-
te observaremos o “mini esboço” dado em Hebreus 1:1-2.

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas


3 Considere isso na próxima vez em que você pensar em Cristo como o cordeiro de Deus, um
sacrifício pelos pecados, ou nosso grande Sumo Sacerdote.
4 O período de tempo entre o encerramento do Cânon do Velho Testamento e a vinda de
Cristo é normalmente referido como “os quatrocentos anos de silêncio.”
Uma Breve História de Revelação Divina 9

maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos


dias pelo Filho. A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez
também o mundo.”

A palavra final de Deus veio a nós através de Jesus Cristo. Sua vinda é
tão significativa que ela dividiu tanto o calendário histórico quanto a nossa
Bíblia. Cristo Jesus é o antítipo de todos os tipos da velha aliança, o assunto
dos profetas e o objeto da fé futurística de Israel.
Tão grande foi a revelação feita através do Filho, que Ele é chamado:
“O Verbo”.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus.
Ele estava no princípio com Deus.” ( João 1:1-2)
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
( João 1:14)

Quem pode considerar completamente a glória dAquele que podia


verdadeiramente dizer “Eu Sou a luz do mundo”?5 Que verdade poderia ser
adicionada à revelação dAquele que é “a verdade”?6 Será que a teologia do
“Deus manifesto em carne”7 precisa de acréscimos?
A vida de Cristo na terra é nosso único exemplo perfeito. Outros de-
vem ser seguidos apenas na medida em que eles seguem a Cristo. Seus en-
sinos são a essência de toda a verdade do Novo Testamento; o botão a partir
do qual a flor da exposição apostólica desabrochou. Sua obra salvadora são as
“boas novas” a serem proclamadas a todos. Ele é a completude da revelação
de Deus nesta era; Ele é a palavra final de Deus.
5 “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)
6 “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim.” (João 14:6)
7 “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi
justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
(I Timóteo 3:16)
10 A Palavra Final de Deus

Quão belamente isso foi expresso pelo saudoso F. F. Bruce em sua


exposição de Hebreus 1:1-2:

“O estágio principiante da revelação foi dado em uma variedade


de formas: Deus falou em Suas poderosas obras de misericórdia e de
julgamento, e pelos Seus servos, os profetas, fez conhecido o signi-
ficado e o propósito dessas obras; eles foram admitidos em Seu con-
selho secreto e conheceram seus planos antecipadamente. Ele falou
em meio a tempestade e trovões a Moisés, e em uma voz mansa e
delicada a Elias. Àqueles que não atentaram às águas brandas de
Siloé, Ele falou através do transbordamento do Eufrates. Sacerdo-
tes e profetas, sábios e poetas foram, em suas diversas maneiras, Seus
porta-vozes; ainda assim, todos os atos sucessivos e diversos modos
de revelação nas eras antes à vinda de Cristo não se somaram a
ponto de completar a totalidade daquilo que Deus tinha a dizer.
Sua palavra não foi completamente expressa até quando Cristo
veio; mas quando Cristo veio, a palavra falada nEle foi de fato
a palavra final de Deus. Nele todas as promessas de Deus vão de
encontro com um correspondente “sim!” que sela o seu cumprimento
ao Seu povo e evoca deles um correspondente “amém!” A história da
revelação divina é um relato de progressão até chegar a Cristo, mas
não há progressão além dEle. É ‘no fim da época’ que Deus falou em
Cristo e, por esta expressão, nosso autor quer dizer mais do que só
“recentemente.” É uma tradução literal da expressão hebraica que é
usada no Velho Testamento para estipular a época em que a palavra
dos profetas seria cumprida, e o seu uso neste versículo significa que
a vinda de Cristo, ‘de uma vez por todas no fim da época’, (Hebreus
9:26, RSV8) inaugurou aquela época do cumprimento. Os porta-
-vozes anteriores de Deus eram Seus servos, mas para a proclama-
ção de Sua última palavra ao homem, Ele escolheu Seu filho.”9
8 “Para, em seguida, ele teria de sofrer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas
como ele é, ele apareceu uma vez por todas no fim dos tempos, para abolir o pecado pelo sacrifício
de si mesmo.” Hb 9,26, Revista Versão Padrão. Tradução http://tradutor.babylon.com/ingles/
portugues Hb 9.26, Revised Standard Version - Fonte: http://quod.lib.umich.edu/cgi/r/rsv/rsv-
idx?type=DIV1&byte=5433128
9 F. F. Bruce, The Epistle to the Hebrews (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Co., 1973) p.2-3.
(A Epístola aos Hebreus)
Capítulo 2

Os Apóstolos de Cristo

Jesus Cristo é a palavra final de Deus. Qual então foi o propósito dos
apóstolos10 no plano de revelação especial de Deus? Visto que a vinda de
Cristo foi um evento histórico, não poderia ser dito que eles foram as teste-
munhas, os historiadores, os expositores, bem como os divulgadores daquele
evento? Através deles, o registro da palavra final de Deus foi transmitido a
nós:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os


nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida.
(Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela,
e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi
manifestada);
O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também
tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com
seu Filho Jesus Cristo.” I João 1:1-3
10 Em nosso estudo, estaremos nos referindo exclusivamente aos Apóstolos de Cristo. A palavra
grega traduzida “apóstolo” (‘apostolos’, #652, Strong’s) é também usada em um sentido mais geral no
Novo Testamento. Em II Coríntios 8:23, a palavra é traduzida “embaixadores” e se refere a homens
que eram enviados a representar igrejas individuais. As palavras gregas traduzidas por “presbítero” ou
“diácono” são exemplos de outras palavras usadas tanto em sentido oficial como geral.
12 A Palavra Final de Deus

“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande


salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos
depois confirmada pelos que a ouviram;
Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias
maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vonta-
de?” Hebreus 2:3-4

Note como Cristo, em sua oração sacerdotal, liga a fé de gerações vin-


douras à obra dos apóstolos:

“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram


teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.
Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti;
Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e
têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me en-
viaste.” João 17.6-8
“E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua
palavra hão de crer em mim.” João 17:20

Podemos ainda enfatizar mais a natureza da obra apostólica mostran-


do que eles eram o elo entre o nosso Senhor Jesus, o Verbo encarnado, e o
Novo Testamento, a porção final da palavra de Deus escrita. Os 27 livros
do Novo Testamento ou foram escritos pelos apóstolos ou por homens sob
influência deles. O Novo Testamento é o relato escrito-inspirado da palavra
final de Deus.
Não é novidade então que as crenças dos Cristãos sejam descritas em
Atos 2:42 como sendo a “doutrina dos apóstolos”. Todas as igrejas neotesta-
mentárias são fundamentadas no ensino deles.

“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que


Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.” Efésios 2:20
Os Apóstolos de Cristo 13

A natureza alicerçadora do trabalho deles é enfatizada na visão que


João teve da Nova Jerusalém.

“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos


doze apóstolos do Cordeiro.” Apocalipse 21:14

Tendo essa posição importantíssima, aos apóstolos foram dadas quali-


ficações especiais. Deus os equipou completamente para o seu trabalho. Em
primeiro lugar, temos garantia de que eles foram testemunhas oculares de
Cristo Jesus.

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os


nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida.” I João 1:1
“Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo Se-
nhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?” I Coríntios 9:1
“E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princí-
pio.” João 15:27
“Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós
mesmos vimos a sua majestade.” II Pedro 1:16

Pedro foi específico acerca dessa qualidade quando buscavam um


substituto para Judas.

“É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o


tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,

Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós


foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurrei-
ção.” Atos 1:21-22
Em segundo lugar, os apóstolos receberam sua mensagem diretamente
de Cristo. Diferentemente dos pregadores nas gerações subsequentes, eles
14 A Palavra Final de Deus

não dependiam do testemunho ou do ensino de outros. Paulo fez a defesa de


seu apostolado quando atacado na Galácia.

“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi
anunciado não é segundo os homens.

Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revela-
ção de Jesus Cristo.” Gálatas 1:11-12
Em terceiro lugar, como instrumentos de revelação inspirados, eles
foram credenciados por sua habilidade de realizar sinais. Isto pode ser cha-
mado de “credenciais apostólicas”.

“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espí-


ritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermi-
dade e todo o mal.” Mateus 10:1
“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande
salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos
depois confirmada pelos que a ouviram;
Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias
maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vonta-
de?” Hebreus 2:3-4
“Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com
toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.” II Coríntios
12:12

Em quarto lugar, como testemunhas e historiadores da maior revela-


ção final da parte de Deus, foi prometida a eles a infalibilidade de memória.

“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em


meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26
Os Apóstolos de Cristo 15

Podemos confiar na exatidão do registro do Novo Testamento.


Em último lugar, como expositores e intérpretes da palavra final de
Deus, foi a eles prometido entendimento pleno.

“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em


toda a verdade;” João 16:13

Durante a jornada terrena de Cristo Jesus, os apóstolos normalmente


estavam limitados em sua compreensão de questões espirituais. Tudo isso
mudou com a vinda do Espírito no dia de Pentecostes. Eles foram guiados
em toda a verdade. Note que o Novo Testamento é o depósito inspirado
dessa “verdade”. Sua existência é o cumprimento das promessas de Cristo
feitas aos apóstolos.
Neste ponto, vamos dar explicação maior de um assunto já levemente
mencionado. Tudo aquilo que os apóstolos ensinaram e registraram no Novo
Testamento teve suas raízes nas palavras e na obra de Cristo. Ele, e não os
apóstolos, foi a palavra final de Deus. O Espírito não veio para revelar coisas
novas às suas mentes, mas para lembrá-los do que Cristo havia ensinado e
feito. Não foram coisas novas, mas aquelas coisas sobre as quais eles foram
iluminados a entender.

“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de


enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testifi-
cará de mim.” João 15:26
“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em
toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.
Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há
de anunciar.
Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do
que é meu e vo-lo há de anunciar.” João 16:13-15
16 A Palavra Final de Deus

O leitor é encorajado a considerar quão fundamental são as palavras


e a obra de Cristo na mensagem apostólica. Medite como as doutrinas do
Novo Testamento têm suas origens nas palavras de Cristo. Para que isso seja
enfatizado, repetiremos o que foi anteriormente dito: “O ensino de Cristo é
a essência de toda a verdade do Novo Testamento; o botão a partir do qual a
flor da exposição apostólica desabrochou”.
Que Deus nos ajude a compreendermos a importância e a finaliza-
ção dos trabalhos apostólicos. Negar a inspiração e a autoridade apostólicas
é perder o relato de Cristo, nosso Senhor. Ir além dos apóstolos em nossa
busca pela verdade é ir além de Cristo. A verdade sobre Jesus é a “doutrina
dos apóstolos” (Atos 2:42). Foi dito que a “fé” ou o “corpo da doutrina cristã”
foi “uma vez dada”, porque foi transmitida pelos apóstolos em uma geração.

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca


da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-
-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Judas 3

Sem os apóstolos, nós nunca teríamos ouvido a palavra final de Deus!


Capítulo 3

Sola Scriptura

Temos traçado a história da revelação especial desde o tempo de Adão


até a sua consumação em Cristo Jesus. O lugar dos apóstolos na palavra final
de Deus foi explicado. Então qual é a implicação de tudo isso para nós que,
nos dias de hoje, desejamos ouvir a Deus?
“Sola Scriptura” é uma expressão cunhada durante a Reforma que sig-
nifica “somente a Escritura”. A intenção dessa frase era afirmar que apenas
a Escritura é a fonte de revelação para os cristãos pós-apostólicos. Cremos
que um verdadeiro entendimento da história da revelação especial nos leva a
essa crença. Dizer que Cristo é a palavra final da parte de Deus é dizer que “a
Bíblia é a nossa única regra de fé e prática”.
Ao explicar a verdade de “Sola Scriptura”, há alguns pontos aos quais
devemos nos referir:
1. “Sola Scriptura” é uma afirmação da suficiência da Bíblia como guia
espiritual. Como revelação, ela não precisa de quaisquer acréscimos. Isto é
frequentemente declarado nas Escrituras:

“E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que po-


dem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensi-
nar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
18 A Palavra Final de Deus

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído


para toda a boa obra.” II Timóteo 3:15-17
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu cami-
nho.” Salmos 119:105

2. “Sola Scriptura” é uma afirmação da completude da Escritura. Isto


está logicamente conectado à suficiência da Bíblia. Aquilo que é suficien-
te não precisa de acréscimos. A velha aliança prometia uma nova aliança.
Quando Cristo trouxe esta nova aliança, trouxe a palavra final de Deus:

“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por
Jesus Cristo.” João 1:17

Não há uma aliança mais nova além de Cristo. Os Cristãos que têm
uma Bíblia completa não esperam e nem precisam de qualquer outra pala-
vra da parte de Deus. Somar algo ao registro apostólico é adicionar algo às
revelações que Deus deu por seu Filho. Fazer isso é negar a plenitude e a
integralidade de Jesus, a “Palavra”.
Conectado à integralidade das Escrituras está o fato de a Bíblia ter
duas divisões principais. Lembrando de que a história da revelação especial
tem duas divisões principais, é exatamente como esperaríamos. Tanto Cris-
to como os judeus ortodoxos aceitavam os primeiros 39 livros da Escritura
como um registro inspirado da primeira aliança11. Não é de se surpreender
então que com a vinda de Cristo, e com uma nova aliança, um novo con-
junto da Escritura viesse a emergir. E o caso foi este mesmo. Nos tempos
apostólicos, à medida que os livros do Novo Testamento eram produzidos,
os mesmos eram reconhecidos como tendo igual autoridade à Escritura da
velha aliança12. Retornando agora à integralidade da Bíblia relaciono isso ao
assunto: Da mesma forma em que a história da revelação especial tem duas
11 O conteúdo do Cânon Judaico é exatamente aquele de nosso Velho Testamento e nunca
incluiu nenhum livro apócrifo. Nosso Senhor nunca citou os apócrifos, mas constantemente aceitou e
usou o Cânon Judaico como autoridade.
12 O apóstolo Paulo cita os escritos tanto de Moisés como de Lucas como sendo de igual
autoridade (I Timóteo 5:18). Pedro reconheceu as epístolas de Paulo como sendo “Escritura” (II Pedro
3:15-16).
Sola Scriptura 19

divisões, é de se esperar que a Escritura em seu estágio completo e final tenha


igualmente duas divisões principais. A nossa Bíblia, composta de duas partes,
está completa, e é definitiva.
Embora sob o risco de ser repetitivo, fecharemos esta seção de nosso
estudo revisando os fatos que nos levam a afirmar a verdade de “Sola Scrip-
tura”. É impossível superestimar a importância desta questão. Eis então uma
breve exposição revisando nossa linha de pensamento:
a. O Velho Testamento foi recebido por Jesus Cristo como a Palavra
de Deus e como o registro de revelação especial indo até o fim do ministério
de Malaquias.
b. Jesus Cristo, em sua vinda, foi a palavra final de Deus; a plenitude
daquilo que Deus tinha a dizer.
c. Os apóstolos de Cristo foram testemunhas oculares e expositores da
palavra final de Deus.
d. A eles foi prometida infalibilidade de memória concernente a Cris-
to, bem como plenitude de entendimento. Eles foram guiados em toda a
verdade.
e. Seguindo o padrão dos profetas da Velha Aliança eles produziram
um conjunto de Escrituras contendo a plenitude das revelações recebidas.
f. Os apóstolos, ao produzirem o Novo Testamento, entregaram em
seu tempo de vida um registro da palavra final de Deus. É por isso que Judas
3 fala da fé ou conjunto de doutrina que “uma vez foi dada”.
g. Sendo mortos os apóstolos, e sendo verdadeiras as promessas de
Cristo, a Palavra de Deus agora está completa. O Novo Testamento contém
a “doutrina dos apóstolos”, a “fé que uma vez foi dada aos santos”, a “toda a
verdade”, e o “tudo” trazido à memória.
h. Qualquer tentativa de se fazer acréscimos ao Novo Testamento é
uma tentativa de ir além de Cristo como sendo a palavra final de Deus.
Capítulo 4

A Doutrina da “Sola
Scriptura” e a Aplicação dela
de Maneira Prática

A exposição doutrinária deve ser seguida de aplicação prática. De-


pois de afirmarmos a suficiência e a finalização da Escritura, vem a pergunta
de como isso se aplica aos nossos dias. Fazendo assim, estamos seguindo o
exemplo não apenas de apóstolos inspirados como Paulo, mas também de
sábios pregadores através dos séculos. Veja as palavras de João Calvino, por
exemplo, que depois de expor Hebreus 1:1-2 fez uma forte aplicação prática
para seus dias:
Quando ele diz “a nós falou-nos nestes últimos dias”, ele quer dizer
que não existe razão pela qual deveríamos ter dúvidas se devemos esperar ou
não alguma nova revelação. O que Cristo trouxe não foi uma parte da Pala-
vra, mas a palavra finalizadora. É este o sentido em que os apóstolos enten-
diam “os últimos tempos” e “os últimos dias”. Isto também é o que Paulo en-
tende quando ele escreve “para quem já são chegados os fins dos séculos.” (I
Coríntios 10:11). Se Deus já falou a Sua última Palavra, é certo avançarmos
até este ponto, tão certo também devemos parar de ir além quando chegamos
a Ele. É de suprema necessidade que reconheçamos ambos os aspectos, pois
uma grande falha dos judeus foi a de eles não admitirem a possibilidade de
Deus ter adiado um ensino mais completo para outra época. Eles estavam
22 A Palavra Final de Deus

contentes com a sua própria lei, e não avançaram em direção ao objetivo. Por
outro lado, desde que Cristo apareceu, o mal oposto começou a ter efeito no
mundo. Eis que os homens tentam ir além de Cristo. O que mais é o sistema
papal na sua íntegra, a não ser a transgressão desse limite fixado pelos após-
tolos? Logo, enquanto que o Espírito Santo, nesta passagem, convida todos a
virem até Cristo, Ele os proíbe de ir além de sua última Palavra da qual Ele
faz menção. Em resumo, o limite de nossa sabedoria está localizado aqui no
evangelho.13
Seguindo tais exemplos, conclamamos as pessoas em nossos dias a se
submeterem ao Senhorio de Cristo reconhecendo-o como a palavra final de
Deus. Há um grande perigo em negligenciar o evangelho de Cristo.

“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande


salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos
depois confirmada pelos que a ouviram.”

Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias


maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” Hebreus
2:3-4

“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está con-
denado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.”
João 3:18

Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Ele morreu para pagar pelos pecados
e ressuscitou para provar que isto foi consumado. Ele é o único caminho ao
Pai, e o único meio para se obter perdão. Sem Cristo, você está sem Deus e
sem esperança. Deus chama você ao arrependimento e a crer em Seu filho.

“Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem


a Deus não crê, mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho
que Deus de seu Filho deu.” I João 5:10

13 João Calvino, New Testament Commentaries; A New Translation (volume on Hebrews and I
and II Peter) trans. W. B. Johnson (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Co., reprint 1974) p.6.
A Doutrina da “Sola Scriptura” - Aplicação de Maneira Prática 23

Lembramos os nossos amigos judeus que rejeitar a Jesus como sendo


o Cristo é fechar os ouvidos à palavra final de Deus. Moisés e os profetas
prepararam o caminho para Ele. Ele é o mediador da nova aliança prome-
tida nos Seus profetas. Ele é a esperança de Israel, o profeta como Moisés,
a semente de Davi, e o rei de Israel. Que Deus não permita que Ele venha
a se posicionar como a luz para os gentios enquanto vocês fiquem deixados
em trevas.
Em terceiro e último lugar, advertimos as pessoas acerca do perigo de
ir além de Cristo. Pense, por exemplo, no caso dos mulçumanos que reco-
nhecem Cristo como sendo um profeta e logo correm em direção a Maomé.
Da mesma forma os mórmons pensam que honram a Cristo e ainda deixam
Ele para trás e correm em direção a Joseph Smith. Tal é o caso em grande
número de movimentos religiosos. Eles trocam a luz do Filho de Deus pela
fraca luz da vela do pensamento humano ou do engano satânico.
Até mesmo entre aqueles que se dizem cristãos, existe o perigo de ir
além de Cristo Jesus. Pense nos erros do Catolicismo Romano. Ao Velho
Testamento eles adicionam os apócrifos. Ao Novo Testamento de nosso Se-
nhor e Salvador eles acrescentam tradição, infalibilidade papal juntamente
com inúmeras visões e aparições de Maria no decorrer dos anos. O mais
básico nesse sistema de erro é a crença de que os apóstolos de Cristo têm
sucessores na pessoa do Papa. Tendo negado a suficiência e a integralidade da
Escritura, eles têm uma revelação sempre aberta ao invés da “fé que uma vez
foi dada aos santos”. Não é de maravilhar que novas doutrinas foram e estão
sendo adicionadas ao sistema da crença católica14. A palavra final de Deus
perde a sua completude.
No final das contas, o debate chega à seguinte pergunta: “O que a
Bíblia ensina sobre isso?” Será que podemos provar nas Escrituras que certos
dons foram apenas temporários? À primeira vista, os cessacionistas parecem
estar numa posição de desvantagem. As Escrituras parecem pouco adequa-
das para rebaterem as acusações. Mas, será que é isso mesmo?
Como um cessacionista, eu respondo com o aviso de que nós precisa-
mos ter cautela acerca de ideias pré-estabelecidas sobre como a Bíblia deve
14 Aqueles que desejarem mais informações acerca deste assunto podem consultar: The
Gospel According to Rome (O Evangelho Segundo Roma); James G. McCarthy; Harvest House Publishers;
(Eugene, Oregon 1995). Dê mais ênfase ao Capítulo 12. Nesse capítulo, o autor relata como foi que a
“Assunção de Maria” se tornou um dogma Católico Romano.
24 A Palavra Final de Deus

ensinar algo. Deixe-me ilustrar isso com uma pergunta. Onde é que diz na
Bíblia que o cânon do Novo Testamento se fecharia com a morte dos após-
tolos? Embora nunca tenha sido explicitamente expresso, será que tal posição
não estava implícita nas promessas de Cristo feita aos apóstolos? (Veja o
capítulo acerca de Sola Scriptura). Será que essas mesmas promessas também
não implicariam na cessação de qualquer dom envolvendo revelação direta?
Será que é lógico proibir profecias escritas e ainda permitir profecias orais?
Ou a palavra de Deus está completa, ou não está.
Será que é mais racional perguntar: “Onde é que a Bíblia diz que a
profecia iria se encerrar com o fim dos apóstolos?” ou perguntar “Como é
que nós sabemos que o cânon se encerrou com a escrita do livro de Apoca-
lipse por João?” Eu não questiono o fato de que muitos não-cessaciontistas
sinceramente acreditem que eles são comprometidos com a completude e a
perfeição das Escrituras. O que eu questiono é a consistência dessa posição
deles. Talvez você já tenha ouvido do provérbio árabe acerca do focinho do
camelo. Os não-cessacionistas que permitem que o ‘focinho’ das línguas e
profecias entre em sua tenda não são teoricamente tão diferentes do não-
-cessacionista que permite que o camelo inteiro da tradição católica e da
infalibilidade papal entre na tenda.
Continuando, nós percebemos que a maioria dos não-cessacionistas
concorda que o ofício de apóstolo era alicerçador e temporário. Enquanto
ficamos felizes pelo fato de que isso é entendido, parece estranho quando nos
recordamos de que em Efésios 4:8-11 os apóstolos são classificados como
“dons”. Até mesmo não-cessacionistas que são comprometidos com a Escri-
tura devem se tornar um tipo de cessacionista.
Finalmente, eu gostaria de lembrar os nossos amigos não-cessacio-
nistas daquilo que parece óbvio. As igrejas apostólicas tinham necessidades
que nós não temos. Depois da ascensão de Cristo, um período de cerca de
sessenta anos passou antes que o Novo Testamento estivesse completo. Ima-
gine as igrejas do Novo Testamento operando com nenhuma parte, ou pouco
do Novo Testamento. Como eles poderiam ter recebido verdades da nova
aliança aparte do ministério dos apóstolos e profetas? É claro que tal minis-
tério foi acompanhado de sinais para autenticar as revelações dadas (Hebreus
2:2-3). Deus supriu a necessidade deles de maneira maravilhosa. Ainda fica
A Doutrina da “Sola Scriptura” - Aplicação de Maneira Prática 25

o questionamento sobre por que as igrejas hoje, que possuem Bíblias com-
pletas, precisariam de profetas e sinais. Verdadeiramente, uma igreja com
todos os sessenta e seis livros da Escritura Sagrada está mais bem equipada
do que a igreja mais dotada com os dons no tempo apostólico. Nosso trata-
mento deste assunto foi muito breve. Àqueles que desejem um estudo mais
profundo acerca deste assunto nós recomendamos o seguinte livro: “To Be
Continued”, Samuel Waldron, Calvary Press Publishing15.
Finalmente, deixe-me falar aos amigos não-cessacionistas16. Histori-
camente os evangélicos têm crido que dons espirituais que envolviam direta
revelação ou dons que funcionassem como sinais para autenticar essas revela-
ções eram para ser uma base somente e cessaram com o fim dos apóstolos. A
existência desses dons era considerada desnecessária àqueles que possuíssem
uma Bíblia completa. Quando você afirma que esses dons operam ainda hoje,
pense a quem você associa. A maioria dos Pentecostais/Carismáticos/Ter-
ceira Onda recua ante qualquer ideia em acrescentar algo à Palavra de Deus.
Mas é difícil de esquivar-se de tal acusação17. Não são os profetas deles que
declaram falar “palavras de Deus”? Quantas vezes nos seus cultos ouve-se
essas expressões: “Deus me revelou” ou “Deus disse a mim”? Será que real-
mente há alguma diferença entre um Papa que afirma falar “ex cathedra” e um
profeta que assegura aos seus adeptos de que sua mensagem vem diretamente
de Deus? Será que ambas situações não se constituem em uma negação da
suficiência e integralidade das Santas Escrituras? Será que realmente há algo
a ser dito além daquilo que Deus já disse através de Seu Filho? Quando os
apóstolos nos deram um relato inspirado de Cristo, a porta da revelação não
foi fechada? Será que não é melhor que deixemos um cadeado nessa porta?
Cessacionismo não é algo acerca do estilo de adoração. Não é uma
15 http://www.calvarypress.com/products/to-be-continued-are-the-miraculous-gifts-for-today
16 Um cessacionista é alguém que crê que certos dons do Espírito cessaram com a morte dos
apóstolos. Um não-cessacionista nega isso. Nenhum deles questiona a existência do sobrenatural ou da
necessidade de muitos dons espirituais em nossos dias. De fato, a igreja não poderia funcionar como
um corpo sem dons espirituais. A controvérsia gira em torno apenas dos dons que envolviam revelação
direta ou daqueles que produziam sinais. Os cessacionistas veem tais dons como sendo estritamente
apostólicos ao passo que os não-cessacionistas crêem que esses dons têm um propósito continuado.
17 Os não-cessacionistas têm tentado esquivar-se de tal acusação afirmando a possibilidade de
profecias de qualidade não canônica ou não escritural. Enquanto várias formas deste ensinamento têm
sido afirmadas até mesmo por estudiosos reconhecidos, o completo ideal parece não ser convincente.
Mais uma vez, somos lembrados do Catolicismo onde é dito que o Papa é o porta-voz de Deus, mas que
ele é proibido de criar Escritura canônica. Para mais informações recomendamos novamente o livro de
Samuel Waldron.
26 A Palavra Final de Deus

negação do sobrenatural ou da nossa necessidade do Espírito de Deus. Tem


a ver, de fato, com o nosso ponto de vista acerca da Escritura, acerca dos
apóstolos e, finalmente, acerca de Cristo Jesus. O Cessacionismo não é uma
limitação ao Todo-Poderoso, mas uma exaltação de Cristo como a palavra
final de Deus.

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas ma-


neiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho,
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mun-
do.” Hebreus 1:1-2


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