História Da EDF
História Da EDF
História Da EDF
Florianópolis
2015
Leandro Bianchini
_________________________________
Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
_________________________________
Prof. Dr. Giovani De Lorenzi Pires – Orientador
Centro de Desportos/Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________
Profa. Dra. Silvia Christina Madrid Finck
Universidade Estadual de Ponta Grossa
_________________________________
Prof. Dr. Santiago Pich
Centro de Ciências da Educação/Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________
Prof. Dr. Julio Cesar Schmitt Rocha
Centro de Desportos/Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________
Prof. Dr. Francisco Emílio de Medeiros
Centro de Desportos/Universidade Federal de Santa Catarina
Dedico este estudo a Domingos Tadeu
Bianchini, meu pai, meu herói! A
Dilva Teodoro Guimarães Bianchini,
minha mãe, minha fortaleza! E a todos
que lutam pela dignidade Humana.
AGRADECIMENTOS
This study emerged from a concern about the verification that in the
teaching practice of Physical Education teachers critical pedagogical
conceptions still find it difficult to cause a real impact in schools. One
reason could be the very teacher education programs, which have not
yet introduced those critical references. Starting from this, we tried in
this study to build a theoretical and conceptual framework around the
called Renewer Movement of Physical Education: what were your
criticisms; critical pedagogical conceptions; the curricula for teacher
education of Physical Education. In that sense, we approach the work of
Paulo Freire that allowed us, mainly with the concepts of "naive
consciousness" and "critical consciousness", a benchmark for the
approach of an awareness of Physical Education teachers in schools. For
the development of the work, we take as field a course of formation of
physical education teachers of Santa Catarina, which the curriculum
possesses, since its creation, an approach with critical pedagogical
conceptions of Physical Education. Seeking to understand whether that
critical curriculum option was perceived and contributed accordingly to
the teacher education, so ours general objective was: Understand the
relationships between the curriculum of a course inspired by the
Renewer Movement of Physical Education, the critical formation of its
graduates and their pedagogical practices. We chose to investigate eight
(8) graduates of this course which act or worked in schools, through
semi-structured interviews. The description and data analysis of
qualitative methodology, sought to understand the view of those on the
course curriculum, their current teaching practices and their possible
attitudes or critical postures of in these realities. The results show that
the curriculum proved to be suited to a teaching formation in physical
education, as suggested by the national Curricular Directives. Among
the influences and limits perceived by the subject-interlocutors we had
diverse opinions, given the diversity found in the group of subjects.
Generally speaking, they recognized how important the didactic and
pedagogical knowledge and the possibility of a change in conception of
Physical Education; and limitation, being too shallow in specific content
of Physical Education for the benefit of theoretical and pedagogical
contents. About their teaching practices, they report that in their school
there every day "situations-limits" (an understanding of Physical
Education marginalized in school culture and educational regulatory
reform policies) that has hindered an approach with the critical
pedagogical concepts. The manner in which they stand facing such
limitations, allowed us to establish understandings of the development
of: I) "naive consciousness" as they adapt and submit to "situations-
limits"; and II) of "critical consciousness," when they demonstrate seek
possibilities within those limitations, thus promoting a "untested
feasibility". At the end we found that only the curriculum knowledge is
not sufficient to promote a "critical consciousness" in teachers because
these need to learn to read their realities, since the school culture is also
a critical area of formation
INTRODUÇÃO .................................................................. 21
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................ 31
CAPÍTULO I – QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA ...... 37
1.1 A(S) ORIGEM(NS) DA(S) TEORIA(S) CRÍTICA(S) NA
MODERNIDADE ............................................................................. 37
1.2 AS TEORIAS CURRICULARES ............................................... 43
1.2.1 A pedagogia crítica na Educação brasileira.............................. 48
1.3 A CONSCIÊNCIA CRÍTICA NA OBRA DE PAULO
FREIRE ............................................................................................. 54
1.3.1 A recepção da Obra de Paulo Freire na Educação Física
brasileira ............................................................................................ 64
1.4 O MOVIMENTO RENOVADOR DA EDUCAÇÃO FÍSICA ... 69
1.4.1 A vertente crítica do MREF e suas concepções pedagógicas ... 78
1.5 OS CURRÍCULOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
EDUCAÇÃO FÍSICA: A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA .............. 92
1.5.1 As novas diretrizes curriculares de formação de professores do
século XXI......................................................................................... 99
CAPÍTULO II - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
PRODUZIDOS NA PESQUISA DOCUMENTAL E NO CAMPO
EMPÍRICO ........................................................................ 111
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO (ANÁLISE DOCUMENTAL
DO PROJETO DE CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO CURSO DE
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVALI) ........ 111
2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS-INTERLOCUTORES 136
2.3 INTERPRETANDO OS DEPOIMENTOS DOS SUJEITOS-
INTERLOCUTORES – AS CATEGORIAS DE ANÁLISE ............ 140
2.3.1 Influências e Limites do Currículo ........................................... 141
2.3.2 Práticas e Perspectivas Pedagógicas Críticas: entre a adesão e a
resistência às concepções de Educação Física presentes na cultura
escolar ............................................................................................... 173
2.3.3 O papel dos professores no processo de mudança: uma
aproximação à “consciência crítica” de Paulo Freire ........................ 206
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 235
REFERÊNCIAS .................................................................. 243
APÊNDICES ...................................................................... 255
ANEXOS ............................................................................ 261
20
21
INTRODUÇÃO
1
Lembrando que a própria instituição escolar teve uma renovação com a LDB,
documento esse que ainda vem sendo modificado, demonstrando maior abertura
social e aproximando a escola de uma verdadeira “instituição republicana”.
23
2
Expressão utilizada pelo Professor Paulo E. Fensterseifer em sua fala no 5º
Congresso Sul Brasileiro de Ciências do Esporte (Conbrace-Sul) realizado na
Universidade do Vale do Itajaí na cidade de Itajaí-SC em setembro de 2010.
Anotações pessoais.
24
3
Necessidades essas, que foram perspectivadas pelo movimento renovador da
Educação Física desde os anos 90 e que ainda são contemporâneas, pois as
percebemos nos dias de hoje.
26
4
Nestes parágrafos, que tratam de uma justificativa pessoal do trabalho, preferi
usar a 1ª pessoa do singular, e na condição de pesquisador desse estudo, é
importante salientar que, minha formação inicial em Educação Física se deu na
mesma instituição que esse estudo investigou (UNIVALI), portanto sou um
“nativo” deste curso, mas que tive experiências em uma configuração curricular
diferente, pois na ocasião de meu ingresso (2007/2) o curso já havia sido
reformulado.
30
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5
Consideram-se “fundadores” os docentes que integraram a comissão
responsável pela proposta de criação do curso. O grupo de fundadores foi
constituído de cinco professores, da instituição e externos. Infelizmente, só
conseguimos acesso a um deles. Sua participação no processo de criação do
curso, no entanto, foi bastante significativa porque, uma vez aprovado o curso,
ele foi o primeiro coordenador do mesmo.
6
Compreendemos que seria interessante investigarmos os próprios professores
que operavam esse currículo, mas por questões temporais (tempo de produção
da dissertação) e também pelo fato de que muitos desses professores não atuam
mais nessa instituição, se tornou inviabilizada tal opção investigativa.
7
Período que corresponde à implantação completa da primeira versão do
currículo do curso.
33
8
A todos os sujeitos, utilizamos um mesmo modelo de convite que consta no
apêndice desse estudo.
34
9
Expressão alemã que tem sido traduzida tanto por Iluminismo quanto por
Esclarecimento.
40
10
Aqui Foucault parece referir-se à Fenomenologia apenas a partir do francês
Maurice Merleau-Ponty, sem considerar as bases “alemãs” dessa corrente, como
41
12
Não fizemos uso diretamente da Obra de MacDonald, mas para efeitos de
indicação de leitura, a sua referencia é: MACDONALD, J. B. Curriculum and
human interests. In: PINAR, W. (ed.) Curriculum theorizing: reconceptualists,
Berkeley, 1975.
45
a) Paradigma Téncico-linear
b) Paradigma Circular-consensual
13
“A nova sociologia da educação surgiu com todo o vigor na Inglaterra e
Estados Unidos [em meados dos anos 70 do século XX] como resposta crítica
ao que pode ser genericamente chamado de discurso da teoria e prática
educacional tradicional. A questão central em torno da qual ela desenvolveu sua
crítica da escolarização tradicional, bem como seu próprio discurso teórico, é
tipicamente freireana: Como tornar a educação significativa de forma a torná-la
crítica e, espera-se, emancipatória?” (GIROUX, 1997, p. 147).
14
Para uma leitura sobre a concepção de currículo defendida por Paulo Freire,
recomendamos a obra “A educação na cidade” (FREIRE, 1999), onde temos
entrevistas com Paulo Freire, durante o período de 1989-1991 em que ele atuou
como secretario da educação da cidade de São Paulo.
51
Esse período histórico foi muito importante para o que veio a ser
chamado movimento de reforma política e da educação, inclui-se nesse
movimento a própria Educação Física que mais a frente vamos discutir.
Na educação brasileira em um modo geral, dentre as principais
concepções críticas, tanto de bases marxista e neomarxista, temos
voltada a educação popular a “Pedagogia do Oprimido”, formulada e
desenvolvida por Paulo Freire (1974). Ou seja, fora escrita e publicada
no período de exílio desse pensador.
adultos nos anos de 1960; no entanto, por ter um enfoque que vai além
do simples alfabetizar e se baseia em um conscientizar que libertava os
educandos, o trabalho de Freire alcançou uma notoriedade acadêmica
que transcendeu as fronteiras brasileiras e se tornou um “método”
educativo libertador utilizado em outras áreas do conhecimento e em
diversos outros países. Aos que seguiram essa corrente ficaram
conhecidos como defensores da “educação popular”
Temos também as pedagogias “crítico-social dos conteúdos” e
“histórico-crítica”, em que os principais representantes são,
respectivamente, José Carlos Libâneo e Dermeval Saviani. Uma das
principais obras dessa vertente é “Escola e Democracia” de Saviani
(1988). Essa teoria fundamenta-se no processo de transição entre o
senso comum e a consciência filosófica. A escola, nesse sentido, deve
“levar o indivíduo de um consumidor passivo e acrítico da realidade a
um ator ativo e critico desta realidade” (GALLO, 2008, p. 402-403).
Os conteudistas, como assim ficaram conhecidos os seguidores
dessa concepção, “[...] propõem-se, então, a resgatar a importância dos
conteúdos e a ressaltar a função básica da escola, que é, segundo eles, a
transmissão de conhecimentos” (MOREIRA, 1990, p. 165). Por suas
bases marxistas, rejeitaram qualquer referência norte-americana e à
sociedade capitalista, temendo voltarem ao paradigma curricular
onipresente durante a ditadura militar. Entre seus autores de base temos:
Antonio Gramsci, Mario Manacorda, Karl Marx, Adam Schaff, George
Snyders, Bogdan Suchodolski e Adolfo Vaszquez (MOREIRA, 1990).
Os “conteudistas” criticavam as ideias “escolanovistas”, que viam como
liberais, pseudocientíficas e não democráticas.
Sobraram críticas também à própria “educação popular”, que
dentre as divergências15 entre essas duas correntes, uma das que teve
maiores “embates” se referiu ao “conhecimento popular” (da cultura
popular) e o “conhecimento da burguesia” (da cultura erudita). Os
conteudistas defendiam que somente acessando os “conhecimentos da
burguesia” as classes populares poderiam sair de suas condições
subalternas, enquanto os defensores da “educação popular” buscavam o
resgate dos conhecimentos populares, que os eram negados, para que
assim pudessem se conscientizar de suas condições.
15
Não entramos em maiores detalhes sobre esses “conflitos epistemológicos”
dessas duas vertentes críticas, para não se alongarmos demasiadamente, mas aos
interessados recomendamos a leitura da obra “Currículo e programas no Brasil”
(1990) Antonio Flavio B. Moreira.
54
criação sua16, mas que desde o momento em que conheceu essa palavra,
percebeu imediatamente a profundidade de seu significado.
16
Em obras posteriores e entrevistas, Freire atribui o conceito à Álvaro Vieira
Pinto (1909-1987), filósofo e intelectual brasileiro.
57
A consciência intransitiva17,
17
“tomou-se este termo da noção gramatical de verbo intransitivo: aquele que
não deixa passar sua ação a outro” (FREIRE, 2011, p. 50).
59
18
Para uma melhor análise da concepção “bancária”, reconhecemos como
necessário a leitura da Obra “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire (1974).
60
CARACTERISTICAS DA CONSCIÊNCIA
INGÊNUA
1. Revela uma certa simplicidade, tendente a um
simplismo, na interpretação dos problemas, isto é,
encara um desafio de maneira simplista ou com
simplicidade. Não se aprofunda na casualidade do
próprio fato. Suas conclusões são apressadas,
superficiais.
2. Há também uma tendência a considerar que o
passado foi melhor. Por exemplo: os pais que se
queixam da conduta de seus filhos, comparando-a
ao que faziam quando jovens.
3. Tende a aceitar formas gregárias ou
massificadoras de comportamento. Esta tendência
pode levar a uma consciência fanática.
4. Subestima o homem simples.
5. É impermeável à investigação. Satisfaz-se com
as experiências. Toda concepção científica para
ela é um jogo de palavras. Suas explicações são
mágicas.
63
CARACTERÍSTICA DA CONSCIÊNCIA
CRÍTICA
1. Anseio de profundidade na análise de
problemas. Não se satisfaz com as aparências.
Pode-se reconhecer desprovida de meios para a
análise do problema.
2. Reconhece que a realidade é mutável.
3. Substitui situações ou explicações mágicas por
princípios autênticos de causalidade.
4. Procura verificar ou testar as descobertas. Está
sempre disposta às revisões.
5. Ao se deparar com um fato, faz o possível para
livrar-se de preconceitos. Não somente na
captação, mas também na análise e na resposta.
6. Repele posições quietistas. É intensamente
inquieta. Torna-se mais crítica quanto mais
reconhece em sua quietude a inquietude, e vice-
versa. Sabe que é na medida que é e não pelo que
parece. O essencial para parecer algo é ser algo; é
a base da autenticidade.
7. Repele toda transferência de responsabilidade e
de autoridade e aceita a delegação das mesmas.
8. É indagadora, investiga, força, choca.
9. Ama o diálogo, nutre-se dele.
10. Face ao novo, não repele o velho por ser
velho, nem aceita o novo por ser novo, mas
64
19
Apesar de longo e citado na integra, consideramos importante incluir esse
trecho pela sua importância para a análise dos dados de campo.
65
20
Tradução da expressão alemã “Lebenswelt”, categoria muito importante nos
estudos da Fenomenologia.
68
21
O Se-movimentar usado nessa passagem se refere ao conceito
fenomenológico de “movimento humano” em que parte, em primeira instância
do “ser” que se movimenta (KUNZ, 1991).
22
Das quais Medina (1994) reconhece ter ser aproximado por intermédio de
duas teses de mestrado apresentadas na Pontifica Universidade Católica (PUC)
de São Paulo: “Educação e dominação cultural” de Dulce M. Critelli, e
“Consciência crítica e universidade” defendida por Reinaldo M. Fleuri.
69
23
A expressão “vozes” foi aí empregada como uma metáfora à “cultura do
silêncio” (FREIRE, 1980, 2014), que condizia a situação em que vivíamos no
período do regime ditatorial vigente até 1984.
74
24
Bracht (1989), no final dessa obra, admite que deixava muitas lacunas sem
respostas e atribuía isso as suas próprias limitações e ao estágio de
desenvolvimento teórico em que a Educação Física estava. E um detalhe
interessante é que ele chama “sutilmente” os outros estudiosos da época a
continuarem nessa direção quando expressa-se ao final dessa nota, da seguinte
forma: “Portanto, mãos-à-obra!...” (BRACHT, 1989, p. 19).
75
25
Tendo como base Freire (2014), que compreende que os “anúncios” das
condições desumanizantes é uma característica libertadora que procede do dês-
velamento da realidade denunciada, reconhecemos que a situação descrita era
caracterizada mais por “denúncias” do que “anúncios”, pois como Bracht
(1989) disse, ainda não se sabiam quais eram as soluções, portanto entendemos
que já existiam anúncios, mas ainda eram, de certo modo, frágeis e até
ingênuos.
26
A expressão “Pensamento Pedagógico Renovador da Educação Física”
(PPREF) foi utilizada inicialmente por Resende (1992) em sua tese e significa:
“o conjunto de propostas, que buscaram romper com os pressupostos didáticos-
pedagógicos tradicionais da Educação Física”. Em nosso estudo utilizaremos
essa expressão como sinônima da expressão “Movimento Renovador da
Educação Física” (MREF) usada por Bracht (2010b) e Machado (2012).
76
27
Cabe aqui nessa parte explicarmos que, tais propostas pedagógicas podem ser
encontradas na literatura tendo inúmeras outras “roupagens”. Para efeito de
título sabemos dos seguintes nomes: proposta, proposição, abordagem,
tendência, teoria, pedagogia, concepção, metodologia. Sabemos que essas vêm
sendo utilizadas como sinônimo para caracterizar essas novas propostas
pedagógicas. Aqui nesse estudo optamos pela expressão de “concepção”
pedagógica. Portanto quando a utilizamos estamos se referindo a essas
concepções a que estamos se referindo nessa parte do estudo.
78
28
Por não termos acessado essa obra em nosso estudo, indicamos sua referência
aqui como forma de sugestão de leitura aos interessados: GRUPO DE
TRABALHO PEDAGÓGICO (UFPe/UFSM). Visão didática da Educação
Física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1991.
80
b) Concepção Crítico-Superadora
29
Sobre esse “modelo curricular”, o Coletivo de autores (1992) reconhece que
teve essa inspiração em uma proposta para o ensino de Educação Física oriunda
das discussões curriculares na secretaria de Educação, Cultura e Esportes de
Pernambuco entre 1987 a 1991.
85
30
Para a concepção crítico-superadora, a “cultura corporal” é definida do
seguinte modo: “[...] a materialidade corpórea foi historicamente construída e,
portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente
produzidos e historicamente acumulados pela humanidade que necessitam ser
retraçados e transmitidos para os alunos na escola” (COLETIVO DE
AUTORES, 1992, p. 26).
86
c) Concepção Crítico-Emancipatória
31
Vale lembrar que essas duas correntes pedagógicas tinham divergências
metodológicas que já apresentamos anteriormente.
88
32
No decorrer dessa obra a temática central orbita em torno do “esporte”, tanto
que é comum encontrarmos na literatura, classificações das concepções
pedagógicas, que definam essa concepção como sendo voltada somente para o
ensino dos esportes. No entanto, sabemos que esse trabalho foi o primeiro que
apresentou essa concepção e tempos depois o grupo de pesquisa do professor
Kunz, lançou a obra “Didática da Educação Física” (KUNZ, 2006a, 2012, 2013)
que teve três volumes diferentes onde são tratadas outras manifestações da
cultura de movimento.
89
33
Sabemos da existência de uma revisão do currículo em 1945, mas se tratando
de formação de professores para a escola, a mudança significativa se deu
somente com a Resolução nº 69/CFE/1969 (SOUZA NETO et al., 2004;
OLIVEIRA, 2006).
94
34
Lei 9.394/1996 com a nova redação proposta pela Lei 10.793/2003, onde em
seu artigo 26º “[...] § 3º - A educação física, integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente curricular obrigatório da educação básica [...]” (BRASIL,
1996, grifo nosso).
96
35
Prazo prorrogado posteriormente, para a data de 15 de outubro de 2005 pela
Resolução 02/CNE/CP/2004.
104
36
Em nosso estudo não iremos aprofundarmos no currículo de formação de
professores em nível de bacharelado, pois o nosso objeto de investigação se
restringiu ao campo escolar.
105
37
Os documentos ai referidos são: o Projeto de Criação e Implantação do Curso
de licenciatura em de Educação Física – UNIVALI, 2004 (PCIC) e as ementas e
bibliografias de base das disciplinas que compõem a matriz curricular desse
curso.
112
38
Salientamos que esse estudo se ateve somente a primeira configuração
curricular deste curso, pois sabemos que a partir do segundo semestre do ano de
2007 houve uma reformulação curricular originando o “currículo 2” que
permanece até a presente data de edição desse estudo.
113
Objetivo Geral:
Formar profissionais de educação, licenciados em
Educação Física, com sólida formação cultural,
científica e técnica, preparados para conhecer e
116
Objetivos Específicos:
39
Expressão utilizada por Freire e Shor (2008) na obra “Medo e Ousadia: o
cotidiano do professor”. Em português seria “empoderamento” tradução que
Guareschi (2010, p. 148) utilizou e sintetizou do seguinte modo:
“Empoderamento é assim para Freire um processo que emerge das interações
sociais em que nós, seres humanos, somos construídos e, à medida que,
criticamente, problematizamos a realidade, vamos nos ‘conscientizando’,
descobrindo brechas e ideologias; tal conscientização nos dá ‘poder’ para
transformar as relações sociais de dominação, poder esse que leva à liberdade e
à libertação.”
121
40
Que corresponde às atividades de Prática Pedagógica como componente
curricular (PPCC), previstas nas Resoluções nº CNE/2001 e 02/2002.
126
41
Acrescentamos os números 1 e 2 a frente do nome das respectivas disciplinas
“Esportes Coletivos” para facilitar ao leitor a compreensão cronológica prevista
por essas no currículo, pois no documento analisado não consta nenhuma
diferença em relação ao nome dessas duas disciplinas.
128
lazer
Bibliografia:
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho: ensaio sobre a metamorfose e a
centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995.
BRUHNS, Heloisa (Org.). Lazer e ciências sociais: diálogos pertinentes. São
Paulo: Chronos, 2000.
BRUHNS, Heloisa (Org.). Temas sobre o lazer. Campinas: Autores
Associados, 2001.
HUIZINGA, J. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1980.
LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec, 1999.
MARCELLINO, Nelson C. Estudos do lazer: uma introdução. Campinas:
Autores Associados, 2000.
MOREIRA, Wagner W. (Org.). Educação Física e esportes: perspectivas
para o século XXI. Campinas: Papirus, 1992.
WERNECK, Christianne L. Gomes; ISAYAMA, Hélder F. Lazer, recreação
e Educação Física. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Fonte: PCIC (2004, p. 43).
42
Membro externo convidado para a comissão responsável pela criação do
curso.
135
43
Essa expressão “Prática Pedagógica como Componente Curricular” (PPCC)
pode ser encontrada em outras literaturas como “Prática como Componente
Curricular” (PCC), tanto que no próprio PCIC (2004) em que analisamos
anteriormente, essa foi a expressão por ele adotada. Nesse estudo preferimos a
primeira expressão por dar certa “ênfase” ao aspecto pedagógico dessa
“Prática”, mas indiferente a isso, para evitar ambiguidades, tratamos as duas
como sinônimos nesse estudo.
143
44
As disciplinas “Prática em Educação Física”, onde aconteciam os “projetos
integrados” ou “integradores”, ficaram também conhecidas no meio acadêmico
da UNIVALI como “prática docente”, pois esse foi o nome adotado
posteriormente por essas disciplinas quando em 2007/2 ocorreu a segunda
reconfiguração desse currículo. Sendo assim, alguns sujeitos-interlocutores,
principalmente os que se formaram em 2009 (Sujeito 9.1, 9.2, 9.3 e 9.4)
utilizam esse novo nome, mas para evitar ambiguidades, esclarecemos ao leitor
que a partir dessa parte do trabalho, quando surgir novamente à expressão
“prática docente” estará se referindo aos “Projetos integradores”.
144
A fala acima deixa claro que, para esse Sujeito e para alguns
outros professores a quem ele se refere, sentiram falta no currículo dos
“conhecimentos específicos da Educação Física” de forma mais
aprofundada como era característico nos currículos balizados pela
Resolução nº 03/CFE/1987.
O que nos parece nesse caso é que o novo formato de formação
de professores, previsto pelas novas diretrizes, causou em alguns
acadêmicos desse curso um “impacto negativo” que decorreu de seus
conceitos pré-concebidos de Educação Física. Pois se esses acadêmicos
nessa ocasião concebessem que a Educação Física escolar ainda poderia
ser associada como uma “atividade essencialmente prática” e sem
necessariamente um “conhecimento teórico sobre essa prática”, como
vinha ocorrendo e sustentada pelo imaginário social tendo essa
149
45
Na época ainda não existia na região muitos professores de Educação Física
habilitados para tal função. E infelizmente a rede estadual de educação de Santa
Catarina, ainda nos dias de hoje, permite que acadêmicos matriculados desde o
primeiro semestre se inscrevam em seus processos seletivos de contratação
temporária, podendo ocorrer situações semelhantes a essa descrita pelo Sujeito
7.1, portanto criticamos essa condição da rede estadual de Santa Catarina.
156
O Sujeito 9.2 reconhece que o curso teve uma visão centrada nas
concepções pedagógicas críticas, e traz um relato de uma experiência
próxima de uma concepção de aulas abertas em que ocorreu em sua
graduação. No entanto percebemos que o mesmo possui uma visão
contraditória, quando percebe que, “os seus educandos terão autonomia
para desenvolver as atividades sem a mediação do professor e da forma
que eles quiserem”, numa concepção de “aulas abertas”, essa autonomia
dada aos educandos só ocorre com um trabalho conjunto entre o
professor e seus educandos, por meio de problematizações, portanto não
é “uma aula do jeito deles”.
Já o Sujeito 9.3, além de reconhecer tais influências críticas,
reconhece que de forma clara foram apresentadas as concepções
pedagógicas: crítico-emancipatória, a crítico-superadora, as aulas
abertas e ainda relata sobre a concepção “construtivista” de João Batista
Freire. A sua fala demonstra certa segurança sobre esses conhecimentos
e é interessante que ele se refere também a um objeto da Educação
Física, que reconhecemos como fruto das discussões críticas do MREF,
no caso estamos falando da “cultura corporal de movimento”.
Ainda nesse grupo temos com o Sujeito 9.4 uma reafirmação das
influências críticas do currículo e, nesse caso, ele deixa bem claro que
desde o começo de sua formação ele fora apresentado a todas as
abordagens pedagógicas, incluindo as críticas, e além de ter aprendido
sobre, demonstra também que aprendeu como aplicá-las em diversas
situações da realidade educacional. Essa apropriação mais didática com
as concepções reconhecida por esse sujeito, acreditamos que seja pelo
seu bom aproveitamento com as disciplinas teóricas e pedagógicas
gerais e com os “projetos integradores”. O que reafirma a ideia, já
destacada anteriormente, de que o aproveitamento dos educandos com
165
46
Vale lembrar que esses dois conhecimentos (Anatômicos e Fisiológicos do
corpo humano) são ambos encontrados em disciplinas isoladas tradicionalmente
em todos os currículos de cursos superiores da área da saúde. Essa simples
mudança presente nesse currículo rompe com uma tradição médica que ainda se
faz presente em cursos de Medicina onde existe uma certa “tradição
disciplinar”.
168
*******************
47
Entre esses estudiosos, o autor se refere a: Angel I. Pérez Gómez, André
Chervel, Jean-Claude Forquin, Antonio Viñao Frago e Dominique Julia.
178
Outra preferência que tivemos por esse autor se deu por sua
preocupação em tratar das singularidades de cada instituição escolar;
assim ele se refere preferencialmente pelo termo “culturas escolares”
(PICH, 2009), já que os universos escolares, assim como a subjetividade
dos homens, são muito complexos.
Essa preferência pela expressão “culturas escolares” se observa
na sua primeira definição publicada aqui no Brasil em 1995.
********************
tais mudanças. Bem como apontado por Viñao Frago (2004 citado por
PICH, 2009) quando esse reconhece que as mudanças nas culturas
escolares só ocorrem de forma lenta, pois dependem de muitos fatores e
posicionamentos dos agentes envolvidos.
Nessa análise, chamaremos essa interferência normativa como
“reformas políticas” na educação. Tais reformas afetam a todos os
professores, e não somente os de Educação Física, em nossos casos
foram mencionados claramente as seguintes “políticas de reforma”:
Política de metas de aprovação de alunos e um sistema avaliativo formal
padronizado. Somando a essas ações “impositivas” das secretarias de
educação, temos também outros agravantes que afetam a todos os
professores, mas que não são “diretamente” percebidas como políticas
de reforma e sim como situações opressivas 48, que infelizmente, tais
profissionais vêm tendo que enfrentar e se adaptar para não “perecer”,
são elas: quantidade excessiva de alunos por turma, pouco tempo de
pesquisa e planejamento (hora-atividade) e a desvalorização em todos os
aspectos da categoria docente.
Após essas considerações iniciais sobre os contextos em que os
sujeitos-interlocutores estão inseridos, e suas condições de trabalho,
focamos na Educação Física dessas realidades, suas concepções mais
especificamente nesses casos. Concepções essas que vem sendo
construídas e reconstruídas por todas as situações limites, políticas de
reforma e pelos agentes envolvidos nessas culturas escolares. Desse
modo, a “concepção de Educação Física” em tais contextos transitou
entre duas concepções, uma onde a Educação Física “ainda é”
culturalmente “posta de lado” em relação às outras disciplinas da
instituição escolar e outra que ainda a percebe como uma atividade
prática essencialmente “esportivizada”. Ambas, estão mais próximas de
uma Educação Física tradicional, ou seja, é essa a visão predominante
percebida de Educação Física pelos sujeitos-interlocutores desse estudo.
Nessa primeira concepção em que a Educação Física é digamos
“marginalizada”, pois foi “deixada de lado” em relação às outras
48
Tais situações opressivas, mesmo não sendo percebida diretamente como uma
“política de reforma”, são na verdade uma política de “demolição”, pois nesse
caso uma reforma seria uma expressão muito bonita para essa condição de
desrespeito e desvalorização dos professores. Isso em nossa opinião são “frutos
podres” de uma política opressiva (FREIRE, 2014) que vem utilizando a
educação não como um instrumento para a emancipação dos homens e sim
como um aparato ideológico que busca preservar o status quo, o
conservadorismo e o reacionarismo em sua forma operante.
182
50
Acrescentamos aspas, pois não reconhecemos “práticas sem caráter
educativo” como práticas condizentes a profissão docente.
193
51
Sistema de contratação por tempo determinado utilizado pelos governos (dos
Estados e de Municípios de Santa Catarina) para suprir deficiências temporárias
no quadro de professores das escolas.
204
52
A “curiosidade epistemológica” para Freire (1996) seria uma curiosidade
característica de uma “consciência crítica”, pois é uma curiosidade que
deixando de ser apenas ingênua, ela vai “[...] criticizando-se, [e] aproximando-
se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, [...]
Muda de qualidade mas não de essência” (FREIRE, 1996, p. 31). É um termo
que Freire aproxima-se em suas últimas obras.
216
53
Podemos associar esse descaso com a disciplina de Educação Física aos
“objetivos principais” de alguns colégios particulares que se resumem em
“encher” os seus educandos de conhecimentos intelectuais/cognitivos oriundos
das outras disciplinas, pois são esses que possibilitam o acesso ao nível superior
(o grande negócio de muitos colégios particulares). A Educação Física, nesses
colégios, está por que manda a Lei e mesmo assim, buscam ignorá-la.
221
que tivemos alguns Sujeitos que foram muito objetivos nessa parte das
entrevistas e alguns nem sequer reconheceram tais temas como
importantes em suas aulas.
Sobre essa posição de “não reconhecerem as temáticas
emergentes como importantes em suas aulas”, já podemos interpretar
que ainda os professores de Educação Física possuem certa fragilidade
teórica sobre os conhecimentos presentes em questões emergentes,
chegando a alguns casos até defenderem que não é tarefa da Educação
Física abordar esses temas, o que demonstra uma visão de Educação
Física tradicional, em que não havia uma preocupação sobre um
conhecimento por trás de suas práticas. No decorrer da análise ficarão
mais claras tais posturas.
54
Sabemos da importância de tais documentos, no entanto não nos
aprofundamos em uma análise mais profunda dessa temática devido ao foco
desse estudo.
223
adaptada, tanto que possui alguns trabalhos paralelos nessa área, mas
não mencionou sobre a inclusão na sua escola.
Analisando tais Sujeitos, percebemos que tanto o 7.1 como o 9.1
nos dão evidências de que, para eles, suas compreensões de inclusão se
restringem a incluir os educandos com deficiências, os “educandos
especiais”; ou seja, não demonstraram uma compreensão mais ampla
desse conceito, que não se limita somente a esse grupo de educandos
especiais e sim a todos que tenham alguma dificuldade dentro do
processo de ensino e aprendizagem. O Sujeito 8.1 demonstrou que, por
ainda ter dificuldades com os seus educandos, se a inclusão não for bem
trabalhada, pode causar ou despertar polêmicas, que sem um trabalho
crítico pode mais atrapalhar do que ajudar. Talvez por essa insegurança
do Sujeito 9.2 ele tenha admitido que nem sempre vem conseguindo
realizar a inclusão.
Tivemos dois casos que podemos interpretar como tendo uma
compreensão mais ampla sobre a “inclusão”. São eles: o Sujeito 9.3 que
reconhece a inclusão como importantíssima e não somente para
educandos com necessidades especiais, e o Sujeito 7.2 que inclusive nos
relatou alguns exemplos práticos. Primeiramente, ele reconheceu que se
apropriou de conhecimentos de sua graduação, que o vem possibilitando
incluir seus educandos, com suas diversas diferenças (deficiências,
gêneros, religiosidade) “adaptando as regras dos jogos”. Sobre essa
postura, ele aponta que vem dando resultados interessantes a respeito
dos aspectos de inter-relacionamento sociais com seus educandos.
Segundo ele:
55
Reconhecemos que existem vários estudos que investigam os usos das TICs
nas escolas, utilizando principalmente o termo de “mídia-educação”. Em nosso
caso buscamos interpretar esses usos das TICs de duas formas: um uso
“instrumental” onde as TICs serviram como um meio didático a mais; e outro
onde buscou-se “uso crítico das TICs” que seria uma educação sobre as TICs e
226
não somente com as TICs. Para essas duas compreensões, nos baseamos em
uma classificação da mídia-educação delineada por Pier Cesare Rivoltella e
utilizada por Monica Fantin (2006). Embora não tenhamos nos aprofundamos
nesse tema, reconhecemos que a forma (instrumental) que a maioria dos
professores percebe as TICs nas escolas pouco nos possibilitou uma associação
com o conceito de “consciência crítica” (FREIRE, 1980, 2011).
227
Esse uso instrumental das TICs pelo Sujeito 7.2 demonstrou uma
preocupação com os seus educandos e, nesse caso, podemos associá-la a
uma “consciência crítica”. O Sujeito 8.1 também afirma que as utiliza
como um meio de enriquecer os seus conteúdos, tornando suas aulas
mais didáticas e atrativas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
56
Ao longo desse texto de considerações finais, alguns trechos foram
destacados com negrito para ressaltar sua importância e relação com o
problema, objetivo e as questões de investigação.
237
que ingressaram no curso com mais idade e tendo como base outras
experiências, foram os que conseguiram construir uma identidade
docente mais crítica. Isso nos permitiu concluir que as experiências
curriculares do curso não foram suficientes para os constituírem desse
modo, Outro Sujeito, diferentemente desses dois, atribuiu sua
perspectiva crítica em grande parte ao currículo em ação, pois ele
reconhece ter tido uma formação inicial bem organizada, e não se
deixou influenciar pelas reclamações dos outros acadêmicos que viam o
curso como uma “pedagogia com algumas disciplinas esportivas”.
Sobre as “situações-limites” (FREIRE, 2014) que os sujeitos-
interlocutores nos relataram em suas práticas docentes, percebemos que
existem duas situações problemáticas que vem ocorrendo: uma reforma
política das normas educacionais, que de forma impositiva vem
dificultando principalmente suas práticas pedagógicas que fogem dessa
ordem, como a adoção de uma concepção crítica de Educação Física por
um professor; e a outra condição se refere a uma “concepção
marginalizada de Educação Física” que ainda vem sendo reproduzida
nas “culturas escolares” (PICH, 2009; MACHADO et al., 2010; PICH;
SCHAEFFER e CARVALHO, 2013).
Um achado interessante nessa parte do estudo, e que
reconhecemos que não foi dada atenção em nossas construções iniciais
desse estudo, foi a descoberta de que além do currículo de formação
inicial, os sujeitos-interlocutores nos deram evidências de que existe
uma formação permanente em suas “culturas escolares” (VIÑAO
FRAGO, 1995 apud PICH, 2009). Isso vem causando mudanças em
suas identidades docentes, chegando, em alguns casos, até a se sobrepor
aos princípios que construíram em suas formações iniciais. Portanto, em
algumas realidades onde o conceito enraizado é o de uma “concepção
marginalizada da Educação Física”, os professores de Educação Física
que ali atuavam demonstraram possuir perfis mais adaptativos e
submissos, ao explicitarem ser muito difícil fugir desse padrão. Aqui,
concordamos com Vago (1996, 2003) que nessa tensão permanente
presente nas culturas escolares existe também espaços de resistência e
mudanças, portanto a cultura escolar também pode ser encarada
como um espaço criativo e formativo. Isso nos permitiu compreender
que é papel dos professores e, porque não dos cursos de formação,
estarem atentos a esses estudos sobre a cultura escolar.
Remetendo-nos a Freire (1980, 2011, 2014), reconhecemos que
os conhecimentos construídos nas culturas escolares, que se aproximam
com a compreensão dos “conhecimentos populares”, têm que ser
valorizados e não simplesmente taxados como ultrapassados e
240
57
Entrevista de Paulo Freire realizada por Marlene Montezi Blois e Renato
Rocha que foi apresentada em formato de uma série de 15 programas de rádio
241
nomeados “Encontros com Paulo Freire” cedida pela Rádio MEC; disponível
em: http://acervo.paulofreire.org/xmlui/handle/7891/129
58
Referimos-nos a essa expressão pelo fato de o “currículo oculto” poder atuar
ideologicamente como contraditor da reprodução, mesmo em uma situação onde
aja um controle reprodutivista dos espaços de atuação dos professores.
59
Expressão utilizada por Freire em sua obra “Pedagogia da Esperança” que
tem o mesmo significado de “nortear”.
242
243
REFERÊNCIAS
CHAUI, M. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Editora Ática, 2012.
APÊNDICES
Pesquisador responsável:__________________________________
Giovani De Lorenzi Pires
Assinatura: ____________________________________
RG: __________________________________________
260
ANEXOS
1º PERÍODO
Bases Biológicas 06 90
Esportes Coletivos 04 60
Subtotal 27 405
2º PERÍODO
Bases Biológicas 06 90
Psicologia do Desenvolvimento e da 04 60
Aprendizagem
Esportes Individuais 04 60
Subtotal 29 435
262
3º PERÍODO
Esportes Coletivos 04 60
Ginástica Escolar 04 60
Subtotal 29 435
4º PERÍODO
Bases Socioculturais 04 60
Esportes Individuais 05 75
Educação Rítmica 05 75
Subtotal 29 435
263
5º PERÍODO
Cinesiologia 06 90
Pedagogia do Esporte 04 60
Subtotal 30 450
6º PERÍODO
Fundamentos da Natação 04 60
Educação e Comunicação 04 60
Educação Inclusiva 04 60
Subtotal 28 420
264
7º PERÍODO
Estudos do Lazer 04 60
Subtotal 30 450