Gustavo Luna - Eficiência Energética
Gustavo Luna - Eficiência Energética
Gustavo Luna - Eficiência Energética
autor
GUSTAVO JOSÉ LUNA FILHO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2019
Conselho editorial roberto paes e gisele lima
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.
Formas de energia 12
Energia primária 12
Energia secundária 13
Energia útil 13
Recursos energéticos 14
Carvão mineral 14
Petróleo 14
Gás natural 15
Urânio 15
Energia solar 15
Energia nuclear 15
Energia eólica (ar em movimento) 15
Sustentabilidade energética 19
Os pilares da sustentabilidade 20
O que é desenvolvimento sustentável? 22
O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? 23
Demandas por energia 23
Demanda contratada e consumo de energia elétrica 24
Demanda contratada: faturamento 24
Como reduzir custos com demanda contratada? 25
Indicadores de energia 26
PDCA para gestão energética 26
O projeto 90
Ciclo de vida de um projeto de eficiência energética 93
Custos e qualidade 96
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
7
1
Introdução e
noções básicas
sobre eficiência e
sustentabilidade
energética
Introdução e noções básicas sobre eficiência
e sustentabilidade energética
OBJETIVOS
• Apresentar algumas definições importantes na área energética;
• Apresentar algumas formas de energia e recursos energéticos que podem ser encontra-
dos na natureza;
• Conhecer as principais definições de desenvolvimento sustentável;
• Compreender a Energia no âmbito do desenvolvimento sustentável;
• Apresentar os indicadores de sustentabilidade energética;
• Compreender que a implementação de fontes renováveis poderá melhorar a produção e
impactar diretamente nos resultados comerciais para as organizações e garantir melhorias
ambientais de forma mais ampla, melhorando, consequentemente, sua imagem de mercado.
Definições elementares
capítulo 1 • 10
energia que é apenas parcialmente conversível em trabalho, pois quando está a
temperaturas próximas à do ambiente, o calor pouco vale como trabalho.
Maxwell, em 1872, propôs uma definição mais aceita que a anterior: “energia
é tudo aquilo que permite uma mudança na configuração de um sistema, em
oposição a uma força que resiste a esta mudança”. Essa nova definição de energia
refere-se a mudanças de condições e alterações do estado de um sistema incluindo
importantes ideias.
Dessa forma, para elevar um corpo até determinado nível de altura, ou ainda
aquecer ou esfriar um volume de um fluido gasoso, ou qualquer processo que
envolva alguma mudança, implica em se ter fluxos energéticos.
Com sendo um conceito básico e elementar, definir energia é difícil, porém
menos importante do que verificar sua existência, como sendo a causa e a origem
primeira de todas as mudanças. A maior parte das leis da física que governam o
mundo natural são no fundo variações das leis básicas dos fluxos energéticos, as
eternas leis de conservação, que estruturam todo o Universo.
Potência é a “velocidade” na qual a energia é produzida ou consumida, ou
seja, é a razão entre energia e tempo sendo com isso um importante conceito em
processos técnicos e econômicos, nos quais o tempo é essencial. Como exemplo,
uma máquina de 2 kW em funcionamento durante cinco horas consome a mesma
energia que um motor de 10 kW durante uma hora, mas permitem obter efeitos
bastante diferentes.
Em tese, qualquer capacidade instalada poderia atender qualquer necessidade
de energia, desde que lhe seja dado tempo suficiente, o que evidentemente não
atende às necessidades impostas pela realidade. Por isso, podemos afirmar que o
mundo moderno que busca atender suas demandas energéticas de forma rápida, é
tão ávido em potência quanto em energia.
A fim de explorar um pouco mais estes conceitos, poderia se pensar em nossos
usos diários de energia e verificar se para seu atendimento o tempo importa ou
não. Será imediato verificar que a taxa de utilização dos fluxos energéticos é tão
importante quanto sua real disponibilidade.
A eficiência energética tem o objetivo de reduzir o consumo de energia,
provendo o mesmo nível de serviço energético ou mantendo o consumo e aumentar
o oferecimento do serviço energético. É a característica de um equipamento ou
processo produtivo de entregar a mesma quantidade de produto final ou serviço,
a partir de uma menor quantidade de energia, quantificada como o inverso de sua
intensidade energética.
capítulo 1 • 11
Já o uso racional de energia é a utilização da menor quantidade técnica e
economicamente possível para a obtenção dos diversos produtos e serviços, por
meio da eliminação dos desperdícios, do uso de equipamentos eficientes e do
aprimoramento de processos produtivos.
Formas de energia
Centros de Equipamentos de
Fluxo e Transformação Uso Final
estoques – Centrais elétricas – Motores Usuário
naturais Energia – Refinarias de petróleo Energia – Lâmpadas Energia
Primária – Des�larias de Álcool Secundária – Fogões Ú�l
Energia primária
capítulo 1 • 12
Energia secundária
Energia útil
Energias renováveis
São obtidas a partir de fontes que se renovam, isto é, que não se esgotam, não
são poluentes ou pouco poluentes e estão ao dispor do homem:
• Energia solar • Energia de biomassa
• Energia eólica • Energia geotérmica
• Energia hidráulica • Energia das ondas e marés.
São aquelas que se obtêm de fontes que acabam por se esgotar porque se
encontram no subsolo em quantidades limitadas. São poluentes e a sua formação
orgânica (exceção ao urânio), pode levar milhões de anos até chegar ao seu estado
final.
Ex.: petróleo; carvão mineral; gás natural (combustíveis fósseis); urânio.
capítulo 1 • 13
Recursos energéticos
Carvão mineral
Petróleo
capítulo 1 • 14
• Aumento do preço de produtos como o plástico que leva ao aumento dos
preços de fibras sintéticas (vestuário mais caro) ou de materiais de construção e o
consequente aumento na construção civil.
Gás natural
Urânio
Energia solar
Energia nuclear
Ela já foi utilizada para produzir energia mecânica nos moinhos. Atualmente,
é usada com o auxílio de turbinas, para produzir energia elétrica. É atraente por
não causar danos ambientais e ter custo de produção baixo em relação a outras
fontes alternativas de energia.
capítulo 1 • 15
A energia elétrica também pode se transformar em outros tipos de energia ao
chegar às residências ou em indústrias.
A figura 1.2 apresenta um diagrama que envolve os processos de conversão
energética em diversos equipamentos.
Tubo Catódico, Lâmpada Fluorescente
Músculo
Energia Energia
Energia Energia Energia Energia
Térmica Térmica
Química Nuclear Mecânica Elétrica
(radiação) (E. Interna)
Eletrólise
Baterias
Célula fotovoltáica
Motores elétricos
capítulo 1 • 16
o uso desse tipo motor pode se tornar rentável, uma vez que a massa do material
ativo, cobre e chapas metálicas, principalmente, foi aumentada, reduzindo as
perdas, por exemplo.
Transformadores
Sistemas de Iluminação
Ar-condicionado e ventilação
capítulo 1 • 17
de compressores e chillers, por exemplo, a utilização à plena carga é indicada, em
vez duas ou mais máquinas com carga parcial.
Sistema de ar comprimido
Sistema de refrigeração
Bombeamento de água
Nos horários de pico, não é necessário que todos os elevadores sejam utilizados
simultaneamente e, além disso, controladores de tráfego são essenciais, a fim de
evitar que dois elevadores sejam deslocados após uma chamada. Entre outros
exemplos relacionados com tal situação, também é válido destacar a necessidade
de evitar sobrecargas, de modo que não haja risco de uso desnecessário de energia
e riscos para a estrutura.
capítulo 1 • 18
Fator de Potência (FP)
Assim, fica claro que os projetos voltados para eficiência energética para
indústrias tendem a aumentar gradativamente no Brasil, sobretudo devido aos
gastos crescentes com energia, que fica mais cara a cada dia que passa, ao mesmo
tempo em que representa grande parte do valor de custo de um produto.
Utilizar um projeto de eficiência energética para indústrias é uma opção
que pode oferecer um ótimo custo-benefício, otimizando os processos de sua
indústria, como nos tópicos abordados anteriormente, além de estabelecimentos
ou, até mesmo, em residências.
Sustentabilidade energética
capítulo 1 • 19
não tenha mínima autonomia para substituir o petróleo, ao menos visa reduzir
seus usos. O segundo princípio refere-se ao uso moderado de toda e qualquer
fonte renovável, nunca extrapolando o que ela pode render. Em um quadro mais
geral, pode-se fundamentar a sustentabilidade ambiental como meio de amenizar
(a curto e longo prazo simultaneamente) os danos provocados no passado. A
sustentabilidade ambiental também se correlaciona com os outros diversos setores
da atividade humana, como o industrial, por exemplo.
A sua aplicação pode ser feita em diversos níveis: a adoção de fonte de energias
limpas está entre as preocupações centrais, algumas empresas têm desenvolvido
projetos de sustentabilidade, voltando-se para aproveitamento do gás liberado em
aterros sanitários, dando energia para populações que habitam proximamente a
esses locais. Outro exemplo de sua aplicação está em empresas, como algumas bra-
sileiras de cosméticos, que objetivam a extração cem por cento renováveis de seus
produtos. O replantio de áreas degradadas, assim como a elaboração de projetos
que visem áreas áridas e com acentuada urgência de tratamento são mais exemplos
que já vêm sido tomados.
Pode-se afirmar que as medidas estatais corroboram perceptivelmente com a
sustentabilidade ambiental. Sendo necessário não apenas um investimento capital
em tecnologias que viabilizem a extração e o desenvolvimento sustentável, mas
também contar com atitudes sistemáticas em diversos órgãos sociais e políticos,
por exemplo, a propaganda, a educação e a lei.
Os pilares da sustentabilidade
Sustentabilidade social
capítulo 1 • 20
Desenvolver ações socialmente sustentáveis vai muito além de, por exemplo,
dar férias e benefícios aos funcionários. Deve-se proporcionar um ambiente que
estimule a criação de relações de trabalho legítimas e saudáveis, além de favorecer o
desenvolvimento pessoal e coletivo dos diretamente ou indiretamente envolvidos.
Sustentabilidade econômica
Para que uma empresa seja economicamente sustentável, ela deve ser capaz de
produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de forma que estabeleça
uma relação de competitividade justa em relação aos demais concorrentes do
mercado. Além disso, seu desenvolvimento econômico não deve existir à custa de
um desequilíbrio nos ecossistemas a seu redor.
Se uma empresa lucra explorando as más condições de trabalho dos
funcionários ou a degradação do meio ambiente da área à sua volta, por exemplo,
ela definitivamente não está tendo desenvolvimento econômico sustentável, já que
não existe harmonia nas relações estabelecidas.
Sustentabilidade ambiental
capítulo 1 • 21
que é só uma pequena parte de um universo infinitamente maior, mas que pode
ser afetado por suas ações.
Transformador
Linhas de transmissão
de alta voltagem
Tambor do transformador
Postes de
energia
capítulo 1 • 22
O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
capítulo 1 • 23
consumo. Este limite é calculado a partir do somatório de todas as cargas instala-
das em cada unidade consumidora, que podem operar simultaneamente.
O somatório das cargas instaladas operando no mesmo intervalo de tempo,
expresso em quilowatts (kW), é denominado “demanda”, ou seja, é a capacidade
máxima que é exigida do sistema elétrico em determinado momento.
Esse conceito de demanda contratada aplica-se a unidades conectadas à alta
tensão (Grupo A) e é utilizado como parâmetro no contrato de fornecimento
de energia elétrica da unidade consumidora. Isso traz um compromisso do
consumidor de alta tensão em se manter dentro dos limites de demanda contratada
especificada em contrato, evitando-se assim que haja sobrecarga no sistema,
por falta de planejamento por parte do consumidor em relação à sua demanda
contratada de energia.
capítulo 1 • 24
atendidas em níveis de tensão superiores a 34,5 kV, o limite de tolerância será de
5% acima da demanda contratada.
Sempre que o valor da maior demanda medida ao longo de determinado
ciclo de faturamento for superior ao valor da demanda contratada no período,
observado o limite de tolerância pertinente, o consumidor ficará sujeito à aplicação
da tarifa de ultrapassagem sobre a diferença positiva entre a demanda medida e a
demanda contratada.
capítulo 1 • 25
Indicadores de energia
Ao adotar a melhoria contínua por meio do ciclo PDCA (do inglês Plan,
Do, Check, Act), a etapa de verificação (Check) é a atividade chave que lidera as
diretrizes de melhoria.
A análise de indicadores inadequados pode ocasionar ações falhas ou
equivocadas, estagnando do processo e levando à perda de eficiência. Além, é
claro, de gerar um tedioso e improdutivo trabalho de acompanhamento de
números sem objetivo.
Reforça-se assim a importância do processo de escolha e customização de
indicadores de eficiência para o monitoramento e aperfeiçoamento de qualquer
tipo de processo, para isso existem cinco etapas cruciais a serem seguidas:
• Definição dos objetivos principais do processo ou projeto.
• Profundo entendimento das atividades que compõem este processo ou
projeto.
• Busca por indicadores já desenvolvidos no mercado e utilizados no
benchmarking.
• Análise dos dados já disponíveis e de quais seriam desejados.
• Criação e customização de indicadores de desempenho.
capítulo 1 • 26
A identificação das oportunidades de melhoria da eficiência energética, mes-
mo que empiricamente, passa por este processo. Esta premissa já traz à tona uma
reflexão: como devemos expressar os ganhos de eficiência identificados? Como o
cliente vai poder utilizar o nosso trabalho da melhor forma possível? Qual proces-
so de decisão estamos apoiando com suporte técnico especializado?
Na indústria, a seleção de indicadores é ainda mais delicada, dada a grande
variedade e complexidade dos processos de produção. Os indicadores chave de
desempenho (em inglês KPIs – Key Performance Indicators) acabam ficando ainda
mais dependentes de seu objetivo principal. Afinal, pode-se optar por medir o
consumo de energia da empresa como um todo, de um processo produtivo especí-
fico, de um equipamento, de uma etapa de processo, de um produto etc.
A maior parte dos KPIs de energia usados hoje ainda tem como parâmetro de
referência o tempo – quantidade de energia consumida por dia, mês ou ano. Esta
abordagem, entretanto, não engloba as relações de causa e efeito nos processos
energéticos. O resultado disso é a dificuldade no entendimento e na identificação
das oportunidades de economia.
RESUMO
Nesse capítulo:
• Você aprendeu os principais conceitos de energia e eficiência energética.
• Compreendeu a importância de se implementarem medidas eficientes nas indústrias para
a melhoria energética e consequente redução de custos e melhoria nos impactos ambientais.
• Entendeu as diversas fontes renováveis e não renováveis, bem como seu campo de apli-
cação.
• Você aprendeu os principais conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável.
• Compreendeu a importância dos indicadores para bons resultados em gestão energética.
• Entendeu as principais questões relacionadas às demandas energéticas.
ATIVIDADES
01. Marque a seguir a única alternativa que não representa uma energia de fontes renová-
veis.
a) Solar c) Hidráulica e) Gás natural
b) Eólica d) Biomassa
capítulo 1 • 27
02. Leia o texto: “Trata-se de todo capital humano que está, direta ou indiretamente, relacio-
nado às atividades desenvolvidas por uma empresa. Isso inclui, além de seus funcionários,
seu público-alvo, seus fornecedores, a comunidade a seu entorno e a sociedade em geral.
Desenvolver ações socialmente sustentáveis vai muito além de, por exemplo, dar férias e
benefícios aos funcionários. Deve-se proporcionar um ambiente que estimule a criação de
relações de trabalho legítimas e saudáveis, além de favorecer o desenvolvimento pessoal e
coletivo dos diretamente ou indiretamente envolvidos”. Assim, estamos tratando de
a) sustentabilidade social.
b) sustentabilidade econômica.
c) sustentabilidade emocional.
d) sustentabilidade financeira.
e) sustentabilidade ambiental.
06. As fontes de energia exercem papel importante nas atividades humanas. Delas se ori-
ginam eletricidade e combustíveis, que são úteis para a produção e o transporte de bens e
mercadorias. São consideradas fontes de energia renováveis todo recurso que tem a capa-
cidade de se refazer ou não é limitado. Com base nessa informação, cite exemplos de fontes
de energia renovável.
07. Descreva os principais motivos que podem levar a um sistema apresentar uma baixa
eficiência energética devido a um baixo fator de potência em sua instalação.
capítulo 1 • 28
CONEXÃO
Consulte também as seguintes fontes como complementação ao conteúdo abordado
nesse capítulo:
<https://www.solsticioenergia.com>
<https://www.voltimum.pt/sites>
<https://www.celenapar.com.br>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOUSTEAD, I., HANCOCK, G. F. Handbook of Industrial Energy Analysis. Ellis Horwood, Chichester,
1979.
BOYLE, GODFREY. Renewable Energy – Power for a Sustainable Future. Editora Oxford, 2004.
CLEMENTINO, Luiz Donizeti. A Conservação de Energia por meio da Cogeração de Energia
Elétrica. Editora Érica, 2001.
CULP, A. W. Principles of Energy Conversion. McGraw-Hill, New York: 1991.
GOMES NETO, Emílio Hoffmann. Hidrogênio – Evoluir sem Poluir. Brasil H2 Fuel Cell Energy, 2005.
REIS, Lineu Bélico dos Reis. Geração de Energia Elétrica. São Paulo: Editora Manole, 2003.
SANTOS, Afonso Henriques Moreira. Conservação de Energia – Eficiência Energética de
Instalações e Equipamentos. Editora da EFEI, Itajubá-MG, 2001.
capítulo 1 • 29
capítulo 1 • 30
2
Geração distribuída
e cogeração
Geração distribuída e cogeração
Esse capítulo tratará das questões relacionadas à Geração Distribuída e
Cogeração. Verifica-se que a geração distribuída (GD) é uma expressão usada para
designar a geração elétrica realizada junto ou próxima ao(s) consumidor(es) inde-
pendentemente da potência, tecnologia e fonte de energia. As tecnologias de GD
têm evoluído para incluir potências cada vez menores. A GD inclui:
• Cogeradores.
• Geradores que usam como fonte de energia resíduos combustíveis de
processo.
• Geradores de emergência.
• Geradores para operação no horário de ponta.
• Painéis fotovoltaicos.
• Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs.
OBJETIVOS
• Entender o que vem a ser geração distribuída;
• Compreender, por meio de exemplos reais, as diversas formas de geração distribuída;
• Apresentar as definições de cogeração;
• Conhecer o desenvolvimento da cogeração no Brasil e no mundo;
• Entender os processos de biomassa como geração de energia renovável;
• Exemplificar os sistemas de cogeração;
• Exemplificar os diversos contextos industriais na implementação de fontes renováveis
como a biomassa (biomassa × combustíveis fósseis).
capítulo 2 • 32
Geração distribuída: conceitos fundamentais
Como funciona?
capítulo 2 • 33
Geração Convencional
Geração Distribuída
capítulo 2 • 34
porte ficou mais barata, reduzindo o interesse dos consumidores pela GD e, como
consequência, o desenvolvimento tecnológico para incentivar esse tipo de geração
também parou.
A figura 2.2 apresenta a evolução da geração de energia ao longo do século.
Custos Médios de geração, S/MW
1970
1980
1990
capítulo 2 • 35
Figura 2.3 – Mapa da geração distribuída de energia. Blue Sol Energia.
capítulo 2 • 36
Assim, em vez de o usuário apenas informar o seu consumo de energia, ele
passa também a receber dados da empresa concessionária. Dentre as vantagens
desse novo modelo, está a possibilidade de diferenciar o preço da energia ao longo
do dia e informar ao cliente em tempo real as mudanças de preço e o seu consumo,
e, ainda, controlar a carga dos clientes em caso de aumento excessivo da demanda.
Nesse caso, seria possível enviar notificações aos clientes para que se reduza o
consumo desligando alguns aparelhos de forma a evitar o corte de energia em toda
uma região. Portanto, nesse novo modelo, toda a inteligência e automação que
antes só existiam em parte do sistema, como em subestações, deverão ser levadas
para todo o sistema, chegando à casa dos consumidores.
Na proporção que o sistema muda, não só a infraestrutura elétrica é afetada
como também a comunicação no sistema. Nessa nova arquitetura, a comunicação
entre a concessionária de energia e os consumidores é um passo fundamental para
o progresso das redes elétricas inteligentes. Outra vantagem que a infraestrutura
de medição inteligente traz é a geração de energia pelo cliente.
Muitas vezes, ao se falar em GD, se pensa nas formas de gerações alternativas,
como fazendas para geração de energia eólica ou usinas construídas para funcionar
com a variação das marés. Tudo isso é parte da iniciativa sustentável para reduzir a
emissão de poluentes, conectando à rede, plantas virtuais de energia renovável em
escala industrial. Contudo, a GD inclui também a geração de energia pelos clientes.
Assim, uma residência equipada com um painel solar ou uma pequena turbina eólica
pode ser uma fonte geradora para todo o sistema, disponibilizando o excesso de ener-
gia que foi gerado. Isso só é possível devido à comunicação bidirecional dos medidores.
Assim, a GD, os medidores inteligentes e outras tecnologias do lado da de-
manda estão se tornando cada vez mais necessários para controlar a demanda de
energia, tanto durante o horário de pico quanto fora do pico. Essas e outras carac-
terísticas mudaram o paradigma de geração de energia e distribuição.
O sistema deixa de ser centralizado e unidirecional para formar uma rede de
energia e comunicação. Com isso, o sistema de comunicação passa a ser total-
mente integrado. O futuro do sistema de energia elétrica inclui muitos pontos de
mudança introduzidos pela modernização do sistema. Os pontos mais fortes con-
siderados aqui incluem o cliente, a rede de distribuição e a rede de transmissão do
sistema. As empresas de distribuição terão que lidar com clientes mais conscientes
das possibilidades oferecidas pelo mercado, que terão essa resposta on-line.
Estas possibilidades incluem tarifas flexíveis com preços competitivos; geração
de energia local; suporte a programas de energias renováveis; programas de eco-
nomia de energia; geração pelo lado da demanda; e serviços de comunicação e de
capítulo 2 • 37
faturamento. Além disso, os eletrodomésticos poderão receber, em tempo real, o
preço da energia via rede de comunicação.
Com isso, os próprios dispositivos poderão otimizar o seu nível de consumo,
de acordo com o preço atual de energia. Dessa forma, a eficiência na utilização
da energia aumenta e o consumo é reduzido, o que ajuda a combater a crise de
recursos energéticos. As aplicações de automação residencial e de gerenciamento
de energia residencial tendem a crescer e a incorporar novas funcionalidades.
A tecnologia de rede usada para automatizar uma casa terá que coexistir com
a rede de comunicação com a concessionária. Existe ainda uma grande discussão
sobre qual tecnologia deverá ser usada para a rede que irá interligar casas inteli-
gentes, concentradores e medidores inteligentes. No lado da demanda, o uso de
aparelhos inteligentes, a adoção de veículos elétricos e a geração distribuída fazem
com que o perfil de carga do consumidor seja variado.
Os dados gerados do lado da demanda deverão ser filtrados e tratados, a fim
de gerar informação útil para as concessionárias. A rede de distribuição será muito
mais ativa. A GD poderá ser conectada às redes de distribuição ou ainda em redes
de transmissão, e o controle deverá ser coordenado.
A função da rede de distribuição ativa é interligar de forma eficiente as fontes
geradoras de energia com a demanda dos consumidores, permitindo uma ope-
ração em tempo real. Os tipos de geração deverão ser iniciados ou deixados em
stand-by, de acordo com o mercado de energia e com o controle da rede.
A necessidade de supervisão dessa rede aumenta, já que o equilíbrio entre
oferta e demanda, também chamado de balanceamento de carga, é essencial para
um fornecimento estável e confiável de eletricidade.
A rede deverá interagir com o consumidor e para isso o nível de controle ne-
cessário é muito maior do que em sistemas de distribuição atuais. Além disso, essa
rede precisará ser protegida, e proteção requer tecnologias de custo competitivo,
bem como novos sistemas de comunicação com mais sensores e atuadores do que
no sistema de distribuição atual.
O uso de tecnologia da informação, comunicação e infraestruturas de con-
trole serão necessárias devido ao aumento da complexidade de gerenciamento do
sistema. O controle poderá ser distribuído em microrredes e Virtual Power Plants
(VPPs) para facilitar a gestão do sistema e sua integração tanto no sistema físico
como no mercado.
A figura 2.4 apresenta um diagrama,descrevendo meios de transmissão e dis-
tribuição de energia.
capítulo 2 • 38
Usina centralizada
Subestação
Hidrelétrica Eólica ? Distribuidora
Transmissão
Subestação
Distribuidora
Energia
Eólica Célula de
Combus�vel Comercial
? ? ?
? ? ?
Turbina a Gás
Comercial
? Industrial
Projetos no Brasil
capítulo 2 • 39
O Smart Grid Light, além do amplo investimento em medidores inteligen-
tes, tem uma área que trata fortemente do sistema de geração distribuída com
o desenvolvimento de um modelo de GD com base em painéis fotovoltaicos e
armazenamento que possibilite ações de DSM. O programa conta ainda com uma
interface web de supervisão e controle, um conjunto de 136 painéis fotovoltaicos
monocristalinos, uma área total de 220 m2 em painéis, aproximadamente 30 kW
de potência de pico e 64 kWh de armazenamento em banco de baterias, além de
ter conexão com a rede de distribuição atualmente em curso.
A Cemig, desde o ano 2010, está executando o projeto Cidades do Futuro e,
em 2014, entregou, na cidade de Sete Lagoas, quatro microusinas fotovoltaicas
ongrid para geração de energia elétrica, que fazem parte do projeto e serão utili-
zadas para o estudo da interação dos sistemas de GD na rede elétrica. A estrutura
conta com sistemas de monitoramento que permitem acompanhar, em tempo
real, o desempenho dos equipamentos, a geração de energia e o comportamento
da rede elétrica. A energia produzida irá abastecer em parte a demanda de energia
de cada local de implantação. Quando não existir consumo, ela será injetada à
rede.
O InovCity é considerado o maior projeto de redes elétricas inteligentes do
país e está transformando Aparecida em uma cidade mais sustentável, por meio
de ações da adoção de geração distribuída de energia por fontes renováveis, de
eficiência energética, da utilização de iluminação pública eficiente, e permitindo a
utilização de veículos elétricos entre outras ações, contribuindo de forma signifi-
cativa para a redução das emissões de CO2.
O Paraná Smart Grid, criado pelo governo do Paraná em setembro de 2013,
foi pensado para incentivar a geração distribuída por fontes renováveis. O projeto
inclui microgeração distribuída por fontes solares e eólicas e testes de conceito que
abrangem desde a automação predial até a integração à rede inteligente de eletro-
postos para carros, bicicletas e ônibus elétricos.
O Arquipélago de Fernando de Noronha será o primeiro local no estado de
Pernambuco a contar com redes elétricas inteligentes instaladas pela Celpe. A
concessionária, por meio de um projeto de P&D, está implantando na ilha um
sistema que vai reunir as principais tecnologias nas áreas de medição, telecomu-
nicações, tecnologia da informação e automação em um único produto. Uma
das iniciativas do projeto incluem a Usina Solar Noronha II, que tem previsão
para entrar em operação no primeiro semestre de 2015 e, por meio do sistema de
compensação de energia, regulamentado pela ANEEL para minigeração, a energia
capítulo 2 • 40
gerada será utilizada para compensar o consumo das unidades da Administração
Estadual da Ilha de Fernando de Noronha.
A AES Eletropaulo e a Silver Spring Networks estão implantando uma plata-
forma de medição inteligente em São Paulo. O Sistema Brasileiro de Multimedição
Avançada (SIBMA), sistema desenvolvido pelo Centro de Estudos e Sistemas
Avançados do Recife (CESAR) que visa automatizar a medição de energia elétrica
a distância, desde a concessionária até o consumidor, já começa a tratar também
a GDS.
capítulo 2 • 41
Os sistemas de cogeração geralmente são compostos por um equipamento que
através de um combustível produz a energia mecânica que será transformada por
um gerador em energia elétrica e outros equipamentos que produzirão a energia
térmica, que pode ser calor ou frio.
Os sistemas de cogeração mais utilizados são: as turbinas a gás ou vapor (neste
caso, costumam ser caldeiras que produzem o vapor), motores de combustão in-
terna (ciclo de Otto ou Diesel), caldeiras de recuperação e trocadores de calor, ge-
radores elétricos (CaC), transformadores e equipamentos elétricos associados, sis-
temas de chillers de absorção que usam calor para produzir frio (ar-condicionado).
Estas fontes de cogeração aparecem geralmente associadas a melhorias ambientais.
Isso ocorre porque a cogeração aumenta a eficiência energética de instalações e
estimula a produção descentralizada de energia (geração distribuída), fatores que
geram menos impactos ambientais.
A Resolução Normativa da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
no 235 de 14/11/2006 define os critérios para que uma central termelétrica coge-
radora possa ser considerada como tal e assim receber os incentivos cabíveis como
a redução de tarifas de uso do sistema elétrico. A figura 2.5 apresenta um modelo
de cogeração de energia.
Exhaust gas
Biomass Electrical
Raw fer�liser energy
Hygenisa�on for agricultural use
Primary pit
Definição de cogeração
capítulo 2 • 42
alternativa para a produção descentralizada de energia elétrica, obtendo maior
eficiência operacional, redução de custos e menor impacto ambiental, ao mesmo
tempo em que satisfaz demandas térmicas da instalação.
Definição de trigeração
Trigeração pode ser definida como uma extensão da cogeração, a qual envolve
a produção simultânea de eletricidade, calor e também frio.
capítulo 2 • 43
contratado, além de custos envolvendo aprovações regulamentares e ambientais.
Sistemas dimensionados incorretamente podem gerar baixa confiabilidade e que-
da de energia.
Fatores que podem afetar o sucesso de sistemas de cogeração:
• Não avaliar corretamente a eficiência global do sistema.
• Histórico impreciso ou incompleto das cargas de energia elétrica e térmica
do empreendimento.
• Não considerar súbitas mudanças de carga no sistema.
• Subestimar economias atribuídas nos períodos de redução de demanda tér-
mica e elétrica.
• Conexão com a rede de energia elétrica não atende aos requisitos da
concessionária.
• Operar em potência menor que aquela prevista.
Mini e microgerações
capítulo 2 • 44
produção. Do ponto de vista da ecologia, biomassa é a quantidade total de matéria
viva existente num ecossistema ou numa população animal ou vegetal. Os dois
conceitos estão, portanto, interligados, embora sejam diferentes.
Na definição de biomassa para a geração de energia, excluem-se os tradicio-
nais combustíveis fósseis, embora estes também sejam derivados da vida vegetal
(carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural), mas são resultado de várias
transformações que requerem milhões de anos para acontecerem.
A biomassa pode considerar-se um recurso natural renovável, enquanto os
combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo. A biomassa é utilizada na pro-
dução de energia, a partir de processos como a combustão de material orgânico
produzido e acumulado em um ecossistema, porém nem toda a produção primá-
ria passa a incrementar a biomassa vegetal do ecossistema.
Parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecossistema para sua própria
manutenção. Suas vantagens são o baixo custo, é renovável, permite o reaprovei-
tamento de resíduos e é menos poluente que outras formas de energias, como a
obtida de combustíveis fósseis.
A queima de biomassa provoca a liberação de dióxido de carbono na atmos-
fera, mas como este composto havia sido previamente absorvido pelas plantas que
deram origem ao combustível, o balanço de emissões de CO2 é nulo. A cogeração,
de forma simples, consiste na conversão de um tipo de combustível, por exemplo,
a biomassa, em eletricidade e calor. As centrais termelétricas convencionais con-
vertem apenas 1/3 da energia do combustível em energia elétrica.
O restante são perdas sob a forma de calor. O efeito adverso para o ambiente
derivado deste desperdício é óbvio. É imperativo aumentar a eficiência do proces-
so de produção de eletricidade. Um método para se conseguir isso é por meio da
cogeração de energia elétrica e calor, em que mais de 4/5 da energia do combus-
tível são convertidos em energia utilizável, resultando em benefícios financeiros e
ambientais.
Cogeração pode ser então definida como um processo de produção e explo-
ração consecutiva (simultânea) de duas fontes de energia, elétrica (ou mecânica) e
térmica, por um sistema que utiliza o mesmo combustível permitindo a otimiza-
ção e o acréscimo de eficiência nos sistemas de conversão e utilização de energia.
A energia térmica proveniente de uma instalação de cogeração pode ser utilizada
para produzir frio, por meio de um ciclo de absorção. Este processo “alargado”
de cogeração é conhecido por trigeração ou produção combinada de eletricidade,
calor e frio.
capítulo 2 • 45
Biomassa
Um dos primeiros empregos da biomassa pelo ser humano para adquirir ener-
gia teve início com a utilização do fogo como fonte de calor e luz. O domínio des-
se recurso natural trouxe ao homem a possibilidade de exploração dos minerais,
minérios e metais, marcando novo período antropológico. A madeira do mesmo
modo foi por um longo período de tempo a principal fonte energética, com ela
a cocção, a siderurgia e a cerâmica foram empreendidas. Óleos de fontes diversas
eram utilizados em menor escala.
O grande salto da biomassa deu-se com o advento da lenha na siderurgia, no
período da Revolução Industrial. Nos anos que compreenderam o século XIX,
com a revelação da tecnologia a vapor, a biomassa passou a ter papel primordial
também para obtenção de energia mecânica com aplicações em sectores na indús-
tria e nos transportes.
A despeito do início da exploração dos combustíveis fósseis, como o carvão
mineral e o petróleo, a lenha continuou desempenhando importante papel ener-
gético, principalmente nos países tropicais. No Brasil, foi aproveitada em larga
escala, atingindo a marca de 40% da produção energética primária, porém, para
o meio ambiente um valor como esse não é motivo para comemorações, afinal, a
destruição das florestas brasileiras aumentou nos últimos anos.
Durante os colapsos de fornecimento de petróleo que ocorreram durante a
década de 1970, essa importância se tornou evidente pela ampla utilização de arti-
gos procedentes da biomassa como álcool, gás de madeira, biogás e óleos vegetais
nos motores à explosão. Não obstante, os motores à combustão interna foram
primeiramente testados com derivados de biomassa, sendo praticamente unânime
a declaração de que os combustíveis fósseis só obtiveram primazia por fatores
econômicos, como oferta e procura, nunca por questões técnicas de adequação.
Cogeração
Até meados do século XX, a cogeração chegou a ser muito usada nas indús-
trias, perdendo depois competitividade para a eletricidade produzida pelas conces-
sionárias nas grandes centrais geradoras com ganhos de escala. Assim, a cogeração
ficou limitada a sistemas isolados (plataformas submarinas) e indústrias com lixos
combustíveis (canavieira e de papel e celulose, por exemplo).
capítulo 2 • 46
Biomassa
Vantagens da biomassa
Desvantagens da biomassa
capítulo 2 • 47
mercado de recursos; custos de coleta, transporte e acondicionamento da biomas-
sa; os recursos mais interessantes em termos de externalidades (limpeza de flores-
tas para evitar incêndios) não são os mais interessantes economicamente (difícil
acondicionamento e baixo valor energético); a indústria madeireira já aproveita
os seus resíduos para outros fins; requer muita mão de obra, que no nosso caso é
relativamente cara (interessante para países em desenvolvimento).
De fato, a cogeração consiste no aproveitamento local do calor residual origi-
nado nos processos termodinâmicos de geração de energia elétrica, que em con-
dições normais seria desperdiçado. O aproveitamento pode dar-se sob a forma de
vapor, água quente e/ou fria (trigeração), para uma aplicação secundária, que pode
ou não estar ligada com o processo principal.
O combustível utilizado no processo pode ser a biomassa. Em nível de equi-
pamento especializado, exige uma turbina de extração de condensação controlada,
que permite derivar uma parte do caudal de vapor que a atravessa para usos térmi-
cos. O restante do vapor é utilizado na geração de eletricidade.
As características do vapor extraído (caudal, pressão e temperatura) vão de-
pender da procura de energia térmica exigida pelos consumidores finais. O fun-
cionamento do “resto” da central é análogo ao funcionamento de uma turbina
sem extração. Uma turbina com extração indica um maior investimento, porém
contribui para maior rentabilidade do projeto, em função das vendas de energia
térmica aos consumidores finais. As tecnologias, atualmente, mais importantes
disponíveis no mercado para cogeração são: turbina de gás (ciclo de Brayton);
turbina de vapor (ciclo de Rankine); ciclo combinado; motor alternativo de com-
bustão interna (ciclo Diesel ou Otto); pilhas de combustível; microturbinas.
As primeiras quatro tecnologias usam turbinas ou motores alternativos de
combustão interna. Têm sido aplicadas adequadamente em instalações de cogera-
ção nas últimas décadas.
As tecnologias de pilhas de combustível e microturbinas estão ainda numa fase
de desenvolvimento e início de comercialização. Todas estas máquinas motrizes e
sistemas têm sido continuamente desenvolvidos e produzidos por empresas euro-
peias durante muitas décadas.
Para trigeração, os tipos popularmente mais aplicados são os motores de com-
bustão interna, muitas vezes utilizados em grupos, para fazer face à variação de
cargas. As turbinas a gás são utilizadas em grandes complexos de edifícios tais
como hospitais ou redes urbanas de calor e frio, já as turbinas a vapor não são
utilizadas no setor terciário.
capítulo 2 • 48
Vantagens da cogeração
capítulo 2 • 49
Desvantagens da cogeração
Apresenta como limitação o fato de o calor produzido só pode ser usado perto
do centro produtor, devido à dificuldade no transporte. Isso limita às instalações
de cogeração a unidades pequenas, em comparação com as centrais térmicas con-
vencionais. O limite de distância para o transporte de calor ser economicamente
viável fica em torno de 5 km. Para o frio, usando como veículo água gelada, a
distância econômica não passa de 500 m, além disso, tem tempo de vida útil re-
lativamente curto.
Aplicações da biomassa
RESUMO
As redes elétricas inteligentes estão provocando uma revolução nos sistemas de energia
elétrica, pois exigem uma integração do sistema elétrico com diversas outras áreas de pes-
quisa, incluindo fortemente as redes de comunicação.
No contexto de redes elétricas inteligentes, a geração distribuída de energia vem rece-
bendo cada vez mais destaque. Nesse novo cenário de rede elétrica, o fluxo de energia deixa
de ser unidirecional, como no sistema atual, e passa a ser bidirecional, coexistindo com fluxos
de dados e de controle bidirecionais, o que muda drasticamente a arquitetura do sistema.
capítulo 2 • 50
Este capítulo apresentou uma visão geral sobre geração distribuída de energia elétrica
com enfoque nos requisitos e desafios que são trazidos às redes de comunicação, que darão
suporte à transmissão de dados e mensagens de controle em redes elétricas inteligentes.
Foram abordados novos conceitos relacionados à GD, tais como microrredes e VPPs, que
introduzem novas formas de funcionamento dos sistemas para geração de energia. Foram
discutidos diversos desafios de comunicação relacionados à GD, considerando aspectos
como escalabilidade, confiabilidade, segurança e gerência da rede.
Este capítulo também comentou os principais projetos de redes elétricas inteligentes
que incluem a geração distribuída de energia no Brasil e no mundo. Temas atuais na área de
redes e sistemas distribuídos, como computação em nuvem e redes definidas por software,
podem ser aplicados a novas soluções de redes de comunicação que darão suporte a redes
elétricas inteligentes e GD, como já vem sendo proposto em trabalhos recentes publicados
na literatura.
Como ainda não existem soluções completas e consolidadas, ainda há bastante espaço
para pesquisa e desenvolvimento em arquiteturas de rede e modelos e protocolos de comu-
nicação que possam ser usados nas redes elétricas do futuro.
ATIVIDADES
01. Marque a seguir a opção que representa uma das vantagens da geração distribuída.
a) Uma das principais vantagens de um sistema de geração distribuída é o aumento da
utilização de baterias.
b) A principal vantagem do sistema de geração distribuída é o aumento da utilização das
fontes oriundas de combustíveis fósseis.
c) Uma das principais vantagens de um sistema de geração distribuída é a eliminação das
baterias, o que reduz bastante o investimento nos sistemas de geração.
d) Todas as opções anteriores correspondem às vantagens da geração distribuída.
e) Todas as opções anteriores estão incorretas.
capítulo 2 • 51
d) Todas as opções anteriores correspondem às vantagens da geração distribuída.
e) Todas as opções anteriores estão incorretas.
03. Fale sobre uma das principais vantagens de um sistema de geração distribuída de energia.
CONEXÃO
Aprenda mais
Consulte também as seguintes fontes como complementação ao conteúdo abordado
nesse capítulo:
<https://www.solsticioenergia.com>
<https://www.voltimum.pt/sites>
<https://www.celenapar.com.br>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[SGD 2008] (2008). The Smart Grid: An Introduction. Departament of Energy (DOE), Estados Unidos.
[Dnp 2010] (2010). IEEE Standard for Electric Power Systems Communications – Distributed Network
Protocol (DNP3).
IEEE Std 1815-2010, pages 1-775. [Dnp 2012] (2012). IEEE Standard for Electric Power
Systems Communications Distributed Network Protocol (DNP3). IEEE Std 1815-2012 (Revision
of IEEE Std 1815-2010), pages 1-821.
[Mod 2012] (2012). Modbus Organization. Modbus Application Protocol Specification v. 1.1b3.
Disponível em: <www.modbus.org>. Acesso em: jul. 2019.
capítulo 2 • 52
3
Células a
combustível
Células a combustível
Um novo conceito tecnológico de geração de energia surgiu nos últimos anos.
As palavras “células a combustível” (no Brasil também chamadas de células de
energia) começam a ser pronunciadas com maior frequência, embora esta tecnolo-
gia ainda não esteja bem estabelecida e tampouco já tenha um mercado garantido.
Para o leigo, estas células estão relacionadas com eletroquímica e servem para
produzir eletricidade de uma maneira mais ecológica e eficiente, praticamente
sem emissão de qualquer substância tóxica. No entanto, o conceito de células a
combustível é bem mais abrangente. Este capítulo tem o objetivo de apresentar
uma visão moderna destes conceitos, além de comentar o estado da arte dessa tec-
nologia e sua importância no cenário de energias alternativas. Outro objetivo, não
menos importante, é apresentar um breve panorama dessa tecnologia no Brasil.
Além disso, esse capítulo tratará das questões relacionadas a células a com-
bustível bem como o esquema de funcionamento e suas principais tecnologias:
membrana de troca de prótons, alcalina, ácido fosfórico, óxido sólido, carbonato
fundido, metanol direto etc.
A ampliação das questões relacionadas a células de combustíveis, tratando de
forma bem específica o hidrogênio como fonte e modelo energético também serão
abordadas, apresentando os benefícios em sua implantação e, da mesma forma,
os desafios no cenário brasileiro para que se possa ter um modelo eficiente em
condições sustentáveis.
OBJETIVOS
• Apresentar as principais definições de células a combustível;
• Conhecer os avanços tecnológicos deste processo, incluindo os seus aspectos históricos;
• Entender os princípios de funcionamento e os tipos de células a combustível;
• Exemplificar os principais processos existentes no mercado mundial e brasileiro, bem
como os desafios para a melhoria energética;
• Conhecer as características do hidrogênio como fonte energética.
capítulo 3 • 54
contínua pela combustão eletroquímica a frio de um combustível gasoso, geral-
mente hidrogênio. Assim, o hidrogênio é oxidado a prótons num eletrodo de
difusão gasosa, liberando elétrons, segundo a reação:
H2 2 H+ + 2 e– (1)
e– e–
H+
H2 O2
ÂNODO ELETRÓLITO CÁTODO
CALOR H2O
capítulo 3 • 55
A seguir, na tabela 3.1 é apresentada a tabela das principais características das
células a combustível.
EFICIÊNCIA
CÉLULA (TIPO) ELETRÓLITO T (°C) TÍPICA (%)
PAFC (ÁCIDO Ácido ortofosfórico 180 – 210 42 – 47
FOSFÓRICO
PEMFC Ácido Sulfônico em
(MEMBRANA polímero
60 – 110 40 – 45
POLIMÉRICA)
MCFC Mistura de
(CARBONATO carbonatos de lítio 630 – 650 55 – 60
e potássio
FUNDIDO)
Zircônio
SOFC (ÓXIDO estabilizada com 900 – 1000 40 – 45
SÓLIDO) ytria
Atualmente, as células do tipo alcalina AFC (Alkaline Fuel Cell) têm um papel
importante somente em viagens espaciais, não apresentando aplicação terrestre,
devido ao fato de utilizarem somente hidrogênio e oxigênio ultrapuros. Além dis-
so, funcionam a uma baixa temperatura de operação e necessitam de um processo
relativamente complicado para a remoção da água do eletrólito. Entretanto, esse
tipo de célula foi o precursor das células mais modernas. Atualmente, o desenvol-
vimento de células procura a não dependência delas de gases puros para o combus-
tível, mas sim de, por exemplo, gás natural ou mesmo metanol. Por sua vez, para
o agente oxidante, o uso de ar atmosférico é preferível a oxigênio puro.
capítulo 3 • 56
Em células a combustível, entretanto, ambas as reações são heterogêneas e
ocorrem na interface eletrodo/eletrólito, sendo catalisadas na superfície do eletro-
do. Devido a esse fato, utiliza-se, nas células de baixa temperatura de operação,
platina como catalisador tanto na reação anódica como na catódica. A platina é
dispersa, aleatoriamente, em partículas nanométricas na superfície interna de car-
vão ativo. O efeito catalítico no ânodo resume-se na ruptura por adsorção química
da molécula de H2, enquanto no cátodo somente no enfraquecimento da ligação
oxigênio/oxigênio, também por adsorção química da molécula de O2.
capítulo 3 • 57
cerâmicos tradicionais (doctor-blade). Esta pasta contém, além do catalisador, um
formador de poros e um ligante orgânico apropriado, por exemplo, um álcool
polivinílico. O ligante dá sustentação intermediária ao filme, sendo mais tarde
evaporado por aquecimento.
Para a fabricação de eletrodos de difusão gasosa para células à membrana, de-
ve-se antes contatar o catalisador com uma solução do eletrólito (Nafion). Quando
o eletrólito está na forma líquida, como é o caso das células a ácido fosfórico e a
carbonato fundido, não se pode, obviamente, formar um filme sólido portátil.
Nesse caso, o eletrólito é sugado por uma matriz porosa fixada entre os eletrodos.
Nas células a ácido fosfórico, utiliza-se carbeto de silício, com diâmetro médio de
0,1 µm, como material para esta matriz. Nas células a carbonato fundido utiliza-se
uma matriz de partículas de LiAℓO2.
Após a montagem da unidade eletrodo/matriz na célula PEM, processa-se a
retirada do ligante orgânico polimérico da matriz, por aquecimento. Este processo
tem como efeito a fixação dos eletrodos e da matriz na célula. No caso das células a
carbonato, introduz-se o eletrólito também na forma de um filme, composto pela
mistura de carbonato de lítio e potássio, que é posteriormente fundido.
Nos outros tipos, após a introdução do eletrólito, procede-se a configuração
final da célula. Células unitárias apresentam um potencial aberto de 1 a 1,2 V e
liberam, sob solicitação de 0,5 a 0,7 V DC. Esses valores são, sob o ponto de vista
prático, muito baixos. A necessidade de empilhamento em série de várias unida-
des de células (200 a 300), torna-se óbvia, a fim de se obter potenciais práticos da
ordem de 150 a 200 V.
O princípio das células a combustível foi descoberto por Sir Grove (figura
3.2) já em 1835. No final do século passado, Wilhelm Ostwald e Walther Nernst
demonstraram a vantagem da combustão eletroquímica a frio em relação a produ-
ção de eletricidade pela máquina de calor/mecânica, que funciona sob o princípio
de Carnot.
capítulo 3 • 58
Figura 3.2 – Sir Grove, descobridor do princípio das células a combustível. Appleby, 1987.
η= ∆G/∆H (4)
50
Carnot
0
200 400 600 800 1000
Temperatura (°C)
capítulo 3 • 59
A célula a ácido fosfórico
capítulo 3 • 60
de processamento químico (reforma) do gás natural, em que o metano é conver-
tido numa mistura de gases, chamada de gases de síntese, contendo hidrogênio
e dióxido de carbono na proporção de aproximadamente 4:1, com muito pouco
monóxido de carbono.
capítulo 3 • 61
A empresa alemã MTU, de Friedrichshafen, desenvolveu, recentemente, uma
célula a carbonato fundido (MCFC) de 300 kW de potência elétrica, onde por
simplificações radicais da engenharia e tecnologia da unidade, pôde-se reduzir
drasticamente os custos globais, eliminando-se a necessidade do custoso trocador
de calor de alta temperatura. A reforma endotérmica do gás natural é realizada
na própria coluna de unidades de células, eliminando-se o caro reformador e, ao
mesmo tempo, resfriando as células.
Em Santa Clara, nos Estados Unidos, foi construído um conjunto de unida-
des de células MCFC, de 2 MW de potência. Este programa foi muito impor-
tante sob o ponto de vista tecnológico, mas sem resultados comerciais. Também
recentemente foram desenvolvidas pequenas instalações de células cerâmicas do
tipo HEXIS (Heat Exchange Solid Oxide Fuel Cell), de apenas 10 kW de potência
elétrica, para o aquecimento e fornecimento de energia doméstica. Estas unidades
apresentam configuração cilíndrica.
capítulo 3 • 62
prótons e água pela membrana, sob o efeito de um campo elétrico. Esta estrutura
consiste, entretanto, em um filme relativamente rígido e estável mecanicamente.
Os eletrodos das células de primeira geração constituíam-se de platina fina-
mente dispersa. Esse eletrodo era produzido por um processo de difusão/preci-
pitação muito dispendioso, no qual um agente redutor (hidrazina) difundia-se
em contracorrente com uma solução hexacloroplatinada (ex.: Na2PtCℓ6), provo-
cando, sob controle da velocidade de difusão, a precipitação da platina finamen-
te dividida sobre a superfície da membrana. Esta platina era, então, fortalecida
eletroquimicamente. A carga de platina destas células era muito alta, de alguns
miligramas por centímetro quadrado.
O uso comercial deste tipo de célula era inimaginável. A mudança de cenário
veio com a utilização de carvão ativo, ativado com platina como eletrocatalisador.
Seguindo-se a ideia de Raistrick, Gottesfeldpôde-se mostrar, no início dos anos
1990, que se podia utilizar, mais eficientemente, a superfície da platina sobre car-
vão ativo, como eletrocatalisador, quando se contata (molha) a superfície interna
do carvão ativo com o ionômero da membrana, possibilitando que se utilizem so-
luções de Nafion (exemplo: um álcool isopropílico), para embeber o carvão ativo,
que contém a platina.
Após a evaporação do solvente, a superfície interna do carvão ativo, que tam-
bém contém nanocristais de platina, fica em contato com o eletrólito (Nafion) e
pode, então, ser aproveitada como catalisador, já que os gases reagentes se dissol-
vem em Nafion e, por difusão, alcançam os cristais de platina.
capítulo 3 • 63
não são ruins, mas ainda não existe nenhuma oferta deste tipo de sistema no
mercado.
A tecnologia de células à membrana deve ser analisada de um modo bem dife-
rente. O seu mercado principal é o dos veículos elétricos não poluentes e não o da
geração de eletricidade/calor em unidades estacionárias de grande/médio portes.
Para este fim, ainda é necessário um desenvolvimento adicional. O fato de que
uma importante montadora automobilística tem equipado não só ônibus, mas
também carros de passeio com células tipo PEMFC e, muito além disso, tem uma
meta já anunciada de que em 8 anos, cerca de 2% de sua produção serão veícu-
los movidos a PEMFC, o que não nos permite duvidar do futuro e do mercado
de tecnologia.
capítulo 3 • 64
existente. Deve-se considerar ainda o caráter de fonte de energia renovável ofere-
cida pela obtenção de etanol em grandes quantidades a partir da fermentação da
cana-de-açúcar, de fácil cultivo em nosso país.
Entretanto, existem ainda muitos desafios nesta área de aplicação. Para obter
eficiências significativas com este combustível, neste tipo de sistema, deve-se ope-
rar a célula a temperaturas mais elevadas, como já exposto neste artigo.
Enquanto não houver a disponibilidade de um novo material polimérico com
todas as características necessárias, pode-se, realizar, por tempo de operação limi-
tado, estudos eletrocatalíticos com polímeros que têm uma boa condutividade
iônica a 200 ºC, como solução transitória. Um eletrólito polimérico, deste tipo,
foi sugerido por Savinell e colaboradores para aplicações em DMFC, o polibenzi-
midazol, dopado com ácido (PBI).
Trabalhos recentes destes autores investigaram, nos Estados Unidos, a oxida-
ção direta de álcoois, em células que utilizam membranas de PBI, dopadas com
H3PO4, como eletrólito. Sugere-se, então, o seguinte processo de oxidação envol-
vendo dois elétrons, com a formação de acetaldeído:
CH3CHO + 2 CH3CH2OH
CH3CH(OCH2CH3)2 + H2O (12)
capítulo 3 • 65
ponto de vista ambiental, a formação de etanol é preferível, já que, comparado
ao CO2 e ao formaldeído, é significativamente menos tóxico, além de não se acu-
mular nem em espécies vivas nem no meio ambiente, pois é passível de degrada-
ção biológica.
Entretanto, antes da utilização de etanol como um combustível alternativo
tornar-se praticável, deve-se aumentar consideravelmente o rendimento de CO2,
durante a oxidação direta do etanol, para se elevar a eficiência da conversão de
energia química em elétrica neste tipo de célula à combustível. O caminho mais
adequado a se seguir, tendo-se em vista este objetivo, é a investigação de novos
eletrocatalisadores mais seletivos para este sistema. A opção de utilização indireta
de etanol para a produção de hidrogênio pode ser também considerada, numa
etapa posterior do projeto. Como ponto de partida tem-se a reação inversa, ou
seja, partir da reação catalítica de formação de etanol:
2 CO + 4 H2
CH3CH2OH + H2O (14)
CO + H2O
H2 + CO2 (15)
capítulo 3 • 66
Muitas substâncias se mostram ativas para atuar como combustível em célula
à combustível, dentre eles se destacam: hidrogênio, metanol, hidrazina, etanol,
hidrocarbonetos de baixo peso molecular, dentre outras.
O hidrogênio é o elemento químico mais abundante do universo, o de menor
densidade e, em seu isótopo mais comum, tem um próton e um elétron e há au-
sência de nêutron. Esta característica o faz único. Ele se estabiliza de duas formas:
• Compartilhando um elétron, por intermédio de ligação molecular, com ou-
tro elemento da família ou grupo dos não metais.
• Recebendo um elétron por intermédio de ligação iônica com um elemento
da família ou grupo dos metais. A ligação com oxigênio é da primeira forma.
capítulo 3 • 67
como combustível (evidentemente, estas etapas consomem energia e, em maior
ou menor grau, causam impacto ambiental). Há vários processos consolidados
(e em desenvolvimento) para este fim. Eletrólise da água, reforma de hidrocar-
bonetos ou de álcoois, gaseificação de biomassa, dentre outros, são exemplos de
processos para obtenção deste insumo.
O hidrogênio
– Electricity +
Difusion Layer
Reaction Layer
Reaction Layer
Difusion Layer
MEMBARNE
O2
CATHODE
ANODE
H2
H2O
Heat
capítulo 3 • 68
Para produzir energia com base no hidrogênio, são utilizadas células a com-
bustível que combinam hidrogênio com oxigênio, em um processo eletroquímico.
Estas células requerem alimentação contínua de hidrogênio pelo ânodo e de oxi-
gênio pelo cátodo A conversão a partir da reação de átomos de hidrogênio com
átomos de oxigênio, formam eletricidade, calor e água. Sendo assim, o processo
de obtenção de energia por este meio não produz subprodutos nocivos à natureza.
As células a combustível são consideradas o melhor modo de aproveitamento da
conversão de H2 em energia.
Os tipos de células a combustível podem variar, mas elas funcionam com base
nos mesmos fundamentos. A temperatura de operação, o eletrólito e os catalisa-
dores utilizados, caracterizam os diferentes tipos de células a combustível. Existem
seis principais tipos de células: PEMFC (célula combustível de membrana troca-
dora de prótons), AFC (célula combustível alcalina), DMFC (célula combustível
de metanol direto), PAFC (célula combustível de ácido fosfórico), MCFC (célula
combustível de carbonato fundido) e SOFC (célula combustível de óxido sólido).
capítulo 3 • 69
A figura 3.5 apresenta os principais tipos de células abordados.
H2 H2 50 –
DMFC H2O H+ H2O
FUEL CELL 120 °C
H2
PELL H2 H+ 80 °C
H2O
H2 90 –
FUEL CELL AFC OH– O2
H2O 120 °C
O2 150 –
PAFC H2 H+
FUEL CELL H2O 250 °C
H2 O2 680 –
MCFC H2O CO3–2 CO2
FUEL CELL 700 °C
H2 700 –
SOFC O2 O2
FUEL CELL H2O 1300 °C
FUEL OXYGEN
ELECTROLYTE
ANODE CATHODE
capítulo 3 • 70
sendo, a consolidação da economia do hidrogênio no sistema energético brasileiro
de forma gradual é necessária. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN) tem desenvolvido muitas pesquisas sobre células à combustível, visando a
um crescimento nacional dessa área.
O Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CCH) realiza pesquisas
com diferentes tipos de células e faz estudos de confiabilidade de componentes e
módulos. Algumas pesquisas estão relacionadas ao desenvolvimento de catalisado-
res nanoestruturados, catalisadores para a reforma de etanol e de outras biomas-
sas, e no aperfeiçoamento de materiais componentes para fabricação de células a
combustível específicas.
Luz Solar
O2 Hidrólise
H2
H2O
capítulo 3 • 71
RESUMO
Nesse capítulo:
• Você compreendeu os principais conceitos das células a combustível.
• Entendeu os desafios da implantação para a melhoria energética das empresas.
• Compreendeu o cenário nacional do Brasil e o potencial no sistema de cogeração de ener-
gia a partir destes princípios energéticos.
• Conheceu os principais tipos de célula a combustível existentes no mercado.
• Entendeu como se dá o processo químico para se gerar energia em uma célula a com-
bustível.
ATIVIDADES
01. Marque a seguir a única alternativa que não representa corretamente a contribuição das
células à combustível como modelo de melhoria energética.
a) No Brasil, as células a combustível terão grande importância na área automobilística
– tradicionalmente uma grande consumidora de combustíveis fósseis, e uma das res-
ponsáveis pela emissão de grandes quantidades de CO2, o vilão do efeito estufa que
ocasiona o aquecimento da atmosfera terrestre.
b) Na área de equipamentos eletrônicos, possibilitará que várias funções como vídeo, áu-
dio, armazenamento e transmissão de dados sem fio sejam agregadas num equipamen-
to apenas, devido à maior quantidade de energia e potência que as CaCs oferecem, além
de substituírem as baterias convencionais nocivas ao meio ambiente.
c) E na parte relacionada à geração de energia estacionária, também terá importância
fornecendo energia próxima aos locais de consumo como em residências, comércio e
indústrias, aliviando a sobrecarga nos grandes centros de produção de energia como as
grandes hidrelétricas e termelétricas, e desfazendo investimentos onerosos em linhas
de transmissão para atingir localidades remotas, como já é feito com as células solares.
d) Para que o desenvolvimento da tecnologia de células a combustível ocorra no Brasil, já
existe um programa dedicado às CaCs: o Programa Brasileiro de Sistemas de Células
a Combustível, lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). E para que a
construção e operação de CaCs ocorra no país, é necessária uma atuação conjunta e
articulada de diversos setores.
e) Todas as opções acima estão incorretas.
capítulo 3 • 72
02. Na corrida por novas fontes alternativas de energia, o hidrogênio é considerado o com-
bustível do futuro. Há quem diga que ele será o grande substituto do petróleo e que num
futuro próximo, a maioria dos carros vai circular com células de hidrogênio. Sua grande vanta-
gem, talvez, seja a facilidade de combinação com outras fontes, como hídrica, eólica e solar, o
que o torna um coringa no cenário energético. Apesar de tamanho potencial, ele ainda preci-
sa vencer alguns desafios para se tornar o “novo petróleo”. De acordo com esta constatação
energética, é correto afirmar que
a) o hidrogênio é o elemento mais abundante do universo e com grande potencial ener-
gético, além disso ele é encontrado na natureza de forma pura e isolada, exatamente
como o petróleo.
b) para extraí-lo, será necessária pouca quantidade de energia, logo, este contexto não
representa grande desafio energético.
c) não podemos afirmar que a necessidade de energia limpa e renovável cresce em todo o
mundo, com as fontes dividindo o protagonismo na geração.
d) verificamos, de acordo com o contexto estudado em relação ao hidrogênio que existe
uma única fonte de energia limpa capaz de dar conta sozinha da demanda. Logo, não
estamos mais dependentes da disponibilidade de fontes locais para compor a matriz
energética regional que, combinada ao hidrogênio, forma um diversificado leque de pro-
dução e armazenamento de energia mais limpa e eficiente.
e) para obter o hidrogênio isolado e transformá-lo em energia, ele passa por um conversor,
chamado de célula a combustível.
03. Explique de forma breve as reações anódicas e catódicas em uma célula de combustível.
06. Comente acerca de algumas vantagens e desvantagens obtidas com a geração de ener-
gia a base de hidrogênio.
07. Um dos tipos de células a combustível mais utilizada é o PEMFC (célula combustível de
membrana trocadora de prótons). Comente brevemente sobre sua aplicação.
capítulo 3 • 73
CONEXÃO
Consulte também as seguintes fontes como complementação ao conteúdo abordado
nesse capítulo:
<http://www.cogensp.com.br>
<http://www.eficiencia-energetica.com>
<http://www.aneel.gov.br/>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1989.
APPLEBY, A. J. Fuel Cells: Trends in Research and Application. Ed. Hemisphere/Springer;
Washington, EUA, 1987.
Volumes da: Electrochemical Society; Proc. of the Carbonate Fuel Cells Technology.
Volumes dos Seminários bienais: Fuel Cell Seminars; Proc. Fuel Cell Seminar Orlando, Florida: USA,
1996; Courtesy Associates Inc.; Washington DC, EUA, 1996.
Volumes da: Electrochimica Acta; Fuel Cells, 1998, 43.
RAISTRICK et al.; Diaphagms, Separators and Ion Exchange Membranes. The Electrochemical
Society, Pennington, NJ, 1986, 172.
GOTTESFELD e colaboradores; J. Appl. Electrochem. 1992, 22.
KORDESCH, K.; SIMADER, G. Fuel Cell and their Application. Ed. VCH; Weinheim, Alemanha, 1996.
capítulo 3 • 74
4
Análise econômica
na eficiência
energética
Análise econômica na eficiência energética
A forma de analisar e executar um projeto pode variar, dependendo da combi-
nação de fatores como o ponto de vista de cada pessoa, o ambiente e as estratégias
de ação, pois cada circunstância gera um novo cenário para o mesmo. Em muitas
obras, projetos são considerados empreendimentos temporários realizados para
criar algo, como um produto ou serviço singular. No entanto, em projetos de
eficiência energética (EE), que têm seu planejamento e execução atribuídos a uma
análise de negócio, eles podem se transformar numa ferramenta estratégica, inter-
-relacionando o projeto, com as diferentes áreas da organização como marketing,
recursos humanos, segurança do trabalho, produção, manutenção, qualidade,
meio ambiente, financeiro etc.
Em geral, o desenvolvimento, a adaptação e a utilização de novas tecnologias, que
consomem menos recursos (insumos) e que tenham maior tempo de vida útil, podem
ser considerados projetos de EE. Esses projetos tendem a ajudar o negócio de uma or-
ganização na redução de emissão de CO2, ajudar na busca de novas estratégias, que se
tornem soluções para os desafios atuais, por exemplo, compor um portfólio ambiental,
independentemente do seu ramo de atuação. Deve-se trabalhar e inovar constante-
mente, criando as respostas sustentáveis, para os negócios e para o mundo de amanhã.
As instituições de ensino já têm consciência da necessidade de formar pro-
fissionais que tenham uma visão de sustentabilidade independentemente de seu
ramo de atuação. O desenvolvimento das visões sobre as vantagens competitivas
em analisar os recursos naturais, as fontes renováveis de energia e o potencial de
ganhos em EE, deve integrar a formação de profissionais que pretendem focar em
projetos de EE. No que tange às soluções, cabe à análise de negócios o auxílio para
que a organização defina a solução ideal para as suas demandas.
A solução ideal não consiste naquela que promete os melhores resultados, mas
sim, naquela que além de atender as demandas, considera todas as limitações sob
as quais a organização opera. Vamos então, nesse capítulo, procurar ampliar ainda
mais as oportunidades de beneficiar as estratégias do negócio, por meio da com-
preensão de que esses projetos não geram apenas payback, mas também diferentes
valores sociais, econômicos e ambientais. Eles trazem, ainda, rápidas alterações
relativas à cultura, alterações de estruturas, custos comparativos das tecnologias,
ambiente competitivo e na própria geração de produtos desejados pelos consumi-
dores, em função de sua concepção, do seu processo produtivo, de sua utilidade e
até mesmo no seu tipo de descarte.
capítulo 4 • 76
Segundo Poliquezi (2011) “Temos então através da EE, possibilidades para
resolver dois problemas ao mesmo tempo, que seriam o aumento da oferta de
energia sem utilizar para isso fontes poluentes, estimulando assim as energias re-
nováveis e as soluções de eficiência e ainda aumentar a competitividade do setor
produtivo em direção a segmentos e práticas de maior valor agregado, de menores
impactos ambientes e menores coeficientes de intensidade energética”.
As empresas não devem enxergar a EE apenas como uma ação para diminuir cus-
tos internos, por meio da redução do consumo de água, da energia elétrica e de outros
insumos, mas também ter consciência de que lhes cabe uma função, que ultrapassa
seus próprios muros e que chega às comunidades das regiões em que atuam. Assim
como devem pensar que este não é mais um assunto restrito a profissionais especiali-
zados em estudos sobre redução de contingenciamentos no suprimento de insumos.
O envolvimento de outros setores traz soluções originais e efetivas no desen-
volvimento do projeto e resultados inesperados para o negócio. O reposiciona-
mento estratégico diante de uma nova análise de negócio se torna imprescindível.
Estamos na era da criatividade, a era que privilegia o conhecimento. A criatividade
agrega valor ao conhecimento e o torna progressivamente mais útil. Como é dito
em diversos eventos do setor, a EE não é apenas um modismo de época, ela está
integrada na agenda de pequenas e médias empresas e de grandes corporações, é
discutida nas instituições de ensino e está na ordem do dia de entidades repre-
sentativas de classes e do setor industrial, de organizações governamentais e não
governamentais. Isto é, a EE é um tema importante e crescente da atualidade.
OBJETIVOS
• Compreender a importância do planejamento estratégico por parte das organizações em
relação à eficiência energética;
• Compreender a importância do mapeamento das diversas fontes energéticas para o Brasil
e para as empresas nos diversos segmentos econômicos;
• Entender que as práticas sustentáveis, com bons projetos energéticos, poderão, de forma
considerável, garantir um resultado em todos os seus setores, especialmente no campo eco-
nômico/financeiro;
• Entender que a diminuição dos combustíveis fósseis se deve atualmente pelo aprovei-
tamento da cana-de-açúcar, que já representa 16% da matriz, a segunda maior fonte de
energia. Outro diferencial da matriz energética brasileira é a segurança do sistema elétrico.
capítulo 4 • 77
Análises da eficiência energética
capítulo 4 • 78
e eficaz. Entre as suas diferentes formas, interessam em particular, aquelas que
são processadas pela sociedade e colocadas à disposição dos consumidores onde
e quando necessárias, e entre estas citamos a energia elétrica e os combustíveis.
Tendo em conta que o objetivo desse trabalho é abordar projetos de EE com uma
visão mais ampla voltada as estratégias de negócio, neste capítulo faremos uma
breve revisão de assuntos e parâmetros associados a ele, tais como, conceitos de EE
e análise de negócios, matriz energética brasileira, captação de recursos etc.
O Portal da Eficiência Energética (6/6/2012) descreve que toda a energia pas-
sa por um processo de transformação após o qual se transforma em calor, frio, luz
etc. Durante essa transformação, uma parte dessa energia é desperdiçada e a outra,
que chega ao consumidor, nem sempre é devidamente aproveitada.
A EE pressupõe a implementação de medidas para combater o desperdício
de energia ao longo do processo de transformação. A eficiência energética oferece
uma ferramenta poderosa e de custo eficaz para alcançar um futuro energético
sustentável. Melhorias na eficiência energética podem reduzir a necessidade de
investimentos em infraestrutura de energia, reduzir as contas de energia, melho-
rar a saúde, aumentar a competitividade e melhorar o bem-estar do consumi-
dor. Dentre as diversas formas de energia interessam, em particular, aquelas que
são processadas pela sociedade e colocadas à disposição dos consumidores onde e
quando necessárias, tais como: a eletricidade, a gasolina, o álcool, óleo diesel, gás
natural etc.
A energia é usada em aparelhos simples (lâmpadas e motores elétricos) ou em
sistemas mais complexos que encerram diversos outros equipamentos (geladeira,
automóvel ou uma fábrica). Estes equipamentos e sistemas transformam formas
de energia. Uma parte dela sempre é perdida para o meio ambiente durante esse
processo. Por exemplo: uma lâmpada transforma a eletricidade em luz e calor.
Como o objetivo da lâmpada é iluminar, uma medida da sua eficiência é obtida
dividindo a energia da luz pela energia elétrica usada pela lâmpada. Da mesma
forma, pode-se avaliar a eficiência de um automóvel dividindo a quantidade de
energia que o veículo proporciona com o seu deslocamento pela que estava conti-
da na gasolina originalmente.
Outra fonte de desperdício deriva do uso inadequado dos aparelhos e siste-
mas. Uma lâmpada acesa em uma sala sem ninguém também é um desperdício,
pois a luz não serve ao seu propósito de iluminação. Também um veículo parado
em um engarrafamento está usando mais energia do que a necessária por conta do
tempo que fica parado no congestionamento. Outros fatores mais sutis explicam
capítulo 4 • 79
muitos desperdícios. Um construtor barateia a construção não isolando o “boiler”
e os canos de água quente, pois quem pagará pelo desperdício será o consumidor.
Vale notar que esses efeitos se multiplicam à medida que a energia vai migrando
por todos os setores da economia.
A eficiência energética pressupõe a implementação de estratégias e medidas
para combater o desperdício de energia ao longo do processo de transformação:
desde que a energia é transformada e, mais tarde, quando é utilizada.
Redução Energias
da demanda renováveis
• Iluminação Natural • Geotérmica
• Orientação • Hidrelétrica
• Sombreamento • Solar Térmica
• Massa Térmica • Solar elétrica
• Ventilação Natural • Eólica
• Materiais • Biomassa
• Forma do Prédio
Projeto
Eficiência Tecnologias
da demanda Alternativas
• Aquecimento • Resfriamento
• Ventilação • Evaporativo
• Refrigeração • Chaminé térmica
• Consumo de água • Resfriamento
• Iluminação Artificial por tubulação
• Equipamentos elétricos subterrânea
• Torres de resfriamento
• Resfriamento noturno
capítulo 4 • 80
Para a Associação Brasileira de Eficiência Energética, “não parece haver uma
única, comumente aceita, definição de eficiência energética. É pensamento cor-
rente que um aumento de eficiência (energética) ocorre quando há redução na
energia consumida para realização de um dado serviço, ou quando há aumento ou
melhoria dos serviços para uma mesma quantidade de energia gasta”.
Definir eficiência energética não é tarefa fácil e medir variações de eficiência
é ainda mais difícil. O desenvolvimento de indicadores de eficiência energética
esbarra sempre na limitação de dados disponíveis. Essa limitação se deve a vários
fatores: quanto maior a quantidade de dados coletados, maior é o custo da coleta,
processamento e análise; a configuração de certas tecnologias e processos pratica-
mente inviabiliza a obtenção de dados internos, mais detalhados (microdados);
dados derivados de pesquisas por amostragem são geralmente imprecisos, dada a
dificuldade e tempo gasto para obtê-los.
Medidas de “intensidade de energia” são comumente usadas para determina-
ção de eficiência energética e sua variação com o tempo. A intensidade de energia,
entretanto, fornece, na melhor hipótese, uma indicação do uso eficiente da energia.
Isso porque intensidade de energia pode mascarar mudanças estruturais e compor-
tamentais que não representam verdadeiras melhorias. Segundo o International
Energy Agency (IEA), os benefícios ambientais também podem ser obtidos com a
redução de emissões de gases de efeito estufa e poluição do ar local. O IEA afirma
ainda que: “a segurança energética – a disponibilidade ininterrupta de fontes de
energia a um preço acessível – também pode lucrar com uma maior eficiência
energética, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis importados”.
capítulo 4 • 81
Os primeiros estudos para a Itaipu surgiram em 1964, sendo inaugurada em
5 de maio de 1984. Com a construção da Itaipu, o Brasil teve expansão e forneci-
mento da demanda energética com economia na geração elétrica em grandes esca-
las. As primeiras iniciativas relacionadas à EE no Brasil datam da década de 1970
como reação à crise do petróleo. Em 1973, ocorre o 1o choque do petróleo, em
1979, o 2º choque do petróleo, a partir destes fatos em 1982 ocorre o Programa
de Mobilização Energética (diretrizes para eficiência energética).
O tema EE toma impulso no Brasil a partir da década de 1980, pelo protocolo
firmado pelo governo, em 1984, (MDIC) com a indústria (ABINEE). A partir
deste protocolo foram criadas algumas ações: 1984: criado o Programa Brasileiro
de Etiquetagem – PBE, coordenado pelo INMETRO; 1985: criado o Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, vinculado ao MME e
com a coordenação executiva da Eletrobras; 1991: criado o Programa Nacional de
Conservação de Petróleo e Derivados – CONPET, também vinculado ao MME
e com a coordenação executiva da Petrobras; 1996: criada a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), vinculada ao MME, com a tarefa de regular e fiscalizar
a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) foi instituído em 1998 para operar
o sistema interligado nacional (SIN) e administrar a rede básica de transmissão
de energia do país. Em 1998 é criado o programa (compulsório) de investimento
em EE pelas concessionárias de energia elétrica (programa anual coordenado pela
ANEEL, inicialmente correspondendo a 1% do faturamento líquido das distri-
buidoras); 2000: promulgada a Lei no 9.991, que regulamenta a obrigatoriedade
de investimentos em programas de EE no uso final por parte das empresas brasi-
leiras distribuidoras de energia elétrica; 2001: promulgada a Lei no 10.295, sobre
Política de EE, determinando que grupos de trabalhos técnicos estabeleceriam um
nível máximo de consumo específico de energia para equipamentos fabricados ou
comercializados no país; 2004: promulgada a Lei no 10.847, que autorizou a cria-
ção da EPE e definiu lhe competência para: Art. 4º (…) XV – promover estudos
e produzir informações para subsidiar planos e programas de desenvolvimento
energético ambientalmente sustentável, inclusive, de EE; XVI – promover planos
de metas voltadas para a utilização racional e conservação de energia, podendo
estabelecer parcerias.
Em 2004, foi promulgada a Lei no 10.848, sobre a comercialização de energia
elétrica, introduzindo novas oportunidades para geração distribuída e cogeração
capítulo 4 • 82
(comercialização com as concessionárias); 2005: a Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) estabeleceu o direcionamento de pelo menos 50% dos recursos
desse programa para o uso eficiente de energia junto a consumidores residenciais
de baixa renda (adequação de instalações elétricas internas das habitações, doações
de equipamento eficiente, entre outros); 2006: o BNDES criou o PROESCO, a
primeira linha de financiamento feita especificamente para ESCOS. Em 2010, foi
promulgada a Lei no 12.212, que alterou o percentual destinado aos consumi-
dores de baixa renda. Por meio dessa lei, as concessionárias e permissionárias de
distribuição de energia elétrica deverão aplicar, no mínimo 60% dos recursos dos
seus programas de EE em unidades consumidoras beneficiadas pela Tarifa Social;
2011: ISO 50001, especificando requisitos para o estabelecimento, implementa-
ção, manutenção e melhoria de um sistema de gestão da energia.
Após sérias consequências de problemas decorrentes de fatores ambientais,
como o “apagão” em 2001/2002 e a presente preocupação com a preservação do
meio ambiente, o uso eficiente de energia elétrica tornou-se tema de discussões
e estudos, buscando alternativas que viabilizem uma economia de energia sem
prejudicar a eficiência das instalações industriais, comerciais e residenciais. O país
está a quase 30 anos atuando em conservação e uso eficiente de energia sem um
contexto apropriado de política para EE.
O Brasil vem desenvolvendo esforços para conservar energia desde meados da
década de oitenta, quando foram criados dois programas nacionais: o PROCEL
(eletricidade) e CONPET (derivados de petróleo). Ele afirma ainda que: “Embora
outras iniciativas anteriores tivessem ocorrido, esses dois programas foram a maior
expressão do interesse do governo federal e uma manifestação favorável de se esta-
belecer uma política pública para a área de energia que incorporasse a necessidade
de controlar a demanda de energia.
Na verdade, achamos mais razoável aceitar que os principais fatores que moti-
varam a criação dos programas foram as fortes pressões ambientais internacionais
que começaram a pesar sobre o Brasil na época e que foram traduzidas em con-
dicionantes e cláusulas nos empréstimos de bancos e governos ao setor de energia
brasileiro”. Ao se comparar a realidade atual com o cenário de 25 anos atrás, quan-
do o PROCEL foi instituído, não é difícil reconhecer como a situação evoluiu
e que diversas barreiras foram removidas, mas, ainda assim, faltam iniciativas e
incentivos fortes para este setor.
capítulo 4 • 83
Dificuldades para aplicação da eficiência energética
capítulo 4 • 84
redução dos custos da eletricidade, redução dos preços de produtos e serviços e,
maior garantia de fornecimento de energia”.
A conservação de energia na indústria demanda tempo, para que os esfor-
ços sejam direcionados para o foco correto. A criação de um corpo de elementos
responsáveis pela implementação do plano de conservação deve ser realizado de
modo em que exista plena integração entre os diversos setores da empresa.
capítulo 4 • 85
Essa “revolução energética” aconteceria seguindo cinco passos:
capítulo 4 • 86
Cada projeto pode ter determinada fonte de recurso e exige uma metodologia
diferente, de acordo com as exigências de cada fonte, principalmente quando estas
são a fundo perdido. Para se elaborar um bom projeto, que seja aprovado pelas
equipes examinadoras, ele requer no mínimo uma formação técnica com alguns
poucos conhecimentos específicos e de pesquisa. Mesmo assim, o gargalo ainda
é a falta de recursos ou de disciplinas voltadas ao desenvolvimento de projetos de
EE, pois, uma pessoa/equipe necessita de muito tempo para desenvolver os conhe-
cimentos específicos dentro de uma instituição onde este tipo de projeto não é a
sua principal atividade.
Neste intervalo, uma tecnologia já pode se tornar obsoleta. Enquanto isso,
para não interromper suas estratégias de crescimento, as empresas continuam fa-
zendo investimentos altíssimos de ampliações ineficientes, os quais poderiam ser
apoiados por programas de incentivo e levam boa parte da lucratividade por meio
dos custos com energia para gerar tais crescimentos.
Vários são os casos de financiamentos, cada qual apresenta suas características
de complexidade, daí a necessidade de profissionais com conhecimento e/ou ex-
periência para minimizar as incertezas, possibilitando a continuidade do projeto
e mantendo o seu objetivo. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
é o órgão regulador do Sistema Elétrico Nacional em atenção aos problemas de
escassez de recursos producentes de energia elétrica, pelas concessionárias e per-
missionárias de energia elétrica, em pesquisa, desenvolvimento e em projetos de
eficiência energética, desenvolvendo medidas que promovam o combate ao des-
perdício de energia.
A ANEEL tem um programa de Eficiência Energética, juntamente com as
distribuidoras do serviço público de distribuição de energia elétrica, em que deter-
mina a aplicação de no mínimo 0,5% da receita operacional líquida anualmente,
em ações que tenham por objetivo o combate ao desperdício de energia elétrica.
Para o cumprimento desta obrigação, as concessionárias devem apresentar à
ANEEL a qualquer tempo, por meio de arquivos eletrônicos, projetos de eficiên-
cia energética e combate ao desperdício de energia elétrica, observadas as diretrizes
estabelecidas para a sua elaboração. As diretrizes para elaboração dos programas
são aquelas definidas na Lei no 9.991, de 24 de julho de 2000, bem como aquelas
contidas nas resoluções da ANEEL específicas para eficiência energética.
Entre as diversas categorias, determinadas por esta Lei, que devem ser con-
templadas pelas concessionárias e permissionárias em projetos dessa natureza, des-
taca-se a industrial e de grandes consumidores, com inúmeras possibilidades de
capítulo 4 • 87
elaboração de projetos que podem alcançar os níveis desejados de redução de con-
sumo de energia, em concordância ao definido pela ANEEL. De março de 2008
a junho de 2011, a ANEEL contabilizou 774 projetos de eficiência energética
apresentados pelas concessionárias, com investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão
e uma economia de energia da ordem de 1,82 milhão MWh/ano.
Além disso, a execução dos projetos possibilitou a redução da demanda no
horário de ponta (entre 18h e 21h) da ordem de 27.611,8 kW, o que contribui
para reduzir a necessidade de investimentos na expansão da oferta. No mesmo
período, também foram realizadas substituições ou implantação de equipamentos
para combater o desperdício de energia. Entre os valores realizados e previstos,
destaca-se a troca de quase 500 mil geladeiras, além da distribuição de 14 milhões
de lâmpadas fluorescentes compactas. Para solicitar a participação no programa
de EE, varia de acordo com as regras de cada concessionária e pode ser feita por
meio da solicitação via Executivo de Conta Poder Público, Executivo de Negócios,
Analista de Negócios, participação de Chamada Pública, apresentação de projeto
a Fundo Perdido ou por meio do preenchimento do formulário disponível nos
portais via internet.
Todos estes programas têm suas próprias definições e áreas de aplicação que
podem gerar várias dúvidas devido às suas complexidades, até mesmo para profis-
sionais especializados.
Recentes e vantajosas oportunidades de financiamento auxiliam e dispensam
um empreendedor de aplicar seus próprios recursos, porém exigem um alto grau
de complexidade e cuidados. Vejamos algumas formas de financiamento para pro-
jetos de eficiência energética. Existem ainda as ESCOS, empresas de engenharia
especializadas em serviços de conservação de energia, ou melhor, em promover
a eficiência energética reduzindo custos sem utilização de recursos próprios da
empresa (fluxo de caixa positivo) utilizando-se primordialmente de contratos de
performance.
A principal diferença entre uma ESCO e uma empresa de consultoria é que
a primeira divide os riscos com o cliente não apenas em termos de investimentos,
mas também em termos de compromissar sua remuneração com o sucesso dos
resultados obtidos na redução dos custos do consumo de insumos.
Os contratos de performance, firmados entre o cliente e a ESCO, estabelecem
as condições para o desenvolvimento e a remuneração das implantações das ações
técnicas e economicamente viáveis. Isso se dá por meio da partilha do montante
de economia obtida, com a redução efetiva nos custos de consumo de energia
capítulo 4 • 88
elétrica, incluindo cogeração e parâmetros de demanda, consumo, fator de potên-
cia, harmônicos, gás natural e liquefeito de petróleo, energia solar, água e outros
insumos na operação do cliente.
O BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social), também tem
apoio a projetos de EE, os quais podem ser concedidos a empresas de serviços de
conservação de energia, a usuários finais de energia e a empresas de geração, trans-
missão e distribuição de energia. Para sua aprovação, os projetos devem comprovar
a contribuição para a economia de energia, o aumento da eficiência global do
sistema energético ou a substituição de combustíveis de origem fóssil por fontes
renováveis.
Em 2006, o BNDES criou o PROESCO, a primeira linha de financiamento
feita especificamente para ESCOS. As operações da linha PROESCO podem ser
realizadas tanto por apoio direto do BNDES como por meio de suas instituições
financeiras credenciadas, mediante repasse ou mandato específico, independente-
mente do valor do pedido do financiamento. O BNDES busca o aperfeiçoamento
dos critérios de análise ambiental dos projetos que solicitam crédito e oferece su-
porte financeiro a empreendimentos que tragam benefícios para o desenvolvimen-
to sustentável, por meio de produtos e programas de financiamento.
Além disso, o BNDES realiza financiamento de longo prazo, subscrição de
valores mobiliários e prestação de garantia, atuando por meio de produtos e fun-
dos, conforme a modalidade e a característica da operação. Alguns produtos do
BNDES se dividem em linhas de financiamento, com finalidades e condições
financeiras específicas.
A critério do banco, um projeto de investimento pode se beneficiar de uma
combinação de linhas de financiamento, de um mesmo ou de diferentes produtos,
de acordo com o segmento, a finalidade do empreendimento e os itens a serem
apoiados. Veja os produtos que podem ser usados no apoio a projetos de eficiência
energética: o BNDES Finem, é o financiamento a projetos de implantação, expan-
são e modernização de empreendimentos.
Esta categoria de financiamento é voltada para investimentos em inovação,
meio ambiente e que podem ser aplicados para projetos de eficiência energética,
é realizada através das seguintes linhas de financiamento: Linha Capital Inovador
(foco na empresa), Linha Inovação Produção, Linha Inovação Tecnológica (foco
no projeto), Apoio a Investimentos em Meio Ambiente 29, BNDES Florestal,
Apoio a Projetos de Eficiência Energética, PROESCO, Saneamento Ambiental
e Recursos Hídricos, BNDES Automático, BNDES Finame, BNDES Finame
capítulo 4 • 89
Leasing, Cartão BNDES, BNDES Limite de Crédito, BNDES Empréstimo-
Ponte, BNDES Project finance, BNDES Fianças e Avais e o BNDES Automático.
O BNDES também pode apoiar a eficiência energética por meio dos seguin-
tes fundos: Fundo Tecnológico, BNDES Funtec, FUNTTEL – Fundo para o
Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações. Atualmente, estão em vi-
gor os seguintes programas para apoio aplicáveis a projetos de eficiência energé-
tica: BNDES P&G, BNDES Proaeronáutica, BNDES Proengenharia, BNDES
Profarma, BNDES Proplástico – Inovação, BNDES Prosoft, BNDES PSI –
Inovação, PROTVD, BNDES Compensação Florestal, BNDES Proplástico –
Socioambiental, Pronaf Agroecologia, Pronaf Eco.
O projeto
capítulo 4 • 90
Para Vargas (2005), “projeto é um empreendimento não repetitivo, caracteri-
zado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se
destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro
de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade”.
O autor cita ainda que: “projeto é um conjunto de ações, executado de maneira
coordenada por uma organização transitória, ao qual são alocados os insumos
necessários para, em um dado prazo, alcançar o objetivo determinado”. Segundo
Menezes (2003, p. 68), o trinômio o qual sempre estará presente nos projetos é:
CUSTO × QUALIDADE × PRAZO.
A figura 4.2 apresenta etapas de auditoria, planejamento e execução e resulta-
dos para um projeto de eficiência energética.
Planejamento
e execução
• Apresentação de soluções;
• Levantamento dos • Análise, monitoramento e
pontos de desperdício; • Elaboração de projetos; medição dos resultados;
• Cronogramas com metas;
• Acompanhamento da • Comparativo entre o antes e
rotina dos processos. • Treinamentos; o depois da implementação do
• Execução das ações de sistema de gestão energética.
eficiência energética.
Auditoria
Resultados
energética
capítulo 4 • 91
“As técnicas comuns de estimativa e de estabelecimento de prazos irão definir a
quantidade de trabalho incluída no projeto, quem irá definir a quantidade de trabalho
incluída no projeto, quem irá fazer o trabalho, quando ele será completado e quanto irá
custar”.
Tempo
Figura 4.3 – Ciclo de vida do projeto. Blog: Palavras simples. Argumentos fortes.
capítulo 4 • 92
Ciclo de vida de um projeto de eficiência energética
capítulo 4 • 93
A fase de desenvolvimento ou inicial de um projeto apresenta o momento em
que a necessidade é identificada e transformada em um problema estruturado a
ser resolvido. A identificação de determinada necessidade gera um problema a ser
resolvido. Ainda nesta fase são definidos a missão e o objetivo do projeto. Tendo
como atividades típicas:
• Identificação de necessidades ou oportunidades.
• Tradução de necessidades ou oportunidades em um problema.
• Equacionamento e definição do problema.
• Determinação dos objetivos e metas a serem alcançadas.
• Análise do ambiente do problema.
• Análise de potencialidades ou recursos disponíveis da organização realiza-
dora do projeto.
• Avaliação da viabilidade para atingir os objetivos.
• Estimativa dos recursos necessários.
• Elaboração da proposta e venda da ideia.
• Avaliação e seleção com base na proposta submetida.
• Decisão quanto à execução do projeto.
A eficientização é elaborada com base nos dados da fase conceitual, por meio
do detalhamento do projeto. Esta fase possibilita a definição dos requisitos funcio-
nais do sistema e seus parâmetros de desempenho, estabelecendo uma arquitetura
funcional que será o ponto de partida para a fase seguinte.
A fase de planejamento é a fase de estruturação e viabilização operacional do
projeto, em que são detalhados o cronograma, as interdependências entre ativida-
des, a alocação de recursos envolvidos, a análise de custos, entre outros.
As atividades comuns são:
• Detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados, com base na pro-
posta aprovada.
• Detalhamento das atividades e estruturação analítica do projeto.
• Programação das atividades no tempo disponível e necessário.
• Determinação dos resultados tangíveis a serem alcançados durante a execu-
ção do projeto.
• Programação da utilização e aprisionamento dos recursos humanos e mate-
riais necessários ao gerenciamento e à execução do projeto.
• Delineamento dos procedimentos de acompanhamento e controle a serem
utilizados na implantação dos projetos.
capítulo 4 • 94
• Estabelecimento da estrutura orgânica formal a ser utilizada para o projeto.
• Estruturação do sistema de comunicação e de decisão a ser adotado.
• Designação e comprometimento dos técnicos que participarão do projeto.
• Treinamento dos envolvidos com o projeto.
capítulo 4 • 95
Para alguns autores, a fase de controle é detalhada separadamente, porém
acontece paralelamente ao planejamento e a execução do projeto. Segundo Vargas
(2005), a fase de controle tem como objetivo “acompanhar e controlar aquilo
que está sendo realizado pelo projeto”, o autor afirma ainda que: “o objetivo do
controle é comparar o status atual do projeto com o status previsto pelo planeja-
mento”. As fases de planejamento, execução e controle são cíclicas até a conclusão
do projeto.
Custos e qualidade
capítulo 4 • 96
sucessivos mapeamentos, “o qual traduz os requisitos para a qualidade, tal como
definidos pelo próprio cliente, em requisitos técnicos balizadores de todo o ciclo
de obtenção do produto ou do serviço, desde a fase do conceito até a utilização,
incluindo a verificação da qualidade do produto ou serviço”.
A adoção desse sistema implica algumas adaptações de toda a empresa, tais
como: a orientação da empresa para a satisfação e atendimento do cliente e o em-
prego de equipe multidisciplinar, com participação conjunta de pessoal de mar-
keting, de projeto, engenharias diversas, produção, ensaios, vendas, manutenção,
treinamento etc.
A qualidade é um pré-requisito para os projetos de EE, como forma de atingir
melhores resultados técnicos e funcionais. Em cada uma das fases do processo, a
adequação à política da organização pode encontrar na qualidade as soluções para
cada problema. Sendo ela, um sensor capaz de interferir e de controlar cada uma
das fases do processo, desde a ideia até o produto/serviço acabado.
RESUMO
Por meio da escolha, aquisição e utilização adequada dos equipamentos e técnicas de
análise de negócios é possível alcançar significativas poupanças de energia, manter o con-
forto e aumentar a produtividade das atividades dependentes de energia, com vantagens do
ponto de vista econômico, ambiental e estratégico.
A EE não gira em torno apenas da utilização racional dos diferentes tipos de energia,
mas também do ponto de vista arquitetônico, com construções que considerem os recursos
naturais, como a iluminação e a ventilação natural, o reaproveitamento da água das chuvas,
o aquecimento solar, entre alternativas que viabilizam a construção eficiente e diminuem a
necessidade de utilização de energia elétrica. Contudo, foi visto nas análises apresentadas
que o resultado desejado não é necessariamente a solução apresentada pelo projeto. Ele
pode descrever os benefícios do negócio, que resultarão do atendimento a necessidade do
projeto e do resultado final, que pode ser aproveitado pelas partes interessadas.
O interesse pelos resultados dos projetos de EE não deve partir apenas da equipe que
gerencia os projetos. É necessário o envolvimento de todos os setores do negócio para que
cada área possa avaliar possíveis ações estratégicas associadas ao desenvolvimento e re-
sultados do projeto. A complexidade de desenvolver uma análise de negócio em projetos de
EE é desafiadora e exige muita criatividade, mas se conquistado este desafio, a satisfação
de ter contribuído para o sucesso do projeto e da organização/empresa é recompensador.
capítulo 4 • 97
Nesse capítulo:
• Você compreendeu as principais questões do cenário brasileiro no campo da eficiência
energética.
• Entendeu as principais dificuldades para a implantação de um modelo eficiente por parte
das empresas em relação a um projeto com plena eficiência energética.
• Compreendeu que somente com o envolvimento dos diversos atores no cenário susten-
tável, incluindo as empresas, a sociedade e o governo, poderemos efetivamente atingir um
modelo eficiente sob o ponto de vista energético, melhorando nossas matrizes e permitindo
que, num futuro próximo, o Brasil tenha sustentabilidade em todas as suas matrizes energé-
ticas, tornando-o totalmente independente neste contexto.
ATIVIDADES
01. Podemos definir eficiência energética como
a) eficiência relacionada apenas a metodologias implementadas pela organização para que
a mesma não seja autuada pelos órgãos ambientais.
b) é uma forma em que pode se garantir que o poluidor pagador terá os benefícios da
legislação ambiental.
c) uma atividade que busca melhorar o uso das fontes de energia.
d) a forma como a empresa garantirá os recursos e benefícios do governo, como financia-
mentos do BNDES.
e) todas as afirmativas anteriores estão corretas.
capítulo 4 • 98
04. Quais as três diretrizes para o processo de gestão de projeto, segundo Verzuh?
CONEXÃO
Aprenda mais
Consulte também as seguintes fontes como complementação ao conteúdo abordado
nesse capítulo:
<http://www.cogensp.com.br>
<http://www.eficiencia-energetica.com>
<http://www.aneel.gov.br/>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Energy Efficiency. A worldwid Review. Indicates, polices, evaluation. World Energy Council. ADEME,
2004.
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hidrogenio.html>. Acesso em: 17 set. 2015.
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Disponível em <www.ipen.br>. Acesso em: jul. 2019.
Ministério de Minas e Energia. Balanço Energético Nacional – BEN. Rio de Janeiro: Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), 2015, 292p.
ELEKTRO et al. Eficiência energética: fundamentos e aplicações. Campinas: Contraste Brasil, 2012.
314p.
ELETROBRAS EDUCAÇÃO. Conservação de energia: eficiência energética de equipamentos e
instalações. 3. ed., Itajubá, 2006, 597p.
HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M.; REIS, L. B. dos. Energia e meio ambiente. Tradução da 4 .ed.,
norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 708p.
capítulo 4 • 99
MENDES, J. E. A. Eficiência energética aplicada na indústria de bebidas em sistemas de
refrigeração e ar comprimido – estudo de casos. 2014. 141f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Faculdade de Engenharia – Campus de Guaratinguetá: Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá, 2014.
POLIQUEZI, Augusto. Metodologia para planejamento energético estadual de longo prazo.
Universidade Federal do Paraná, 2013.
capítulo 4 • 100
5
Processos de
modulação de
equipamentos
para melhoria
de desempenho
energético
Processos de modulação de equipamentos
para melhoria de desempenho energético
A energia faz parte do cotidiano e da vida das pessoas das mais diversas for-
mas, por exemplo, ao dirigir um carro, ao realizar exercícios físicos, no preparo de
alimentos e na alimentação em si e nos equipamentos que fazem parte de grande
parte dos lares hoje em dia, tais como, aparelhos de televisão, geladeira, ar-condi-
cionado etc.
Devido a essa diversidade, os campos de estudo de energia são extremamente
vastos, partindo do uso racional dos recursos naturais até o desenvolvimento e a
utilização de tecnologias de ponta, além do lado social da energia, que envolve os
aspectos socioeconômicos e socioambientais, o histórico da energia e as perspec-
tivas futuras para a mesma. Para Aristóteles (Metafísica, séc. IV a.C.), energia é
“uma realidade em movimento”, algo muito parecido com o conceito mais atual
de energia que diz que “energia é a medida da capacidade de efetuar trabalho”.
Este conceito não está totalmente correto, uma vez que apenas algumas formas de
energia podem ser, de fato, convertidas totalmente em trabalho ou outras formas
de energia (por exemplo, energia mecânica e elétrica).
Os conceitos de conversão e conservação de energia se misturam em certo
ponto. As definições mais comuns de conservação de energia dizem que “a quan-
tidade total de energia em um sistema isolado sempre permanecerá constante”, e
quando se associa com os conceitos de conversão de energia, “a energia dentro de
um sistema é igual à energia que sai dele mais a energia que ele armazena”.
Outro aspecto importante da conservação de energia diz respeito à eficiência
deste processo, uma vez que a produção de energia útil será menor que a entrada
de energia, mesmo que haja conservação. Logo, a eficiência de um processo de
conversão de energia é definida como a energia de entrada que não se transforma
em energia útil e é perdida de formas não utilizáveis, como perdas térmicas. Em
processos que envolvem diversas etapas, como a geração, a transmissão, a distri-
buição e o uso da energia elétrica por um consumidor residencial, a eficiência geral
ou total do processo envolve o produto das eficiências individuais de cada etapa.
Por exemplo, em uma usina de geração de energia elétrica com 35% de eficiência
e supondo a eficiência da transmissão e distribuição como sendo de 90%, e a
eficiência da iluminação de uma residência sendo de 20%, a eficiência total do
processo é de 6,3%.
capítulo 5 • 102
A eficiência de alguns sistemas de conversão de energia podem ser lista-
das adiante:
• Geradores elétricos (mecânica-elétrica) 50-99%
• Motor elétrico (elétrica-mecânica) 50-95%
• Fornalha a gás (química-térmica) 70-95%
• Turbina eólica (mecânica-elétrica) 35-50%
• Lâmpada incandescente (elétrica-luminosa) 5%
• Lâmpada fluorescente (elétrica-luminosa) 20%
• Lâmpada LED (elétrica-luminosa) 60%
• Célula a combustível (química-elétrica) 40-60%
• Célula solar (luminosa-elétrica) 5-28%
• Motor de automóvel (química-térmica-mecânica) 20-30%
• Usina nuclear (nuclear-térmica-mecânica-elétrica) 30-35%
OBJETIVOS
• Compreender que o consumo nada mais é do que a energia consumida de fato ao longo
do período de medição;
• Entender a importância do processo de modulação de equipamentos e sistemas industriais
para a melhoria energética e, consequentemente, na própria sustentabilidade dos negócios
de uma organização;
• Compreender a importância dos programas nacionais de eficiência energética;
• Entender como uma empresa poderá se favorecer, inclusive em seus resultados corpo-
rativos, com as implementações de metodologias e programas de redução de consumo
de energia.
capítulo 5 • 103
A energia incorporada aos bens e serviços leva em consideração toda a ener-
gia envolvida, desde o seu processo de construção até o seu descarte final. É im-
portante também, entender o conceito de energia primária, que envolve toda a
energia proveniente da natureza, de recursos fósseis ou naturais, usada diretamen-
te ou convertida antes do uso de energia secundária, que corresponde à energia
resultante dos processos de conversão, com objetivo de facilitar seu transporte e
armazenamento e adequá-la ao uso final, podendo esta energia ser novamente
convertida em outros tipos de energia secundária; e por fim, energia útil, que
corresponde à energia que é efetivamente utilizada pelo usuário final, processo ou
sistema. Entende-se como concessionária, a empresa ou órgão responsável pela
concessão e/ou permissão para prestar serviços públicos e/ou privados de ener-
gia elétrica para os consumidores. Exemplos: Light Serviços de Eletricidade S.A.
(Light), Energias de Portugal S.A. (EDP), Eletropaulo Metropolitana Eletricidade
de São Paulo S.A. (AES) etc.
O consumidor consiste na pessoa física ou jurídica, que solicita à concessio-
nária o fornecimento de energia elétrica e assume a responsabilidade pelo paga-
mento da fatura de energia elétrica e pelas demais obrigações vigentes em contrato
e controladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). As faturas de
energia elétrica são os documentos fiscais de cobrança pelo uso da energia elétrica
e trazem uma descrição detalhada do consumo e da demanda, de tarifas e impos-
tos aplicados, multas e os demais itens de identificação do consumidor. Quando
se fala em energia elétrica, os termos consumo e demanda são frequentemente
utilizados, porém poucas pessoas sabem a diferença entre eles.
Consumo nada mais é do que a energia consumida de fato ao longo do perío-
do de medição, cuja unidade é o kWh ou MWh.
Demanda pode ser entendida como a carga instalada, a potência que será
requerida e que a concessionária deve atender, cuja unidade é o kW ou MW,
sendo que o consumidor contrata determinado valor de demanda que atenda suas
necessidades. O consumo pode ocorrer em dois diferentes períodos do dia, cha-
mados de horário de ponta (HP), ou horário de pico, que consiste em um período
definido pela concessionária que abrange três horas consecutivas em dias úteis,
normalmente entre as 18 horas e 21 horas, em que o consumo é mais elevado, e
por isso, muitas vezes, as tarifas são maiores; e horário fora de ponta (HFP), que
abrange todas as horas restantes que não estão no horário de ponta. Entre as tarifas
existentes, estão a tarifa convencional, que basicamente se aplica exclusivamente
ao consumo de energia elétrica, como nas residências, e a cobrança é feita pelo
capítulo 5 • 104
consumo total em R$/kWh; a tarifa hora-sazonal, que se caracteriza por aplicar
tarifas diferenciadas de consumo e demanda, levando em consideração horas do
dia, o dia da semana e o período do ano, e a cobrança é feita pelo consumo total
em R$/kWh e pela demanda contratada em R$/kW; e as tarifas azul e verde, que
basicamente compõem a tarifa hora-sazonal, com a diferença que a tarifa azul
aplica tarifas diferenciadas para consumo e demanda, e a tarifa verde tem uma
tarifa fixa para demanda contratada independentemente do horário do dia ou do
período do ano.
Por fim, a tarifa de ultrapassagem, que pode ser entendida como uma multa,
aplicada quando os valores registrados ultrapassam os valores contratados, tanto
para demanda quanto para o consumo. Entre as tarifas de ultrapassagem, uma
das mais importantes faz referência ao consumo de energia reativa excedente, de-
corrente de um baixo fator de potência (FP). Antes de definir o FP, é importante
conhecer os tipos de potência envolvidos em energia elétrica. Existem três tipos de
potência, a potência aparente (S), medida em volt-ampère (VA), que é a potência
que a concessionária deve disponibilizar para o consumidor a fim de atender a
demanda do mesmo, indicada pela potência ativa (P), medida em watts (W), que
é a potência que efetivamente contribui para o consumo.
A potência reativa (Q), medida em volt-ampère reativo (VAr), é a parcela que
resulta da diferença entre o que a concessionária disponibiliza e o que o consumi-
dor de fato utiliza (equação 2), decorrente de um FP diferente de 1 (um). O fator
de potência é a relação entre as potências P e S (FP = P/S), ou matematicamente,
FP = cos ϕ, em que ϕ é o ângulo formado entre as potências P e S.
A ANEEL estabelece que o FP deve estar o mais próximo possível da unida-
de (1,00), de modo que foi estabelecido um novo limite de referência para o FP,
como forma de controle e avaliação tanto dos consumidores quanto da concessio-
nária, passando a existir o faturamento por consumo de energia reativa excedente.
Este novo limite define um mínimo de 0,92 para o FP, tanto indutivo (entre 6h
e 0h) quanto capacitivo (entre 0h e 6h), e o período de medição, ou avaliação do
mesmo passou a ser horário e não mensal, como era feito antigamente.
As tarifas também podem ser ajustadas de acordo com o período do ano,
como citado anteriormente, sendo dois os períodos em questão, período úmido
(PU), que engloba o fornecimento entre os meses de dezembro de um ano até
abril do ano seguinte; e o período seco (PS), que engloba o fornecimento de maio
até novembro. O período seco é o principal foco da aplicação da metodologia
de modulação fabril, pois é o período em que a energia elétrica está mais cara,
capítulo 5 • 105
resultado da escassez de recursos hídricos inerentes do período, que torna o pro-
cesso de geração mais custoso, e também por ser o período em que a demanda pelo
produto foco (cerveja) é menor.
A partir de 2015, as faturas de energia elétrica passaram a indicar o Sistema
de Bandeiras Tarifárias, que indica se a energia custa mais ou menos dependendo
das condições dos reservatórios e da geração de eletricidade. Este sistema tem três
bandeiras, sendo a Bandeira Verde o indicador de que as condições de geração de
energia elétrica são favoráveis e a tarifa não sofre nenhum acréscimo; a Bandeira
Amarela em que o indicador de que as condições estão menos favoráveis, e existe
um acréscimo de R$ 0,025 para cada kWh consumido; e a Bandeira Vermelha em
que o indicador de condições desfavoráveis e geração mais custosa, e existe um
acréscimo de R$ 0,045 para cada kWh consumido (ANEEL).
capítulo 5 • 106
Pereira (2009) mostra também que, dentro do foco deste estudo, com relação
à energia elétrica, cada departamento pode ficar responsável por incluir ações no
plano de ação da organização industrial em questão, por exemplo:
• Unificar o horário de almoço dos funcionários do setor, para que neste tem-
po toda a iluminação, aparelhos de ar-condicionado e monitores (no caso de seto-
res administrativos) possam ser desligados.
• Individualizar ao máximo a iluminação do setor, de modo que seja possível
acionar apenas as luminárias realmente necessárias para determinada atividade ou
período do dia.
• Em setores de logística e materiais, armazéns e afins, verificar a real necessi-
dade de iluminação, pois itens estocados não necessitam de iluminação.
• Instalar sensores de presença em locais onde não há fluxo constante de
pessoas.
• Instalar sensores fotoelétricos em ambientes com iluminação noturna, para
que ao amanhecer os mesmos desliguem a iluminação automaticamente,
• Criar cartazes, atividades e premiações relacionadas ao uso consciente da
energia.
capítulo 5 • 107
água gelada, sendo direcionado para a adega de fermentação, que tem como objetivo
armazenar o produto durante a etapa de fermentação, a aproximadamente 10 ºC.
O produto resultante do processo de fermentação passa por um trocador de
calor de dois estágios chamado de Fermat, que utiliza tanto o sistema zero quanto
o sistema negativo para diminuir a temperatura do produto fermentado que está
na casa dos 15 ºC. Após passar pelo Fermat, o produto entra na adega de matu-
ração com aproximadamente –1,5 ºC, em que passa pelo processo de maturação,
tendo sua temperatura mantida pelo sistema negativo.
Na saída da adega de maturação, o produto a –1,5 ºC passa por um processo
de blendagem, que basicamente consiste em homogeneizar a mistura com o auxí-
lio de água desaerada (água sem ar). O produto então entra na etapa de filtração
com aproximadamente 0 ºC. Na filtração, além de o produto ser resfriado nova-
mente a –1,5 ºC, são separados quaisquer resíduos sólidos da mistura líquida a ser
armazenada nas adegas de pressão (ADP). Estes resíduos são chamados de bagaço,
e além de serem descartados do processo, muitas vezes são revendidos, como for-
ma de complementar a alimentação de animais.
As ADPs fazem parte da etapa de pré-envase, em que a cerveja é mantida re-
frigerada em um sistema isolado enquanto não vai para a área de packaging. Todos
os resíduos gerados ao longo do processo são enviados para a ETEI a fim de serem
devidamente tratados. A área das adegas é uma das grandes consumidoras de ener-
gia elétrica em uma cervejaria, pois demanda uma grande quantidade de energia
elétrica para produzir o frio utilizado na refrigeração. O processo de produção de
cerveja leva em torno de dez dias para ser concluído, incluindo todas as etapas de
produção até estar pronto para ser envasado.
A área de packaging, uma das áreas que mais consome energia elétrica em uma
cervejaria, é onde a cerveja é envasada e encaminhada para a distribuição. Nesta
área, os vasilhames passam por um processo de lavagem a quente e secagem antes
de receber o produto (consumo de água, calor e energia elétrica). Durante o en-
vase, os vasilhames circulam por transportes (esteiras) que levam os mesmos para
todas as etapas do processo de packaging, que incluem, além da lavagem e seca-
gem, o preenchimento com o produto, a colocação do rótulo e da rolha (tampa), a
pasteurização (aquecimento e resfriamento do produto em tempos determinados,
aumentando a duração do mesmo), processo que faz com que o produto que antes
era chopp passe a ser a cerveja tradicional, e por fim os testes sensoriais, que têm o
objetivo de verificar o volume de cerveja nos vasilhames e verificar possíveis danos,
contaminantes etc.
capítulo 5 • 108
A ETA (Estação de Tratamento de Água) é responsável pela captação da água
em rios ou em poços e pelo processo de tratamento da mesma, de modo que esta
possa ser utilizada na produção da cerveja. A ETEI (Estação de Tratamento de
Efluentes Industriais) é responsável pelo tratamento químico e biológico de todos
os resíduos gerados na produção da cerveja, de modo que o efluente final possa
ser descartado de maneira segura e com o mínimo de impacto no meio ambiente.
A ETEI tem grande impacto no consumo de energia elétrica, pois tem bom-
bas responsáveis por manter a circulação do efluente em tratamento, entre outros
equipamentos que demandam alta quantidade de energia elétrica e não podem
deixar de operar.
A área de logística é basicamente composta pelos armazéns onde o produto
fica armazenado antes de ser redirecionado para os centros de distribuição e, pos-
teriormente, para os consumidores, e pelos depósitos de materiais e equipamentos
da unidade fabril. Sendo assim, a principal fonte de consumo de energia elétrica
neste setor é a iluminação, que é um importante item deste estudo e terá um item
próprio incluído na metodologia a ser apresentada, em conjunto com os demais
planos de ação referentes a este tipo de consumo.
A área de logística também é responsável por duas frentes extremamente im-
portantes da metodologia de modulação fabril, o planejamento de produção e a
malha de produção. O planejamento de produção, como o próprio nome diz,
consiste no processo de planejar a produção dentro da unidade fabril, com base
na malha, nas horas e nos equipamentos disponíveis e na demanda do merca-
do. A malha de produção é uma previsão do cenário de consumo dos produtos
feita semanalmente fundamentada na demanda de mercado, em dados estatísti-
cos, vendas, histórico do período do ano, entre outros itens e tem como objetivo
orientar o planejamento da produção. A malha é calculada para todas as unidades
fabris da empresa, uma vez por semana, prevendo o cenário para as próximas dez
semanas a contar da semana de publicação da mesma. A cada semana, os cálculos
são refeitos e a malha prevista anteriormente para determinadas semanas a frente
pode ser alterada.
A grande diferença do planejamento e da malha, é que mesmo o planejamento
tendo base na malha, é feito diariamente dentro das unidades fabris visando cum-
prir o volume de produção que foi estabelecido e não se altera. O planejamento
de produção, dentro da metodologia de modulação fabril, é feito com o auxílio de
uma ferramenta de modulação.
capítulo 5 • 109
A área de utilidades é a principal área de apoio à produção de cerveja, com
relação ao consumo de frio, ar comprimido, vapor e CO2, sendo a área que mais
consome energia elétrica em uma cervejaria, e portanto, será a área foco deste
estudo. Na área de utilidades, existem compressores que são responsáveis pela pro-
dução de ar comprimido, utilizado ao longo de todo o processo. Existem também,
compressores responsáveis pela distribuição do CO2 que será consumido ao longo
do processo, bem como outros equipamentos responsáveis por cada uma das eta-
pas do processo de seu beneficiamento.
A geração de vapor é feita pela queima de combustíveis em caldeiras, e em algu-
mas unidades fabris, por meio de cogeração (o combustível é queimado e dá origem
a dois tipos de energia: elétrica e calorífica), sendo este vapor distribuído pela fábrica
para ser utilizado ao longo do processo, principalmente no cozimento do mosto.
A geração de frio tem como objetivo fornecer baixa temperatura para os pro-
cessos que necessitam de refrigeração. O modelo mais simples de um sistema de
refrigeração consiste em um fluido que, ao circular pelo sistema e ter suas ca-
racterísticas físicas alteradas (volume e pressão), gera temperaturas muito baixas,
que podem ser transportadas diretamente para os processos ou serem utilizadas
para resfriar outro fluido cujas características o tornem mais apropriado para
o transporte.
capítulo 5 • 110
Este é o caso do sistema de refrigeração a base de amônia (NH3). Neste siste-
ma, a amônia é utilizada para gerar temperaturas muito baixas e resfriar o fluido
etanol (C2H6O), que é transportado pela planta. A amônia não é transportada
diretamente por meio dos processos por ser considerada perigosa, caso ocorram
vazamentos. A utilização da amônia como fluido principal se justifica por este ser
o mais comum dos fluidos refrigerantes, pelo fato de a amônia não ser prejudicial
à camada de ozônio, não ser corrosiva quando utilizada na forma anidra (sem
contaminação com água) e principalmente por ter alta densidade, que possibilita
o uso de compressores menores, diminuindo a potência necessária para o sistema
funcionar, o que implica diretamente na redução do consumo de energia elétrica.
O reservatório de amônia é responsável por abastecer o compressor com amô-
nia gasosa em baixa pressão (AGBP), por meio da válvula de abastecimento. O
compressor tem a função de aumentar a pressão da amônia, distribuindo para o
condensador amônia gasosa em alta pressão (AGAT). O condensador resfria a
amônia gasosa, tornando a amônia líquida em alta pressão (ALAT). O resfriamen-
to é feito por meio da indução de ar frio na direção do encanamento contendo
amônia.
O ventilador é direcionado para a água gelada que entra no condensador e é
responsável por trocar calor com a amônia. Na sequência, aparece a garrafa acu-
muladora de líquidos, cuja função é armazenar a amônia líquida em alta pressão
e permitir a distribuição da mesma para o restante do sistema. A amônia líquida
em alta pressão é então direcionada para uma bifurcação. O primeiro caminho, à
direita, funciona como um escape.
A amônia passa por uma válvula de expansão, cuja função é diminuir sua pres-
são, por um processo de expansão de volume, tornando a amônia líquida em baixa
pressão (ALBP). A seguir, a amônia líquida em baixa pressão entra no separador
de líquidos, que consiste em um reservatório em que a amônia líquida se separa da
amônia gasosa, ficando depositada no fundo do mesmo.
A amônia líquida em baixa pressão sai então do separador de líquidos e passa
por uma bomba de NH3, que é especialmente utilizada para estimular o transpor-
te do líquido. Na sequência, existe outra válvula de expansão, que nesta posição
tem como função controlar a vazão de amônia e também sua temperatura. Na
sequência, aparece um evaporador, que transforma a amônia líquida em baixa em
pressão em gás, que novamente é depositado no separador de líquidos.
capítulo 5 • 111
CP
NH3 CD
NH3
TL
NH3
EV / CD
NH3 / CO2
CP
CO2
BB
CO2
Modulação fabril
A modulação fabril pode ser entendida como toda e qualquer ação tomada
com objetivo de otimizar o consumo de energia elétrica, vapor e água em períodos
com baixa demanda dos produtos no mercado, e períodos de escassez de água (pe-
ríodo seco), uma vez que cerca de 70% da matriz energética brasileira é composta
por usinas hidrelétricas (MME), que dependem da disponibilidade de água para
capítulo 5 • 112
gerar energia elétrica. A necessidade de se otimizar o uso dos insumos relaciona-
dos à produção, se apoia no conceito de eficiência energética e na conservação de
energia, discutidos anteriormente.
As empresas buscam melhorias constantes e perseguem metas, que podem ser
afetadas pelos períodos de baixa demanda. Uma metodologia de otimização no con-
sumo dos insumos de produção pode ser a garantia de estabilidade nos períodos de
baixa demanda e um avanço nos períodos de alta demanda, impulsionando o cres-
cimento da empresa. Vantagens da aplicação da metodologia de modulação fabril.
Como dito anteriormente, o período que compreende os meses de maio a
novembro (período seco), é um período em que a demanda é reduzida, ou seja,
a procura pelo produto no mercado diminui, além de ser um período em que o
preço da energia, ou, mais especificamente para energia elétrica, o preço do kWh,
aumenta em função da baixa disponibilidade hídrica que implica em aumento dos
custos de geração de energia elétrica.
Como na maioria das empresas o consumo é tratado em termos de perfor-
mance, é necessário que a relação entre o consumo e a produtividade esteja sem-
pre próxima do planejado ou da meta estabelecida, no caso da unidade fabril em
estudo, o que pode ser um problema no período de baixa demanda, uma vez que
a produtividade diminui em uma proporção maior do que o consumo. Isso acon-
tece, pois dentro da unidade fabril, existe um consumo fixo (iluminação, perdas
magnéticas no núcleo dos transformadores das subestações de energia, geração de
frio não otimizada, tratamento de água etc.) que sempre estará presente, indepen-
dentemente do quanto está sendo produzido.
No ponto de vista econômico, este comportamento se repete, pois o valor
pago pela energia fica maior nos meses de baixa demanda. Somado aos problemas
do consumo fixo, da baixa demanda, do aumento do custo do kWh, e da baixa
performance, estão os problemas operacionais, que muitas vezes acabam passando
despercebidos em períodos de grande demanda, em que o grande volume produzi-
do dilui os desperdícios com energia, mascarando o problema. Desse modo, a mo-
dulação fabril é a metodologia ideal para este cenário, atuando na eficiência ener-
gética do processo e nas práticas operacionais, como este estudo visa comprovar.
capítulo 5 • 113
produtividade e da predição dos impactos em cada uma das áreas em seus respec-
tivos indicadores. Já na modulação relativa, não há um planejamento, apenas a to-
mada de decisões e adoção de algumas medidas no momento em que se necessita
parar a produção ou realizar alguma manutenção.
Em processos automatizados, são realizados, por exemplo, intertravamento
entre motores, gerenciamento do funcionamento de compressores, uso de com-
putadores lógico-programáveis (CLP’s) para reduzir a pressão do sistema em mo-
mentos de menor produção etc. Em processos manuais, são realizados, por exem-
plo, desligamentos da linha de produção em caso de queda de energia, redução da
pressão do sistema por meio de comando manual em válvulas, comunicação entre
as áreas para tomada de decisões em paradas e manutenções etc.
Nos níveis de metodologia para modulação fabril, conhecendo os dois tipos
de modulação fabril, podemos definir três níveis distintos de aplicação da meto-
dologia, em uma unidade fabril de bens de consumo:
capítulo 5 • 114
Programa de água e energia
capítulo 5 • 115
• A unidade mantém o volume diário de produção alinhado com a malha
planejada par o mês? Para uma malha de produção de trinta dias, o volume diário
deve manter a relação de 1/30 (≈ 3,5%), para manter o volume armazenado (que
necessita de resfriamento e, portanto, consome muita energia elétrica) sempre o
mais próximo do ideal.
• A unidade está operando com o mínimo de salas de brassagem? Novamente,
o uso das salas de brassagem deve estar alinhado com a malha de produção, pois
o consumo de energia elétrica é o mesmo, independentemente do volume em
cada uma das salas. Portanto, deve-se otimizar o uso das fábricas de acordo com a
produção planejada.
• O planejamento de produção diário é revisado para otimizar o consumo de
utilidades? A produção de utilidades para consumo no processo deve ser otimizada
de acordo com o planejamento de produção.
• A vazão do sistema de água desaerada é a mínima necessária para atender a
necessidade de utilização no processo? Mais uma vez, o uso de água desaerada (que
implica diretamente no consumo de frio e, por consequência, de energia elétrica),
deve estar alinhado com as necessidades do processo, para evitar que seja produzi-
da água desaerada em excesso e que fique recirculando pelo sistema, consumindo
mais energia do que o necessário.
• A unidade está operando com o número mínimo de centrífugas? Para ga-
rantir o número mínimo de centrífugas em operação, deve-se avaliar a capacidade
de centrifugação das mesmas com relação à malha de produção da unidade.
• A unidade está operando com o número mínimo de filtrações? Para garantir
o número mínimo de filtrações em operação, deve-se avaliar a capacidade de filtra-
ção das mesmas com relação à malha de produção da unidade.
• A unidade está operando com o nível de enchimento máximo nos tanques
(adegas) de fermentação e maturação? O conteúdo das adegas necessita de resfria-
mento, e o mesmo ocorre pela superfície de contato das adegas com o produto
armazenado. Caso o nível de enchimento esteja reduzido, haverá perda de energia
térmica no espaço vazio do tanque, que resulta em desperdício de frio e, por con-
sequência, de energia elétrica.
• As adegas de fermentação e maturação não utilizadas têm suas atividades
isoladas? Adegas fora de funcionamento não devem consumir energia.
• A unidade está trabalhando com o número de adegas de pressão (ADP)
conforme o planejado? As adegas de pressão têm como objetivo apenas armazenar
o produto finalizado que vai ser envasado.
capítulo 5 • 116
O protocolo de modulação fabril para a área de packaging tem as seguintes
boas práticas operacionais:
• As linhas de packaging individuais são desligadas e isoladas quando não es-
tão produzindo? As linhas que não forem incluídas na programação de produção
diária devem ser totalmente desligadas e ter todas as utilidades isoladas.
• Os equipamentos individuais em cada uma das linhas de packaging são des-
ligados e isolados quando não estão em operação? As linhas são divididas em par-
tes, responsáveis por determinadas etapas do processo de envase, desde a lavagem
do vasilhame até o empacotamento. Caso uma das etapas não esteja em operação,
os equipamentos devem ser desligados e ter suas utilidades isoladas.
• O planejamento de produção diário é revisado para otimizar o consumo de
utilidades? A produção de utilidades para consumo no packaging deve ser otimiza-
da de acordo com o planejamento de produção e volume de mosto filtrado.
• As linhas de packaging estão sendo programadas de forma a reduzir o núme-
ro de paralisações, ligamentos e desligamentos? A operação contínua da linha deve
ser garantida, pois evita o excesso de paradas e partidas de motores, além de evitar
superaquecimento nas lavadoras e nos pasteurizadores.
• Os transportes das linhas de packaging estão programados para desligar após
um tempo predeterminado em que a linha esteja parada? É comum encontrar linhas
com a produção parada onde os transportes continuam em operação, rodando em
falso em pontos com travas de vasilhames ou caixas, ou rodando a vazio.
capítulo 5 • 117
• Os filtros de água da ETA estão sendo isolados quando a vazão de água cap-
tada é reduzida? A utilização dos filtros deve ser reduzida de acordo com a vazão
da captação de água, para otimizar o consumo de energia elétrica do processo de
tratamento.
• A unidade está operando com os aeradores da ETEI de acordo com a taxa
de oxigênio nos tanques de aeração? Basicamente, um processo simples de modu-
lação. Modular o funcionamento dos aeradores com base na taxa de oxigênio dos
tanques, que depende do volume de produção.
• Todas as bombas de grande porte das ETEI/ETA estão modulando de acor-
do com o volume produzido? Novamente, modulação simples. Modular o funcio-
namento e volume tratado com base na demanda do processo.
capítulo 5 • 118
• A unidade apresenta um programa de conscientização para o uso da energia
elétrica? Não basta atender os problemas no nível técnico se não houver um esfor-
ço de conscientização dentro da unidade, que seja aplicado desde a parte adminis-
trativa até o chão de fábrica, ensinando as pessoas a melhor maneira de utilizar a
energia elétrica e evitar o desperdício.
capítulo 5 • 119
sendo executadas de acordo com o plano? Seguir o plano de manutenção é um
compromisso da unidade que não pode deixar de ser realizado. Equipamentos
que não recebem manutenção adequada operam com maiores perdas e são menos
eficientes do ponto de vista energético, além de prejudicarem a produção, caso
venham a quebrar.
• É realizada a limpeza nos ventiladores e trocadores de calor periodicamente,
a fim de eliminar poeira, óleo e resíduos? A limpeza adequada permite que a troca
de calor ocorra de forma natural e conforme o esperado. Sujeira acumulada pode
interferir na troca de calor, ocasionando perdas e, por consequência, reduzindo a
eficiência energética do sistema.
• Os ventiladores e as bombas dos condensadores estão operando de acordo
com o rendimento do projeto (vazão, pressão, entre outros)? A redução do rendi-
mento destes equipamentos tem impacto direto na eficiência energética do processo.
• O óleo é drenado diariamente nos reservatórios com base no cronograma
de manutenção preventiva? Para um bom funcionamento do sistema de frio e ar
comprimido, os compressores e bombas devem estar bem lubrificados, e para isso,
é necessário realizar a troca de óleo diária de seus reservatórios. A amônia é capaz
de arrastar o óleo pelo compressor caso o mesmo esteja fora dos padrões, provo-
cando contaminação do sistema.
• O sistema de amônia opera com a maior pressão de sucção e a menor pres-
são de descarga possível? A diferença entre o valor da pressão de descarga do com-
pressor e sua pressão de sucção é o que define o seu trabalho, ou seja, quanto
maior essa diferença, mais o compressor tem que trabalhar, e assim, mais energia
ele consome. Esta prática é extremamente importante e dá origem a dois índices
de verificação que serão mostrados a seguir.
Ciclo PDCA
capítulo 5 • 120
Atuar: determinar onde aplicar as mudanças definidas na melhoria do proces-
so, analisar possíveis diferenças entre o resultado obtido e o resultado planejado e
tomar ações corretivas em cima destas diferenças, com objetivo de refinar todo o
processo de análise.
• Ação corre�va
• Localizar
no insucesso
problemas
• Padronizar e
• Estabelecer
treinar no
Ac�on Plan planos de ação
sucesso
Agir Planejar
• Verificar Check Do
a�ngimento Checar Fazer • Execução do
de meta plano
• Acompanhar • Colocar plano
indicadores em prá�ca
RESUMO
O Brasil conseguiu um importante aprendizado com a regulação das atividades das con-
cessionárias para realização na área de eficiência energética. Além disso, a crise de energia
teve grande papel pedagógico, disseminando informações e alterando alguns hábitos e algu-
mas práticas dos consumidores.
Finalmente, foi possível criar mecanismos para assegurar recursos públicos estáveis à
promoção da eficiência energética de interesse da sociedade e uma legislação para melhorar
o desempenho dos equipamentos que consomem energia. Esses são ingredientes necessá-
rios para um futuro promissor, no que se refere a possibilidades reais de melhoria nos usos
de energia. No entanto, não são garantia suficiente para tal. Faltam estudos aprofundados de
planejamento energético que possibilite a avaliação mais precisa do potencial de recursos de
eficiência energética e os custos para explorá-lo.
Esses tipos de avaliações são práticas comuns de processos de planejamento com base
em metodologias, como o planejamento integrado de recursos. Ainda é fundamental esta-
capítulo 5 • 121
belecer diretrizes na direção de uma política para a eficiência energética. Com as reformas
setoriais, é ainda mais importante a explicitação de políticas públicas que coordenem as
atividades dos diversos setores envolvidos com eficiência energética: MME, MCT, ANEEL,
empresas de energia, fabricantes de equipamentos e consumidores.
Em resumo, temos em 2002 uma boa base para explorar a partir de uma sociedade
sensibilizada pela questão de abastecimento energético, recursos estáveis, lei de eficiência
energética. É necessário, entretanto, uma política pública para eficiência energética para
destacar prioridades, metas e planos de ação.
ATIVIDADES
01. Para uma análise, em termos de eficiência energética, sabemos que uma ambientação
será sempre necessária numa unidade industrial para se permitir um conhecimento suficien-
temente profundo dos fluxos produtivos. Na óptica de eficiência energética, os itens abaixo
são fundamentais, exceto:
a) Aprendizagem da utilização de um analisador de redes e formação da sua utilização à
equipe de manutenção da unidade industrial.
b) Identificação e a caracterização, por meio da sua desagregação, dos consumos ener-
géticos.
c) Análise da iluminação atual e proposta de soluções luminotécnicas.
d) Análise aos sistemas acionados por motores elétricos de potência superior a 5,5 kW.
e) Todas as afirmativas anteriores estão incorretas.
02. O uso eficiente de energia está estritamente relacionado com a consecução de impor-
tantes objetivos mais abrangentes e de interesse da sociedade. Marque a seguir a única
alternativa que não corresponde a tais interesses.
a) Contribuir para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.
b) Aumentar anualmente os valores tarifários para os consumidores finais para garantir a
autonomia do Sistema.
c) Reduzir ou postergar as necessidades de investimentos em geração, transmissão e dis-
tribuição.
d) Reduzir impactos ambientais (locais e globais) especialmente relacionados com a pro-
dução de eletricidade.
e) Deduzir custos de energia para o consumidor final.
capítulo 5 • 122
03. O que é modulação fabril?
CONEXÃO
Aprenda mais
Consulte também as seguintes fontes como complementação ao conteúdo abordado
nesse capítulo:
<http://www.cogensp.com.br>
<http://www.eficiencia-energetica.com>
<http://www.aneel.gov.br/>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ministério de Minas e Energia. Balanço Energético Nacional – BEN. Rio de Janeiro: Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), 2015, 292p.
ELEKTRO et al. Eficiência energética: fundamentos e aplicações. Campinas: Contraste Brasil, 2012.
314p.
ELETROBRAS EDUCAÇÃO. Conservação de energia: eficiência energética de equipamentos e
instalações. 3. ed., Itajubá: 2006, 597p.
HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M.; REIS, L. B. dos. Energia e meio ambiente. Tradução da 4.ed.,
norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 708p.
MENDES, J. E. A. Eficiência energética aplicada na indústria de bebidas em sistemas de
refrigeração e ar comprimido – estudo de casos. 2014. 141f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Faculdade de Engenharia – Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá: 2014.
capítulo 5 • 123
GABARITO
Capítulo 1
01. Letra E. Conforme o primeiro capítulo, o gás natural é um combustível fóssil, isolado ou
acompanhado do petróleo, cujo consumo tem aumentado, por ser menos poluente que os
outros combustíveis fósseis, porém, como fóssil, sua fonte é considerada não renovável. É
utilizado como recurso energético e em indústrias.
02. Letra A. Conforme abordado nesta aula, a sustentabilidade é dividida em três principais
pilares: social, econômico e ambiental. Para se desenvolver de forma sustentável, uma em-
presa deve atuar de forma que esses três pilares coexistam e interajam entre si de forma
plenamente harmoniosa. Neste exercício, o texto aborda claramente as questões relaciona-
das à sustentabilidade social.
06. Hidrelétrica, eólica, solar e biocombustíveis são algumas fontes de energias renováveis.
Capítulo 2
01. Letra C. Uma das principais vantagens de um sistema de geração distribuída é a elimi-
nação das baterias, o que reduz bastante o investimento nos sistemas de geração. Em mo-
mentos em que a geração é maior do que o consumo, em vez de ser armazenada em bancos
de bateria, a energia excedente é injetada na rede da concessionária.
capítulo 5 • 124
02. Letra A. Em relação às desvantagens da cogeração, fica-nos claro, conforme nossas
aulas, que apresenta como limitação o fato de o calor produzido apenar ser usado perto do
centro produtor, devido à dificuldade no transporte. Isso limita as instalações de cogeração
a unidades pequenas, em comparação com as centrais térmicas convencionais. O limite de
distância para o transporte de calor ser economicamente viável fica em torno de 5 km. Para o
frio, usando como veículo água gelada, a distância econômica não passa de 500 m.
03. Uma das principais vantagens de um sistema de geração distribuída é a eliminação das
baterias, o que reduz bastante o investimento nos sistemas de geração.
04. Os sistemas de cogeração geralmente são compostos por um equipamento que, por
meio de combustível, produz a energia mecânica que será transformada por um gerador em
energia elétrica e outros equipamentos que produzirão a energia térmica, que pode ser calor
ou frio.
05. Trigeração pode ser definida como uma extensão da cogeração, a qual envolve a produ-
ção simultânea de eletricidade, calor e também frio.
06. Tecnologias com custos elevados, preocupações ambientais das populações locais, ine-
xistência de infraestrutura e mercado de recursos, custos de coleta, transporte e acondicio-
namento da biomassa, são algumas desvantagens.
Capítulo 3
01. Letra E. O Brasil tem grande potencial para ser referência em tecnologia do hidrogê-
nio e ficar autossuficiente em energia em todas as formas de aproveitamento de energia,
incluindo o petróleo. É um ponto estratégico e crucial para o desenvolvimento e crescimen-
to econômico do país. Com uma grande capacidade hidráulica e sucroalcooleira, o Brasil
poderá produzir hidrogênio para exportar e utilizar em suas próprias células a combustível.
Nosso país poderá ser uma referência mundial em autossuficiência em energia e exportador
da tecnologia célula a combustível e de hidrogênio, além de outras tecnologias de energia
alternativa, como o biodiesel. Estamos começando a viver a era do hidrogênio, na qual os pri-
capítulo 5 • 125
meiros passos estão sendo dados para que a economia com base no petróleo se transforme
em breve na economia do hidrogênio.
02. Letra E. Para obter o hidrogênio isolado e transformá-lo em energia, ele passa por um
conversor, chamado de célula a combustível. Esse dispositivo teve sua origem em 1839,
antes mesmo da invenção do motor a combustão. Na época, o inglês William Grove imaginou
que, se a energia elétrica pode ser usada para dividir a água em hidrogênio e oxigênio, seria
possível inverter o método e usar hidrogênio para gerar energia. Gerhard Ett, engenheiro quí-
mico do Instituto de Pesquisa e Tecnologia de São Paulo, explica que a densidade energética
da célula a combustível é superior à das baterias, por exemplo. “Além disso, a energia produ-
zida é 100% limpa e tem eficiência 60% superior. Nesse processo, o CO2 só é gerado na
fabricação do material das placas de células a combustível. Consequentemente, se torna um
importante combustível por ter um ciclo de vida com impactos ambientais baixo”, afirma ele.
03. As reações anódicas e catódicas representam, de uma maneira geral, a ruptura das
ligações químicas entre dois átomos de hidrogênio e de oxigênio respectivamente. A ruptura
das moléculas diatômicas H2 e O2 requer uma energia de ativação da mesma ordem de
grandeza de suas energias de formação, quando as reações são homogêneas e ocorrem em
fase gasosa.
04. Células a combustível são, em princípio, baterias de funcionamento contínuo, que produ-
zem corrente contínua pela combustão eletroquímica a frio de um combustível gasoso, geral-
mente hidrogênio. Assim, o hidrogênio é oxidado a prótons num eletrodo de difusão gasosa,
liberando elétrons, segundo a reação: H2 2 H+ + 2 e–. No eletrodo oposto, também de
difusão gasosa, considerando-se as células como a membrana trocadora de prótons (meio
ácido), tem-se a reação: 2 H+ + 2 e– + 1/2 O2 H2O.
05. Essas células apresentam algumas vantagens em relação a outros tipos de células com-
bustíveis, como facilidade de gerenciamento do eletrólito (SOFC) e a não necessidade do
uso de metais nobres como catalisadores. Também têm maiores valores de eficiência teórica
de conversão e alta capacidade de coprodução eletricidade/calor. A elevada temperatura de
operação favorece a cinética das reações eletródicas e permite a reforma do combustível
(ex.: hidrocarbonetos ou gás natural) no próprio corpo da célula.
06. A geração de energia com base no hidrogênio apresenta inúmeras vantagens como
uma energia limpa e que não traz impactos ao meio ambiente. Cada vez mais as células de
capítulo 5 • 126
combustível estarão presentes em setores automotivos, eletrônicos portáteis e em unidades
estacionárias de geração de energia. Um dos grandes problemas da obtenção de energia
com base no hidrogênio é que para a implementação desta tecnologia se tem um custo
elevado. O alto custo dos projetos ainda não confere ao hidrogênio um caráter de competiti-
vidade no mercado quando comparado às formas de geração de energia mais usadas.
07. O eletrólito é um polímero, tem alta densidade de potência quando comparada a outras
células, é aplicável em veículos automotores.
Capítulo 4
02. Letra E. No Brasil, a indústria de alimentos e bebidas é uma das principais indústrias de
transformação e, consequentemente, uma das que mais consomem energia, algo em torno
de 25% do consumo de toda a indústria brasileira, ficando atrás apenas da indústria metalúr-
gica. Na indústria de alimentos e bebidas, pode-se dividir o consumo em calor de processo,
aquecimento direto, força motriz, refrigeração, iluminação, entre outros. Todavia, estes são
consumos necessários para o produto final, ou seja, são indispensáveis durante a produção.
Por isso a importância de reduzi-los (SATO, 1997). Nas indústrias cervejeiras, destaca-se a
quantidade de linhas de produção, que pode passar de 15 linhas em algumas plantas fabris.
A empresa em estudo por sua vez tem cinco linhas de engarrafamento de cerveja. Com
capacidade para envasar seis milhões de hectolitros [6] por ano (CERVIERI JÚNIOR et al.,
2014). Uma de suas principais metas globais para 2017, é a redução de 10% do consumo
de energia elétrica em relação ao ano de 2012. Assim, no exercício em questão, a empresa
deverá aumentar a aquisição de refrigeradores ecológicos.
03. Projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e
lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido,
sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos
envolvidos e qualidade.
capítulo 5 • 127
05. Fase de desenvolvimento de projeto.
06. Num conceito atual, projetos de EE devem recuperar pelo menos os fundos destinados
para o seu desenvolvimento e implantação, isto é, custos originados antes da execução, os
derivados dos investimentos necessários para desenvolvê-lo
Capítulo 5
01. Letra E. Todas as afirmativas estão alinhadas corretamente com um sistema de modu-
lação industrial para fins de melhoria contínua e sustentabilidade energética numa planta in-
dustrial.
02. Letra B. A redução do uso de energia nos processos produtivos ou em sistemas que
proporcionam conforto e amenidades não é um fim em si mesmo. Naturalmente, o que se
busca é sua sustentabilidade, com autonomia e redução de impactos ambientais, de forma
que a qualidade dos serviços seja efetiva para os consumidores finais, sem necessariamente
aumentar os valores tarifários para os mesmos.
03. A modulação fabril pode ser entendida como toda e qualquer ação tomada com objetivo
de otimizar o consumo de energia elétrica, vapor e água em períodos com baixa demanda
dos produtos no mercado e períodos de escassez de água.
04. Determinar onde aplicar as mudanças definidas na melhoria do processo, analisar possí-
veis diferenças entre o resultado obtido e o resultado planejado e tomar ações corretivas em
cima destas diferenças, com objetivo de refinar todo o processo de análise.
07. Trata-se de uma das ferramentas mais tradicionais utilizadas para controle e melhoria
contínua de processos.
capítulo 5 • 128