Apostila Eneagrana Nivel 2 v2

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Parábola da Criança de Rua

Era uma vez uma criança de rua. Como muitas outras crianças de rua, ela não nasceu na rua, mas a rua acabou
sendo sua casa, pois a casa que era sua ficou perdida em sua memória. Um dia, quando era pouco ainda seu
tempo de vida, algo estranho aconteceu na sua casa... E aquela criança fugiu assustada, tomando o caminho da
rua. Como pássaro ferido na asa, que se acostuma a andar como as galinhas por medo de voltar a voar a criança
se adaptou ao novo espaço e na rua procurou se afirmar tentando apagar da memória as lembranças
desagradáveis que machucavam o passado em sua casa. O tempo voou. O endereço de casa se apagou, como se
a vida inteira tivesse acontecido na rua. A criança perdeu o contato com a sua asa da infância. Fez da rua sua
casa. Na rua quebrou a cara, sofreu e se afirmou aprendeu a sobreviver criou hábitos de proteção, defesas,
refúgios, seguranças... Houve tempos em que a rua se tornou um lugar agradável, ou pelo menos suportável,
houve momentos em que aquela criança se deu bem na rua. Mas o tempo foi trazendo sensações de abandono,
sentimentos de não estar em casa, desejos de reencontrar algo perdido, embora não fosse claro o que se havia
perdido. A rua não o satisfazia mais. A criança não cabia mais no espaço da rua, ou a rua não preenchia mais o
espaço daquela criança. Na memória, muito leves e difusas, foram piscando pequenas luzes da casa
abandonada. A saudade batia, misturada com o medo e uma sensação desconfortável. Por muito tempo a
criança tentou esquecer essas novas intuições, jogando-se ainda mais no mundo da rua, demarcando seu
território, afirmando seu espaço. Mas parecia não dar certo... a saudade do paraíso perdido crescia, o
desconforto na rua acentuava-se... e o desejo de voltar para casa ganhava corpo, como no Filho Pródigo do
Evangelho. Mas... como voltar? O caminho era confuso faltava orientação... apenas algumas intuições.

Essas intuições foram gerando passos... hesitantes, alguns perdidos, becos sem saída, atalhos sinuosos, pedras e
buracos no caminho, vontade de “deixar pra lá” Muitos passos acabavam levando ao mesmo lugar ou a lugar
nenhum... mas, como quem começa a caminhar nunca mais consegue ficar parado, aquela criança continuou
tentando, pisando no escuro, tropeçando e levantando... e percebendo que algumas intuições iam ficando mais
claras. Não havia ainda um mapa para voltar para casa, mas o rumo já era claro. Havendo uma direção, tudo
seria questão de mais passos ou menos passos... um dia chegaria lá! O caminho era esse! E a criança persistiu no
rumo vislumbrado!

Mas, no meio do caminho, havia um túnel. Engraçado! A criança não conseguia se lembrar desse túnel, quando
empreendeu a viagem que a levou de casa para a rua! Mas o túnel estava lá! Escuro, mal cheiroso, de fazer
medo! As primeiras tentativas foram de prosseguir caminho sem encarar o túnel. Mas não adiantava! Cada
tentativa fazia a criança se afastar da rota que cada vez se tornava mais clara. Bem... o jeito era enfrentar o
túnel! E isso acabou acontecendo, depois de muitas resistências. Entrou no túnel e logo teve vontade de voltar
para trás! Mas não dava mais! Prosseguia! O túnel era um espaço completamente estranho e assustador Cada
passo túnel adentro, avivava memórias dolorosas do passado remoto que vivera em casa. E isso era terrível.
Várias vezes tentou retornar... mas, quando chegava na boca do túnel, do lado da rua, batia um vazio! A rua já
não bastava mais! Tudo o que antes atraía na rua, agora já não fazia o menor sentido! Bem... o jeito é mesmo
encarar o túnel definitivamente! E assim foi! Os pés sangraram na caminhada feita de tropeços no escuro, à
cabeça se machucava batendo nas paredes do túnel, o Coração se apertava no medo do escuro, na ansiedade do
que viria pela frente! A criança estava pisando em terra desconhecida e ia caminhando, insegura, um passo para
frente e às vezes dois para trás... Mas, havia uma certeza: a direção era aquela. Mais tarde ou mais cedo,
apareceria luz no fim do túnel!
E assim aconteceu! O túnel levou a criança de volta à sua casa! Com uma sensação estranha, a criança
reconheceu que aquela era a sua casa! Ao mesmo tempo as pernas tremiam só de pensar em subir os degraus
da porta. Um mundo de fantasmas povoava a cabeça da criança, como névoas de medo sem razão. Acabou
entrando. O medo e os fantasmas que o geravam, foram dando lugar à sensação de “estar em casa”. Afinal, não

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havia razão para ter medo... tudo não passava de um monte de fantasmas que haviam adormecido em suas
lembranças!

1. A criança de rua tem o nome de cada um de nós! Saímos de casa ainda crianças. Algo estranho aconteceu por
lá... e geralmente não lembramos disso muito bem. Saímos de nós mesmos, perdemos o contato com aquilo que
éramos em essência. Fugimos para a rua, fugimos de nós mesmos, buscamos seguranças e proteções, criamos
máscaras e refúgios. Cada um tentou “se dar bem” na rua, afirmando-se de um jeito que garantia segurança...
Mas, mais tarde ou mais cedo, bate o desejo de voltar para casal Quando começamos a pensar no sentido de
nossa vida, quando nos questionamos acerca de quem somos... aí começa a viagem de volta! Dolorosa,
certamente, mas inevitável! O Eneagrama nos mostra o rumo de volta... mas é preciso fazer caminho e o
caminho se faz caminhando e cada caminho de cada pessoa é único e específico! Ninguém o fará por nós! Não
basta conhecer o mapa... é preciso botar os pés no caminho! E nesse caminho de volta, aparece o túnel!
Apertado, doloroso, assustador! Mas... agora não tem mais jeito! O caminho de volta é sem retorno, porque a
rua não satisfaz mais! E, na frente, há a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, aparecerá luz no fim do túnel,
se sabemos estar na direção certa!
Em cada um de nós mora uma criança de rua, ou uma ex-criança de rua, ou uma criança de rua atravessando o
túnel de volta para casal Em cada Tipo do Eneagrama, mora uma criança de rua ou... cada Tipo do Eneagrama e
a rua onde a criança moral Voltar para casa... significa empreender o longo caminho da integração, da
Conversão, da busca de nós mesmos... até nos sentirmos verdadeiramente em casa e vizinhos de nossos
vizinhos!
Em seu livro “A Criança que vive em nos” (Editora Psy, Campinas—SP, 1998, págs. 7 e 8), Selma Dias Branco
descreve assim o grito que essa criança nos dirige: “Olhe para mim, me sinta”. Eu estou aqui bem pertinho de
você, sou os seus sentimentos, sonhos e fantasias. Eu sou você nos seus mais profundos anseios. Tenha a
certeza, não é fácil viver no seu mundo adulto, eu estou com medo, estou encolhida, me sinto no ah respiro mal,
estou preparada, imobilizada. Preciso contatar você com urgência para aprender a me expressar melhor me
sentir mais confiante e ser mais livre. Quero ser uma criança solta, leve, sorridente, feliz e espontânea. Aquela
criança cheia de energia, que brincava alegre e descontraída, que ria alto, que fazia as suas graças e estripulias.
Mas é verdade que, algumas vezes, fui muito ferida, me magoaram demais, me impediram de fazer muitas
coisas. Por isso fico triste, amuada, sentada, quieta no meu canto.
Você não quer me conhecer? Não tem importância se você é adulto. Eu preciso de você, da sua atenção e
compreensão. Eu sou a fonte de muitos de seus problemas, medos e angústias, mas também, posso ser feliz,
alegre e brincalhona. Uma criança criativa, solta e cheia de energia.
Venha me libertar de todas essas amarras; eu preciso de seu amor Quero que você saiba que eu vivo dentro de
você. Afinal de contas, você e eu somos uma só pessoa. O que eu quero é que você me conheça bem, por
completo. Há tanto tempo eu espero por esse momento. Agora, é chegada a hora. Eu desejo ser feliz com você;
não quero atrapalhar mais a sua vida, já sofri e fiz você sofrer bastante. Só estou pedindo que me ouça, me
compreenda, me resgate e me faça feliz, para sermos felizes.

2. Leia agora a historia da criança de rua que o seu Tipo do Eneagrama ensina. Reflita sobre ela!

Tipo UM
A criança do Tipo não teve infância, pois bem cedo foi “expulsa de casa”... a cobrança sentida por parte das
pessoas adultas, as críticas, as exigências de um alto padrão de comportamento moral, a atitude de adulto
exigida... tudo isso “arrancou” a criança da sua casa de harmonia interior. “Jogada na rua, a criança procurou
sobreviver fora de si mesma”: e achou que poderia afirmar-se, encontrar segurança, conquistar o respeito e o
amor dos “adultos”, perseguindo a perfeição, assumindo a postura de uma pessoa bem comportada, com sérios
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padrões morais, honesta, rigorosa consigo mesma. Isso seria também uma forma de se tornar “moralmente
superior” e assim “dar o troco” a todos àqueles que não “acreditaram nela”... Durante muito tempo, esse jogo
deu resultado! A criança se sentia bem nessa rua, se sentia afirmada e segura, conquistou respeito e era
admirada pela sua integridade e honestidade. Essa era a sua força e dela a criança se orgulhava! A pessoa bem
comportada, que correspondia às expectativas dos outros, mesmo que para isso tivesse que esconder e reprimir
seus desejos e sentimentos reais! Mas... um dia, as coisas começaram a feder! A criança começou a sentir um
incômodo naquela vida de rua. Havia uma divisão interna, um conflito entre a imagem que se sentia obrigado a
dar para os outros (de pessoa certinha e bem comportada) e aquilo que dentro de si fervia e reclamava por
espaço: suas necessidades pessoais de prazer, de repouso, de lazer... seus sentimentos reprimidos, suas raivas e
ressentimentos constantemente abafados... Era como se uma panela de pressão fosse chegando a uma
temperatura insuportável! Além desse conflito interno ou, certamente, como consequências dele, muitos
conflitos externos se iam multiplicando: explosões de raiva desproporcionais e exageradas, implicâncias e
exigências descabidas com as pessoas mais próximas, altas exigências e cobranças em relação aos outros; enfim,
um comportamento que cada vez mais ia fazendo com que os outros se sentissem estressados e sem condição
de suportar as reações daquela “criança Tipo Um”! Aí, no confronto com essas fraquezas e imperfeições, quando
a criança resolveu deixar de lado as desculpas, quando descobriu que afinal a mania de achar que tinha sempre
razão e que a culpa era sempre dos outros... quando isso foi assumido, começou a aparecer no horizonte o
desafio de enfrentar o caminho de volta para casa! A rua não satisfazia mais! Voltar para casa, olhar para dentro,
era cada vez mais uma condição de vida ou morte! Ao mesmo tempo... isso era atemorizante: como olhar para
dentro? Como enfrentar esse mundo de sentimentos conflitantes que se agigantam no porão da casa? Como me
confrontar com minhas imperfeições? Como ir além da fachada de que está tudo bem e tudo correto na minha
vida? Mas... não tinha jeito! E o caminho de casa começa a ganhar rumo. Passos pequenos, que acabam
deixando a criança angustiada e ainda mais ansiosa! Parece que as coisas estão piorando ainda mais! Mas, ao
mesmo tempo, a criança começa a perceber que chegar em casa não era a única coisa importante: também era
importante o fato de já estar a caminho, também tinha valores nos passos que ia dando e, mais tarde ou mais
cedo, iria chegar em casa! Às vezes, dava vontade de voltar para trás! Essa coisa de Ter consciência de suas
limitações e imperfeições, o Ter conviver com elas e deixar que os outros as percebam... é algo muito doloroso!
Tem hora que a vontade é voltar a usar a máscara da hipocrisia, dando a imagem para os outros daquela pessoa
boazinha que na realidade não existe, pelo menos tão boazinha assim! Muitas vezes, no meio desse caminho,
sobretudo ao ouvir as críticas negativas dos outros, a criança teve a sensação de não ser importante, um
sentimento doloroso de insignificância. Isso teve que ser superado, enfrentando o caos com serenidade e
cultivando a fé nas pessoas. A chave foi aceitar a fraqueza, a imperfeição e descobrir o valor que já está presente
nas coisas imperfeitas! A vida passava a ser encarada como um processo de crescimento! Começou aparecer
uma nova virtude, antes estranha àquela criança: a paciência! A criança se sentia mais relaxada, curtindo mais a
vida e se curtindo mais! Não levava as coisas tão a sério como antes! Uma serenidade inusitada começava a
brotar dentro daquela criança. Ela estava chegando em casa! Estava reencontrando sua essência e fazendo as
pazes consigo mesma, com sua infância... acostumando-se a viver dentro de sua casa, sentindo-se em casa!

Tipo DOIS
A criança do Tipo Dois foi chantageada na sua infância. Ela teve que comprar o amor dos adultos e por ele pagou
o preço de Ter que se tornar uma pessoa serviçal, disponível, atenta aos outros. O troco foi Ter que abandonar e
esquecer seus sentimentos e necessidades próprias. Fugiu de si mesma, saiu de casa, para cuidar dos outros,
para viver em função dos outros, para assumir as necessidades dos outros. A sua casa, seu mundo interior, não
garantia carinho e amor por parte dos adultos. Teve que sair para a rua, para comprar esse carinho! Assim se
acostumou a viver na rua. Longe de casa, esquecida de seus sentimentos e necessidades, despreocupada
consigo mesma... a criança vivia o tempo todo em função dos outros: assumia as necessidades dos outros,
ajudava, servia, como forma de conseguir dos outros aprovação, atenção e carinho! Esse retorno nem sempre
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vinha... e isso era muito doloroso! Mas, no geral, o jogo funcionava e dava resultados! Era uma criança muito
querida pelos outros, muito solicitada, muitas pessoas dependiam dela e lhe pediam ajuda! E aquela criança se
orgulhava disso: a sua força estava na capacidade de servir, de ajudar, de viver em função dos outros! Tanta
gente que precisa de mim! O que seria dessa gente sem mim? A criança nem entendia que todo aquele jogo de
brincar de ajudar os outros, era uma forma de satisfazer seu egoísmo, de preencher sua carência de afetos que
ficou como resultado de uma sensação profunda de ter sido mal amada na casa de sua infância. Mas... um belo
dia, a criança se viu sozinha na rua. Não havia ninguém para ajudar nesse dia! Foi uma sensação horrível!
'Ninguém precisa de mim... e agora? Quem sou eu agora?' Foi terrível essa experiência. Na solidão e no silêncio
daquela experiência, os sentimentos e as necessidades próprias daquela criança encontraram a brecha para se
apresentarem e reclamarem atenção! Isso era terrível! Ter que reconhecer que afinal também ela tinha
necessidades, também ela precisava de ajuda de alguém! Começou aí o caminho de volta para casal Não dava
mais viver na rua! O jogo tinha acabado! De repente, aquela criança se viu como uma chantagista, fazendo com
os outros a mesma chantagem emocional que haviam feito com ela na casa de sua infância! Não tinha jeito: era
tempo de voltar para casa, de entrar em contato com seu mundo interior, com seus sentimentos e necessidades,
de dar atenção a si mesma, de aceitar que também ela precisava ser ajudada, se sentir-se, também ela, alguém
especial, que precisa de tempo, de cuidados, de carinho, de atenção! Estava traçado no horizonte o rumo de
volta para casa! Os primeiros passos já estavam fazendo caminho! Mas era doloroso! Caminhar sozinho, ao
encontro de si mesmo... era assustador! Descobrir-se como alguém carente, era algo muito incômodo...
sobretudo porque a vida inteira aquela criança tentou mostrar o contrário! Mas, não tinha jeito de voltar atrás...
aquele jogo da mentira de ajudar, não satisfazia mais e havia um novo mundo, o seu mundo interior,
reclamando atenção. A chave que virou o jogo foi o confronto com sua carência pessoal. A sensação de não ser
amada e o desamor por si mesma, foram às pedras no sapato, durante o caminho de regresso. Isso, aos pouco,
foi sendo superado, na medida em que a criança aprendeu a enfrentar suas necessidades próprias e a conviver
com elas, cultivando um verdadeiro amor gratuito e desinteressado pelas outras pessoas e por si mesma.
Começou a brotar na aridez do orgulho pessoal, a pequena semente da humildade, que permitia deixar-se
ajudar e amar pelos outros. A vida começou a respirar o cheiro da liberdade! Liberdade em relação a si mesma,
liberdade em relação aos outros... não mais escrava das necessidades dos outros, não mais cega em relação a si
mesma! A criança estava chegando em sua casa! A primeira impressão de medo e desconforto ia sendo
superada... e a sensação de "estar em casa", ia se caracterizando com um clima de liberdade interior, de
humildade, de generosidade profunda e livre, no à-vontade em lidar com seus sentimentos e necessidades
próprias, descobrindo-se como alguém verdadeiramente especial!

Tipo TRÊS
A criança do Tipo Três foi forçada a sair da casa de sua infância, abandonando seus sentimentos e emoções, para
procurar na rua o sucesso e o aplauso... pois desde cedo aquela criança percebeu que seus sentimentos e
emoções não tinham a menor importância. A única coisa que garantia aprovação, carinho, amor e aceitação...
era o sucesso, como promessa de elogio! Ao sair de casa, a criança carregou consigo a sensação de ser mal-
amada! Uma carência que, achava ela, poderia ser preenchida pelo sucesso! E essa foi a tarefa principal que a
criança abraçou na rua: buscar o prestígio, a boa imagem. Desenvolveu uma vaidade pessoal detalhada e sua
autoestima foi lá para cima. Ela se dava muito bem na rua! Criava impacto, chamava a atenção, dava nas vistas!
Estava nas manchetes, na frente das câmaras e das luzes, era percebida, elogiada, admirada! Brilhava! E a
criança foi se acostumando com isso e chegou a acreditar que realmente tinha nascido para brilhar e que tudo o
que fazia era bom e certo, sendo fácil conseguir tudo o que queria! Conseguia realmente o que queria,
adaptando-se às situações de forma a tirar proveito pessoal em todas elas, disfarçando seus sentimentos e
emoções atrás de uma fachada de simpatia. Um verdadeiro ator, numa peça de teatro de sucesso! O ambiente
da rua estimulava tudo isso! A criança era líder: os outros a seguiam e a procuravam, ela conseguia convencer e
seduzir os outros... embora, geralmente, os utilizasse subtilmente para faturar êxitos pessoais, ou os enrolasse e
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enganasse, pois isso era apenas um pormenor no caminho rumo ao objetivo pessoal de chegar ao sucesso! Os
fracassos eram esquecidos ou camuflados. Mas... com o tempo, alguns fracassos começaram a incomodar de
forma exagerada. Um sentimento de insatisfação começava a gritar mais alto. Uma sensação de ser apenas um
charlatão, um farsante, um ator... começava a ser algo que tirava o sono! Havia situações em que estava ficando
difícil esquecer o sentimento, as emoções... e aí começou a pipocar na vida daquela criança um desejo inusitado
de voltar para casa, de olhar para dentro e entender o que se passava, que mundo era esse dos seus
sentimentos e emoções... Não dava mais para continuar representando! Uma distância enorme se agravava,
entre a imagem que transparecia e aquilo que rolava por dentro. O sucesso e o aplauso já não eram mais
suficientes para preencher a sede da criança. Aí começou o caminho de volta. Difícil, esse retorno! Como encarar
a sua própria verdade, se muitas vezes a vida se havia reduzido à mentira? Como assumir seus sentimentos e
emoções se a vida inteira a única preocupação tinha sido esconder tudo isso? Como procurar dentro de si a
autoconfiança, se o tempo todo, aquela criança viveu mendigando isso dos outros, pela aprovação, pelo elogio,
pelo aplauso? Mas, não tinha jeito! Houve algumas recaídas, alguns passos de marcha à ré... mas o caminho de
volta já era uma opção. A chave fora o confronto com o fracasso. Foi preciso, nesse caminho de volta para casa,
enfrentar o seu verdadeiro eu, superando o desamor por si próprio e pelas pessoas e cultivando uma aceitação
de si e um grande amor pelos outros. Estava finalmente de volta à casa de sua infância! Ao desconforto inicial,
seguiu-se uma tranquilidade fascinante, uma serenidade nova, um jeito de ser mais discreto. A integridade
passou a ser uma marca registrada na vida daquela criança e o amor se tornou uma condição de vida: amor a si
mesmo e amor às pessoas.

Tipo QUATRO
Uma experiência dolorosa de perda fez a criança deste Tipo sair de casa! Se alguém que a amava muito agora já
não a ama, é porque ela, a pobre criança, não presta, não tem valor, não é importante! Isso foi doloroso! E fugiu
de casa, abandonou aquilo que era, refugiando-se na rua da fantasia. Um grande sentimento de inferioridade
acompanhava aquela criança. Ela se sentia menos afortunada que as outras pessoas e, por isso, as invejava! Era
como se os outros tivessem aquilo que lhe faltava. Para aliviar esse sentimento de inferioridade, a criança
desenvolveu o hábito de se sentir especial e de agir como se realmente o fosse! Às vezes, suas atitudes
demonstravam até um ar de superioridade, um gosto refinado, um estilo superior e elitizado, um jeito exótico e
excêntrico. Aquela criança queria ser especial! Não aceitava ser igual aos outros, embora no fundo se sentisse
inferior a eles! Por isso muitas vezes se mostrava superior! A sua vida na rua era muito independente,
melancólica... não se misturava muito, não participava de coisas comuns e vulgares. Seu tempo se dividia entre
relembrar os sofrimentos do passado, ruminando-os com certa nostalgia e ficar fantasiando situações agradáveis
no futuro, onde ela fosse realmente amada, onde sua carência afetiva fosse saciada! Por isso, o presente na vida
daquela criança, era enfadonho e sem graça. Vivia eternamente insatisfeita. Às vezes, parecia não ter os pés no
chão: vivia correndo atrás de ilusões, de sonhos, de fantasias... mas logo se frustrava, por não conseguir realizá-
los ou não se sentir capaz de assumir suas consequências. Sempre estava bem no lugar onde não estava...
quando lá chegava, vinha à frustração! Os relacionamentos eram complicados, marcados por um vai e vem
constante, por um jogo de sedução e de repulsa, ou por sentimentos cínicos de inveja traiçoeira, permeados por
vincos profundos de ciúmes! Vivia na sua! No entanto, a insatisfação aumentava. Esse jogo de querer ser
especial e parecer diferente, já estava metendo água. Sua vida e seu jeito de ser haviam se tornado cada vez
mais artificial. Não era por aí! Era preciso voltar para casa! Confrontar-se com sua verdade. Assumir-se tal como
era! Mas... como? Como encarar sua inferioridade? Como aceitar-se como alguém igual aos outros? Como achar
que poderia ser autêntico... aceitando tal qual como era na realidade? Foi difícil! Mas os primeiros passos
ganharam forma e o caminho foi ganhando forma! A chave foi confrontar-se com a própria inferioridade e
deixar de querer disfarçá-la ou envernizá-la com uma autenticidade artificial. Foi preciso enfrentar o presente,
prestar atenção para descobrir seus talentos, cultivando a esperança e a confiança nas pessoas e superando a
sensação de não ser amada pelos outros. Algo verdadeiramente novo começou a ganhar corpo em sua vida:
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uma serenidade profunda, satisfeita... e uma sensação de plenitude. Estava chegando em casa: as feridas
estavam curadas e as marcas do passado já não mais assustavam. Uma simplicidade brotava espontaneamente
na vida daquela criança, com uma grande capacidade criativa, suportada pela autoconfiança.

Tipo CINCO
A criança deste Tipo sentiu-se invadida na privacidade de sua casa e abandonada pelos adultos, não recebendo
manifestações de carinho e de proximidade. Não dava para continuar em casa, olhando para esse sofrimento.
Para sobreviver, fugiu para a rua! Sair para a rua significou desligar o sentimento e assim continuou pela rua
fora, sem aprender a lidar com esse mundo dos sentimentos e das emoções. Por isso, a criança se refugiou e
escondeu em um canto da rua: sozinha, sentia-se mais segura! O relacionamento com os outros era penoso:
aquela criança não sabia como se comportar, como reagir... o turbilhão de sentimentos e emoções a assustava e
ela suspendia esse mundo de coisas. Um vazio enorme pairava na vida daquela criança. Esse vazio fora gerado
pela falta de manifestações afetivas na casa de sua infância... e a criança passou a acreditar que poderia
preencher esse vazio através do conhecimento: pensando muito, refletindo, analisando tudo e todos, para
poder entender tudo até aos mínimos detalhes! O conhecimento lhe garantiria segurança! Cada vez se isolava
mais no seu canto, pensando, refletindo, estudando, matutando... e cada vez aquele vazio aumentava mais,
assustadoramente. Era algo insaciável! Esse ciclo vicioso afastava cada vez mais aquela criança do convívio com
os outros. Durante muito tempo, a criança se sentiu bem, segura e realizada, orgulhando-se de seus
conhecimentos, de entender mais que os outros. No entanto, o vazio aumentava. Isso era torturante! A cada
dia, a criança se fechava mais sobre si mesma: era como se fosse uma grande cabeça, sem coração, sem mãos...
A vida forçou a criança a Ter que se relacionar com outras pessoas. Era penoso, cansativo, estressante... mas
algo novo começou a pintar aí: no vazio interior, começaram a se acender algumas luzes, quando o
relacionamento trazia e levava afeto. Olhando de forma mais atenta para esse vazio interior, começou o
caminho de regresso para casa: um caminho de reconciliação com o mundo dos sentimentos e emoções. A
chave foi o confronto com o vazio, descobrindo que o saber não era capaz de preenchê-lo! Foi preciso enfrentar
o caminho do relacionamento, partilhando o saber, superando a sensação profunda de incapacidade, cultivando
a esperança e a confiança em si mesma. Estava finalmente chegando em casa: uma atitude de despojamento ia
sucedendo à mesquinhez e avareza antigas. Uma nova sabedoria ia germinando, não mais uma sabedoria
racional, fria... mas um saber que unia a cabeça e o coração, feita a partir da vida, do relacionamento... a
sabedoria de alguém que tinha colocado os pés no chão, abandonando o castelo de seus pensamentos para
sujar as mãos na ação e caminhar junto com os outros.

Tipo SEIS
A criança do Tipo Seis sentiu muita insegurança na casa de sua infância: ou por causa do clima tenso, violento e
agressivo, ou por causa da frieza, ou pela indefinição de autoridade... o que ficou foi à dificuldade de confiar em
alguém. Essa insegurança afez sair de casa, ganhar a rua em busca de segurança. Procurou a vida inteira algo
que lhe desse segurança: pessoas, instituições, livros, ideologias, grupos... mas o sentimento de insegurança
sempre sucedia ao entusiasmo inicial. Na rua, era uma criança muito prevenida, desconfiada, sempre de pé
atrás, com medo que os outros a pudessem atacar ou prejudicar, pois muitas vezes na casa de sua infância isso
tinha acontecido! Era cautelosa demais e por isso raramente arriscava. Escondia-se, não gostava de ficar muito
em evidência nem de se expor. Achava que não tinha grande valor nem capacidade para fazer grandes coisas. O
medo, a insegurança, a dúvida... eram seus parceiros mais íntimos. No entanto, também gostava muito de fazer
amizade, de andar em turma. isso a deixava sentir-se mais segura. Quando era preciso decidir, fazer opções...
era um drama! Aí, sempre recorria a alguém que lhe desse orientações ou se apegava às regras para se sentir
segura! Sua vida na rua era uma vida de rato: sempre fugindo dos menores sinais de perigo, sempre buscando
seguranças, abrigos, esconderijos! Mas esse jogo estava ficando gasto! Não dava mais resultado! A insegurança
sempre vinha como troco de qualquer busca de segurança fora de si mesma. Dentro de si, a criança encontrava

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cada vez mais insegurança. Durante muito tempo tentou esquecer essa insegurança, projetando-a nos outros...
mas também esse jogo estava fracassando! E ai começou o desejo forte de voltar para casa, de olhar para si
mesma, de enfrentar seus medos, seus fantasmas. Mas... como voltar? Como teria coragem de olhar de frente
os fantasmas de sua infância, que haviam perseguido sua vida o tempo todo? Ela não seria capaz..., mas também
já não era capaz de se contentar em viver daquele jeito, de continuar fingindo, de passar a vida igual a um
cachorro dando voltas para morder o próprio rabo! E começou a caminhada! Assustados e tímidos, os primeiros
passos... um para frente e dois para trás... um pequeno momento de coragem e alguns passos em frente! A
chave foi ousar ser independente, arriscar ser autônoma, lançar-se na aventura de tomar decisões por si mesma.
Foi muito difícil e doloroso! Teve que superar a sensação de não ser capaz, enfrentando o risco da decisão e
cultivando a confiança em si mesma e nas outras pessoas. Estava chegando em casa! Lentamente, ela mesma se
ia surpreendendo com a própria coragem, uma coragem serena e tranquila que ia brotando de dentro,
exatamente daquele interior de onde antes só parecia ter medo e insegurança! Afinal, a criança ia percebendo, à
medida que se aproximava de casa, que seu medo era apenas um monte de Fantasmas dançando na sua
cabeça... pois na realidade não havia motivo para muitos de seus medos! Uma nova atitude transparecia na vida
daquela criança uma atitude de fé. Fé em si mesma, fé em suas capacidades, fé nas pessoas e na vida!

Tipo SETE
Na casa da infância do Tipo Sete, aconteceu algo de multo doloroso que assustou a criança! O medo profundo a
fez correr para a rua e assim esqueceu a experiência dolorosa. Nem olhou para trás! Ganhou a rua e gostou da
vida na rua! Melhor que ninguém, a criança deste Tipo se deu bem na rua! Tudo era festa! A rua era seu mundo
de fantasia, de criatividade, de sonho. Tudo era maravilhoso, belo, encantador, fascinante... e aquela criança
vivia na ansiedade de sugar todos os prazeres de tudo o que encontrava pela frente. Vibrava e se encantava com
tudo! Sua imaginação poderosa lhe dava a capacidade de fantasiar, de ser engraçada, divertindo os outros,
animando os ambientes, sendo centro das atenções e conquistando simpatia e aceitação. Aqui e ali, pintava uma
tristeza, um baixo astral, como se uma sensação de medo e sofrimento estivesse querendo dar a cara! Isso era
meio estranho e era uma sensação incômoda na vida daquela criança otimista, alegre e divertida. Por isso, logo
vinha à fantasia, ajudar a planejar e sonhar coisas agradáveis, divertidas e prazerosas... e isso afugentava a
sensação ruim de medo. Aquela criança gostava de ver todo mundo feliz. Quando se deparava com alguém que
estava sofrendo, logo tentava animar a pessoa... na verdade, ela não suportava ver ninguém sofrendo... era
como se isso acordasse um sofrimento inexplicável dentro de si mesma. O mesmo acontecia quando a criança se
deparava com a morte, com a miséria, com o fracasso... mas, quando isso acontecia, sempre arrumava uma
justificação, uma desculpa para voltar a ficar alegre. Tinha muitas amizades, embora nada de relacionamentos
profundos. Aprofundar... fosse o que fosse... era algo incômodo que também acordava uma sensação ruim.
Afinal, havia muitas sensações ruins dentro daquela criança... tudo isso era como que um fantasma que
permanecera com o resultado vago daquela experiência de infância que a fizera sair de casa. E a vida da criança
do Tipo Sete era fugir disso! Esquecer isso! Sentia-se feliz assim. No entanto, às vezes o sofrimento, uma
angústia sem motivo, pesava demais! Começava a ficar difícil fugir disso! Estava se tornando meio forçado esse
jogo de disfarce, a alegria ia parecendo cada vez mais artificial, os prazeres e diversões já não preenchiam ... a
fachada estava caindo! Isso era terrível! Aí começou o caminho de regresso à casa da lnfância! Doloroso, esse
caminho! Era preciso caminhar sozinha, no silêncio onde os fantasmas se avolumavam. Era necessário olhar pra
dentro e isso a assustava... como a sensação de abrir a porta do elevador e o elevador não estar lá... apenas o
fosso escuro e profundo! Dava vontade de voltar atrás! Voltar para a rua, para o barulho, para a farra, a
agitação, a adrenalina! Mas isso também já soava a falso e não respondia mais! A chave foi o confronto com o
sofrimento, aceitando-o e convivendo com ele. Foi preciso aceitar a vida em profundidade, superando o medo e
a sensação de não ser capaz e cultivando o amor gratuito pelas pessoas, capaz de curar o egoísmo que antes
fazia aquela criança procurar apenas aquilo que queria. Estava chegando em casa. O caminho de silêncio, de
reflexão, aprofundando as coisas e os relacionamentos e concentrando-se em si mesma, a fizeram chegar dentro
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de si e aí encontrar um oásis tranquilo. Os medos, essa sensação ruim que antes pairava como uma nuvem
escura foi se desvanecendo e dando lugar a uma alegria tranquila e serena. A sobriedade ia marcando um novo
estilo de vida e a consistência pessoal ia transbordando daquela vida que havia se reconciliado com a
profundidade.

Tipo OITO
A criança do Tipo Oito sentiu-se apertada dentro de casa, com pouco espaço, ou porque era agredida num clima
de dureza, ou porque sentia necessidade de estender mais os tentáculos de sua afirmação pessoal. Ganhou a
rua, numa atitude aventureira, enfrentando riscos, pois isso a faz sentir-se viva. Na rua, logo de cara, sentiu-se
enganada ou ludibriada: alguém teria se aproveitado de sua inocência e de sua bondade natural e tirado
proveito em cima disso. A reação foi clara! “Ninguém mais irá passar por cima de mim! Me aguardem!” Estava
traçada a sua conduta na rua. Havia compreendido que o mundo era duro e agressivo e que só os fortes se
dariam bem! Quem se firmar na força e na dureza, chora menos! E por aí seguiu! Não demonstrava fraqueza!
Seus sentimentos de ternura e vulnerabilidade, sua bondade que era grande... tudo isso ficou escondido atrás de
uma fachada de dureza, de autoafirmação de arrogância! Ganhar, vencer, nunca ceder, jamais perder!
Controlar, cutucar, provocar, atacar, derrubar... o jogo era esse! A agressividade corria solta, contra as pessoas e
as situações, às vezes contra si mesma, achando-se insignificante e não se cuidando direito. Exagerava em tudo,
tudo fazia com paixão, firmeza, dinamismo, arrogância e ares de pessoa convencida. Fazia muitas coisas, muitas
delas sem pensar direito. Muitas vezes quebrava a cara, mas nunca se dava por vencida. Arrumava muitas
confusões, sobretudo na área dos relacionamentos, pois muitas vezes passava por cima dos outros, ferindo,
utilizando, esmagando... sem tão pouco se aperceber disso! Era direto e exprimia sua opinião e sua
agressividade sem qualquer constrangimento. Não era grandes coisas em diplomacia... e, embora internamente
fosse uma criança muito meiga, terna e emotiva, a sensibilidade não era seu forte nos relacionamentos; multas
vezes entrava pisando como um elefante em loja de porcelanas! As suas fraquezas pessoais, seus erros e
fracassos, sempre escondidos e negados... às vezes ousavam gritar mais alto! Estava sendo muito incômodo
começar a perceber isso! Olhar para esse lado fraco, mole, vulnerável... era algo estranho, desconfortante e, ao
mesmo tempo, algo que ia se impondo como necessário! Olhar para dentro nunca foi uma preocupação com
destaque na vida da criança... mas agora, algo chamava para isso. Sempre se afirmara na ação, voltada para fora,
atarefada com um monte de coisas que sempre borbulhavam. Mas agora, estava sendo preciso parar! Escutar
mais, refletir. Estava começando a grande viagem de volta. A chave foi o confronto com a fraqueza, aceitando
suas limitações pessoais, seu lado frágil. Foi começando a manifestar seus sentimentos, embora de início ficasse
meio sem jeito quando o fazia. Era difícil aceitar a fraqueza! O que os outros iriam pensar? Que eu sou mole?
Que sou uma pessoa fraca? Mas, os passos iam fazendo caminho, com algumas recaídas. Nessas recaídas, a
criança aprendeu algo novo: o exercício de pedir perdão! Muitas vezes antes, ela percebera que tinha errado e,
em nome do senso de justiça e verdade que lhe era sagrado, tentara recompor as coisas, mas, pedir desculpa
explicitamente e era algo muito difícil e quase sempre a coisa se resolvia fazendo de conta que estava tudo bem,
através de um agrado ou de um gesto mais próximo. Agora era diferente. Mas isso não estava sendo tarefa fácil:
foi preciso aprender quem nem tudo dependia dela e que ela não tinha que resolver tudo. Teve que aprender a
dividir o comando, a partilhar responsabilidades, aceitando que não dava conta de tudo. Foi preciso superar um
sentimento forte de insignificância, de não ser importante, cultivando um amor de verdade por si mesmo! À
medida que ia se aproximando de casa, algo se afirmava como um valor maior em sua vida: a compaixão, a
misericórdia! A força que antes fora usada tantas vezes contra os outros ou contra si mesma, era agora
canalizada de um modo extraordinariamente positivo como serviço às pessoas, apoiando-as, ajudando-as a
acreditarem em si mesmas e a descobrirem sua verdade essencial. A verdade ia se tornando cada vez mais a
marca registrada de sua vida e a serenidade gerava uma harmonia interior fecunda, criativa e transformadora.

Tipo NOVE

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A criança do Tipo Nove sentiu muita confusão na casa de sua infância: o clima era tenso e complexo... e ela não
sabia de que lado ficar. A indecisão era assustadora e um sentimento de não ser importante, de não ter valor, ia
crescendo. E a criança saiu de casa, para sobreviver, para desligar dessa confusão de sentimentos, para
anestesiar o sofrimento que isso lhe causava. Saiu andando pela rua, como um sonâmbulo... e como um
sonâmbulo, passou a viver na rua, desligada das coisas, sem saber com o que se preocupar, sem se entusiasmar
com coisa alguma. Tinha uma tendência muito grande para se rebaixar, para se diminuir, achando que não tinha
grande importância e que suas capacidades não eram nada por aí além! Por isso se omitia demais! Dormia muito
na rua, aquela criança, pois o sono era um refúgio para sua indecisão e para a confusão interna que o ritmo
agitado lhe provocava. Raramente tomava decisões. Nunca dizia não e dificilmente discordava ou entrava em
confusões: o conflito era assustador, pois trazia de volta a experiência do passado. Ia fugindo da vida, embora
aparentemente parecesse feliz e satisfeita. Aparentemente, era uma pessoa muito tranquila, embora
internamente fervesse de raiva, sem que ela mesma o percebesse! Até fazia muitas coisas, mas sempre sem
grande entusiasmo, num ritmo mole, como um carro que anda com o freio de mão puxado. Por medo de
conflito, não exprimia suas raivas e desacordos; os problemas eram sistematicamente empurrados com a
barriga... e tudo isso ia se acumulando, gerando um rolo, uma confusão de coisas adiadas ou mal resolvidas. Era
como se as coisas incômodas fossem continuamente guardadas num quarto de arrumos... aumentando o monte
da confusão, até dar uma vontade de nem olhar para lá! E isso ia desgastando a energia daquela criança, que
cada vez se sentia com menos ânimo! No entanto, aquela aflição ia reclamando! Não estava mais conseguindo
esquecer os problemas, fugir deles, anestesiar-se. Era preciso voltar para casa. Era urgente entrar nesse quarto
de coisas amontoadas que era o seu interior e começar a organizar a bagunça que muito tempo foi acumulando.
Mas, entrar em contato com seus sentimentos, perceber o que realmente estava sentindo, não era tarefa fácil!
Aprender a perceber o que realmente queria, em vez de andar a vida inteira pegando carona naquilo que os
outros queriam... isso não era mole! E, dureza, definitivamente, não é assunto para aquela criança! Mas não
dava mais! Era preciso encarar! O caminho de volta começou e não havia retorno. A chave foi o confronto com
essa confusão interna. Foi preciso enfrentar a angústia, superar a sensação de insignificância, a ideia de que ela
não era tão importante, cultivando uma atitude de esperança em relação a si mesma e em relação às pessoas.
Estava se aproximando de casa: a sua vida ia se tornando mais diligente, mais dinâmica. Os problemas iam sendo
resolvidos, sem adiamentos. As emoções e os sentimentos, sobretudo as raivas e desacordos, iam começando a
ser expressos com certa facilidade. A vida ganhava uma nova tonalidade, no meio das cores cinzentas e
indefinidas de outrora: a cor da esperança!

3. Sintetize a sua reflexão:


 Como me senti ao ler a “historia da criança de rua” própria de meu Tipo?
 Onde estou nessa historia? Já comecei o caminho de volta para casa? Ainda estou na rua? Ainda me
sinto bem na rua? Ou já comecei a sentir o desejo de voltar para casa?

 Faça agora a sua própria historia! A “historia da criança de rua” que você foi ou percebe ser. Coloque
nela aquilo que é seu, as situações concretas de sua vida, os acontecimentos que geraram tudo isso, os
momentos mais significativos, os momentos de virada... enfim, o caminho que você fez até agora, onde
está e para onde vai!
 Escreva uma carta à “Criança de Rua” que mora em você! Converse com ela!

4. Para Orar:
 Lucas. 15, 11-31

A arte de ser feliz pressupõe aprender a conviver com esta “CRIANÇA DE RUA” que carregamos
dentro de nos e que espera ser ACEITA, AIVIADA e RESPEITADA.
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5. Retratos da Essência -Valores

Tipo UM
Idealismo. Deseja um mundo com justiça, verdade e integridade sempre lutam por um mundo mais humano.
Defende o oprimido, tem clareza de visão, nota logo o essencial. Tem muita energia e vida intensa. Capaz de
grandes amizades e grandes amores. Sempre buscando. Quer ser mais, crescer, buscar o melhor. Reformador,
ativista social, ambientalista, honesto, bom professor, vê o positiva do outro. Capaz de levar o outro a descobrir
as coisas boas. Consciente e responsável, perseverante, dedicado à causa, não desiste, luta até o fim. Nas suas
lutas é contra mal e não contra os maus. A energia antes usada para reprimir a raiva fica livre para uso
construtivo. Reconhece seus sentimentos. Apaixonado pelo melhor. Admite seus erros e perdoa e assim toma-se
muito acolhedor dos que admitem seus erros, tendo imensa paciência em consertar um erro admitido por si ou
pelo outro. Super-leal a quem demonstra esforço e boas intenções. Sabe manter o ideal e o real em equilíbrio.
Serenidade profunda. Torna-se uma pessoa leve, descontraída, flexível e tolerante.

Tipo DOIS
Capacidade de ver o positivo do outro e incentivá-lo, deixando-o à vontade. Relacionamentos vivos sabe
celebrar datas importantes. Cuidadoso e generoso, consciente das necessidades do outro, principalmente do
marginalizado. Empatia, compaixão, responsabilidade, simplicidade, sem complicações, caloroso, cheio de
emoção. Fiel, sabe escutar independente das emoções do outro. Conversando com ele, todos se sentem
melhores. Generoso de bens e de tempo, muito disponível. Capta bem o clima do ambiente. Aprendeu a cuidar
de si, percebendo suas necessidades e sentimentos. Capaz de uma generosidade gratuita e incondicional.

Tipo TRÊS
Pessoa positiva e confiante, de muita energia, entusiasmo contagiante para o trabalho, atraente, genuíno,
sensível, bom no esporte. Pode inspirar os outros. Trabalha muito bem em equipe. Otimista dom de unir o
grupo. Born palestrante, competente, produtivo, nada fica pela metade. Recebe muita afirmação e sabe afirmar
também. Não perde o desejo de ser estimado, sendo seguro de si. Não precisa identificar-se com um papel para
consegui-lo. As pessoas apreciam o trabalho dele. Sabe acolher e cuidar das ressoas. Sente grande liberdade. E
disponível e tem cortesia natural e inocente. Vive cheio de energia, com vitalidade contagiosa. Percebe seus
sentimentos e sabe lidar com eles. Tomou-se discreto, honesto consigo mesmo e com os outros, digno de
confiança.

Tipo QUATRO
Senso agudo de beleza. Valoriza a beleza e a harmonia nas pessoas e no mundo. Sensível ao meio ambiente.
Original e criativo: grande artista (pintor, poeta, ator, dançarino, musico etc.). Algo ordinário, ele transforma em
extraordinário. Capta o lado espiritual de tudo. Aberto às mudanças, muito ecuménico, capaz de ajudar a quem
precisa. Ambiente é importante. Transforma e expressa à beleza de forma criativa. Identifica-se com o
sofrimento do outro. Capacidade de ajudar quem passa por sofrimento ou crise, porque ele próprio enfrenta
isso. Auto aceitação. Revela-se e deixa que os amigos cheguem mais perto. Coragem de admitir-se como ser
inacabado, com falhas, sabendo que não vai ser abandonado por causa disso. Aceita um mundo imperfeito, com
muita coisa feia e desajeitada e também muita coisa bonita. Vive mais no momento presente, aceitando o que
tem como suficiente. Capaz de depender de alguém e partilhar com ele seu íntimo. Expressa sentimentos “feios”
como a raiva, e vê que o mundo não se acaba por causa disso. Abre mão de expectativas e responsabilidades
exageradas e liberta-se vida. Desenvolveu disciplina interna e objetividade. Tornou-se mais ativo e engajado,
sendo capaz de abraçar grandes ideais.

Tipo CINCO
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Tem força interior serena. Não é facilmente balançado pela opinião dos outros. Paciente, bom ouvinte,
perceptivo. Ouve o que é dito sem exagerar. Bastante claro, pensador, sabe organizar, sintetizar, interligar as
coisas, é perspicaz. Filósofo. Bastante honesto, tolerante, não julga. Permanece calmo em crise. Rica vida
interior - valoriza muito o Espaço pessoal e respeita o espaço do outro. Unido aos sentimentos, é pessoa de
compaixão, compreensão e empatia. Criativo. Desapegado, discreto, sigiloso, bastante objetivo. Tem uma visão
global e não fica distraído pelos detalhes. O desejo de saber o real e chegar à verdade leva a grande honestidade
intelectual, que facilita o discernimento. Gosta de processos e sempre vai até ao fim. É muito tolerante. Na
amizade é fiel, suave, pacífico, discreto. Torna-se sábio unindo cabeça e coração. Toma iniciativa, assume
liderança, expõe-se. Aprendeu a conviver e partir para a ação.

Tipo SEIS
Identifica-se com a causa do inferior, do oprimido. Pontual e de boa convivência. Capaz de trabalhar sem
reconhecimento público. Apoia bastante o outro, alegra-se com o seu sucesso, tem jeito para ouvi-lo e entendê-
lo, com muita sensibilidade. Pessoa fiel, principalmente à família, à qual está muito ligado, Caloroso e
hospitaleiro. Dá-se bem com pessoas idosas. Nas comunidades é quem as escuta e entende. Muito responsável.
É a espinha dorsal de um grupo. Muito corajoso e acredita nos seus valores. Fica igual sem se sentir inferior ou
sem valor. Muito generoso na amizade. Não manipula. Alegre e brincalhão. Pode ser importante na retaguarda
do líder, cuidando das coisas insignificantes que precisam ser feitas. Responsabiliza-se para que todos se
encaixem no lugar certo. Gosta de manter harmonia nas relações. Fácil de convivência. Gosta do sucesso quando
vem, mas não precisa ser logo reconhecido. Abre novas frentes e urna vez tomada urna decisão persevera até ao
fim. Tem respostas emocionais profundas. Aprendeu a controlar sua ansiedade e a conviver com seus medos.
Analisa os problemas com objetividade. Experimenta tranquilidade e paz interior. E capaz de arriscar e
aventurar-se. Consegue enfrentar e agir. Encara com tranquilidade a possibilidade de errar.

Tipo SETE
Idealista, criativo, muito perceptivo. Bom no planejamento. Sabe analisar. Pessoa de muita energia e
capacidade; sabe utilizá-las no que interessa no momento. Muito alegre, entusiasmado com a vida, sabe ver o
lado positivo de tudo. Gosta da vida, quer celebrar. E animador, otimista, gosta de festejar. Cheio de histórias
engraçadas e interessantes. Gosta de conversar, explicar, dar aulas animadas. Está atento, ligado às pessoas,
tem senso de comunhão. É pessoa de ressurreição. Bastante corajoso, gosta do novo, traz sempre novas ideias.
Muito intuitivo, satisfeito, feliz. Não exige muito. Gosta de projetos aventureiros, tem facilidade de adaptar-se
para o que der e vier. O que tem é suficiente para hoje, mas amanhã será melhor. É sonhador, mas sem fugir do
presente. Sabe envolver os outros nos seus planos. Consegue focalizar todas as alternativas numa só, para
resolver o problema. É bom mestre de cerimônias numa festa, divertindo-se e deixando todo mundo feliz. E
sensível aos que o rodeiam. Parece viver mais intensamente que os outros. Fica naturalmente no pico. Cultivou a
profundidade nos relacionamentos e tarefas. Desenvolveu interioridade. Conseguiu confrontar-se com o
sofrimento e viu nascer dentro de si uma alegria serena. Tomou-se mais moderado e sóbrio, contentando-se
com o essencial. É prudente, discreto, sereno e capaz de enfrentar os problemas até ao fim.

Tipo OITO
Poder interior muito forte, jeito de capacitar os outros. Senso de verdade e justiça muito marcantes. Sente a dor
do outro. Instintivamente conhece a injustiça e a falsidade. Não se pode mentir, que ele nota logo e diz. Capaz
de liderança inspiradora - jeito de ajudar o outro a viver sua verdade. Cheio de energia pessoa de compromisso -
tudo investe com garra. Coerente, corajoso, honesto, tenaz, otimista, generoso. É magnânimo. Sua grandeza de
espirito e maneira de comunicar sua visão faz com que as pessoas gostem de segui-lo e imitá-lo, de 'fazê-lo rei'.
Protetor dos sem defesa, dos marginalizados. Fiel nos relacionamentos. Não teme mostrar ternura e amor.
Realista - com os pés no chão. Vive intensamente e com prazer. Sem complicações. Tem um grande desejo de
melhorar o mundo. Entra na luta contra as estruturas injustas e quer que o bem sempre ganhe e o mal sempre
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perca, mas superou a compulsão de fazer justiça com as próprias mãos. Mostra grande interesse pelas pessoas,
sobretudo pelas que precisam de sua força. É uma rocha em que os outros podem encostar-se. Próximo e
misericordioso, e condescendente. Aceita suas fraquezas e manifesta seus sentimentos. Respeita a
vulnerabilidade do outro. Coloca sua energia a serviço dos outros e de causas grandes.

Tipo NOVE
Grande pacificador, mediador, diplomata, Trazendo harmonia. Nos conflitos, sabe acalmar. Tem o dom da
franqueza, sem magoar. Não tem pretensões, nem está querendo provar nada. Paciente – tem os pés no chão -
não julga. Não se importa muito com o que pensam ou dizem dele. Sua filosofia é viver e deixar viver. Disposto a
deixar como está para ver como é que fica' - antes era por preguiça, agora é por sabedoria. Bom acolhedor, bom
líder. Capacidade para lazer, senso de humor, agradável, receptivo, intuitivo, preocupa-se com unidade e
complementaridade. Emocionalmente estável, sem altos e baixos. O melhor como diretor espiritual. Sabe ouvir
e não toma partido. É um conforto estar com ele: relaxado, descansado, agradável... Quando está tudo OK,
sente-se realizada. Capaz de tomar a iniciativa expor-se a assumir liderança. Valoriza-se. Percebe suas
necessidades e sentimentos e é capaz de manifestar seus desacordos. Consegue resolver problemas e não foge
de conflito. Torna-se um trabalhador constante, dinâmico e sereno.

6. Desafios para cada tipo - A nível humano, espiritual e de trabalho

Tipo UM
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para tipo sete exercitando o hábito de se perguntar frequentemente: “O que é um tipo sete
Faria nessa situação?” e procurar agir nesta linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo sete: “Eu sou feliz”;
 Cultivar a idealização própria do tipo sete: “Eu sou bom se for otimista, alegre e simpático”;
 Relaxar curtir e ser mais flexível;
 Aceitar suas limitações e imperfeições;
 Aprender a brincar com o “crítico interno” relativizando suas cobranças.

NÍVEL ESPIRITUAL
Experimentar a misericórdia de Deus e a gratuidade de seu amor, que o ama do jeito que é, mesmo
pecador e imperfeito, na linha das parábolas da misericórdia, abandonando o papel do Filho Mais
Velho e assumindo o papel do Filho Mais Novo para experimentar a misericórdia do Pai Bondoso;
Expressar-testemunhar o dinamismo do criador-organizativo de Deus;
Cultivar o modo de orar do esvaziamento.

NÍVEL RELACIONAL
o Ser mais condescendente e flexível em relação aos outros;
o Expressar seu descontentamentos - raivas - ressentimentos tão logo os perceba;
o Tomar consciência de seus desejos de vinganças, ciúmes e ressentimentos;
o Ter cuidado com as desconfianças e a tendência para controlar os outros.

NÍVEL DE TRABALHO
 Trabalhar menos;
 Saborear - curtir o que faz, de forma prazerosa – lúdica;
 Aceitar limitações – imperfeições;
 Administrar a ansiedade e o perfeccionismo.

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Tipo DOIS
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo quatro, exercitando o hábito de se perguntar frequentemente: “O que um tipo
quatro faria nessa situação” e procurar agir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo quatro: “Eu sou especial”
 Cultivar a idealização própria do tipo quatro: “Eu sou bom se for original sensível e culto”;
 Entrar em contato e perceber suas necessidades e sentimentos;
 Cuidar de si;
 Pedir e aceitar ajuda.

NÍVEL ESPIRITUAL

Experimentar a gratuidade do amor de Deus acolher gratuitamente os sinais o amor de Deus o amor
de Deus não precisa ser comprado por seu ator de ajuda. Amar os outros porque Deus me ama e
não para que Deus me ame;
Expressar testemunhar e a ternura e compaixão de Deus;
Cultivar o modo de orar de dentro para fora.

NÍVEL RELACIONAL
o Respeitar a liberdade do outro deixando ser ele mesmo sem manipular suas necessidades;
o Administrar consciente a por acessibilidade e a sedução;
o Aprender a dizer “não”.

NÍVEL DE TRABALHO
 Assumir responsabilidade explícita e funções de liderança;
 Exercitar o trabalho em equipe;
 Diminuir o ritmo de trabalho para saborear, curtir o que faz e ter tempo para perceber suas reais
necessidades.

Tipo TRÊS
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo seis exercitando o hábito de se perguntar frequentemente o que é um tipo seis
Faria nessa situação e procurar agir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo seis eu compro meu dever;
 Cultivar a idealização do tipo seis eu sou bom se for fiel obediente e legal perceber meus sentimentos
perguntar se frequentemente o que estou sentindo agora;
 Ter tempo de parada para deixar que os sentimentos possam emergir;
 Nos momentos de fracasso ou de perdas emocionais concentrar-se nos sentimentos;
 Cultivar a humildade pessoal.

NÍVEL ESPIRITUAL

Experimentar uma relação filial e criatural com Deus;


Experimentar-se profundamente amado por Deus por aquilo que é, e não pelo que faz;
Cultivar a consciência de que é apenas colaborador no projeto de Deus;
Expressar, testemunhar dinamismo criador de Deus, jovialidade e energia, a positividade e a
criatividade;
Cultivar o modo de orar de dentro para fora.

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NÍVEL RELACIONAL
o Aprender a expressar sentimentos;
o Aprender a respeitar a vulnerabilidade dos outros, valorizando-os pelo que são e não de forma
utilitarista;
o Cultivar a autenticidade e a sinceridade;
o Aprender a administrar conscientemente e livremente a necessidade de elogio e aplauso.

NÍVEL DE TRABALHO
 Trabalhar menos;
 Encarar o trabalho de forma mais leve, prazerosa e lúdica, sem se preocupar tanto com a eficiência;
 Respeitar o ritmo e capacidade dos outros, bem como suas vulnerabilidades.

Tipo QUATRO
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo um exercitando o hábito de se perguntar frequentemente “O que uma pessoa do
tipo um faria nessa situação?” e procurar agir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo um: “Eu tenho razão” sendo mais racional, objetivo, assumindo
suas ideias e lutando por elas de forma objetiva;
 Cultivar a idealização própria do tipo um: “Eu sou bom se for honesto aplicado disciplinado e
organizado”;
 Cultivar a autoestima um exercício pode ser anotar diariamente o que mais gostou em si mesmo as
atitudes positivas;
 Concentrar-se no presente perguntar se tem quem tem mente “Onde estou agora”?

NÍVEL ESPIRITUAL

Fazer uma experiência profunda e sincera de busca de Deus;


Procurar experimentar Deus no presente, no aqui e agora, nos acontecimentos do dia a dia, nas
pequenas coisas, na realidade - em vez de ficar fantasiando sobre grandes manifestações de
impacto;
Cultivar uma relação com Deus mais objetiva para não condicionar a experiência de Deus só às
manifestações emocionais;
Expressar, testemunhar a sensibilidade pela presença de Deus na criação, na arte e no belo, bem
como a experiência afetiva de Deus;
Cultivar o modo de rezar de dentro para fora.

NÍVEL RELACIONAL
o Conviver mais e expressar seus sentimentos, envolvendo-se;
o Administrar de forma consciente seus sentimentos de inferioridade e parar de se comparar para não
alimentar a inveja;
o Administrar de forma consciente a tendência para o ciúme nos relacionamentos;
o Administrar de forma consciente a tendência para idealizar e seduzir o ausente e afastar quem está
presente;
o Tomar consciência da tendência para mendigar compaixão dos outros.

NÍVEL DE TRABALHO
 Trabalhar de forma mais estável, não de acordo com seu gosto pessoal, mas a partir de
compromissos e valores;
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 Trabalhar com mais objetividade
 Engajar-se em trabalhos práticos, simples, rotineiros;
 Cultivar a garra e perseguir grandes ideias.

Tipo CINCO
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo oito exercitando o hábito de se perguntar frequentemente “O que uma pessoa
do tipo oito Faria nessa situação?” e procurar agir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo oito "Eu sou forte eu sou capaz”;
 Cultivar a idealização própria do tipo oito "Eu sou bom se for forte justo superior”;
 Conviver mais engajar-se mais no trabalho e no contato com a realidade;
 Cultivar mais hábitos realistas, mais “pé no chão” evitar o isolamento.

NÍVEL ESPIRITUAL

Experimentar Deus de forma pessoal e íntima;


Fazer experiência de Deus presente na realidade, encarnado, atuando no dia a dia, nos
acontecimentos e presente no mundo;
Cultivar uma espiritualidade à luz do mistério pascal que continua presente na realidade;
Expressar, testemunhar a sabedoria, a compreensão da fé, à consciência da fé;
Cultivar o modo de rezar de fora para dentro.

NÍVEL RELACIONAL
o Relacionar-se sempre mais, conviver;
o Expor-se;
o Perguntar-se frequentemente, quando estiver na presença dos outros: "O que estou sentindo?";
o Não suspender emoções e sentimentos.

NÍVEL DE TRABALHO
 Agir mais, pensar menos. Partir para a ação e ser mais impulsivo;
 Procurar trabalhar em equipe;
 Exercitar trabalhos práticos, manuais, artesanais.

Tipo SEIS
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo nove, exercitando o hábito de se perguntar frequentemente: "O que uma pessoa
do tipo nove faria nessa situação?" e procurar abrir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo nove: "Estou tranquilo e satisfeito";
 Cultivar a idealização própria do tipo nove: "Eu sou bom se eu for moderado, harmonioso, ponderado";
 Cultivar o habito de analisar seus medos, enfrentando-os. Um bom exercício poderia ser: sentar escrever
quais as razões objetivas que o levam a ter determinado nele;
 Mesmo sentindo medo de enfrentar sempre.
 Arriscar mais, ou usar, e se diz por si mesmo, desenvolver a autonomia pessoal;
 Cultivar a autoestima. Um bom exercício diário poderia ser anotar tudo o que faz de bom, de positivo.

NÍVEL ESPIRITUAL

Aprofundar admissão da confiança em Deus e não alimentar sinais de medo de Deus ou de castigo;

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Experimentar essa confiança em Deus também nos momentos difíceis, de insegurança ou tensão;
Expressar, testemunhar a confiança no Deus de segurança. A fidelidade ao projeto, a escuta
obediente; cultivar o modo de orar de fora para dentro.

NÍVEL RELACIONAL
o Confiar mais nos outros e não alimentar o fantasma de desconfiança em relação aos motivos das
pessoas;
o Exercitar a autonomia como antídoto para a submissão;
o Assumir suas posições e lutar por elas.

NÍVEL DE TRABALHO
 Agir mais e pensar menos. Arriscar, ou usar, meter a cara;
 Ser capaz de trabalhar sozinho, agindo e decidindo de forma autônoma;
 Aprender administrar a possibilidade do erro da imperfeição, do fracasso, sem deixar que o medo
disso o faça adiar a ação e a decisão;
 Acreditar no que faz entregando-se de corpo e alma, sem desconfiança e sem reservas;
 Cultivar a autoconfiança, a experiência pessoal de que é capaz, valorizar-se profissionalmente.

Tipo SETE
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo cinco e perguntar se frequentemente: "O que é uma pessoa do tipo cinco Faria
nessa situação interrogação" e procurar agir nesta linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo cinco: "Eu entendo eu percebo eu sei eu aprofundo";
 Cultivar a idealização própria do tipo cinco: "Eu sou bom se eu for sábio, inteligente e receptivo"; em
tudo, colocar a profundidade como meta pessoal;
 Diminuir o número de opções e de atividades em sua vida, teorizando e encontrando-se no essencial;
 Confrontar-se com o sofrimento, enfrentar as situações difíceis analisar e refletir sobre as causas e
assumir;
 Exercitar a presença, a continuidade, a fidelidade nos compromissos permanentes.

NÍVEL ESPIRITUAL

Fazer a experiência do ministério Pascal em sua vida e na realidade vivenciando a dimensão da


paixão e do sofrimento como que leva a ressurreição, num alinhar da espiritualidade da Cruz e da
encarnação;
Expressar, testemunhar o Deus da alegria e da festa, da criatividade e da fantasia, como fruto do
caminho que passa pela cruz, vivendo a fé numa atitude de beleza como jeito de ser feliz;
Cultivar o modo de orar de fora para dentro.

NÍVEL RELACIONAL
o Diminuir o número de relacionamentos e aprofundara-los;
o Cultivar o senso de responsabilidade em relação aos compromissos assumidos;
o Enfrentar e analisar, sem subterfúgios as dificuldades de relacionamentos;
o Tomar consciência e administrar a tendência para se julgar melhor que os outros, e fazer sempre
aquilo que quer.

NÍVEL DE TRABALHO
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 Cultivar a presença em trabalhos desagradáveis e tarefas rotineiras;
 Aprofundar o que faz cuidar da forma profissional séria e profunda;
 Assumir seus compromissos de forma responsável;
 Assumir e analisar objetivamente seus fracassos sem racionalizar.

Tipo OITO
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo dois, exercitando hábito de se perguntar: "O que uma pessoa do tipo dois faria
nessa situação?" e procurar agir nessa linha;
 Cultivar a autoimagem própria do tipo dois: "Eu ajudo, eu posso ajudar";
 Cultivar a idealização própria do tipo dois: "Eu sou bom se eu for carinhoso, prestativo, desprendido e
generoso";
 Aceitar e assumir sua fragilidade e fraqueza, suas limitações;
 Exercitar o hábito de pedir desculpas;
 Cultivar o hábito de manifestar explicitamente seus sentimentos;
 Cultivar a misericórdia, a com decência, a Magna unidade, a compreensão e a compaixão.

NÍVEL ESPIRITUAL

Experimentar a ternura de Deus, a sua compaixão e misericórdia, vivenciando uma relação com
Deus de cunho afetivo;
Experimentar Deus presente na impotência humana, sua e dos outros, acolhendo a fraqueza onde a
força de Deus se manifesta;
Expressar, testemunhar o Deus da justiça como defesa da vida e dos mais fracos, no compromisso
com o pobre e na luta pela libertação integral;
Cultivar o modo de rezar do Esvaziamento.

NÍVEL RELACIONAL
o Cultivar a sensibilidade em relação aos sentimentos e a vulnerabilidade dos outros;
o Expressar seus sentimentos de forma explícita e ter cuidado com as manifestações de raiva;
o Exercitar o hábito de pedir desculpas, de reconhecer e aceitar seus erros;
o Ser mais compreensivo em relação aos outros, ajudando e apoiando;
o Ter consciência de que essa sempre será uma área difícil de sua vida e aprender a administrar os
conflitos que aí surgirem;
o Ter cuidado com os "fantasmas cerebrais" que veem inimigos em todo canto e alimentam
desconfianças em relação aos outros.

NÍVEL DE TRABALHO
 Trabalhar menos e de forma menos compulsiva. Procurar trabalhar de forma mais refletida e
planejada;
 Aprender a trabalhar em equipe, sabendo esperar e dividindo tarefas e responsabilidades;
 Aceitar e avaliar seus erros e fracassos.

Tipo NOVE
NÍVEL HUMANO
 Deslocar-se para o tipo três, exercitando o hábito de se perguntar frequentemente: "o que uma pessoa
do tipo três Faria nessa situação" e procurar agir nessa linha;
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 Cultivar a autoimagem própria do tipo três: "eu tenho sucesso, eu sou capaz";
 Cultivar a idealização própria do tipo três: "eu sou bom se for bem sucedido, competente e eficiente";
 Perceber suas raivas e desacordo. Um bom exercício seria perguntar se frequentemente: "o que estou
sentindo interrogação";
 Resolver problemas, tomar decisões, não adiar nem empurrar com a barriga;
 Cultivar o hábito pessoal de agendar compromissos e tarefas priorizando o essencial, fazendo hierarquia
de valores e lista de prioridades;
 Agir mais, expor se tomar iniciativas e assumir lideranças; valorizar-se, cultivar a autoestima. Um bom
exercício poderia ser cultivar o hábito de anotar o que foi bom e positivo.

NÍVEL ESPIRITUAL

Experimentar a presença de Deus de forma concreta e pessoal, percebendo e vivenciando


intensamente os pequenos sinais da presença do amor de Deus no dia a dia da realidade;
Interagir com o amor de Deus, procurando que esse amor transborde de sua vida através do serviço
e do compromisso com os outros;
Cultivar uma espiritualidade da ação, do trabalho, do compromisso;
Expressar - testemunhar o Deus que é presença suave, a paciência histórica de Deus, o Deus da
compreensão e da ternura, da paz e da harmonia;
Cultivar o modo de orar do esvaziamento.

NÍVEL RELACIONAL
o Envolver-se mais, tomar a iniciativa na amizade, expressar seus sentimentos e desejos;
o Cultivar a autonomia de seus sentimentos, sem se fundir nos outros e sem assumir sentimentos e
problemas dos outros;
o Manifestar suas raivas e desacordos, evitando assim que isso se manifeste de forma indireta pela
agressividade passiva e pela teimosia;
o Assumir suas responsabilidades de forma explícita e cumprir com elas.

NÍVEL DE TRABALHO
 Cultivar o dinamismo e a agilidade no seu ritmo de trabalho;
 Tomar consciência da tendência à rotina e procurar inovar, mudar;
 Não fugir das tarefas difíceis ou que possam gerar conflitos;
 Tomar iniciativa, ousar, criar, não se acomodar;
 Valorizar-se profissionalmente e acreditar em seu potencial.

7. Subtipos Instintivos do Eneagrama


Exercício:

Dos três conjuntos de características abaixo, veja com qual conjunto você se identifica mais, onde você encontra
mais semelhanças, ou seja, onde você se vê mais:

SE:

Ciúme Sedução Imagem Masculino X Feminino Competição/ódio Confidências

Força / Beleza Fascinação Possessividade /Vigor União


AP:

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Ansiedade / preocupação Privilégio Segurança material Imprudência

Castelo Afeição Família Sobrevivência satisfatória Apetite


SO:

Inadaptabilidade Ambição Prestígio Vergonha social Totem

Obrigação / dever Sacrifício Amizade Participação

OS TRÊS INSTINTOS

Todos temos os três instintos: Autopreservação, Social, Sexual (Um a Um)


Cada pessoa tem apenas um desses como dominante e um outro como reprimido. O outro fica em
segundo plano.
O instinto que usamos em segundo plano é "quando tiramos férias da nossa vida", onde tiramos férias
de nós mesmo. Geralmente positivo, embora possa ser influenciado pelo Instinto Reprimido.
Cada um dos Instintos pode manifestar-se mais em determinadas situações ou fases da vida.
Exagero do Instinto: É um problema!
Repressão do Instinto: É um problema!
Harmonizar para crescer.
Quando a Autopreservação é Reprimido: falta regra, organização, perseverança, limites, estabilidade.
Quando o Social é Reprimido: falta generosidade, doação, compromisso social.
Quando o Sexual é Reprimido: falta intensidade, entusiasmo, vigor, vibração.

INSTINTO DE AUTOPRESERVAÇÃO
 É o mais básico, primordial, existe em todas as espécies.
 Defesa da própria vida: sobrevivência física - manutenção da espécie.
 Ligado à percepção dos perigos da vida.
 É algo necessário, saudável, razoável.

O problema é quando ele se torna um drama, uma preocupação exagerada, quando a pessoa reage de modo
desproporcional, de forma distorcida.
Sensação de perigo de morte permanente: por isso reage exageradamente perante qualquer ameaça.
Ansiedade, insegurança física: "vou morrer se tiver isto ou se não tiver aquilo".
A pessoa trata tudo como questão de vida ou morte.
Quando o Instinto é Reprimido, a pessoa tem a sensação de que não sabe cuidar de si. “Sou uma criança”;
isso faz com que a pessoa não dê importância ás questões desta área e assuma um comportamento
autodestrutivo.

INSTINTO SOCIAL
Tem a ver com a sociabilização, a minha relação com o mundo, com a sociedade, com as pessoas sem
geral.
É normal quando entendo a minha vida como serviço aos outros, como tijolo na construção social.
Se for Dominante, isso domina a minha vida, sinto necessidade de ser importante no grupo, ter
influência, fazer parte, ser reconhecido.
Se for Reprimido, manifesta-se certo egoísmo, inconveniência social, não saber respeitar os outros.
Sensação de não saber cuidar dos outros, de não ser bom para os outros. Isso pode gerar culpa e
vergonha.
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Se for intermediário, eu busco essa área das relações sociais quando quero relaxar, tirar férias de mim,
pelo convívio.

INSTINTO SOCIAL (UM A UM)


Não tem a ver com romantismo (isso é emocional). É mais como atração, algo irresistível, de
intensidade, de vibração, vital. É o que me liga a pessoas específicas, significativas, com as quais busco ou
mantenho um relacionamento mais profundo.
Se for Dominante, a pessoa tente a ser estourada, imprevisível, intensa. Confunde a relação íntima: em
vez de vê-la como o caminho para o oceano, passa a vê-la como o próprio oceano. É cheio de vida, vibra.
Se for Reprimido, a pessoa é sem vida, não se sente atrativa, é pesada, murcha.
Se for intermediário, a pessoa "vai de férias" para esta área: Viagem, aventura, intimidade.

Autopreservação: Conexão consigo mesmo, cuidar de si mesmo, necessidade de si mesmo;


Social: Sente necessidade do grupo, do todo - conecta-se com o todo.
Sexual: Conecta-se com uma pessoa, direciona a sua energia para uma pessoa e perde a conexão com o todo. É
a pessoa que olha nos olhos

O instinto dominante pode mudar conforme as situações; Desequilibra quando há ameaças;


Os três instintos precisam ser equilibrados;
 O Dominante é o excesso;
 O Reprimido é a falta;
A Sensação é: se faltar isso (do Dominante) eu morro! É uma questão de vida ou morte.

Subtipo = Pecado de Raiz (paixão) + instinto


O Subtipo é o modo como à energia própria de cada Tipo (Pecado de Raiz - Paixão) se manifesta,
predominantemente, através de um dos instintos. É o canal por onde a energia do Tipo se expande.
Estratégia para preencher a sensação dolorosa (o que falta: carência afetiva nos Tipos Emocionais,
sensação de incapacidade nos Tipos Mentais, sensação de insignificância nos Tipos da inteligência Prática).
Por mim mesmo, através dos outros, através de outro em específico. É um jeito de satisfazer nosso
desejo de plenitude:
 O oceano sou eu;
 O oceano são os outros;
 O oceano é outro;
Um impulso de sobrevivência: comigo, no grupo-sociedade, na relação Um a Um.

Como identificar
 Para onde canalizo mais energia?
 O que para mim é questão de vida ou morte?
 Posso viver sem isso?
 O que tem sido mais importante na minha vida?
 O que sei "fazer" de melhor?
 O que me faz sofrer mais quando falta?
 De qual área eu sinto que não sei cuidar?
 É algo muito fácil de os outros verem em mim?

Importância dos Subtipos no relacionamento interpessoal


Os Subtipos acabem tendo mais influência no relacionamento do que o próprio Tipo.

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Afinidade entre as pessoas que têm o mesmo Subtipo Dominante.
Afinidade entre as pessoas que têm o mesmo Subtipo Reprimido.
Ficamos chocados com o que falta em nós: ridicularizamos, nos outros, manifestações do instinto
Reprimido em nós.
Complementaridade: possibilidade de ajuda mútua e crescimento entre pessoas que têm diferentes
instintos como Dominantes e ou Reprimidos

8. CARACTERIZAÇÃO DOS SUBTIPOS

Tipo UM
AUTOPRESERVAÇAO: PREOCUPAÇÃO – ANSIEDADE: Perfeccionista: tudo certinho, sobretudo na vida
caseira. Às vezes se confunde com o seis social. É o exemplo da retidão. Crítico interno mais forte. Sempre
tentando antecipar ou prever o que pode dar errado na frente. Detalhista. Organização como fim em si mesmo.

SOCIAL: INADAPTABILIDADE – INFLEXIBILIDADE: Acha que tem a fórmula perfeita. Existe uma maneira
certa, que é a dele, e quer que todos se alinhem com essa fórmula perfeita. E como nem todos se alinham com
ele, acaba se sentindo inadaptado ao grupo. É aristocrático: superioridade moral. Os outros não são capazes.
Rígido. Rainha da Inglaterra: "Olhe para mim e veja como você deve ser"

SEXUAL: CIO - CIÚME – CALOR: Aperfeiçoador do outro. Acessa o desejo o tempo inteiro, mas isso não é
permitido. Olha para o outro tendo desejo, mas acha que é errado.
Tenta aperfeiçoar o outro o tempo todo. Como os outros não seguem a cartilha, surge à raiva justa: "Eu
mereço esse prazer, que é justo, porque eu já o reprimi demais". É o mais ciumento de todos os 27 tipos do
Eneagrama. "Ele não deveria fazer o que está fazendo, não cumpriu a parte dele" e isso vem com um "calor".
Pode ter um cio animalesco com épocas de mais intensidade. Veemência, convicção, moralismo, neurose
corretiva. Autorização moral de expressar a raiva: a santa indignação em nome de uma causa que considera
sendo nobre.

Os Subtipos de Autopreservação são mais recatados e tranquilos.


Os Subtipos Sociais são mais interativos, tentam integrar todos. Percebem quem está deslocado.
Tem que falar para todos ouvirem. Exclui pessoas.
Os Subtipos Sexuais fixam atenção em quem está falando, volta-se para quem dirige.
Relação direta. Muita energia, vigor. Entusiasta. Busca pessoas interessantes; Intensidade. Sente-se vivo
e elétrico. A relação é seletiva, ou seja, pontual. Atrai e acolhe as pessoas.

Tipo DOIS
AUTOPRESERVAÇÃO: "EU PRIMEIRO": Privilégio: por alguma razão, eu achei que meu pai e minha mãe
não me deram e eu aprendi a conquistar isso sendo agradável, amável, caloroso. É carinhoso, não tanto invasivo.
Vou cuidar servir, nutrir (nutridor) e com isso eu consigo com que os outros me sirvam. Acaba tendo uma vida
muito dependente dos outros: "Eu preciso me manter dependente para achar que recebo alguma coisa de
alguém". Tem muita dificuldade em confiar. É muito difícil admitir o orgulho. Cheio de caprichos. Eu quero
porque quero. Eu mereço você tem que me dar.

SOCIAL: "AMBIÇÃO": É a eminência parda, o poder por trás do trono. A pessoa que faz a diferença para
o chefe. Seduz o ambiente e o grupo. É o centro do grupo, da família. Conquistador. Necessidade de estar com
os importantes. Ambição de destaque.

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SEXUAL: "SEDUÇÃO AGRASSIVA": Fatal! Sedutor infalível! Faz de tudo para ter impacto. Adulação pura,
não apenas para agradar, mas para impactar mesmo É estrategicamente útil. Hipnotiza.

Tipo TRÊS
AUTOPRESERVAÇÃO: SEGURANÇA (MATERIAL): Apego a posses e a tudo o que significa segurança. Às
vezes, a vaidade de não ter vaidade. Diz não precisar de holofotes e reconhecimentos. Não gosta de admitir que
é vaidoso, e continua no autoengano. É o que tem mais tendência a ser viciado em trabalho. É movido por uma
grande insegurança. Tem mais a ver com segurança material e menos com reconhecimento. Eficiência e
controle. Mais preocupado com o resultado do que com a imagem. Flores de aço. Faz cara de paisagem mesmo
quando a barriga treme.

SOCIAL: PRESTÍGIO: É a quintessência do três: aparecer, holofotes, serpentinas. Admite precisar de


reconhecimento. Gosta de palco e destaque. Tem facilidade em transitar em diferentes públicos e camadas
sociais. Gasta muita energia para saber o que fazer com cada público, para se adaptar a ser reconhecido (roupas,
fala etc.), procura títulos, posição social.

SEXUAL: IMAGEM (do que o parceiro espera dele): Imagem do masculino/feminino típico. Tende a ser
mais tímido' Parece ter menos energia sexual. No relacionamento um a um, o objetivo é dar prazer ao outro,
agradar ao outro mais do que a ele próprio. Torna-se protótipo do que o outro espera dele. É menos exibido.
Parece mais com o Tipo dois.

Tipo QUATRO
AUTOPRESERVAÇÃO: INTREPIDEZ - IMPRUDÊNCIA: É o contrário do que se espera da autopreservação:
coloca a vida em risco, no limite, para sentir a vida. Só se sente vivo quando está em risco ser comum, regular é
como estar morto. Esporte radical. Não demonstra sofrimento com facilidade parece não sofrer. Resignação à
dor' "É tão complicada essa coisa de sofrimento que eu vou mostrar que posso não sofrer, olha como eu não
reclamo de nada, olha como eu aguento até o fim, chega de frustração". Tenta ser visivelmente diferente. Fazer
algo inusitado. Tenacidade - esforço.

SOCIAL: VERGONHA SOCIAL: Cachorro Basse. O sofredor, a vítima. Auto sabotagem. Mergulha no
sofrimento' "Por mais que eu faça, não tem jeito - você nunca vai me entender". Vergonha de ser visto. A inveja
é invertida. Dificuldade em se sentir igual, sente-se inadequado, sujo, sem autoestima.

SEXUAL: COMPETIÇÃO, RIVALIDADE E ÓDIO: Compete no grito, acusa verbalmente. "Eu vou conquistar
no berro-quanto mais eu reclamo, mais eu conquisto". Às vezes, faz isso com raiva e ódio. Torna-se parecido
com o oito. Intensidade, ironia, ódio, vinganças, maldades maquinadas, frutos da inveja. É o quatro que chora
menos, pois reprime o seu choro. É o quatro "sem vergonha", "cara de pau" e que faz coisas difíceis o tempo
todo. "seca-pimenteira", "olho grande”, “ronda defuntos".

Tipo CINCO
AUTOPRESERVAÇÃO: CASTELO: Existe um lugar onde eu me refugio para manter a minha privacidade,
para preservar o meu espaço da invasão do outro. Autossuficiência. Viver com o mínimo indispensável.
Quanto menos, melhor. “Não preciso trocar, compartilhar”. É o cinco mais fechado, murado. Enciclopédia.
Casa/Lar. Toca. Tatu.

SOCIAL: TOTEM: Dominado pelo medo de não ser incluído. Sensação de não ter turma, de não ser
aceito. Tenta se sentir incluído, mas nunca se sente incluído. É o cinco mais sociável. Precisa de um grupo
especial que compartilhe as mesmas ideias e aí ele se sente "quase" presente. Nesse grupo, ele sente a
cumplicidade e consegue se abrir. Sente-se confortável no grupo. É um grupinho especial, que dá segurança. O
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conhecimento específico do mais específico, isso dá um prazer especial. Nesse grupo, o envolvimento é alto,
embora frio. Acaba o conhecimento, acaba a conexão com o grupo. Autoestima baixa: "Um dia, o mundo vai
descobrir o meu valor".

SEXUAL: CONFIDÊNCIAS: Liga-se na pessoa e com ela compartilha o seu conhecimento, mantendo o
controle. Sente que pode sair quando quiser. Nessa relação, sente-se suficiente. É o cinco anticinco: fala mais,
sedutor, parecido com o sete. Falta de profundidade nos relacionamentos e conhecimentos. É o mais inseguro
dos cinco, sensação de menos valia. Sente-se um nada, vazio. Não escolhe, espera ser escolhido. Sensação de
não ter sido visto. Tranca tudo. Invasor. Tirano de alcova.

Tipo SEIS
AUTOPRESERVAÇÃO: CALIDEZ, MEIGUICE, AFETO: Acolhedor confunde-se com o dois. "Eu detecto o
inimigo e minha estratégia é aproximar-me dele sendo meigo, para desarmá-lo". Ursinho de pelúcia. Ternurinha.
Gatinho. É o mais orgulhoso, ao ponto de ficar tímido com medo de ser humilhado. Precisa uma companhia
forte.

SOCIAL: DEVER / OBRIGAÇÃO: Parece com o um e o três. Identifica onde está o dever, mesmo que não
necessariamente ele o faça. Eficiência. Responsabilidade absoluta. Onde está o dever, eu me jogo 110%. Isso
desequilibra os papéis: excesso de dever. Acaba perturbando o grupo e ele fica ressabiado com o grupo.
Legalista. Divide o grupo em mocinhos e bandidos. Prussiano.

SEXUAL: FORÇA E BELEZA: É o antiseis. Não é austero como o social. É menos previsível. O objetivo é
impactar o outro, seja pela beleza ou pela força. Tem a sensação de que se não impactar, os relacionamentos
vão ruir: "Vou ser exterminado". Impotência. Causa/efeito. Presença. Acredita que as pessoas mais bonitas ou
mais inteligentes, ou mais fortes etc. são mais confiáveis.

FÓBICO – PRUSSIANO – CONTRA FÓBICO: Alguns autores identificam o Subtipo Autopreservação como
sendo sempre Fóbico, o Subtipo Social como sendo sempre o Prussiano e o Subtipo Sexual como sendo sempre
o Contra fóbico. Isso pode expressar uma tendência, mas parece não haver essa redução - identificação pura e
simples.

Tipo SETE
AUTOPRESERVAÇÃO: FAMÍLIA – GRUPINHO: Família de origem e segunda família como apoio para fazer
o que quer. Defendo os que pensam igual a mim. Alinham-se com pessoas que validam seus pontos de vista,
suas posições. Cria alianças. É estratégico. Excelente relacionamento. Mais habilidade de negociação.
Oportunístico: gula de levar vantagem. É um castelo, mas com pessoas (diferente dos cinco).

SOCIAL: SACRIFÍCIO – MÁRTIR: Parecido com o nove e o dois. Não basta eu garantir o meu prazer pra
evitar a minha dor, é preciso que todo mundo esteja bem, que ninguém sofra. É idealista (não tanto como o
sexual). Precisa de mais reconhecimento que os outros: reconhecimento por ser bom. Tolera sofrimento em prol
do prazer coletivo. É o contrasete. Parece sóbrio.

SEXUAL: FASCINAÇÃO – SUGESTIONABILIDADE: Sonhador, idealista. Vê o mundo com lente colorida.


Quando encontra algo que expresse isso, fica fascinado. Ilude-se. Imaginação fértil e positiva. Entusiástico. Gula
pura. Intensidade + gula = fascínio. Fascinado até a lua de mel. Vende geladeira pra esquimó. Vendedor.
Falador. Quer que os outros o aplaudam. Convence a si mesmo e aos outros pela palavra.

Tipo OITO

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AUTOPRESERVAÇÃO: SOBREVIVÊNCIA SATISFATÓRIA: Bunker: o mundo está em guerra, tenho que
garantir a minha sobrevivência. Ter uma garantia disponível. Se não tiver, entra em pânico. Diz respeito a todos
os recursos disponíveis. Faz pelos outros tantos ou mais do que faz por ele. Altamente protetor. Intolerância
grande. Tem que ser tudo rápido e abundante. Leão: só se movimenta quando tem fome e nesse caso, se torna
devastador. Intolerância à frustração. Pode guardar raiva por muito tempo. Satisfação a todo custo, sem levar
em conta o outro.

SOCIAL: AMIZADE: Às vezes pode se manifestar-se como antissocial. Tendência a ser sociopata.
Provocativo. Tem total necessidade de ter o controle do grupo social. Vingança mais manipuladora. "Diplomata"
Mais político. Amizade com tempero de exagero. Excesso. Luxúria. Gangue. Junta-se com outros tão forte
quando ele. É capaz de se aliar a pessoas fortes com quem antes brigou. Pacto de sangue Fio do bigode. Por mim
ou contra mim. Desclassifica quem sai do seu time: quem sai é desertor. Nega o pedido de demissão e demite na
semana seguinte. É mais emocional. Otimismo. Contrário à corrente. Geralmente teve problemas na relação
com o pai. Em criança, crê que não teve nenhum amor do pai e protege a mãe do pai. Queima de arquivo.
Amizade-cumplicidade. Nós contra o mundo: vale a nossa lei. A lei externa só serve para castigar o inimigo ou
para ser desobedecida. A lei interna é sagrada. Não aceita regras externas.

SEXUAL: POSSESSIVIDADE – VIGOR: É o 8 mais emotivo. Sobretudo nas mulheres. Em tudo, manter o
controle das pessoas ao redor. Ciúmes. Quer saber onde cada pessoa está a cada minuto. Rastreando. Quer ter a
posse de cena para se sentir central. Atrai todo mundo. Monopoliza, seduz, fascina. Possessivo (homem);
Entrega (mulher).

Tipo OITO
AUTOPRESERVAÇÃO: APETITE: Por qualquer coisa menos importante que o nove possa fazer para
preencher o espaço interior (da falta de amor). Coisas pequenas como TV, comida, colecionar coisas que não
sejam essenciais etc. Dedicação a pequenas tarefas. Isso também pode ser para ganhar dinheiro, fazer coisas de
casa, mas tudo isso sempre como "esquecimento de si". É o mais guloso. Prático, mas rude, básico, concreto.
Mais parecido como sete. Disperso. Comodidade, luxo, conforto.

SOCIAL: PARTICIPAÇÃO: Está no mundo, faz parte de grupos, movimentos. Parece valorizar-se mais.
Quer participar, sem ser o centro dos holofotes. Quer participar de tudo, mais do que deveria. Envolve-se
demais. Tende a ser mais líder. Dá atenção a todas essas participações, para não olhar para si. É mais
comunicativo. Bem visto socialmente. Ele se vê através de grupos. Pode ter uma generosidade estúpida.

SEXUAL: UNIÃO – FUSÃO: É facilmente hipnotizado pelas coisas e/ou pessoas. Perda de identidade.
Sente-se esquecido e perde-se completamente no outro, na relação, nas coisas. Segue o outro. Fica anestesiado.
Ficam fascinados com coisas, pessoas, animais, plantas etc. Busca a união de tal forma que se transforma no
outro. Simbiótico. É uma fusão onde ele não brilha, ao contrário, apaga-se no outro. Vive através do outro.

9. CRESCIMENTO
A consciência dos Subtipos ajuda a perceber as diferenças importantes no jeito de ser e agir das pessoas
do mesmo Tipo e evita visões estereotipadas da tipologia do Eneagrama. Mas, muito, além disso, nos dá pista
importante de crescimento. Harmonizar os instintos é tarefa fundamental e primordial no processo de
amadurecimento. Se os três instintos são fundamentais para o nosso equilíbrio vital, precisamos dispor deles de
forma mais ou menos harmoniosa. Tomar consciência do desequilíbrio dos instintos, identificando o Dominante
e o Reprimido é a primeira tarefa de domada de consciência.

9.1 Maneirar no instinto Dominante - tendo em conta que canalizamos um nível exagerado de energia
para esse instinto, o que faz com que nos preocupemos exageradamente com as questões a ele relacionadas,
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sendo assim, é importante tirar o pé do acelerador. Quando damos importância de maneira exagerada a uma
determinada área na nossa vida, além do desgaste de energia ser alto, sofremos demais quando essa área é de
alguma forma ameaçada. Como temos tendência a fazer do instinto Dominante uma questão de vida ou morte,
tomar consciência dessa distorção nos convida a amenizar a atenção dada a essa dimensão. Relativizar é a
questão, ou seja, relaxar.

9.2 Cultivar o instinto Reprimido - Como não sabemos lidar com essa área da nossa vida, sentimo-nos
como "crianças sem jeito" perante as questões relacionadas com esse instinto. A sensação de não saber lidar
com isso por nos levar ao descaso ou até a rejeição por essa área. Isso pode gerar um comportamento
desastroso nessa dimensão, o que é tão importante para a nossa vida quanto os outros instintos. Assim,
podemos considerar que o cultivo desse instinto reprimido, é de crucial importância para o nosso equilíbrio vital.

9.2.1 O único jeito é pedir ajuda a pessoas que têm esse instinto Dominante: tento em conta que se
trata de um instinto e que instinto é impulso, e sendo assim, não depende da emoção, muito menos da razão,
fica claro que precisamos pedir e aceitar ajuda das pessoas que sabem lidar bem com tal instinto e com questões
ligadas a ele. Se nos sentimos como crianças perante essa área de nossa vida, precisamos ter a humildade de
aceitar a ajuda de alguém que nos dê a mão e nos ensine a andar.

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