Psicologia
Psicologia
Psicologia
Coimbra, 2012
PERFIL COGNITIVO E PERFIL DE CAPACIDADES E
DIFICULDADES DE CRIANÇAS COM PERTURBAÇÃO DE
HIPERATIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO (PHDA)
Introdução ………………………………………………………………………………... 1
Participantes ………………………………………………………………………. 7
Procedimentos ……………………………………………………………………... 8
Instrumentos ………………………………………………………………………. 9
Resultados ………………………………………………………………………………... 15
Discussão …………………………………………………………………………………. 25
Conclusão ………………………………………………………………………………… 30
Bibliografia ……………………………………………………………………………….. 32
Anexos ……………………………………………………………………………………. 36
Figura 2 - Comparação do Perfil de valores médios obtidos nos QIs e Índices Fatoriais
da WISC-III para o Grupo 1 (sem PHDA) e para o Grupo 2 (com PHDA)……………... 22
Figura 4 - Comparação dos valores médios obtidos no SDQp (Grupo 2) com os valores
limítrofes de referência do instrumento…………………………………………………… 23
Figura 5 - Comparação dos valores médios obtidos no SDQpr (Grupo 2) com os valores
limítrofes de referência do instrumento…………………………………………………… 23
Índice de Quadros
Quadro 1 - Itens que constituem as cinco escalas medidas pelo SDQp e SDQpr……….. 10
IF – Índice Fatorial
QI – Coeficiente de Inteligência
Introdução
sujeitos com esta perturbação podem não dar atenção suficiente aos pormenores ou
podem cometer erros por descuido nas tarefas” (APA, 2006, p. 85).
A impulsividade caracteriza-se por uma incapacidade de controlo voluntário
em resposta às exigências da situação. Resume-se, portanto, a um fracasso na
inibição do comportamento (Lopes, 2004). Também aqui se verificam dificuldades
inerentes à rapidez de resposta e imprecisão. “A impulsividade manifesta-se por
impaciência, dificuldade para adiar respostas, precipitação das respostas antes que
as perguntas tenham acabado, dificuldade em esperar pela sua vez, interromper ou
interferir frequentemente com os outros ao ponto de provocar problemas em
situações sociais, escolares ou laborais” (APA, 2006, p. 86).
A hiperatividade refere-se a níveis de atividade motora superiores à média,
podendo também contemplar níveis elevados de atividade vocal. “A hiperatividade
pode manifestar-se por estar inquieto ou mover-se quando está sentado, não ficar
sentado quando se espera que o faça, correr ou saltar excessivamente em situações
em que é inadequado fazê-lo, ter dificuldades em andar ou atuar como se “estivesse
ligado a um motor” ou frequentemente falar em excesso” (APA, 2006, p. 86).
As causas da PHDA estão longe de serem consensuais, este facto é bastante
evidente na multiplicidade de modelos teóricos explicativos existentes. De acordo
com Sergeant, Geurts, Huijbregts, Scheres e Oosterlaan (2003), são geralmente
apontados cinco modelos: o Modelo de Aversão ao Adiamento (Delay Aversion
Model), o Modelo da Ativação/Inibição Comportamental (Behavioral Inhibition /
Activation Model), o Modelo da Inibição (Inhibition Model), o Modelo das Funções
Executivas (Executive Function Model) e o Modelo Cognitivo-Energético (Cognitive-
Energetic Model). Alguns autores focalizam os défices neurológicos da PHDA no
córtex frontal (“Top” of the system) (Barkley, 1997), enquanto que outros se referem a
instâncias subcorticais e ao tronco cerebral (“Bottom” of the system) (Sergeant,
Oosterlaan & Meere van der, 1999).
O Modelo de Aversão ao Adiamento sugere que as crianças com PHDA são
incapazes de atrasar a recompensa, exibindo falhas no controlo inibitório (Sonuga-
Barke, Houlberg & Hall, 1994). Este modelo refere-se a processos “Top-Bottom” e
2
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
3
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
4
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
5
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
6
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Materiais e Métodos
Participantes
Este estudo foi constituído por quatro amostras. Uma amostra de pais e de
professores de crianças composta por 52 sujeitos. E ainda, duas amostras de crianças
de ambos os sexos residentes no Distrito de Leiria e com idades compreendidas
entre os 6 e os 12 anos, que constituíram o Grupo 2 (com PHDA) com 25 sujeitos, e o
Grupo 1 (sem PHDA) com 27 sujeitos.
Para a integração no Grupo 2 (com PHDA), as crianças deveriam cumprir os
seguintes critérios:
- Possuir um diagnóstico efetivo de PHDA, tendo sido este critério verificado
através de relatórios anteriores (cedidos para consulta pelos pais) de profissionais de
saúde, como pediatras e psicólogos; não apresentar défice cognitivo (QIEC na WISC-
III igual ou superior a 80, correspondente ao limite superior da classificação Médio
Inferior a partir da qual, em sentido descendente, se considera que a criança
7
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Procedimentos
Os dados foram recolhidos entre os meses de Agosto e Dezembro de 2011. Os
sujeitos selecionados por conveniência foram encaminhados para um consultório
particular devidamente autorizado (Anexo 2) onde se realizou a avaliação.
Inicialmente efetivou-se uma entrevista informal aos pais com o intuito de
explanar a investigação, obter o consentimento informado e garantir alguns critérios
de inclusão para os diferentes grupos, nomeadamente, a certificação de que as
crianças do Grupo 2 (com PHDA) não se encontravam medicadas (Metilfenidato) no
momento da avaliação. Seguidamente foram entregues aos pais os questionários
SDQp (versão para pais) e SDQpr (versão para professores), com indicações para o
seu preenchimento e posterior devolução (o contato com os professores foi reduzido,
tendo ficado ao cuidado dos pais a função de entrega e recolha do questionário
SDQpr).
Posteriormente foi dado início à avaliação com a WISC-III. Visto que o
instrumento utilizado é extenso, e com a finalidade de minimizar variáveis parasitas
(p.e. o cansaço), este momento compreendeu duas etapas, subdividindo-se a WISC-
8
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Instrumentos
Esta descrição comporta os instrumentos utilizados para obter a avaliação das
capacidades e dificuldades das crianças na perspectiva dos pais e dos professores,
assim como, para avaliar as próprias crianças.
1 Este instrumento encontra-se sujeito a direitos de autor, no entanto, constitui-se de livre acesso e utilização. Encontra-se
Quadro 1
Itens que constituem as cinco escalas medidas pelo SDQp e SDQpr.
Escalas Itens
- Queixa-se frequentemente de dores de cabeça, dores de barriga ou vómitos.
- Tem muitas preocupações, parece sempre preocupado/a.
Sintomas
- Anda muitas vezes triste, desanimado/a ou choroso/a.
Emocionais
- Em situações novas é receoso/a, muito agarrado/a e pouco seguro/a.
- Tem muitos medos, assusta-se com facilidade.
- Enerva-se muito facilmente e faz muitas birras.
- Obedece com facilidade, faz habitualmente o que os adultos lhe mandam.*
Problemas de
- Luta frequentemente com as outras crianças, ameaça-as ou intimida-as.
Comportamento
- Mente frequentemente ou engana.
- Rouba em casa, na escola ou em outros sítios.
- É irrequieto/a, muito mexido/a, nunca para quieto/a.
- Não sossega. Está sempre a mexer as pernas ou as mãos.
Hiperatividade - Distrai-se com facilidade.
- Pensa nas coisas antes de as fazer.*
- Geralmente acaba o que começa, tem uma boa atenção.*
- Tem tendência a isolar-se, gosta mais de brincar sozinho/a.
- Tem pelo menos um bom amigo/ uma boa amiga.*
Problemas de
- Em geral as outras crianças gostam dele/a.*
Relacionamento
- As outras crianças metem-se com ele/a, ameaçam-no/a ou intimidam-
com os Colegas
no/a.
- Dá-se melhor com adultos do que com outras crianças.
- É sensível aos sentimentos dos outros.
- Partilha facilmente com outras crianças (guloseimas, brinquedos, lápis, etc.)
Comportamento
- Gosta de ajudar se alguém está magoado, aborrecido ou doente.
Pró-Social
- É simpático/a e amável com crianças mais pequenas.
- Sempre pronto/a a ajudar os outros (pais, professores ou outras crianças).
* Itens de ordem invertida.
“Essas dificuldades incomodam ou fazem sofrer o seu filho / a sua filha?” e “Essas
dificuldades perturbam o dia-a-dia do seu filho / da sua filha nas seguintes áreas? Em casa;
Com os amigos; Na aprendizagem na escola; Nas brincadeiras/tempos livres”, às questões
para os Professores “Essas dificuldades incomodam ou fazem sofrer o aluno / a aluna?” e
“Essas dificuldades perturbam o dia-a-dia do aluno / da aluna nas seguintes áreas? Relações
com os colegas; Na aprendizagem na escola”.
Verificamos assim que, no SDQp para o Suplemento de Impacto temos um
somatório de cinco respostas que varia entre 0 (Zero) e 10 (Dez); e no SDQ pr temos
um somatório de três respostas que variam entre 0 (Zero) e 6 (Seis).
As respostas às questões sobre a cronicidade e sobrecarga para os outros não
são incluídas na cotação do Suplemento de Impacto. Quando os entrevistados
responderem “Não” à primeira questão opcional para pais “Em geral parece-lhe que o
seu filho/ a sua filha tem dificuldades em alguma das seguintes áreas: emoções, concentração,
comportamento ou em dar-se com outras pessoas?”, ou à primeira questão opcional para
professores “Em geral parece-lhe que este aluno/ esta aluna tem dificuldades em alguma das
seguintes áreas: emoções, concentração, comportamento ou em dar-se com outras pessoas?”
Não deverão responder às restantes questões, e nestas circunstâncias, a pontuação
do Suplemento de Impacto será automaticamente 0 (Zero).
A interpretação das pontuações obtidas para os diferentes entrevistados poderá
ser consultada no Anexo 5.
A escolha deste instrumento para a presente investigação tem por base as suas
boas propriedades psicométricas, nomeadamente, de validade e fidedignidade,
assim como a fácil aplicação e cotação (Marzocchi et al., 2004). Este instrumento
apresenta uma especificidade de 94,6% e uma sensibilidade de 63,3%, atingindo os
70,0% para problemas de comportamento, hiperatividade, perturbações do humor e
ansiedade (Moura, Encarnação & Gomes, 2010).
11
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Quadro 2
Objetivos específicos para cada subteste da WISC-III.
2 Este instrumento encontra-se sujeito a direitos de autor, não sendo por esse motivo possível a divulgação dos procedimentos
Quadro 2
Objetivos específicos para cada subteste da WISC-III (Continuação).
13
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Análise Estatística
O programa informático de análise estatística utilizado foi o Statistical Package
for Social Sciences (SPSS) – Versão 19.0. Para este estudo foi utilizada a Estatística
Descritiva, nomeadamente, Frequências Relativas, Medidas de Tendência Central
(Mediana e Média) e ainda, Medidas de Dispersão e Variabilidade (Desvio-Padrão).
Antes da aplicação do teste estatístico, foi utilizado o teste Kruskal-Wallis
(N>50) afim de verificar a normalidade da distribuição dos dados. Como a
distribuição não era normal, foram utilizados testes não paramétricos, como o Qui
Quadrado, teste U de Mann Whitney para amostras independentes e o teste
Wilcoxon para amostras emparelhadas.
Os valores em falta foram substituídos pela média das respostas, em virtude de
se totalizarem como inferiores a 10% (Pestana & Gageiro, 2005).
14
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Resultados
Tabela 1
Resultados da aplicação do teste Qui Quadrado à variável sexo consoante o grupo de pertença da
amostra.
χ² 0,0 p=1,0
Tabela 2
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney à variável idade consoante o grupo de pertença
da amostra.
Média de
N s Med Rank
U Z p
Grupo 1
Idade (sem PHDA) 27 7,9 1,6 8,0 24,6
286,5 -0,9 0,343
(Anos) Grupo 2
(com PHDA) 25 8,5 2,0 8,0 28,5
15
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Tabela 3
Distribuição das crianças consoante o ano de escolaridade por grupo de pertença.
1º 5 18,5 6 24,0
2º 7 25,9 6 24,0
3º 4 14,8 2 8,0
Ano
4º 7 25,9 1 4,0
Escolaridade
5º 2 7,4 4 16,0
6º 1 3,7 6 24,0
7º 1 3,7 0 00,0
b) Teste de Hipóteses
H1: As crianças do Grupo 2 (com diagnóstico de PHDA) apresentam um
Perfil Cognitivo inferior às do Grupo 1 (sem diagnóstico de PHDA).
Pela análise dos resultados referentes aos subtestes que compõem o QIV
verificámos que as crianças pertencentes ao Grupo 2 (com PHDA) apresentaram,
uma Média de Rank mais baixa em todas as áreas. Deste modo as diferenças têm
significado estatístico, com exceção do subteste Informação (Tabela 4).
Tabela 4
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para a variável QIV consoante o grupo de
pertença da criança.
16
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Pela análise dos resultados referentes aos subtestes que compõem o QIR
(Tabela 5) verificámos que as crianças pertencentes ao Grupo 2 (com PHDA)
apresentaram, uma Média de Rank mais baixa em todas as áreas. Podemos, ainda,
referir a existência de diferenças estatisticamente significativas em cinco subtestes,
sendo que apenas o subteste Código não apresenta diferenças entre os dois grupos.
Tabela 5
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para a variável QIR consoante o grupo de
pertença da criança.
Tabela 6
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para as variáveis QI e Índices Fatoriais
consoante o grupo de pertença da criança.
17
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Tabela 7
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para a variável Percentis referente aos QIs e aos
Índices Fatoriais, consoante o grupo de pertença da criança.
Tabela 8
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para a variável Capacidades e Dificuldades na
opinião dos pais, consoante o grupo de pertença da criança.
19
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Tabela 9
Resultados da aplicação do teste U de Mann Whitney para a variável Capacidades e Dificuldades na
opinião dos professores, consoante o grupo de pertença da criança.
20
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Tabela 10
Resultados da aplicação do teste Wilcoxon para a análise das diferenças entre pais e professores na
avaliação das Capacidades e Dificuldades, consoante o grupo de pertença da criança.
13
12
11
10
8
Grupo 1 (sem PHDA)
7
Grupo 2 (com PHDA)
6
Figura 1. Comparação do Perfil de valores médios obtidos nos diferentes subteste da WISC-III para o
Grupo 1 (sem PHDA) e para o Grupo 2 (com PHDA).
21
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
115
110
105
100
95
90
85 Grupo 1 (sem PHDA)
80 Grupo 2 (com PHDA)
Figura 2. Comparação do Perfil de valores médios obtidos nos QIs e Índices Fatoriais da WISC-III
para o Grupo 1 (sem PHDA) e para o Grupo 2 (com PHDA).
70
65
60
55
50
45
40
35
30 Grupo 1 (sem PHDA)
25
Grupo 2 (com PHDA)
20
Figura 3. Comparação do Perfil de valores médios obtidos nos Percentis de QIs e Índices Fatoriais da
WISC-III para o Grupo 1 (sem PHDA) e para o Grupo 2 (com PHDA).
22
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
8 7
7 6
6
5
5
4
4
3
3
2 2
1 1
0 0
* A dimensão Comportamento Pró-Social é invertida, a partir do valor limítrofe encontram-se os valores normais.
Figura 4. Comparação dos valores médios obtidos Figura 5. Comparação dos valores médios obtidos
no SDQp (Grupo 2) com os valores limítrofes de no SDQpr (Grupo 2) com os valores limítrofes de
referência do instrumento. referência do instrumento.
24
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Discussão
25
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Informação presente no ACID Profile). Podemos sugerir que o subteste Código possa
não se apresentar discriminativo para a PHDA, por comtemplar factores mais
abrangentes de caráter pessoal, como sejam, a ansiedade e o trabalho sob pressão
visto que esta é uma prova condicionada a um curto período de tempo.
Os subtestes Semelhanças, Vocabulário e Compreensão (Área Verbal) são
considerados, nos dados deste estudo, como discriminativos para a PHDA.
Consideramos que estas diferenças (por comparação com o ACID profile e com o
SCAD profile) poderão dever-se à natureza das provas, que apontam para
competências do conteúdo e relação conceptual, assim como de raciocínio prático e
adaptação social; em tudo áreas que apresentam défices e comprometimento nas
crianças com PHDA (Reynolds & Fletcher-Janzen, 2009; Gozal & Molfese, 2005). Os
subtestes Completamento de Gravuras, Disposição de Gravuras, Cubos e
Composição de Objetos (Área da Realização) são também considerados neste estudo,
como discriminativos para a PHDA. Consideramos que estas diferenças (por
comparação com o ACID profile e com o SCAD profile) poderão dever-se novamente à
natureza das provas, que apontam para competências no âmbito da memória visual,
percepção visuo-espacial e coordenação e organização motora; em tudo áreas que
apresentam défices e comprometimento nas crianças com PHDA (Reynolds &
Fletcher-Janzen, 2009; Gozal & Molfese, 2005).
Constata-se que a média dos scores obtidos pelos sujeitos nos subtestes
correspondentes ao QIV e ao QIR é mais baixa no Grupo 2 (com PHDA). Situação
que demonstra que as crianças com PHDA exibem em média um Perfil Cognitivo
com valores mais baixos do que as crianças sem patologia. É também interessante
verificar que as médias dos scores obtidos pelo Grupo 2 (com PHDA) nos subtestes
do QIR, são inferiores às obtidas pelo mesmo grupo para os subtestes do QIV. Facto
que aponta para comprometimentos mais evidentes em provas de realização, e não
tanto em provas de caráter verbal. De acordo com Marcelino et al. (1998) as crianças
com PHDA exibem valores médios mais elevados em provas de cariz verbal por
comparação com um grupo de crianças com dificuldades de aprendizagem.
26
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
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Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
28
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
29
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Conclusão
30
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
31
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Bibliografia
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35
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
ANEXOS
36
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Anexo 1
Consentimento Informado
37
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
No âmbito da realização de uma Tese de Mestrado subordinada ao tema “Perfil Cognitivo e Perfil de
Capacidades e Dificuldades da Criança com PHDA” elaborada pela aluna Ana Eloísa Val O. V. de Oliveira do
Instituto Superior Miguel Torga (ISMT - Coimbra), apela-se desde já à sua colaboração.
Mais especificamente, este estudo contempla a aplicação de um instrumento de Avaliação Cognitiva (WISC-
III) e o preenchimento de um Questionário para Pais (SDQ – Pais) e de um Questionário para Professores (SDQ
– Professores).
A aplicação do referido Instrumento é individual estando a cargo da responsável pelo estudo devidamente
credenciada e treinada para esse efeito.
Pela nossa parte, comprometemo-nos a salvaguardar os melhores interesses das crianças e adolescentes e
a respeitar os seus interesses e motivações, sendo a participação dos mesmos voluntária.
Reafirmando o interesse de que se reveste esta investigação para a Psicologia e o Ensino, aproveitamos
para lhes apresentar os nossos melhores cumprimentos.
38
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
AUTORIZAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO
(Consentimento Informado)
Declaro que tomei conhecimento dos objetivos e das condições de participação no estudo
“Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades da Criança com PHDA” referente à elaboração
de uma Tese de Mestrado da qual é responsável Ana Eloísa Val O. V. de Oliveira, aluna do Instituto
Superior Miguel Torga (ISMT – Coimbra).
39
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Anexo 2
Declaração
40
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
41
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Anexo 3
Questionário de Capacidades e Dificuldades (Versão para Pais)
The Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ
42
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
43
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
44
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Anexo 4
Questionário de Capacidades e Dificuldades (Versão para Professores)
The Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ
45
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
46
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
47
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
Anexo 5
Cotação e Interpretação do
Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ)
48
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
49
Perfil Cognitivo e Perfil de Capacidades e Dificuldades de Crianças com PHDA
50