Origem Do Arminianismo

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Missionários foram enviados para vários países, inclusive o Brasil. No dia 12 de


agosto de 1859 chegou ao

A ORIGEM DO ARMINIANISMO

João Calvino (1509-1564) faleceu no dia 27 de maio de 1564, antes de completar


55 anos de idade. Não teve uma vida muito longa, mas realizou uma grande obra.
Além de suas atividades políticas, administrativas e eclesiásticas, Calvino foi um
grande teólogo. Mas ele se caracterizava mais como formulador do que como cria-
dor. Por isso, suas obras são a sistematização das doutrinas ensinadas pelos grandes
pensadores cristãos, chamados de Pais da Igreja, e pelos reformadores. Sua princi-
pal obra – Instituição da Religião Cristã, conhecida como As Institutas de Calvino
– é o mais profundo e o mais completo tratado de Teologia produzido no período
da Reforma.

A fama e a influência de Calvino se espalharam por toda a Europa. “Ele moldou o


pensamento e inspirou os ideais do protestantismo da França, Países Baixos,
Escócia e dos puritanos ingleses. Sua influência penetrou na Polônia e na Hungria,
e antes de sua morte o calvinismo lançara raízes na própria Alemanha. Os homens
seguiam seus pensamentos. O sistema dele foi o único que a Reforma produziu que
se pôde organizar poderosamente em face da hostilidade governamental, tal como
na França e na Inglaterra. Preparou homens fortes, certos de sua eleição para cola-
boradores de Deus na execução de Sua vontade, corajosos na luta, exigentes
quanto ao caráter, confiantes de que Deus dera nas Escrituras a norma de toda a
conduta humana e culto adequado”.

Após a morte de Calvino, alguns teólogos, sob a influência das tradições human-
istas, passaram a questionar algumas doutrinas formuladas por ele. Entre estes
destacou-se Jacó Arminius (1560-1609), professor da Universidade de Leyden, na
Holanda. O sistema de doutrina formulado por Arminius em oposição às doutrinas
formuladas por Calvino é conhecido como arminianismo. Após a morte de Armin-
ius, um grupo de seus seguidores redigiu um documento chamado de A Represen-
tação, no qual questionavam cinco pontos fundamentais das doutrinas sistematiza-
das por Calvino.

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ARMINIANISMO X CALVINISMO

O Rev. Paulo Anglada, pastor da Igreja Presbiteriana Central do Pará, em seu livro
Calvinismo – As Antigas Doutrinas da Graça, apresenta uma síntese dos cinco pon-
tos do arminianismo e a posição calvinista, que transcrevo a seguir:

1. Uma das doutrinas fundamentais questionadas foi a doutrina da queda. Mais es-
pecificamente, a natureza da corrupção que a queda produziu no coração do
homem. Até onde o pecado corrompeu a vontade humana no que diz respeito à sal-
vação? O arminianismo defende o livre arbítrio ou a capacidade humana. Segundo
eles, o homem em seu estado natural tem, em si mesmo, a capacidade para re-
sponder negativa ou positivamente ao evangelho. A queda não o deixou totalmente
incapacitado para escolher no que diz respeito às questões espirituais. Ainda em
estado de pecado, sem uma operação prévia do Espírito Santo, ele pode cooperar,
com a fé e o arrependimento. A corrupção espiritual produzida pela queda, por-
tanto, para os arminianos, foi apenas parcial.

O Calvinismo entende o oposto. Entende que, depois da queda, o homem não tem
mais livre arbítrio. Ele continua responsável, pois o estado de pecado em que se
encontra foi decorrente da sua livre decisão no Éden. Mas agora, em estado de pe-
cado, a vontade do homem foi escravizada pelo pecado que o cegou, impedindo-o
de discernir e consequentemente decidir positivamente, por si mesmo, em questões
espirituais vitais para a salvação. Entende que a corrupção espiritual produzida
pela queda foi tal que, espiritualmente falando, o homem está morto nos seus deli-
tos e pecados. Assim, para o calvinista, o homem não precisa apenas de justifi-
cação, mas de vivificação; ele precisa ser primeiro regenerado pelo Espirito Santo
de Deus, para que, então, possa ser convencido do pecado e se arrependa, e seja
iluminado para crer no evangelho da salvação. Para os calvinistas, a queda foi
realmente uma queda e não um tropeço, ou um escorregão sem maiores con-
seqüências.

2. Outra área rejeitada pelos arminianos foi a doutrina da eleição. O arminianismo


crê na eleição condicional; na eleição baseada na presciência de Deus. Crê que
Deus, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles a quem anteviu que se arre-
penderiam e creriam no evangelho. Trata-se, portanto, de uma eleição condicional
– a condição é o arrependimento e a fé. Ou seja, Deus elege aqueles a quem previu
que o elegeriam.

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O calvinismo, por sua vez, crê na eleição incondicional. Crê que a escolha de al-
guns homens para a santidade e para a vida não se baseia em nenhum mérito ou
virtude humana, nem mesmo na fé ou no arrependimento; mas unicamente no amor
e na misericórdia de Deus como expressão da sua livre e soberana vontade. Para os
calvinistas, a fé e o arrependimento não são condição, mas resultado da eleição, o
meio que Deus escolhe para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque
antevê arrependimento e fé. Ele produz arrependimento e fé porque elegeu.

3. Outro item da representação arminiana dizia respeito à doutrina da expiação. As


Escrituras afirmam que Cristo nos resgatou do pecado morrendo na cruz em nosso
lugar; o justo pelo injusto. Pois bem, por quem Cristo morreu? O arminiano crê na
expiação geral (na redenção universal). Ou seja, que Cristo morreu na cruz por to-
dos os seres humanos indistintamente. Crê que a expiação de Cristo não foi indi-
vidual, mas potencial. Cristo não morreu na cruz em substituição a cada um dos
eleitos individualmente, mas de modo geral, por toda a raça humana, permitindo,
assim, que Deus perdoasse os pecados daqueles que viessem a crer nele. Desse
modo, a doutrina arminiana da expiação afirma que o sacrifício de Jesus apenas
tornou possível a salvação de todos, mas não assegurou a salvação de ninguém.

Já o calvinismo crê na expiação limitada de Cristo. Isto não quer dizer que a ex-
piação de Cristo não seja suficiente para a salvação do mundo inteiro; mas que foi
eficiente apenas para a salvação dos eleitos, pois este foi o seu propósito. Ou seja,
Cristo morreu na cruz, não apenas potencialmente, mas em substituição verdadeira
e individual aos eleitos. O calvinismo não entende que Cristo veio ao mundo ape-
nas para possibilitar a redenção (de todos), mas para efetivamente redimir (os elei-
tos) através da sua morte vicária e expiatória na cruz. A expiação não é potencial e
geral, mas objetiva e pessoal.

4. O item seguinte da representação arminiana era com relação à doutrina da graça;


a natureza da graça de Deus em alcançar os pecadores; a eficácia do chamado de
Deus; a soberania do Espírito Santo na aplicação da obra da redenção. O arminian-
ismo crê na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça
de Deus o alcance, ou resistir a ela. Crê que a aplicação da redenção ao coração dos
pecadores não é obra soberana do Espirito Santo, mas depende da vontade livre do
homem que pode submeter-se ou resistir a graça de Deus. Os redimidos não serão

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aqueles a quem Deus eficazmente chamou, mas aqueles que decidem aceitar o
apelo geral e indistinto do Espirito.

Os calvinistas crêem na graça irresistível; na soberania de Deus em aplicar a re-


denção no coração dos eleitos; no chamado eficaz de Deus para a salvação. Os cal-
vinistas crêem que o que faz alguns submeterem-se e outros rejeitarem a vontade
de Deus, em última instância, é a graça irresistível de Deus em chamar eficazmente
os eleitos para a salvação. Crêem que a ação de Deus no coração dos seus eleitos
não poderá ser eficazmente resistida; isso não quer dizer que os pecadores serão
convertidos à força, mas que suas vontades serão eficazmente convencidas; serão
levados ao arrependimento e crerão no evangelho, de modo que acabarão respon-
dendo positivamente ao chamado do Espírito Santo. Os calvinistas crêem que a
ação do Espírito Santo no coração dos eleitos é invencível. Que a graça de Deus
para com eles é irresistível; e que os propósitos de Deus na eleição e a obra de
Cristo na expiação serão efetivamente aplicados pelo Espírito Santo. Em outras pa-
lavras, os calvinistas crêem que a quem Deus elegeu, a estes também chamou, e a
estes também justificou. Crêem que hão há eleito que não seja chamado; e que não
há chamado que não seja justificado.

5. O quinto e último ponto da doutrina calvinista atacado pelos arminianos


relacionava-se com a doutrina da salvação. Ou melhor, com a perseverança na sal-
vação; a durabilidade, certeza, consumação, ou eternidade da salvação. Os armini-
anos crêem na instabilidade da salvação; que a salvação pode durar, ou não, depen-
dendo da própria determinação humana. É coerente. Se a salvação para eles de-
pende do livre arbítrio, é de se esperar que a glorificação também dependa da de-
terminação da vontade humana. Assim, crêem que o salvo pode cair da graça, pode
efetiva e definitivamente apartar-se da graça de Deus, se não permanecer na fé. Em
outras palavras, para os arminianos é possível ser salvo hoje, e amanhã não. Eles
crêem na regeneração e na “desgeneração”.

Os calvinistas ensinam o oposto: a perseverança dos santos. Ensinam que a mesma


graça de Deus que os salvou, agirá eficazmente nas suas vidas, de modo que não
poderão cair total e finalmente da graça de Deus. O calvinista crê que a justifi-
cação, a regeneração e a adoção são obras irreversíveis; que já não pode mais haver
condenação para os que estão em Cristo Jesus. Crê que, visto que Deus começou a
obra, haverá de completá-la; e que não há justificado que não será glorificado. Isso

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não quer dizer, entretanto, que o salvo não mais cometa pecado; mas que Deus,
sendo fiel, não permitirá que seus eleitos sejam tentados além das suas forças e que
lhes concederá o auxílio necessário a fim de que possam resistir às tentações, e não
venham jamais a se apartar definitivamente da graça de Deus.

A divulgação de A Representação gerou grande controvérsia entre os protestantes


dos Países Baixos. Uns se posicionaram ao lado do calvinismo, outros ao lado do
arminianismo. Por isso, foi convocado um sínodo para tratar do assunto. O sínodo
reuniu-se na cidade de Dort (ou Dordrecht), na Holanda, no período de 13 de no-
vembro de 1618 a 9 de maio de 1619. Os cinco pontos do arminianismo foram re-
jeitados. E a resposta dada pelo sínodo a A Representação ficou conhecida como
Os Cinco Pontos do Calvinismo.

Depravação Total

Os seguidores de Jacó Arminius (1560-1609), através do documento denominado


A Representação, atacaram cinco pontos fundamentais das doutrinas formuladas
por João Calvino (1509-1564). O Sínodo de Dort, reunido para tratar do assunto,
rejeitou as teses do arminianismo. A resposta do sínodo deu origem aos cinco pon-
tos do calvinismo, que são: (1) Depravação Total, (2) Eleição Incondicional, (3)
Expiação Limitada, (4) Graça Eficaz e (5) Perseverança dos Santos.

Hoje vamos estudar a Depravação Total, isto é, a natureza e a extensão da cor-


rupção que a queda produziu no homem.

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Para compreendermos melhor a depravação total temos de partir da criação do


homem. O registro da criação do homem, na Bíblia Sagrada, começa assim:
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa se-
melhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre
os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra" (Gênesis 1.26). E continua assim: "Criou Deus, pois, o homem à sua im-
agem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gênesis 1.27). Os

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