Manual Apoio Formacao V RECURSOS
Manual Apoio Formacao V RECURSOS
Manual Apoio Formacao V RECURSOS
PROCESSO CIVIL – V
Recursos
DGAJ
Centro de Formação - 2017
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Manual de apoio / Recursos
Direção-Geral da Administração da Justiça
NOTA PRÉVIA
___________
Obs. – são do Código de Processo Civil as disposições referidas neste texto sem menção
da fonte legal.
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Índice
OS RECURSOS EM PROCESSO CIVIL ................................................................................. 5
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5
2. VICIOS E REFORMA DA SENTENÇA ................................................................................... 9
2.1. Erros materiais ............................................................................................................ 10
2.2. Nulidades ..................................................................................................................... 10
3. DOS RECURSOS ................................................................................................................. 13
3.1. Recursos Ordinários .................................................................................................... 13
3.1.1. Recurso independente........................................................................................ 19
3.1.2. Recurso subordinado: ......................................................................................... 19
3.1.3. Recurso por adesão ............................................................................................. 22
3.2. Apelação ................................................................................................................... 23
3.2.1. Recurso urgente .............................................................................................. 26
3.2.2. Apelação em Separado ................................................................................... 27
3.3. Reclamação .............................................................................................................. 35
4. ESPECIFICIDADES DA AÇÃO EXECUTIVA........................................................................ 36
5. DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES .............................................................. 37
5.1. Tribunal da Relação ................................................................................................ 39
5.1.1. Competências .................................................................................................. 39
5.1.2. Espécies de processos (área cível) ............................................................... 40
5.2. RECURSO DE APELAÇÃO ......................................................................................... 42
6. DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO PARA O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ................... 47
6.1. Recurso de Revista.................................................................................................. 47
6.1.1. Decisões de que não cabe recurso de revista ............................................ 56
6.1.2. Revista Excecional .......................................................................................... 56
6.2. Supremo Tribunal de Justiça ................................................................................ 60
6.2.1. Competência .................................................................................................... 60
6.2.2. A Revista no STJ .............................................................................................. 67
6.2.3. Julgamento ampliado de revista .................................................................. 69
6.2.4. Recurso Per Saltum ......................................................................................... 71
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7. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS ....................................................................................... 72
7.1. Recurso para “uniformização de jurisprudência”............................................. 73
7.2. Revisão ...................................................................................................................... 76
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OS RECURSOS EM PROCESSO CIVIL
1. INTRODUÇÃO
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regra da fixação obrigatória do valor da causa pelo juiz, sendo oportuno assinalar o
concomitante aumento da alçada do tribunal de 1.ª instância para € 5.000.
A par destas opções, reforça-se o uso das novas tecnologias, como forma de
conferir maior rapidez, eficiência, transparência e economia aos serviços de justiça,
na senda da prossecução de um dos principais objetivos das reformas que vêm sendo
implementadas: o da desmaterialização progressiva dos processos judiciais, em
obediência ao disposto no art.º 132.º do C. Proc. Civil e à Portaria n.º 280/2013, de
26 de agosto.
1
Relativamente a esta questão Cardona Ferreira escreve: “Mas deste art.º 4.º, não resultam, designadamente
reflexos no âmbito do Código de Processo do Trabalho, que não é “legislação avulsa” mas, sim, estruturante do
sistema judiciário....” (Guia de Recursos em Processo Civil. O novo regime recursório civil – Coimbra Editora, 4.ª
edição, pág.14).
Sobre o mesmo assunto, Abrantes Geraldes pronuncia-se assim: “Perante tal norma, não há qualquer dúvida
quanto à sua aplicação a todos os diplomas que regulam recursos em matérias englobadas na grande categoria do
direito civil e comercial, ainda que devam efetuar-se, quando tal se justifique, as “adaptações necessárias”.”
(Recursos em Processo Civil - Novo Regime, Almedina, dezembro 2007, pág. 13 e sobre o mesmo tema, o mesmo
autor, Almedina, julho 2013).
De novo Abrantes Geraldes, Recursos no Processo do Trabalho, Novo Regime, Almedina 2010, página 12: “Enfim,
atenta a autonomia substancial e formal do processo do trabalho, na falta de uma clara indicação do legislador em
sentido diverso, importava concluir, antes da revisão do processo do trabalho, que o regime dos recursos cíveis
instituído pelo Dec. Lei n.º 303/07 não prejudicava a regulamentação que especificamente constava do CPT, a que
prioritariamente deveria recorrer-se, revertendo para o CPC apenas em situações de lacuna legis.”
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Salientamos, desde já, as seguintes alterações:
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o Cabe recurso de apelação do despacho da admissão ou rejeição de algum
articulado.
o Uma inovação com algum relevo reside em se acolher o regime de resolução
dos conflitos de competência instituído pelo Decreto-Lei n.º 303/2007
estendendo-o à impugnação de decisões sobre a competência relativa do
tribunal. O meio impugnatório adequado passa a ser a reclamação (em vez
da via de recurso) interposta para o presidente do Tribunal superior,
“propiciando a resolução célere de todas as questões suscitadas,
nomeadamente em sede de fixação da competência territorial.
Aplicação no tempo
o Por força do art.º 7.º, das disposições transitórias, da Lei n.º 41/2013, de
26 de junho, aos recursos interpostos de decisões proferidas a partir de 1 de
setembro de 2013, em ações instauradas antes de 1 de Janeiro de 2008, aplica-
se o regime de recursos do Decreto-Lei nº 303/2007, de 24 de Agosto, com as
alterações agora introduzidas, com exceção da regulamentação da “dupla
conforme” introduzida em 2007.
Tal significa que foi definitivamente eliminada a coexistência de dois
regimes processuais distintos, passando a vigorar um único regime para todos os
recursos que, em qualquer instância, venham a ser interpostos,
independentemente da data de início dos processos, importando ressalvar apenas
o valor das alçadas que continua a guiar-se pelas normas em vigor na data da
interposição da ação e, o regime da dupla conforme apenas abarca os recursos de
decisões proferidas em ações instauradas a partir de 1 de janeiro de 2008.
o Para os recursos das decisões proferidas até 31 de Agosto de 2013 nos
processos instaurados depois de 1 de Janeiro de 2008 inexiste um regime transitório,
pelo que, se aplica o princípio enunciado nos artigos 5.º e 6.º das disposições
transitórias, o mesmo é dizer que se aplicam as normas do novo Código de Processo
Civil.
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2. VICIOS E REFORMA DA SENTENÇA
Sentença é o ato pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente
que apresenta estrutura de uma causa (art.º 152.º, n.º 2).
Após esta decisão, apenas é lícito ao juiz retificar erros materiais, suprir
nulidades, esclarecer dúvidas sobre a sentença e reformá-la quanto a custas e
multas, o mesmo se aplicando, até onde seja possível, aos despachos – art.º 613.º,
n.ºs 2 e 3.
Vedado está, alterar a decisão, mesmo que venha a convencer-se de que ela
não foi a mais justa ou adequada. É uma questão de não violação dos princípios da
segurança jurídica e proteção da confiança2 - art.º 619.º.
2
Tais princípios encontram-se expressamente consagrados no artigo 2º da Constituição da Republica Portuguesa.
Os princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança assumem-se como princípios classificadores do
Estado de Direito Democrático, e implicam um mínimo de certeza e segurança nos direitos das pessoas e nas
expectativas juridicamente criadas a que está imanente uma ideia de proteção da confiança dos cidadãos e da
comunidade na ordem jurídica e na atuação do Estado.
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2.1. Erros materiais
A correção destes erros pode ser feita por simples despacho, a requerimento
de qualquer das partes ou, mesmo, oficiosamente: - quem decide, pode tomar a
iniciativa de corrigir.
Deste despacho cabe apelação nos termos gerais – art.º 644.º, n.º 2, al. g).
2.2. Nulidades
3
Art.º 607.º, n.º 6: No final da sentença, deve o juiz condenar os responsáveis pelas custas processuais, indicando a
proporção da respetiva responsabilidade.
4
“Hoje, face à omissão da hipótese nas sucessivas normatividades, concluímos que, afinal, Alberto dos Reis ainda
tem razão e que, decerto, a falta de data não constitui nulidade da sentença. Fica, assim, em aberto, apenas, a
consideração, nesta caso, de omissão ou lapso manifesto de caracter material”. (J.O Cardona Ferreira, obra citada,
pág.53 e 54).
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Oposição real entre os fundamentos da decisão ou ocorrência de
ambiguidade ou obscuridade que torne a decisão ininteligível;
Omissão de pronúncia sobre questões que devessem ser apreciadas ou
conhecimento de questões sobre as quais o Tribunal não podia pronunciar-
se;
Condenação em quantidade superior ou em objeto diferente do pedido.
5
b) Não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão;
c) Os fundamentos estejam em oposição com a decisão ou ocorra alguma ambiguidade ou obscuridade que torne a
decisão ininteligível;
d) O juiz deixe de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar ou conheça de questões de que não podia
tomar conhecimento;
e) O juiz condene em quantidade superior ou em objeto diverso do pedido.
6
a) Tenha ocorrido erro na determinação da norma aplicável ou na qualificação jurídica dos factos;
b) Constem do processo documentos ou outro meio de prova plena que, só por si, impliquem necessariamente
decisão diversa da proferida.
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Processamento subsequente (art.º 617.º)
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3. DOS RECURSOS
Apelação
Ordinários
Revista
Recursos
Revisão
Extraordinários
Uniformização de
jurisprudência
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expressamente previstos na lei7, em que o prazo para interposição de recurso é de
15 dias (cfr. n.º 1 do art.º 638.º).
- Se a parte for revel e não dever ser notificada nos termos do art.º 249.º, o
prazo corre desde a publicação da decisão, ou seja, desde a data em que se torna
pública e passível de ser consultada na secretaria, começando o prazo a correr no
dia seguinte (cfr. n.º 4 do art.º 249.º e n.º 2 do art.º 638.º), exceto se a revelia da
parte cessar antes de decorrido esse prazo, caso em que a sentença ou despacho
tem de ser notificado e o prazo começa a correr da data da notificação.
Trânsito em julgado
7
Não havendo recurso da decisão final as decisões interlocutórias que tenham interesse para o apelante
independentemente daquela decisão podem ser impugnadas num único recurso a interpor após o trânsito da
referida decisão – neste caso; nos processos urgentes (providências cautelares, insolvências e expropriações por
utilidade pública urgentes) e nos casos a que se referem as alíneas a) a i) do n.º 2 do art.º 644.º:
a) Decisão que aprecie o impedimento do juiz;
b) Decisão que aprecie a competência absoluta do tribunal;
c) Decisão que decrete a suspensão da instância;
d) Do despacho de admissão ou rejeição de algum articulado ou meio de prova;
e) Da decisão que condene em multa ou comine outra sanção processual;
f) Decisão que ordene o cancelamento de qualquer registo)
g) Decisão proferida depois da decisão final;
h) Das decisões cuja impugnação com o recurso da decisão final seria absolutamente inútil;
i) Nos demais casos expressamente previstos na lei”.
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Por outro lado, o n.º 4 do art.º 644.º prevê a possibilidade de interposição de
um único recurso das decisões interlocutórias que tenham interesse para o
apelante, a interpor após o trânsito da decisão final, o que vale por dizer que se não
for interposto recurso da decisão final no prazo de 30 dias, passado este prazo, as
decisões interlocutórias podem ainda ser impugnadas no prazo de 15 dias – cfr.
art.º 644.º, n.º 2, al. h) 644.º, n.º 4 e 638.º, n.º 1 parte final.
Notas:
8
“O trânsito em julgado da decisão é o momento a partir do qual a decisão passa a revestir-se da certeza e da
segurança jurídica que decorre do art.º 619.º.” (António Santos Abrantes Geraldes, ob. Cit., pág. 25).
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transitada em julgado, a decisão passa a ter força de caso julgado
(art.ºs 619.º, n.º 1 e 620.º).
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f2459eb7a2e7e2b3802572290056bc83?OpenDocu
ment&Highlight=0,06S1732
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/313b59f13aa24dd98025720b0037105e?OpenDocu
ment
http://www.dgsi.pt/jtcn.nsf/89d1c0288c2dd49c802575c8003279c7/23ffbe4fcc4bc08080257ab8004a73a6?OpenDocu
ment&Highlight=0,00214%2F11.8BEVIS
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É admissível recurso ordinário nas causas com valor superior à alçada do
tribunal de que se recorre 10 , desde que a decisão impugnada seja desfavorável
para o recorrente em valor superior a metade da alçada desse tribunal. Em caso de
dúvida quanto ao valor da sucumbência, atender-se-á somente ao valor da causa
(art.º 629.º, n.º 1 do CPC).
Exceções:
10
Em matéria cível, a alçada dos tribunais da Relação é de € 30.000 e a dos tribunais de 1.ª instância é de € 5.000
( Artigo 44.º Lei n.º 62/2013, de 26 de Agosto - Lei Da Organização do Sistema Judiciário).
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A alegação do recorrente deve ser incluída no requerimento de
interposição do recurso.
-Não admite o recurso, por algum dos motivos a que se referem o n.º 2 do art.º
641.º.
11
A redação do art.º 221.º não deixa margem para dúvidas quanto à antiga querela de saber quem deve proceder à
notificação da apresentação das alegações. A solução propugnada veio ao encontro daquela que sempre defendemos
e que melhor se coadunava, na nossa modesta opinião, com o pensamento do legislador. Com a redação que foi
introduzida pela reforma dos recursos em 2008 ao art.º 229.º-A do CPC de 1961, os atos processuais que devem ser
praticados por escrito (todos) pelas partes após a notificação da contestação do réu ao autor, são notificados pelo
mandatário judicial do apresentante ao da contraparte.
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3.1.1. Recurso independente
É o que não depende de qualquer atitude da parte contrária. Desenvolve-se
por si só, tem vida própria, independentemente da posição a assumir pela parte
contrária.
ARTIGO 608.º
(Questões a resolver - Ordem do julgamento)
12
Reforma da decisão para pior.
19
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dada a outras. Não pode ocupar-se senão das questões suscitadas pelas partes,
salvo se a lei lhe permitir ou impuser o conhecimento oficioso de outras.
Exemplo:
Exemplo:
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ARTIGO 278.º - (Casos de absolvição da instância)
1. O juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver o réu da instância:
a) Quando julgue procedente a exceção de incompetência absoluta do tribunal;
b) Quando anule todo o processo;
c) Quando entenda que alguma das partes é destituída de personalidade judiciária ou que, sendo incapaz,
não está devidamente representada ou autorizada;
d) Quando considere ilegítima alguma das partes;
e) Quando julgue procedente alguma outra exceção dilatória.
2. Cessa o disposto no número anterior quando o processo haja de ser remetido para outro tribunal e
quando a falta ou irregularidade tenha sido sanada.
3. As exceções dilatórias só subsistem enquanto a respetiva falta ou irregularidade não for sanada, nos
termos do n.º 2 do artigo 6.º, ainda que subsistam, não tem lugar a absolvição da instância quando,
destinando-se a tutelar o interesse de uma das partes, nenhum outro motivo obste, no momento da
apreciação da exceção, a que se conheça do mérito da causa e a decisão deva ser integralmente favorável
a essa parte.
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Numa situação destas, só o réu pode interpor recurso
independente para a Relação, por a sua sucumbência ser
do valor de € 8.500, mas, já não pode fazê-lo o autor por
a sua sucumbência ser apenas de € 1.500, valor que é
inferior aos € 2.500 em que se fixa metade da alçada do
tribunal recorrido (fixada em € 5.000,00 - art.º 44.º, n.º 1
da LOSJ).
Artigo 7.ºRCP
Regras especiais
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não dever ter lugar o pagamento de qualquer multa por analogia ao preceituado no
n.º 7 do art.º 570.º (art.º 10.º, n.ºs 1 e 2 do Código Civil).
A lei não permite a adesão a um recurso interposto pela parte contrária, ainda
que eventualmente os interesses se conciliem.
14
Art.º 35.º - (O litisconsórcio e a ação)
No caso de litisconsórcio necessário, há uma única ação com pluralidade de sujeitos; no litisconsórcio
voluntário, há uma simples acumulação de ações, conservando cada litigante uma posição de
independência em relação aos seus compartes.
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O aderente, como tal, não pode ser considerado recorrente, uma vez que a
simples adesão não envolve uma situação de litisconsórcio ou de coligação na fase
de recursos.
1.
2.
3.
3.1.
3.2. Apelação
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f) Da decisão que ordene o cancelamento de qualquer registo;
g) De decisão proferida depois da decisão final;
h) Das decisões cuja impugnação com o recurso da decisão final seria
absolutamente inútil;
i) Nos demais casos especialmente previstos na lei.16.
em proporcionar ao credor o valor incorporado nas espécies monetárias ou nas notas.” (João de Matos Antunes
Varela, Das Obrigações em Geral, Vol.I, 9.ª edição, págs. 874 e 876).
Exemplos de condenação no cumprimento de obrigação pecuniária são a sanção pecuniária compulsória do art.º
829.º-A do Código Civil (cfr. art.ºs 365.º, nº 2; 716.º, n.º 3; 750.º, n.º 1; 868.º, n.º 1, 874.º, n.º1 e 876.º, n.º1, todos
do CPC), e a indemnização atribuída a uma das partes ao abrigo da litigância de má-fé, nos termos do art.º 542.º,
n.º1.
16
Exemplos: os recursos interpostos nos termos dos art.º 150.º, n.ºs 5 e 6, 257.º, n.º 2 ou 559.º, n.º 2, todos do
CPC).
24
Manual de apoio / Recursos
As restantes decisões proferidas pelo tribunal de primeira instância, as
interlocutórias, podem ser impugnadas no recurso que venha a ser interposto da
decisão final ou do despacho previsto no n.º 1.
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Todos os previstos no art.º 677.º, ou seja, nas decisões interlocutórias
de segunda instância e nos processos urgentes.
Notas:
1.
2.
3.
3.1.
3.2.
***
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Quanto ao modo de subida, pode ser nos próprios autos ou em separado
(art.º 645.º do CPC.)
No entanto, não pode o juiz ficar afastado do modo como vai o recurso ser
instruído, embora não haja no atual regime recursório uma norma idêntica à do
revogado art.º 742.º do CPC de 1961, que se destinava a suprir falhas na instrução
do processo devido a deficiente indicação das peças a certificar pela secretaria.
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Manual de apoio / Recursos
recurso (art.º 646.º, n.º 3), estando sujeitas à tributação prevista no n.º 4 do art.º
9.º do RCP.
Tramitação:
Processo eletrónico:
A diferença consiste apenas no facto de, neste caso, os mandatários
procederem ao exame do processo através da aplicação informática
CITIUS, onde são disponibilizadas as peças processuais, documentos e
demais elementos, dentro do prazo de cinco dias.
As peças assim disponibilizadas têm o valor de certidão para efeitos de
instrução do recurso.
***
28
Manual de apoio / Recursos
a) Da decisão que ponha termo ao processo em ações sobre o estado das
pessoas;
17
O incidente de prestação de caução previsto no n.º 4 deste art.º 647.º é urgente (art.º 915.º, n.º 2).
18
“Sem se poder confundir autoridade/(desejável) com autoritarismo (indesejável), o art.º 154.º prevê a direção de
diligências e a eventualidade de terem de ser aplicadas medidas de gestão desses atos. Como é tradicional, e bem,
estão previstas medidas recorríveis. O que continua a suscitar-nos discordância é o efeito suspensivo de recurso, ora
da decisão, ora do próprio processo, o que pode ser, exatamente, o que o infrator poderia pretender. ....Cremos
29
Manual de apoio / Recursos
Quanto ao efeito suspensivo da decisão, a lei prevê os casos das alíneas a) a
f) do art.º 647.º acima referidas.
que, salvo pedido do requerente e razoável evidência de “prejuízo considerável” casuístico, o efeito de recurso, no
âmbito do art.º 154.º, de princípio, deveria ser meramente devolutivo”. (J.O. Cardona Ferreira, obra citada,
pág.145.).(O artigo 154.º é do CPC de 1961 a que corresponde hoje o art.º 150.º)
19
Enquanto a sentença estiver pendente de recurso não pode o exequente ou qualquer credor ser pago sem prestar
caução – art.º 704.º n.º 3 e se o bem penhorado for a casa de habitação efetiva do executado, o juiz pode, a
requerimento daquele, determinar que a venda aguarde a decisão definitiva, nos termos do n.º 4.
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Manual de apoio / Recursos
Para servir de base à execução, pode o apelado requerer, a todo o tempo, a
extração do traslado, indicando as peças que, além da sentença, ele deve abranger
– art.º 649.º n.º 1.
20
Dado o carácter urgente deste incidente, aplica-se-lhe a regra da precedência dos respetivos atos processuais
sobre qualquer outro serviço judicial não urgente, à semelhança do que acontece com os Procedimentos Cautelares
e Insolvências.
Do mesmo modo, é aplicável a regra da continuidade dos prazos e a sua não suspensão durante as férias judiciais,
por força do disposto no art.º 138.º - n.º1 do C. Proc. Civil.
21
Da conjugação dos art.ºs 637.º e 641.º, resulta que apenas pode configurar situação de deserção por falta de
alegações, o caso de interposição de recurso de despachos ou sentenças orais, reproduzidos no processo, uma vez
que, no caso de interposição por requerimento escrito, tal omissão dá lugar ao indeferimento previsto na al. b) do
n.º 2 do art.º 641.º.
31
Manual de apoio / Recursos
deserto o recurso se decorrer mais de um ano sem que se promovam os termos do
incidente que tenha surgido com efeito suspensivo (cfr. art.º 281.º n.ºs 2 e 3).
De acordo com o n.º 4 do art.º 281.º, a deserção é julgada no tribunal onde
se verificar a falta, por simples despacho do juiz ou do relator.
Tramitação:
Junção do requerimento de interposição de recurso, juntamente com
as alegações, com o documento comprovativo do prévio pagamento da
taxa de justiça;
Notificação do recorrido, para no mesmo prazo do recorrente,
apresentar as suas contra-alegações (art.º 638.º n.º 5). Esta notificação
deve ser efetuada pelo mandatário do recorrente ao mandatário do
recorrido (art.ºs 221.º, 255.º e art.º 16.º da portaria 280/2013, de 26
de agosto);
Junção das alegações do recorrido com o documento comprovativo do
prévio pagamento da taxa de justiça;
Conclusão (art.º 641.º);
Expedição para o tribunal superior,
Se o recurso tiver por objeto a reapreciação da prova gravada, ao
prazo para interposição do recurso e para resposta, 30 dias,
acrescem mais 10 dias (art.º 638.º n.º 7).
A secretaria deve aguardar por 40 dias a eventual interposição de
recurso atento a que a prova é sempre gravada.
32
Manual de apoio / Recursos
Havendo necessidade de transcrição da prova gravada, será a mesma
efetuada pela parte (art.º 640.º n. 2)
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Manual de apoio / Recursos
RECURSO DE APELAÇÃO
(Art.ºs 638.º, 644.º, 645.º e 647.º CPC)
PRAZO DE EFEITO
DECISÃO RECORRIDA INTERPOSIÇÃO E MODO DE SUBIDA
RESPOSTA (a) (b)
Nos autos/
Processos urgentes 15 Devolutivo
separado
Suspensivo da
decisão/
Art.º 150.º n.ºs 5 e 6 (d) 15 Separado
processo
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Manual de apoio / Recursos
(a) A estes prazos acrescem 10 dias se o recurso tiver por objeto a reapreciação da
prova gravada.
(b) Em regra o efeito é meramente devolutivo (art.º 647.º).
(c) Após trânsito da decisão.
(d) Deve ser processado como urgente.
3.3. Reclamação
22
Espécie 5.ª – art.º 214.º.
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Manual de apoio / Recursos
4. ESPECIFICIDADES DA AÇÃO EXECUTIVA
Quanto à subida e aos efeitos dos recursos dos despachos acima identificados
de decisões que não ponham termo à execução nem suspendam a instância, sobem
imediatamente, em separado e com efeito meramente devolutivo.
Sem prejuízo dos casos em que é sempre admissível recurso para o Supremo
Tribunal de Justiça, o recurso de revista apenas é admitido dos acórdãos da
36
Manual de apoio / Recursos
Relação proferidos em recurso nos procedimentos de liquidação não dependente
de simples cálculo aritmético, de verificação e graduação de créditos e de
oposição deduzida à execução (art.º 854.º).
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Manual de apoio / Recursos
Com entrada em vigor do NCPC, a nível dos tribunais superiores, as alterações
mais significativas são:
<>
38
Manual de apoio / Recursos
4.
5.
Os tribunais da Relação são, em regra, tribunais de 2.ª instância - cfr. art.º 67.º da LOSJ.
Funcionamento:
4.
5.
5.1.
5.1.1. Competências
Às secções
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Manual de apoio / Recursos
- Julgar as ações propostas contra juízes de direito e juízes militares
de 1.ª instância, procuradores da República e procuradores-adjuntos, por
causa das suas funções;
- Julgar processos por crimes cometidos pelos magistrados e Juízes militares
referidos na alínea anterior e recursos em matéria contraordenacional a eles
respeitantes;
- Julgar os processos Judiciais de cooperação judiciária internacional em
matéria penal;
- Julgar os processos de revisão e confirmação de sentença estrangeira, sem
prejuízo da competência legalmente atribuída a outros Tribunais;
- Conceder o exequatur às decisões proferidas pelos Tribunais eclesiásticos;
- Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos que lhe estejam
cometidos pela lei de processo;
- Praticar, nos termos da lei de processo, os atos jurisdicionais relativos ao
inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir
despacho de pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na alínea c);
- Exercer as demais competências conferidas por lei.
40
Manual de apoio / Recursos
Nos processos comuns de valor inferior à alçada da 1.ª instância, em geral, não
é admissível recurso da sentença a não ser por violação das regras de competência
internacional ou em razão da matéria ou da hierarquia (incompetência absoluta), ou
por ofensa do caso julgado (cfr. art.º 629.º, n.º 2) e 96.º, al. a).
41
Manual de apoio / Recursos
Ação de indemnização contra magistrados prevista nos art.ºs 967.º e
seguintes.
Perda de direito de asilo (art.º 39.º, n.º 2 da Lei n.º 15/98, de 26/3).
5.ª - Reclamação
TRAMITAÇÃO
42
Manual de apoio / Recursos
Entendendo não poder conhecer do objeto do recurso, o relator mandará
notificar as partes para se pronunciarem no prazo de 10 dias (cfr. art.º 655.º, n.º 1),
salvo se a questão prejudicial tiver sido suscitada por uma das partes, caso em que
apenas será ouvida a contraparte que não haja tido oportunidade de se pronunciar
(cfr. n.ºs 2 dos art.ºs 654.º e 655.º).
43
Manual de apoio / Recursos
O relator pode entender que o efeito atribuído ao recurso pelo juiz do tribunal
da 1.ª instância deve ser alterado, pelo que, antes de proferir uma decisão, poderá
mandar notificar as partes para se pronunciarem em cinco dias - cfr. art.º 654.º, n.º
1, salvo se já o tiverem feito (n.º 2).
Quando, ao invés, se julgue que a apelação, recebida nos dois efeitos, devia
sê-lo no efeito meramente devolutivo, o relator, a requerimento do apelado (a
apresentar no prazo de 10 dias a contar da notificação do despacho liminar),
mandará extrair traslado (a expensas do apelado) contendo o acórdão, a sentença
recorrida e eventualmente outras peças que forem indicadas, traslado que baixará à
1.ª instância a fim de permitir ao apelado a instauração da respetiva ação executiva
– cfr. art.ºs 654.º, n.º 4 e 649.º e seguintes.23
44
Manual de apoio / Recursos
O relator pode igualmente concluir que o recurso é infundado.
Realização de diligências
Esta faculdade prende-se ao art.º 6.º e 411.º, quanto aos poderes atribuídos ao
relator de direção do processo, nesta fase (cfr. n.º 1 do art.º 652.º).
Por exemplo, o relator pode determinar a renovação dos meios de prova nos
termos do n.º 3 do art.º 662.º, ou solicitar ao tribunal “a quo” qualquer certidão que
não tenha acompanhado o processo.
Suspensão da instância
Estamos perante as situações previstas nos art.ºs 269.º a 272.º do CPC.
45
Manual de apoio / Recursos
Prosseguimento do recurso
Como já vimos, o relator para além de proferir despacho de aperfeiçoamento
ou julgar sumariamente o objeto do recurso, pode entender que o processo se
encontra em condições de prosseguir, ou seja, a seu ver não existem quaisquer
circunstâncias que obstem ao conhecimento do objeto do recurso.
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Manual de apoio / Recursos
A decisão tanto pode ser tomada por unanimidade, como por maioria. Há
unanimidade, quando todos os intervenientes (relator e adjuntos) têm o mesmo
sentido de voto na decisão que conduzirá ao acórdão definitivo, lavrado pelo juiz
relator – cfr. art.º 659.º, n.º 3. A decisão é tomada por maioria quando há dois votos
conformes contra um voto vencido, sendo que no caso de não ser possível formar-se
maioria entre os três, o presidente desempata - cfr. art.º 659.º, n.º 3.
6.
47
Manual de apoio / Recursos
ponha termo ao processo, absolvendo da instância o réu ou alguns dos réus
quanto ao pedido ou reconvenção deduzidos.
Efeito do recurso
Em regra, o recurso tem efeito devolutivo, à exceção das ações sobre o estado
de pessoas em que tem efeito suspensivo - cfr. art.º 676.º, n.º 1.
Modo de subida
Nuns casos sobe nos próprios autos, enquanto noutros sobre em separado, nos
termos previstos no art.º 675.º.
48
Manual de apoio / Recursos
incidentes no sentido de impedir o trânsito em julgado da decisão, o Relator em
conferência ordena que seja cumprido o disposto no art.º 670.º, baixando os autos à
1ª Instância, ficando na Relação o incidente autuado por apenso à ação respetiva, a
qual transita, ficando a aguardar a decisão deste incidente nos termos da parte final
do art.º 670.º n.º 2.
Tramitação
24
No recurso de revista excecional (art.º 672.º) e no recurso para uniformização de jurisprudência (art.º 688.º),
devem ser indicados os motivos que devem levar o tribunal a admiti-los.
25
A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais
forem tramitadas eletronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 280/2013, de 26/8.
49
Manual de apoio / Recursos
Estamos assim, perante acórdãos interlocutórios proferidos pela Relação, que
não são recorríveis autonomamente, ou seja, são acórdãos que apenas podem ser
impugnados no recurso de revista que venha a ser interposto no âmbito de apelações
de decisões da 1ª instância que conheça do mérito da causa ou que ponha termo ao
processo, absolvendo da instância o réu ou algum dos réus quanto a pedido ou
reconvenção deduzidos. Excetuam esta regra:
Modo de subida:
O recurso destas decisões acompanha o recurso das decisões finais, por isso, a
subida é nos próprios autos.
Por regra, efeito meramente devolutivo, mesmo nos casos em que o recurso da
decisão final tenha efeito suspensivo, esse efeito não se comunica à decisão
interlocutória impugnada conjuntamente com a decisão final.
50
Manual de apoio / Recursos
Tramitação
51
Manual de apoio / Recursos
São também autónomos os recursos previstos nas alíneas a) e b) do art.º
673.º como foi já referido.
Modo de subida:
O recurso destas decisões tem subida em separado. – cfr. art.º 675.º, n.º 2.
Tramitação
52
Manual de apoio / Recursos
Se não houver ou não for admissível recurso de revista das decisões
previstas no n.º 1, os acórdãos proferidos na pendência do processo na Relação
podem ser impugnados, caso tenham interesse para o recorrente
independentemente daquela decisão, num recurso único a interpor após o trânsito
em julgado daquela decisão, no prazo de 15 dias após o referido trânsito – n.º 4
do art.º 671.º.
Modo de subida
O recurso destas decisões tem subida em separado. – cfr. art.º 675.º, n.º 2.
26
A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais
forem tramitadas eletronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 280/2013, de 26/8.
53
Manual de apoio / Recursos
Notificação, a efetuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do
recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da
notificação efetuada; (art.ºs 221.º e 255.º)
Conclusão e despacho;
- Remessa do apenso ao STJ.
54
Manual de apoio / Recursos
ACÓRDÃO RECORRIDO
PRAZO DE
E INTERPOSIÇÃO E SUBIDA EFEITO
RESPOSTA
RECURSO DE REVISTA
(art.ºs 671.º/1)
55
Manual de apoio / Recursos
6.
6.1.
Até aqui falámos dos acórdãos, quer finais quer intercalares dos quais cabe
recurso de revista.
Nos termos do art.º 652º, nº 5, al. a), do NCPC, o acórdão da Relação que
incida sobre matéria da competência relativa da Relação, é impugnável
mediante reclamação, com efeito suspensivo para o Presidente do Supremo
Tribunal de Justiça e não através da via recursória prescrita para a generalidade
dos acórdãos
27
Por exemplo a necessidade de existência de legislação nova.
56
Manual de apoio / Recursos
Quando estejam em causa interesses de particular relevância social; 28
o
Quando o acórdão da Relação esteja em contradição com outro, já
transitado em julgado, proferido por qualquer Relação ou pelo
Supremo Tribunal de Justiça, no domínio da mesma legislação e sobre
a mesma questão fundamental de direito, salvo se tiver sido proferido
acórdão de uniformização de jurisprudência com ele conforme.
28
Por exemplo ações ligadas ao ambiente, saúde e património histórico.
57
Manual de apoio / Recursos
A regra é o efeito devolutivo. - cfr. 676.º n.º 1.
Modo de subida
Tramitação
29
A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais
forem tramitadas eletronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 280/2013, de 26/8.
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Manual de apoio / Recursos
REVISTA EXCECIONAL art.º 672
Requerimento + alegações
Relator
- falta de fundamentos;
Admissão do recurso
59
Manual de apoio / Recursos
6.2. Supremo Tribunal de Justiça
Definição
Funcionamento
De acordo com o art.º 48.º LOSJ:
6.2.
6.2.1. Competência
60
Manual de apoio / Recursos
a) Presidir ao plenário do Tribunal, ao pleno das secções especializadas e,
quando a elas assista, às conferências;
b) Homologar as tabelas das sessões ordinárias e convocar as sessões
extraordinárias;
c) Apurar o vencido nas conferências;
d) Votar sempre que a lei o determine, assinando, neste caso, o acórdão;
e) Dar posse aos vice- presidentes, aos Juízes, ao secretário do Tribunal e
aos presidentes dos Tribunais da Relação;
f) Dirigir o tribunal, superintender nos seus serviços e assegurar o seu
funcionamento normal, emitindo as ordens de serviço que tenha por
necessárias;
g) Exercer ação disciplinar sobre os oficiais de justiça em serviço no
tribunal, relativamente a pena de gravidade inferior à de multa;
h) Exercer as demais funções conferidas por lei.
61
Manual de apoio / Recursos
Competência do Presidente de secção
1 - Cada secção é presidida pelo mais antigo na categoria dos seus Juízes.
2 - Compete ao presidente de secção presidir às secções e exercer, com as
devidas adaptações, as funções referidas nas alíneas b), c) e d) do n.º 1 do
artigo 62.º da LOSJ.
62
Manual de apoio / Recursos
e) Conhecer dos pedidos de revisão de sentenças penais, decretar a anulação
de penas inconciliáveis e suspender a execução das penas quando decretada a
revisão;
f) Decidir sobre o pedido de atribuição de competência a outro tribunal da
mesma espécie e hierarquia, nos casos de obstrução ao exercício da jurisdição pelo
tribunal competente;
g) Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos a este cometidos
pela lei de processo;
h) Praticar, nos termos da lei de processo, os atos jurisdicionais relativos ao
inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir
despacho de pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na alínea a) do n.º
1 do artigo 53.º e na alínea b) do presente artigo;
i) Exercer as demais competências conferidas por lei.
63
Manual de apoio / Recursos
O regime dos recursos para o STJ sofreu de igual modo, com a entrada em vigor
do Decreto-Lei n.º 303/2007, alterações relevantes.
Nos recursos para o STJ, não há lugar ao acréscimo do prazo de mais 10 dias
para alegar e contra- alegar, previsto no art.º 638.º n.º 7, pois o recurso para o STJ
não pode ter como fundamento a reapreciação da prova gravada.
64
Manual de apoio / Recursos
No Supremo Tribunal de Justiça existem as seguintes espécies:
1.ª Revistas;
3.ª Conflitos;
4.ª Apelações;
65
Manual de apoio / Recursos
Exemplo: A interposição de recurso contencioso feita por oficial de justiça, de
acórdão proferido pelo Plenário do Conselho Superior da Magistratura, que nega
provimento ao recurso hierárquico apresentado da deliberação do COJ e que
apreciou o desempenho funcional do oficial de justiça com uma notação inferior
aquela que o funcionário acharia a justa e adequada.
Já no que diz respeito aos Magistrados e de acordo com os art.ºs 164.º e 165.º
do Estatuto dos Magistrados Judiciais, pode reclamar ou recorrer quem tiver
interesse direto, pessoal e legítimo na anulação da deliberação ou da decisão
tomada pelo Conselho Superior da Magistratura.
66
Manual de apoio / Recursos
6.2.2. A Revista no STJ
Se entender que o recurso não deveria subir ou tão pouco ser apreciado pelo
STJ, convida as partes no prazo de 10 dias a pronunciarem-se sobre a sua
admissibilidade - cfr. art.º 655.º.
Aperfeiçoamento das conclusões das alegações
Pode ainda convidar as partes a aperfeiçoarem as suas conclusões das
alegações apresentadas na Relação (art.º 652.º n.º 1, alínea a), parte final), e caso
entenda que o recurso não será de admitir, profere decisão sumária nos termos do
art.º 656.º.
Manter recurso
O Juiz Conselheiro, após apreciação liminar do recurso e não havendo motivos
para a sua rejeição, profere decisão de admissão do mesmo, dispondo do prazo de
30 dias para elaborar o projeto de acórdão.
67
Manual de apoio / Recursos
Decorrido o prazo para Juiz Conselheiro elaborar o projeto de acórdão, o
processo é inscrito em tabela para o julgamento - cfr. 659.º.
Após ser proferido acórdão, nos termos do art.º 663.º, é o mesmo registado em
livro próprio e notificado às partes aguardando-se o prazo para o trânsito em
julgado.
68
Manual de apoio / Recursos
Notificado o acórdão, podem as partes, no prazo geral de 10 dias, requerer
alguma retificação ou reforma do acórdão, aplicáveis por força dos art.ºs 613.º a
617.º, sendo as mesmas questões decididas em conferência (logo, o Relator irá
pronunciar-se sobre as questões levantadas pela parte, e o processamento é igual
para a inscrição dos autos em tabela, com prévia entrega do projeto da decisão
sobre a questão, aos adjuntos que intervieram no acórdão) – conforme dispõe o art.º
666.º n.º 2 e art.º 685.º.
Este julgamento alargado tanto pode ser requerido por qualquer das partes,
como pelo Ministério Público, devendo fazê-lo até ao início do prazo que o relator
dispõe para proferir o acórdão. A lei permite, ainda, que o mesmo possa ter lugar
por sugestão do relator ou pelos adjuntos e é obrigatoriamente proposto por estes
sempre que se verifique a possibilidade de vencimento de solução jurídica que
69
Manual de apoio / Recursos
esteja em oposição com jurisprudência uniformizada, no domínio da mesma
legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito - cfr. art.º 686.º.
Após a audição das partes, o processo vai com vista simultânea a cada um dos
juízes que devam intervir no julgamento, aplicando-se o disposto nos n.ºs 2 e 3 do
artigo 657.º.
Tramitação
70
Manual de apoio / Recursos
anteriormente decidido, podendo a questão nunca ter sido abordada
e a deliberação ir no sentido da necessidade da existência de
acórdão uniformizador.
Ordenado julgamento de recurso, o processo vai com vista ao Ministério
Público por 10 dias, para emissão de parecer, sobre a questão que determinou a
necessidade de jurisprudência -cfr.687.º n.º 1.
Notificações das partes que não tenham tido oportunidade de se pronunciar
sobre o julgamento alargado, para comparecerem no tribunal no dia designado para
o efeito. A audição das mesmas é efetuada de acordo com o previsto no art.º 681.º,
ou seja, no dia designado o tribunal procede à audição e discussão oral das questões
que entende deverem ser discutidas.
Decorrido o prazo para Juiz Conselheiro elaborar o projeto de acórdãos, o
processo é inscrito em tabela para o julgamento.- cfr. art.º 659.º.
A inscrição do processo em tabela tem publicidade e está disponível no site do
Supremo Tribunal de Justiça em “ www.stj.pt”, na parte “tabela de sessões”
71
Manual de apoio / Recursos
Para poder haver recurso de uma decisão da 1ª instância diretamente
para o STJ, a lei prevê que tal situação só possa ocorrer se:
A decisão recorrida haja posto fim ao processo ou seja um despacho
saneador que sem por fim ao processo decida do mérito da causa, desde que,
cumulativamente:
a) O valor da causa seja superior à alçada da relação;
b) O valor da sucumbência seja superior a metade da alçada da relação;
c) As alegações e contra-alegações só podem suscitar questões de
direito;
d) Não pode haver impugnação de quaisquer decisões interlocutórias
conjuntamente com a decisão prevista no art.º 644.º, n.º 1.
Após conclusão do processo ao relator a sua decisão pode ser orientada em
dois sentidos:
Admissão do recurso, ordenando o seu processamento como revista, exceto
no que concerne aos efeitos de subida ao qual se aplica o regime disposto para a
apelação;
Indeferimento do recurso por o mesmo não preencher os requisitos
definidos no art.º 678.º n.º 1 al. a) a d) e, em consequência, ordenar a remessa do
processo ao Tribunal da Relação, para aí ser julgado como apelação.
Se o requerimento for apresentado pelo recorrente, o mandatário do recorrido
pronuncia-se nas contra-alegações. Se inversamente, for o recorrido a suscitar a
questão nas contra-alegações, a lei prevê que o mandatário do recorrente,
notificado que seja das mesmas, dispõe do prazo de 10 dias para se pronunciar - cfr.
art.º 678.º, n.º 2.
7. RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS
72
Manual de apoio / Recursos
7.
73
Manual de apoio / Recursos
A parte recorrida dispõe também do prazo de 30 dias para responder à
alegação do recorrente, contado a partir da data em que tenha sido notificado da
respetiva apresentação.
Tramitação
74
Manual de apoio / Recursos
Autuação do requerimento, alegações e cópia do acórdão, por apenso ao
processo;
Junção das alegações do recorrido no prazo de 30 dias, com o documento
comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial ou expirado prazo;
Notificação, a efetuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do
recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da
notificação efetuada (art.ºs 221.º e 255.º)
Conclusão ao relator para exame preliminar;
A decisão do relator pode ser de:
- Rejeição liminar do recurso – aqui podemos estar perante acórdãos
onde não há a oposição invocada que lhe serviu de fundamento, ou se o
acórdão recorrido está de acordo com jurisprudência uniformizada do
STJ. Nestas situações pode haver reclamação para a conferência. - cfr.
692.º n.º 3.
Há igualmente lugar à rejeição do recurso, se o relator entender que a
decisão não admite recurso, que este foi interposto fora de prazo ou se
o requerente não tem as condições necessárias para recorrer, ou ainda
se não contenha ou junte a alegação do recorrente ou quando esta não
tenha conclusões.
- Admissão do recurso- se o recurso for admitido por decisão do relator
ou por deliberação da conferência31, a fase seguinte é a do julgamento,
sendo efetuado de acordo com o disposto no art.º 687.º.
31
Da decisão do relator de não admissão do recurso, o recorrente pode reclamar para a conferência, podendo esta
deliberar em sentido contrário à decisão do relator, e assim sendo, no sentido de admissão do recurso - cfr. 692.º
nºs 2 e 3 do CPC.
75
Manual de apoio / Recursos
- Na sessão anterior ao julgamento do recurso, o processo, acompanhado com
o projeto de acórdão, vai com vista simultânea, por meios eletrónicos, a todos os
Juízes que compõem o pleno das secções cíveis, pelo prazo de cinco dias, ou,
quando tal não for tecnicamente possível, o relator ordena a extração de cópias do
projeto de acórdão e das peças processuais relevantes para a apreciação do objeto
da apelação. O relator pode dispensar os vistos aos desembargadores adjuntos - cfr.
art.º 657.º.
- O julgamento só é realizado com a presença de, pelo menos três quartos dos
juízes em exercício nas secções cíveis.
- A decisão pode ser de rejeição ou provimento do recurso. Se o recurso não
obtiver provimento, o mesmo é dizer que se não reconhece ao acórdão recorrido
qualquer contradição com outro anteriormente proferido do recurso. Se
contrariamente, o recurso tiver provimento, estamos perante a existência de
contradição jurisprudencial, revogando este acórdão o acórdão recorrido e
uniformizando jurisprudência – art.º 695.º.
- O acórdão de uniformização de jurisprudência deve ser publicado no D.R., I
série – cfr. art.º 687.º, n.º 5.
7.2. Revisão
76
Manual de apoio / Recursos
e que, por si só, seja suficiente para modificar a decisão em sentido mais favorável
à parte vencida;
d) Se verifique nulidade ou anulabilidade de confissão, desistência ou
transação em que a decisão se fundou;
e) Tendo corrido a ação e a execução à revelia, por falta absoluta de
intervenção do réu, se mostre que faltou a citação ou que é nula a citação feita;
f) Seja inconciliável com decisão definitiva de uma instância internacional de
recurso vinculativa para o Estado Português;
g) O litígio assente sobre ato simulado das partes e o tribunal não tenha feito
uso do poder que lhe confere o artigo 612.º, por se não ter apercebido da fraude.
(no sistema anterior é o recurso extraordinário de oposição de terceiro)
Tramitação
77
Manual de apoio / Recursos
Apresentação do requerimento de interposição e alegações no tribunal
onde se encontra o processo, especificando os fundamentos do recurso, juntando as
provas que possui (art.ºs 697.º e 698.º). No caso da alínea g) do art.º 696.º deve
mencionar o prejuízo resultante da simulação processual. Nos casos das alíneas a),
c), f) e g) do artigo 696.º, o recorrente, com o requerimento de interposição
apresenta certidão, consoante os casos, da decisão ou do documento em que se
funda o pedido.
Junção do documento comprovativo do prévio pagamento da taxa de
justiça inicial;
Autuação por apenso ao processo onde foi proferida a decisão a rever;
Remessa do processo ao tribunal a que for dirigido o recurso, se for diverso
daquele onde foi interposto;
Conclusão e despacho de admissão;
Notificação pessoal da parte contrária para responder em 20 dias;
Conclusão após resposta do recorrido ou após termo do respetivo prazo.
Se o recurso tiver sido dirigido a algum tribunal superior, pode este requisitar
as diligências, que se mostrem necessárias, ao tribunal de 1.ª instância donde o
processo subiu – cfr. n.º 3 do art.º 700.º.
78
Manual de apoio / Recursos
caução, a qual poderá ser prestada por qualquer dos meios consignados no art.º
623.º do Código Civil – cfr. art.º 702.º.
79
Manual de apoio / Recursos
Coleção “PROCESSO CIVIL”
Autor:
Titulo:
Coordenação técnico-pedagógica:
Coleção pedagógica:
Centro de Formação