7 Princípios APPCC
7 Princípios APPCC
7 Princípios APPCC
novembro
2007
DOSSIÊ TÉCNICO
Sumario
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 3
1.1 Breve histórico.................................................................................................................4
1.2 Definições associadas ao sistema APPCC ...................................................................4
1.3 Conceito do APPCC segundo o Codex Alimentarius ..................................................6
2 PRÉ-REQUISITOS ............................................................................................. 6
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 19
Título
Assunto
Resumo
Palavras-chave
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
A aplicação dessa metodologia tem evoluído e se ampliado de tal forma que vem se
constituindo em base tanto para o controle oficial de alimentos, como para o
estabelecimento de normas relativas à inocuidade dos produtos no comércio internacional.
Trata-se de um sistema dinâmico, por mais que tenha conceitos e princípios definidos.
Depende de validação e correção constantes, que só são alcançadas quando o processo é
posto em prática, é executado. E mais: seu sucesso depende principalmente do grau de
envolvimento dos empresários, do treinamento dos operadores e da rotina diária dos
procedimentos das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e dos Procedimentos Padrões de
Higiene Operacional (PPOH), já previstos pela legislação brasileira.
A aplicação do APPCC, sem sombra de dúvida, contribui para uma maior satisfação do
consumidor, torna as empresas mais competitivas, amplia as possibilidades de conquista de
novos mercados, nacionais e internacionais, além de propiciar a redução de perdas de
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matérias-primas, embalagens e produtos. Por oferecer argumentos relacionados à
segurança alimentar, a implantação do sistema fortalece as estratégias de marketing,
possibilita melhor posição de defesa em eventuais demandas judiciais e, principalmente,
atende às especificações de qualidade impostas pelo mercado e pela legislação nacional e
internacional.
Vale ressaltar que a filosofia do APPCC parte da visão de que a garantia da qualidade
depende do gerenciamento constante de todos os componentes críticos do processo
produtivo, sendo, portanto, mais eficiente que os programas tradicionais de controle de
qualidade que se baseiam, na maior parte das vezes, em testes e ensaios do produto final
(SPERBER, 1991).
O sistema APPCC (Avaliação de Perigos e Pontos Críticos de Controle), cuja sigla original em
inglês é HACCP (Hazard Analisys and Critical Control Points) – pronuncia-se “Rassap” – teve
sua origem na década de 50 em indústrias químicas na Grã-Bretanha e, nos anos 60 e 70,
foi extensivamente usado nas plantas de energia nuclear e adaptado para a área de
alimentos pela empresa americana Pillsbury Company, a pedido da NASA, que tinha duas
grandes preocupações: a primeira se relacionava com os problemas que poderiam ocorrer
com partículas de alimentos - migalhas - flutuando na cápsula espacial em condições de
gravidade zero. Essas migalhas poderiam danificar ou causar interferências nos sofisticados
equipamentos eletrônicos. A segunda preocupação dizia respeito à inocuidade dos
alimentos que seriam consumidos pelos astronautas, pois em nenhuma hipótese as suas
refeições poderiam veicular qualquer tipo de DTA (Doença Transmitida por Alimentos).
Mas foi somente em 1985 que a National Academy of Science dos EUA recomendou aos
fabricantes de alimentos que adotassem o sistema APPCC, como uma forma de garantir a
segurança de seus produtos. Em 1988, a International Comission on Microbiological
Especification for Foods (ICMSF) publicou, por solicitação da Organização Mundial da
Saúde (OMS), um livro sobre o assunto, que resultou na estruturação da técnica na forma
atualmente aplicada, com os princípios alocados em sete passos (ICMSF, 1997).
Critérios – são os requisitos que orientam a tomada de decisão em cada PCC. Podem ser
usados parâmetros como: tempo, temperatura, pH, teor de sal, concentração de ácido
acético, ensaios microbiológicos e avaliações sensoriais, dentre outros.
Limite crítico – é o valor ou atributo estabelecido (máximo e/ou mínimo), que não deve ser
excedido, no controle do ponto crítico. Quando não atendido, significa impossibilidade de
garantia da segurança do alimento em questão. O limite crítico deve ser mensurável, não
pode ser um intervalo e as decisões não devem ser baseadas em critérios subjetivos.
Limite de segurança – é o valor ou atributo próximo ao limite crítico, que deve ser adotado
como medida de segurança para reduzir a possibilidade de ultrapassá-lo.
Medida de controle (medida preventiva) – toda ação ou atividade que pode ser utilizada
para prevenir ou eliminar um perigo à segurança do consumidor ou reduzi-lo a um nível
aceitável.
Perigo significativo – é um perigo de ocorrência possível e/ou com potencial para resultar
em risco inaceitável.
“O APPCC é um sistema que identifica, avalia e controla perigos que são significativos para
a segurança de alimentos” (CODEX, 1997).
Essa metodologia pode ser aplicada em todas as etapas da cadeia de alimentos, desde a
produção primária, processamento, transporte, comercialização, até o uso em restaurantes
ou residências. O programa analisa matérias-primas, processos e uso subseqüente dos
produtos de forma contínua, sistemática e estruturada, enfatizando os pontos críticos onde o
controle é essencial.
2 PRÉ-REQUISITOS
Os PPHO preconizados pelo FDA (Food and Drug Administration) constituíam, até outubro
de 2002, a referência para o controle de procedimentos de higiene, até que a Resolução 275
da ANVISA estabeleceu, no Brasil, os POPs (Procedimentos Operacionais Padronizados),
que vão um pouco além do simples controle de higiene. São definidos como procedimentos
escritos de forma objetiva que estabelecem instruções seqüenciais para a realização de
operações rotineiras e específicas na produção, armazenamento e transporte de alimentos
(BRASIL, 2002). A partir da data de publicação desta Resolução, os estabelecimentos
produtores/industrializadores de alimentos ficaram incumbidos de elaborar, implementar e
manter para cada item relacionado abaixo, os respectivos POPs.
Esta etapa representa a base para identificação dos Pontos Críticos de Controle (PCC) e
visa, também, estabelecer as medidas preventivas cabíveis (ICMSF, 1997).
Para orientar o trabalho todo o processo deve ser examinado e várias perguntas podem
feitas em relação ao produto:
• Quais são os ingredientes que fazem parte da formulação?
• Qual o perfil microbiológico das matérias-primas?
• São usados conservantes? Quais?
• Qual o pH? Essas características influenciam na multiplicação de
microrganismos infecciosos ou toxigênicos
• Qual o valor da atividade da água (Aa)?
• Quais são as técnicas de conservação utilizadas (pasteurização, esterilização,
desidratação, refrigeração, congelamento, fermentação, etc.)?
• Quais as condições para distribuição e uso? O produto deve ser mantido em
temperatura ambiente, congelado, sob refrigeração ou aquecido?
• A embalagem é adequada para manter a estabilidade do produto?
• Qual o tempo de vida de prateleira pretendido? Considerar os prazos para distribuição,
armazenamento/exposição e em poder do consumidor.
• Quais são as falhas que podem ocorrer durante a comercialização ou nas mãos do
consumidor?
• O produto será consumido por uma população sensível (crianças, idosos ou pessoas
enfermas)?
Avaliação dos perigos – para ter significado, a identificação dos perigos deve ser
acompanhada da determinação do risco e da severidade. O risco significa a probabilidade
(possibilidade) da ocorrência do perigo. Pode ser classificado como baixo, médio ou alto.
Perguntas úteis para avaliar o tipo de risco:
• Está sempre presente?
• Poderá ocorrer algum dia?
A severidade diz respeito à magnitude do perigo, que pode ser alta, média ou baixa. Por
exemplo, no caso de perigos microbiológicos:
• Alta: contaminações que conduzem a quadros clínicos graves (Clostridium botulinum,
Salmonella typhi, C. perfringens tipo C, Listeria monocytogenes, vírus da hepatite).
• Média: contaminações causadas por microrganismos de patogenicidade moderada
(Salmonella sp., Yersinia enterocolitica, Shigella spp).
• Baixa: contaminações causadas por microrganismos de disseminação restrita e
patogenicidade moderada (Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, C. perfringens tipo A).
TABELA 1
Fatores ótimos e limitantes que interferem na multiplicação de agentes patogênicos
Organismo Temperatura ºC pH Aa
Medidas preventivas – Para cada tipo de perigo (considerar risco e severidade) deve-se
estabelecer qual a melhor medida preventiva a ser aplicada. Todas as matérias-primas,
ingredientes e etapas são avaliados e, quando não é possível eliminar, prevenir, ou reduzir o
perigo, por meio de medidas preventivas, alterações no fluxograma (ou diagramas de fluxo)
deverão ser realizadas.
Para determinação dos PCCs e dos Pontos de Controle (PCs), recomenda-se utilizar um
diagrama decisório com perguntas básicas para orientar a análise, como o da FIG.1.
NÃO
NÃO
Modificar a etapa,
NÃO SIM processo ou produto.
Não é PCC
Os limites devem ser associados a medidas de parâmetros importantes para o controle dos
PCCs, tais como temperatura, tempo, pH, atividade de água, acidez titulável, teor de
substâncias químicas, etc. Em determinadas situações podem ser usados outros
parâmetros como, por exemplo, um ingrediente que não contenha Salmonella ou o nível de
cloro da água para resfriar as latas em um processo de apertização.
Os limites críticos são os valores máximos e/ou mínimos atribuídos aos parâmetros
selecionados para controle dos pontos críticos, que não devem ser excedidos. Quando não
atendidos, significa impossibilidade de garantia da segurança do alimento em questão.
Exemplo: no processo de conservação do leite por aplicação de calor, o limite crítico será
“mínimo de 73ºC/15 segundos”, se for utilizada a técnica de pasteurização. Alguns PCCs
necessitam que o processo se mantenha entre um limite máximo e outro mínimo, como a
quantidade de nitritos adicionada à carne durante a fabricação de embutidos: o limite
mínimo controla a segurança microbiológica e o máximo é necessário para garantir a
segurança química. Algumas empresas adotam os limites de segurança, que são padrões
mais rigorosos em relação aos limites críticos adotados como medida para minimizar a
ocorrência de desvios (ICMSF, 1997).
As ações corretivas específicas devem ser desenvolvidas para cada PCC de forma a
controlar um desvio observado nos limites críticos, garantindo novamente a segurança do
processo. As medidas a serem adotadas dependerão do método de monitoração, podendo
incluir: ajustes de temperatura e/ou de tempo; aferição dos termostatos; diminuição de Aa ou
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de pH; alteração das formulações ou das recomendações sobre preparo e condições de
conservação; recolhimento e destruição de lote de produto (ICMSF, 1997).
Quando o produto permanece sob controle direto do fabricante até sua exposição nos
pontos de venda, pode ser útil ou necessário a coleta de amostras de produtos acabados
para a identificação analítica de determinados microrganismos. A expedição só deverá ser
autorizada após a liberação do produto pelo laboratório.
Esta atividade pode ser realizada por profissionais do setor de controle de qualidade ou
consultores externos, porém, desde que especializados em APPCC e conhecedores dos
processos produtivos da empresa.
Exemplos de registros:
Procedimento de Registros de
PCC Instrumento utilizado Verificação
monitoração monitoração
Origem do Verificação do Nenhum Formulário de Observar operação
ingrediente fornecedor inspeção de seleção /
processamento.
Garantia do Nenhum Cartas de garantia
contratante arquivadas Revisar formulário
de inspeção.
Revisar cartas de
garantia.
Recepção Inspeção de Luz negra Formulário de Revisar o formulário
matéria-prima Lanterna recepção de registro /
observar o
Temperatura do Termômetro procedimento.
produto.
Avaliação sensorial Sensorial treinado Comparar produtos/
validade/etiqueta
Fornecedor Lista de fornecedores com lista de
aprovado aprovados fornecedores
aprovados.
Armazenamento Medida de Termômetro Formulário de Medir temperaturas
temperatura do ar Termopar registro de do produto.
temperaturas
Quadro de registro Verificar aferição do
contínuo instrumento de
medição de
temperatura.
Revisar formulários
e quadros.
Observar
procedimentos de
armazenamento.
Processamento / Medida da Termômetro Formulários, Medir
Preparo temperatura do Cronômetros de quadros ou gráficos tempo/temperatura
produto alarme de resfriamento e de exposição ao
Válvulas de desvio de reaquecimento, processamento
Medidas de pH corrente descongelamento, Verificar aferição do
Aparatos de controle cocção, termômetro.
Medidas de Aa do de processo conservação a Revisar formulários,
produto pHmetro quente, etc. quadros ou gráficos.
Medidor de Aa Observar os
procedimentos de
processamento
Coletar amostras
para análise.
Conservação após Medidas de Termômetro Formulários ou Verificar aferição do
o processo temperatura do quadros de termômetro.
produto temperaturas Revisar formulários
e quadros.
Observar as
operações.
4.1 Comprometimento
Para que o APPCC tenha êxito, é necessário que a gerência da empresa esteja consciente
e comprometida com o programa, disponibilizando pessoas e recursos financeiros para sua
implantação.
4.2 Liderança
Esta equipe, com apoio do líder, deverá participar ativamente da elaboração do plano
APPCC, devendo estar preparada para:
• Identificar e avaliar os perigos potenciais (biológicos, químicos e físicos);
• Caracterizar os PCCs (Pontos Críticos de Controle);
• Verificar os limites críticos e monitorar os PCCs;
• Estabelecer as medidas preventivas e as ações corretivas;
• Estabelecer, revisar e conservar os registros dos controles;
• Atuar na verificação do sistema.
Portanto, ela deve ser multidisciplinar, formada por profissionais com conhecimento teórico e
prático na formulação e fabricação do produto e envolvidas com as atividades diárias do
estabelecimento, correspondentes aos diversos setores da empresa. O grupo, com 3 a 7
participantes, deve ser constituído por representantes das áreas de produção, higienização,
controle de qualidade, inspeção, conforme a estrutura empresarial.
A Portaria nº46/98 do MAA (BRASIL, 1998), ressalta que os integrantes da equipe devem ser
pessoas com grande poder de convencimento, liderança e capacidade de multiplicação dos
conhecimentos obtidos e formadores de opinião, de modo a possibilitar a penetração dos
conceitos contidos no programa nos diversos setores do estabelecimento industrial e a
facilitar a sensibilização de todo o corpo funcional para a importância do plano.
O Plano APPCC é desenvolvido por meio de uma seqüência lógica de etapas que devem
estar de acordo com as exigências legais do órgão regulador ao qual o estabelecimento
está subordinado (MAPA ou ANVISA). Assim, toda a legislação pertinente (ver item 5) deve
ser consultada antes da elaboração do plano.
Com auxílio de check-lists específicos, a equipe do APPCC deve fazer uma análise inicial
de todos os setores do estabelecimento, com o objetivo de verificar se os procedimentos
das BPF e PPHO (ou POPs) estão sendo adotados (FOOD DESIGN, 1997).
Todos os perigos identificados, associados a cada etapa do processo, devem ser listados e
sua severidade avaliada. Segundo o Ministério da Agricultura, os riscos devem ser analisados
em relação à sua importância para a saúde pública, à perda da qualidade de um produto ou
alimento e à sua integridade econômica (BRASIL, 1998). As medidas preventivas para
controlar os perigos identificados devem ser listadas. Na análise dos riscos, a equipe
responsável pela elaboração do Plano APPCC deve considerar os seguintes pontos:
• Lay-out do estabelecimento industrial para estudo de fluxo de produção, possibilidade
de contaminação cruzada, etc.
• Formulação: matérias-primas e ingredientes utilizados
• Técnica de elaboração: práticas de manipulação e programas de higiene;
• Hábitos do consumidor: uso que se espera do produto, com base na utilização normal
pelo consumidor final.
Os formulários para identificação dos perigos devem ser estruturados para cada perigo
específico (biológico, físico e químico) em forma de quadros ou de tabelas, como a seguir:
TABELA 3
Formulário: análise dos perigos biológicos
Ingredientes /
Perigos
etapas do Justificativa Severidade Risco Medidas preventivas
biológicos
processo
TABELA 4
Formulário: análise dos perigos físicos
Ingredientes /
etapas do Perigos físicos Justificativa Severidade Risco Medidas preventivas
processo
TABELA 5
Formulário: Análise dos perigos químicos
Ingredientes /
Perigos
etapas do Justificativa Severidade Risco Medidas preventivas
químicos
processo
A correta identificação de cada PCC pode ser obtida com auxílio de formulários, do
diagrama decisório e do fluxograma de produção (FIG.2).
PREPARO DA
CARNE
Preparo da salmoura
MANTEAÇÃO (NaCl + aditivos) PCC1 - Q
SALGA ÚMIDA
PCC2 - M
SALGA SECA
PCC3 - M
TOMBAGEM
LAVAGEM
SECAGEM
PCC4 - M
ESTOCAGEM
Cada PCC contará com uma ou mais medidas preventivas que devem ser apropriadamente
implementadas para assegurar a prevenção, eliminação ou redução dos perigos a níveis
aceitáveis. Cada medida preventiva está associada com limites críticos que são as
fronteiras de segurança para que cada PCC possa variar sem que se perca o controle sobre
ele. A indústria alimentícia é responsável pelo comprometimento das autoridades
competentes na validação dos limites críticos que controlarão o perigo identificado.
Por exemplo, uma bebida acidificada onde somente o engarrafamento a quente e um breve
período de retenção que funciona como processo térmico garantem sua inocuidade, pode ter
na adição de ácido, um PCC importante. Se o ácido adicionado é insuficiente ou não está na
concentração adequada, o produto estaria incompletamente processado e isso permitiria a
multiplicação de bactérias patogênicas esporuladas. A medida preventiva para esse PCC
seria o pH com um limite crítico de 4,5. O limite crítico pode ser diferente dos critérios
associados com fatores de qualidade. O mesmo produto pode, por exemplo, ser de qualidade
inaceitável quando o pH excede a 3,8 enquanto que, do ponto de vista de saúde pública, os
perigos estão controlados desde que não se exceda o limite de 4,5 (ALMEIDA, 1997).
Como já foi dito anteriormente, dentre as muitas formas de monitorar os limites críticos de um
PCC, as mais utilizadas são as medições físicas e químicas. Elas podem ser realizadas
dentro e fora da linha de produção e fornecem informações úteis em um período de tempo
relativamente curto. Testes químicos rápidos, como a determinação de cloro em água de
resfriamento de enlatados ou a fosfatase em leite pasteurizado são exemplos de
averiguações de medidas de controle aplicáveis. Da mesma forma, medições de temperatura,
de pH, acidez total, Aa e umidade são também capazes de monitorar os PCCs.
O monitoramento visual não precisa de equipamentos caros e pode esmo não precisar de
pessoal altamente especializado. É aplicável tanto em operação alimentar simples em micro
empresas como em firmas processadoras de alimentos altamente sofisticadas. Entretanto,
par ser efetivo, a monitoração visual deve ser bem organizada e supervisionada com
propriedade. Por exemplo, os estabelecimentos de serviços de alimentos devem monitorar os
dizeres de rotulagem dos alimentos preparados ou os ingredientes que recebem para
certificar que são procedentes de fontes conhecidas e que estão de acordo com as
especificações.
Uma consideração importante diz respeito aos responsáveis pela monitoração. Na prática,
os funcionários que executarão as atividades de monitoramento devem estar de alguma
forma associados com a produção (supervisores de linha, operários mais qualificados,
pessoal de manutenção ou até mesmo da equipe de controle de qualidade). Essas pessoas
devem receber treinamento específico, principalmente para ficarem bem esclarecidas em
relação ao propósito de tais medições e respectivos registros (GELLY, 1997).
As ações corretivas devem ser registradas e, dependendo da freqüência com que ocorrem
problemas, poderá haver necessidade de aumentar a freqüência dos controles dos PCCs.
Essa decisão geralmente é tomada durante a etapa de verificação do sistema.
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A identificação dos lotes “problema” e as ações corretivas tomadas para garantir sua
inocuidade, devem constar dos registros do plano APPCC que serão mantidos arquivados
por um período razoável após a data de validade, ou de vida útil do produto.
Esta etapa do Plano APPCC envolve quatro processos (ALMEIDA, 1998). O primeiro deles
é o processo científico de verificação, que consiste em observar se os limites críticos
estabelecidos para os PCCs são satisfatórios. Essa atividade exige pessoal altamente
qualificado, com experiência em várias disciplinas e conhecimento sobre as técnicas de
processamento utilizadas pela indústria.
O segundo processo assegura que o Plano APPCC estabelecido para determinado produto
está funcionando adequadamente. A revisão do plano, nessa fase, é essencial. O terceiro
processo consiste em validações periódicas documentadas, independente de auditorias ou
outros processos de verificação. A própria equipe encarregada da implantação do sistema
pode realizar as revalidações, que incluem revisão in situ e verificação de todos os
diagramas de fluxo e de todos os PCCs. Se necessário, fazer modificações no plano inicial.
O plano APPCC, aprovado pela direção do estabelecimento, assim como seus registros
(tabelas, quadros e gráficos) deverão ser arquivados em local de fácil acesso. Fazem parte
da documentação:
• Relação nominal dos integrantes da equipe APPCC, com suas responsabilidades
específicas;
• Descrição do produto e seu uso esperado;
• Diagrama de fluxo com indicação dos PCCs;
• Descrição dos perigos associados a cada PCC e medidas preventivas;
• Limites críticos;
• Procedimentos de monitoração;
• Ações corretivas;
• Procedimentos de registro;
• Procedimentos de verificação.
Conclusões e Recomendações
O conceito do sistema APPCC (Avaliação de Perigos e Pontos Críticos de Controle) aplica-
se a todos os estágios da cadeia de produção de alimentos, desde o plantio, cultivo,
colheita, processamento, criação animal, fabricação, distribuição e comercialização, até seu
preparo para consumo.
O Plano APPCC, específico para cada produto, inclui os sete princípios do sistema e
pressupõe a implantação preliminar dos programas das Boas Práticas de Fabricação e dos
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Procedimentos Padrões de Higiene Operacional, considerados pré-requisitos fundamentais
para sucesso dessa ferramenta. Finalmente, é bom ressaltar a importância dos programas
de treinamento e o comprometimento de todos os envolvidos no processo produtivo, com
ênfase para a participação da alta administração dos estabelecimentos.
Referências
APHA. American Public Health Association. Proceedings of the 1971 National
Conference on Food Protection. Food and Drug Administration, USA. 1972.
CODEX ALIMENTARIUS. Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) and
System and Guidelines for its Application. 1997. Disponível em:
<http://www.fao.org/DOCREP/005/Y1579E/y1579e03.htm>. Acesso em: 5 nov. 2007.
GELLI, D.S. Análise de Perigos, Pontos e Controles Críticos – HACCP. São Paulo:
Instituto Adolfo Lutz, 1997.
SPERBER, W.H. The Modern HACCP System. Food Technology. v.45, n.6, p. 166, 118,
120. 1991.
Data de finalização
19 nov. 2007