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Viag11 Doido Morte

O documento apresenta um excerto da peça "O Doido e a Morte", de Raul Brandão. Nele, o Governador Civil recebe a visita do Sr. Milhões, que alega ter uma caixa explosiva capaz de destruir o edifício. Após ameaçar detoná-la, o Sr. Milhões tenta convencer o Governador da seriedade da situação, enquanto este tenta manter a calma.
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Viag11 Doido Morte

O documento apresenta um excerto da peça "O Doido e a Morte", de Raul Brandão. Nele, o Governador Civil recebe a visita do Sr. Milhões, que alega ter uma caixa explosiva capaz de destruir o edifício. Após ameaçar detoná-la, o Sr. Milhões tenta convencer o Governador da seriedade da situação, enquanto este tenta manter a calma.
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Viagens • Literatura Portuguesa • 11.

º ano Fichas de trabalho por sequência

FICHA DE TRABALHO 4 SEQUÊNCIA 4 • VIAGEM AO TEATRO DE RAUL BRANDÃO

Grupo I

Lê, com atenção, o excerto de O Doido e a Morte que se segue.

Nunes – (Abrindo a porta) Está aqui…

Governador Civil – Caramba! Não estou para ninguém. Isto é demais, Nunes! Castigo-o com
três dias de vencimento.

Nunes – É o Sr. Milhões com uma carta do presidente do ministério.

5 Governador Civil – O Sr. Milhões? que entre… que vida esta! que país este! Exatamente no
momento psicológico, no momento em que retomava. Nunes!
Ai do Lusíada coitado…
Isto não é um país, é uma selva onde os homens de génio têm de ser ao mesmo tempo
governadores civis. (Lendo o bilhete) O Sr. Milhões. Diz-lhe que entre, diz-lhe depressa
10 que entre. (Abre a porta) É o próprio ministro que recomenda o homem mais rico de
Portugal.

Nunes introduz o Sr. Milhões e uma caixa que é colocada no chão entre as duas mesas com
muitas precauções: – Aqui. Cuidado… Está bem… Pode retirar-se. – O sr. Milhões é um homem
importante e severo, de grandes suíças cuidadas e lunetas de aro de oiro. Sobrecasaca.
15

GOVERNADOR CIVIL E O SR. MILHÕES

Governador Civil – V. Ex.ª tenha a bondade de se sentar. Há que tempos que tenho a honra
de conhecer de vista e de nome. Então?...

Mas o senhor Milhões embezerrado não diz palavra. Com a maior indiferença dispõe a caixa e
faz dum fio elétrico para a campainha da mesa que está em frente da secretária do governador
20 civil. O outro segue-lhe os movimentos com uma curiosidade crescente.

Sr. Milhões – (Aproximando-se dele, confidencialmente) O senhor sabe o que está aqui
dentro?

Governador Civil – O que é?

Sr. Milhões – A morte!


25
Governador Civil – Pelo que vejo o negócio é grave?

Sr. Milhões – Muito grave. Vim de propósito de automóvel para não dar nas vistas. V. Ex.ª já
leu a carta do presidente do ministério? Há muito tempo que o admiro.

Governador Civil – (Lisonjeado) – E eu! e eu! Tenho por V. Ex.ª a maior consideração.
(Levanta-se e ao passar entre as mesas dá um pontapé na caixa).
30
Sr. Milhões – Cuidado que podemos ir todos pelos ares.

Governador Civil – (Dando um salto) Anh!?

fotocopiável
Viagens • Literatura Portuguesa • 11.º ano Fichas de trabalho por sequência

Sr. Milhões – Repito, o negócio que me traz aqui é muito grave. (Senta-se cerimoniosamente
e o governador civil vai postar-se na sua secretária).

Governador Civil – Estou no exercício das minhas funções.


35
Sr. Milhões – O maior crime de todas as épocas, a suprema tragédia de todos os tempos!
Vamos estoirar dentro de vinte minutos. (O governador civil muda de expressão à medida
que o outro fala) O que o senhor vê aqui nesta caixa é o mais formidável de todos os
explosivos SO3-HO4, cem vezes mais poderoso que a dinamite, o algodão- -pólvora,
e o fulminato de mercúrio. Basta carregar nesta campainha para irmos todos pelos ares,
40 eu, o senhor, o prédio, o bairro, a capital. SO3-HO4. O peróxido…

Governador Civil – Quê? quê? que peróxido!?

Sr. Milhões – O peróxido de azote.

Governador Civil – (Mastigando) Isso é sério?

Sr. Milhões – Muito sério.


45

Governador Civil – Ó Nunes!

Sr. Milhões – Pode vir o Nunes e todos os regimentos da capital… Quando eu tocar nesta
campainha arraso tudo. O peróxido de azote é a maior invenção deste século. Basta
carregar aqui com o dedo… (Ele, de lá, faz-lhe um gesto de súplica, sem poder falar, para
o outro retirar o dedo) Mas nós ainda não nos explicámos. (Tirando o relógio) Temos
50 tempo.

Governador Civil – Temos muito tempo. Ó Nunes!

Sr. Milhões – Chame quem o senhor quiser. Chame lá o Nunes por uma vez. É-me indiferente.
(O governador civil levanta-se e vai a sair precipitadamente) O que não é indiferente é que
o senhor saia daqui. Ah, isso não! Ao senhor escolhi-o para morrer comigo.
55

Governador Civil – Muito obrigado!

Sr. Milhões – E se dá um passo para fora daquela porta, faço saltar tudo.

Governador Civil – Mau! O senhor não se ponha com brincadeiras. Eu sou um governador
civil, uma autoridade constituída, e o senhor lembre-se tem mulher e filhos. É um homem
de ordem, é um homem rico… O senhor… Então eu estou aqui sossegado, no
60 cumprimento do meu dever, a escrever uma peça, nunca lhe fiz mal nenhum, tenho por V.
Ex.ª a maior consideração... V. Ex.ª está incomodado? quer tomar alguma coisa? (E
sempre mais alto) Ó Nunes!

Sr. Milhões – (Com desdém) Acabe lá com isso!

65
BRANDÃO, Raul, 2001. O Doido e a Morte. Lisboa: Edições Colibri

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.

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Viagens • Literatura Portuguesa • 11.º ano Fichas de trabalho por sequência

1. Situa o excerto de O Doido e a Morte na globalidade da peça, salientando a sua importância


para o desenvolvimento da ação.

2. Comenta a(s) funcionalidade(s) da segunda fala do Governador Civil (ll. 5-11).

3. Interpreta a utilização das expressões “Temos tempo” (l. 51) e “Temos muito tempo” (l. 52) pelo
Sr. Milhões e pelo Governador Civil, respetivamente.

4. Analisa comparativamente os retratos do Governador Civil e do Sr. Milhões, conforme vão sendo
construídos ao longo do excerto transcrito.

Grupo II

Lê atentamente o poema que se segue.

Em toda a noite o sono não veio. Agora


Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
5 Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã.

Com olhos tontos da febre vã da vigília


Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
10 Do mundo e da dor –
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.

Nem o símbolo ao menos vale, a significação


Da manhã que vem
15 Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem,
Por tantas vezes ter sempre ’sperado em vão,
Já nada ’spera.

PESSOA, Fernando, 1995. Poesias. Lisboa: Ática (15.ª ed.)

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.

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Viagens • Literatura Portuguesa • 11.º ano Fichas de trabalho por sequência

1. Caracteriza os momentos temporais representados na primeira estrofe do poema.

2. Refere um dos sentidos produzidos pela interrogação “Que faço eu no mundo?” (v. 4).

3. Atenta nos três primeiros versos da terceira estrofe. Explicita, sucintamente, a relação entre a
“noite” e a “manhã” estabelecida nos versos 14 e 15.

4. Tendo em conta todo o poema, identifica duas das razões do sentimento de “horror” referido no
verso 8.
(in Exame Nacional de Português B, 2007, 2.ª fase)

Grupo III

Num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de cem a duzentas palavras, propõe um


novo título para O Doido e a Morte, apresentando, no mínimo, dois argumentos decorrentes da tua
experiência de leitura da peça que suportem a tua escolha.

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Viagens • Literatura Portuguesa • 11.º ano Fichas de trabalho por sequência

Cotações Ficha de trabalho 4 • Sequência 4

Questões Cotação

Grupo I Conteúdo OCL* Total por questão Total do grupo

Org.** CL***

1. 12 4 4 20

2. 12 4 4 20
80 pontos
3. 12 4 4 20

4. 12 4 4 20

Grupo II Conteúdo OCL* Total por questão Total do grupo

Org.** CL***

1. 12 4 4 20

2. 12 4 4 20
80 pontos
3. 12 4 4 20

4. 12 4 4 20

Conteúdo OCL* Total por questão

Grupo III 40 pontos


Org.** CL***

24 8 8 40

200 pontos

(20 valores)

* Organização e correção linguística


** Coerência na organização das ideias e na estruturação do texto
*** Correção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia)

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