TCC
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INTRODUÇÃO
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i. Problema
Para responder à questão que nortea o problema da nossa pesquisa, fazemo-nos valer de
hipóteses, que segundo a concepção de Rudio (1980 apud OLIVEIRA, 2011, p. 13),
"são suposições que se fazem na tentativa de explicar o que se desconhece". Tratam-se
de respostas provisórias para solucionar o problema de investigação. Assim, foram
levantadas as seguintes hipóteses:
H2: Os provérbios traduzem a forma como os povos ambundu se diferenciam dos outros
povos;
Segundo Lakatos e Marconi (2007), toda pesquisa deve ter um objectivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.
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Objectivo geral
Objectivos específicos
Identificar os provérbios predominantes no Município do Ebo;
Descrever as mensagens dos provérbios da Região ambundu;
Apresentar o sentido filosófico dos provérbios;
A escolha do tema " A essência filosófica dos provérbios na Região ambundu: caso do
Município do Ebo" emerge das nossas convicções pessoais e deve a três (3) razões:
primeiro, por se tratar de um tema que se desdobra na Filosofia africana; segundo, por
ser um tema que reflete a sabedoria dos povos ambundu e terceiro, por ser um tema que
se configurou como desafio ao longo do nosso percurso académico.
v. Importância do estudo
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e tem um valor extremo na educação familiar, pois ajuda a moldar o comportamento do
indivíduo na sociedade.
Limitação espacial
Limitação temporal
Este trabalho constitui a razão da nossa luta incessante na busca de um saber crítico. O
nosso trabalho foi realizado num período de tempo compreendido entre os meses de
Janeiro a Novembro de 2019.
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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Provérbios
Na esteira do legado greco-latino, Lopes (1992, p.9) afirma que os provérbios têm sido
definidos tradicionalmente como "sentenças lapidares e concisas que o uso popularizou
e consagrou". Ao contrário dos textos breves que correspondem a ditos memoráveis de
personagens ilustres, e que por isso mesmo possuem um autor reconhecido, a autora
relata que os provérbios circulam sempre como textos anónimos, veiculados oralmente.
Nas palavras de Rodrigues (1982, p.10) apud Pereira (1994, p.13), um provérbio é uma
sentença popular que exprime uma verdade importante; adágio é um provérbio agudo e
chistoso. O provérbio enuncia uma verdade fundada na observação e na experiência. O
adágio dá a essa verdade uma agudeza que o torna mais penetrante. O provérbio é grave
e seco, cheio de sentido e precisão; o adágio é singelo e claro, cheio de espírito e finura.
O provérbio instrui e o adágio excita. Podemos perceber que a diferença estabelecida
pelo autor se dá em termos de estilo e é obscura. Todavia, permite entrever o seu caráter
de evidência incontestável, uma vez que remete à observação e à experiência, factores
geralmente considerados necessários no estabelecimento de uma verdade.
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No entender de Xatara e Succi (2008, p.33), " o enunciado proverbial abrange dois
vectores: forma plural (constituída por um grupo de palavras) e um só significado
(mensagem global a ser transmitida)". Os textos proverbiais têm uma função de arquivo,
pois conservam em si um saber cumulativo e empírico que durante séculos, sobretudo
em áreas onde imperava o analfabetismo, preencheu lacunas de conhecimento
científico.
Vellasco (2000, p. 11) apud Xatara e Succi (2008, p.34), relatam que:
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podendo ir do discurso cotidiano até mesmo ao discurso jurídico. São enunciados
ricos em linguagem conotativa e muito úteis no discurso, servindo como um recurso
de linguagem apto a ser aplicado com diferentes objectivos, não deixando de
ressaltar seu caráter persuasivo e sua propriedade de verdade universal.
Pode-se presumir com essa lógica que os provérbios inicialmente religiosos foram
criados por autores conhecidos, mas que no decorrer dos séculos, foram perdendo
autoria e caindo no domínio público. Como diz o próprio provérbio: ‘‘A voz do
povo é a voz de Deus’’, que parece corroborar a crença de que o pensamento é da
colectividade, e não do indivíduo. Alguns provérbios até conservam palavras
arcaicas, justamente porque elas lhes conferem um carácter de sabedoria ancestral.
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Deste modo, não admira que Aristóteles, na parte da Retórica consagrada à inventio
(a arte de descobrir materiais verdadeiros ou verosímeis susceptíveis de tornarem
plausível o objecto do discurso), inclua os provérbios no conjunto das "provas não-
artificiais", correspondente ao conjunto dos factos reais.
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geração. Numa sociedade plural, onde as forças de persuasão estão ao serviço de
diferentes grupos sociais,essa influência pode ser contrabalançada,o que não
acontece num regime totalitário, usurpador do discurso público e manipulador da
memória colectiva.
Valendo-se das palavaras de Mota (1974), há três fontes principais dos provérbios: os
clássicos, os literários e os populares.
Entendemos ser o provérbio uma unidade léxica (UL) complexa que não permite que o
seu significado seja calculado pelos significados isolados de cada uma das ULs simples
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contidas em seu interior. Neste caso, segundo Klein (2006) apud Xatara e Succi (2008)
para um enunciado ser identificado fraseologicamente como provérbio, a compreensão
semântica global desse enunciado só será alcançada considerando-se o conjunto de seus
constituintes.
Gross (1996) afirma que uma expressão fraseológica opaca ou figurada como os
provérbios correlaciona-se a um sentido não-composicional, ao contrário das sequências
transparentes ou não fraseológicas. De facto, reforçamos que o sentido de um provérbio
seja necessariamente opaco, figurado, conotativo e não transparente ou denotativo,
como no caso dos ditados, mas essa opacidade não é exatamente o mesmo que não-
composicionalidade, pois a característica figurada dos provérbios revela a maneira pela
qual esses fraseologismos são percebidos pelos interlocutores e a não-
composicionalidade procura esclarecer a relação que existe entre os constituintes do
enunciado e o produto global.
Valendo-se das palavras de Mejri (1997), Jorge (1999) apud Xatara e Succi (2008)
quando se fala no aspecto da conotação, situa-se, portanto, no nível da decodificação
proverbial; e quando se trata da relação entre os elementos lexicais formadores do
provérbio, refere-se à operação de codificação e de cristalização desses elementos.
Deste modo, logo se entende que a razão pela qual existem dicionários dos provérbios e
livros dos provérbios. Cada vocábulo, como fosse uma moeda, tem dois lados:
denotação e conotação. Por denotação, entende-se o significado do dicionário, por
outras palavras, a sua caraterística central mais reconhecida em sua comunidade
linguística; a conotação, ao contrário da denotação, refere os factores subjetivos, ou os
sentimentos e diferentes ligações que um indivíduo faz, de acordo com o seu
conhecimento ou a sua experiência.
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1.3. Provérbios como textos da literatura oral tradicional
De acordo com Funk e Funk (2008) apud Yuqing (2019, p.34), um dos critérios
linguísticos para identificar um provérbio é ter um texto mínimo (se formado por várias
palavras, ser geralmente realizado por uma frase, constituir uma proposição autónoma).
Sendo texto, os provérbios podem ocorrer isolados, quer integrados numa interação
conversacional quotidiana (por exemplo, nas páginas de uma antologia ou de um
dicionário, em inscrições domésticas, como slogan de grupo) ou num outro texto mais
extenso (nomeadamente num artigo de jornal, num sermão ou numa narrativa).
Segundo Sándor (2015, p.29-31) apud Yuqing (2019, p.35), a literatura oral é
classificada em três conjuntos: composições líricas, composições narrativas e
composições dramáticas. Dentro de composições líricas, identificam-se três
subconjuntos, nomeadamente:
Sendo textos da literatura oral tradicional, Sándor (2015, p.31-33) aponta as principais
características dos provérbios:
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1.4. Revisão da Literatura
Lopes (1992) sustenta que os provérbios têm sempre um valor semântico autónomo em
termos comunicativos, ao contrário das expressões idiomáticas que são apenas
constituintes de frase e nunca podem ocorrer como enunciados completos.
Acompanho Teixeira (2016), o provérbio liga-se sempre a uma comunidade, aos seus
modos de vida e às suas perspetivas (variadas) sobre o mundo e a vida. E ele próprio
pode indiciar a comunidade em que aparece, de tal modo que, fora dela, não funciona,
não apenas por motivos da sua ideologia própria, mas da forma como é realizado.
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CAPÍTULO II -METODOLOGIA
A amostra do nosso estudo foi constituída por 40 provérbios dos povos Ambundu do
Município do Ebo. De acordo com Gil (2012, p.90), “amostra é um subconjunto do
universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as
características desse universo ou população”.
2.2. Amostragem
2.1. Variáveis
Para Lakatos e Marconi (2001), uma variável pode ser considerada como uma
classificação ou medida, ou seja, um conceito operacional que apresenta valores,
passível de mensuração. O nosso estudo suporta duas variáveis e estabelecem entre si
relação de assimetria. Eis as variáveis:
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b) A essência filosófica como variável dependente - A variável dependente é o
elemento que será analisado e explicado em consequência da influência que
sofre de outras variáveis, ou seja, é o factor que varia à medida que o
pesquisador modifica a variável independente.
Em função dos objectivos traçados e das hipóteses levantadas, chegamos a concluir que
as técnicas e/ou instrumentos que nos permitiram selecionar com precisão as fontes de
informação e a efectuar a colecta de dados foram a análise de conteúdo e a entrevista
semi-estruturada.
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Quanto a forma de abordagem, recorremos a pesquisa qualitativa, pois os fenómenos a
serem explorados não precisam, necessariamente, serem quantificados. Segundo
Triviños (1987 apud OLIVEIRA, 2011), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os
dados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do
seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do
fenómeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relações e
mudanças, e tentando intuir as consequências.
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As fontes bibliográficas foram seleccionadas pela qualidade de informação que detêm,
pelo conteúdo do seu discurso e pelo facto de poderem assegurar a qualidade dos dados
da pesquisa. Primeiramente aplicamos uma entrevista do tipo semi-estruturada, através
de uma interacção directa com os mais velhos das aldeias e com os sobas. E em seguida,
fazemos a análise documental dos documentos fornecidos pela Administração do Ebo.
A recolha dos dados, propriamente os provérbios foi feita em Ngoya, uma variante da
língua Kimbundu.
No tocante as dificuldades, tínhamos que nos deslocar de Luanda para o Cuanza Sul,
propriamente no Município do Ebo, durante o mês de Fevereiro de 2019. A recolha de
dados foi muito difícil devido a escassez de fontes orais, a predominância de chuvas
neste período, o encontro com os mais velhos das Aldeias que só era possível ao
entardecer do dia e o acesso de fontes que descrevem a situação geodemográfico do
Município do Ebo.
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CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS
3.1.1. Extensão
Possui uma extensão de 2.520 Km2, cerca de 4,5% da área da Província. O Município
do Ebo, com sede na Vila do mesmo nome, está situado nos paralelos 45 e 16, as suas
coordenadas geográficas extremas são: 11º. 15´.00´´ de latitude Sul-Norte e 11º.05º.25´´
de latitude Sul-Sul, perfazendo uma amplitude latitudinal de 0º.05´.51´´.
3.1.2. Limites
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A sua população é estimada a 182.707 habitantes correspondente a uma densidade
populacional de 73 habitantes / Km2, sendo 85.724 homens e 96.983 mulheres
distribuídos em 141 Bairros ou Aldeias, em três (3) comunas e uma área administrativa.
A cultura do povo do Ebo não se difere muito de outros grupos de população Angola de
origem Bantu. Fala a língua Ngoya, embora com variante por zona.
Os bairros distribuídos por Banzas são chefiadas por Sobas. Geralmente, para
simbolizar a nobreza e dignificar o poder, usa-se a pele da Onça nos seus aposentos; é
costume dos Sobas todas as manhãs e tardes a saudação à Aldeia, para recolher
informações. A residência do Soba é denominada Zemba.
A construção de jangos é uma prática da região para neles resolverem problemas que
afectam a região, conflitos familiares, conflitos de terras e outros, ensinar a camada
jovem narrativas do passado.
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Destacam-se os rios Keve ou Cuvo, rio Nhia, Mugige, Kussoi, Tunga, Muegi, Wili,
Sambalunga, Covuquengo, Lambaty e riachos de caudais consideráveis que podem ser
aproveitados para a criação de barragem e de irrigação e fertilidade das áreas
cultivaveis.
É considerado um dos celeiros da Província, porque parte dos produtos cultivados como
milho, feijão, mandioca, batatas doce e rena, amendoim, sojá, café, abacaxi, maçã, etc,
sustentam os mercados de Amboim e de Luanda.
Lista de corpus:
Tradução: Para se conhecer o elefante é preciso deslocar-se, não basta ser adulto.
4- WAMONA IMBUMBA
Tradução: Se por ventura tiver encontrado a palanca enrolou os seus chifres, esquivou
muitos perigos.
Tradução: Se tiver encontrado o teu amigo está sendo aconselhado pelo seu pai não
distraía, escute também os conselhos, te serão úteis na vida.
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7- BUNDA KALIKALE MUNHA OU KALUNGA KALIKAKE MUTHU
tradução: A cintura não rejeita a pessoa, assim como a morte também não a rejeita.
Tradução: Quem pergunta deseja saber e quem bufa é que está saudável.
Tradução: O cágado, se tiver por cima de um tronco, é porque alguém o terá colocado.
Tradução: Se tiver encontrado a barba do vizinho estiver a queimar, previna a tua barba.
Tradução: Tu que quis vestir a pele da onça, deves suportar os seus piolhos.
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Tradução: quem não se mexe, ninguém vem ao seu encontro, ou dar-lhe uma semba de
alegria.
Tradução: A ginguba não se pode comer no fundo de água, as suas cascas hão-de sair a
superfície.
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Tradução: o sofrimento não vem só.
Tradução: Andar deve ser com muito cuidado, porque a vida deve ser bem protegida.
Tradução: Tu, pessoa, não ficas espertalhão demais como macaco que mastiga lagarto
com seu sangue; e também não estúpido demais como carneiro que defeca na sua cauda.
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3.3. Análise e Interpretação dos resultados
Segundo Possenti (1998) apud Cazelato (2003), para entender um provérbio é preciso
não apenas decodificá-lo, mas interpretá-lo, o que demanda um trabalho do interlocutor
além da decodificação. O provérbio, assim, evoca experiências sociais, culturais e
históricas;
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7. A morte é uma porta aberta. Neste mundo, devemos temer a vida do outro, se
queremos chegar a velhice. Temos que ter cuidado com aquilo que nos sufoca e
reconhecer o nosso tamanho.
8. A saúde vem dos alimentos e a dúvida é o princípio do conhecimento. Quando a
pessoa está saudável apresenta boa disposição e quem saber a direcção chega ao
seu destino.
9. Para subir na vida não existe elevador, são os nossos esforços, a nossa dedicação
que nos colocam em cima, no topo. Sem luta, não há vitória. Para os apressados,
quanto maior é a altura, mais intensa é a queda.
10. O que nos faz o mal não são pessoas de longe, mais sim de perto. Devemos nos
afastar das pessoas que alteram o nosso campo magnético, o nosso nível astral.
A maldade se avizinha antes da bondade.
11. O mais velho pode ser iletrado, mas as suas experiências de vida são exemplos
de um excelente peregrino neste mundo. A experiência é a prática do saber.
Ouvir um mais velho é acompanhar as suas pegadas, seu estilo de vida e
projectar uma vida mais segura.
12. Nesta vida, não devemos rir das desgraças dos outros, pois a qualquer momento
podemos ser afectado por um momento idêntico ou pior. Quando estiveres em
cima estende a mão para quem estiver a baixo, pois quando acontecer o
contrário, ele poderá reconhecer o bem.
13. Os jovens não podem confrontar os mais velhos, antes respeitá-los, pois onde os
mais velhos passaram, eles não conseguirão passar. Dito isso, percebe-se que a
antiguidade é um posto.
14. Só alcançamos o que queremos, quando há vontade, há iniciativa da nossa parte.
O segredo para vencer na vida, consiste em enfrentar os altos e baixos, as
barreiras, o que requer autodomínio.
15. A colheita é o reflexo da plantação. Todo bem ou todo mal que fazemos se
reflete mais cedo ou mais tarde na nossa vida. É a chamada lei do retorno.
16. Os problemas são para ser resolvidos e não esquecidos. Na vida, devemos saber
encarar a verdade, consciente das nossas limitações. Fugir um problema é
originar mais problemas.
17. Este provérbio nos ensina a medir as consequências dos nossos actos antes de
entrarmos em acção. Devemos agir sempre de forma consciente e livre.
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18. O provérbio nos ensina que o excesso sempre faz mal, devemos procurar ter o
necessário, o suficiente. Os clássicos nos ensinam que quem tudo quer tudo
perde.
19. Nos ensina que só nós realizamos com os outros, então devemos nos relacionar
uns com os outros para caminhar e desenvolver juntos, afinal ninguém é uma
ilha. Sempre precisamos dos outros.
20. O provérbio nos ensina que a terra que estamos a pisar é a mesma que nos
receberá no dia da morte. Em outras palavras, aquilo que menosprezamos
poderemos precisar a qualquer momento. Todas as coisas têm um valor.
21. O provérbio é breve e nos emite a ideia de que Deus nos suporta sempre nos
momentos difíceis. É necessário acreditar. Logo, percebe-se que enquanto há
vida, há esperança.
22. Nos ensina que a pessoa que morre nos transmite sentimento de dor, de tristeza,
logo nos transmite o óbito e no dia da nossa morte esta pessoa não estará
presente para chorar. Só os vivos choram.
23. Este tem relação estreita com o anterior, nos ensina que ao chorarmos num
óbito, estamos a compartilhar o pesar, a dor da mulher cujo marido faleceu. A
consolação é a dor partilhada.
24. O provérbio nos ensina que nada nesta vida dura para sempre. Devemos
preservar o que temos, devemos amar as pessoas ao nosso redor. A união faz a
força.
25. Nos remete a ideia de que o nosso sustento deve vir do nosso trabalho. Tudo que
conseguirmos deve refletir as nossas lutas, as nossas buscas e as nossas
superações.
26. O provérbio nos ensina que algumas pessoas têm dupla personalidade. Nem
todas pessoas que julgamos serem boas, são. As aparências iludem.
27. O provérbio nos ensina que quando dependemos de alguém, não devemos fazer
escolhas, devemos antes obedecer às regras estabelecidas. A dependência mata
as expectativas.
28. Este provérbio nos ensina que o pequeno almoço, que chamamos de matabicho,
é muito importante e não pode ser comprometida ou omitida da nossa dieta
alimentar. Em outras palavras, quem se previne, evita danos, problemas ou
situações desagradáveis.
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29. Nos ensina que nenhuma pessoa pode ser fiel a outras duas, pois se falar bem de
uma, falará mal da outra. Ou seja, o orgulho mata a confiança.
30. Nos ensina que tudo feito no oculto, mais cedo ou mais tarde será descoberto.
Ou seja, um segredo quando contado deixa de ser segredo. A mentira tem pernas
curtas.
31. Nos ensina que o sofrimento não é apenas para dor, mas também para o
crescimento, amadurecimento e revela a forma de como superarmos as
dificuldades. É na dificuldade que aparece a oportunidade.
32. Remete-nos a ideia de que não devemos culpar os outros dos nossos erros, pois
somos dotados de livre arbítrio. O mal procurado não dói.
33. Nos ensina que o crescimento passa por diversas fases, onde somos submetidos
a enfrentar certos problemas, como de saúde, financeiros, etc e é normal que a
temebilidade, por exemplo da morte, tome conta de nós devido os
acontecimentos observáveis na sociedade. Apesar dos riscos, devemos tentar,
caso contrário não saberemos se algo dará certo ou não.
34. Nos alerta sobre os perigos deste mundo, que devemos saber liar com os outros,
saber evitar os problemas e saber agir. Evitar pessoas conflituosas ajuda a
melhorar a saúde física e emocional, prolongando a vida.
35. Devemos saber que somos passageiros neste mundo e que a morte não pode ser
motivo para não desfrutarmos desta vida. Devemos sonhar, devemos lutar para
alcançar os nossos objectivos, devemos viver a vida, cientes da morte, afinal
quem não sonha morre duas vezes.
36. Nos ensina que a morte é o fim de todos os problemas desta vida. A sua
mensagem alude a ideia de que viver é estar ciente de que teremos sempre
problemas, pois são inevitáveis.
37. Remete-nos a ideia de que é necessário saber lidar com as adversidades desta
vida, se uma forma não se adapta, tenta a outra. Devemos mudar a forma de
perceber os factos, pois a não mudança pode nos transmite a ideia de
incapacidade.
38. Nos ensina que nesta vida não podemos ser bons demais, para não nos pisar e
não maus demais para que as pessoas não fujam de nós. Devemos equilibrar o
nosso ser para lidar com os bons e os maus.
39. Nos ensina que em vez de criticar, devemos ajudar. Não basta falar, devemos
fazer. As pessoas emitam aquilo que você faz e não o que você diz.
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40. Remete-nos a ideia de que devemos ser pacientes para colhermos frutos, bons
resultados e não comprometer a jornada. Os clássicos nos ensinam que a pressa é
inimiga da perfeição.
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CONCLUSÃO
Os provérbios são narrativas que traduzem os hábitos e costumes dos povos, bem como
a sua filosofia de vida baseada na tradição oral. Os povos Ambundu têm uma visão
holítica do mundo e o interpretam a partir de suas vivências e experiências que são
transmitidos para gerações vindouras por meio dos contos, fábulas, estórias.
Apesar do conflito que se regista na sua origem, os provérbios sempre revelaram o valor
da língua e do povo que a fala. Para os Ambundu valorizar a língua é valorizar a vida da
comunidade. A essência proverbial Ambundu é revelada nos conhecimentos que são
transmitidos através dos dizeres entre um adulto e um jovem, entre um soba e a sua
comunidade, nos jangos ou em cerimónias festivais e fúnebres.
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RECOMENDAÇÕES
4. Que a Fluan crie condições para a divulgação dos trabalhos científicos que
promovem a cultura nacional, pois ajudará a conservar os hábitos, os costumes e
valores culturais;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30
XATARA, Claudia Maria; SUCCI, Thais Marini. Revisitando o conceito de
provérbio. Veredas on-line – Atemática – v.1, p.33-48 – PPG Linguística/UFJF – Juiz
de fora - ISSN 1982-2243, 2008.
31
LOPES, Ana Cristina Macário. Texto Proverbial Português: elementos para uma
análise semântica e pragmática.1992. 392f. Dissertação de Doutoramento.
Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, Coimbra, 1992.
GREIMAS, Algirdas Julien. Sobre o sentido. Petrópolis, Rio de Janeiro: Ed. Vozes,
1975.
32