Pedro Nunes
Pedro Nunes
Pedro Nunes
Francisco Gomes Teixeira, Elogio Histórico de Pedro Nunes in PANEGÍRICOS E CONFERÊNCIAS (1925)
Foi professor de
Matemática na
Universidade de
Coimbra, instituição que desfrutava de uma boa
reputação na Europ a e aí ministrou ensinamentos
de Elementos de Geometria de Euclides, Aritmética,
Cosmografia, Mecânica de Aristóteles e parte da
obra Almajesto de Ptolomeu.
Em 1529 foi nomeado, por D. João III, cosmógrafo do reino e em 1547 cosmógrafo-mor do
reino.
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Os navegadores portugueses, que navegavam em caravelas por mares nunca dantes
navegados, tinham à sua frente um período
histórico e de desenvolvimento que até então
não tinham vivido. Estava -se em pleno apogeu
dos Descobrimentos Portugueses e Pedro
Nunes foi um vulto de ciência, sendo, sem
dúvida, uma referência na Europa como
matemático e homem de ciência.
“Nunes foi um dos algebristas eminentes do século XVI. Entre os grandes m atemáticos que
separam Stifel e Cardan, de Viéte, brilha em primeiro lugar. É uma glória de Portugal .”
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Euclides
Ptolomeu
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e duas obras originais:
“Tratado em defensam da carta de marear” , onde Pedro Nunes apresentou o processo para
determinar a declinação magnética, apoiado em observações solares e o processo para
determinação de latitudes baseado nas alturas extrameridianas do Sol.
“Tratado sobre certas dúvidas de navegação” que contém respostas dadas a dúvidas
colocadas por Martim Afonso de Sousa, em 1533, aquando do seu regresso de uma viagem
ao Brasil.
Pedro Nunes ocupa-se das célebres linhas de rumo, loxodromias, que vieram a ter grande
reflexo na Cartografia.
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“Opera”
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Pedro Nunes trabalhou de uma forma muito estreita com os navegadores e pilotos,
preocupado que estava em resolver problemas que estes sentiam na navegação, sugeriu -
lhes técnicas de observação, criou instrumentos de medição da altura de astros ou de
medição da declinação magnética.
No entanto foi alvo de severas
críticas por parte de alguns deles.
Segundo Pedro Nunes os
marinheiros não lhe perdoavam o
facto de, sem nunca ter navegado,
intervir nos problemas da náu tica,
reformulando as soluções por eles
protagonizadas, interrogando -se
sobre a validade das práticas
seguidas.
A latitude
A longitude
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Determinar a latitude é simples . À noite, no hemisfério Norte, a Estrela Polar dá o valor da
latitude directamente. De dia a altura do Sol, após uns cálculos, dá o valor dessa
coordenada.
Para determinar a latitude os marinheiros tinham que fazer uma de duas operações :
Longitude de um lugar
Como a Terra faz uma rotação completa sobre si mesma em 24 horas, isto é roda 360 graus
em 24 horas, significa que descreve 15º numa hora. Por cada hora de diferença entre o
ponto onde estamos e do ponto de referência, são percorridos 15 graus para este ou para
oeste.
Para se determinar a longitude de um lugar, não basta definir os meridian os, são
necessários instrumentos para o fazer, nomeadamente é preciso medir o tempo, ou seja, é
preciso um relógio.
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A invenção do relógio que não se desacertava nos navios foi feita pelo artesão inglês John
Harrison, em meados do século XVIII, e o primeiro teste náutico foi efectuado em 1736,
numa viagem para Lisboa. A invenção de John Harrison só foi reconhecida em 1773, quando
recebeu o prémio do Acto das Longitudes.
navegadores seguiam rotas ao longo de paralelos, mantendo sempre a mesma altura do Sol
ao meio-dia. Foi o caso de Cristóvão Colombo que, e m 1492, chegou à América navegando
sempre ao longo de um paralelo.
As viagens comerciais eram muitas e p ara terras distantes. Era necessário garantir a
chegada a bom porto das caravelas, evitar os naufrágios.
Estas necesidades tornavam urgente o estudo do problema
e o desenvolvimento de utensilagem náutica.
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Realçamos o anel náutico, o instrumento de sombras e o nónio
O anel, de secção circular, tem lateralmente dois orifícios muito estreitos sulcados a igual
distância da argola de modo que a medida do arco BC seja de 90º.
No seu interior existe uma escala de 0º a 90º, marcada na semicircunferência, como se vê
na figura.
Sol
De acordo com o sentido da g raduação, o anel náutico
mede a altura do Sol ou a distância zen ital. No caso da
figura, o anel dá-nos, por leitura directa, a altura do Sol. Horizonte C
B 0º
Para conhecer essa coordenada basta suspender o anel
pela argola e rodá-lo de modo que os raios solares passem O
Sol
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Para se determinar a altura do Sol é necessário orientar o instrumento. Primeiro tem que se
colocar a tábua na posição horizontal e rodar a peça até que a sombra do cateto SB
(vertical) coincida com a tangente TT’. Nessa altura regista -se o valor do ângulo ADE’ que é
o valor da altura angular do Sol.
Estes instrumentos foram experimentados com êxito por D. João de Castro nas suas viagens
a Goa e ao Mar Vermelho que, perante resultados tão satisfa tórios, não se cansou de elogiar
o mestre segundo descreve na sua obra “Roteiro de Lisboa a Goa” .
As dificuldades da época provocadas pelo atraso da técnica levavam a que a menor divisão
na graduação dos instrumentos náuticos fosse o grau, excepcionalmen te, o meio grau.
Muitas vezes os cálculos eram feitos por estima o que tornava a navegação incerta (muitos
foram os naufrágios).
Pedro Nunes sensível a este problema e de espírito rigoroso inventou o nónio.
Fig. 1 Fig. 2
Fig. 1
Quadrante fabricado em 1595, sem a medeclina e a bússola, único instrumento com o nónio de Pedro Nunes que
existe, Museu da História da Ci ência, Florença.
Fig. 2
Reconstituição do quadrante com nónio de Pedro Nunes, a réplica encontra-se exposta ao público no Museu de
Marinha, de Lisboa.
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Com a criação do nónio, Pedro Nunes permitiu que se abandonasse a leitura por estimativa
cujo resultado dependia do critério do medidor e fosse possível fazer leituras precisas de
fracção do grau. Pedro Nunes refere o nónio na Proposição III do seu livro De Crepusculis,
em 1542, de enunciado: “um instrumento que seja muito apropriado às observações dos
astros, e com o qual se possam determinar rigorosamente as respectivas alturas”.
de 10 em 10 (ou de 5 em 5) divisões. 39 65
70
50
escalas concêntricas (90, 85, 80, …, 45) e em 55
45
50
cada uma destas escalas foi marcada a 40
45
35
numeração de 5 em 5 divisões, conforme a 30
40
figura. 25
30
35
20
15
Representando por: 0 5
10
20
25
15
0 10
5
n – número de partes em que foi dividido o quadrante (em que n é maior ou igual a 45 e
menor ou igual a 90);
p – número de divisões intei ras por onde passa o fio de prumo do quadrante (medeclina no
caso do astrolábio);
A – ângulo referente à altura da estrela que se pretende observar.
A p
90 n
Exemplo:
Vamos medir a altura angular de uma estrela. Ao fazermos a pontaria com o instrumento
para essa estrela verificamos que o fio de prumo do quadrante passa pela 39ª divisão da
escala que tem 60 por número de ordem. Estabelecendo a proporção:
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A 39 90* 39
A A 58,5
90 60 60
podemos dizer que o valor da altura da estrela é 58º 30’.
O nónio por ele concebido foi adaptado e utilizado na construção de dois grandes
quadrantes pelo astrónomo Tycho Brahe (1546 -1601) que tinha uma grande preocupação
em fazer observações astronómicas sistemáticas e com muito rigor.
Tycho Brahe convidou Kepler (1571 -1630) para trabalhar com ele e
legou-lhe o seu património. Deste modo, Kepler pôde analisar as
divergências entre as posições observadas e as previsões teóricas, o que
lhe permitiu, em 1604, publicar as duas primeiras leis referentes ao
movimento dos planetas. Ultrapassado que estava o problema da
medição rigorosa de grandezas e do seu registo sistemático, foi possível
o aparecimento de novas leis e dar um novo rumo à Ciência.
Pedro Nunes foi um homem que interligou a observação e a teoria, a ciência e a técnica e, ,
a melhor homenagem que lhe podemos prestar é divulgar a sua obra científica, é estudar e
discutir problemas teóricos que ocuparam a sua mente é aprender a constru ir e a manusear
os instrumentos por ele inventados.
Sítios em português
http://scientia.artenumerica.org/noniana/noniana.html
http://pedronunes.cien ciaviva.pt
http://nautilus.fis.uc.pt/personal/vieira/nav.htm
Sítio em inglês
http://www-groups.dcs.st-andrews.ac.uk/~history/Mathematicians/Nunes.html
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