Adsorcao CENPEQ20062 PDF
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
PROCESSAMENTO PETROQUÍMICO
CENPEQ
OPERAÇÕES UNITÁRIAS
ADSORÇÃO
Junho/2006
Módulo 5 – Destilação e Absorção ii
Operações Unitárias
Adsorção
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
2. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR EQUILÍBRIO DE FASES ................................... 5
2.1. DIAGRAMAS DE FASES ............................................................................................... 6
2.2. EQUILÍBRIO DE FASES................................................................................................. 9
2.3. PROCESSOS BASEADOS EM EQUILÍBRIO DE FASES .......................................... 10
2.4. SELEÇÃO DE PROCESSOS ......................................................................................... 11
3. O FENÔMENO DE ADSORÇÃO ................................................................................... 17
3.1. TIPOS DE ADSORÇÃO. .................................................................................................. 18
3.2. MECANISMOS DE ADSORÇÃO SELETIVA. .............................................................. 19
4. PROPRIEDADES E TIPOS DE ADSORVENTES ......................................................... 21
4.1. HISTÓRICO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO......................................................... 21
4.2. PROPRIEDADES-CHAVE DE UM ADSORVENTE .................................................... 23
4.3. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE ADSORVENTES ........................................................... 26
Alumina Ativada ........................................................................................................ 26
Sílica .......................................................................................................................... 27
Zeólitas....................................................................................................................... 27
Carvão Ativado .......................................................................................................... 29
Outros Adsorventes Orgânicos .................................................................................. 30
4.4. INFLUÊNCIA DO TAMANHO DOS POROS ................................................................ 31
5. CARACTERIZAÇÃO DE ADSORVENTES.................................................................. 33
5.1. DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE POROS DE UM ADSORVENTE. .................... 34
5.2 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE REAL DO SÓLIDO POR PICNOMETRIA....... 35
5.3. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO MÉDIO DAS PARTÍCULAS DE ADSORVENTE E DE
OUTRAS PROPRIEDADES DE INTERESSE. ...................................................................... 36
5.4. DETERMINAÇÃO DO GRAU DE CRISTALINIDADE POR ADSORÇÃO FÍSICA DE N2
38
5.5. DETERMINAÇÃO DA ÁREA ESPECÍFICA PELO MÉTODO BET ........................... 39
6. EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO .......................................................................................... 40
6.1. TERMODINÂMICA DO EQUILÍBRIO EM ADSORÇÃO ............................................ 41
6.2. ISOTERMA DE HENRY .................................................................................................. 42
6.3. ISOTERMA DE FREUNDLICH ...................................................................................... 42
6.4. ISOTERMA DE LANGMUIR .......................................................................................... 42
6.5. ISOTERMA DE FOWLER ............................................................................................... 43
6.6. EQUILÍBRIO MULTICOMPONENTE ........................................................................... 44
Operações Unitárias – Adsorção 2
1. INTRODUÇÃO
A operação unitária de adsorção é, possivelmente, a técnica para separações não baseada em
equilíbrio líquido-vapor mais amplamente usada nas indústrias do petróleo, gás natural,
petroquímica e química, para a separação dos componentes que formam misturas miscíveis de
líquidos ou gases. A adsorção é uma operação unitária de transferência de massa, da mesma
maneira que a destilação, a absorção ou a extração.
Deste começo humilde e diverso cresceu uma tecnologia de separação que hoje, abrange
uma vasta gama de processos. Uma lista representativa de separações feitas por adsorção é
mostrada na Tabela 1.1.
Ar Limpo
Reciclo de
Contaminantes
Impurezas
Separação
Ar Subprodutos
Matérias Efluente
Primas
Separação Reação Separação
Produtos
Água
Efluente
Reciclo de
Separação Contaminantes
Água
Limpa
Figura 2.1. Processos de separação na indústria química
Operações Unitárias – Adsorção 6
A transformação de um produto puro de uma fase sólida para líquida recebe o nome de
fusão, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a pressão é constante, a fusão
de um composto puro se dá a temperatura constante, chamada de temperatura de fusão. O processo
de solidificação é a passagem do estado líquido para o sólido. A solidificação libera energia e se dá
à mesma temperatura de fusão. Observe que a temperatura de fusão ou de solidificação em geral
não é constante para uma mistura.
Analogamente, a transformação de um produto puro de uma fase líquida para gás recebe o
nome de evaporação, sendo um processo que requer energia de uma fonte externa. Se a pressão é
constante, a evaporação de um composto puro se dá a temperatura constante, chamada de
temperatura de ebulição (ou de evaporação). O processo de liquefação é a passagem do estado gás
Operações Unitárias – Adsorção 7
para o líquido. A liquefação libera energia e se dá à mesma temperatura de ebulição. Observe que a
temperatura de evaporação ou de liquefação em geral não é constante para uma mistura.
Estes processos de mudanças de fases estão apresentados na Figura 2.4. Observe que
também é possível a mudança diretamente da fase sólida para a fase gás, e vice-versa, processo que
recebe o nome de sublimação. O processo de sublimação só pode ocorrer sob determinadas
condições de pressão, abaixo do ponto triplo. Desta forma, a sublimação da água só ocorre a
pressões abaixo de 4,58 mmHg abs, que á uma condição de alto vácuo (ver Figura 2.3). Algumas
substâncias sublimam à pressão ambiente, como é o caso do dióxido de carbono (CO2) no
conhecido exemplo do gelo seco. A Figura 2.5 apresenta o diagrama de fases para o dióxido de
carbono, onde se observa que o equilíbrio entre as fases líquida e vapor para este composto só é
possível para pressões acima de 5 atm abs (ponto triplo). O iodo sólido e a naftalina são outros
exemplos de compostos que sublimam à pressão ambiente.
Operações Unitárias – Adsorção 8
Quando duas fases são postas em contato elas tendem a trocar seus constituintes até que a
composição de cada fase atinja um valor constante. Quando isto acontece, diz-se que o sistema está
em equilíbrio termodinâmico. As fases em contato podem ser líquidas, sólidas ou gasosas. Quando
só há um componente nas fases, obviamente a composição de cada fase será igual. No entanto,
quando há mais de um componente nas fases, em geral as composições de cada fase serão
diferentes. Esta é a base dos processos de separação por equilíbrio de fases. Conforme citado
anteriormente, estes processos promovem a formação de duas fases da mistura, tirando proveito do
fato de que as composições das fases de uma mistura são em geral diferentes uma da outra. Logo a
criação de duas fases dá lugar a um processo de separação.
x1, I
x1, II
β1, 2 = Eq. 2.1
x2, I
x2, II
Em resumo, quanto maior for a seletividade maior será a facilidade de separação entre os
componentes por determinado processo. Quanto mais próxima de 1 for a seletividade maior será a
dificuldade de separação entre os componentes por determinado processo.
Para o caso particular do equilíbrio entre as fases líquida e vapor, é usual a representação da
composição da fase líquida com a letra x e da fase vapor com a letra y, como mostrado na Figura
Operações Unitárias – Adsorção 10
2.6. Neste caso, a seletividade recebe o nome específico de volatilidade relativa (α1,2) e está
apresentada na Equação 2.2.
y1
x1
α1, 2 = Eq. 2.2
y2
x2
Observe que este é o caso da separação por destilação, onde continua valendo o mesmo
raciocínio: quanto maior for a volatilidade relativa maior será a facilidade de separação entre os
componentes por destilação; quanto mais próxima de 1 for a volatilidade relativa maior será a
dificuldade de separação entre os componentes por destilação. A volatilidade relativa pode ser
interpretada, assim, como uma medida da facilidade que uma dada substância tem para passar à fase
vapor.
O equilíbrio entre as fases líquida e vapor é a base para operações de separação como a
destilação, a absorção e o “stripping”. O vapor de uma mistura em ebulição será mais rico nos
componentes mais voláteis que a mistura original, enquanto que o líquido remanescente conterá
mais o material menos volátil. Neste caso, a promoção de um contato íntimo entre estas fases é a
chave para a eficiência dos equipamentos destes processos.
O equilíbrio entre duas fases líquidas é a base para operações de separação como a extração.
Nestes processos normalmente se acrescenta um solvente que tem maior afinidade com um ou mais
dos componentes para promover a separação. Observe que haverá a necessidade de um processo
adicional de separação do solvente dos componentes extraídos, de modo a isolar estes componentes
Operações Unitárias – Adsorção 11
e reciclar o solvente ao processo. Esta separação adicional é geralmente conduzida por destilação. A
Figura 2.7 ilustra processos de laboratório de separação por extração.
O equilíbrio entre as fases sólida e fluida (líquido ou vapor) é a base para operações de
separação como a cristalização e a adsorção. Estes processos apresentam como característica a
necessidade de manipulação de uma fase sólida, o que pode ser um fator complicador.
Eventualmente, na adsorção, emprega-se um componente adicional para funcionar como
dessorvente. Nestes casos haverá novamente a necessidade de um processo adicional de separação
do dessorvente dos demais componentes, de modo a isolar estes componentes e reciclar o
dessorvente ao processo.
A Tabela 2.1 faz um resumo das principais características dos processos baseados no
equilíbrio de fases.
A seleção do processo mais adequado para uma dada separação será, em última instância,
governada por critérios econômicos. O melhor processo será aquele que realize a separação com o
menor custo de produção, considerando custo de investimento e custo operacional do mesmo. No
entanto, para efeito de se ter uma lista de aspectos importantes a se verificar, alguns fatores devem
ser lembrados na seleção de um processo de separação:
1. Viabilidade:
b) Eficiência de separação;
2. Valor do produto: produtos de baixo valor comercial serão mais viáveis de serem obtidos em
processos com baixo consumo de energia, de baixo custo de produção, com pequeno investimento e
em grandes plantas industriais.
3. Degradação do produto: altas temperaturas em sistemas com produtos pesados pode levar a um
craqueamento ou polimerização.
4. Consumo de energia
a) Processos que usam energia como agente separador: buscar minimizar consumo de
energia (destilação);
c) Processos governados pelo fluxo: recuperação de energia nos produtos quase nunca é
possível (membrana);
d) Processos que tenham uma fase sólida: dificuldade de manuseio de sólidos (cristalização
e adsorção).
d) Não existe adição de nenhum outro composto que possa contaminar o produto;
e) Pode ser facilmente usada em processos de estágios múltiplos com um único vaso.
Também é mostrado na Figura 2.8 o número mínimo de estágios teóricos necessários para
efetuar a separação específica a refluxo total. Este número aumenta rapidamente com o decréscimo
da volatilidade relativa e fica evidente que para sistemas em que α é menor do que 1,2, a destilação
é ineficiente. O número de estágios mínimo para uma volatilidade relativa de 1,1 é de cerca de 100
estágios, o que conduziria a cerca de o dobro de estágios em um processo real com refluxo não infinito.
Operações Unitárias – Adsorção 14
Apesar de os custos de uma unidade de separação por adsorção serem geralmente maiores
do que os custos de unidade de destilação com número equivalente de estágios teóricos, melhores
fatores de separação são comumente obtidos no processo de adsorção. Então, quando a volatilidade
relativa decresce outros processos, como o de adsorção, eventualmente se transformam na opção
mais econômica. O ponto onde a destilação deixa de ser interessante depende, é claro, do sistema
particular, assim como do custo de energia. Como uma aproximação pode-se afirmar que, com a
presente tecnologia, a adsorção torna-se competitiva com a destilação para a separação em massa
quando a volatilidade relativa for menor do que cerca de 1,2 a 1,5. Para processos de purificação
envolvendo gases leves, onde a alternativa é a destilação criogênica, o custo é geralmente mais
favorável para a adsorção, logo a adsorção é comumente preferida mesmo quando a volatilidade
relativa for alta.
Figura 2.8. Refluxo e número de estágios mínimos de destilação versus volatilidade relativa.
Além da volatilidade relativa, outros fatores podem ser analisados na escolha do processo
mais adequado. Assim, destilação ainda não é necessariamente a melhor resposta se:
e) Corrosão é um problema;
f) Precipitação é um problema;
3. O FENÔMENO DE ADSORÇÃO
A adsorção física é um fenômeno pelo qual as moléculas de um fluido (gás, vapor ou líquido)
são atraídas para uma superfície sólida, em função de uma força resultante decorrente da
descontinuidade existente nas moléculas desta mesma superfície. A Figura 3.1, adaptada a partir de
Cardoso (1987), mostra que uma partícula situada em regiões internas de um sistema condensado
(sólido) encontra-se em equilíbrio, pois a resultante das forças que atuam sobre ela é zero; já uma
partícula da superfície está em desequilíbrio, pois existe uma resultante de forças (R) atuando sobre a
mesma. Esta resultante é a responsável pela interação entre as moléculas de um fluido e a superfície de
um sólido, gerando uma força de atração que pode se propagar por múltiplas camadas. Um fenômeno
observado cotidianamente e que envolve forças de atração semelhantes a essas é a condensação de
vapor d’água na superfície de um espelho. Estas forças são tipicamente forças de van der Waals, de
acordo com Ruthven (1984).
R
Interação entre as moléculas de
um sistema condensado Interação entre as moléculas de
um fluido e a superfície de um
sólido
n-ésima camada
2a. camada
1a. camada
Figura 3.1. Adsorção física: atração entre as moléculas de uma superfície sólida e de um
fluido (Cardoso, 1987).
como o de peneira molecular e a utilização de sítios iônicos, para obter um sólido altamente seletivo a
determinadas espécies moleculares. Neste último caso estão as interações eletrostáticas tipo
polarização, dipolos e quadripolos (Ruthven, 1984). O fenômeno de adsorção física é, assim, geral,
pois mesmo na ausência de interações específicas existem sempre as forças de Van der Waals para
atraírem as moléculas da fase fluida para a interface.
A adsorção diminui a energia livre superficial do sistema, pelo que o processo é espontâneo
(ΔG < 0). Por outro lado, há uma diminuição do número de graus de liberdade, pois as moléculas
adsorvidas só podem deslocar-se sobre a superfície, enquanto que as moléculas da fase fluida podem
deslocar-se por todo o volume da fase, estando em um estado de maior desordem. Isso significa que há
uma diminuição na entropia do sistema ao passar do estado não adsorvido para o adsorvido, isto é ΔS <
0. Como ΔG = ΔH – TΔS, conclui-se que ΔH < 0, ou seja, a adsorção é um processo exotérmico.
Portanto de acordo com os princípios de Le Chatelier–van’t Hoff, a quantidade de gás adsorvido
diminui quando a temperatura aumenta.
Quando o processo de adsorção envolve força de van der Waals, mas não há alteração química
das moléculas adsorvidas, e o calor de adsorção é pequeno (da mesma ordem de grandeza do calor da
condensação), temos uma adsorção física. Eventualmente podem estabelecer-se ligações químicas,
conduzindo a formação de um composto químico de superfície, ou complexo de adsorção. Neste caso
o calor de adsorção é da mesma ordem de grandeza dos calores de reação e temos uma adsorção
química. No primeiro caso podem formar-se camadas moleculares sobrepostas, enquanto que na
adsorção química se forma uma única camada molecular adsorvida (monocamada). Algumas
propriedades da adsorção física e química estão listadas a seguir:
Adsorção Física:
• As forças envolvidas são fracas e o calor liberado é da ordem do calor de condensação (de 0,5 a
5 Kcal/gmol).
• A energia de ativação do processo não ultrapassa 1 kcal/gmol e as forças envolvidas são fracas.
Operações Unitárias – Adsorção 19
• A adsorção física não explica atividades catalíticas de sólidos. Se a adsorção física fosse
responsável pela catálise, todos os sólidos seriam catalisadores.
• A adsorção física cai com o aumento da temperatura e é muito pequena na temperatura crítica;
Adsorção Química :
• Ligações entre moléculas e a superfície são da mesma ordem de força das ligações entre os
átomos da superfície .
• Como o calor de adsorção é muito alto, as moléculas adsorvidas podem reagir com energia de
ativação menor.
• Há dois tipos de quimissorção: a ativada, onde a taxa de adsorção varia com a temperatura, e a
não ativada, que é mais rápida que a ativada.
O primeiro destes mecanismos é muito importante para a maioria dos processos de adsorção. O
efeito de peneira molecular é fundamental para alguns processos, como a separação de xilenos em
adsorvente zeolítico, enquanto que o último mecanismo tem apenas um único processo comercial, que
é a separação de ar por peneira molecular de carvão.
Desde o século XVIII, Fontana já havia observado que uma espécie de carvão ativado
retinha em seus poros grandes quantidades de vapor d’água, o qual era liberado com o simples
emprego de altas temperaturas. Em 1756 Cronstedt descobriu o primeiro zeolito mineral, e deu o
nome de “zeo” (ferver)+“lithos” (pedra), ou seja, pedra que ferve. Entretanto, foi só nos últimos 40
anos que a adsorção passou a ser utilizada como operação unitária relevante dentro da indústria
química, acompanhando o acentuado desenvolvimento registrado na petroquímica. A partir de
então, a adsorção somou-se aos vários processos de separação existentes, especialmente como uma
alternativa em situações onde a destilação convencional se revela ineficiente e/ou onerosa.
Há milênios conhece-se que a velocidade das reações pode ser alterada com a presença de
certas substâncias. A pedra filosofal, por exemplo, teria a propriedade de transformar metais em
ouro.
Em 1835, Berzelius, cientista russo, usou pela primeira vez a palavra “Catálise” para definir
a “decomposição dos corpos” devido à força catalítica atribuída a materiais capazes de promover
transformações químicas entre espécies que normalmente não seriam reativas a uma determinada
temperatura. Mas, antes de Berzelius, já eram conhecidos e usados processos catalíticos. Os
alquimistas já preparavam éter sulfúrico de álcool mais ácido sulfúrico obtido por combustão de
enxofre com nitrato de sódio (catalisador).
No início do século XVII, o químico inglês Sir Humphrey Davy, descobriu que um fio de
platina quante ficava “ao rubro” quando introduzido numa mistura de ar e hidrogênio e percebeu
que a presença de platina provocava uma rápida reação apesar da temperatura inicial da platina e
dos gases ser mais baixa que a requerida para ignição na ausência da platina. Observou ainda que a
platina não sofria nenhuma alteração irreversível, uma vez que o mesmo fenômeno ocorria ao
repetir a experiência com o mesmo fio de platina, concluindo que esta induzia a reação, mas não era
consumida.
Operações Unitárias – Adsorção 22
Ainda nesse século, Roebuck e outros introduziram o processo para oxidar SO2 a SO3 com
ar para obtenção de ácido sulfúrico, usando óxidos de nitrogênio como catalisador: processo de
câmaras de chumbo.
Após Davy, outro inglês, Michel Faraday (1834) estudou a reação de ar com hidrogênio na
presença de Pt e verificou que a superfície de platina devia estar limpa para que a reação ocoresse
efetivamente. Concluiu então, que ocorria um fenônemo de superfície. Nesse mesmo ano surgiu a
primeira patente de catalisadores empregando platina na oxidação de enxofre a SO2.
Nessa época ainda pouco se sabia sobre estruturas de moléculas, natureza das ligações
químicas ou mecanismo das reações químicas, tornando difícil a compreensão científica para certos
fenômenos, com a ação de um catalisador numa determinada reação.
4.2.1. CAPACIDADE
A capacidade é também expressa por vários índices, assim como a área superficial, a
distribuição do tamanho dos poros e o índice de iodo. Este último é usado, exclusivamente, com
carvão ativado.
A distribuição do tamanho dos poros é uma propriedade que indica a fração do espaço
dentro da partícula ocupada por microporos (diâmetro de poro: dp < 20 A), mesoporos (20 A ≤ dp <
500 A), e macroporos ( dp ≥ 500 A). As dimensões dos poros se correlacionam intuitivamente com
capacidade e cinética, apesar de que as relações são complexas. A Figura 4.1 mostra a distribuição
do tamanho dos poros para alguns adsorventes comerciais. O número de iodo é uma medida
Operações Unitárias – Adsorção 24
4.2.2. SELETIVIDADE
Nos processos tipo TSA e PSA, que serão apresentados no capítulo 10, a seletividade é um
fator mais importante que a capacidade. Isto acontece porque os adsorventes de alta capacidade tem
tendência a ser de difícil regeneração.
cada componente deve ser adsorvido de maneira relativamente fraca, ou seja, o fenômeno deve ser
de fisissorção e não de quimissorção. O calor de adsorção dá uma medida da energia necessária
para a regeneração, assim, do ponto de vista da regeneração, baixos valores são desejados.
A regeneração, como será visto no capítulo 10, pode ser realizada através da mudança de
temperatura (thermal swing) ou de pressão (pressure swing), ou quimicamente através do
deslocamento, eluição ou extração supercrítica. Algumas vezes são usadas combinações dessas
técnicas.
A compatibilidade cobre vários modos possíveis de ataque químico e físico que pode reduzir
a expectativa de vida do adsorvente. As partículas de adsorvente, incluindo qualquer componente
como ligantes ou grupos superficiais, devem ser todos inertes com relação aos componentes da
alimentação e das correntes regenerantes. Além disso, condições operacionais como velocidade,
temperatura, pressão e vibração do equipamento não devem causar danos (desintegração) às
partículas do adsorvente.
Estar alerta para problemas de compatibilidade não é tão óbvio. Por exemplo, as correntes de
alimentação contendo cetonas têm causado incêndio em leitos de adsorventes de carvão ativado.
A maioria dos minerais e alguns materiais inorgânicos sintéticos têm sido testados como
adsorventes. Alguns mostraram-se excelentes adsorventes. Outros, a despeito de serem adsorventes
pobres, têm encontrado uso simplesmente por serem baratos.
Por outro lado, os materiais inorgânicos mais interessantes como adsorventes são a alumina
ativada, a silica e as zeólitas, que serão estudadas a seguir.
Alumina Ativada
É feita a partir da alumina hidratada (bauxita), Al2O3•nH2O, onde n varia de 1 a 3, por
calcinação sob condições controladas de modo a reduzir n para algo em torno de 0,5. É um material
branco ou escurecido, de aparência similar à do calcáreo.
Diversos tipos são produzidos por diversos fabricantes. A diferença entre eles está na
estrutura cristalina da alumina. Formas cristalinas estáveis não se prestam como adsorventes porque
apresentam área superficial baixa. Por outro lado, formas de transição como a gama e a eta alumina
apresentam altas concentrações de sítios ácidos na sua superfície.
A área superficial específica varia de 200 a 400 m2/g. As formas de apresentação são esferas
de 1 a 8 mm de diâmetro, grãos, “pellets” de 2 a 4 mm de diâmetro e pó.
A alumina ativada é um adsorvente hidrofílico. Assim pode ser usada como dessecante na
remoção de água de hidrocarbonetos, aplicação em que possui menor capacidade que a silica-gel a
baixas temperaturas, mas conduz a menores teores de água na saída, atingindo ponto de orvalho de
–90oF. Por outro lado sua capacidade é maior que a das zeólitas. Entre os outros usos da alumina
ativada como adsorvente encontramos a remoção de oxigenados e mercaptans de correntes de
hidrocarbonetos, de íons flúor da água e remoção de HCl de H2 em unidades de reforma catalítica.
Aplicações na fase gás em geral exigem o aquecimento do adsorvente a temperaturas de cerca de
250oC.
Operações Unitárias – Adsorção 27
Sílica
Adsorventes de sílica (SiO2) são disponíveis em diversas formas, que contêm diversos tipos
de sílica gel, vidro borossilicato poroso ou aerogel. O gel é uma estrutura rígida, mas não cristalina,
de micropartículas esféricas de sílica coloidal; o vidro é poroso. A área superficial específica varia
de 300 a 900 m2/g, dependendo da densidade. Densidades maiores implicam em poros menores e,
logo, maior área específica.
Zeólitas
Zeólitas são aluminossilicatos, isto é, compostos estequiométricos de sílica e alumina cuja
estrutura será discutida a seguir. Sua aparência é branca, opaca, de aspecto similar ao do calcáreo.
As que têm teor significante de alumina são hidrofílicas, enquanto que quando são
predominantemente de sílica têm caráter hidrofóbico. Internamente são cristalinas e exibem
microporos de dimensões uniformes dentro dos cristais, conforme apresentado na Figura 4.1. Os
microporos são tão pequenos e uniformes que normalmente podem distinguir moléculas de
tamanhos muito próximos, daí serem também chamadas de peneiras moleculares. Uma
representação deste efeito de peneira molecular é mostrada na Figura 4.2.
Frequentemente há água de hidratação dentro dos cristais. Para balancear cargas elétricas
resultantes devido a inconsistências na estrutura, cátions são associados com a alumina. Assim, a
fórmula comum de uma zeólita contendo um único cátion M de valência n é:
M2/n•Al2O3•xSiO2•yH2O , onde x é a razão sílica/alumínio (geralmente maior ou igual a 1) e y é a
água molar de hidratação.
Operações Unitárias – Adsorção 28
Até 1984 já haviam sido catalogadas 38 estruturas de zeólitas, mas apenas poucas são
comercialmente significantes, especialmente aquelas designadas A, X, Y, ZSM-5, mordenita e
silicalita. A Figura 4.3 mostra como uma estrutura básica de sílica e alumina origina alguns tipos de
zeólitas. A estrutura chamada faujasita é a que origina as zeólitas NaX e NaY (sódio como cátion
substituído), sendo que a diferença entre NaX e NaY é a relação Si/Al: aproximadamente 1,1 para a
NaX e aproximadamente 2,4 para a NaY.
Carvão Ativado
Carvões ativados apresentam-se de diversas formas. A matéria-prima básica pode ser
o coque de petróleo, madeira, carvão, casca de coco, copolímeros vinílicos e mesmo pneus
reciclados. A ativação consiste na remoção de hidrocarbonetos por pirólise, o que produz uma
distribuição de poros interna e aumenta a capacidade de adsorção da superfície carbônica.
Outro fator importante é o teor de cinzas, cujos valores típicos estão entre 2 e 25%, com
valor médio em torno de 7%. Em situações em que as cinzas são indesejáveis, pode-se fazer a
remoção da cinza alcalina por lavagem ácida.
Algumas aplicações típicas são o tratamento de água para remoção de produtos orgânicos
perigosos, ou que conferem sabor e cheiro à água; remoção de compostos orgânicos voláteis de
gases, descoloração de alimentos e purificação de produtos farmacêuticos.
Operações Unitárias – Adsorção 30
Um tipo relativamente novo de adsorvente é a peneira molecular de carvão, que tem ação
análoga à peneira molecular zeolítica. Enquanto os poros na peneira molecular zeolítica têm
aberturas de formas arredondadas, na peneira molecular de carvão estes tendem à forma de fendas,
como nas camadas de grafite. Esta forma melhora a seletividade em certas situações de processo,
levando em conta as diferenças de difusividades entre os componentes. Até o momento, o único
processo comercial que usa este adsorvente é a separação de nitrogênio do ar, que permite purezas
da ordem de 99,9%, como será visto no Capítulo 10.
Outros compostos orgânicos usados como adsorventes são a celulose, lã, gels de amido-
poliacrilamida, derivados polissacarídeos do milho e diversas formas de biomassa. Alguns deles
têm aplicações muito específicas, mas nenhum pode ser considerado um adsorvente de uso geral.
Uma outra classe de adsorventes que têm sido usados recentemente são os adsorventes
irreversíveis, onde a regeneração é feita fora das instalações ou mesmo não é feita. No primeiro
caso estão os adsorventes baseados em metais, para a remoção de compostos de enxofre, no
segundo estão os chamados bio-adsorventes, onde uma lama ativada é colocada em um substrato
poroso, tendo aplicação na remoção de traços de orgânicos do ar ou nitrogênio.
A Tabela 4.1 mostra uma estimativa das vendas no mundo dos quatro principais
adsorventes. A Tabela 3.2 trás um resumo dos principais tipos de adsorventes, suas vantagens e
desvantagens.
5. CARACTERIZAÇÃO DE ADSORVENTES
Neste capítulo será feita uma descrição da estrutura física dos adsorventes e serão apresentados
os métodos utilizados para a sua caracterização.
Adsorventes são substâncias sólidas com alta porosidade, geralmente apresentados na forma
de “pellets” cilíndricos, esféricos ou de formatos irregulares. No caso de adsorventes zeolíticos, a
seletividade pode ser obtida combinando-se o fenômeno da adsorção física com outros, como o de
peneira molecular e a utilização de sítios iônicos, conforme mencionado anteriormente.
O efeito de peneira molecular é obtido quando se faz passar as moléculas constituintes de uma
mistura por uma estrutura sólida porosa cujas dimensões dos poros são da ordem de grandeza do
diâmetro das moléculas. Assim, moléculas menores que os poros atravessam os mesmos podendo
migrar através do sólido, ao passo que moléculas maiores ficam retidas e não passam através do
mesmo. Moléculas com diâmetros próximos ou apenas ligeiramente acima das dimensões dos poros
podem migrar com maior ou menor facilidade, considerando-se que tais dimensões, tanto dos sólidos
como das moléculas, não são estáticas mas variam em função da pulsação das estruturas cristalinas e
moleculares. Este efeito foi inclusive registrado por Arbuckle et alli (1987) no que ele denomina de
“paradoxo do hidrocarboneto maior”. Tradicionalmente têm sido utilizados como adsorventes a sílica
gel, a alumina ativada, o carvão ativado e, mais recentemente, as zeólitas (Ruthven, 1984). Estas
últimas, aluminossilicatos cristalinos porosos, prestam-se por excelência como peneiras moleculares
uma vez que sua estrutura microporosa é determinada pela rede cristalina, sendo precisamente definida
para cada zeólita específica, apresentando-se os poros com igual tamanho. Além disso, o uso de cátions
substituídos como Na+, Ca2+ ou Mg2+ pode servir para ajustar as dimensões dos poros ao valor
adequado para uma dada separação (Choudhary, 1989).
A Figura 5.1 mostra uma representação esquemática da estrutura de uma zeólita X ou Y. Para
se ter uma idéia mais realista da estrutura, um átomo de silício ou de alumínio deve ser colocado em
cada vértice da figura e um de oxigênio próximo ao centro de cada linha.
Uma classificação conveniente dos poros de um adsorvente de acordo com seus diâmetros
médios, adotada pela I.U.P.A.C. em 1972, foi sumarizada por Gregg e Sing (1982) e apresentada por
Hou (1989):
Ligante sólido
Macroporos
Cristal de zeólita
com microporos
A técnica da picnometria pode ser usada para a determinação da densidade real da fase sólida
do adsorvente, isto é, da fase que não permite a penetração de líquido em seu interior. A picnometria é
especialmente importante no caso da caracterização de um adsorvente a ser empregado para a adsorção
em fase líqüida, onde os componentes adsorvidos não penetram em todo o volume de microporos
determinado pela técnica de condensação de gases.
tipicamente de dois a três dias. Os seguintes passos devem ser seguidos para a determinação da
densidade real do sólido:
ml1=ρl⋅Vp (5.1)
b) Colocar no picnômetro uma massa conhecida (ms) de sólido adsorvente, previamente tratado
termicamente, e adicionar o líquido até cobrir todo o sólido. Ao final de três dias completar com
liquido até o menisco e determinar a massa total de líquido do picnômetro (ml2).
Vld=Vs=(ml1-ml2)/ ρl (5.2)
d) Calcular então a densidade real do sólido do adsorvente (ρs) conforme Eq. 5.3.
ρs=ms/Vs (5.3)
Como exemplo pode-se citar um adsorvente zeolítico, para o qual Cavalcante Jr. (1988)
determinou uma densidade média de 2,945 g/cm3 utilizando como líquidos n-decano, n-octano e p-
xileno à temperatura ambiente (26oC). Esta densidade pode ser usada juntamente com o volume de
macroporos determinado por porosimetria de mercúrio, para o cálculo do volume de microporos
efetivo do adsorvente. Para o mesmo adsorvente Marra Jr. (1991) encontrou o valor de 2,964 g/cm3
para as mesmas condições acima, e o valor de 3,600 g/cm3 para a água. Este último resultado
comprova que os líquidos penetram de forma diferenciada na estrutura da zeólita, em função de seus
tamanhos. No caso específico, a água ocupa espaços não atingíveis pelos hidrocarbonetos acima,
devido ao pequeno tamanho de sua molécula. Por este motivo a técnica de adsorção com condensação
de gases não é adequada, neste caso, para a determinação do volume de microporos efetivo.
térmico. Por esta razão o adsorvente higroscópico deve ser submetido a um processo de saturação com
água, permanecendo durante uma semana em contato com a atmosfera de uma cuba fechada contendo
solução saturada de cloreto de sódio. Ao final deste processo, o teor de água do adsorvente deve ser
determinado por secagem em forno até uma temperatura de referência. A partir daí as massas de cada
fração separada (saturadas com água) podem ser convertidas em massas com teor desejado de água,
para cálculo das propriedades do adsorvente nesta condição. Assim, o diâmetro médio das partículas de
cada fração pode ser considerado como a média entre as aberturas das peneiras entre as quais a fração
ficou retida, caso se tenha confiança de que as peneiras estão devidamente calibradas. Caso contrário,
este diâmetro médio deve ser medido com instrumento de precisão, como um microscópio ou
micrômetro (por exemplo, micrômetro marca Mitutoyo com precisão de 0,01 mm).
(1 − X H 2 O _ SAT )mcontagem
mmed . part . fracao = (5.4)
(1 − X H 2 O )np
onde:
XH2O_SAT é a fração de água da partícula nas condições de pesagem (saturação).
XH2O é a fração de água da partícula após tratamento térmico.
np é o número de partículas contido na massa de contagem de cada fração (mcontagem).
O volume aparente de partícula de cada fração é calculado por:
vap.part.fração=π⋅dp3/6 (5.5)
onde: dp é o diâmetro médio de partícula de cada fração.
A densidade aparente de partícula de cada fração pode então ser calculada por:
ρap.part.fração=mmed.part.fração/vap.part.fração (5.6)
Caso as partículas do adsorvente tenham dimensões uniformes a separação por peneiramento
não se faz necessária e os cálculos acima são válidos para representar o adsorvente como um todo.
Caso tenha sido necessária uma separação por peneiramento, valores médios de dimensões e
propriedades são normalmente adotados para representar o adsorvente. Assim, a densidade aparente
média das partículas do adsorvente pode ser calculada adotando-se como base uma massa de 100g de
amostra e as percentagens de massa médias de cada fração. O volume aparente de partículas de cada
fração pode ser calculado por:
Operações Unitárias – Adsorção 38
ρapar. total part. = (base de massa de amostra)/(vol. apar. total das partíc. da amostra) (5.8)
A massa média de uma partícula da amostra total pode ser calculada a partir do cálculo do
número de partículas contido em cada fração de peneiramento de uma base de massa de 100g:
m med. part. total = (base de massa de amostra)/(número total de partíc. da amostra) (5.10)
O diâmetro médio das partículas (dmp) da amostra deve ser coerente com a densidade aparente
total e com a massa média calculadas, sendo então calculado por:
1/ 3
⎛ 6 ⋅ mmed . part .total ⎞
d mp = ⎜ ⎟ (5.11)
⎝ π ⋅ ρ ap .total . part . ⎠
As frações de macroporos e microporos nas partículas podem então ser calculadas tomando-se
por base um volume de 100 cm3 de partículas, isto é, considerado somente o volume das esferas. A
massa correspondente a este volume é calculada a partir da densidade aparente média. A fração de
macroporos é calculada a partir do resultado de porosimetria como sendo:
O grau de cristalinidade de uma zeolita pode ser estimado através da adsorção física de gases.
Dois métodos são utilizados na determinação da capacidade de adsorção de gases em superfícies
sólidas: o método volumétrico, onde o volume de gás adsorvido é determinado manometricamente e o
método gravimétrico, no qual se determina a massa de gás adsorvido mediante uma microbalança.
Operações Unitárias – Adsorção 39
Diversos sorbatos podem ser empregados, sendo que o mais utilizado é o nitrogênio líqüido,
cuja temperatura é de –196oC. O uso de temperaturas baixas incrementa as forças de adossorção, o que
facilita as medidas experimentais.
A medida da área específica de um adsorvente é uma indicação da sua capacidade, sendo pois
importante sua determinação. Usualmente esta área situa-se na faixa de 5 a 3.000 m2/g para
adsorventes comerciais.
O método BET, desenvolvido em 1938 por Blunauer, Emmet e Teller é o mais largamente
utilizado, tento em laboratórios de pesquisa quanto na indústria, para determinar a área específica total
de sólidos. Baseia-se na teoria de multicamadas, segundo a qual o equilíbrio que se estabelece entre o
gás na fase gasosa e na fase adsorvida se verifica por espessuras de número variável de camadas
moleculares, indo desde a superfície livre do adsorvente (sem adsorção) até um número de camadas
considerado, no limite, infinito. Considera-se assim uma parcela de adsorção física (primeira camada) e
as demais em condensação.
As quantidades do gás adsorvido, volume nas CNTP ou massa, conforme a determinação seja
volumétrica ou gravimétrica, são determinadas para diferentes pressões de equilíbrio, inferiores à
pressão de vapor de equilíbrio, na temperatura de ebulição. As pressões de equilíbrio se referem ao
equilíbrio gás – fase adsorvida.
Operações Unitárias – Adsorção 40
6. EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO
Do ponto de vista da observação experimental o equilíbrio em adsorção é caracterizado,
analogamente a qualquer outro equilíbrio termodinâmico entre fases, pela ausência de variações de
composição dos componentes nas fases fluida (gás ou líquido) e sólida. Verifica-se que quando uma
quantidade de sólido adsorvente é colocada no balão em contato com líquido contendo um componente
adsorvível, a concentração deste componente diminui com o tempo até alcançar a estabilidade. Esta é a
condição de equilíbrio da adsorção, caracterizada por uma composição de fase fluida em equilíbrio
com uma certa composição de fase sólida, esta última geralmente expressa em mols de adsorbato por
massa de sólido adsorvente. Como será apresentado a seguir, esforços têm sido empregados para
descrever adequadamente este equilíbrio, em termos das concentrações das fases, para os mais diversos
sistemas e faixas de concentração. A curva que correlaciona as concentrações na fase sólida e na fase
fluida é chamada de isoterma de adsorção.
A classificação das isotermas de adsorção física foi feita por Brunauer, e complementada
por Sing. Há 6 tipos básicos de isotermas, de acordo com a Figura 6.1.
Tipo I – A curva é reversível e côncava com relação ao eixo P/Po. A quantidade adsorvida (q)
tende a seu valor limite (qm) quando P/Po tende a 1. Em alguns sistemas, contudo, o valor de q começa
a crescer quando P/Po < 1 e a isoterma apresenta um ciclo de histereses. Acredita-se hoje que isotermas
do tipo I sejam características de sistemas microporosos, sendo obtidas em materiais tais como carvões
ativos e peneiras moleculares.
Tipo III – São convexas em relação ao eixo P/Po em todo o seu domínio e, portanto , não
apresentam o ponto de inflexão, são pouco comuns aparecendo quando, por exemplo, vapor d’água se
adsorve em carvões ativos ou outros materiais não polares. São características de interações fracas
entre adsorvente e adsorbato.
Tipo IV – Ocorrem em sólidos com mesoporos. Se o ponto de inflexão é bem definido, indica
de novo uma monocamada. No caso mais simples a parte inicial da isoterma tipo IV segue o mesmo
caminho que a do tipo II. As isotermas do tipo IV são obtidas na grande maioria dos catalisadores
industriais (estes são, na sua maioria mesoporosos; Não podem ser microporosos pois, embora a área
fosse elevada, um pequeno coqueamento entupiria os poros).
Tipo V – São pouco comuns e difíceis de interpretar. Relacionam-se com as isotermas do tipo
III, já que as interações adsorvente / adsorbato também são fracas.
Uma abordagem termodinâmica do equilíbrio em adsorção foi apresentada por Ruthven (1984),
que inicia seu desenvolvimento a partir do conceito clássico da igualdade de potenciais químicos entre
as fases fluida e sólida.
Conforme observa Ruthven (1984), o potencial químico não é uma grandeza passível de
medição experimental direta e assim, de um ponto de vista prático, estamos mais interessados em uma
relação entre a concentração da fase adsorvida no sólido e a concentração da fase fluida. Neste sentido,
são apresentadas a seguir algumas das equações já desenvolvidas.
Operações Unitárias – Adsorção 42
Se a fase adsorvida pode ser descrita em termos de uma equação de gás ideal, a equação da
isoterma reduz-se a:
q = Kc (6.1)
Esta é uma relação linear, normalmente válida para baixas concentrações de adsorbato. Em
concentrações de fase fluida mais altas a concentração no sólido subiria continuamente, o que não é um
comportamento real.
Esta é uma equação bastante usada em trabalhos de adsorção por sua relativa capacidade em
ajustar dados experimentais aliado à simplicidade, o que facilita a estimativa de seus parâmetros.
q = Kc1/N (6.2)
É, no entanto, uma equação empírica que ajusta-se bem em uma faixa estreita de concentrações
e não segue a isoterma de Henry para concentrações mais baixas. Por esta razão Fritz e Schlunder
(1981) propuseram o uso de diferentes constantes para a equação em função da faixa de concentração.
Ademais, permanece o mesmo problema da isoterma de Henry, onde a concentração na fase sólida
parece subir infinitamente. Para corrigir esta inconveniência a equação foi modificada por Urano et alli
(1981), introduzindo o conceito de concentração limite na saturação:
q = Ks(c/csat.)1/N (6.3)
Se for levado em conta uma correção do volume do gás ideal para a descrição da fase
adsorvida, análoga à praticada na equação de estado de van der Waals, a isoterma fica reduzida à
seguinte equação:
qmKc
q= (6.4)
(1 + Kc )
Esta é a isoterma de Langmuir (1918) cujo modelo assume as seguintes premissas: as
moléculas são adsorvidas em um número fixo de sítios de localização bem definida, cada sítio podendo
adsorver apenas uma molécula; todos os sítios são energeticamente equivalentes e não há interação
Operações Unitárias – Adsorção 43
entre moléculas adsorvidas em sítios vizinhos. Observa-se que esta isoterma reproduz a isoterma de
Henry para baixas concentrações, quando Kc <<1, e assume um valor limite qm de concentração na
fase sólida para altas concentrações na fase fluida, quando Kc>>1. Este valor limite qm supostamente
representa um número fixo de sítios na superfície do adsorvente e, logo, deveria ser uma constante
independente da temperatura. Já a constante de equilíbrio K tem sua dependência com a temperatura
descrita em termos da equação de van’t Hoff, apresentada em sua forma integrada na Eq. 6.5, onde
admite-se que entalpia de adsorção (ΔH0) é constante para uma dada faixa de temperaturas.
⎛ − ΔH 0 ⎞
K = K 0 exp⎜ ⎟ (6.5)
⎝ RT ⎠
1 θ
K= (6.6)
c 1− θ
Se a constante de equilíbrio K não é considerada constante para uma dada temperatura, mas
variável em função da fração de cobertura θ, isto é, K=b0exp(-Xθ), temos então a isoterma de Fowler:
1 θ
b0 exp( − Xθ ) = (6.7)
c 1− θ
Neste caso o calor de adsorção decresce linearmente com a cobertura, o que pode melhorar o
ajuste dos dados em algumas situações. No entanto, diversos artigos têm demonstrado que o calor de
adsorção em uma zeólita pode depender da cobertura de uma forma complexa, conforme Kiselev e
Lopatkin (1968) e Santacesaria et alli (1982a). Nesta mesma linha, mais recentemente Miyabe e
Suzuki (1995) mostraram que o calor de adsorção pode ser influenciado pela concentração do solvente
em alguns sistemas com adsorção em fase líquida.
Todas as equações até então apresentadas referem-se a um único componente adsorvido. Para
o caso multicomponente as equações deverão ser modificadas de acordo. O item seguinte trata do caso
multicomponente para alguns modelos.
Operações Unitárias – Adsorção 44
O principal requisito para que um processo de separação por equilíbrio seja eficiente é possuir
um alto fator de separação. No caso da adsorção multicomponente chamaremos a este fator de
seletividade (α), definida como uma relação entre as concentrações nas fases fluida e sólida para cada
par de componentes nos termos da Eq. 6.8, onde os índices A e B referem-se aos componentes.
(q / cA)
αA , B =
A
(6.8)
(qB / cB )
Markham e Benton (1931) propuseram uma extensão da isoterma de Langmuir para sistemas
multicomponentes na forma da Eq. 6.9.
qm, iKici
qi = (6.9)
1 + ∑ Kici
i
qm ,1 = qm , 2 =.... = qm , N (6.10)
Santacesaria et alli (1982a) obtiveram sucesso com o uso deste modelo na predição do
comportamento multicomponente a partir de dados monocomponente em um sistema de isômeros de
xilenos e tolueno. Neste caso a premissa de igualdade dos qm,i foi atendida. No entanto Chen et alli
(1990) demonstraram que nem sempre a predição a partir de dados monocomponente é possível.
Com relação à igualdade dos qm,i , Ruthven (1984) e Ruthven e Kaul (1993) mostraram que
esta premissa é irrealista para adsorção física de moléculas de tamanhos muito diferentes, e que o uso
de diferentes valores de qm,i , embora permissível, pode não se aplicar em toda a faixa de
concentrações. Nestes termos, extrapolações devem ser feitas com cuidado. Uma abordagem desta
Operações Unitárias – Adsorção 45
forma foi feita com sucesso por Markham e Benton (1931) e, mais recentemente, por Kikkinides et alli
(1995). Estes últimos usaram uma expressão na forma da Eq. 6.11 para calcular o qm de cada
componente, onde k1 e k2 são parâmetros ajustáveis.
qm , i = k 1 − k 2 T (6.11)
Pode ser facilmente demonstrado que a seletividade (α) de um sistema que obedece à forma
multicomponente da isoterma de Langmuir é constante, e dada pela Eq. 6.12. A seletividade é
constante ainda que os qm,i não sejam iguais, embora neste caso sua expressão seja ligeiramente
diferente da Eq. 6.12, como é visto na Eq. 6.13.
KA
αA , B = (6.12)
KB
KAqm , A
αA , B = (6.13)
KBqm , B
6.6.2. MODELO DE FOWLER
⎛ ⎞
Ki = b0,i exp⎜ − Xi
⎝
∑ j
θj⎟
⎠
(6.13)
Neste caso Santacesaria et alli (1982a) mostraram que a seletividade não é constante, podendo
ser calculada como uma função do grau de cobertura total através da Eq. 6.14.
exp[θtot ( XB − XA)]
b 0, A
αA , B = (6.14)
b 0, B
O Apêndice A apresenta o tratamento matemático para o cálculo de dados de equilíbrio,
isotermas monocomponente e seletividades, a partir de dados experimentais levantados através da
técnica do banho finito, adequada para adsorção em fase líquida.
Operações Unitárias – Adsorção 46
7. CINÉTICA DE ADSORÇÃO
O objetivo do presente capítulo é de estabelecer os conceitos segundo os quais a transferência
de massa se dá a nível da partícula do adsorvente. Este fenômeno envolve a transferência de massa de
um ou mais componentes contidos em uma massa líquida externa para o interior da partícula de
adsorvente, onde deverão migrar através dos macroporos até as regiões mais interiores desta partícula.
Ao longo deste caminho estes componentes serão adsorvidos, seja nos microporos dos cristais de
zeólita, que encontram-se incrustados nas paredes dos macroporos, ou nos sítios ativos de outros tipos
de adsorventes. A estrutura da partícula é aquela descrita pela Figura 5.2. Tipicamente, a cinética de
adsorção nestes casos envolve um ou mais dos seguintes fenômenos:
O comprimento do caminho percorrido por uma molécula ao longo de um poro é maior que a
simples dimensão da partícula, seu raio rp , devido à natureza tortuosa dos poros e à existência de
restrições no caminho. Por esta razão o gradiente de concentração baseado na dimensão da partícula
deve ser corrigido por um fator de tortuosidade (τ). Este fator é introduzido na forma de uma correção
na difusividade molecular Dm , que é a difusividade que o soluto teria caso se deslocasse em um espaço
livre de quaisques obstruções, permitindo o cálculo da difusividade efetiva D através da Eq. 7.1.
Operações Unitárias – Adsorção 48
Dm
D= (7.1)
τ
De acordo com Kärger e Ruthven (1992), Dullien (1979) demonstrou que se a estrutura dos
poros for caracterizada em suficientes detalhes, uma predição da tortuosidade pode ser feita com
razoável precisão. No entanto, isto requer um conhecimento muito detalhado da forma dos poros e de
sua distribuição e, na prática, é geralmente mais simples tratar a tortuosidade como uma constante
empírica, a ser ajustada a partir da determinação experimental da difusividade efetiva. Kärger e
Ruthven (1992) mostraram que a tortuosidade assume o valor de 3,0 para uma distribuição randômica
de poros, isto é, poros orientados com igual probabilidade em todas as direções. Wakao e Smith (1962)
chegaram a propor uma equação simples para calcular a tortuosidade a partir da porosidade, de acordo
com a Eq. 7.2.
1
τ= (7.2)
εi
De acordo com Hou (1989) a tortuosidade em partículas típicas varia na faixa de 3,0 a 7,0.
Froment e Bischoff (1990) ampliaram esta faixa, informando que valores no intervalo de 1,5 a 10 (ou
mesmo maiores) têm sido reportados. Assim, uma vez que o fator de tortuosidade é um parâmetro
estrutural, o mesmo não deveria depender do adsorbato nem das condições experimentais (Kärger e
Ruthven, 1992). Esta abordagem simplificada constitui-se em uma forma bastante direta de se estimar
difusividades para diferentes componentes e condições experimentais quando dados de apenas um
adsorbato é conhecido.
7,4 ⋅ 10 −8 (φPMB ) 1/ 2 T
Dm , AB = (7.3)
ηBV A0, 6
Operações Unitárias – Adsorção 49
Esta equação apresenta a vantagem de poder ser facilmente estendida para sistemas
multicomponentes, substituindo as propriedades do solvente (B) pela da mistura (m) conforme Eq. 7.4
e 7.5.
7,4 ⋅ 10 −8 (φPM ) 1/ 2 T
Dm , Am = (7.4)
ηmV A0, 6
n
φPM = ∑ xjφjPMj (7.5)
j = 1, j ≠ A
Operações Unitárias – Adsorção 50
Um outro tipo de experimento possível é o de pulso, no qual uma coluna inicialmente cheia
com um dessorvente recebe uma alimentação contendo um ou mais componentes adsorvíveis, durante
curto intervalo de tempo chamado “tempo de pulso”. Após este tempo a alimentação volta a ser de
dessorvente puro, tendo lugar então a dessorção dos componentes adsorvidos. O resultado dessa
operação é uma corrente de saída cuja concentração de cada componente varia no tempo, apresentando
um pico de concentração para cada componente. Desta forma a separação é feita de maneira análoga à
que ocorre na cromatografia analítica.
A evolução dos perfis de concentração em uma coluna de leito fixo depende de fatores tais
como:
• Relações de equilíbrio:
– Forma da isoterma
– Condições não isotérmicas
– Condições não isobáricas (alta perda de carga; fase gás)
• Resistências à transferência de massa e calor no interior do adsorvente
• Modelo do escoamento:
– Fluxo pistonado (Plug flow)
– Dispersão axial
– Velocidade não uniforme (alta concentração do adsorbato)
Operações Unitárias – Adsorção 51
Para projetar-se um processo de separação por adsorção em leito fixo de forma efetiva e
econômica, experimentos em escala piloto devem ser conduzidos de modo a se determinar parâmetros
de projeto e operacionais. A necessidade de dados experimentais, que são caros, pode ser reduzida caso
se disponha de um simulador para este processo, capaz de predizer resultados de uma corrida a partir
de parâmetros ajustados em corridas anteriores. O procedimento clássico envolve a obtenção de dados
de equilíbrio e cinéticos da partícula de adsorvente a partir de experimentos em banho finito, e dos
coeficientes de transferência de massa no filme externo e de dispersão axial a partir de correlações
empíricas obtidas da literatura. Esta abordagem está mostrada diagramaticamente na Figura 8.2,
adaptada do trabalho de Balzli et alli (1978).
Coeficiente de
transferência de massa
Modelo do Difusividade efetiva Modelo da do filme líquido externo
banho finito (precisão ± 3 a 8 %) coluna da coluna (precisão ±
20%)
Coeficiente de
transferência de massa do
Predição do comportamento da
filme líquido externo do
banho (precisão ± 30%)
coluna
Figura 8.2. Fluxo de informação usado no modelo do leito fixo para predição do
comportamento da adsorção multicomponente (Balzli et alli, 1978).
o volume de partículas tem-se o volume de vazios. A porosidade do leito é a fração que o volume de
vazios representa do todo.
Se a partícula é esférica, sua densidade aparente pode ser calculada a partir do volume
aparente de partícula, calculado por:
vap.part.=π⋅dp3/6 (8.1)
ρap.part.=mmed.part./vap.part. (8.2)
O projeto de um leito fixo de adsorção pode ser feito por uma abordagem rigorosa ou por
abordagens simplificadas. A primeira consiste na solução rigorosa dos balanços materiais intra e extra-
partícula e das relações de equilíbrio, e envolvem a resolução de equações diferenciais parciais em
função do comprimento do leito, do tempo e, às vezes, do raio da partícula. As abordagens
simplificadas são baseadas em critérios de projeto e regras heurísticas desenvolvidas por projetistas.
Estas metodologias são exemplificadas nos Apêndices B e C.
Operações Unitárias – Adsorção 54
• Banho Finito
• Leito Fixo
• “Head Space”
• Método Gravimétrico
9.1. BANHO FINITO
Esta técnica pode ser empregada para a obtenção de dados de equilíbrio ou cinéticos (medidas de
difusividade) em sistemas líquidos monocomponente ou multicomponente. O método consiste em fazer
uma massa conhecida do adsorvente ficar em contato com uma solução, de massa e composição
conhecidas, dos componentes a serem adsorvidos, em um recipiente conveniente com agitação, colocado
em um banho termostatizado. Ao longo do experimento amostras líquidas são retiradas dos balões e
analisadas. Para experimentos de equilíbrio interessa apenas o ponto final do equilíbrio, enquanto que
em experimentos cinéticos amostras devem ser retiradas a intervalos de tempo determinados, conforme
será descrito mais detalhadamente a seguir.
a) Utilizar balões volumétricos de pescoços curtos, com septos adaptados nos bocais de
amostragem. Deste modo consegue-se uma amostragem com seringa cromatográfica sem
destampar o balão. O objetivo deste cuidado é minimizar o problema de perda de massa
durante o experimento, em função de frequentes aberturas do balão.
b) Construir uma bandeja para receber os balões com capacidade em torno de 14 unidades. A
esta bandeja contendo os balões e imersa no banho termostático deve ser imprimido um
Operações Unitárias – Adsorção 55
O equipamento utilizado para os experimentos cinéticos a nível de partícula exige uma agitação
interna ao balão, de modo a garantir uma maior homogeneidade das amostras. A agitação foi ajustada de
modo a minimizar o efeito da formação de filme líquido em torno das partículas de adsorvente.
Amostras são retiradas e analisadas para obter a variação na composição do líquido com o tempo. Uma
ilustração mostrando o banho termostatizado com dois recipientes é apresentado na Figura 9.1. Um
detalhe do recipiente e agitação utilizados pode ser visto na Figura 9.2. O pescoço do bocal de
amostragem deve ser de pequena altura, ao qual deve ser instalado um septo, com objetivo de permitir
fazer amostragens sem abrir o mesmo, minimizando o problema de perda de massa durante o
experimento em função de frequentes aberturas.
Figura 9.1. Dispositivo experimental para método da banho finito (Cavalcante Jr., 1988).
(1) Banho termostático; (2) Células de equilíbrio; (3) Agitador; (4) Aquecedor/agitador de
banho termostático; (5) Acionador de agitador; (6) Termômetro para banho; (7) Termômetro
para interior da célula de adsorção.
Figura 9.2. Célula utilizada no método da imersão em volume finito de líquido. Detalhes do
agitador e do sistema de acoplamento (Cavalcante Jr., 1988).
Operações Unitárias – Adsorção 57
O equipamento utilizado para experimentos de adsorção em leito lixo é basicamente uma coluna
de leito fixo de adsorvente montada em um sistema contendo facilidades como bombas e vasos de
alimentação para carga e dessorvente e controle de temperatura para a coluna. Um desenho esquemático
deste sistema é apresentado na Figura 9.3. Um diâmetro típico da coluna é de 2,0 cm e podem ser usados
diferentes comprimentos de leito a depender do sistema em estudo, variando tipicamente de 30 cm a 150
cm. Neste sistema podem ser conduzidos experimentos tipo “breakthrough” e tipo pulso, conforme
descrição a seguir:
b) Experimentos tipo pulso - Este experimento é similar ao tipo “breakthrough” exceto que a
segunda alimentação tem uma duração determinada, a duração do pulso, que normalmente
variou de 5 a 10 minutos. Com o pulso, a tendência da composição de saída do leito é
aproximar-se do valor da segunda alimentação. No entanto, terminada a duração do pulso
retorna-se à primeira alimentação até ser atingida novamente a concentração daquela corrente
na saída do leito, o que indica o final do teste. Observe-se que a saturação do leito para a
segunda condição de alimentação não é atingida neste tipo de experimento. O resultado final
das concentrações de saída do leito com o tempo assemelha-se ao gráfico de uma análise
cromatográfica, com um pico para cada componente; a separação entre os picos depende das
condições em que foi conduzido o experimento e da seletividade dos diversos componentes.
Este resultado pode, assim, ser usado para se calcular as seletividaes dos diversos componentes
em relação a um componente de interesse
Operações Unitárias – Adsorção 58
Figura 9.3. Esquema de unidade de bancada de adsorção em leito fixo, com detalhe da coluna
mostrando isolamento térmico e resistência de aquecimento (Marra Jr., 1991).
(1) Coluna de adsorção (6) Resfriador
(2) Reservatório (7) Filtro
(3) Medidor de nível e vazão (8) Termopares
(4) Bomba de pistão (9) Válvula de amostragem
(5) Válvula reguladora de pressão
Dados experimentais obtidos com esta técnica podem ser obtidos, por exemplo, em Santacesaria
et alli (1982b), Marra Jr. (1991) e Neves (1995).
Operações Unitárias – Adsorção 59
Esta técnica foi proposta por Hulme et alli (1991) para a obtenção de dados de equilíbrio em
adsorção. Dessa forma esta técnica, de modo engenhoso, porém simples, permite determinações de
dados de isotermas e seletividades de adsorção. O experimento consiste na adição sucessiva de
pequenas quantidades de uma mistura de adsorbato de composição conhecida a um pequeno leito de
adsorvente contido no recipiente do “headspace”. Medidas de concentração na fase vapor formada nas
diferentes etapas do experimento, juntamente com relações de equilíbrio de fases, permitem determinar
a capacidade de adsorção ou a seletividade dos diversos componentes da mistura.
No caso do processo de adsorção é muito difícil mover sólidos de uma localização para
outra, enquanto o processo está em operação (uma exceção será mencionada no decorrer do
capítulo). Tipicamente é necessário que haja duas zonas separadas, ou leitos fixos de adsorventes,
para o processo ser conduzido, e as condições devem ser modificadas periodicamente em cada leito.
Esta complexidade conduz a altos investimentos em alguns casos. Como resultado, o processo de
adsorção é muito menos comum em unidades de processos do que a destilação, por exemplo.
O processo de adsorção tem que lidar com mais um problema: o calor liberado durante a
adsorção e o calor recebido durante a dessorção. Em casos em que a fração de carga adsorvida seja
significante, o calor liberado e recebido pode ser suficientemente grande para causar grandes
elevações ou diminuições de temperatura no leito de adsorvente. Logo o processo deve ser
concebido, adequadamente, de modo a lidar com esta liberação de calor.
SEPARAÇÃO ADSORVENTE
SEPARAÇÃO QUANTITATIVA – FASE GÁS
Normal-parafinas / iso-parafinas, aromáticos Zeólita
N2 / O2 Zeólita
O2 / N2 Peneira molecular
de carvão
CO, CH4, N2, Argônio, NH3 / H2 Zeólita, carvão
ativado
Hidrocarbonetos / correntes leves Carvão ativado
Água / etanol Zeólita
PURIFICAÇÃO – FASE GÁS
H2O / correntes contendo olefinas Sílica, alumina,
zeólita
CO2 / C2H4 , gás natural, etc. Zeólita
Hidrocarbonetos, comp. Halogenados, solventes / Carvão ativado
correntes leves
Compostos de enxofre / gás natural, H2, GLP, etc. Zeólita
SO2 / correntes leves Zeólita
Mercúrio / gases efluentes de célula cloro-soda Zeólita
Compostos orgânicos voláteis (VOC) / ar Carvão ativado
SEPARAÇÃO QUANTITATIVA – FASE LÍQUIDA
Normal-parafinas / iso-parafinas, aromáticos Zeólita
p-xileno / o-xileno, m-xileno Zeólita
Olefinas para detergentes / parafinas Zeólita
Frutose / glucose Zeólita
PURIFICAÇÃO – FASE LÍQUIDA
H2O / Compostos orgânicos, orgânicos oxigenados, Sílica, alumina,
halogenados, etc. zeólita, flocos de milho
Compostos orgânicos, orgânicos oxigenados, Carvão ativado,
halogenados, etc. / H2O Silicalite
Odor e gosto / H2O Carvão ativado
Compostos de enxofre / orgânicos Zeólita
Cor / frações de petróleo, xaropes, óleos vegetais, etc. Carvão ativado
Operações Unitárias – Adsorção 62
Figura 10.2. Efeito do Enchimento da Coluna sobre o HETP. (1) adsorvente despejado
livremente; (2) adsorvente despejado com vibração; (3) adsorvente despejado com vibração e
choques controlados. (Ruthven, 1984)
Operações Unitárias – Adsorção 64
Figura 10.3. a) Efeito do Diâmetro da Coluna sobre o HETP; b) Redução do HETP pela
Instalação de Chicanas. (Ruthven, 1984)
Operações Unitárias – Adsorção 65
Processos de separação por adsorção em larga escala podem ser convenientemente divididos
em duas grandes classes: sistemas cíclicos em batelada, nos quais o leito de adsorvente é
alternadamente saturado e regenerado de uma forma cíclica, e sistemas de fluxo contínuo,
geralmente envolvendo contato contínuo em contracorrente entre a alimentação e o adsorvente. A
distinção entre estes dois modos básicos de operação é mostrada esquematicamente nas Figuras
10.5 e 10.6. Nestas figuras o componente A é o mais fortemente adsorvido.
b) Regeneração por Variação da Pressão (Pressure Swing Adsorption) – PSA. Neste processo a
dessorção é obtida pela redução da pressão à temperatura constante, seguida da purga do leito a
baixa pressão. Este modo de operação é, obviamente, restrito a sistemas gasosos. A diferença
básica entra as operações PSA e TSA é mostrada na Figura 10.7.
c) Regeneração por purga de gás. O leito é regenerado à pressão e temperatura constantes pela
purga com um gás inerte não adsorvível, como na eluição cromatográfica. Este método é
aplicável somente quando as espécies adsorvidas são fracamente retidas, de outro modo a
quantidade de gás de purga requerida seria proibitiva.
PSA Bom quando espécies fracamente Pressões muito baixas podem ser
adsorvidas são requeridas em altas purezas. necessárias.
Ciclo rápido, o que significa uso eficiente Utiliza energia mecânica, o que pode ser
do adsorvente. mais caro que calor.
A mais simples versão de um processo tipo TSA opera com dois leitos, um adsorvendo e um
outro dessorvendo, de modo a garantir a continuidade do fluxo. Em um sistema de dois leitos o
tempo dos ciclos de adsorção e dessorção (incluindo espaços de aquecimento e resfriamento) devem
ser iguais, o que limita a flexibilidade e reduz de alguma forma a efetividade na qual a capacidade
do adsorvente pode ser utilizada. Um uso mais eficiente da adsorção pode ser obtido em um sistema
de múltiplos leitos mas, uma vez que os custos sobem com a complexidade, múltiplos leitos
geralmente não se justificam, exceto quando as taxas de adsorção são muito baixas. O sistema
básico de dois leitos é padrão para a maioria das aplicações em fase vapor, incluindo secadores de
Operações Unitárias – Adsorção 69
gás, sistemas de recuperação de solventes e secadores de gás natural, conforme mostrado na Figura
10.8.
Figura 10.8. Diagrama Esquemático de um Sistema TSA de Dois Leitos para Secagem
de Gases.
sistemas mais complexos, com três ou quatro leitos de adsorvente, de modo a reduzir o consumo de
energia.
De uma perspectiva termodinâmica a diferença essencial entre processos PSA e TSA é que
em sistemas PSA a energia requerida para promover a separação é introduzida no sistema sob a
forma de trabalho mecânico (do compressor) em lugar de calor. Uma vez que energia mecânica é,
em geral, mais cara que calor, um uso eficiente da energia é essencial para um sistema PSA
economicamente viável. Estas considerações tornam-se especialmente importantes para unidades de
larga escala.
Sistemas PSA são adequados para ciclos rápidos e em geral operam em baixos graus de
saturação do adsorvente, uma vez que a seletividade é máxima na região de validade da lei de
Henry. Baixas temperaturas de operação são também desejáveis para maximizar a capacidade e a
seletividade, mas em geral não é economicamente viável um resfriamento abaixo da temperatura
ambiente.
A etapa de purga é essencial para uma separação eficiente. Purga em fluxo reverso assegura
que os componentes mais fortemente adsorvidos sejam empurrados de volta à entrada do leito e não
contaminem o produto rafinado no próximo ciclo. É essencial que uma quantidade de purga
suficiente seja usada para remover completamente o fluido contido nos espaços vazios dentro do
leito, bem como dessorver os compostos mais fortemente adsorvidos na região de saída do leito. A
pureza do produto aumente com o aumento da purga mas após certo ponto o ganho é pequeno e não
compensa mais o aumento da purga. Na prática o volume de purga, medido a baixa pressão, deve
ser entre uma e duas vezes o volume de alimentação, medido a alta pressão.
Figura 10.14. Diagrama Esquemático de um Sistema PSA de Dois Leitos para Separação
de Ar em Peneira Molecular de Carvão
A Figura 10.15 mostra um diagrama esquemático de um arranjo típico para suportação do leito
e distribuição de fluxo em um leito fixo de adsorção.
deve eventualmente superar as desvantagens de uma engenharia mais complexa. Além deste princípio
geral, nenhuma outra orientação segura pode ser dada sem se fazer referência ao sistema específico de
interesse, uma vez que a avaliação econômica é fortemente influenciada por fatores como o custo e a
durabilidade do adsorvente, assim como pelo equilíbrio e cinética do processo e sua escala. Processos
de adsorção contínuos em contracorrente são, no entanto, largamente usados em escala industrial em
muitas separações importantes e parece provável que tais processos se tornarão cada vez mais comuns.
em duas correntes, uma contendo A e C (o extrato) com muito pouco B e outra contendo B e C (o
rafinado) com muito pouco A. Para recuperar A e B como produtos puros estas correntes devem então
ser separadas por métodos convencionais, usualmente destilação, sendo o dessorvente (C) então
reciclado de volta para os leitos de adsorção. Assim, é essencial que as propriedades do dessorvente
sejam tais que esta separação posterior seja facilmente conduzida.
No processo em LMV há quatro seções distintas, numeradas de acordo com a Fig. 9.16:
A melhor maneira de entender este processo é começar pela Seção III, onde a espécie mais
fortemente adsorvida A é adsorvida:
IV
Z4 us
rafinado
R
III
Z3 us
alimentação
S
F
II
Z2 us
extrato
E
I
Z1 us
dessorvente
D
Seção III. O sólido entrando nesta seção contém principalmente dessorvente C com
algum B. O líquido na saída desta seção contém praticamente apenas B e C, com muito pouco
de A. Uma porção deste líquido é então removida neste ponto como rafinado produto (R).
Seção II. O sólido entrando nesta seção acaba de estar em contato com a carga e logo
contém ambos os componentes A e B e também o dessorvente C. O componente B, mais
fracamente adsorvido, é removido do sólido pelo componente A. Assim a concentração de B
no sólido cai essencialmente a zero no fundo desta seção.
Operações Unitárias – Adsorção 76
De modo a especificar completamente uma condição de operação, quatro variáveis devem ser
especificadas além da vazão de alimentação (F). Se especificarmos as vazões de sólido (S), dessorvente
(D), rafinado ( R) e a vazão de líquido em uma das seções, digamos na Seção I (Z1), podemos então
calcular as demais vazões por um balanço material simples:
E=F+D-R (10.1)
Z2 = Z1 - E (10.2)
Z3 = Z1 - E + F (10.3)
Z4 = Z1 - E + F - R (10.4)
1 2 3
12 4
extrato
11 5
rafinado
liquido
10 6
9 8 7
rafinado
alimentação alimentação
A equivalência com o processo de LMV pode ser obtida a partir do tempo de rotação (ΔT) do
LMS, isto é, o tempo que as correntes de entrada e saída levam para percorrer todas as posições de
leitos e voltar à posição inicial, de acordo com a Eq. 10.5:
us = Lc / ΔT (10.5)
contrário ao do movimento deste. Isto corresponde a afirmar que as vazões das bombas de circulação
de líquido em processos equivalentes de LMV e LMS são diferentes, de acordo com a relação dada
pela Eq. 10.6:
Além disso as vazões que circulam pela bomba de circulação no processo em LMS mudam
em função da zona que está passando por ela a cada tempo. Isto torna necessário um sistema inteligente
que reconheça a vazão adequada em cada tempo e mude a vazão da bomba de acordo, o que torna mais
complexo o projeto de engenharia de uma unidade de LMS.
A tecnologia de LMS foi desenvolvida pela Universal Oil Products (UOP), (Broughton,
1961), e tem sido usada desde então em diversos processos industriais de separação conhecidos como
SORBEX, cujo diagrama esquemático encontra-se na Figura 10.20. Estes incluem o processo Parex
para a recuperação de p-xileno de uma mistura de C8 aromáticos, o processo Molex para a extração de
n-parafinas de uma mistura de hidrocarbonetos contendo iso e cicloparafinas, o processo Olex para
separar olefinas de parafinas e o processo Sarex para a recuperação de frutose de uma mistura de
frutose/glucose (Broughton, 1968, 1970, 1984; de Rosset et alli, 1980, 1981). Mais de uma centena de
unidades de LMS estão atualmente em operação em todo o mundo.
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LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Um secador de etileno deve secar uma alimentação contendo cerca de 100 ppm de água até
um teor menor que 0,1 ppm usando peneira molecular zeolítica. São usados dois secadores,
um secando enquanto o segundo se regenera, sendo que a operação de secagem se dá em
fluxo descendente e a de regeneração em fluxo contrário. A regeneração é feita com metano
aquecido, sendo que esta corrente possui cerca de 800 ppm de acetileno, que é um
contaminante do etileno. Considere os diversos aspectos do processo, incluindo a
possibilidade de mudança de sentido de fluxo da regeneração e seleção da peneira mais
adequada, entre outros, e discuta as possibilidades de contaminação e de evitá-la neste
processo.
2. Um secador de etileno, à temperatura de 40oC e pressão de 4 kgf/cm2 man, deve operar com
uma corrente de entrada contendo teores maiores que 6000 ppm de água, e remover quase
toda a umidade, especificando esta corrente com valores menores que 0,1 ppm de água. As
isotermas de adsorção para a alumina ativada e para um adsorvente zeolítico (peneira
molecular) são dadas abaixo. Discuta, à luz das isotermas e demais informações, qual a
opção de adsorvente mais adequada para esta situação.
Água
adsorvida,
% massa
Umidade relativa, %
Operações Unitárias – Adsorção 86
4. Um leito de adsorvente de 2 cm de diâmetro por 142,5 cm de comprimento útil foi cheio com
411,754 g do adsorvente do exercício 3. Calcule a fração de vazios do leito e sua densidade
(“bulk density”).
wo wf (% massa)
Ponto mlo (g) ms (g) o
(% massa) 40 C 60oC 80oC
A 10,0079 3,2969 9,936 5,756 5,758 5,841
B 10,0067 4,8675 9,936 3,96 3,936 4,082
C 10,0036 6,3734 9,936 1,95 1,94 2,124
D 10,0017 3,2205 4,406 0,606 0,612 0,723
E 10,0132 3,4319 4,406 0,397 0,422 0,548
F 10,0082 3,8109 4,406 0,282 0,321 0,452
G 10,0132 4,2678 4,406 0,092 0,129 0,212
H 10,0133 4,8046 4,406 0,019 0,03 0,054
I 10,0030 5,0355 4,406 0,014 0,022 0,04
J 10,0021 5,4619 4,406 0,008 0,014 0,027
K 10,0123 5,6691 4,406 0,006 0,011 0,021
L 10,0174 6,1748 4,406 0,014 0,026 0,048
M 10,0278 6,5543 4,406 0,007 0,011 0,021
N 10,0004 7,5452 4,406 0,005 0,01 0,017
Operações Unitárias – Adsorção 87
wo wf (% massa)
Ponto mlo (g) ms (g)
(% massa) 60oC
A 10,0148 3,0058 10,081 6,266
B 10,0163 3,5512 10,081 5,524
C 10,0049 4,524 10,081 4,209
D 10,0209 5,0266 10,081 3,39
E 10,0024 5,5265 10,081 2,705
F 10,0027 6,0389 10,081 2,091
G 10,0097 6,5754 10,081 1,552
H 10,024 7,058 10,081 1,011
I 10,0036 7,5313 10,081 0,591
J 10,0172 7,5895 8,895 0,559
K 10,0042 7,5458 7,968 0,21
L 10,0371 7,5091 6,981 0,129
M 10,0124 7,5318 6,016 0,043
N 10,0104 7,5102 5,081 0,03
7. Uma corrente de etileno correspondente a uma produção anual de 200 mil toneladas, à
temperatura de 35oC e 10 atm abs, saturada com água, deve ser seca em leitos de adsorvente até
uma concentração final de água de 0,1 ppm massa. Dimensione, usando os critérios do GPSA,
o(s) leitos de adsorvente(s) para este processo.
Operações Unitárias – Adsorção 88
wo
wf (% massa)
Ponto mlo (g) ms (g) (% massa)
PX EB PX EB
A 10,0364 3,0294 5,139 5,225 2,896 4,012
B 10,0156 3,548 5,139 5,225 2,533 3,829
C 10,0183 4,5928 5,139 5,225 1,624 2,981
D 10,0169 5,0608 5,139 5,225 1,547 2,802
E 10,0045 5,6866 5,139 5,225 1,039 2,117
F 10,0116 6,1555 5,139 5,225 0,824 1,753
G 10,0122 6,6135 5,139 5,225 0,627 1,401
H 10,0034 7,0682 5,139 5,225 0,508 1,143
I 10,0181 7,6222 5,139 5,225 0,318 0,749
J 10,0218 7,5896 4,517 4,544 0,132 0,314
K 10,0347 7,6322 3,487 3,488 0,025 0,057
L 10,0129 7,6436 2,579 2,96 0,009 0,02
M 10,0154 7,6095 4,206 4,231 0,066 0,157
N 10,0316 7,5797 3,169 3,136 0,015 0,033