Caminhos Do Conhecer - Essas Palavras

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Caminhos do conhecer: essas palavras...

Perguntou-me o senhor sobre os caminhos do saber. Por eles passam a educação


das gentes. Concordamos. Interessante prosear sobre... Aprendemos, não aprendemos?
Caminhos se percorrem para poder divisar outros que surgem mais adiante. Os dos
homens nunca se fecham. Nem acabam. Longos, sem fim e incertos. Contrário dos
animais. Estes caminham por trilhas que eles adivinham sem esforço de previsão. O
homem carece de ser instruído primeiro. Educado. Não uma qualquer instrução. Há de
ser a necessária para que ele aja nos conformes. O BEM COMUM. O BEM FAZER. O
BEM PENSAR. A verdade acima da cabeça. Ignorar é um grande risco, concorda
comigo? Necessário então conhecer. A verdade.
Sim, senhor, por onde esses caminhos passam?
Difícil é distinguir o que significa isso: verdade. Muito se falou dela. E se fala.
Desde tempos atrás. Bom exercício o examinar. Nos antigos, nos modernos, nos de
ontem, nos de hoje. A ciência – grande invenção – é a "busca da verdade". E então? Para
chegar à verdade é preciso atravessar muitas encruzilhadas. Os caminhos são diversos e
os pontos de chegada também... Não há estrada segura. Nem se chega do mesmo modo
à sua fonte. O homem é diverso na sua busca e no seu achado. Religião. Filosofia.
Ciência. Política... Cada qual tem seu ponto de chegada e de partida.
Deus ou a divindade adorada é venerada na religião. Conhecer sua vontade
esclarece o destino de si e do mundo. O real e o verdadeiro. Um pouco e muito diferente
a jornada da ciência. Centralize sua idéia. O conhecimento. Não o da religião – que se
acha na fé revelada – mas o que se alcança por desdobramentos do andar organizado,
sistemático, racional.
Conhecer, meu senhor, é saber o quê. E o quê. Não é só constatar. Pois sim.
Constatar qualquer um constata. Basta olhar, sentir, apalpar. Pode-se tocar o mundo com
os olhos ou ver com os dedos pelo só observar. Fácil. Conhecer dessa forma é captar o
"por fora de tudo". O que está por fora das plantas, do homem, da sociedade, do Estado,
das palavras. A ciência diz que precisa conhecer. Quer saber, pois, o "por dentro" ou
"para além" do por fora. Por isto, as causas, a essência. Já disse: o concreto por detrás
do aparente, a regularidade no irregular, a identidade na diferença. Isto, senhor, são
caminhos do conhecimento sábio.
Esses caminhos são de muitas veredas. Tem um principal, mas não se pode
perder os detalhes necessários. Como quando o senhor quer conhecer uma região. Sem
se perder da principal, o senhor deve também andar por veredas secundárias. Aí irá
tomando ciência de detalhes: rochas, colinas, árvores, ninhos, esconderijos, homens e
córregos que não se encontravam no caminho principal.
O caminho do conhecimento? Como esse. Avance o senhor pelo principal: a
história da ciência e da sociedade, as falas dos grandes sábios, as verdades
consagradas. Não esqueça desatento das veredas secundárias: a fala do povo, as
sentenças dos homens simples, a cultura dita simplória, a arte dos mocambos e das
favelas, a inquietação de um professor do sertão, a pergunta do homem do campo, a
literatura de cordel. São veredas que também conduzem ao saber. Pois sim?

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