Livro Refutando As Pseudobiociencias
Livro Refutando As Pseudobiociencias
Livro Refutando As Pseudobiociencias
ISBN 978-85-89265-31-7
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SOBRE O AUTOR
Nascido na Paraíba, em 1979, Sávio Torres de Farias cursou Ciências Biológicas e mestrado
em Genética pela Universidade Federal da Paraíba. Defendeu seu doutorado também em
Genética na Universidade Federal de Minas Gerais (2006), onde estudou a evolução do código
genético. Atualmente é professor associado na Universidade Federal da Paraíba. Coordena o
Laboratório de Genética Evolutiva Paulo Leminsk e é pesquisador visitante da Universidade
Nacional Autônoma do México. Vem desenvolvendo pesquisas sobre evolução molecular, tendo
como linha de pesquisa a origem e evolução dos sistemas biológicos.
REVISORES TÉCNICOS
Francisco Prosdocimi
Universidade Federal do Rio de Janeiro
3
pseudociência
pseu·do·ci·ên·ci·a
sf
Dicionário Michaelis
4
SUMÁRIO
Agradecimentos 06
Prefácio 07
Introdução 10
1. Primeiro período 13
1.1. Conhecendo o organograma 13
1.2. Optativa 1 - O que é e como funciona a ciência? 16
2. Período 19
2.1. Disciplina 1 – Terra Jovem 19
2.1.1 Uma jovem adolescente ou uma senhora de idade? 19
2.2. Disciplina 2 – O Registro fóssil 21
2.2.1. Uma viagem no tempo! 21
3. Período 23
3.1. Disciplina 3 – Mutações só causam danos e não geram complexidade 23
3.1.1 Um zoom em mutações e no funcionamento da informação biológica 24
3.1.2 Mutações são sempre prejudiciais e não geram complexidade? 26
4. Período 30
4.1. Disciplina 4 – A origem da vida e a falta de explicação de como uma sopa primordial
poderia surgir no ambiente hostil 30
4.1.1. Os argumentos anticientíficos dos defensores do design inteligente 31
5. Período 34
5.1. Disciplina 5 - Os biólogos não conseguem construir a árvore da vida 34
5.1.1. Árvores, genes e morfologia 35
5.1.2. Genes diferentes geram árvores diferentes 36
6. Período 38
6.1 Disciplina 6 – A complexidade irredutível 38
6.1.1. A complexidade do olho 38
6.1.2. O flagelo bacteriano, um lindo motor darwiniano 41
7. Período 43
7.1. Trabalho de conclusão de curso – A criação especial do Homem 43
7.1.1. O número de cromossomos humanos nega uma ancestralidade comum com chimpanzés? 43
7.1.2. O genoma humano: Um contingente informacional do processo evolutivo 45
7.1.3. A grande miscigenação pré-histórica 46
Epílogo 47
A colação de grau 47
A falta de evidência não é evidência! 48
Referências consultadas 49
5
Agradecimentos
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Prefácio
7
de mediar uma construção mais digna da cidadania. Nosso desenvolvimento
pleno em uma sociedade dinâmica, justa e competitiva passa, peremptoriamente,
por ter o ceticismo aguçado, o que é acompanhado pela percepção crítica da
realidade. Tal característica é indispensável nesse período em que somos
bombardeados por Fake News.
Não é por acaso que o Brasil figura nas últimas colocações em avaliações
internacionais, como no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa)
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Estamos em um tempo em que a credulidade de nossa população a torna
perigosamente vulnerável a agir como uma dócil massa de bovinos. No
entendimento de questões referentes ao conhecimento científico, basta
averiguarmos quantas pessoas acreditam no equívoco de atribuir o rápido
crescimento dos frangos que consumimos à aplicação de hormônio de
crescimento nesses animais pelos avicultores.
Por essas e tantas é que iniciativas como a do professor Sávio são
essenciais. Lembro-me dele conduzindo uma apresentação por
aproximadamente uma hora, em um Bar de João Pessoa-PB, como parte do
projeto “Pint of Science” de 2018. Na oportunidade, discorria sobre evolução
biológica, marcando objetivamente um contraponto robusto ao criacionismo, na
medida que a palestra intitulada “Design inteligente uma alternativa à teoria
evolutiva? Desconstruindo mitos” transcorria. Munido de argumentos sólidos, bom
humor e linguagem desprovida dos jargões herméticos dos cientistas, foi
explicando quão frágeis e inverídicos são os argumentos que sustentam a teoria
do Design inteligente para um público heterogêneo que bebericava e saboreava
petiscos, enquanto acompanhavam a retórica do nosso intrépido autor.
Deve-se reconhecer a dificuldade para um docente universitário, repleto
de atribuições relativas às atividades de ensino e à competitiva pesquisa científica,
em voltar sua atenção para o ensino básico. Todavia, a educação tem que ser
compreendida como um todo para que possamos ver sua ação transformadora
atendida plenamente e, para tanto, as barreiras que porventura existam devem
ser demolidas. Precisamos facilitar esse diálogo entre a ciência e o ensino de
forma que possamos compartilhar nossos anseios e desafios com experiências
educacionais exitosas.
Talvez não poderíamos imaginar que o tema proferido pelo professor
Sávio durante um happy hour naquela terça-feira de maio de 2018 pudesse se
transformar em um livro serenamente aguerrido. Savio sai aqui em defesa do
posicionamento crítico, atitude que indiscutivelmente contribuirá para sanar o
analfabetismo científico que assola nosso país. A cada capítulo, o biólogo e
geneticista Sávio Torres de Farias convida-nos a entender como a teoria da
evolução se consolida na medida em que, de forma didática, o autor refuta todas
as falácias de uma pseudociência. É certo que os leitores e leitoras se sentirão
8
mais seguros sobre o que devemos entender como verdade ao desfrutar da
presente obra.
9
Introdução
Figura 1. A Teoria Evolutiva (aqui utilizada como sinônimo de Teoria da Evolução) é a linha integradora dos
diversos campos do conhecimento das Ciências Biológicas.
10
Apesar da farta corroboração científica do processo evolutivo, nas últimas
décadas podemos observar um crescente movimento anticientífico que tenta
desqualificar fatos e evidências em favor de uma visão calcada em uma
interpretação sobrenatural dos processos de origem e evolução dos seres vivos.
No centro dessa discussão temos dois movimentos principais: o primeiro deles é
capitaneado pelo Instituto de Pesquisa da Criação (The Institute for Creation
Research) e é mais conhecido como o criacionismo “científico”; enquanto o outro
é capitaneado pelo Instituto Discovery e é chamado de design inteligente. Ambas
são organizações de cunho religioso que estão sediadas nos Estados Unidos da
América (EUA). O Instituto Discovery em 1999, publicou um documento
explicitando suas estratégias para vencer o materialismo cientifico chamado
“Documento de Cunha”. Neste documento se estabelece a estratégia para
confrontar e as metas a serem obtidas. Uma das bases do documento é um maciço
programa de divulgação de aparentes controvérsias, buscando gerar na população
questionamentos infundados quando observados a luz do conhecimento
moderno, promovendo assim, uma falsa sensação de crise na Teoria Evolutiva. A
partir deste movimento buscam suplantar as bases cientificas da Teoria Evolutiva
pelas ideias do Design Inteligente. O documento já expõe de forma evidente o teor
pseudocientífico de tais ideias.
11
mais conhecíamos e nos relacionávamos racionalmente com o meio, novas
explicações foram tomando lugar até o florescimento da ciência moderna.
A motivação para escrever este livro da minha preocupação com esta última
questão e de sua crescente influência sobre jovens que, ainda sem muitos
elementos de análise, tendem a aceitar explicações mais familiares e negar as
explicações científicas baseadas em evidências. Não se trata aqui de um ataque a
uma religião ou crença específica, mas uma análise, sob a luz das evidências, como
tudo que se pretende ser científico, dos argumentos utilizados pelos criacionistas
e do poder explicativo dos mesmos diante dos fatos. Para isso faremos uma
retrospectiva mais detalhada e uma análise racional sobre o que existe disponível
no meio científico para contrapor as propostas de tais correntes de pensamento.
Espero poder guiá-los em uma leitura agradável e informativa.
12
1. Primeiro período
13
de que a maioria das rochas sedimentares fossilificas da Terra foi formada em um
cataclismo hidráulico global ainda mais recente;
14
processo aleatório e indireto tende a prejudicar os organismos e não os melhora
ou cria complexidade;
15
duas linhas de pensamento. O argumento a que me refiro é uma tentativa
epistemológica de colocar o criacionismo “científico” e o design inteligente no
mesmo patamar da biologia evolutiva,. Isto é, argumenta-se que a evolução
darwiniana seria “apenas uma teoria”. Para analisarmos esse argumento
necessitaremos olhar para a ementa da disciplina optativa de primeiro período
que os defensores destas linhas de pensamento parecem ter faltado.
16
Figura 2. A ciência moderna se sustenta na experimentação e no recorte no mundo real.
17
Neste momento, devemos voltar ao segundo ponto deste raciocínio, o recorte
do real. Dada as características que citei anteriormente, fica praticamente
evidente que a experimentação deve ser feita sobre questões físicas e, diante do
nosso conhecimento, apenas elementos naturais ou físicos podem atuar sobre
outros elementos naturais ou físicos. Dessa forma, qualquer força ou entidade
sobrenatural foge necessariamente da experimentação, do uso do método
científico e, consequentemente, do conhecimento científico.
Neste ponto, já deve ter ficado evidente que a palavra “teoria” tem vários
sentidos, dependendo do contexto em que é utilizada; no campo científico, o
termo se refere a um conjunto de conhecimentos avaliados pela experimentação.
Entretanto, no seu uso popular, é entendida como uma especulação e/ou
suposição, o que seria equivalente na ciência a uma hipótese, uma premissa que
necessita ser testada experimentalmente para ser incorporada a um conjunto de
conhecimentos.
Aqui, fica evidente que acusar a teoria evolutiva de “apenas uma teoria”
mostra um uso equivocado do termo, sendo utilizado neste contexto da mesma
forma que no uso popular, o que não está de acordo com o volume de dados
experimentais que elevaram as hipóteses sobre o processo evolutivo dos seres
vivos à categoria de teoria científica.
18
2. Período
19
para uma datação próxima àquela estimada atualmente foram feitas utilizando a
série de decaimento do urânio. Contudo, as críticas iam no sentido de que as
amostras de rochas poderiam estar contaminadas com pedras vindas de partes
mais antigas do universo, o que estaria levando a uma origem muito antiga do
Planeta. Entretanto, buscando minimizar o problema da contaminação,
atualmente são utilizadas várias séries de decaimento em vários tipos de rochas;
nestas analises as idades convergem para a idade já citada.
20
2.2. Disciplina 2 – O Registro fóssil
21
a linhagem de hominídeos, que incluem os homens modernos, seus parentes
próximos e seus ancestrais até 6 milhões de anos atrás.
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3. Período
23
nucleosídeos existentes no DNA de acordo com um processo considerado casual.
Consequentemente, uma determinada mutação aparece ao acaso, mas
dependendo do tipo e do local onde ocorre, ela pode melhorar ou piorar o
funcionamento de um determinado gene, além de poder ser neutra, isto é, não
afetar a função.
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mensageiro, essa molécula é direcionada para uma maquinaria molecular
chamada ribossomo onde a informação será traduzida em uma sequência de
aminoácidos. Para que tal processo ocorra, existe uma correspondência entre uma
trinca de bases e um determinado aminoácido. Assim, sempre que ocorrer uma
determinada trinca, será adicionado um mesmo aminoácido à proteína que está
sendo sintetizada. Alguns aminoácidos podem ter mais de uma trinca de
nucleosídeos que os represente, visto que com 4 bases diferentes em 3 posições
podemos ter 64 combinações de trincas para codificar apenas 20 aminoácidos.
Estas trincas com o mesmo significado funcionariam como os sinônimos na língua
portuguesa. Dentre as 64 trincas de bases, 61 têm aminoácidos como
correspondentes e 3 são sinais para indicar que a síntese de uma proteína chegou
ao fim.
Falando um pouco sobre as características dos aminoácidos, os 20 tipos que
encontramos nas proteínas podem ser classificados de acordo com suas
características físico-químicas, podendo ser: (i) hidrofóbicos de cadeia aberta, (ii)
hidrofóbicos de cadeia fechada, (iii) polares sem carga, (iv) polares com carga
negativa e (v) polares com carga positiva. Estas características são importantes
pois sugerem que a troca de um aminoácido com uma determinada característica
por um de natureza diferente pode alterar o funcionamento da proteína ao mudar
sua estrutura tridimensional.
Agora que já temos uma visão geral sobre a correspondência entre a
informação contida no DNA e as proteínas, vamos voltar a falar das mutações que
podem ter influências sobre o funcionamento da informação biológica. As
mutações sinônimas são aquelas que não modificam o aminoácido que deve ser
incorporado na sequência da proteína, visto que como citado anteriormente, mais
de uma trinca pode ter o mesmo aminoácido como correspondente.
As mutações de sentido trocado conservativas ocorrem quando um
aminoácido com uma determinada característica físico-química é trocado por
outro com a mesma característica, por exemplo, um aminoácido hidrofóbico de
cadeia aberta é trocado por outro hidrofóbico de cadeia aberta. Neste caso,
podemos perceber que a alteração na estrutura tridimensional não será drástica,
visto que as propriedades físico-químicas são mantidas em uma determinada
posição onde ocorreu a mutação.
Já as mutações de sentido trocado não-conservativas são aquelas em que um
aminoácido é trocado por outro com propriedades físico-químicas diferentes, por
exemplo, um aminoácido hidrofóbico de cadeia aberta é trocado por um polar
carregado negativamente. Neste cenário podemos facilmente inferir que a
entrada desse novo aminoácido deve modificar drasticamente as interações em
uma determinada posição onde ocorreu a troca, influenciando na configuração
tridimensional da proteína e consequentemente no seu funcionamento.
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Nas mutações sem sentido, uma trinca de nucleosídeos que tem
correspondência com um aminoácido será trocada por uma trinca que indica o fim
da síntese proteica. Neste caso a proteína será menor que deveria ser, alterando
assim tanto sua estrutura primária, quanto secundária e terciária (tridimensional);
e alterando também seu funcionamento.
O último tipo de alteração no processamento da informação biológica é a
mudança de fase de leitura. Neste tipo de mutação, pelo menos um nucleosídeo
na sequência de DNA é inserido ou retirado. Uma vez que a informação é lida em
trincas, a inserção ou deleção de bases muda a leitura da informação e,
consequentemente, a sequência de aminoácidos de uma proteína, sua estrutura
tridimensional e sua função. Agora que já temos uma ideia dos tipos de mutação
e de algumas de suas consequências, vamos voltar ao argumento apresentado
pelos defensores do design inteligente.
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processo, ou como alguns tendem a afirmar ‘a mais evoluída’. Tal exame leva à
falsa conclusão de que alguns organismos são ‘superiores’ a outros, o que é falso.
Primeiro, não existe a posição mais evoluída, visto que todos os organismos
viventes atualmente estão adaptados e no mesmo momento do processo
evolutivo. Segundo, em uma análise rápida sobre a diversidade biológica no
planeta, podemos identificar diversos organismos que vêm passando por um
processo de simplificação, seja no organismo como um todo, seja em partes. Vou
começar a demonstrar isso utilizando um grupo de bactérias chamado Mollicutes,
que tem entre seus representantes os gêneros Mycoplasma e Ureoplasma,
bactérias essas que podem estar relacionadas com enfermidades em humanos e
outros animais. Esse grupo de bactérias vem passando por um processo de
redução do tamanho de seu genoma durante sua história evolutiva e,
consequentemente, por um processo de redução da sua complexidade. Hoje
podemos identificar organismos desse grupo com pouco mais de 400 genes.
Outro exemplo de diminuição de complexidade é a redução e, em casos mais
extremos, da perda total de estruturas visuais em organismos que vivem em
fendas abissais. Esse é outro exemplo de diminuição de complexidade e com
mutações não prejudiciais.
Com relação à argumentação de que mutações não podem gerar
complexidade, aqui temos, novamente, um sério problema de desconhecimento
da biologia evolutiva moderna. Podemos iniciar a exemplificação deste fenômeno
com uma grande classe de genes, de extrema importância para os animais, a
família gênica Hox.
É bem conhecido que os genes Hox coordenam a estruturação corpórea dos
animais. Eles estão entre os genes mais conservados, ou seja, conseguimos
verificar que eles possuem a mesma origem em todos os organismos. Também
podemos observar que esses genes possuem mutações que os distinguem
levemente de um organismo para outro. Inclusive, funcionam no desenvolvimento
de estruturas equivalentes entre os mais diversos animais. Por exemplo, o gene
lab, que participa da organização da região anterior de uma mosca, é homólogo
aos genes Hox A, B e D, que participam da organização da região anterior de um
embrião humano.
Pode ser possível que o exemplo dos genes Hox ainda deixe dúvidas sobre se
as mutações podem trazer novidades estruturais durante o processo evolutivo.
Dessa forma, vamos analisar um outro exemplo: a perda de membros nas cobras.
Em uma análise inicial, poderíamos entender que a perda de braços ou pernas
fosse um processo de redução de complexidade. Entretanto, ao olharmos o
processo como um todo, a perda dos membros possibilitou o surgimento de uma
nova organização anatômica com complexidade própria. As cobras formam um
grupo bem particular dentro dos répteis, pois foram perdendo os membros
durante sua história evolutiva. Alguns grupos mais basais, como as pítons,
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possuem rudimentos de membros, enquanto as espécies mais derivadas
perderam totalmente os membros. Já é conhecido na literatura científica que o
gene Sonic hedgehog coordena a formação inicial dos membros nos animais.
Partindo desta informação, um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e
da Europa analisaram a sequência deste gene nas cobras e identificaram uma
deleção na região que coordena a expressão deste gene nestes organismos.
Buscando compreender se esta mutação poderia ser responsável pela perda dos
membros nas cobras, reproduziram a mesma mutação observada nas cobras em
camundongos. O resultado do experimento mostrou que, quando a mesma região
é forçadamente mutada em camundongos, eles nascem sem os membros!
Adicionalmente, se fosse reposta essa região em ovos fecundados desses mesmos
camundongos, os indivíduos nascidos recuperavam o desenvolvimento dos
membros! Evidentemente, uma única mutação não foi responsável pela estrutura
corporal das cobras, mas esta mutação não foi prejudicial e gerou uma novidade
evolutiva. Exemplos como esses são abundantes nos estudos de biologia evolutiva.
Isso indica que parte dos defensores do design inteligente realiza uma crítica sem
que tenham um verdadeiro conhecimento sobre os dados gerados pela biologia
evolutiva moderna. Outros eventos que podem levar a aumento de complexidade
já estudados envolvem a duplicação de genes com ganho de função em uma das
cópias e recombinação de módulos funcionais nos genes gerando novidades
evolutivas.
Uma última consideração que gostaria de fazer sobre a argumentação dos
defensores do design inteligente com relação à cegueira da seleção natural é que
o processo mutacional é realmente aleatório, entretanto, nem sempre ele é
prejudicial. Porém, o processo de seleção natural é direcionador, visto que apenas
as características mais adaptadas a uma determinada condição ambiental
permitirão um maior sucesso reprodutivo dos indivíduos que a possuem (Figura
3).
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Assim, a seleção natural não é aleatória, visto que expõe condições aos
indivíduos. Entretanto, ela tão pouco é intencional a um determinado caminho
evolutivo, visto que mudanças ambientais modificam as condições impostas aos
indivíduos de uma população. Dessa forma, indivíduos em uma população que
estavam mais bem adaptados às condições que o ambiente apresentava em um
determinado momento podem ser desfavorecidos em um momento posterior
devido à dessa condição ambiental.
29
4. Período
30
de Urey e Miller funda uma importante área de pesquisa sobre a origem da vida
que chamamos de química pré-biótica. Os produtos do experimento de Miller
foram reanalisados em 2011 por um grupo de pesquisadores americanos com
técnicas de alta sensibilidade e diversos outros aminoácidos foram identificados
nessas amostras. Desde a fundação da química pré-biótica, vários experimentos
foram realizados e diversos compostos essenciais para os seres vivos foram
identificados, entre eles: bases nitrogenadas, lipídios e carboidratos.
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da informação biológica de forma similar, as vias metabólicas universais, entre
tantas outras características comuns.
Seguindo na argumentação do design inteligente, além de mencionar que
falta explicação de como uma sopa primordial poderia surgir no ambiente hostil
da Terra primitiva, seus adeptos indicam também que as informações necessárias
para a vida não poderiam ser geradas por reações químicas “cegas”. Já
demostramos que a primeira argumentação é falsa, visto que, desde os
experimentos de Urey e Miller na década de 1950 até os dias atuais, a química
pré-biótica já comprovou a possibilidade de síntese dos blocos básicos da vida a
partir de compostos mais simples presentes na atmosfera primitiva da Terra. O
segundo argumento, que questiona como as reações para a vida poderiam ser
geradas por reações “cegas”, mostra inicialmente um desconhecimento da
química básica, visto que determinado conjunto de elementos e compostos
químicos interagem de forma a respeitar a afinidade entre grupos químicos
funcionais ali presentes estando, desta forma, longe de serem “cegas”.
Focando nossa análise nas reações biológicas, vamos buscar argumentos no
conhecimento científico atual. Dentre as reações essenciais que observamos nos
seres vivos, a glicólise é uma via bioquímica básica para a quebra da glicose e
apresenta-se como praticamente universal, estando presente na grande maioria
dos seres vivos. Na reação glicolítica, uma molécula de glicose é transformada por
reações sequenciais em compostos mais simples, com a geração de precursores
para outros compostos importantes para os seres vivos como, por exemplo,
lipídeos e nucleotídeos, além de moléculas energéticas utilizadas em outros
processos celulares.
Recentemente, o grupo de pesquisadores da Universidade de Cambridge,
Reino Unido, liderados pelo Dr. Markus Raiser demonstrou que todas as reações
do metabolismo da glicose nos seres vivos podem transcorrer sem a necessidade
de enzimas, como ocorre atualmente nas células. Também foi demonstrado que
outras vias metabólicas centrais, como por exemplo, o ciclo de Krebs, a via das
pentoses, etc., poderiam ocorrer em condições pré-bióticas, sem o auxílio de
enzimas. Estes dados sugerem que algumas reações destas vias poderiam existir
no ambiente primitivo da Terra e que, com o aparecimento das enzimas, as
reações que ocorriam com o auxílio de catalisadores químicos, passaram a ocorrer
via catalisadores biológicos.
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Figura 4. Esquema representando a substituição de reações realizadas com o auxílio de catalisadores
químicos em um ambiente pré-biótico por catalisadores biológicos (proteínas) no início da formação do
sistema biológico.
33
5. Período
Figura 5. Em A, uma representação da escala natural, em que as diferentes linhagens teriam origens
diversas e o processo de modificação levaria a um aumento de complexidade sempre, tendo o processo
evolutivo um sentido de progresso. Neste modelo, linhagens diferentes estariam em graus diferentes de
evolução. Em B, representação do modelo da árvore da vida proposta por Darwin, em que todas as
linhagens têm uma origem comum, não tendo o processo evolutivo o progresso, como das linhagens,
como produto. Neste modelo, não existem linhagens mais evoluídas que outras.
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O argumento apresentado acima, proposto como um desafio à teoria
evolutiva por adeptos do design inteligente, em nada afeta a primeira, visto que a
ciência está sempre revendo suas conclusões à medida que novos conhecimentos
são incorporados. Desta forma, mesmo que não fosse possível a construção de
uma árvore da vida final, completa e totalmente resolvida, poderíamos obter tais
representações “mais prováveis” de relações biológicas construídas para inúmeras
espécies representantes de vários grupos de organismos.
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leitura da informação biológica contida nos ácidos nucleicos e a decodifica durante
a síntese de proteínas. Esse gene possui características bastante interessantes
visto que todos os organismos celulares o possuem, ele apresenta algumas regiões
variáveis e outras conservadas (podendo assim, agrupar organismos e dentro dos
grupos separar linhagens) e, por último, ele exibe uma taxa de mutação lenta.
Nesta época, os seres vivos eram classificados em cinco reinos, a saber:
Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae, como proposto pelo botânico norte
americano Robert Whittaker (1920-1980). A classificação de Whittaker foi
utilizada de forma unanime até 1990, quando Carl Woese e colaboradores
apresentam um novo sistema de classificação. Nesta nova estrutura, os Reinos
como proposto por Whittaker foram diluídos e uma nova categoria foi
acrescentada, o Domínio. A partir de então, a vida passava a ser dividida em três
grandes domínios, a saber: Archaea, Bacteria e Eukarya. Os domínios
representam as formas básicas de organização das células de todos os organismos.
Um aspecto interessante desta classificação é a proposição de uma relação de
descendência comum entre o Domínio Arquea (organismos procariotos) e o
Domínio Eucaria, relação esta que cada vez se mostra mais evidente à medida que
novos dados vêm sendo gerados.
Atualmente, dados sobre genética, anatomia comparada, paleontologia,
biologia do desenvolvimento, ecologia, biogeografia, entre outros, nos
apresentam uma árvore da vida extremamente confiável para grandes grupos.
Isso não quer dizer que não existam problemas na taxonomia e no entendimento
das relações filogenéticas. Em geral, os problemas que hoje temos nesse campo
se concentram no entendimento de grupos particulares dentro dos grandes
grupos, principalmente devido a uma diversificação relativamente recente e
também, em vários casos, à falta de conhecimento sobre parte da biodiversidade
do planeta. Entretanto, hoje temos um retrato bem detalhado da árvore da vida e
o desafio das ciências biológicas agora é buscar aumentar a resolução deste
retrato e separar os ramos desta grande árvore.
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evolvidos. Estas funções apresentam respostas às condições impostas pelo
ambiente, sendo as respostas mais adaptadas a uma determinada condição
ambiental mantidas, pois irão favorecer a sobrevivência daquele indivíduo ou
grupo que a possuir, aumentando e/ou favorecendo sua capacidade reprodutiva.
Neste sentido, indivíduos que possuam filiação evolutiva histórica mais distantes
mas que habitem ambientes com pressões seletivas similares podem responder
de forma semelhante, ou seja, possuírem genes ou redes gênicas similares para
uma determinada função. A este fenômeno chamamos convergência funcional ou
gênica. Caso utilizemos estes genes ou rede gênica para estabelecer uma história
evolutiva, o que estaremos observando é a evolução da resposta a uma
determinada situação; e não a história natural daqueles grupos.
Esse problema há muito é conhecido pelos biólogos. A maneira de corrigir
estes possíveis erros é a identificação e utilização de genes que, entre todos os
organismos, apresentem pressões seletivas similares, sem casos de pressões
seletivas particulares. No caso do estudo de Carl Woese, o gene da subunidade
menor do ribossomo, em todos os organismos conhecidos, desempenha a mesma
função e está sob a mesma pressão seletiva. Desta forma, as variações e
similaridades encontradas entre os organismos reflete apenas o tempo que um
determinado grupo se separou de outro; e não condições locais dos grupos
analisados. Além deste cuidado metodológico, atualmente, quando possível, os
pesquisadores fazem análises múltiplas utilizando tanto dados moleculares,
quanto dados morfológicos, ecológicos, paleontológicos, etc., criando assim um
cenário cada vez mais próximo da realidade da história natural da vida no planeta.
É importante notar que essa variação na evolução dos genes reflete e reforça
o papel da seleção natural em vários níveis nos organismos. Por sua vez, isso
confere cada vez mais robustez à teoria evolutiva, sempre se sustentando em
evidências, nunca em especulações sem fundamentação experimental. Também
devo salientar que, atualmente, buscando minimizar o efeito de genes particulares
na configuração das relações entre os organismos, tem-se utilizado cada vez mais
análises de múltiplos genes.
Um bom exemplo do aprofundamento no conhecimento das relações entre
os organismos (árvore da vida), foi o estudo liderado pela pesquisadora italiana
Simonetta Gribaldo do Instituto Pasteur na França, que utilizou 81 genes para
refinar o conhecimento sobre as relações evolutivas entre os domínios Arquea e
Eucaria. Neste estudo ficou evidenciada a estreita relação entre estes domínios da
vida, mostrando que organismos eucariotos são descendentes de uma linhagem
de organismos procariotos. O argumento de que não conseguimos construir uma
árvore da vida baseada na teoria evolutiva novamente é, no mínimo, mais um caso
de desconhecimento da ciência moderna visto que podemos encontrar árvores
confiáveis na literatura científica com extrema facilidade.
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6. Período
38
Em relação a comportamentos controlados por fotorreceptores podemos
classificá-los em quatro tipos essenciais: (i) fotorrecepção não direcionada, (ii)
fotorrecepção direcionada, (iii) visão de baixa resolução e (iv) visão de alta
resolução.
A fotorrecepção não direcionada é a forma mais primitiva de visão dentre os
sistemas mencionados. Ela pode ser utilizada por diversos organismos para
percepção do ciclo circadiano, presença ou ausência de predadores por percepção
de sombras, ou diminuição da intensidade luminosa. Em 2016, um grupo de
pesquisadores europeus liderados pela pesquisadora Maria Arnone, da Estação
Zoologia de Anton Dohrn, na Itália, relatou o sistema de fotorrecepção não
direcionada em larvas na espécie de ouriço do mar Strongylocentrotus purpuratus.
O interessante neste estudo é que o sistema se baseia em uma classe de proteínas
chamada opsinas, que se expressa em diversas células sensoriais conectadas ao
sistema nervoso. Análises evolutivas destas moléculas indicam que a diversidade
destas nos animais ocorreu antes da separação de dois importantes grupos, a
saber: protostômios e deuterostômios. Estes dados indicam que a recepção e
resposta a estímulos luminosos desempenhou um importante papel na evolução
animal.
O segundo sistema de fotorrecepção é o direcionado, por meio do qual
organismos conseguem determinar a origem do sinal luminoso, porém, sem
formação de imagem. Este tipo de percepção permite que o animal se mova em
direção ou se afugentando da luz, o que confere um valor adaptativo, visto que a
fuga de um predador pode aumentar suas chances de sobreviver, neste caso o
predador pode ser percebido por uma interrupção no sinal luminoso. Este tipo de
sistema já foi relatado em diversos organismos, como protistas, algas e
invertebrados marinhos. Os pigmentos usados neste tipo de fotorrecepção podem
ser observados em protistas e podem ser encontrados em estruturas chamadas
oceloides, que são estruturas funcionalmente análogas ao sistema fotorreceptor
de organismos multicelulares.
O terceiro tipo de fotorrecepção é a que produz imagens de baixa resolução
e que permite detectar automovimentação, possibilitando o controle de diversas
respostas fisiológicas e motoras, sendo considerados por pesquisadores como o
primeiro exemplo de um olho verdadeiro.
Por último, temos a fotorrecepção de alta resolução, que permite a formação
de imagens e permite identificar predadores, presas, estabelecer contato visual,
detectar movimentos e guiar comportamentos em resposta aos mais diferentes
espectros do estímulo luminoso. Estudos coordenados pelo Dr. Dan-E Nilsson da
Universidade de Lund, na Suécia, indicam que este tipo de fotorrecepção tem
como ancestral um sistema de baixa resolução.
É interessante notar que os mais diferentes sistemas responsáveis pela
captação do sinal luminoso utilizam moléculas similares como, por exemplo, a
39
rodopsina, que está presente desde as bactérias até os metazoários. O olho
humano, como produto do processo evolutivo, utiliza proteínas da classe das
opsinas em suas células receptoras de luz, não tendo inventado em sua história
evolutiva nenhuma molécula completamente diferente daquelas já utilizadas e
selecionadas nos mais diversos grupos de organismos que possuem sistemas de
fotorrecepção.
Como exposto acima, fica evidente que hoje conseguimos, com uma
complexidade incrível, reconstruir a história evolutiva do olho a partir de
estruturas extremamente simples, como células fotorreceptoras de bactérias; até
células fotorreceptoras extremamente complexas, como o olho humano. O mito
da complexidade irredutível do olho, no conhecimento atual, não tem
sustentação, desta forma, vamos analisar a nova menina dos olhos dos defensores
do design inteligente, o flagelo.
40
6.1.2. O flagelo bacteriano, um lindo motor darwiniano
41
duplicação gênica ocorreram, seguidos de diversificação por mutação e seleção
natural - um clássico exemplo de mecanismo darwiniano de evolução.
Recentemente, um estudo liderado pelo pesquisador Morgan Beeby do
Colégio Imperial de Londres, trabalhando com a evolução do flagelo, evidenciou
os estágios intermediários da história evolutiva desta estrutura e, a partir de
métodos de reconstrução de sequências ancestrais, demonstrou que os estágios
mais simples ocorreram antes da complexidade encontrada atualmente.
Fica evidente com o exposto que o argumento da complexidade irredutível é
baseado em uma proposição sem correspondência na realidade do conhecimento
científico atual e que as premissas e evidências baseadas na teoria evolutiva
apresentam explicações seguras e modelos baseados na própria natureza, sem
recorrer a eventos sobrenaturais.
42
7. Período
43
Alguns argumentos criacionistas sugerem que isso é impossível, visto que não
observamos chimpanzés “virando” humanos atualmente. Esta afirmação
aparentemente ingênua mostra um completo desconhecimento sobre o processo
evolutivo visto que não é sugerido que chimpanzés se tornaram humanos e sim
que chimpanzés e humanos descendem de uma linhagem de primatas que existiu
há mais de 6 milhões de anos, quando se separaram e tiveram histórias evolutivas
independentes. Por exemplo, a linhagem dos chimpanzés deu origem a duas
espécies existentes atualmente na África, o chimpanzé comum e o chimpanzé
pigmeu, ambos descendentes de outro ancestral comum deles há mais de 1
milhão de anos. Nossa espécie (Homo sapiens) é a única existente atualmente de
nossa linhagem. Contudo, mais 30 mil anos atrás, compartilhávamos este planeta
com outra espécie comparavelmente tão inteligente quanto a nossa, o homem de
Neandertal (Homo neanderthalensis).
Com o aumento no entendimento sobre o processo evolutivo, novos
argumentos em favor da ancestralidade comum entre humanos e chimpanzés
foram tomando forma. Sabemos que os humanos apresentam 23 pares de
cromossomos e os chimpanzés apresentam 24 pares. Em base a isto, veio o
questionamento: “Se somos parentes tão próximos, onde foi parar um par de
cromossomos?”. Muitos afirmaram que esta era a prova definitiva de que os
humanos teriam um lugar especial na natureza, não podendo ser parente de
qualquer outro grupo natural.
Entretanto, 1991, um grupo de pesquisadores da escola de Medicina da
Universidade de Yale no Estados Unidos demonstraram por meio de análises
genéticas que o cromossomo 2 humano é produto da fusão de dois cromossomos
menores encontrados em chimpanzés, assim como também em gorilas e
orangotangos, parentes humanos mais distantes. Desde então, vários estudos têm
comprovado a fusão de dois cromossomos presentes nos chimpanzés dando
origem ao cromossomo 2 humano. Em 2002, um estudo liderado pelo pesquisador
Svante Pääbo do Instituto Max Planck na Alemanha, comparou o genoma
completo de humanos e chimpanzés. Neste estudo, ficou evidenciado que o
cromossomo 2 humano e os equivalentes em chimpanzés apresentam o mesmo
ordenamento de genes e uma diferença na sequência de nucleotídeos em torno
de apenas 1,25% entre espécies. Neste mesmo estudo, também ficou evidenciado
que o genoma completo de humanos e chimpanzés divergiam em apenas 1,24%.
Estes resultados corroboraram com um estudo de 2001 realizado pelos
pesquisadores Feng-Chi Chen da Universidade Nacional de Tsing Hua, Taiwan, e
Wen-Hsiung Li da Universidade de Chicago nos Estados Unidos.
Atualmente, a ciência dispõe de fartas evidências moleculares sobre a
ancestralidade comum entre humanos e chimpanzés; porém vamos seguir
olhando para as evidências para compreendermos mais sobre a evolução humana
44
e sua origem natural como qualquer outra espécie que habita ou habitou esse
planeta.
45
7.1.3. A grande miscigenação pré-histórica
46
Epílogo
A colação de grau
47
informações e de refutar argumentações simples, equivocadas ou desprovidas de
base científica.
Em alguns casos também presenciamos pesquisadores de outras áreas do
conhecimento que não a biológica, posando de especialistas, usando o argumento
de autoridade: o apelo para a sua reputação afim de que seu argumento seja
considerado válido. Neste sentido, a confiabilidade da conclusão não tem como
centro a argumentação, mas o prestígio do proponente. Este tipo de argumento é
muito comum em linhas de pensamento pseudocientíficas.
Uma coisa que pode chamar a atenção de alguns, mas em geral passa
despercebido, é que tanto o criacionismo “científico” quanto o design inteligente
não apresentam explicações sobre processos naturais, apenas apelam para a
existência de um criador ou designer. Pudemos ver no primeiro capítulo que as
alegações dessas correntes constituem apenas uma série de questionamentos
desprovidas de um mecanismo explanatório e utilizando um elemento divino
como resposta. Podemos facilmente perceber que este tipo de explicação não faz
parte das ciências e sim da religião.
Aqui devo novamente reforçar o enviesamento ideológico de tais defensores,
visto que todas as respostas explicitadas neste livro já são conhecidas há muito
tempo mas elas nunca são levadas a público pelos defensores de tais correntes de
pensamento, fazendo parecer que a ciência não tem argumentos para tais
“questionamentos”.
Outro ponto que se deve ter em mente é que, mesmo que no futuro
evidências mostrem que a Teoria Evolutiva deva ser revista, isso não significa que
o criacionismo “científico” ou o design inteligente serão tidas como teorias
verdadeiras por eliminação. Como discutido, uma teoria deve ser substituída por
outra baseada sempre na experimentação; e não por uma simples ideia sem
evidência científica.
Termino este livro na esperança que possa contribuir para que a infiltração de
ideias pseudocientíficas seja cada vez menos expressiva e que possamos ter no
futuro uma sociedade mais conectada com o fazer científico. Um forte abraço a
todos.
48
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