IBRAM PlanoMuseologico M3

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PLANO PLANEJAMENTO

Acessibilidade em Museus
ESTRATÉGICO
MUSEOLÓGICO PARA OS MUSEUS
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Sumário
Módulo 3 – Elaboração dos Programas..................................................................... 5

Programas do Plano Museológico............................................................................ 5

ELABORAÇÃO DOS PROGRAMAS: .................................................................................. 6

1) PROGRAMA INSTITUCIONAL....................................................................................... 6

Definição e abrangência.............................................................................................6

Diagnóstico do Programa Institucional....................................................................9

Metodologia para a elaboração do Programa Institucional..................................10

Considerações..........................................................................................................13

2) PROGRAMA DE GESTÃO DE PESSOAS...................................................................... 14

Definição e abrangência...........................................................................................14

Diagnóstico do Programa de Gestão de Pessoas..................................................16

Metodologia para elaboração do Programa de Gestão de Pessoas.....................17

Estrutura funcional...................................................................................................17

Demandas de pessoal..............................................................................................18

Capacitação e atualização.......................................................................................18

Acompanhamento do desempenho da equipe.......................................................18

Clima organizacional................................................................................................18

3) PROGRAMA DE ACERVOS.......................................................................................... 20

Definição e abrangência...........................................................................................20

Diagnóstico do Programa de Acervos.....................................................................22

Metodologia para elaboração do Programa de Acervos........................................26


Módulo 3 – Elaboração dos Programas

4) PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES..................................................................................... 33

Definição e abrangência...........................................................................................33

Diagnóstico do Programa de Exposições...............................................................35

Metodologia para elaboração do Programa de Exposições..................................36

5) PROGRAMA EDUCATIVO E CULTURAL...................................................................... 41

Definição e abrangência...........................................................................................41

Como elaborar o Programa Educativo e Cultural...................................................45

Diagnóstico do Programa Educativo e Cultural......................................................45

Estudos de públicos.................................................................................................48

Projetos.....................................................................................................................48

6) PROGRAMA DE PESQUISA......................................................................................... 54

Definição e abrangência...........................................................................................54

Metodologia para a elaboração do Programa de Pesquisa...................................57

As pessoas................................................................................................................58

Considerações..........................................................................................................61

7) PROGRAMA ARQUITETÔNICO-URBANÍSTICO.......................................................... 63

Definição e abrangência...........................................................................................63

Diagnóstico do Programa Arquitetônico-Urbanístico............................................64

Metodologia para elaboração do Programa Arquitetônico-Urbanístico...............66

Considerações..........................................................................................................67
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

8) PROGRAMA DE SEGURANÇA..................................................................................... 69

Definição e abrangência...........................................................................................69

Diagnóstico para o Programa de Segurança..........................................................69

9) PROGRAMA DE FINANCIAMENTO E FOMENTO........................................................ 75

Definição e abrangência...........................................................................................75

Diagnóstico do Programa de Financiamento e Fomento.......................................78

Metodologia do Programa de Financiamento e Fomento......................................79

10) PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO.............................................................................. 80

Definição e abrangência...........................................................................................80

Diagnóstico do Programa de Comunicação...........................................................81

Metodologia do Programa de Comunicação..........................................................82

Considerações..........................................................................................................85

11) PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL............................................................................... 87

Definição e abrangência...........................................................................................87

Diagnóstico do Programa Socioambiental:............................................................89

Metodologia do Programa Socioambiental............................................................89

12) PROGRAMA ACESSIBILIDADE UNIVERSAL............................................................. 96

Definição e abrangência...........................................................................................96

Leis e normas...........................................................................................................98

Diagnóstico do Programa de Acessibilidade Universal.......................................104

Metodologia do Programa de Acessibilidade Universal......................................106

Encerramento do Módulo 3................................................................................... 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 110

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Programas do Plano Museológico


Neste módulo, abordaremos os 12 programas que correspondem às áreas de trabalho
e funções dos museus. São eles:

1. Programa Institucional

2. Programa de Gestão de Pessoas

3. Programa de Acervos

4. Programa de Exposições

5. Programa Educativo e Cultural

6. Programa de Pesquisa

7. Programa Arquitetônico-urbanístico

8. Programa de Segurança

9. Programa de Financiamento e Fomento

10. Programa de Comunicação

11. Programa Socioambiental

12. Programa de Acessibilidade Universal

O Plano Museológico trata da operacionalização das atividades do museu. Na etapa


I do Plano Museológico, observamos a importância da caracterização, do planeja-
mento conceitual, do diagnóstico e dos objetivos estratégicos, que devem, necessa-
riamente, estar presentes nos programas e projetos do museu. Entretanto, outras ati-
vidades importantes para o dia a dia do museu, mesmo que não estejam diretamente
associadas a seu planejamento estratégico, também devem ser consideradas, como,
por exemplo, agendamento de público, limpeza e pequenos reparos. No intuito de
assegurar as atividades do Plano Museológico, no curto, no médio e no longo prazos,
recomenda-se a sua atualização entre 3 a 5 anos.

Os programas correspondem a áreas de trabalho e funções do museu, definidas com


o objetivo de facilitar a análise, a construção de projetos e a organização de ativi-
dades. Estes programas não precisam ter uma correspondência plena na estrutura
administrativa, isto é, uma mesma unidade administrativa do museu pode ser res-

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

ponsável por um ou mais programas. Para a elaboração dos programas, é importante


considerar:
• a singularidade do museu;
• as diretrizes do órgão ou entidade ao qual o museu possa estar vinculado; e
• o seu papel no desenvolvimento da estratégia.

Os programas são importantes para o Plano Museológico, porque é por meio deles e
seus projetos que a estratégia definida ganha materialidade. Por exemplo, a articula-
ção de um museu com a área turística pode ser uma agenda importante em determi-
nado local, e o fato de estar relacionada com um programa ajudará a dar visibilidade
à sua função estratégica e auxiliará na elaboração dos projetos associados.

Chamamos a atenção para que o desenho dos programas contemple a totalidade das
áreas de trabalho e funções do museu. É conveniente citar que os projetos podem se
refletir em mais de um programa. Lembramos, ainda, da necessidade de comunicação
entre os vários atores envolvidos na elaboração do plano, de modo a potencializar a
integração entre os partícipes e o planejamento que está sendo desenvolvido.

Vamos ver detalhadamente cada um deles a seguir?

ELABORAÇÃO DOS PROGRAMAS:

1) PROGRAMA INSTITUCIONAL
Definição e abrangência

O Programa Institucional, segundo a estrutura proposta no Decreto nº 8.124/2013,


que regulamenta o Estatuto de Museus, abrange o desenvolvimento e a gestão técnica
e administrativa do museu, além dos processos de articulação e cooperação entre a
instituição e os diferentes agentes. Nesse programa, são definidos os objetivos que
traduzem o planejamento conceitual do museu nas ações dos demais programas e
projetos.

Sua elaboração, implantação, gerenciamento, execução e revisão cabem principal-


mente ao corpo gestor da instituição museológica, que desenvolve essas atividades
específicas. O corpo gestor do museu pode ser composto de um diretor apenas, ou
um diretor e seus assessores, ou até mesmo uma diretoria colegiada. Visando dar

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

qualidade à elaboração e revisão do programa, a instituição deve se valer de uma


prática de gestão democrática e participativa, pois essa é uma forma de diversificar e
enriquecer as contribuições e valorizar o corpo técnico.

A forma de desenvolvimento das atividades próprias da gestão administrativa, con-


forme organograma a seguir, são influenciadas pela personalidade jurídica e pelo grau
de autonomia do museu. Presentes em todas as unidades, essas atividades podem
ser exercidas com maior ou menor capacidade operacional e submetidas a diferentes
quadros normativos.

Um museu público, por exemplo, está submetido a regras licitatórias não aplicáveis
a um museu privado. Além disso, uma contratação pode depender de aprovação do
órgão ao qual o museu esteja vinculado ou até mesmo ser realizada parcial ou total-
mente por este. De todo modo, qualquer que seja a situação do museu, atividades de
natureza administrativa estão presentes e seu bom funcionamento tem repercussão
positiva nas demais atividades.

Segurança Planejamento
Orçamento e
Jurídico finanças
Atividades Próprias da
Gestão Administrativa
Gestão de Logística
Pessoas
Tecnologia de Administração
Informação de contratos

A gestão técnica é compreendida como as ações voltadas para alcançar a eficácia


das áreas finalísticas do museu, garantindo assim a consolidação do tripé conceitual
que o compõe (Preservação, Pesquisa e Comunicação).

Sabendo-se que os museus possuem uma grande diversidade em relação a suas


estruturas e divisões de trabalho, apresentamos exemplos de áreas finalísticas do
museu:
• Pesquisa
• Documentação
• Conservação-Restauração
• Segurança
• Exposição

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Ação Cultural e Educativa


• Reserva Técnica
• Arquivo
O que chamamos de gestão das relações institucionais compreende as iniciativas
voltadas para a construção e o fortalecimento da imagem e dos relacionamentos
estratégicos do museu enquanto instituição. O planejamento conceitual do Plano
Museológico se apresenta com clareza nestas atividades.

A imagem do museu na sociedade deve refletir sua missão, seus valores e sua
visão. A construção e o fortalecimento de parcerias e relacionamentos institucionais
adequados não podem ser negligenciados, na medida em que o desenvolvimento
das ações do museu é influenciado pelo ambiente externo, em especial pelo que se
identificou como oportunidades ou ameaças (análise SWOT).

O Programa Institucional é um desdobramento do planejamento conceitual e serve


como norteador para os demais programas do Plano Museológico.

Vamos ver a seguir um exemplo ilustrativo dessas relações.

Museu Virtual dos Números

Visão
Missão
Tornar-se referência brasileira Valor
Preservar, pesquisar e
para estudos acadêmicos por Valorização da
comunicar a memória dos
meio de interação e diferentes acessibilidade
conceitos numéricos
mídias

Programa institucional
Objetivo institucional: ser acessível a pessoas com necessidades especiais

Gestão Administrativa Gestão de Relação


Gestão técnica
Obtenção de recursos físicos Institucionias
Disponibilização em
e humanos voltando a tornar o Entidades Ligadas à
diferentes linguagens
conteúdo acessível Acessibilidade

Educativo Financiamento
Exposição Gestão de
elaboração e fomento Comunicação
Criação de pessoas
de material Disponibilização Divulgação para entidades
exposição Contratação
com legenda orçamentária especializadas de material
voltada e de serviço de
e descrição para acessível
publico cego legenda
audiovisual contratações

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Diagnóstico do Programa Institucional

As ações e definições específicas do Programa Institucional devem ser elaboradas e


revisadas com base no planejamento conceitual, na caracterização e no diagnóstico
da instituição.

Em relação à gestão administrativa, o diagnóstico deve partir da relação das áreas de


trabalho administrativo e de apoio do museu, ainda que sejam desenvolvidas por uma
mesma unidade organizacional ou por um mesmo funcionário. Para cada uma delas,
interessa identificar:

• a existência de documentação de institucionalização do museu (lei de criação


ou outros instrumentos legais) e sua adequação à legislação vigente;
• a existência de regimento interno, sua atualidade e adequação;
• as atividades em implantação e as futuras;
• os recursos humanos disponíveis e sua adequação (os conhecimentos neces-
sários e sua suficiência);
• os recursos materiais e financeiros disponíveis e sua adequação;
• as instalações disponíveis e sua adequação.

Para fins operacionais, cada um desses pontos pode ter a forma de um roteiro
composto por perguntas a serem respondidas pelos envolvidos.

Do ponto de vista da gestão das relações institucionais, o diagnóstico objetiva


identificar:

• a existência de mecanismos de aferição da imagem do museu;


• a percepção da imagem do museu junto aos seus públicos;
• as iniciativas desenvolvidas para divulgação do museu e avaliação dos resul-
tados;
• o atendimento às diretrizes e normas da entidade mantenedora, quando exis-
tentes;
• as iniciativas recentes de relacionamento do museu com outras instituições
(nacionais ou internacionais), caracterizando aquelas consideradas bem-
sucedidas, malsucedidas ou promissoras.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Saber mais

O termo “iniciativas” abrange tanto uma atuação conjunta concretizada,


como o encaminhamento de propostas e busca de uma aproximação
institucional, viabilizadas por quaisquer das partes. Em alguns casos, essas
iniciativas podem estar voltadas para cidadãos com atuação importante
para o museu, que não representem propriamente órgãos, entidades ou
associações.

Dica

Sugestão de questões para o diganóstico do Programa Institucional:

- Quais são os vínculos institucionais estabelecidos entre o museu e outra


(s) organização (ões): alianças; acordos, patrocinadores e apoiadores?

- O museu tem um instrumento de criação?

- O museu tem planejamento para suas ações?

- O museu tem orçamento? Qual o vínculo desse orçamento? Quem apro-


va?

- Existe um Regimento Interno com Organograma, ou outro documento


com a relação das funções de cada setor ou departamento (departa-
mento / função, função / pessoal, posições ocupadas e vagas)?

Metodologia para a elaboração do Programa Institucional

Para a gestão administrativa, como já falamos no diagnóstico, é conveniente que se-


jam identificadas as áreas de trabalho administrativo e de apoio desenvolvidas pelo
museu, ainda que não correspondam a diferentes unidades na estrutura organizacio-
nal ou que não envolvam diferentes funcionários. Essa sugestão pretende dar maior
clareza aos processos de trabalho e à agenda definida para cada um deles.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Importante
Os projetos de natureza administrativa podem ser gerados a partir das
necessidades de aprimoramento apontadas, seja na análise SWOT, como
pontos fracos da instituição, seja no próprio diagnóstico institucional.
Podem, ainda, ser gerados a partir de demandas dos projetos constantes
nos demais programas, ou seja, os projetos do Programa de Exposições
podem vir a necessitar de novos contratos de prestação de serviços,
alocação de recursos para adequação do espaço ou aquisição de
equipamentos.

Exemplo

As necessidades identificadas podem levar à construção de um projeto


específico para desenvolvimento de determinada área ou ser absorvidas
pela organização existente. O diagnóstico deve permitir essa decisão.
Dada a influência que os projetos dos demais programas podem ter,
recomendamos que os projetos ligados à gestão administrativa sejam
definidos após os demais, para que seja possível uma visão mais completa
das necessidades a serem atendidas.

Procurando ilustrar essa relação entre os programas, vamos imaginar que


no Programa de Segurança de um museu público esteja previsto um projeto
de instalação de câmeras e, no Programa de Exposições, um projeto voltado
para a acessibilidade universal. Ambos os projetos identificaram, em sua
construção, ações no âmbito da gestão administrativa. No primeiro caso,
a contratação de empresa para instalação e manutenção das câmeras e
equipamentos de monitoramento, e a alocação de recursos financeiros
para investimento e manutenção.

No segundo, a contratação de serviço para produção de audioguias, a


alocação de recursos financeiros para confecção de suportes expositivos, e
a adaptação de espaços. Temos, assim, demandas de gestão administrativa
relativas a novos contratos e alocação de recursos financeiros.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Em relação ao desenvolvimento de contratos e licitações, o diagnóstico


pode apontar limitações na execução da atividade em razão da precária
informatização do acompanhamento dos contratos existentes, além de
deficiências da equipe nos processos licitatórios que envolvem pregões
eletrônicos. Essas limitações já poderiam ensejar projetos para sua
resolução.

Assim sendo, pode ser interessante a construção de dois projetos no âmbito da gestão
administrativa, ambos voltados para o desenvolvimento de contratos e licitações:

• implantar novo sistema informatizado para a área de contratos; e


• capacitar servidor em processos licitatórios com utilização de pregão eletrônico
(que também tem relação com o Programa de Gestão de Pessoas).
O planejamento conceitual do museu aponta, também, para alguns relacionamentos
que devem ser construídos. Se um museu indicou como valor a atuação junto à
comunidade, por exemplo, isto deve ser acompanhado de um diálogo institucional
com associações de moradores ou de comerciantes, que pode tomar a forma da
participação em fóruns de discussão ou em processos decisórios do museu.

A análise do ambiente externo e a análise setorial também podem apontar atores


importantes para a atuação do museu.

Vamos imaginar que se identifique uma oportunidade para o museu na organização


de um evento cultural pela prefeitura. Caso o relacionamento com a administração
municipal seja distante, pode ser interessante desenvolver uma iniciativa de aproxi-
mação, de participação em processos decisórios ou um projeto de atuação conjunta.

Por outro lado, o museu pode se deparar com a ameaça na forma de um projeto de Lei
que inviabilize sua atuação. Aqui também pode ser interessante informar e mobilizar
toda a comunidade ligada ao museu (interna e externa) sobre os impactos negativos
dessa lei. Isto pode se configurar como projeto, uma vez que demanda a produção
de textos, a identificação e a comunicação com interlocutores estratégicos, além da
análise de aspectos legais, por exemplo.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Considerações
Conclui-se que é fundamental uma análise cuidadosa e integrada dos projetos dos
demais programas com relação ao Programa Institucional. Ademais, enfatizamos que
os projetos de todos os Programas devem ser exequíveis e responderem às fraquezas
apontadas no seu diagnóstico, para a resolução das mesmas.

Importante
A gestão das relações institucionais deve se conectar intimamente com o
planejamento conceitual, pois é desejável que a missão, a visão e os valores
do museu sejam imediatamente percebidos pelos públicos, consolidando e
fortalecendo a imagem institucional do museu.

Álbum de fotografias

Equipe do Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

Equipe do Museu do Ouro. (MDO/Ibram/MinC)

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, recebendo a visita do


Presidente do Parlamento Alemão, Norbert Lammer. (MI/Ibram/MinC)

Diretora do Museu Nacional de Belas Artes, Mônica Xexéo, em programa televisivo


de entrevistas. (MBBA/Ibram/MinC)

2) PROGRAMA DE GESTÃO DE PESSOAS

Definição e abrangência

O Programa de Gestão de Pessoas objetiva definir a estruturação dos recursos hu-


manos da instituição. Sua abrangência envolve ações de valorização, capacitação,
bem-estar e relacionamento de todos os profissionais do museu, ou seja, servidores,
funcionários, prestadores de serviço, voluntários, estagiários e demais colaborado-
res.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Sua elaboração está alinhada com os demais programas do Plano Museológico, uma
vez que as necessidades relacionadas à qualificação técnica das equipes estarão
indicadas conforme as ações vão sendo planejadas. Como exemplo, podemos citar
o Programa de Acervos, que exige determinadas qualificações técnicas para que as
atividades relativas sejam concretizadas.

A documentação dos acervos (museológico, arquivístico e bibliográfico) e a identifi-


cação das medidas adequadas de conservação-restauração são algumas das ações
que exigem profissionais de determinadas áreas: Museologia, Arquivologia, Bibliote-
conomia, entre outras.

Mesmo que esses profissionais cheguem ao museu por meio de contratos temporá-
rios, a equipe existente na instituição deve ser constantemente capacitada e atuali-
zada, de modo que acompanhe o desenvolvimento da área em que está atuando, por
meio da participação em cursos, seminários, congressos, etc. Essas ações propor-
cionam qualificação continuada aos trabalhadores e sua valorização, o que possibili-
tará um envolvimento maior da equipe com o trabalho.

No desenvolvimento deste programa são abordados os seguintes aspectos:

• elaboração de organograma e fluxograma estabelecendo as


funções de cada setor ou departamento;
• definição dos cargos e funções para o desenvolvimento de cada
trabalho (em relação às funções atribuídas a cada departamen-
to, como definido no Regimento Interno, desenvolvido no Pro-
grama Institucional);
• desenvolvimento de uma política de ascensão profissional;
• desenvolvimento da justificativa de proposta de aumento do quadro de pessoal,
se for o caso, com os argumentos gerais e individuais para cada cargo ou
função;
• definição do perfil de cada cargo ou função a serem criados;
• estabelecimento das necessidades de contratação temporária para a realização
de ações específicas ou periódicas (oficinas educativas, restauração, projetos
de pesquisa, etc.);
• definição das propostas de qualificação das equipes com justificativa;

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• constituição de articulações com outras instituições, como o estabelecimen-


to de parcerias que proporcionem estágios e intercâmbios (museologia, docu-
mentação, segurança, conservação-restauração, etc.);
• identificação das necessidades de contratações temporárias (serviços de lim-
peza, manutenção, jardinagem, etc.).

Diagnóstico do Programa de Gestão de Pessoas

Pensando no Planejamento Conceitual do museu e no seu desempenho, verificamos


a necessidade de estabelecermos, assim como fizemos com os demais programas,
um diagnóstico relativo à Gestão de Pessoas. Nesse diagnóstico, devemos avaliar e
refletir sobre o quadro de pessoal da instituição, permanente e temporário, e também
sobre a sua definição e desenvolvimento.

a) Quadro funcional permanente

• Quais as competências, habilidades e atitudes necessárias para a execução


dos programas do Plano Museológico?
• Considerando o grau de complexidade, a dimensão das atividades e a jornada
de trabalho, qual a quantidade necessária de profissionais, de acordo com suas
especialidades?
• Quais as lacunas de competência que podem ser supridas por novas contra-
tações?
• Quais podem ser supridas por capacitação do corpo já existente?
• Há algum tipo de avaliação do quadro permanente da instituição? Existe aferi-
ção do impacto das ações de capacitação?
• O regimento interno prevê as atribuições de cada setor, de modo a contemplar
todas as atividades que devem ser desempenhadas?
• A definição da estrutura respeita as especialidades de cada área?
b) Quadro funcional temporário

• Quais atividades pontuais a serem realizadas na unidade necessitarão de mão


de obra extra?

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• O quadro temporário está sendo utilizado para suprir necessidades permanen-


tes da instituição?
• Existe avaliação do resultado do trabalho do corpo temporário, objeto da con-
tratação?
c) Estágio estudantil

• Existe preparação para os supervisores de estágio?


• O estágio está de acordo com a legislação vigente (Lei nº 11.788/2008 e
Orientação Normativa nº 4/2014)?

Metodologia para elaboração do Programa de Gestão de Pessoas

Após realizar o diagnóstico e refletir sobre como a instituição atua em relação ao


corpo de trabalhadores, devemos elencar as prioridades das ações.

Ressaltamos que a Gestão de Pessoas não é uma atividade restrita ao setor específi-
co, como um Departamento ou Setor de Recursos Humanos, caso ele exista, mas sim
um conjunto de processos que deve ser desenvolvido de forma integrada com todos
os setores da instituição.

Não podemos esquecer que o corpo técnico é responsável pela implementação das
ações pensadas para todos os programas do Plano Museológico.

Elencadas as prioridades, o Programa de Gestão de Pessoas pode ser planejado por


frentes de ação:

Estrutura funcional

Uma vez identificadas as atividades a serem desenvolvidas de acordo com o Plano


Museológico, são definidas as competências técnicas necessárias e, portanto, a es-
trutura funcional. Ou seja, é no organograma institucional que são definidos os se-
tores em que será desempenhado cada programa, de acordo com sua especialidade
técnica. Sendo assim, a composição de cada setor deve relacionar a formação dos in-
divíduos com os conhecimentos e habilidades necessários para seu funcionamento.

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Demandas de pessoal

Após a identificação das lacunas que existem no quadro funcional, é importante


pensar de que forma elas podem ser preenchidas. Algumas podem ser supridas
por capacitação do quadro já existente, algumas demandam ampliação do quadro
permanente e outras podem ser atendidas por contratação temporária. No caso
de instituições públicas, a composição do quadro permanente de trabalhadores
depende de uma série de instâncias que autorizam ou não a contratação de pessoal,
geralmente por meio de concurso ou seleção pública. Da mesma forma, a contratação
de serviços temporários depende de autorização de instância superior, de acordo com
a caracterização da necessidade, atendidos os requisitos normativos.

Capacitação e atualização

Elaboração de um projeto destinado à capacitação dos trabalhadores, tendo em


vista a sua formação e as atividades desenvolvidas pela instituição. Esse projeto
também pode ser realizado por intermédio de parcerias com instituições de ensino
(universidades, escolas de cursos técnicos), secretarias de cultura (estaduais e
municipais), sistemas de museus, entre outras. O importante é que a equipe seja
constantemente capacitada, em sincronia com as demandas identificadas na
instituição. Além disso, é importante incentivar a preservação e o compartilhamento
dos saberes e dos fazeres do museu.

Acompanhamento do desempenho da equipe

Uma das formas de acompanhar o desenvolvimento é estabelecer avaliações perió-


dicas. A avaliação deve ser implementada na instituição de forma participativa, ou
seja, a equipe deve interpretar o mecanismo como indicativo para o seu crescimento
e o da instituição, de forma global, em que a visão da sua produção em grupo precisa
ser contemplada. As avaliações de desempenho também são uma forma eficaz de
identificar demandas de qualificação do corpo técnico.

Clima organizacional

A manutenção do corpo de trabalho do museu não pode se distanciar da constante


avaliação das condições físicas e emocionais de seus trabalhadores. O conforto

18
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

ambiental, a ergonomia, a disponibilidade de ferramentas, as relações interpessoais,


a carga e a jornada de trabalho, etc., tudo isso influencia a saúde e o desempenho
do corpo técnico, portanto são condições de grande importância para a gestão de
pessoas.

Dica

Sugestões de projetos

• Reorganização da equipe.
• Ampliação do quadro pessoal.
• Contratação de projetos específicos.
• Cursos de formação e qualificação.
• Acordos de cooperação com outras instituições para intercâmbio de
ações.

Álbum de fotografias

Diretores de museus do Ibram participando de curso de capacitação em gestão. (Ibram/MinC)

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Servidores do Ibram participando de palestra que aborda o


“Assédio Moral e Sexual no trabalho”. (Ibram/MinC)

Homenagem aos servidores aposentados do Ibram. (Ibram/MinC)

3) PROGRAMA DE ACERVOS
Definição e abrangência

O Programa de Acervos consiste no estabelecimento de diretrizes, normas e políticas


para o gerenciamento dos acervos musealizados. Esse programa integra esforços
para ações como a aquisição, movimentação, conservação-restauração, bem como
os procedimentos que envolvem a documentação dos bens de natureza arquivística,
bibliográfica e museológica incorporados ao museu. Por isso, o objetivo do programa

20
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

é planejar as ações relativas ao processamento técnico, ao gerenciamento, à preser-


vação e difusão desses acervos.

Estabelecer um Programa de Acervos é fundamental para o desenvolvimento dos


bens musealizados. Ele pode ser traduzido por um conjunto de diretrizes, expressas
em documentos formais, que determinam e orientam as ações, como, por exemplo, a
política de aquisição, o registro, a identificação, catalogação, movimentação, conser-
vação-restauração, o descarte, compartilhamento da informação e acesso dos itens
ou coleções musealizados.

Alguns autores consideram que “o gerenciamento, ou seja, o ato de administrar e


todos os seus desdobramentos – todas as atividades fins dos museus – só se torna
possível se antecedido pela aquisição” (BITTENCOURT; PIMENTEL; FERRÓN, nov.
2006/abr. 2007, p. 94).

Sobretudo, a gestão de acervos implica na implementação de uma prática de geren-


ciamento baseada no planejamento conceitual da instituição – missão, visão, valores
– e na análise do ambiente em que está inserida.

Este programa está diretamente vinculado a todos os outros programas do Plano


Museológico. As ações a serem planejadas em torno do acervo do museu aparecem
discriminadas, em grande parte, no conteúdo de outros programas. Assim, os pro-
gramas devem ser desenvolvidos em paralelo. As diretrizes levantadas no Programa
de Acervos serão premissas essenciais para a construção de muitas das reflexões
apontadas nos demais programas.

O Programa de Acervos deve estar alinhado com o conceito de gestão de riscos, que
consiste na utilização integrada dos recursos e conhecimentos disponíveis, com o
objetivo de prevenir os riscos, minimizar seus efeitos e responder às situações de
emergência. Seu planejamento se dá a partir da elaboração de um documento de na-
tureza preventiva e operacional.

Uma das vantagens de ter disponível um plano de gestão de risco é poder se ante-
cipar à ocorrência, diminuindo o tempo de resposta às emergências e, consequen-
temente, minimizando ou evitando os efeitos negativos dos agentes de risco a que
todos os museus estão sujeitos. As ações de controle e tratamento que devem ser
tomadas face aos agentes de risco são: identificar, detectar, evitar/bloquear, respon-
der e recuperar.

21
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Os recursos técnicos e os equipamentos específicos para a implantação do Programa


de Acervos devem se articular com o Programa Arquitetônico-Urbanístico, na abor-
dagem correspondente às instalações, ao espaço físico necessário à preservação
do acervo e ao equipamento. Da mesma forma, os recursos humanos e financeiros
devem estar incluídos no Programa de Gestão de Pessoas e no Programa de Finan-
ciamento e Fomento, respectivamente.

Clique nas imagens abaixo para acessar seus respectivos conteúdos.

Dica

Diagnóstico do Programa de Acervos


O diagnóstico das coleções deve considerar todos os aspectos relacionados com o
seu histórico (formação da coleção) e a sua caracterização (tipologia, classificação),
bem como com a sua ampliação, descarte, documentação, pesquisa e conservação,
ressaltando-se que esse diagnóstico deve contemplar todos os acervos.

a) Formação da coleção

• Qual é a origem e a história das coleções musealizadas?


• Quais são as propriedades das coleções musealizadas?
• Quais são as características e tipologias?
Museológica: as tipologias são definidas de acordo com a finalidade do museu, ou
seja, um mesmo bem cultural musealizado pode ser classificado em tipologias dife-
rentes por distintos museus. Por exemplo, as coleções podem ser classificadas por

22
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

disciplinas acadêmicas: antropológica, histórica, artística, arqueológica, etnográfica,


biológica, entre outras; por tipos de materiais: madeira, cerâmica, metal; ou pelo ma-
terial em que o acervo está armazenado: mídia e web; etc.

Bibliográfica: volumes, livros, monografias, periódicos, etc.

Arquivística: administrativo, sonoro, fotográficos, audiovisuais, etc.

• Qual é o número e a localização dos bens que compõem a coleção?


Coleção museológica em reserva técnica, em exposições de longa duração, ou sob a
guarda de outras instituições públicas ou particulares.

Coleção bibliográfica.

Coleção Arquivística.

b) Aquisições e descartes do acervo

• Quais os critérios para aquisições permanentes (coleta, compra, doação, lega-


do, permuta, produção interna e transferência) e temporárias (cessão ou co-
modato e fiel depositário) de novos bens e/ou coleções? E quais são os crité-
rios de descarte?
• Há uma política de aquisições e descartes? Ela está registrada em documento?
Em relação às aquisições e descartes nos últimos dois anos:

• Qual é o número de bens adquiridos? E descartados?


• Qual é o modo de aquisição ou entrada mais recorrente?
• Quais são as coleções incorporadas à exposição de longa duração?
• Foram montadas exposições para apresentar as novas aquisições?
• Quais são os critérios para descarte de coleções ou bens?
• Quais são os motivos de descarte mais recorrentes?
c) Documentação

Em relação à documentação de acervos museológicos:

• Há aquisições de entrada (coleta, compra, doação, legado, permuta, produção


interna e transferência) e aquisições temporárias (cessão ou comodato e fiel

23
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

depositário)?
• Há documentação de inventário?
• Há documentação de catalogação?
• Há documentação de conservação-restauração?
• Há documentação gráfica e fotográfica das coleções?
• Há documentação de localização?
• Há outros instrumentos documentais (topográficos, controle de movimentação,
etc.)?

Em relação à informatização dos processos de catalogação e gestão de acervos:

• Os instrumentos de documentação estão informatizados?


• Como está estruturada essa informatização? (Tabelas, cruzamento de dados,
padrões e normas para catalogação de acervos museológicos)?
• Qual o quantitativo de bens fotografados e digitalizados?
• Qual o número de imagens digitalizadas? Em quais formatos?

Em relação ao quantitativo de acervos inventariados e catalogados:

• Quantos bens estão inventariados e catalogados em meio impresso/físico?


• E em meio digital?

Em relação aos sistemas informatizados de catalogação e gestão de acervos:

• Há a implantação de sistema informatizado de catalogação e gestão de acer-


vos?
• Quais são os profissionais do museu que alimentam o sistema?
• Quais são os profissionais do museu que têm acesso às informações? Existem
níveis de acesso diferenciado?
• Quais são os campos que estão sendo usados?
• Qual é o quantitativo de bens inventariados e catalogados em sistema infor-
matizado de catalogação e gestão de acervos?
• Qual é o quantitativo de imagens digitais inseridas em sistema informatizado
de catalogação e gestão de acervos?

24
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Quais áreas do museu são contempladas pelo sistema informatizado de


catalogação e gestão de acervos?
Em relação à divulgação da documentação:

• A documentação dos acervos está acessível aos pesquisadores? Em quais


meios?
• Impresso e/ou digital?
• Há catálogos impressos?
• Há catálogos online (internet)?
d) Conservação-restauração

Esta seção aborda os critérios gerais do museu a respeito da conservação-restaura-


ção de coleções, ou seja, identificação, medidas de mitigação e monitoramento dos
agentes de risco e as necessidades de restauração, indicando uma ordem de priori-
dades. Não podemos esquecer que as informações extraídas nesse diagnóstico farão
interface direta com os dados do Programa de Segurança:

• Quais são os critérios gerais de conservação preventiva e restauração dos


acervos?
• Quais são as condições de conservação existentes, segundo a natureza das
coleções?
• Há laudos de estado de conservação?
Em relação à conservação preventiva:

• Qual é o estado de conservação das coleções do museu?


• Quais os quantitativos segundo os critérios: bom (não necessita de interven-
ção); regular (intervenções mínimas); péssimo (exige uma intervenção global
e/ou urgente)?
• Quais são os agentes de risco identificados (forças físicas, roubo/furto/vanda-
lismo, fogo, água, pragas, poluentes, luz/radiação ultravioleta e infravermelha,
temperatura incorreta, umidade relativa incorreta, dissociação)?
• Quais são as medidas de mitigação adotadas para controle e/ou combate dos
agentes identificados?

25
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Em relação ao manuseio, armazenamento, acondicionamento, exposição e restaura-


ção:

• Quais são os critérios gerais adotados?


• As coleções são organizadas por tipos de materiais? Como se dá a priorização?
• A equipe é treinada para essas ações com os bens?

Metodologia para elaboração do Programa de Acervos

Avaliando os objetivos do Programa de Acervos e o diagnóstico estabelecido, reco-


mendamos que o programa seja desenvolvido em três eixos: aquisições e descartes;
documentação; e conservação-restauração.

a) Aquisições e Descartes

O objetivo deste eixo é garantir uma política de aquisições e descartes de bens ou


coleções com base em um planejamento. Portanto, todo museu deve, de acordo
com seu planejamento conceitual, realizar o estudo sistemático das normativas que
amparam o tema, para a elaboração de um documento que estabeleça os critérios
básicos que nortearão os processos de aquisições e descartes de itens de seus
acervos.

É importante lembrar que a política de aquisições servirá como base para que os
museus exerçam o Direito de Preferência em caso de venda judicial ou leilão de bens
culturais, conforme art. 20 do Decreto Federal nº 8.124/2013:

Legislação
Art. 20. Os museus integrados ao SBM gozam de direito de preferência em
caso de venda judicial ou leilão de bens culturais, nos termos do art. 63 da
Lei no 11.904, de 2009.

[...]

§ 6º O direito de preferência será válido somente se o bem cultural se


enquadrar na política de aquisições e descartes de bens culturais do
museu, elaborada nos termos do art. 24.

26
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

A política de aquisições e descartes de cada instituição museológica deve considerar:


o espaço disponível para o acondicionamento, o manuseio e a exposição dos bens e/
ou coleções, assegurando a democratização do acesso a esses bens culturais para
os diversos públicos.

E o planejamento conceitual deve direcionar as decisões, considerando também:

• prioridades de aquisições e descartes de acervo;


• indicação das coleções que precisam ser ampliadas, completadas ou descar-
tadas prioritariamente para manter integridade e a coerência com o planeja-
mento conceitual do museu;
• prazos para aplicação dos critérios expressos;
• normas de conduta para a política de aquisições e descartes;
• formas de aquisições a serem adotadas pelo museu;
• levantamento de informações sobre as formas de aquisições de bens e/ou
coleções que poderão ser adquiridas pelo museu (identificação de doadores,
trabalhos de campo, leilões, ofertas específicas de museus, etc.);
• critérios técnicos para nortear a aceitação de doações e depósitos;
• processo interno a seguir em caso de propostas concretas para aquisições,
entrada ou descartes de acervo (relatórios técnicos, procedimentos adminis-
trativos).

Sabemos que o fortalecimento das relações interinstitucionais existentes possibilita


a identificação dos bens ou coleções que compartilham um mesmo conceito e que
podem ser adquiridas ou descartadas do acervo do museu, implicando no intercâmbio
de informações referentes aos bens culturais musealizados. Também é possível
consolidar as coleções a partir da perspectiva histórica, temática, ou suporte material,
com vistas ao cumprimento adequado de sua finalidade científica, cultural e social.

b) Documentação

Os processos de documentação do museu são definidos por uma série de sequências


de trabalho, tanto aplicadas ao próprio acervo musealizado, quanto à sua gestão. En-
tre esses fluxos de trabalho são incluídas a identificação, classificação, catalogação,
documentação fotográfica, documentação de conservação-restauração, documen-
tação de movimentação e disseminação dessas informações.

27
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Assim, o subprograma de Documentação abrange os seguintes aspectos:

• diretrizes gerais do sistema de documentação;


• prioridades de documentação;
• padrões e normas de catalogação;
• adoção de vocabulários padronizados/controlados;
• implantação de sistema automatizado de catalogação e gestão de museus;
• catalogação do acervo musealizado (museológico, bibliográfico e arquivístico);
• análise e controle de documentos dos bens culturais musealizados (no museu
e fora do museu);
• documentação da conservação-restauração dos bens e/ou coleções;
• controle de movimentação interna e externa dos bens e/ou coleções;
• documentação de descarte de bens e/ou coleções;
• conservação dos documentos (escritos, sonoros, audiovisuais, fotografias, de-
senhos);
• digitalização de acervos (escritos, sonoros, audiovisuais, fotografias, desenhos);
• política de segurança de dados informatizados;
• acessibilidade da documentação para pesquisadores e públicos;
• estabelecimento de redes para troca de informações e documentos com outros
museus e instituições afins;
• adequação ao Inventário Nacional de Bens Culturais Musealizados - INBCM.

28
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Dica

Sugestões de projetos

• Elaboração de inventário.
• Catalogação de coleções.
• Implementação de sistemas não-informatizados ou automatizados de
gestão e documentação.
• Reorganização de arquivo documental e fotográfico.
• Controle arquivístico e bibliográfico.
• Estabelecimento de redes de troca de protocolos e documentação.
• Disponibilização, para os públicos (exemplo: pesquisadores, estudantes,
etc.), das informações produzidas.

c) Conservação-restauração

A finalidade deste subprograma é estabelecer os parâmetros adequados para a


conservação-restauração de bens culturais musealizados. Ou seja, este subprograma
abrange todos os aspectos que afetam a manutenção das condições ambientais,
a iluminação, o controle de poluição e o tratamento adequados para cada item
do acervo, além das necessidades de intervenções de conservação-restauração,
estabelecendo uma ordem de prioridades, dada a natureza das coleções, combinando
as características particulares de cada museu e as condições em que seus bens
culturais são mantidos.

Para a conservação das coleções, indicamos a observação dos seguintes critérios:

• fixar parâmetros gerais de conservação apropriados para as coleções, de acor-


do com as suas propriedades físicas e locais de armazenamento, acondicio-
namento e/ou exposição: circuito expositivo, áreas de reserva técnica, entre
outros espaços do museu;
• identificar os agentes de risco (forças físicas, roubo/furto/vandalismo, fogo,
água, pragas, poluentes, luz/radiação ultravioleta e infravermelha, temperatura
incorreta, umidade relativa incorreta, dissociação). Definir as medidas de mi-

29
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

tigação para controle e/ou combate dos agentes identificados e o sistema de


monitoramento e/ou medição (instalação de dispositivos de medição de tem-
peratura e umidade);
• estabelecer critérios gerais de manuseio, armazenamento, acondicionamento
e exposição: indicação das instalações/equipamentos essenciais para o
manuseio dos bens e/ou coleções do museu;
• identificar as necessidades relativas aos sistemas de armazenamento e/ou
acondicionamento adequados para diferentes tipologias e materiais.
As intervenções de conservação-restauração a serem realizadas nos bens culturais
musealizados ocorrem a partir da avaliação e do estabelecimento de prioridades. Os
acervos selecionados podem estar em exposição ou em reserva, mas o critério de
prioridade deve considerar o seu estado de conservação e a sua preparação para a
exposição.

Ressaltamos que os procedimentos de conservação-restauração devem ser docu-


mentados. Para isso usamos fichas de conservação-restauração dos bens, contem-
plando os seguintes dados: localização, estado de conservação, tratamento propos-
to avaliado (mencionando a urgência da intervenção). A atuação de um profissional
capacitado, conservador-restaurador, para a correta execução dessas atividades, é
indispensável.

Dica

Sugestões de projetos

• Implementação do plano de gestão de riscos.


• Sistema de climatização em áreas com bens culturais; controle de
pragas.
• Avaliação do estado de conservação das coleções.
• Sistema de embalagem, controle de parâmetros ambientais em áreas
com bens culturais.
• Iluminação em áreas com bens culturais.

30
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Álbum de fotografias

Laboratório de restauração em papel do Museu Nacional de Belas Artes. (MNBA/bram/MinC)

Reserva Técnica Museu de Belas Artes. (MNBA/Ibram/MinC)

31
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

Atividades de conservação em acervos, no Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

32
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Atividades de conservação em acervos, no Museu Nacinal Belas Artes. (MNBA/Ibram/MinC)

4) PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES

Definição e abrangência

De acordo com André Desvallées e François Mairesse, o termo “exposição” refere-


se ao resultado da ação de exibir algo, bem como à totalidade do que é exibido, e ao
lugar onde é exibido. Para completar o conceito, acrescentamos que as exposições
são concebidas para o público (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2010, p. 34-35).

As exposições constituem um instrumento-chave para permitir o


acesso público aos acervos de museus. Podem ser inovadoras,
inspiradoras e conduzir o visitante à reflexão, proporcionando ótimos
momentos de prazer e aprendizagem. No entanto, é necessário um
cuidadoso planejamento, incluindo a questão dos custos envolvidos,
para que a exposição seja um sucesso (FERNANDES, 2001, p. 19).

Ao lado das funções de preservação e de pesquisa, a comunicação nos museus


compreende uma vasta área de atuação, na qual as exposições ocupam espaço
essencial. O Programa de Exposições trata, portanto, do conjunto de ideias e práticas
que buscam trabalhar as relações da memória por meio dos objetos.

33
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Leva em conta desde as questões conceituais, como a escolha da temática e sua


aproximação com o público-alvo, a seleção dos objetos e o discurso expositivo, até a
organização do conteúdo no espaço arquitetônico, o uso de linguagem e tecnologias
variadas e, ainda, a implantação de recursos de mediação apropriados aos diversos
públicos.

As exposições em um museu, tanto sob o ponto de vista conceitual quanto das


técnicas aplicadas para sua realização, decorrem diretamente do conjunto de
valores, visão e missão estabelecidos pela instituição, razão pela qual o Programa de
Exposições mantém estreito vínculo com os programas: Gestão de Pessoas, Acervos,
Educativo e Cultural, Pesquisa, Comunicação, Financiamento e Fomento, Segurança,
e Arquitetônico-Urbanístico.

Sob o ponto de vista formal, o programa trata de exposições intra ou extramuros, de


longa ou curta duração, ou itinerantes. As exposições de longa duração apresentam
o acervo de maior relevância, contendo necessariamente a missão da instituição nos
conteúdos contemplados. As de curta duração podem ser de autoria do museu ou de
outros atores sociais, apresentando temas correlatos à missão, à visão e aos valores
da instituição.

Em relação às exposições itinerantes, essas representam o trabalho extramuros


na apresentação de recortes expositivos desenvolvidos pela unidade museológica.
Outra possibilidade de comunicação são as exposições virtuais, que podem ser de
curta ou longa duração, e têm por objetivo democratizar o acesso e ampliar o alcance
ao público.

O professor Ulpiano T. Bezerra de Meneses (1994) ressalta o caráter da exposição


como uma “convenção visual” e “organização de objetos para produção de sentido”.
O sentido que se deseja imprimir à exposição requer linguagem apropriada, visto
que a comunicação não é imediata, em se tratando da apresentação de acervos
museológicos carregados com os valores que lhe foram atribuídos. Assim, o processo
de mediação é fundamental para garantir o sucesso das exposições e facilitar o
entendimento amplo do público, estruturando-se a partir da utilização de textos,
locuções ou da presença física de profissionais encarregados.

O Programa de Exposições deve compreender mecanismos de consulta à comunida-


de, para entender seus desejos, suas expectativas e suas reações face às exposições

34
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

realizadas, além de um permanente trabalho de avaliação dos resultados obtidos,


com o objetivo de aprimorar sua atuação.

É ideal que o planejamento das exposições aconteça com a participação de diversos


atores sociais e profissionais, fortalecendo a interdisciplinaridade do processo e
objetivando um resultado mais qualificado. Para que seja viabilizado o programa de
exposições, é necessário prever recursos financeiros e humanos, além de espaços
físicos apropriados.

Diagnóstico do Programa de Exposições

Você sabe quais são as variáveis do diagnóstico do programa de exposições?


Consideramos, aqui, os espaços à disposição, a pesquisa, o estudo e a conservação
do acervo, os recursos materiais e humanos disponíveis, além de possíveis parcerias
para a execução de exposições.

Perguntas frequentes

• Serão realizadas através de editais de ocupação, convite, aluguel do espaço, e/


ou parcerias?
• Com quais tipos de exposições a instituição irá trabalhar (longa, curta duração,
itinerante, virtual)?
• As linguagens utilizadas estão de acordo com a missão, a visão e os valores
do museu?
• Os espaços expositivos foram definidos?
• Está previsto o tempo de duração para cada tipo de exposição?
• Como se dá a escolha da temática, a seleção de bens e o discurso expositivo
para as exposições realizadas?
• O espaço físico utilizado é adequado quanto à área, acessibilidade, condições
ambientais (temperatura, umidade), iluminação, etc.?
• Há quanto tempo está em funcionamento a exposição de longa duração no
museu? Ela necessita ser revisada?
• As exposições passam por manutenção periódica?

35
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Os recursos expositivos (vitrines, painéis, bases, luminárias) estão em bom


estado? Existe necessidade de novos?
• Qual é o estado de conservação do acervo exposto? Existe monitoramento?
Existe previsão de troca de acervo?
• Há recursos diferenciados no plano de comunicação para contemplar todos
os públicos, o que inclui pessoas com deficiência, pessoas não alfabetizadas,
turistas, crianças e idosos?
• A equipe envolvida tem número suficiente de profissionais?
• Existe método de avaliação da exposição? Como o museu e o público avaliam
a exposição?
• A formação dos projetos expositivos tem participação social?

Metodologia para elaboração do Programa de Exposições

Após a conclusão das etapas de conceituação de exposições e elaboração do


diagnóstico, que têm como resultado os objetivos que o museu deseja atingir, deve
ser preparado o planejamento das exposições, dos projetos a serem desenvolvidos e
de suas prioridades.

O projeto de exposição é o elemento que materializa seus objetivos, com a definição


e execução da concepção museográfica e expográfica, compreendendo sua temática,
seus espaços e suas formas.

CONCEPÇÃO MUSEOGRÁFICA

Tipo | Tema |Objetivos | Justificativas | Pesquisa | Público | Acervos | Espaços

CONCEPÇÃO EXPOGRÁFICA | SUPORTES E RECURSOS

Memorial Descritivo | Ocupação dos Espaços | Comunicação Visual | Conforto Ambiental

EXECUÇÃO

Montagem | Desmontagem | Intinerência

36
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Metodologia para elaboração do Programa de Exposições

a) Concepção museográfica

Levantamento do acervo a ser exposto, conceitos e proposta narrativa orientadora


para o projeto expográfico. Devem ser apresentados:

• proposta conceitual expositiva:


- Tipo de exposição.

- Tema.

- Objetivos.

- Justificativas.

• Pesquisa:
- relatório dos aspectos históricos locais no âmbito social, antropológico e
político;

- pesquisa iconográfica, com a reprodução fotográfica como ilustração.

- Indicações de público-alvo, faixa etária, atendimento a portadores de ne-


cessidades especiais.

• seleção dos bens acompanhados do laudo técnico do estado de conserva-


ção; e
• definição da área expositiva necessária.
b) Concepção expográfica

Definição das soluções expográficas para apresentação e representação do acervo e


do tema da exposição. Devem ser apresentados:

• memorial descritivo da proposta conceitual do museu, indicando o acervo


selecionado para exposição;
• projeto de ocupação dos espaços: definição de layout, circuito expositivo e fluxo
de visitação, dimensionamento de acessos, destinações de funções das salas,
de acordo com os princípios inclusivos do desenho universal – NBR 9050 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2004) –, bem como outros
instrumentos referentes ao assunto;

37
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• suportes e recursos expositivos: projeto dos suportes e recursos expográficos


(bases, vitrines, módulos, equipamentos eletrônicos, áudio e vídeo, etc.), com
indicação dos recursos multimídia a serem utilizados e considerando o mobi-
liário e a confecção de novas peças (incluindo projeto de montagem);
• comunicação visual: consiste na definição da linguagem expressa por compo-
nentes visuais, como tipografia, signos, símbolos, imagens, gráficos, desenhos,
mapas, etc., para confecção dos suportes de sinalização, painéis explicativos,
placas e demais elementos gráficos da exposição;
• conservação e controle ambiental: plano específico para controle de ambiente,
que reúne ações e medidas minimizadoras dos impactos causados pelas
alterações físicas, químicas e biológicas dos espaços que abrigarão os bens,
considerando sua origem, translado e tempo de permanência em exposição.
Os principais fatores a serem observados são: resistência dos materiais que
compõem os bens, composição material dos suportes expositivos, oscilação
de temperatura e umidade relativa do ar e incidência de luz sobre os bens. Esse
projeto também deverá prever o monitoramento e a conservação preventiva
periódica dos bens em exposição.
O projeto de exposição deve estar de acordo com o projeto de arquitetura e os projetos
complementares, no que se relaciona com os sistemas luminotécnico, som ambiente
ou localizado, segurança, controle, alarme, ar condicionado e controle ambiental.

Esse trabalho deve contar com profissionais capacitados, respeitando a interdiscipli-


naridade do processo.

c) Execução de exposição

A execução da exposição deve seguir o projeto expográfico elaborado, que pode


compreender as etapas de montagem, desmontagem e itinerância:

• execução do projeto de ocupação dos espaços, de acordo com os bens gráfi-


cos elaborados;
• produção dos suportes e recursos expositivos, com instalação e testes dos
equipamentos/recursos midiáticos;
• execução da comunicação visual, seguindo as especificações do projeto; exe-
cução da conservação e do controle ambiental, com instalação e testes dos
equipamentos;

38
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• transporte, fixação, colocação e laudo técnico do estado de conservação das


obras; seguro das obras;
• readequação do espaço expositivo; devolução das obras;
• relatório de avaliação/coleta de dados.
A concepção museográfica, a expográfica e a execução devem ser consideradas no
planejamento estratégico e na priorização das ações, além de ser contempladas no
projeto básico, em caso de licitações e contratos da Administração Pública.

Álbum de fotografias

Confecção de painel, em grafite, no Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

Painel concluído no Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

39
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Montagem de Exposição no Museu Nacional de Belas Artes. (MNBA/Ibram/MinC)

Montagem de Exposição no Museu Nacional de Belas Artes. (MNBA/Ibram/MinC)

40
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

5) PROGRAMA EDUCATIVO E CULTURAL


Definição e abrangência

O museu é um espaço múltiplo, que permite uma troca constante de conhecimentos,


experiências e vivências. Ao entrarmos em um museu, somos tomados por um
universo de sensações e expressões que nos ensinam mais sobre o mundo em que
vivemos. Educar: eis uma dimensão e um compromisso social dos museus!

A educação é um processo que ocorre em todos os espaços do museu. Basta


atravessarmos a porta de entrada e já estamos diante de grandes possibilidades de
troca, descoberta e aprendizagem. Tendo como referência o bem cultural e tudo o que
envolve a sua construção e reconstrução, o processo educacional nos museus deve
ocorrer de forma ampla e diversificada, abrangendo toda a pluralidade de públicos
com os quais a instituição se relaciona.

É partindo dessa ideia que o Estatuto de Museus afirma, em seu art. 29, que “Os mu-
seus deverão promover ações educativas, fundamentadas no respeito à diversidade
cultural e na participação comunitária, contribuindo para ampliar o acesso da socie-
dade às manifestações culturais e ao patrimônio material e imaterial da Nação” (Lei
nº 11.904, de 14 de Janeiro de 2009).

A educação museal corresponde a práticas e processos educativos não formais que,


na relação entre os sujeitos sociais, a memória e os bens culturais musealizados
e passíveis de musealização, contribuem para a construção e a preservação da
identidade partilhada por um grupo, comunidade ou sociedade, valorizando-os na
diversidade.

Assim, as ações educativas devem ser vistas como cumpridoras de um papel


estratégico de mediação entre os diferentes segmentos de público e suas memórias.
Uma das finalidades da educação museal é a construção coletiva do significado de
bem cultural e, a partir disso, distinguir aquilo que merece ou não ser preservado. Essa
forma de educação difere das outras, pois tem os bens musealizados ou passíveis de
musealização como referência para suas atividades, mas extrapola os limites físicos
e palpáveis dos museus, estendendo-se para as vivências e o cotidiano dos diferentes
grupos.

41
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

“É necessário salientar que, como processo, as ações museológicas não podem


esgotar-se em si mesmas, na mera aplicação da técnica pela técnica.

Portanto, para que a Museologia seja aplicada, com o objetivo de atingir, por meio da
interpretação e uso do patrimônio cultural, o desenvolvimento social e o exercício da
cidadania, é necessário que seja aplicada com competência formal e política, ou seja,
é necessário desenvolver a face educativa da Museologia.

Assim como na educação, o processo museológico é compreendido como ação


que se transforma, que é resultado da ação e da reflexão dos sujeitos sociais, em
determinado contexto, passível de ser repensado, modificado e adaptado em interação,
contribuindo para a construção e reconstrução do mundo”.

(SANTOS, 2002)

A partir das discussões acerca do trabalho com a memória e a cultura, que culmi-
naram na Mesa Redonda de Santiago do Chile, em 1972, e seus desdobramentos, a
educação museal assume um novo compromisso com a realidade social e com as
transformações contemporâneas.

A proposta político-pedagógica do museu deve ser fundamentada no respeito à


diversidade cultural e na construção participativa e democrática do conhecimento.
Segundo essa concepção, as ações educativas em museus têm o objetivo de construir
uma educação comprometida com a transformação social.

No processo de aprendizagem, não basta saber o que são os bens musealizados do


museu, é preciso compreender seu contexto social junto a uma consciência crítica e
abrangente da realidade que o cerca.

De acordo com os dados da publicação Museus em Números (2011), quase metade


dos museus brasileiros (48,1%) possui um setor específico para ações educativas.
Contudo, a existência de um setor dedicado ao planejamento, desenvolvimento e à
realização de atividades educativas, embora importante, não é determinante para
a realização dessas ações. Em relação a essa temática, Maria Célia T. M. Santos
ressalta que:

42
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

“É necessário compreender que não é somente o setor educativo do museu o


responsável pelos programas com as escolas; a operacionalização das programações
pode ser responsabilidade de um setor específico, ou de vários setores em interação.

O que é mais importante compreender é que todas as ações museológicas devem ser
pensadas e praticadas como ações educativas e de comunicação, mesmo porque,
sem essa concepção, não passarão de técnicas que se esgotam em si mesmas e não
terão muito a contribuir para os projetos educativos que venham a ser desenvolvidos
pelos museus, tornando a instituição um grande depósito para guarda de objetos”.

(SANTOS, 2008, p. 141)

Conforme demonstram inúmeros estudos, o público escolar é um dos mais presentes


nos museus, cabendo, portanto, às equipes definirem estratégias para o planejamento
de atividades em conjunto com a escola. É fundamental planejar de forma criativa,
junto com o professor, o antes, o durante e o depois da visita ao museu.

É importante ressaltar que a experiência vivida pelos alunos e professores no


museu deve se diferenciar do que ocorre na escola, evitando-se mecanismos usuais
utilizados no âmbito da educação formal, como avaliações, testes e exposição
didática de conteúdos de forma linear. Segundo Maria Margaret Lopes (1991), no
museu, diferentemente da escola, o ensino parte de um bem musealizado ou passível
de musealização, valendo-se fundamentalmente da linguagem visual.

Os museus organizam suas visões de mundo sobre aspectos científicos, artísticos,


étnicos, históricos; sem a mesma ordem sequencial curricular da escola. Outra
característica que alguns museus podem ter é a possibilidade de os visitantes
escolherem o circuito expositivo a ser percorrido, bem como o tempo dedicado a cada
galeria ou espaço, autonomia essa que deve ser assegurada em algum momento,
mesmo com grupos de estudantes. As atividades nos museus se caracterizam
muitas vezes como eventos únicos, mas que, se forem marcantes, podem motivar
interesses até então impensados e despertar sentimentos adormecidos, contribuindo
– juntamente com a escola – para o processo de formação educativo e cultural das
pessoas.

Além do público escolar, torna-se cada vez mais fundamental o estabelecimento


de um vínculo entre o museu e a comunidade à sua volta, criando relações de
complementaridade, reconhecimento, identificação e memória local. O museu deve
se apresentar como um canal efetivo de comunicação local de ações educativas, de

43
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

inclusão social e de interações. Para que um museu exerça a sua função social, seus
espaços devem ser explorados e constantemente ressignificados e reinterpretados
por seus funcionários e visitantes.

Projetos inovadores e diferenciados têm sido elaborados e desenvolvidos no


intuito de mobilizar as potencialidades educativas e culturais do acervo do museu,
multiplicando as possibilidades de práticas educativas relacionadas ao território, às
tradições, às paisagens, aos costumes e às identidades. Assim, busca-se a criação e
o aperfeiçoamento de novas metodologias de trabalho, a partir de ações educativas
que considerem o bem cultural das comunidades locais como um vetor para seu
próprio desenvolvimento e para o exercício da cidadania, respeitando a diversidade
étnica e cultural desses grupos.

Essa abordagem, também conhecida como museologia social, habilita novos prota-
gonistas a registrarem, preservarem e compartilharem suas memórias, garantindo
voz aos grupos historicamente silenciados nos discursos de muitos museus. Segun-
do Mario Chagas:

A museologia social [...] está comprometida com a redução das injus-


tiças e desigualdades sociais; com o combate aos preconceitos; com
a melhoria da qualidade de vida coletiva; com o fortalecimento da dig-
nidade e da coesão social; com a utilização do poder da memória, do
patrimônio e do museu a favor das comunidades populares, dos povos
indígenas e quilombolas, dos movimentos sociais, incluindo aí, o mo-
vimento LGBT, o MST e outros (CHAGAS, 2014, p. 17).

Exercer o direito à memória é ter sua história preservada, contada e exposta pelos
sujeitos afetos a esta, bem mais que apenas narrá-la. Segundo Freire,

o fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me


põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a
ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se
adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não
ser apenas objeto, mas sujeito também da História (FREIRE, 1996, p. 54).

44
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Como elaborar o Programa Educativo e Cultural

A estrutura do Programa Educativo e Cultural pode ter diversos formatos. A metodo-


logia de elaboração do programa e a periodicidade de sua revisão vão depender da
dinâmica do museu e dos sujeitos que dela participam. Porém, é importante se con-
siderar e se ater a alguns itens no programa:

• Diagnóstico;
• Estudo dos públicos;
• Projetos;
• Indicadores e instrumentos de avaliação.

Diagnóstico do Programa Educativo e Cultural

Para iniciar a elaboração do programa, é necessário compreender como está o lugar


da educação no museu. Dessa forma, inicie o diagnóstico dessa área assim como já
fizemos com os demais programas.

a) No que diz respeito à concepção das ações

• Quais atividades educativas e culturais o museu realiza?


• Como surgiram essas atividades? Quem demandou (diretor, equipe do museu,
algum público específico, alguma Lei, algum projeto governamental, edital,
convênio, etc.)?
• Há atividades realizadas em parceria e interação com outros setores do museu,
como a museologia, o arquivo, a biblioteca, o setor de imagem institucional,
etc.? Se sim, como são concebidas e desenvolvidas? Há formação específica
por parte do setor educativo para que os profissionais dos outros setores
participem das atividades propostas? Quais?
• Existe uma concepção de educação definida e um referencial teórico que em-
basem as ações educativas do museu?
• O Programa Educativo e Cultural comunica o acervo de acordo com a vocação
do museu?
• O trabalho educativo e cultural do museu desperta o raciocínio crítico-interpre-
tativo do público em relação ao acervo do museu? Como isso é feito? De que
forma as ações desenvolvidas contribuem para a inclusão social?

45
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Como é o planejamento dos projetos e das atividades educativas?


• O museu realiza pesquisa na área de educação em museus? Há produção e
publicação de material sobre educação em museus? Se sim: Qual o formato
desse material? Essas publicações têm efeito multiplicador? De que forma?
b) No que diz respeito à execução das ações

• Existe um setor educativo e cultural no museu? Se sim, ele está hierarquica-


mente ligado a algum outro setor ou departamento? Existe um espaço físico
específico para ele?
• Quantos profissionais e estagiários trabalham nas ações educativas? Eles tra-
balham exclusivamente para isso?
• Qual o perfil para se trabalhar como educador no museu? É necessária forma-
ção específica em determinada área? Se sim, qual a área?
• Há incentivo à qualificação e capacitação dos trabalhadores no museu? Se sim,
como são feitas? Há um planejamento anual?
• Há verba específica destinada às atividades educativas?
• Como é feita a divulgação das ações educativas? Quais meios de divulgação
(direta com os públicos e parceiros, rádio, TV, internet, etc.) que utilizam?
• O museu possui algum espaço virtual e de comunicação específico sobre suas
atividades educativas e culturais?
• O museu trabalha a acessibilidade nas práticas educativas? Se sim, essas
ações são voltadas para que tipo de acesso (social, financeiro, escolaridade,
físico, cognitivo, etc.)?
• Há uma preocupação com a sustentabilidade, seja ecológica, econômica ou
social, no planejamento e execução das atividades educativas e culturais? Se
sim, quais são as ações realizadas?
c) No que diz respeito à avaliação e aos resultados das ações

• As ações educativas e culturais são documentadas (por fotografia, vídeos,


relatórios, listas, planilhas, etc.)? Se sim, descreva.
• Existe alguma organização de memória, registro ou cadastro das ações? Se
sim, como esses dados são trabalhados?

46
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Existem indicadores de resultado preexistentes das ações? Se sim, quais são


eles e como são verificados? Se não, há outras formas de verificar os resultados
alcançados com as ações? Quais?
• Há iniciativas de compartilhamento e divulgação de dados e experiências
educativas? Se sim, como são feitas?
• O museu realiza avaliações com os públicos depois de participarem das ações
educativas? Se sim, como são feitas? Que instrumentos utilizam?
• Existem momentos em que a equipe se reúne depois das ações para fazer uma
avaliação? Se sim, é feito um registro delas?
d) No que diz respeito às parcerias, à relação museu-comunidade e à relação museu-
escola

• Há participação da comunidade na construção de propostas para as atividades


e projetos do Programa Educativo e Cultural? Se sim, como é essa participação?
Se não, como o museu poderia trabalhar para buscar esse envolvimento?
• O museu realiza atividades educativas e culturais em relação aos calendários
anuais de eventos locais?
• Alguma ação educativa e cultural é realizada por meio de parcerias externas
(ONGs, prefeitura, comércio, agências turísticas, igreja, associações, institui-
ções privadas, etc.)? Se sim, o que envolve essa parceria?
• O museu participa de alguma rede ou sistema que contribui para sua integra-
ção e seu intercâmbio com outras instituições? Se sim, qual(is)? O que essa
integração traz de benefício para a área educativa?
• Como é a relação do museu com as escolas? Que ações são desenvolvidas
com as escolas? Como é feito o planejamento das ações?
• O museu tem projetos de ações contínuas com as escolas da comunidade?
Como é o trabalho com os professores?

47
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Estudos de públicos

O museu, ao pensar o Programa Educativo e Cultural, deve começar considerando


a diversidade de públicos. As exposições devem integrar, desde o início, o ambiente
físico (a exposição e seus recursos plásticos, sensoriais, tecnológicos, cenográficos,
etc.), as expectativas e os desejos dos visitantes sobre as temáticas tratadas e o
contexto social do museu – tanto nas interações sociais ocorridas durante as visitas
como na relação extramuros com a comunidade em seu entorno. Para isso, faz-
se necessário pesquisar o público do museu para conhecer seus visitantes e seu
público potencial, visando a entender como ocorre a comunicação em um espaço de
educação não formal.

Assim, podemos pensar em diversas formas de trabalhar as atividades com os


diferentes tipos de públicos (escolar, idosos, crianças, adolescentes, turistas, pessoas
com necessidades especiais, comunidade do entorno do museu, funcionários
do museu, pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, etc.), sempre
tentando compreender como as estratégias educativas e culturais podem afetar o
comportamento e as percepções do visitante, levando-o a uma postura crítica de
construção ativa do conhecimento.

No programa é importante descrever quem é esse público que frequenta e outros


potenciais que poderiam visitar ou ser estimulados a participar das atividades do
museu. Quais são as características desses públicos? Faixa de renda, idade, gênero,
etnia, credo, costumes, se mora longe ou perto do museu, quais são seus interesses,
etc.?

Projetos

Levando em consideração a peculiaridade dos públicos que frequentam os museus,


é possível citar ferramentas e atividades educativas que são desenvolvidas nos
projetos. As atividades são criadas a partir do contexto sociocultural, das demandas
e características do público. Já as ferramentas são diferentes meios para realizar as
atividades.

48
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo

Por exemplo, ao utilizarmos uma mesma ferramenta, podemos realizar ati-


vidades diferentes para segmentos de públicos distintos, para um público
adolescente ou para um público infantil, como é o caso dos jogos. Porém,
o fato de se utilizar ferramentas não garante que a ação realizada seja edu-
cativa. A forma como se as utiliza é que favorece a conexão educativa.

Algumas ferramentas são mais informativas, outras são mais lúdicas – o importan-
te é saber utilizá-las nas atividades, dependendo do público e da missão do museu.
Também importa termos em mente que estamos nos referindo a diferentes tipos de
museus: históricos, artísticos, científicos, de meio ambiente, arqueológicos, etnográ-
ficos, museus comunitários, de imagem e som, de artes e ofícios; museus de acervo
físico ou de acervo imaterial. Diante disso, listamos alguns exemplos de ferramentas
e atividades recorrentes nos museus:

a) Ferramentas

Exemplo

• painéis expositivos
• guias, folhetos didáticos, catálogos e fôlderes
• aplicativos de celular e videogames
• audioguia
• sites e blogs educativos
• jogos (eletrônicos e concretos)
• dinâmicas
• maletas pedagógicas
• experimentos científicos

49
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

b) Atividades

Exemplo

• visitas orientadas/mediadas
• ateliês
• conferências, seminários, palestras
• exposições itinerantes
• encontros com professores
• oficinas e cursos
• visitas dramatizadas
• visita tátil, olfativa, sensorial
• programas para famílias
• colônia de férias
• exibição de filmes
• intervenções artísticas na cidade
• promoção de eventos, como peças, apresentações, festas
• contação de histórias

A atividade educativa mais recorrente nos museus são as visitas, que podem ser
mediadas ou não, assim é importante que as pessoas que lidam com o educativo
pensem em ferramentas e atividades para ambos os tipos de visitas. Além disso, é
importante pensar na formação e treinamento daqueles que farão a mediação.

A ação do mediador é focada no diálogo e na troca com o público e


no estímulo ao compartilhamento das diferentes percepções e pontos
de vista. A mediação em museus é a prática educativa que privilegia
a troca de saberes, a construção dos significados por meio das per-
cepções subjetivas e da experimentação, que levam à construção de
conhecimento. Em contraposição à ideia de “visita guiada”, caracteri-
zada por um roteiro bem delimitado e decorado em que se pressupõe
um público “que não sabe”, a mediação parte do pressuposto de que

50
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

o “público sabe também”, buscando estabelecer nexos, sustentar al-


guns conflitos e estimular que o público se aproprie e ressignifique os
museus e seus acervos. Em síntese, na prática de mediação “o visitan-
te não é apenas depositário, mas produtor de conhecimento”. (GAMA,
2013, p. 37).

O Programa Educativo e Cultural e cada projeto individualmente precisam, ao fim do


processo, passar por uma fase de avaliação, momento em que se analisa se os obje-
tivos foram alcançados e quais resultados foram obtidos com a realização das ações,
respondendo-se às seguintes perguntas: Chegamos aos resultados esperados? Al-
cançamos o que queríamos fazer? Se não, por quê?

Mas para que se possa fazer uma avaliação final, é preciso – antes de realizar a ação,
no momento do planejamento – prever como medir os objetivos esperados e como
averiguar se foram alcançados. Chamamos de “indicador de desempenho” a medida
que identifica se os resultados esperados foram atingidos e que descreve quão bem
um projeto ou programa está sendo cumprido. O indicador pode ser quantitativo, por
exemplo: número de participantes alcançados, horas-atividades realizadas, número
de escolas atingidas, quantidade de oficinas realizadas, número de mediações feitas;
ou qualitativo: interatividade com a exposição, aquisição de conhecimento, quebra de
expectativa, acessibilidade, alcance de públicos diferentes, vivência na diversidade
cultural, ampliação de experiências sensoriais.

Para conferir se o indicador foi alcançado, é preciso ter um instrumento de verificação.


Os indicadores podem ser averiguados a partir dos ingressos vendidos, inscrição
nos eventos, questionários, entrevistas, observação, relatório dos profissionais e
outras formas de avaliação que a equipe precisa prever antes da realização da ação.
É importante também manter uma regularidade e padronização desses indicadores,
para que seja possível calcular, em longo prazo, os resultados obtidos e seu impacto
e onde é preciso intervir para que os resultados sejam melhorados.

51
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Álbum de fotografias

Ação educativa no Museu Lasar Segall. (MLS/Ibram/MinC)

Ação educativa no Museu Imperial. (MI/Ibram/MinC)

52
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Ação educativa no Museu da Abolição. (MAB/Ibram/MinC)

Material educativo do Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

53
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

6) PROGRAMA DE PESQUISA

Definição e abrangência

A pesquisa é fundamental no cotidiano do museu, pois perpassa várias de suas


atividades. Para preservar o acervo e disponibilizar informação para seus públicos, o
museu necessita conhecê-lo em profundidade, o que exige uma atividade prévia de
pesquisa sobre o acervo musealizado e sobre a temática própria do museu.

A montagem de exposições de longa duração, curta duração, itinerantes e virtuais, as


atividades educativas e culturais, e as de difusão e comunicação também pressupõem
uma preparação prévia, que envolve uma etapa de pesquisa.

Importante
O que se observa, portanto, é o caráter sistêmico e interdisciplinar do Plano
Museológico, sendo a pesquisa uma das bases do museu, sem a qual
a instituição torna-se frágil em conteúdo e nas relações com as demais
funções de preservação e comunicação do seu patrimônio cultural.

Pensar a pesquisa no museu é compreender que a instituição, com acervo e temá-


tica específicos, é uma fonte de conhecimento, de informações geradas pela equipe
técnica e disponibilizada para seus públicos, que variam desde estudantes, turistas,
comunidade local, pessoas em busca de lazer e cultura, até um público mais especia-
lizado, com interesse voltado para a pesquisa científica, que também pode se apro-
priar do acervo e temática do museu para suas pesquisas e encontrar neles uma rica
fonte documental e de reflexão.

Importante
Vemos, então, que o museu tanto pode realizar atividade de pesquisa
internamente (para as suas atividades diárias), quanto pode auxiliar as
pesquisas de pessoas e instituições externas.

54
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Além da pesquisa de conteúdo relacionada ao acervo musealizado e à temática


específica do museu, também é importante que o museu realize pesquisa sobre seu
público (e sobre o seu não público, formado por aqueles grupos de pessoas que não
visitam o museu).

Legislação
O Ibram, por meio da Resolução Normativa nº 03, de 19 de novembro de
2014, definiu os critérios e os procedimentos a serem observados pelos
museus brasileiros para o envio dos dados e informações relativos ao
quantitativo anual de visitação.

Se partirmos do ideal de que o museu quer se comunicar com seus públicos, é


fundamental conhecê-los, descobrindo quem eles são, o que eles buscam no museu
e se estão satisfeitos com o que encontram. Em consonância com a missão do
museu, seus objetivos e os resultados que obtiver dessa pesquisa, a instituição pode
definir os públicos que considera prioritários (determinados públicos-alvo). Esses
dados podem revelar necessidades de adequações de estrutura e atividades, visando
a melhorar o atendimento aos públicos do museu. A partir dessa pesquisa, inúmeras
outras atividades (relacionadas a outros programas, como o Programa Educativo
Cultural e o Programa de Difusão e Comunicação) poderão ser direcionadas aos
públicos que se quer atingir e cativar.

Para a elaboração de um Programa de Pesquisa em um museu, é necessário,


primeiramente, desenvolver um diagnóstico da situação atual do museu:

a) Embasamento bibliográfico

Existe um levantamento bibliográfico, a fim de se conhecer a produção textual do


museu ou de demais pesquisadores sobre:

• A temática do museu?
• A história do museu?
• Seu acervo?
• Seus personagens principais?
• A comunidade na qual se insere?

55
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• As diversas atividades educativas e comunitárias e seus impactos na região?


Seus públicos?
• Os impactos econômicos que produz na região na qual se localiza (turismo,
geração de emprego direto ou indireto), etc.?
b) A importância da documentação do acervo

• Existe documentação sobre o acervo musealizado?


• Qual o nível de detalhamento das informações dessa documentação?
• Trata-se apenas de um inventário, ou o acervo já está até catalogado?
• Preencher uma ficha catalográfica já requer um determinado nível de pesquisa
sobre o acervo.
c) Pesquisa de públicos

• Qual é o público que majoritariamente visita o museu: Estudantes da Educação


Infantil e do Ensino Fundamental? Estudantes do Ensino Médio? Educação de
Jovens e Adultos? Universitários e pesquisadores? Turistas? A comunidade da
cidade em geral? Pessoas em busca de lazer e cultura?
• Quanto à estrutura etária da população, qual é o público que majoritariamente
visita o museu: Jovens (do nascimento até os 19 anos)? Adultos (entre 20 e 59
anos)? Idosos (a partir dos 60 anos)?
• Quais são os públicos que o museu não está alcançando e desejaria alcançar?
Percebemos, portanto, que a elaboração do diagnóstico da área de pesquisa do mu-
seu envolve analisar material bibliográfico, públicos, acervo, atividades, etc.

Nesse caso, essa já é uma primeira atividade de pesquisa, com um caráter inicial e
instrumental, visando a um efeito prático imediato: um retrato mais real e abrangente
do museu para a elaboração do Plano Museológico.

É importante observar, mais uma vez, que a pesquisa também possui interface com os
outros programas do Plano Museológico (Acervos, Exposições, Educativo e Cultural,
Arquitetônico-Urbanístico, entre outros).

Por isso, a elaboração do Programa de Pesquisa não pode ser feita sem considerá-
los.

56
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Metodologia para a elaboração do Programa de Pesquisa

A partir dos resultados do diagnóstico, a equipe do museu saberá quais tipos de


pesquisa precisa realizar. A definição do planejamento conceitual combinada com os
resultados obtidos pelo diagnóstico da situação do museu apontarão as lacunas e
necessidades a serem supridas com a pesquisa.

• Pesquisas para suprir as necessidades do museu: destinadas a gerar informa-


ções acerca do acervo e da temática do museu, disponibilizando-as para os
visitantes por meio de exposições de longa duração, curta duração, itinerantes
e virtuais, atividades educativas e culturais, publicações, página eletrônica e
outros meios.
• Pesquisas sobre os públicos do museu: destinadas a gerar informações sobre
os diversos públicos frequentadores, para que o museu estabeleça meios de
comunicação e interação adaptados a cada um dos perfis de público.
• Divulgação e atendimento externo: disponibilização de acervos e pesquisas
internas do museu para pesquisadores externos.
A partir de 2006 – fruto da parceria entre o Museu da Vida, a Casa de Oswaldo Cruz, a
Diretoria Regional de Brasília da Fundação Oswaldo Cruz, o Departamento de Museus
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com colaboração da Escola
Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) e o Museu de Astronomia e Ciências Afins –,
foi desenvolvido o Observatório de Museus e Centros Culturais (OMCC), um programa
de pesquisa e serviços sobre os museus e instituições afins.

A proposta consiste na criação de um sistema, em rede, de produção, reunião e


compartilhamento de dados e conhecimentos diversos sobre os museus em sua
relação com a sociedade.

Reúne instituições culturais variadas, promovendo o intercâmbio entre museus de


arte, de ciência, e demais classificações temáticas do campo cultural.

Outra iniciativa de pesquisa de público é o Observatório Ibero-Americano de Museus


(OIM), lançado em abril de 2016, que tem objetivo de contribuir para que os museus
ibero-americanos conheçam melhor seus visitantes, e, consequentemente, reúnam
dados para que realizem projetos e ações mais direcionadas e eficazes, por meio de
um sistema de coleta de dados de público de museus.

57
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Pesquisas voltadas à produção e divulgação de conhecimento, ou auxílio às


pesquisas de pessoas e instituições externas: destinadas a atingir um público
especializado e interessado na temática e no acervo do museu, por meio de pu-
blicação de livros, catálogos, artigos e ensaios em periódicos científicos, parti-
cipação em encontros, simpósios e seminários acadêmicos, e digitalização de
acervos para compartilhamento de informações.

As pessoas

E quem fará a pesquisa do museu?

Como todas as demais atividades dos museus, as atividades de pesquisa devem estar
em consonância com o Programa de Gestão de Pessoas. Ainda que para a realização
das atividades de pesquisa não seja necessário que o museu tenha um setor de
pesquisas formalmente estabelecido, é essencial identificar quem são os indivíduos
das diversas áreas do museu responsáveis por realizar as pesquisas.

Por vezes, nos museus com recursos humanos reduzidos, um mesmo profissional
pode realizar tarefas de diferentes programas. Na falta de profissionais para realizá-
la, o museu pode tentar a contratação ou estabelecer parceria com instituições
interessadas em participar da pesquisa, como é o caso de universidades, institutos
de pesquisas e escolas.

Formação de linhas de pesquisa

A depender das necessidades, das temáticas e da abrangência de um museu, pode-


mos realizar inúmeros projetos de pesquisa. Para lhes dar melhor definição, objetivo
e direcionamento, poderão ser criadas uma ou mais linhas de pesquisa.

Segundo o Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, do Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma linha de pesquisa abarca
temas aglutinadores de estudos, que se fundamentam em tradição investigativa, de
onde se originam projetos, cujos resultados guardam afinidades entre si. Um projeto
de pesquisa é uma investigação com início e fim definidos, fundamentada em objetivos
específicos, visando à obtenção de resultados, de causa e efeito ou colocação de
fatos novos em evidência.

58
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo

Estudos de Caso

A fim de ilustrar o tema, citaremos exemplos de ações desenvolvidas pelos


museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) tem seis linhas de pesquisa for-
malizadas em seu Plano Museológico: Arte Brasileira do Século XIX; Arte
Brasileira Moderna; Arte Europeia – Século XVII ao XIX; Educação patrimo-
nial; Educação estética; Conservação de acervos e novas tecnologias.

Na linha “Arte Brasileira do Século XIX”, existem inúmeros projetos de


pesquisa em desenvolvimento, como:

• a “Coleção D. João VI”, que visa a estudar o tema, realizar uma exposição
e divulgar a coleção de obras herdadas de D. João VI, que configura
uma das origens do acervo do MNBA;
• “Os Panoramas do Rio de Janeiro segundo Vitor Meireles de Lima”,
cujo objetivo é revisitar e atualizar os artigos publicados nos anuários
do MNBA dos últimos 50 anos;
• “Audioguia da Galeria de Arte Brasileira do Século XIX”, que visa a pro-
porcionar aos visitantes um roteiro trilíngue comentado (português,
espanhol e inglês) da galeria de arte brasileira do século XIX do MNBA.

59
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Sobre uma possível tipologia das pesquisas realizadas na linha de pesquisa


“Arte Brasileira no Século XIX, podemos citar tanto aquelas destinadas a
suprir as atividades do museu (como a “Coleção D. João VI” e o “Audioguia
da Galeria de Arte Brasileira do Século XIX”), quanto pesquisas voltadas à
divulgação de conhecimento e ao auxílio de pesquisas externas (como é o
caso de “Os Panoramas do Rio de Janeiro segundo Vitor Meireles de Lima”).

Na linha “Arte Brasileira Moderna”, são desenvolvidas outras pesquisas,


como “Coleção de obras da artista Renina Katz”.

O Museu Casa de Benjamin Constant apresenta tanto pesquisas para


suprir as atividades diárias do museu, quanto outras de divulgação de
conhecimento e auxílio a pesquisas externas: “Museu Casa de Benjamin
Constant” foi apresentada no III Encontro Luso-Brasileiro de Museus Casa;
enquanto “A Guerra do Chaco nos documentos do General Pery Constant
Beviláqua”, ainda em fase inicial, tem potencial para gerar exposições, livros,
fôlderes e outros materiais importantes para a área.

As pesquisas aplicadas mais diretamente ao cotidiano do museu são:


“Pesquisa do acervo documental e inventário museológico”, que buscou
indicar temas para publicações e exposições e para a finalização do
inventário museológico; e “Vinte e cinco anos do Museu Casa de Benjamin
Constant”, realizada para fornecer subsídios para futura elaboração e
publicação de um caderno educativo, de um catálogo e uma exposição
comemorativa pelos 25 anos do Museu Casa de Benjamin Constant.

Embora o museu não tenha linhas de pesquisa incluídas em seu Plano


Museológico, o arquivo documental do museu tornou-se recentemente o
“Centro de documentação do Império e da República”, permitindo pesquisas
em inúmeras áreas.

O atendimento aos pesquisadores externos revela o potencial de pesquisa


do museu nos mais variados temas. Pesquisadores da Universidade Federal
Fluminense, do Museu do Índio e do Instituto Federal do Rio de Janeiro
buscaram o acervo do Museu Casa de Benjamin Constant para estudos
sobre temas como:

60
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• a formação de intelectuais militares;


• a produção pedagógica de intelectuais ligados ao exército;
• Projeto Memória Marechal Rondon;
• assistência farmacêutica e família no século XIX.
Outra iniciativa é o caso do Museu Casa da Hera, em Vassouras, no Rio de
Janeiro, que atende uma diversidade de públicos. O trabalho de pesquisa
está diretamente relacionado às atividades educacionais e culturais do
museu, a exemplo do atendimento ao público universitário, que visa a
auxiliar as atividades voltadas à pesquisa externa. Esse atendimento é
realizado desde 2011, quando a equipe do museu recebeu professores e
alunos do Curso de Moda de diversas universidades, como a Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Universidade Veiga de Almeida (UVA) e o
Centro Universitário de Brusque (Unifebe), para visitas que têm por objetivo
conhecer o museu e, em especial, parte de sua coleção de indumentária do
século XIX.

Em 2012, o Museu Casa da Hera recebeu diversos especialistas da área de


conservação de têxteis, como a Sra. Katia Johansen, presidente do Comitê
de Indumentária do ICOM, a Sra. Izabel Alvarado, curadora de vestuário do
Museo Histórico Nacional de Santiago, Chile, e a Sra. Rita Andrade, que é
professora da Universidade Federal de Goiás e trabalha como consultora
de coleções de indumentária. A visita contribuiu para o intercâmbio de
conhecimento sobre o tema.

Considerações

Concluímos que a pesquisa é uma ação diversa e ao mesmo tempo fundamental para
a realização de todo o trabalho desenvolvido nos museus, e deve, necessariamente,
ser pensada em conexão e equilíbrio com as ações de preservação e comunicação,
possibilitando o cumprimento das funções básicas dos museus.

61
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Álbum de fotografias

Publicações Ibram/MinC.

Banner e divul- Arquivo Histórico do Museu Capa do Anuário do Museu Nacio-


gação do Arquivo Casa de Benjamin Constant. nal de Belas Artes. (MNBA/Ibram/
Histórico e Biblio- (MCBC/Ibram/MinC) MinC)
teca do Museu
Casa de Benja-
min Constant.
(MCBC/Ibram/
MinC)

62
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

7) PROGRAMA ARQUITETÔNICO-URBANÍSTICO
Definição e abrangência

A arquitetura é síntese da dicotomia entre arte e técnica, expressa pelo trabalho de


conceber espaços que abrigam as atividades humanas. Esse conceito se extrapola
no urbanismo e na sua concepção de intervenção no espaço urbano. Ambos são
instrumentos necessários para que o museu seja o espaço, e integre o espaço dessa
vivência humana.

De início, ressalta-se que o termo urbanístico amplia o entendimen-


to inicial de Programa de Arquitetura para museus, tornando explícito
que desde a sua concepção, o espaço do museu não pode ser consi-
derado encerrado em si mesmo, pois está inserido em um contexto
urbano mais amplo, com o qual interage e interfere. [...]. Não há mais
espaço para a separação entre museu-comunidade, museu-socieda-
de e, consequentemente, entre museu e cidade. (PEREIRA; KIMURA,
2014, p. 3)

De acordo com a Lei nº 11.904/2009 e o Decreto nº 8.124/2013, o Programa


Arquitetônico-Urbanístico é aquele que abrange a conservação dos espaços internos
e externos do museu, que devem ser adequados ao cumprimento de suas funções, ao
bem-estar de todos os envolvidos, além de levar em conta os aspectos de conforto
ambiental, circulação, identidade visual, possibilidades de expansão, acessibilidade
física e linguagem expográfica voltadas às pessoas com deficiência.

Desse modo, o programa deve atender às funções da instituição, sendo a arquitetura


e suas variáveis os instrumentos utilizados para o bom funcionamento desta. Devem
ser considerados os aspectos de interdisciplinaridade da arquitetura, dos sistemas,
do urbanismo e da museografia.

A arquitetura deve consistir na sistematização do conjunto de necessidades funcio-


nais e sociais que caracterizam um museu: função, tipologia do edifício, número de
usuários, distribuição das áreas para os usos necessários e gestão prevista. Os sis-
temas prediais interativos, com viabilidade técnica e econômica, são cruciais para o
êxito e funcionamento de um museu.

63
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

A inserção da instituição museológica no mapa urbano deve ser analisada de modo


complexo e transversal, em cumprimento à legislação urbanística municipal, em
especial ao Plano Diretor e a suas leis complementares, considerando entre seus
aspectos o zoneamento de usos do município. No caso da criação de novo museu,
a implantação da instituição deve ser cuidadosamente analisada, e, em caso de se
tratar de edificação tombada, deverão ser considerados os aspectos legais cabíveis
ao conjunto edificado e seu entorno.

Diagnóstico do Programa Arquitetônico-Urbanístico

Para delinear o Programa Arquitetônico-Urbanístico do museu, é importante que


seja feito um levantamento sobre sua situação atual. Esse diagnóstico da instituição
é a etapa de coleta das informações de referência que representem as condições
preexistentes, necessárias para instruir a elaboração do programa, podendo incluir os
seguintes tipos de dados:

• físicos: topográficos, cadastrais (edificações, redes, etc.), geológicos, hídricos,


outros;
• instalações prediais; informática e automação predial;
• aspectos de ergonomia, acessibilidade, conforto ambiental e sustentabilidade;
legais e jurídicos;
• sociais/históricos: número de funcionários, público, ações educativas e cultu-
rais;
• museográficos: acervo, exposições de longa e curta duração, outros.
As respostas aos tópicos elencados nesse diagnóstico definem os parâmetros do
Programa de Necessidades, que devem incluir as necessidades e expectativas dos
usuários a serem atendidas pelos usos do museu.

Em arquitetura, um Programa de Necessidades compreende o conjunto sistematizado


de necessidades para um determinado uso de uma construção. É elaborado nas fases
iniciais do projeto a fim de nortear as decisões a serem tomadas, funcionando como
um dos principais determinantes do projeto. (PEREIRA, F.; KIMURA, S., 2014, p. 3)

64
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo

EXEMPLO DE PROGRAMA DE NECESSIDADES

• Recepção Bilheteria
• Administração
• Sala(s) de exposição(ões) de longa duração e/ou de curta duração
• Reserva técnica
• Sala de projeção/cinema
• Sala(s) de aula/prática
• Laboratório(s)
• Pesquisas
• Sanitários
• Cozinha/copa/almoxarifado
• Biblioteca
• Arquivo
• Loja
• Estacionamento

Após a reunião de dados, deve ser feito o estudo de viabilidade, que é constituído para
a concepção da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, ou para
avaliação do museu, caso já existente.

65
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Dica

São sugestões de perguntas para o diagnóstico:

• A atual estrutura do museu atende ao Programa de Necessidades?


No caso de um novo museu, qual é a estrutura necessária para esse
atendimento?
• Como será o fluxo de usos?
• Qual é a relação do Programa Arquitetônico com o entorno? São/serão
realizados estudos de acessos e fluxos?
• Há necessidade de criação, otimização ou supressão de ambientes nos
espaços físicos?
• Quais aspectos da estrutura física demandam intervenções no museu?
• As demandas já foram objeto de projeto? Em caso positivo, já foram
aprovadas pelos órgãos competentes das esferas municipal, estadual e
federal?
• É uma edificação tombada? Já foram consultados os órgãos competen-
tes de acordo com a legislação?
• De que forma o Programa Arquitetônico-Urbanístico se integra/integrará
a outros programas, tais como o de Segurança, o de Acervos, o de
Exposições e o de Acessibilidade?

Metodologia para elaboração do Programa Arquitetônico-Urbanístico

Com o diagnóstico tendo como principal produto o estudo de viabilidade, que apre-
senta os limites e as possibilidades da instituição, é possível elaborar o planejamento
das ações necessárias para o museu. Nesse plano, sugerimos a identificação das
intervenções necessárias, dos projetos a serem desenvolvidos e de suas prioridades.

Esse planejamento necessita estar relacionado aos propósitos de preservação,


comunicação e pesquisa do museu. Por isso, a reflexão na etapa do diagnóstico é tão
importante. Assim, pretendemos contribuir para a elaboração de documentos úteis
para a definição de prioridades, atuação das equipes técnicas e, sobretudo, para o
cumprimento da função social dos museus.

66
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

O projeto dentro da arquitetura é o elemento que sintetiza e materializa todas as


necessidades e possibilidades de uma obra ou instalação, a ser realizada por meio de
princípios técnicos e científicos, visando à consecução de um objetivo e adequando-
se aos recursos disponíveis e às alternativas que conduzem à viabilidade de sua
execução. Os projetos demandados poderão ser organizados nos seguintes grupos,
adequados de acordo com edificação adaptada ou museu novo:

• Projeto de arquitetura e sistemas prediais


• Projeto de conservação
- Manutenção

- Intervenções

• Projeto de museografia (interface com Programa de Exposições)

Cada um dos projetos possui etapas que permitem seu detalhamento e a evolução
da reflexão a respeito do objeto e, por isso, deverá ser elaborado por profissional
capacitado, conforme disserta a Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010, que
regulamenta o exercício da Arquitetura e do Urbanismo.

Assim, até que se tenha um projeto de possível execução, ele se divide nas seguintes
etapas: Estudo preliminar (EP), Anteprojeto (AP-ARQ) e Projeto para execução (PE).

Essas etapas devem ser consideradas no planejamento estratégico e na priorização


das ações, além de ser contempladas no projeto básico, em caso de licitações e
contratos da Administração Pública.

Considerações

Além das ferramentas citadas, é importante compreender a relação do Programa Ar-


quitetônico-Urbanístico com o êxito do planejamento e funcionamento da instituição.
A existência de um programa que contenha um diagnóstico realista, uma metodo-
logia bem embasada, tem como reflexo um plano de ações exequíveis, e permite, a
partir dos projetos elaborados, a previsão dessas execuções.

67
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Álbum de fotografias

Planta-baixa do Museu do Ouro. (MDO/Ibram/MinC)

Planta-baixa de setores do Museu Histórico Nacional. (MHN/Ibram/MinC)

68
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

8) PROGRAMA DE SEGURANÇA

Definição e abrangência

O Programa de Segurança deve ser executado a partir do conceito de gestão de riscos,


ou seja, deve integrar esforços para minimizar riscos – eventos incertos que trazem
impactos.

Abrange todos os aspectos relacionados à segurança do museu, da edificação, do


acervo e dos públicos internos e externos, incluindo, além de sistemas, equipamentos
e instalações, a definição da rotina de segurança e as estratégias de emergência.
Objetiva pensar nas principais medidas de mitigação para o acervo, público, prédio
e funcionários da instituição. Dialoga diretamente com o Programa de Acervo, uma
vez que nele estão também contempladas medidas de segurança específicas para o
acervo, a exemplo da documentação sistematizada das coleções.

Faz uma interface também com o Programa Arquitetônico, já que esse nos aponta
normativas para uma distribuição coerente dos espaços, seu zoneamento, questões de
acessibilidade, circulação (de bens e pessoas – funcionários e visitantes) e instalação
de equipamentos. Com o Programa de Gestão de Pessoas podemos identificar a
qualificação continuada dos profissionais de todas as áreas do museu, de modo que
todos tenham uma visão sistêmica do aspecto segurança na instituição. Percebe-se
interface, também, com o Programa Institucional, uma vez que há a necessidade de
parcerias com instituições externas, a exemplo dos órgãos de segurança pública.

Diagnóstico para o Programa de Segurança

O diagnóstico de segurança das instituições museológicas contempla uma avalia-


ção minuciosa dos aspectos que se relacionam ao edifício, às coleções, aos públi-
cos e profissionais que lá trabalham, pensando em segurança de forma ampla, con-
templando ações contra roubos, furtos, incêndios, atos de vandalismo, circulação e
transporte de bens e pessoas, dentre outros aspectos.

O diagnóstico das coleções deve considerar todos os aspectos relacionados com o


seu histórico (formação da coleção) e a sua caracterização (tipologia, classificação),
bem como com a sua ampliação, descarte, documentação, pesquisa e conservação,
ressaltando-se que esse diagnóstico deve contemplar todos os acervos.

69
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

a) organização da segurança

São as seguintes questões que se apresentam:

• O museu possui setor responsável exclusivamente pela segurança da institui-


ção?
• Quantos são permanentes? Rotativos?
• A equipe (permanente e terceirizados) já recebeu algum tipo de treinamento da
área de segurança?
• A empresa terceirizada responsável pela segurança patrimonial está registrada
na Polícia Federal?
• Existe um livro de ocorrências ou outro tipo de instrumento para os assuntos
relativos à segurança?
• O controle das chaves da instituição está centralizado?
• Onde está localizado o claviculário? Quem tem acesso? Como é feito o controle?
• O museu possui fontes alternativas de energia? (Exemplo: geradores)
b) Planos e trabalhos de Prevenção

• O museu realiza diagnósticos periódicos da segurança da instituição?


• O museu possui brigada de incêndio? Funciona 24h? Quantos funcionários
trabalham?
• O museu possui Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB)? Qual foi a
data de expedição?
• O museu possui Alvará de Funcionamento expedido pela prefeitura?
• A instituição já recebeu alguma notificação do Corpo de Bombeiros?
• Existe uma relação/contato direto com o Corpo de Bombeiros responsável pela
região? Números de telefone? Nome do responsável? Já realizou ou realiza
algum tipo de atividade em conjunto (treinamentos, oficinas, cursos, etc.)?
• O museu possui alguma rotina de segurança, dentro do seu Plano de Gestão de
Risco? Contra sinistros, vandalismo, incêndio, enchente, roubo, furto, retirada
de funcionários, retirada de público, retirada de acervo ou algum outro? Qual é
a frequência de atualização?

70
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Os funcionários recebem treinamento ou fazem simulações para a execução


dos planos de emergência?
• Existe na instituição algum tipo de manual para funcionários e/ou visitantes
sobre a segurança da instituição?
c) Controle e Monitoramento

• O museu mantém controle e registro diferenciado de entrada e saída de


funcionários, fornecedores, pesquisadores e visitantes?
• O museu possui sistema eletrônico de monitoramento por câmeras (circuito
fechado de TV)? Existem sensores? O sistema atende toda a instituição (área
interna e externa)? Como é feita a transmissão das imagens, cabeamento ou
sinal de rádio? Essas imagens permanecem armazenadas? Em meio digital ou
magnético? Por quanto tempo? Há previsão de manutenção do sistema?
• O museu possui uma central de controle de segurança?
• Onde está localizada essa central? Ela é resguardada do acesso do público?
Quem tem acesso? Essa central mantém comunicação direta com os órgãos
de segurança pública (Polícias Militar e Civil)?
• Todas as câmeras e sensores são controlados diretamente pela central? O
monitoramento das câmeras permite aproximação/zoom das imagens?
• O museu possui sensores de presença? Como é realizado o seu funcionamento:
dispositivos sonoros locais? Dispositivos ligados a central de monitoramento?
• O museu possui sistema de detecção de incêndio? Quais os sistemas? Alarmes?
Sensores? Ele cobre toda a instituição?
• O museu possui instalações e equipamentos de extinção de incêndio? Quais?
Extintores? Sprinklers? Hidrantes e/ou mangotinhos? Eles são vistoriados ou
substituídos periodicamente?
• Existe no museu um reservatório de água próprio para alimentar o sistema de
combate a incêndio?
• O museu possui saídas de emergência devidamente sinalizadas?

Devemos elaborar o Programa de Segurança atendendo a todos os aspectos


necessários para garantir a segurança da instituição.

71
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

A partir de uma perspectiva global, sua abrangência deve contemplar tanto o que
tange às coleções e às edificações, quanto aos públicos e equipes profissionais,
partimos das seguintes abordagens:

• rotinas de segurança – supervisão dos espaços e equipamentos;


• transporte de bens culturais;
• movimentação interna dos bens;
• elaboração de planos de segurança contra incêndios, roubos e furtos. Interface
com o plano de gestão de riscos;
• diálogo com as instituições de segurança pública: Polícias Civil e Militar, Corpo
de Bombeiros; Defesa Civil;
• inserção no Cadastro Nacional de Bens Musealizados Desaparecidos.

O planejamento de segurança e a prevenção são ações muitas vezes simples e que


exigem custos compatíveis com as possibilidades dos museus.

Ainda assim, os gestores não têm o costume de incluir iniciativas de tal natureza em
seus programas de trabalho.

A segurança nos museus, portanto, é matéria estratégica. Está prevista nas primeiras
iniciativas de estabelecimento de normas e padrões de atuação dos museus, seja no
plano nacional ou internacional.

O Programa de Segurança está baseado em três eixos que devem estar bem articula-
dos e coordenados para garantir a qualidade do programa:

Estruturas e Recursos Planos e Trabalhos de Controle e


Humanos Prevenção Monitoramento

Sugestões de projetos
• Elaboração e implementação do plano de gestão de ricos.
• Plano de segurança em caso de intervenções em bens imóveis.
• Plano de movimentação de bens culturais.
• Plano de emergência.

72
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Clique nas imagens abaixo para acessar seus respectivos conteúdos.

Dica

Álbum de fotografias

Capa do Programa de Gestão de Riscos ao


Patrimônio Musealizado Brasileiro.

73
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Simbologia para os principais agentes de risco aos museus.

Capa do Caderno Segurança em Museus. (Ibram/MinC)

74
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

9) PROGRAMA DE FINANCIAMENTO E FOMENTO


Definição e abrangência

O Programa de Financiamento e Fomento abrange o planejamento de estratégias de


captação, aplicação e gerenciamento dos recursos econômicos dentro do museu.

O programa tem por objetivo identificar estratégias de captação de recursos para


implementação das ações apontadas nos demais programas do Plano Museológico,
recursos esses oriundos de diversas fontes, tais quais: orçamento próprio, patrocínio,
convênio, parceria e leis de incentivo, entendendo-se o financiamento enquanto
recurso captado, adquirido com as ações de fomento.

Sabemos do desafio que as instituições museológicas enfrentam quanto ao fomento.


As instituições vinculadas à Administração Pública (municipal, estadual ou federal),
apesar de possuírem dotação financeira determinada por legislação específica,
muitas vezes não conseguem manter sustentavelmente todas as atividades, já que o
recurso recebido é insuficiente para atender aos gastos necessários.

Desde 2010, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 6.722/2010,


denominado Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura), que
substituirá a Lei Federal de Incentivo à Cultura nº 8.313/1991 (BRASIL, 1991), cujo
objetivo é reformular a política federal de fomento e incentivo à cultura. A finalidade
dessa reforma é a ampliação do acesso a esses recursos, por parte dos produtores
culturais dos diversos segmentos (artes cênicas, música, teatro, literatura, exposições,
preservação do patrimônio).

Outras ações estão sendo pensadas no plano federal, no sentido de ampliar as fontes
de recursos. Isso também está previsto no Plano Nacional de Cultura, aprovado pela
Lei nº 12.343, de 2010 (BRASIL, 2010), que foi planejado para os próximos dez anos e
no qual está previsto o aumento de 37% de recursos para investimentos em projetos
culturais.

Enquanto as alterações formuladas pelo Procultura não forem efetivadas, trabalha-se


com a normativa vigente: a Lei nº 8.313/1991, também conhecida como Lei Rouanet,
que estabelece o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) (BRASIL, 1991),
cujos objetivos principais são: a democratização do acesso aos bens e produtos
culturais; a canalização de recursos públicos para o setor cultural e o estímulo à
parceria público-privada.

75
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

O Pronac funciona por meio de três mecanismos de financiamento:

a) Fundo Nacional de Cultura (FNC)

Fundo de recursos públicos que tem por objetivo captar e destinar recursos para
projetos, programas e ações culturais.

b) Fundo de Investimentos Culturais (Ficart)

Mecanismo que permite a aplicação de recursos em projetos culturais de caráter


comercial (projetos que preveem a participação dos investidores em eventuais lucros),
previsto na Lei, mas inativo até o momento.

c) Incentivos Fiscais

O panorama apresentado pelos principais mecanismos de incentivo ressalta a


importância do planejamento dos museus para a participação nesses instrumentos
possíveis ao fomento no setor museal:

• Lei Rouanet e Editais Ibram – instância federal;


• Lei de Incentivo à Cultura – instância estadual; e
• demais fundos já existentes: Fundo Nacional de Cultura (FNC), Fundo de Apoio
à Cultura (FAC – Sedac), Fundo dos Direitos Difusos (FDD – MJ), entre outros.

d) Associação de Amigos

Além desses mecanismos apresentados, os museus têm contado com as associações


de amigos para a captação de recursos e colaboração no desenvolvimento das
atividades da instituição.

76
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Legislação
A Lei nº 11.904/2009, conhecida como Estatuto de Museus, define:
[...]
Art. 50. Serão entendidas como associações de amigos de museus as
sociedades civis, sem fins lucrativos, constituídas na forma da lei civil, que
preencham, ao menos, os seguintes requisitos:
I – constar em seu instrumento criador, como finalidade exclusiva, o apoio,
a manutenção e o incentivo às atividades dos museus a que se refiram,
especialmente aquelas destinadas ao público em geral;
II – não restringir a adesão de novos membros, sejam pessoas físicas ou
jurídicas;
III – ser vedada a remuneração da diretoria. (BRASIL, 2009)
O Decreto Nº 8.124/2013, por sua vez estabelece:
Art. 30. Os museus poderão estimular a constituição de associações de
amigos dos museus, nos termos do art. 50 e seguintes da Lei no 11.904,
de 2009, grupos de interesse especializado, voluntariado ou outras formas
de colaboração e participação sistemática da comunidade e do público.
§ 1º As associações de amigos de museus terão por finalidade apoiar
e colaborar com as atividades dos museus, contribuindo para seu
desenvolvimento e para a preservação do patrimônio museológico,
respeitando seus objetivos.
§ 2º Os planos e os projetos de qualquer natureza que as associações de
amigos dos museus pretendam desenvolver no exercício de suas funções
deverão ser submetidos à prévia e expressa aprovação dos museus a que
se vinculem.
Art. 31. No âmbito do Poder Executivo federal, a atuação de associações
de amigos de museus, especialmente em relação à captação de recursos,
fica condicionada ao prévio reconhecimento da entidade por ato
administrativo dos museus ou, conforme o caso, da instituição a que o
museu esteja vinculado.

77
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Importante
É importante que a relação entre as associações de amigos e os museus,
representados por suas equipes, seja bem definida e que ambos traba-
lhem em prol do crescimento da instituição.

Por isso, recomendamos a construção de um documento legal que legi-


time essas relações, documento esse que deverá fazer parte também do
Regimento Interno do Museu.

Saber mais

Você sabia que o Ibram já publicou uma Instrução Normativa que


regulamenta as relações entre os museus e as associações de amigos, no
âmbito do Poder Executivo Federal.

Acesse o site impressa nacional e confira.

Dessa forma, percebemos que há uma interface entre esse programa e os demais,
uma vez que as ações propostas nos programas já vistos necessitarão de recur-
sos para se concretizarem, como é o caso de: aquisição de coleções, conservação/
restauro de bens, desenvolvimento de ações educativas, manutenção preventiva do
edifício, etc.

Diagnóstico do Programa de Financiamento e Fomento

Considerando que o Programa de Financiamento e Fomento tem o objetivo de


planejar a gestão financeira da instituição, seu diagnóstico deve detectar os principais
aspectos que implicam no aumento dessas despesas, de forma que as prioridades
sejam obedecidas e as ações concretizadas. Por isso, devemos levantar algumas
questões:

• Quais são as fontes de recurso do museu? Só da instituição mantenedora (em


casos de museus vinculados)? Ingressos? Cessão de espaço? Loja de souvenir?
Café? Restaurante?

78
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Caso o museu possua uma associação de amigos, de que forma há uma


intervenção dessa organização no orçamento do museu?
• Há um setor responsável pelo planejamento orçamentário do museu? O museu
possui uma planilha com os gastos diretos da instituição?
• Como são pensados os gastos da instituição? A partir do próprio Plano Museo-
lógico?
• O museu tem conhecimento dos editais de financiamento de projetos na área
de museus?
• Já se inscreveu em algum deles? Em qual instância (municipal, estadual, federal,
empresa privada)?
• Caso não tenha obtido êxito, qual foi a dificuldade encontrada? Documentação
para habilitação? Projeto com informações inconsistentes?
• O museu tem conhecimento sobre os programas usados para inscrição de
projetos no Ministério da Cultura? SalicWeb e Siconv?

Saber mais

O Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (SalicWeb) é o sistema


por meio do qual é feita a apresentação de propostas culturais e o acompa-
nhamento de projetos via web.

Já o Sistema de Convênios do Governo Federal (Siconv) é o sistema no qual


são registrados a celebração, a liberação de recursos, o acompanhamento
da execução e a prestação de contas dos convênios.

Metodologia do Programa de Financiamento e Fomento

Após a elaboração do diagnóstico da área de financiamento e fomento, aliando-o às


ações programadas nos demais programas do Plano Museológico, as instituições
museológicas terão um panorama ampliado das necessidades prioritárias. Assim,
recomendamos que, para sanar as lacunas identificadas, sejam elaborados projetos
específicos para cada área ou projetos transversais que irão tocar em aspectos
estruturantes de diversas áreas em um único documento.

79
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Para a captação dos recursos desejados, principalmente de fontes externas, é fun-


damental a existência de um documento que descreva e justifique o objeto pleitea-
do. O concedente (empresas privadas, públicas, mistas e demais fontes de fomento)
precisa entender exatamente o que se está pedindo, como o recurso será aplicado e
qual o impacto que esse projeto proporcionará, tanto para a instituição como para os
públicos beneficiados.

10) PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

Definição e abrangência

O Dicionário Aurélio registra várias acepções para o termo “comunicação”: 1. Infor-


mação, participação, aviso; 2. Transmissão; 3. Notícia; 4. Passagem; 5. Ligação; 6.
Convivência; 7. Relações; 8. Comunhão (de bens); 9. Comunicação Social: Conjunto
dos órgãos de difusão de notícias (imprensa, rádio, televisão); 10. Prática ou campo
de estudo que se debruça sobre a informação, a sua transmissão, captação e impacto
social.

O sentido que utilizaremos aqui é o da comunicação enquanto prática social que


objetiva a produção e circulação da informação, fazendo uso de técnicas e meios
específicos.

Na definição de Jorge Duarte (2007), a comunicação “é a energia que dá vida às


organizações”, sejam elas públicas ou privadas. Essa premissa é ainda mais verdadeira
quando tratamos de museus, instituições que pressupõem a prática da comunicação
para serem consideradas como tal – como veremos a seguir.

O Programa de Comunicação é aquele que abrange ações de divulgação de projetos


e atividades da instituição, e de disseminação, difusão e consolidação da imagem
institucional nos âmbitos local, regional, nacional e internacional. Pode ser dividido
em diferentes subprogramas, tais como: editorial, de intercâmbio institucional, de
comunicação social, de comunicação visual e outros.

Partimos do conceito de “comunicação museológica” – definida por Marilia Xavier Cury


(2006/2007) como “denominação genérica que envolve a extroversão do conhecimento
em museus” – até a comunicação pensada especificamente para circular nos meios de
comunicação social (rádio, jornal, TV, internet, etc.), a comunicação deve ser encarada

80
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

como ação estratégica voltada para a interação do museu com seus públicos e para
o fluxo de informação sobre temas de interesse da sociedade.

Diagnóstico do Programa de Comunicação

Entendemos por comunicação institucional ou organizacional o processo de pro-


mover, por meio de uma diversidade de estratégias e ferramentas, o diálogo entre a
instituição e seus públicos (interno e externo), de maneira a atingir seus objetivos e
disseminar seus valores.

A comunicação organizacional permite que a instituição dialogue com seu público


e com a sociedade, com base em sua política e seus objetivos. Vista sob a ótica
da interdisciplinaridade, com a junção de diversas áreas que formam o composto
da comunicação organizacional, esta tem um caráter estratégico, já que reúne as
abordagens necessárias à criação da identidade e à consolidação da imagem
institucional.

A comunicação de uma organização deve refletir sua identidade corporativa, com


ações estratégicas para a construção de uma imagem positiva. Os termos “identidade
corporativa” e “imagem institucional” muitas vezes são utilizados como sinônimos,
mas deve-se esclarecer que são ferramentas de gestão que se completam e não se
resumem à apresentação visual da organização.

A identidade é o que a instituição é, e enfatiza os aspectos relacionados à sua missão,


sua visão, seus valores e sua cultura e filosofia, projetando sua personalidade e como
ela deseja ser percebida pelo seu público. Já a imagem é a percepção que o público
tem da instituição e como ele vê seus atributos. É uma visão subjetiva que adentra
o campo da opinião pública. A imagem depende, então, do trabalho de divulgação,
informação e relacionamento iniciado pelo museu.

A administração da identidade e da imagem de um museu deve ser conduzida de for-


ma estratégica por sua área de comunicação, com coerência entre o comportamento
institucional e as ações de comunicação integrada. Antes de dar início a um trabalho
de comunicação institucional, é importante que o museu faça um levantamento sobre
sua situação atual quanto a esse aspecto. Traçar um histórico das ações de comuni-
cação pode ser útil nesse processo.

81
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

O que já foi feito? Quando? Quem fez? Quais eram os resultados esperados? Quais
foram os resultados obtidos? As estratégias utilizadas podem ser reutilizadas? – são
algumas das perguntas que podem ajudar a construir esse histórico.

É essencial, também, conhecer a história do próprio museu, seu planejamento con-


ceitual e os serviços oferecidos. Por último, mas não menos importante, é necessário
que o museu saiba quais são os públicos com os quais deseja se comunicar.

Além dos públicos que visitam o museu e utilizam seus serviços, sobre os quais o
museu deve ter um perfil traçado, é importante levar em conta quais são os atores
sociais e formadores de opinião que se relacionam ou podem se relacionar com o
museu.

Os públicos com os quais o museu deve se comunicar incluem ainda a imprensa e a


sociedade em geral.

Metodologia do Programa de Comunicação

O trabalho cotidiano de comunicação em um museu é feito por meio de estratégias


e ferramentas básicas que podem ser empregadas no contato com os públicos de
interesse em pelo menos três áreas: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Relações
Públicas.

a) Jornalismo

• Lista de contatos (mailing list)


Como o próprio nome indica, é a relação dos veículos de comunicação social e
jornalistas com os quais um museu pode entrar em contato, tendo em vista a
divulgação de assuntos de interesse da instituição – como a abertura de uma nova
exposição, a aquisição de novos bens para o acervo ou a divulgação do resultado de
uma pesquisa, etc.

A lista deve conter informações básicas sobre cada um dos contatos e ser atualizada
regularmente. Também deve ser usada para contatar os frequentadores do museu,
com o objetivo de informar sobre alguma nova atividade, por exemplo.

82
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Texto para a imprensa (press release)


O release (na versão aportuguesada, “relise”) é um texto de caráter jornalístico
enviado à imprensa sobre assuntos de interesse de um museu. Funciona como
sugestão de pauta para jornalistas e deve cumprir a função de subsidiar o trabalho
dos profissionais da área.

É imprescindível que a informação passada seja inédita, reunindo a maior quantidade


possível de dados sobre o assunto divulgado – sem que se esqueça de colocar as
informações básicas (o que, como, onde, quando, quem, por quê).

Seja sucinto e direto, usando palavras claras, frases e parágrafos curtos e correção
gramatical. Para completar o texto, adicione as informações de contato do museu,
além de indicar, se possível, uma fonte – alguém que possa falar sobre o assunto – e
fotos com boa qualidade.

• Follow up
Ou simplesmente follow (ou “seguimento”), é uma importante estratégia no trabalho
de comunicação institucional e consiste, após o envio de texto de divulgação à
imprensa, em confirmar o seu recebimento e o possível retorno por parte dos meios
de comunicação.

É uma forma de “lembrar” sobre a importância do assunto e de se colocar à disposi-


ção para eventuais dúvidas ou necessidade de informações adicionais. O follow up
também é utilizado para a confirmação da presença de jornalistas em eventos, entre-
vistas, etc.

• Resumo de notícias (clipping)


De maneira resumida, o resumo de notícias (ou clipagem) consiste na prática diária
de buscar e coletar nos diversos meios de comunicação (jornais, revistas, TVs, rádios,
web, etc.) reportagens e outros produtos jornalísticos que façam referência ao museu.

O clipping é uma ferramenta que permite acompanhar a divulgação dos temas de


interesse da instituição na mídia e monitorar a imagem institucional junto a seus
públicos, que pode inspirar respostas e reformulações.

83
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

b) Publicidade e Propaganda

A publicidade e a propaganda (PP) podem ser definidas, no caso do museu, como um


conjunto de técnicas e atividades de informação que têm por finalidade repassar a
mensagem que a instituição deseja, bem como influenciar opiniões, sentimentos e
atitudes em um determinado sentido. Por esse motivo, independentemente da linha
editorial dos meios de comunicação, a publicidade e a propaganda são geralmente
pagas. O museu pode comprar espaços nos mais diversos meios de comunicação
para entregar sua mensagem ao leitor daqueles veículos.

No Brasil, os termos “publicidade” e “propaganda” são geralmente aplicados como


sinônimos. No entanto, buscando-se a etimologia das duas palavras, incorre-se na
percepção de que há uma tênue distinção entre as duas: enquanto a propaganda
define atividades de comunicação com fins de persuasão, a publicidade define meios
de tornar pública uma informação sem a intenção necessária de persuasão.

Diversos meios de comunicação podem ser suportes para a PP. Sites na internet,
revistas, canais de TV, jornais, redes sociais, mídia urbana, entre outros, costumam
ser canais de veiculação. Para escolher qual é o meio mais adequado, equipes de PP
fazem estudos para a definição do público a ser atingido.

c) Relações Públicas

Nas instituições, a atividade de relações públicas (RP) envolve a estratégia de planejar


e executar a comunicação como forma de desenvolver vínculos com diversos públicos
de relacionamento. A ideia é criar um conceito positivo, que transmita credibilidade e
confiança, de modo que os públicos se identifiquem com o museu e aproveitem suas
atividades. Dentre as várias formas de projetar positivamente a imagem do museu, a
criação de um evento é uma das estratégias mais utilizadas e requer especial atenção.

Entretanto, algumas instituições museais podem não conseguir realizar a divulgação


de seus eventos em função de recursos limitados. No caso, uma opção que pode
ser utilizada, desde que de maneira adequada, são as redes sociais digitais – como
Facebook, Twitter e Instagram, por exemplo –, que permitem ampliar a visibilidade do
museu e abrir diálogo com diversos públicos.

84
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Considerações

Além das ferramentas citadas, o trabalho de comunicação institucional pode incluir


a produção de boletins eletrônicos ou impressos, fôlderes, sites na internet, bem
como se beneficiar da presença crescente das redes sociais. Tudo depende da
disponibilidade de pessoas e de recursos dedicados a essa ação – estratégica para a
gestão de qualquer museu.

O certo é que os museus trabalhem com um amplo leque de assuntos que podem ser
de grande interesse para uma diversidade de públicos, que, independentemente da
estrutura de comunicação disponível, merecem ser divulgados.

Álbum de fotografias

Campanha “Eu Amo Museus”. (Ibram/MinC)

85
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Campanha “Férias no Museu”. (Ibram/MinC)

Campanha “Sou + Museu”. (Ibram/MinC)

86
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

11) PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL


Definição e abrangência

O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 estabelece que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

Na perspectiva da cultura, a Constituição Federal apresenta os artigos 215 e 216, que


tratam das garantias dos direitos culturais, acesso às fontes da cultura nacional e
apoio e incentivo à valorização e à difusão das manifestações culturais, bem como
define o patrimônio cultural brasileiro como bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Reconhecendo a importância de relacionar as temáticas ambiental e cultural, o De-


creto Federal nº 8.124/2013, em seu art. 23, item IV-k, apresenta ao campo dos mu-
seus o Programa Socioambiental, que “abrange um conjunto de ações articuladas,
comprometidas com o meio ambiente e as áreas sociais, que promovam o desenvol-
vimento dos museus e de suas atividades, a partir da incorporação de princípios e
critérios de gestão ambiental”.

O programa tem como objetivo a construção de ações estratégicas voltadas à preser-


vação cultural e ambiental, visando a integrar esforços tanto do museu, quanto das
comunidades, para minimizar os impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida
do público interno e externo dos museus.

Apesar de a legislação ter apresentado o tema no fim da década de 1980, podemos


encontrar na Museologia registros de debates e reflexões sobre a temática já a partir
da década de 1970, quando se evidenciava a importância das dimensões política e
social dos museus, durante a 9ª Conferência Geral do ICOM, em 1971.

Na Declaração de Santiago do Chile, documento resultante da Mesa Redonda reali-


zada em 1972, os autores Georges Henri Rivière e Hugues de Varine apresentaram
a ideia dos museus como agentes da preservação do homem e seu meio, conceito
basilar do museu integral, que leva “em consideração a totalidade dos problemas da
sociedade”; e do museu ação, isto é, enquanto “instrumento dinâmico de mudança
social” (ARAUJO; BRUNO, 1995, p. 35).

87
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Em 1984, a Declaração de Québec, resultante do Atelier Internacional Ecomuseus –


Nova Museologia, traz para o campo a experiência dos ecomuseus, que, segundo
o depoimento de Hugues de Varine, “nasceu sob noções de ecologia humana, de
comunidade social, de entidade administrativa e, sobretudo, da definição do território
e da vontade de contribuir ao seu desenvolvimento” (1987).

No Brasil, a discussão ganha força a partir da II Conferência das Nações Unidas para
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92, realizada em 1992, na cidade do Rio
de Janeiro.

A conferência sobre o meio ambiente permitiu identificar medidas para diminuir a


degradação ambiental; introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável; e debater
o modelo de crescimento mais adequado ao equilíbrio ecológico. No âmbito desse
debate, os museus começam a se organizar e pensar sua participação na agenda
ambiental.

O Ministério do Meio Ambiente tem desenvolvido, por meio da Agenda Ambiental


da Administração Pública (A3P), um programa que tem como objetivo promover
a internalização dos princípios de sustentabilidade socioambiental nos órgãos e
entidades da Administração Pública, que dispõe de uma linha de incentivo voltado
para a agenda ambiental no âmbito da Administração Pública e disponibiliza, na
internet, um conjunto de projetos premiados.

Com esse programa, o museu deve explorar o seu potencial não apenas de minimi-
zador de impactos ambientais, como também de agente de conscientização junto a
seu público interno e externo. Nessa perspectiva, cabe ao museu pensar e responder
“Qual é o seu papel no cenário de desafios socioambientais?”. Como nos demais pro-
gramas, é necessário realizar o diagnóstico, no caso a partir de um levantamento de
aspectos importantes para a estruturação das estratégias e atividades relacionadas
à temática socioambiental, a exemplo da legislação local sobre o assunto, bem como
a pesquisa sobre a existência de associações que tratam do tema (catadores, reci-
clagem, desenvolvimento sustentável) e o conhecimento sobre a região onde o mu-
seu está inserido. A formalização de acordos com as secretarias de meio ambiente é
outro aspecto importante.

88
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Diagnóstico do Programa Socioambiental:

• Qual é o consumo de recursos naturais no museu (água, energia, etc.)?


• Quais são os principais bens adquiridos e serviços contratados pela instituição
museológica que têm efeito sobre a questão ambiental?
• As intervenções nos bens imóveis geram impacto socioambiental? Quais são
as práticas de descarte de resíduos adotadas pela instituição?
• Existe o levantamento sobre a produção de lixo da instituição e sobre a possi-
bilidade de reciclá-lo?
• Quais são as práticas ambientais já adotadas pelo museu? Existe equipe ou
servidores capacitados para trabalhar o tema? Existe parceria com a Secretaria
de Meio Ambiente local?
• Existe legislação local sobre a temática ambiental?
• Existem parcerias com cooperativas de reciclagem na região? O museu participa
da agenda ambiental local?
• Existem atividades/debates sobre o tema com a comunidade local?

Metodologia do Programa Socioambiental

As ações a serem implementadas no escopo do Programa Socioambiental devem


atender à missão, à visão e aos valores do museu, e se relacionam a outros programas
do Plano Museológico, como, por exemplo, o Institucional, o de Comunicação e o
Educativo e Cultural. Cada ação necessitará de recursos humanos e materiais que
estão sendo discutidos e debatidos dentro de vários setores do museu. Nesse aspecto,
podemos relacioná-lo também com o Programa de Financiamento e Fomento.

Assim, elencamos abaixo exemplos de eixos temáticos que podem ser trabalhados:

• gestão de resíduos – onde podem ser contempladas ações como a coleta


seletiva;
• consumo de água e energia – atividades destinadas ao uso sustentável desses
recursos;
• consumo de papel e plástico;
• emissões de gases de efeito estufa.

89
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Listamos a seguir algumas ações que podem ser desenvolvidas no âmbito deste
programa:

• criação de uma comissão interna para tratar do tema;


• estabelecimento de parcerias com associações, cooperativas, secretarias de
meio ambiente, entre outras;
• participação em eventos temáticos, de modo a promover a troca e o
compartilhamento de informações;
• adoção da prática do consumo sustentável de recursos naturais;
• adoção de programas de reaproveitamento de resíduos;
• elaboração de um plano de necessidades de ajustes do museu para se adequar
às práticas socioambientais;
• projetos para conscientização da população sobre a temática socioambiental;
• estudos e registros da trajetória e dos agentes diretamente ligados aos resíduos
da cidade.

90
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo 1

Um exemplo de método de implementação do programa foi o dos encon-


tros do Museu Arqueológico de Itaipu (MAI). A iniciativa socioambiental do
museu foi realizada junto às escolas, com a participação ativa dos estu-
dantes durante todo o processo, por meio de uma série de etapas, que iam
desde a pesquisa, a criação de “mapas mentais” da região onde os alunos
moravam, até as visitas de estudo partindo do museu para os arredores e
visitando alguns dos sítios arqueológicos. As visitas técnicas tinham como
finalidade a observação dos ecossistemas costeiros, elaboração de relató-
rios fotográficos e coleta de espécimes.

O MAI, dessa forma, realiza uma ação articulada, comprometida com o


meio ambiente e a área social, que promove o desenvolvimento do museu
e de suas atividades junto à comunidade escolar local.

Como resultado desse projeto, e em parceria com uma editora, foi lançada
a publicação “Aos pés da Serra da Tiririca – Uma história de todos nós”,
que reflete uma dessas iniciativas. Também foi produzida uma cartilha
(em inglês e português) para os turistas locais e o “Guia de Interpretação
Ambiental dos Biomas Costeiros de Itaipu”, com definições sobre os
diferentes ecossistemas da região, sua vegetação e características.

91
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo 2

Outro exemplo de instituição que promove uma ação articulada entre


o meio ambiente e a cultura é o Museu da Inconfidência, localizado em
Ouro Preto, MG, que desenvolve ações de aproximação com associações
de coleta seletiva da cidade de Ouro Preto e com a Universidade Federal
de Ouro Preto (UFOP), para tratamento consciente do lixo produzido no
museu, utilizando ainda seu espaço para diversos encontros para o debate
da importância da reciclagem e da consciência socioambiental.

Outra medida tomada pelo museu foi a realização da exposição “Susten-


tabilidade e Criatividade na Rota dos Orixás”, em que todas as imagens
dos Orixás são peças feitas em parceria com artistas plásticos locais, que
utilizam latas recicladas de óleo e de desodorante. Algumas dessas peças
da exposição foram adicionadas, posteriormente, ao acervo do museu. A
partir dessa ação, podemos observar as relações existentes com o Progra-
ma de Exposições e o de Acervos.

Nesse sentido, o museu deve prever, em seu Programa de Exposições,


uma linha temática que trabalhe o conceito socioambiental e também, na
sua política de aquisição, deve estar prevista a entrada de bens culturais
resultantes das exposições realizadas.

92
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exemplo 3

Para o Museu da República (MR), no Rio de Janeiro, que tem como um


de seus objetivos estratégicos o fortalecimento da cidadania, a questão
ambiental é um tema importante e urgente. Seu Programa Socioambiental
reafirma a participação do museu na Rio+20, Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de
Janeiro de 13 a 22 de junho de 2012, um evento internacional que teve como
tema as questões ambientais e de sustentabilidade, uma segunda etapa
da ECO-92. O programa compreende um conjunto de ações articuladas
fundamentadas em diversas perspectivas (paisagística, ambiental,
patrimonial, educativa e arqueológica), com vistas a desenvolver processos
de ressignificação do patrimônio cultural musealizado e a estabelecer
novos padrões (institucionais e comportamentais), em conformidade com
os dispositivos legais da área ambiental. Está estruturado em quatro etapas,
que compreendem a criação do Núcleo de Educação Socioambiental e a
execução de um Projeto de Valorização, Revitalização e Conservação do
Jardim Histórico do Museu da República. O programa surgiu da observação
das condições atuais do Jardim Histórico do museu e da reflexão sobre
algumas de suas problemáticas e potencialidades enquanto espaço de
sociabilidade, quando da revisão e avaliação do Plano Museológico do MR.
Dentre as ações previstas para o Núcleo de Educação Socioambiental do
Programa Socioambiental do Museu da República, destacamos:
• reuniões e sensibilização para a questão ambiental com o quadro fun-
cional do museu e empresas parceiras (jardinagem; limpeza; coleta de
lixo);
• reuniões e sensibilização para a questão ambiental com a sociedade em
geral (incluindo grupos estratégicos, como usuários do jardim e porteiros
das redondezas, além de organizações sociais, como Associação de
Moradores e de Comércio);
• substituição dos contentores de resíduos (lixo úmido e reciclável) nos
setores do museu e do jardim;

93
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• reordenamento do espaço à entrada do jardim do museu para a


realocação das caçambas de lixo e criação de espaço de manejo de
resíduos recicláveis e de lixo úmido;
• implantação da Coleta Seletiva nos espaços do museu;
• elaboração de projeto de ordenamento do espaço a ser instalado no
Núcleo de Educação Socioambiental do museu, para beneficiamento de
húmus, compostagem e terra adubada em diferentes níveis;
• estudo para substituição das descargas sanitárias e torneiras de todos
os banheiros do museu, para a redução do consumo de água;
• montagem de viveiros de plantas (duas etapas de crescimento) e estufa,
e de minhocário no lugar do antigo patário;
• planejamento e realização da oficina de viveirismo. O foco será a coleta
de sementes de palmeiras raras existentes no Aterro do Flamengo para
semeadura e obtenção de mudas, beneficiamento e assepsia;
• planejamento e elaboração da oficina de coleta seletiva e educação
ambiental para o público escolar, usuários do Jardim Histórico e
funcionários do Museu da República e Centro Nacional de Folclore e
Cultura Popular;
• oficina de capacitação em manejo ambiental e separação de resíduos
para trabalhadores do museu.

94
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Álbum de fotografias

Ação socioambiental no Museu Cada da Hera. (MCH/Ibram/MinC)

Ação socioambiental do Museu de Arqueologia de Itaipu. (MAI/Ibram/MinC)

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Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exposição “Orixás”, com material reciclado, no Museu da Inconfidência.


(MI/Ibram/MinC)

12) PROGRAMA ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

Definição e abrangência

O Decreto nº 8.124/2013, no parágrafo único do art. 23, indica que os museus devem
explicitar em todos os seus programas ou em um programa específico as questões
relativas à acessibilidade universal. Por isso, seguem algumas recomendações de
como os museus podem trabalhar essa questão, seja em um programa exclusivo ou
desmembrado nos demais.

A necessidade de frequentar ambientes culturais e exercer sua identidade e


pertencimento, a realização de turismo cultural, o desejo de acesso à arte e à cultura,
a inserção social; a prática de atividades de lazer junto à família e a grupos de amigos,
e os interesses pessoais e profissionais estão todos ligados à importância hoje de se
frequentar ambientes socialmente culturais.

A acessibilidade de todos à cultura e aos museus não pode mais ser vista apenas do
ponto de vista de seu acesso físico aos ambientes. Ter acesso a um museu e a suas
atividades envolve também todos os atos e todas as percepções desejados por um
visitante desde o seu ingresso na edificação até sua exploração museal. Falamos

96
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

aqui do caráter público em toda a sua diversidade, sem esquecermos dos pequenos e
grandes, míopes e cegos, os que escutam pouco e os surdos, os obesos ou os idosos,
as mulheres grávidas, as pessoas com muletas ou as que se locomovem em cadeira
de rodas.

Mas você sabe o que é acesso? Acesso é dar ao visitante a oportunidade de utilizar
instalações e serviços, ver exposições, assistir a conferências, investigar e estudar o
acervo e interagir com os diferentes grupos sociais. Nessa perspectiva, não pensamos
aqui somente na acessibilidade física, mas também na acessibilidade econômica,
informacional, cultural, etc.

A questão é fornecer toda uma infraestrutura para receber todos os tipos de visitan-
tes, de diferentes níveis de interesse e com suas particularidades – um tipo de aces-
sibilidade universal.

Importante
Lembramos que o art. 27, da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH, 1948) diz que:

“Todo ser humano tem o direito de participar livremente na vida


cultural da comunidade, de fruir das artes e de participar do
progresso científico e de seus benefícios”.

Importante
Para os fins de acessibilidade, conforme o art. 8º do Decreto nº 5.296 de
2 de dezembro de 2004, que trata do tema, considera-se:

I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança e


autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equi-
pamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte
e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e infor-
mação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida.

97
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Um importante fator que está diretamente ligado à acessibilidade é a deficiência. A


condição de deficiência pode estar atrelada a diversos fatores, sejam eles físicos ou
psicossociais. Atualmente, segundo a Classificação Internacional de Funcionalidade
(CIF) desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas que têm
algum tipo de deficiência são classificadas como indivíduos que possuem algum tipo
de limitação física (membros superiores, inferiores, paralisias cerebrais, em partes do
corpo e deficiência do crescimento), intelectual (síndromes e déficit devido a acidentes
ou má-formação) e sensorial (visual e auditiva), em diferentes gradações, que podem
variar de comprometimentos leves, médios e graves até a perda total da capacidade.

Essas deficiências podem ocorrer simultaneamente em um mesmo indivíduo, deno-


minando-se assim de deficiência múltipla, como é o caso dos deficientes auditivos e
visuais (surdos-cegos). Já os idosos, obesos, gestantes, amputados e fraturados são
classificados como pessoas que apresentam uma mobilidade reduzida e que sofrem
exclusão da convivência social, devido às dificuldades de acesso, principalmente fí-
sico, aos equipamentos e atividades.

Em relação aos tipos de deficiência, o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004,


estabelece a pessoa com deficiência como aquela que possui alguma limitação
ou incapacidade para o desempenho de determinada atividade, e a pessoa com
mobilidade reduzida, aquela que tem dificuldade de movimentar-se, permanente ou
temporariamente, reduzindo sua efetividade de mobilidade, flexibilidade, coordenação
motora e percepção.

Leis e normas

Os direitos das pessoas com deficiência, fundamentados nos direitos humanos e na


cidadania, também têm contribuído para a ampliação da acessibilidade, ao mesmo
tempo em que o desafio de universalizá-los tem-se tornado constante, sobretudo por
parte dos poderes públicos.

98
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Legislação
Em âmbito federal, existem várias leis dispostas às pessoas com deficiên-
cia e versam sobre a acessibilidade, como a Lei nº 7.405, de 12 de novem-
bro de 1985, que torna obrigatória a colocação do “símbolo internacional
de acesso” em todos os locais e serviços que permitem sua utilização
por pessoas com deficiência. Já o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro
de 1999, que regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dis-
põe de uma política nacional para a integração da pessoa portadora de
deficiência, consolidando as normas de proteção. Essa política visa a um
conjunto de normas que tem como objetivo assegurar o pleno exercício
dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência.

Em relação às normas de acessibilidade, a organização internacional para padroni-


zação ISO – instituição não-governamental fundada em 1948, formada por mais de
cem países – detém a aprovação de especificações técnicas e, a partir de resultados
em conjunto com a ciência e tecnologia, tem por objetivo a otimização de resultados
para a população.

No Brasil, a primeira norma sobre acessibilidade surgiu em 1985, intitulada ABNT


NBR 9050, tratando da adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa
com deficiência. A diretriz foi uma iniciativa da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), fundada em 1940, o órgão responsável pela normalização técnica
no país. A norma passou por sucessivas melhorias e atualizações, até ser instaurada
pelo Comitê Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB-40) como NBR 9050/2004. Desde
2000, o Comitê Brasileiro promove o acesso e a inclusão das pessoas com deficiência,
estruturando-se em três comissões: meio e edificações, transportes e comunicação.

De acordo com a NBR 9050/2004, acessibilidade é a possibilidade e condição de


alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia
de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, o que deve ser
observado na concepção dos projetos.

Podemos considerar que os espaços inclusivos e acessíveis são aqueles que,


mesmo que gradualmente, vão implementando as medidas de acessibilidade. Assim,
propomos seis dimensões de acessibilidade que deverão existir em todos os tipos de

99
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

ambiente, com o propósito de uma circulação autônoma de qualquer tipo de pessoa,


seja ela com ou sem deficiência:

a) Acessibilidade arquitetônica

Está em oposição às barreiras físicas que podem impedir a circulação e o acesso da


pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Essas barreiras são encontradas no
interior ou nas proximidades de empresas, fábricas, espaços urbanos, parques, locais
de eventos, estabelecimentos de ensino, residências, edifícios públicos ou privados,
meios de transporte coletivo, etc.

Deve-se, assim, tornar acessível desde a entrada dos locais até os demais recintos
localizados no interior dos espaços. A acessibilidade arquitetônica possibilita o
conforto e a independência ao se chegar a algum lugar, além do entendimento
dessas relações espaciais, participando de atividades que ali ocorrem e usufruindo
de equipamentos disponíveis.

b) Acessibilidade metodológica

A importância de se garantir que todos os métodos de ensino, trabalho e lazer possam


ser aplicados a quaisquer tipos de pessoas é fundamental para que não haja exclusão
social, não devendo haver barreiras no campo do lazer, como a não “exposição” de
necessidades especiais de certas pessoas, a fim de que gestores de serviços de lazer
possam estabelecer novos acordos com os seus usuários que têm algum tipo de
deficiência.

c) Acessibilidade instrumental

Quando instrumentos e utensílios utilizados para o trabalho, lazer, estudo e outras


áreas de atuação não atendem às limitações de algum tipo de deficiência, significa
que não se alcançou a acessibilidade instrumental.

d) Acessibilidade programática

As barreiras à acessibilidade programática verificam-se quando as leis, normas,


decretos, portarias, regulamentos, resoluções, ordens de serviço e outros bens
escritos reforçam a exclusão.

100
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Chamadas de “barreiras invisíveis”, elas estão presentes quando as políticas públicas


não obedecem o direito de pessoas com deficiência. São barreiras que se apresentam
de forma implícita e que dificultam o direito de ir e vir de pessoas com deficiência.

e) Acessibilidade atitudinal

Atitudes preconceituosas e discriminatórias que geram estigmas ou estereótipos


em pessoas que tenham diversas características atípicas, como etnia, síndrome,
deficiência, condição social, etc., representam a oposição à acessibilidade atitudinal,
e podem ser revertidas por meio de programas e práticas de sensibilização e de
conscientização para a sociedade.

As barreiras atitudinais podem se manifestar de formas intencionais ou não, porém o


maior problema está na não remoção das mesmas assim que são detectadas, como
é o caso de rotulações, de adjetivações da pessoa com alguma deficiência como um
todo deficiente.

Os autores apontam ainda algumas barreiras atitudinais que podem aparecer sob a
forma de ignorância, quando se desconhece a potencialidade de uma pessoa com
deficiência, ou o medo de manter contato com alguém que possua algum tipo de
deficiência; a rejeição, ao recusar-se a interagir com alguém por causa de limitações;
ou ainda impor uma condição de inferioridade a pessoa com deficiência, subestimar a
capacidade intelectual, e comparar pessoas que têm com as que não têm algum tipo
de deficiência.

Essas barreiras podem se basear em preconceitos ou deles se originar, aparecendo


tanto em ações quanto em omissões. Assim, é necessário o zelo pelo cumprimento
dos direitos das pessoas com deficiência.

f) Acessibilidade comunicacional

Os vários tipos de linguagem, como escrita, verbal e virtual, podem não alcançar todas
as pessoas.

As barreiras comunicacionais em oposição à acessibilidade podem ser superadas


por meio de ações de caráter interpessoal, como a língua de sinais, linguagem
corporal, linguagem gestual, comunicação face-a-face; sob a forma escrita, como
jornais, revistas, livros, incluindo texto em braile, com letras ampliadas para quem
tem baixa visão; notebook, tecnologias assistivas, como a comunicação alternativa;
e comunicação virtual, no campo da acessibilidade digital.

101
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

A última forma de acessibilidade citada é fundamental para a interação com as


pessoas que nos cercam. É a partir da comunicação, seja ela oral, escrita ou gestual,
que é possível exercer a liberdade de expressão, bem como garantir outros direitos
assegurados a todos. A partir dela é que se pode estabelecer um núcleo de convivência
e integração indispensável para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Assim, para que a acessibilidade universal deixe de ser um desejo presente apenas
no discurso dos gestores culturais e se transforme em uma realidade que mude de
fato o espaço físico e as condutas de comunicação, mediação e fruição, é necessário
considerar medidas que adotem o Desenho Universal.

A vantagem de adotar o Desenho Universal como parâmetro para garantir o acesso


para todos os públicos dos museus é permitir que as configurações físicas e
comunicacionais, além da criação de novas estratégias de formação de público,
sejam adequadas para todas as pessoas, sejam quais forem suas características
pessoais, sociais ou de habilidades, uma vez que esses parâmetros consideram uma
escala larga de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos usuários,
para que qualquer ambiente ou produto possa ser alcançado, manipulado e usado,
independentemente do corpo do indivíduo, postura, mobilidade e aptidões sensoriais
ou intelectuais.

Na década de 1990, um grupo de arquitetos e defensores de uma arquitetura e design


mais centrados no ser humano e na sua diversidade reuniu-se no Center for Universal
Design, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a fim de estabelecer
critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendessem
a um maior número de usuários. Esse grupo definiu os sete princípios do Desenho
Universal, apresentados a seguir, que passaram a ser mundialmente adotados em
planejamentos e obras de acessibilidade:

a) Uso equitativo ou igualitário

• Espaços, objetos e produtos podem ser utilizados por pessoas com diferentes
capacidades, tornando os ambientes iguais para todos.
• Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários
com capacidades diferentes.
• Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário.
• Oferecer privacidade, segurança e proteção para todos os usuários.
• Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários.

102
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

b) Uso flexível ou adaptável

• Produtos ou espaços que atendam pessoas com diferentes habilidades e


diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso.
• Criar ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades
de usuários com diferentes habilidades e preferências diversificadas, admitindo
adequações e transformações.
• Possibilitar adaptabilidade às necessidades do usuário, de forma que as
dimensões dos ambientes das construções possam ser alteradas.

c) Uso simples e intuitivo

• De fácil entendimento, para que uma pessoa possa compreender, independen-


temente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem ou nível
de concentração.
• Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independentemente da
experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem
ou nível de concentração.
• Eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e
intuição do usuário.
• Disponibilizar as informações segundo a ordem de importância.
d) Informação de fácil percepção

• A informação é transmitida de forma a atender as necessidades do receptor,


seja ele uma pessoa estrangeira, ou com dificuldade de visão ou audição.
• Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informações sono-
ras, táteis, entre outras, para compreensão de usuários com dificuldade de au-
dição, visão, cognição ou estrangeiros.
• Disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado.
• Maximizar com clareza as informações essenciais.
• Tornar fácil o uso do espaço ou equipamento.
e) Tolerância ao erro

• Previsto para minimizar os riscos e possíveis consequências de ações aciden-


tais ou não intencionais.

103
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

• Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais


de acabamento e demais produtos – como corrimãos, equipamentos eletro-
mecânicos, entre outros – a serem utilizados nas obras, visando a minimizar
os riscos de acidentes.
f) Esforço físico mínimo

• Para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.


• Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira
eficiente, segura, confortável e com o mínimo de fadiga.
• Minimizar ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser evitados.
g) Dimensionamento de espaços para acesso e uso

• Dimensões apropriadas para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso,


independentemente do tamanho do corpo, da postura ou mobilidade do usuário.
• Permitir acesso e uso confortáveis para os usuários, tanto sentados quanto em
pé.
• Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários,
sentados ou em pé.
• Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e con-
tato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e
pegada.

Diagnóstico do Programa de Acessibilidade Universal

Desse modo, a acessibilidade em museus deve permear as exposições, espaços de


convivência, serviços de informação, programas de formação, e todos os demais
serviços básicos e especiais devem estar ao alcance de todos os indivíduos,
perceptíveis a todas as formas de comunicação e com utilização de forma clara,
permitindo a autonomia dos usuários.

Sabemos que a acessibilidade universal propõe a promoção do acesso livre de


barreiras em todas as esferas da sociedade, para todos os lugares, recomendamos
que o museu inicie seu planejamento para essa temática, assim como nos demais
programas, fazendo um levantamento da instituição, por meio de um diagnóstico, que
irá evidenciar as demandas mais urgentes.

104
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Dica

Tal diagnóstico poderá ser conduzido pelas questões abaixo:

• Há sinalização e piso tátil de alerta?


• As instalações do museu seguem os princípios do Desenho Universal?
Os espaços estão preparados para atender os públicos, tendo em vista
as diferentes necessidades? (Lembre-se dos tipos de acessibilidade: ar-
quitetônica, metodológica, instrumental, programática, atitudinal, comu-
nicacional.)?
• As comunicações internas e externas seguem modelos inclusivos?
• As equipes são continuamente sensibilizadas e treinadas para ações e
condutas inclusivas?
• As atividades do museu são divulgadas por meio de diferentes canais de
comunicação?
• Qual o estado de conservação das calçadas/acesso direto à edificação
onde o museu está instalado?
• Qual a especificação dos pisos externos? (Antiderrapante, antitrepidante,
trepidante, derrapante.)
• Há rampas acessíveis?
• Há sinalização e piso tátil de alerta?
• Há sanitários acessíveis (acessórios, dimensões, etc.)? O número é
suficiente? Sua localização está em rota acessível?
• Há sinalização em braile?
• Os desníveis (escadas, rampas) são tratados ou adaptados?
• Há locais adequados para o embarque e desembarque dos públicos?
Esses locais estão próximos às portarias? Estão sinalizados?
• Os bebedouros, telefones, mobiliários são acessíveis?
• Como é realizada a comunicação sonora para deficientes visuais? Ape-
nas nas rotas de fuga?

105
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Metodologia do Programa de Acessibilidade Universal

Após a conceituação e sensibilização para o aspecto da acessibilidade, a equipe deve


se voltar para o diagnóstico e posteriormente tratar as principais demandas, de modo
a priorizá-las. Sabe-se que as alterações de estrutura física são mais facilmente
solucionáveis, enquanto mudanças atitudinais e comunicacionais requerem alteração
no funcionamento da própria instituição.

É importante lembrar da necessidade de construção de programas permanentes de


acessibilidade, o que é diferente da realização de atividades com possibilidade de
participação das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. As instituições
museológicas, assim como estão conceituadas no art. 1º, da Lei nº 11.904/2009,
devem ser “[...] abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento”.
precisam de estrutura e equipes preparadas para atender os públicos (seja interno
ou externo), afinal cada visitante possui sua especificidade e necessidade particular.

Exemplo

Alguns museus já possuem programas estruturados voltados para os


públicos com deficiências. O Museu Lasar Segall (SP) possui a exposição
“Esculturas Táteis”, que materializa o trabalho e a pesquisa sobre linguagem
e acessibilidade. A relação tátil com as esculturas ensina sobre a forma e
provoca a imaginação de maneira abrangente, para além da visualidade.
A exposição conta com nove esculturas, um relevo e audioguia. É possível
ainda consultar o livro “Segall Portátil”, na recepção do museu, que contém
imagens de obras de Lasar Segall e Daniel Bueno, entre outros artistas.

Outros museus estão conseguindo implementar atividades com públicos


com deficiências em parceria com outras entidades, a exemplo do Museu
da República (MR), que já realizou – em parceria com a Sociedade
Beneficente Anchieta, que trabalha com portadores de Síndrome de Down
–, visitas mediadas no museu. O Museu realiza também visitas mediadas
com grupos de deficientes visuais.

106
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

É importante lembrar a necessidade e importância dos museus pensarem a


acessibilidade como um tema prioritário e integrante do seu planejamento, seja por
meio de um programa específico ou nos demais, de forma desmembrada, ou seja, a
obrigação das instituições museológicas com a acessibilidade não deve ser reduzida
a ações ou atividades pontuais. A acessibilidade deve fazer parte da missão, da visão
e dos valores de todos os museus, fazendo cumprir seu papel social e educativo
aberto e a serviço da sociedade.

Álbum de fotografias

Exposição tátil no Museu Lasar Segall. (MLS/Ibram/MinC)

Ação para pessoas com deficiência visual no Museu da República. (MR/Ibram/MinC)

107
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Exposição tátil no Museu Nacional de Belas Artes. (MNBA/Ibram/MinC)

Ação de acessibilidade no Museu Histórico Nacional. A bola com guizos é essencial


para o jogador saber a direção que ela vai tomar. (MHN/Ibram/MinC)

108
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Encerramento do Módulo 3
Parabéns, você concluiu mais uma etapa do curso.

Nos vemos no próximo módulo!

109
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2. PROGRAMA DE GESTÃO DE PESSOAS

BRASIL. Lei nº 11.788 de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio de


estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de
23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, e o art. 6° da Medida Provisória n0 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá
outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11788.htm. Acesso em 30 de novembro de 2016.

____. SECRETARIA DE GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO,


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estabelece orientações sobre a aceitação de estagiários no âmbito da Administração
Pública Federal direta, autárquica e fundacional. Disponível em: https://conlegis.
planejamento.gov.br/conlegis/pesquisaTextual/atoNormativoDetalhesPub.
htm?id=9765. Acesso em 30 de novembro de 2016.

3. PROGRAMA DE ACERVOS

BITTENCOURT, José Neves; PIMENTEL, Thais Velloso Cougo; FERRÓN, Luciana Maria
Abdala. A teoria, na prática, funciona. Gestão de acervos no Museu Histórico Abílio
Barreto. Revista CPC, São Paulo, n.3, p. 91-109, nov. 2006/abr. 2007.

BRASIL. Decreto nº 8.124 de 17 de outubro de 2013, que regulamenta dispositivos


da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da
Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus –
Ibram. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Decreto/D8124. htm. Acesso em 31 de outubro de 2016.

IBRAM. Cartilha 2013 - Gestão de riscos ao patrimônio musealizado brasileiro. Rio de


Janeiro: 2013.

____. Programa para a gestão de riscos ao patrimônio musealizado brasileiro. Rio de


Janeiro: 2013.

PADILHA, Renata Cardozo. Documentação museológica e gestão de acervo. Coleção


Estudos Museológicos. Volume 2. Florianópolis: FCC, 2014.

110
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

RESOURCE: THE COUNCIL FOR MUSEUMS, ARCHIVES AND LIBRARIES. Parâmetros


para a conservação de acervos. Roteiros práticos. Volume 5. Tradução Maurício O.
Santos e Patrícia Souza. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação
Vitae, 2004. Disponível em: http://www.usp.br/cpc/v1/imagem/download_arquivo/
roteiro5.pdf. Acesso em 31 de outubro de 2016.

____. Conservação de coleções. Roteiros práticos. Volume 9. Tradução Maurício O.


Santos e Patrícia Souza. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação
Vitae, 2005. Disponível em: http://www.usp.br/cpc/v1/imagem/download_arquivo/
roteiro9.pdf. Acesso em 31 de outubro de 2016.

SDM/ VITAE APOIO À CULTURA, EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO SOCIAL. Manual de


higienização e acondicionamento do acervo museológico do SDM. Rio de Janeiro:
Serviço de Documentação da Marinha, 2006.

TEIXEIRA, Lia Canola; GHIZONI, Vanilde Rohling. Conservação preventiva de acervos.


Coleção Estudos Museológicos. Volume 1. Florianópolis: FCC, 2012.

4. PROGRAMA DE EXPOSIÇÕES

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: 2004.
Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/
arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_24.pdf. Acesso em 29
de setembro de 2016.

CURY, Marilia Xavier. Exposição: Concepção, montagem e avaliação. São Paulo:


Annablume, 2005.

DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François. Conceitos-chave de museologia. Paris:


ICOM, 2010 Disponível em: http://icom.museum/fileadmin/user_upload/pdf/Key_
Concepts_of_Museology/Conceitos-ChavedeMuseologia_pt.pdf. Acesso em 29 de
setembro de 2016.

FERNANDES, M. Museologia roteiros práticos: Planejamento de exposições 2. São


Paulo: Edusp – Editora da Universidade de São Paulo, 2001.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a


exposição museológica e o conhecimento histórico. In: Anais do Museu Paulista. São
Paulo. N. Ser. v.2 p. 9-42 jan./dez. 1994. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
anaismp/v2n1/a02v2n1.pdf. Acesso em 28 de setembro de 2016.

111
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

5. PROGRAMA EDUCATIVO E CULTURAL

BRASIL. Lei nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus e dá


outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L11904.htm. Acesso em 31 de outubro de 2016.

CHAGAS, Mario; GOUVEIA, Inês. Museologia social: reflexões e práticas (à guisa de


apresentação). Cadernos do CEOM Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina.
Ano 27, n. 41, dez. 2014.

DOCUMENTO preliminar do Programa Nacional de Educação Museal, 2014. Dispo-


nível em: http://pnem.museus.gov.br/wp-content/uploads/2014/02/DOCUMENTO-
-PRELIMINAR.pdf. Acesso em: 20/02/2015.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GAMA, Rita. Algumas questões para a educação em museus. In: RANGEL, Aparecida
et al. (orgs.): Anais do I Seminário de Mediação do Projeto Museus de Ideias; Rio de
Janeiro: Museus Castro Maya, 2013.

LOPES, Maria Margaret. A favor da desescolarização dos museus. Revista Educação


& Sociedade, São Paulo, n. 40, dez. 1991.

MUSEUS EM NÚMEROS. Instituto Brasileiro de Museus. Brasília: Ibram, 2011.

SANTOS, Maria Célia T. Moura. A formação do museólogo e o seu campo de atuação.


Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, v.18, n.18, jun. 2002. Disponível em: http://
revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/365. Acesso
em: 15 de julho de 2016.

____. Encontros museológicos: reflexões sobre a museologia, a educação e o museu.


Rio de Janeiro: MinC/Iphan/ Demu, 2008.

VÁRZEA, Mariana. Todos estão convidados. In: MENDES, Luis Marcelo (org).
Reprograme – Comunicação, branding e cultura numa nova era de museus. Edição
1.6. Nov. 2012.

112
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

6. PROGRAMA DE PESQUISA

ALMEIDA, Adriana Mortara. Estudos de público: a avaliação de exposição como


instrumento para compreender um processo de comunicação. Revista do Museu de
Arqueologia e Etnologia, São Paulo: USP, n. 5, p. 325-334, 1995.

____. Os públicos de museus universitários. Revista do Museu de Arqueologia e


Etnologia da USP, São Paulo, nº 12 p. 205- 217, 2002. Disponível em: http://www.
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2016.

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(mimeo.)

____. Os visitantes do Museu Paulista: um estudo comparativo com os visitantes da


Pinacoteca do Estado e do Museu de Zoologia. Anais do Museu Paulista, São Paulo,
v. 12, p. 269-306, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v12n1/20.
pdf. Acesso em 30 de novembro de 2016.

____. O contexto do visitante na experiência museal: semelhanças e diferenças entre


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arttext&pid=S0104-59702005000400003. Acesso em 30 de novembro de 2016. ;

____.LOPES, Maria Margaret. Modelos de comunicação aplicados aos estudos de


públicos de museus. Revista de Ciências Humanas, UNITAU, v. 9, n. 2, p. 137-145, jul./
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Rio de Janeiro: Museu da Vida, 2003.

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CABRAL SANTOS, Magaly de Oliveira. Pesquisa em museologia e seus diferentes


vetores acadêmicos: desafios para os museus contemporâneos. Boletim do Serviço
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113
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

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____. As pesquisas de público no Museu Histórico Nacional. Anais do Museu Histórico


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DIRETÓRIO DOS GRUPOS DE PESQUISA NO BRASIL – LATTES/CNPQ. Disponível em:


http://lattes.cnpq.br/web/dgp/glossario;jsessionid=blH+isgoLJ11cSjDpy+Yj7-G.
undefined?p_p_id=54_INSTANCE_QoMcDQ9EVoSc&p_p_lifecycle=0&p_p_
state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_count=1&_54_
INSTANCE_QoMcDQ9EVoSc_struts_action=%2Fwiki_display%2Fview&_54_
INSTANCE_QoMcDQ9EVoSc_nodeName=Main&_54_INSTANCE_
QoMcDQ9EVoSc_title=Linha+de+pesquisa. Acesso em 30 de novembro de 2016.

IBRAM. Resolução Normativa nº 03 de 19 de novembro de 2014, que dispõe sobre a


regulamentação de dispositivos do Decreto nº 8.124/2013 quanto à obrigatoriedade
do envio ao Instituto Brasileiro de Museus do quantitativo anual de visitação dos
museus e estabelece outras providências. Disponível em: http://www.museus.gov.br/
wp-content/uploads/2014/11/ResolucaoNormativa3_ContagemPublico.pdf. Acesso
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visitantes: relatório de pesquisa perfil-opinião 2005. Brasília: Gráfica e Editora Brasil,
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114
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

7. PROGRAMA ARQUITETÔNICO-URBANÍSTICO

BRASIL. Decreto nº 8.124 de 17 de outubro de 2013, que regulamenta dispositivos


da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da
Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus –
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2014/2013/Decreto/D8124.htm. Acesso em 31 de outubro de 2016.

____. Lei Federal nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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____. Lei Federal nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da


Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/
BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal –
CAUs. Brasília, 2010.

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FERNANDES, M. Museologia Roteiros Práticos: Planejamento de exposições 2. São


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8. PROGRAMA DE SEGURANÇA

IBRAM. Cartilha 2013 - Gestão de riscos ao patrimônio musealizado brasileiro. Rio de


Janeiro: 2013.

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Janeiro: 2013.

ONO, Rosaria; MOREIRA, Kátia Beatris Rovaron. Segurança em museus. Coleção


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wp-content/uploads/2012/08/Seguranca-em-Museus.pdf. Acesso em 31 de outubro
de 2016.

115
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

RESOURCE: THE COUNCIL FOR MUSEUMS, ARCHIVES AND LIBRARIES. Segurança de


museus. Roteiros práticos. Volume 4. Tradução Maurício O. Santos e Patrícia Souza.
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31 de outubro de 2016.

9. PROGRAMA DE FINANCIAMENTO E FOMENTO

BRASIL. Decreto nº 8.124 de 17 de outubro de 2013, que regulamenta dispositivos


da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da
Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus –
Ibram. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
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planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm. Acesso em: 01 de dezembro de 2016.

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e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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____. Lei Federal nº 12.343 de 2 de dezembro de 2010, que institui o Plano Nacional
de Cultura -PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais –
SNIIC e dá outras providências. Brasília, 2010. Disponível em: http://www.cultura.gov.
br/documents/10907/963783/Lei+12.343++PNC.pdf/e9882c97-f62a-40de-bc74-
8dc694fe777a. Acesso em: 12 de março de2016.

10. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO

CURY, Marilia Xavier. Novas perspectivas comunicacionais para os museus brasileiros.


In: IV Encontro do Fórum Permanente de Museus Universitários e II Simpósio de
Museologia da UFMG, 2007, Belo Horizonte. IV Encontro do Fórum Permanente de
Museus Universitários. Anais. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p. 1-5. Disponível em: .
Acesso em: 20 de março de 2016.

DUARTE, Jorge. Comunicação pública. São Paulo: Atlas, p. 47-58, 2007. Disponível
em: . Acesso em: 19 de março de 2016.

116
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

11. PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL

ARAUJO, Marcelo e BRUNO, Maria Cristina Oliveira. A memória do pensamento


museológico contemporâneo: Documentos e depoimentos. São Paulo: Comitê
Brasileiro do ICOM, 1995, p. 18.

BRASIL. Constituição da República Federativa Brasileira de 05 de outubro de 1988.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocom-
pilado.htm. Acesso em: 20 de setembro de 2015.

____. Decreto nº 8.124 de 17 de outubro de 2013, que regulamenta dispositivos


da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da
Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009, que cria o Instituto Brasileiro de Museus –
Ibram. Brasília, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
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CHAGAS, Mario; STUDART, Denise; STORINO, Claudia (orgs.). Museus, biodiversidade


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Disponível em: http://www.cnj.jus.br/images/gestao-socioambiental-cnj/guia_de_
normas_socioambientais_do_cnj.pdf. Acesso em: 20 de setembro de 2015.

DE VARINE, Hughes. O tempo social. Trad. Fernanda de Camargo-Moro e Lourdes


Rego Novaes. Rio de Janeiro: Livraria Eça Editora, 1987.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: http://www.mma.gov.br/


responsabilidade-socioambiental/a3p. Acesso em: 20 de setembro de 2015.

MUSEU DA INCONFIDÊNCIA/Ibram. Programa socioambiental do Museu da


Inconfidência. Ouro Preto, 2015.

MUSEU DA REPÚBLICA/Ibram. Programa socioambiental do Museu da República. Rio


de Janeiro, 2011.

PIMENTEL, Douglas. Aos pés da Serra da Tiririca: Uma história de todos nós / Douglas
Pimentel ... [et al.]; Márcia Hippertt, ilustrações. 1. ed. Niterói: Alternativa 2013.

117
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

12. PROGRAMA DE ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/
arquivos/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_24.pdf. Acesso em:
31 de outubro de 2016.

BRASIL. Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de


24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm. Acesso em:
31 de outubro de 2016.

____. Decreto Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, que regulamenta as Leis nos


10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas
que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais
e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm.
Acesso em: 31 de outubro de 2016.

____. Lei nº 7.405 de 12 de novembro de 1985, que torna obrigatória a colocação do


‘’Símbolo Internacional de Acesso” em todos os locais e serviços que permitam sua
utilização por pessoas portadoras de deficiência e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1980-1988/L7405.htm. Acesso em:
31 de outubro de 2016.

____. Lei nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus e dá


outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L11904.htm. Acesso em: 31 de outubro de 2016.

CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e


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COHEN, Regina; DUARTE, Cristiane; BRASILEIRO, Alice. Acessibilidade a museus.

118
Módulo 3 – Elaboração dos Programas

Cadernos Museológicos, volume II. Brasília: Instituto Brasileiro de Museus/MinC,


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