2° Ano - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
2° Ano - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
2° Ano - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
EM
Mauro Mendes Ferreira
Governador do Estado de Mato Grosso
1. História .................................................................................................... 1
2. Geografia ................................................................................................ 5
3. Filosofia .................................................................................................. 10
4. Sociologia................................................................................................ 11
Grupo de trabalho
O que é cultura???
CONCEITO DE CULTURA:
O termo cultura possui hoje diversos conceitos. Para se ter ideia da sua abrangência,
estudiosos de diferentes áreas do conhecimento como Antropologia, a Sociologia e a
Psicologia, por exemplo, já dedicaram parte do seu trabalho ao estudo específico do termo
sem, no entanto, chegarem a um consenso. Originalmente, esta expressão vem do latim –
colere – e significa cultivar. Com os romanos, na Antiguidade, a palavra cultura foi usada
pela primeira vez no sentido de destacar a educação aprimorada de uma pessoa, seu interesse
pelas artes, pela ciência, filosofia, enfim, por tudo aquilo que o aspecto, a abrangência do
termo tornou-se, de lá até nossos dias, cada vez maior, sendo aplicado nas mais diversas
situações, ou seja, desde o plantio de um produto agrícola, do cultivo da pesca, criação de
animais etc., até o trabalho científico realizado por pesquisadores das Universidades. A todas
essas atividades, portanto, podemos aplicar o termo cultura.
1
1
Apenas para ilustrar, no Novo Dicionário de Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira, aparecem nada menos que oito conceitos diferentes de cultura. De todos,
vale a pena destacar o terceiro, que parece ser o mais abrangente e o mais completo:
Cultura é:
O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das
instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos
coletivamente e característicos de uma sociedade; civilização: a cultura
ocidental: a cultura dos esquimós.
Assim, e conforme o conceito acima – o que podemos entender por cultura? Cultura,
quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver com a leitura de
um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na realidade, o trabalho do
antropólogo, estudioso da cultura humana, começa pela investigação de culturas, ou seja, pelo
modo de vida, padrões de comportamento, sistema de crenças, que são característicos de cada
sociedade. Em outras palavras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja ele
atrasado ou desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma idêntica aos demais.
Poderá haver, isso sim, algumas semelhanças. O monoteísmo, por exemplo, tornam
semelhantes às sociedades, os povos que acreditam em um só deus. Mas assemelha-os,
apenas. A forma de cultuar esse deus, seu significado, o que ele representa, enfim, todo o
sistema de crenças é diferente de um povo para outro.
No Brasil, as mesmas formas de conduta e os padrões culturais mudam nitidamente
de uma região para outra, embora formalmente haja unidade cultural determinada
principalmente pela unicidade do idioma português e da religião católica. Na prática, porém,
a situação é outra. Há uma cultura regional no Norte do nosso país, que bem caracteriza o
estilo de vida do homem da Amazônia e o diferencia literalmente do habitante do Sudeste e
Sul.
Não bastassem os usos e costumes diferentes, o nortista (assim como o gaúcho e o
nordestino) criou algumas expressões que lhes são próprias. É o que acontece com a palavra
palhaço. Enquanto no Sudeste e Sul ela é sistematicamente usada para xingar, dirigir insultos,
no Norte ela mantém apenas o significado original, ou seja, o artista de circo que faz rir.
Curioso notar que, nesse caso, a pessoa a quem foi dirigida a expressão fica até lisonjeada e
orgulhosa por ter sido comparada a um artista.
O fato significativo, no entanto, é sabermos que jamais encontraremos duas
comunidades com culturas iguais. É preciso notar que a sociedade é formada por um
2
2
contingente organizado de pessoas, regidas pelo mesmo conjunto de normas e leis, que de
alguma forma aprenderam a viver e a trabalhar juntas para a própria manutenção dessa
sociedade. Uma cultura, por outro lado, é também um grupo organizado de padrões culturais,
normas, crenças, leis naturais, convenções, entre outras coisas, em constante processo de
transformação. Assim, apesar da inter-relação cultura e sociedade ser muito estreita e
ininterrupta, de serem mesmo imprescindíveis uma à outra, temos de ter sempre em mente o
seguinte aspecto: são duas coisas distintas que apresentam dinâmicas diferentes.
Nesses termos, é claro, nada impede, por exemplo, que a sociedade brasileira tenha
uma cultura que abranja todo o seu território e, ao mesmo tempo, coexista com essa cultura a
nível nacional e uma outra regional. Até porque a própria dinâmica da cultura, seu processo
de transformação, permite, ao longo do curso da história, a aquisição de novos elementos e o
abandono (quase sempre por desuso) de outros. Esse fenômeno é universal e tem influências
no folclore de qualquer sociedade. Com o advento dos veículos de comunicação de massa,
vamos notar que esse processo, em parte, tende a se homogeneizar.
Referências
LINTON, Ralph. O homem: Uma introdução à antropologia. 3ª ed., São Paulo: Livraria
Martins Editora, 1959. Apud. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito
antropológico. 16ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003, p.106-108.
CALDAS, Waldenyr. O que todo o cidadão precisa saber sobre cultura. São Paulo:
Global, 1986. Disponível em: <http://novocorte.com/quadroegiz/mat_prof/cons_dif3.pdf>.
Acesso em: 9 abr. 2020.
3
3
A miscigenação cultural, no entanto, possibilita que um pouco da diversidade
cultural da Ásia resida na América. Que uma parcela da África esteja na Europa, e assim por
diante.
A globalização não só abrangeu o mundo no campo da economia e da comunicação.
Ela também possibilitou uma troca de experiências; uma vazão da diversidade cultural que
pouco se via em alguns lugares, e agora se espalha pelo mundo.
4
4
Além disso, uma forte política global tem inserido costumes dos próprios Estados
Unidos e Reino Unido (e Irlanda) no Brasil. O feriado de Halloween e o dia de São Patrício
são exemplos desta influência recente.
Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo1ª ed., São Paulo: Editora Ática, 2007, p. 592.
Disponível em: <https://www.todoestudo.com.br/geografia/diversidade-cultural>. Acesso em:
9 abr. 2020.
5
5
Entretanto os recursos hídricos brasileiros não estão distribuídos de forma
homogênea em seu território, justamente as áreas menos povoadas do país é que concentram
a maior parte dos recursos hídricos, confira na tabela abaixo.
A rede hidrográfica
brasileira é caracterizada por rios
caudalosos e perenes, ou seja,
que não secam. Dentre os rios
perenes brasileiros podemos
destacar o rio Amazonas, o
Paraná, o Tocantins e o São
Francisco. Observe na imagem
ao lado a foto de um rio perene.
(Imagem disponível
em:https://www.google.com/search?q=imagens+de+rios+perenes.Acesso em 09/04/2020).
6
6
Também existem rios
intermitentes, aqueles que secam
durante a estiagem, como
podemos observar na imagem ao
lado. (Disponível em:
https://www.google.com/search?q
=imagens+de+rios+perenes,
Acesso 09/04/2020).
O território brasileiro possui em sua maior parte rios perenes com sistema de
alimentação pluvial tropical, ou seja, são abastecidos pelas águas das chuvas, principalmente
no período correspondente ao verão, com períodos de cheias nessa estação e vazante no
período do inverno quando o índice pluviométrico diminui. Com exceção de alguns rios
nordestinos cujas cheias ocorrem entre as estações do outono e inverno.
Na porção setentrional do sertão nordestino estão localizados os rios intermitentes,
do território brasileiro, em uma região de clima semi-árido tendo como característica
principal o regime irregular de chuvas, sendo este um dos maiores responsáveis pela
existência destes rios nesta região. Seu desaparecimento temporário no período de seca
ocorre devido o lençol freático se tornar mais baixo do que o nível do canal do rio, e cessando
sua alimentação, devido ao período de estiagem.
Grande parte dos rios brasileiros apresenta a foz em forma de estuário. Um estuário
é o ambiente aquático de transição entre um rio e o mar. O estuário sofre a influência das
marés e apresenta fortes gradientes ambientais, desde águas doces próximos da sua cabeceira,
águas salobras, e águas marinhas próximo da sua desembocadura.
Estuário do Rio São Francisco
7
7
Disponível em: https://www.google.com/search?q=imagens+de+um+rio+em+estuário. Acesso 09 abr.
2020
Mas existem exceções, há rios em forma de delta. Na geografia, designa-se por delta
a foz de um rio formada por vários canais ou braços
do leito do rio. Esse tipo de foz é comum em rios de
planícies, devido à pequena declividade e,
consequentemente, pequena capacidade de descarga
de água, o que favorece o acúmulo de areia e
aluviões na foz do rio. Como pode observar na
imagem ao lado (Disponível em:
https://www.google.com/search?q=imagens+de+u
m+rio+em+estuario. Acesso em 09/04/2020).
O sistema de drenagem dos rios brasileiros em sua grande maioria é exorreica, ou
seja, suas águas fluem do interior do continente para os oceanos. Grande parte destes rios
estão localizados em regiões de planalto, apresentando encachoeiramento e permitindo seu
aproveitamento para hidrelétricas, pois quanto maior for o desnível do planalto, maior será o
potencial hidrelétrico. Já os rios de planície não apresentam grandes declives acentuados ou
expressivos em seu curso o que favorece a navegação
Bacia hidrográfica corresponde a uma área drenada por um rio principal, seus
afluentes e subafluentes. A
topografia do terreno é
responsável pela drenagem da
água, além de ser responsável
por delimitar as bacias, ou seja,
as partes mais altas do relevo
determinam para onde as águas
da chuva irão escoar. A
hidrografia brasileira está
dividida em oito bacias, de
8
8
acordo com a imagem ao lado (Imagem disponível em
http://murilocardoso.com/2012/01/23/mapas-regioes-hidrograficas-bacias-hidrograficas-e-
sub-bacias-do-brasil. Acesso em 09 abr. 2020).
3. Filosofia
TEXTO 1:
9
9
Fonte: pt.wikipedia.org
10
10
Axum chegará ao fim devido à expansão muçulmana e a pressão de reinos vizinhos.
A população do Império foi forçada a se isolar no interior de seu território, causando
consequente declínio de sua cultura e comércio, apagando aos poucos os traços desta distinta
sociedade. O Império Axumita seria sucedido pelo Estado constituído pela dinastia Zagwe,
que floresceu por volta do século XI.
11
11
(Imagem: google)
12
12
Émile Durkheim. Ao analisar a questão da política e do Estado, Durkheim teve
como referência fundamental a sociedade francesa de seu tempo. Como sempre esteve
preocupado com a coesão social, inseriu-a de forma clara na questão. Para ele, o Estado é
fundamental numa sociedade que fica cada dia maior e mais complexa, devendo estar acima
das organizações comunitárias. Durkheim dizia que o Estado “concentrava e expressava a
vida social”. Sua função seria eminentemente moral, pois ele deveria realizar e organizar o
ideário do indivíduo e assegurar-lhe pleno desenvolvimento. E isso se faria por meio da
educação pública voltada para uma formação moral sem fins conceituais ou religiosos.
De acordo com o filósofo, o Estado não é antagônico ao indivíduo. Foi o Estado que
emancipou o indivíduo do controle despótico e imediato dos grupos secundários, como a
família, a Igreja e as corporações profissionais, dando-lhe um espaço mais amplo para o
desenvolvimento de sua liberdade.
Para Durkheim, na relação entre o Estado e os indivíduos, é importante saber como
os governantes se comunicam com os cidadãos, para que estes acompanhem as ações do
governo. A intermediação deve ser feita por canais como os jornais e a educação cívica ou
pelos órgãos secundários que estabelecem a ponte entre governantes e governados,
principalmente os grupos profissionais organizados, que são a base da representação política
e da organização social.
Quando se refere aos sistemas eleitorais, Durkheim critica os aspectos numéricos do
que se entende por democracia. Tomando como exemplo as eleições de 1893 na França,
declara que havia no país, naquele ano, 38 milhões de habitantes. Tirando as mulheres, as
crianças, os adolescentes, todos os que eram impedidos de votar por alguma razão, apenas 10
milhões eram eleitores. Desses 10 milhões, foram votar em torno de 7 milhões. Os deputados
eleitos, ou seja, os vencedores das eleições somaram 4 592 000 de votos e os que não
venceram tiveram 5 930 000 de votos, número superior ao dos vencedores.
Conclui Durkheim: “[...] se nos ativermos às considerações numéricas, será preciso
dizer que nunca houve democracia”. Para Durkheim, portanto, o Estado é uma organização
com um conteúdo inerente, ou seja, os interesses coletivos.
Max Weber. Cinquenta anos depois da publicação do Manifesto Comunista, por
Marx e Engels, num momento em que o capitalismo estava mais desenvolvido e
burocratizado, Weber escreveu sobre as questões do poder e da política. Questionava: como
será possível o indivíduo manter sua independência diante dessa total burocratização da vida?
Esse foi o tema central da Sociologia política weberiana. Se Durkheim tinha como foco a
sociedade francesa, Weber manifestava uma preocupação específica com a estrutura política
13
13
alemã, mas levava em conta também o sistema político dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Além disso, estava atento ao que acontecia na Rússia, principalmente após a revolução de
1905.
Para ele, na Alemanha unificada por Otto von Bismarck, o Estado era fundamentado
nos seguintes setores da sociedade: o Exército, os junkers (grandes proprietários de terras), os
grandes industriais e a elite do serviço público (alta burocracia). Em 1917, escrevendo sobre
Bismarck, dizia que este havia deixado uma nação sem educação e sem vontade política,
acostumada a aceitar que o grande líder decidisse por ela.
Ao analisar o Estado alemão, Weber afirma que o verdadeiro poder estatal está nas
mãos da burocracia militar e civil. Portanto, para ele, o “Estado é uma relação de homens
dominando homens” mediante a violência, considerada legítima, e “uma associação
compulsória que organiza a dominação”. Para que essa relação exista, é necessário que os
dominados obedeçam à autoridade dos que detêm o poder. Mas o que legitima esse domínio?
Para Weber há três formas de dominação legítima: a tradicional, a carismática e a legal.
A dominação tradicional é legitimada pelos costumes, normas e valores tradicionais
e pela “orientação habitual para o conformismo”. É exercida pelo patriarca ou pelos príncipes
patrimoniais. A dominação carismática está fundada na autoridade do carisma pessoal (o
“dom da graça”), da confiança na revelação, do heroísmo ou de qualquer qualidade de
liderança individual. É exercida pelos profetas das religiões, líderes militares, heróis
revolucionários e líderes de um partido.
A dominação legal é legitimada pela legalidade que decorre de um estatuto, da
competência funcional e de regras racionalmente criadas. Está presente no comportamento
dos “servidores do Estado”.
Para Max Weber, portanto, o Estado é uma organização sem conteúdo inerente;
apenas mais uma das muitas organizações burocráticas da sociedade.
14
14
(Imagem: google)
15
15
desigualdade. Essas ideias ainda estão presentes nos dias de hoje, expressando-se, por
exemplo, quando se afirma que o povo não sabe votar, que para ser deputado, senador ou
mesmo presidente da República são necessários determinados atributos que, normalmente, só
os membros das classes proprietárias possuem, como nível universitário, experiência
administrativa, etc. A ação e o discurso contra a presença de trabalhadores, ou daqueles que
defendem seus direitos, no Parlamento ou em cargos executivos, é algo muito antigo, mas
está presente na sociedade contemporânea em geral, e muito claramente no Brasil.
Muitas pessoas também pensam que só se pode fazer política institucional por meio
dos partidos políticos. Mas os partidos nasceram por causa da pressão exercida por quem não
tinha acesso ao Parlamento. No início do Estado liberal, a ideia de partido era inaceitável,
pois se considerava que o Parlamento devia ter unidade de formação e pensamento, não
comportando divisões ou “partes” (o que a palavra partido expressa). Votavam e eram
votados, na prática, apenas os que possuíam propriedades e riqueza, ou seja, aqueles que
podiam viver para a política, já que não precisavam se preocupar com seu sustento. Assim, o
Parlamento reunia os proprietários. Estes discutiam as leis que regeriam a sociedade como
um todo com base na visão deles.
Somente quando outros setores da sociedade começaram a lutar por participação na
vida política institucional, principalmente os trabalhadores organizados, os partidos políticos
começaram a aparecer e a defender interesses diferentes: de um lado, o daqueles que queriam
mudar a situação e, de outro, o daqueles que queriam mantê-la.
Pelas razões expostas, o pensador francês Claude Lefort, em seu livro A invenção
democrática (1983), afirma que é uma aberração considerar a democracia uma criação da
burguesia. Essa classe sempre procurou impedir que o liberalismo se tornasse democrático,
limitando o sufrágio universal e a ampliação de direitos, como os de associação e de greve, e
criando outras tantas artimanhas para excluir a maior parte da população da participação nas
decisões políticas. Por isso, para ele, a democracia é a criação contínua de novos direitos.
Não é apenas consenso, mas principalmente a existência de dissenso.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos propõe outros elementos para
analisar a questão da democracia e da representação. Ele afirma que a democracia no mundo
contemporâneo nos oferece duas imagens muito contrastantes. Por um lado, a democracia
representativa é considerada internacionalmente o único regime político legítimo. Por outro,
existem sinais de que os regimes democráticos, nos últimos vinte anos, traíram as
expectativas da maioria da população, principalmente das classes populares.
16
16
As revelações mais frequentes de corrupção permitem concluir que alguns
governantes legitimamente eleitos usam o mandato para enriquecer à custa do povo e dos
contribuintes. Há também o desrespeito dos partidos por seus programas eleitorais logo após
as eleições, o que faz os cidadãos sentirem-se pessimamente representados e acreditarem
cada vez menos na democracia representativa.
17
17
outros documentos. A sociedade de controle está aparecendo lentamente, e alguns de seus
indícios já são perceptíveis. Ela é como uma “prisão ao ar livre”, na expressão do filósofo e
sociólogo alemão Theodor Adorno. Os métodos de controle utilizados são de curto prazo e de
rotação rápida, mas contínuos e ilimitados. São permanentes e de comunicação instantânea.
Como não têm um espaço definido, podem ser exercidos em qualquer lugar. Exemplos de
modos de controlar as pessoas constantemente são as avaliações permanentes e a formação
continuada.
Outra forma de controle contínuo são os “conselhos” a respeito da saúde que estão
presentes em todas as publicações, na televisão e na internet: “Não coma isso porque pode
engordar ou aumentar o nível de colesterol ruim. Faça exercícios pela manhã ou pela tarde,
desta ou daquela maneira, para ter uma vida mais saudável. Tome tal remédio para isso, mas
não tome para aquilo”. Os controles nos alcançam em todos os momentos e lugares. Não há
possibilidade de fuga. Se na sociedade disciplinar o elemento central de produção é a fábrica,
na de controle é a empresa, algo mais fluido. Se a fábrica já conhecia o sistema de prêmios, a
empresa o aperfeiçoou como uma modulação para cada salário, instaurando um estado de
eterna instabilidade e desafios. Se a linha de produção é o coração da fábrica, o serviço de
vendas é a alma da empresa.
(Imagem: google)
18
18
Ao ser interiorizada, a coerção afinal aparece como um imperativo. Se tudo pode ser
comprado e vendido, por que não as consciências, os votos e outras coisas mais? A corrupção
em todos os níveis ganhou nova potência. O que nos identifica cada vez mais é a senha. Cada
um de nós é apenas um número, parte de um banco de dados de amostragem. A quantidade
de senhas de que necessitamos para nos relacionar virtualmente com as pessoas ou com
instituições é enorme e, sem elas, ficamos isolados.
Se na sociedade disciplinar há sempre um indivíduo vigiando os outros em várias
direções num lugar confinado, na sociedade de controle todos olham para o mesmo lugar. A
televisão é um bom exemplo disso, pois milhares de pessoas estão sempre diante do aparelho.
Na final do campeonato mundial de futebol em 2006, cerca de um bilhão e meio de pessoas
estavam conectadas ao jogo.
[**Conteúdo retirado do Livro Sociologia para o ensino médio / Nelson DacioTomazi. 2ª ed.,
São Paulo : Saraiva, 2010. p. 103-112]
19
19