Instalação de Som Automotivo-03-064

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Instalação de Som Automotivo

Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco


Presidente
Jorge Wicks Côrte Real

Departamento Regional do SENAI de Pernambuco


Diretor Regional
Sérgio Gaudêncio Portela de Melo

Diretora Técnica
Ana Cristina Cerqueira Dias

Diretor Administrativo e Financeiro


Heinz Dieter Loges

Ficha Catalográfica
629.277 SENAI.DR/PE. INSTALAÇÃO DE SOM AUTOMOTIVO, Recife,
S474i SENAI/DITEC/DET, 2013.
1. AUTOMÓVEL – EQUIPAMENTO DE ENTRETENIMENTO
2. SOM DE AUTOMÓVEL - INSTALAÇÃO
3. EQUIPAMENTO DE SOM - AUTOMÓVEL
I.Título

Direitos autorais de propriedade exclusiva do SENAI/PE. Proibida a reprodução parcial ou total,


fora do Sistema SENAI, sem a expressa autorização do Departamento Regional de
Pernambuco.

SENAI – Departamento Regional de Pernambuco


Rua Frei Cassimiro, 88 – Santo Amaro
50100-260 – Recife – PE.
Tel. (81) 3202-9300
Fax: (81) 3222-3837
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 5
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE .............................................................. 6
Conceitos fundamentais ................................................................................. 6
Grandezas elétricas ........................................................................................ 7
FONTE DE ENERGIA ...................................................................................... 16
Bateria e suas principais características ....................................................... 16
Cálculo de reserva ........................................................................................ 22
O SOM, MECANISMOS DE SUPORTE, RECEPÇÃO E PROPAGAÇÃO. .............. 25
O som ........................................................................................................... 25
Potência Sonora ........................................................................................... 27
Como calcular a potência ............................................................................. 27
Alto-falantes .................................................................................................. 29
Chicotes e fiações ........................................................................................ 35
Antenas......................................................................................................... 35
Cabos de força ............................................................................................. 36
Frequência .................................................................................................... 37
Associação de alto-falantes .......................................................................... 38
Intensidade sonora e seus efeitos ................................................................ 46
Tweeters ....................................................................................................... 51
Woofers e subwoofers .................................................................................. 55
Caixa selada: cálculo de volume .................................................................. 64
CONCLUSÃO .................................................................................................. 67
ANEXO - TABELAS ........................................................................................ 68
Frequências de corte típicas ......................................................................... 68
Tabela de atenuação .................................................................................... 68
Tabelas de Filtros – passa-alta e passa-baixa.............................................. 69
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 71
SENAI-PE

APRESENTAÇÃO

Sabemos que a área automotiva tem sido alvo de grandes investimentos que
resultam em inovações e avanços de ano para ano.

Esta apostila trata dos fundamentos tecnológicos, cálculos e procedimentos


recomendados para a correta instalação de som automotivo.

Assim, você aprenderá a calcular fusível, secção nominal de fios, impedância,


associação de alto-falantes, a fazer ligação em “bridge”, instalação em veículos
pré-dispostos, projeto de som adequado a cada veículo (para dentro e para
fora – neste último caso, os chamados trios elétricos), instalação de CD player,
DVD e amplificador.

Cabe, neste momento, fazer uma referência aos cuidados com a segurança no
trato com a eletricidade, ela trouxe muitos ganhos para a vida das pessoas,
porém, descuidos poderão ter consequências muito sérias para a saúde.

Pelo panorama aqui apresentado, é fácil concluir que o curso trará um conjunto
de conhecimentos de grande valor para a atuação profissional nesse campo.

É nossa expectativa que você se integre ao curso e obtenha o máximo de


proveito.

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SENAI - PE

FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE

Os fundamentos de eletricidade são a base científica que sustenta as


tecnologias empregadas na área automotiva.

Por isso, é necessário que você estude esses fundamentos para melhor
entender os fenômenos que ocorrem quando trabalhamos com a eletricidade.

Neste capítulo você vai identificar e caracterizar as grandezas elétricas, a lei de


Ohm e aprenderá a interpretar os resultados mostrados pelo multímetro.

Para entender a eletricidade, tão necessária aos nossos dias, vamos começar
o nosso estudo pelos seguintes conceitos:

Conceitos fundamentais

Matéria

Analisando o conceito de matéria podemos dizer, de forma bem simples, que é


tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço.
Exemplo:
Um copo com água (água: matéria contida no copo).

Fenômeno

As coisas com que temos contato e não ocupam lugar no espaço. Os


fenômenos não são considerados matéria.

Molécula

É a matéria dividida em sua menor parte, que conserva as características da


matéria original.

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SENAI - PE

Átomo
É a menor partícula que constitui uma matéria.

Elétron

Figura 1- Representação do átomo.

Composição do átomo

Figura 2 - Representação dos íons positivo e negativo.

Grandezas elétricas

Tensão elétrica

A diferença entre os trabalhos ou a carga de elétrons expressa a diferença


de potencial elétrico entre esses dois corpos.

A diferença de potencial (abreviada para ddp) existe entre corpos


eletrizados com cargas diferentes ou com o mesmo tipo de carga.

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SENAI-PE

Exemplo:

Figura 3 - Representação da ddp.

A diferença de potencial elétrico entre dois corpos eletrizados também é


denominada de tensão elétrica e seu símbolo é a letra U.

A unidade de medida de tensão elétrica é o volt, representado pelo símbolo V.

Tabela 1 - Unidade, múltiplos e submúltiplos do volt.

Corrente elétrica

É um movimento orientado de cargas, provocado pelo desequilíbrio elétrico da


ddp entre dois pontos.

Existe tensão sem corrente, mas nunca existirá corrente sem tensão.

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SENAI - PE

Porque isso acontece? Isto acontece porque a tensão orienta as cargas


elétricas por meio da diferença de potencial.

Figura 4 - Representação da corrente elétrica.

O símbolo para representar a intensidade da corrente elétrica é a letra I.

A unidade de medida da intensidade da corrente elétrica é o Ampère,


representado pelo símbolo A.

Cálculo da corrente elétrica

P
Fórmula para calcular corrente elétrica P
I=
E
E I

Unidades de medida da corrente elétrica

Tabela 2 - Unidade, múltiplos e submúltiplos da corrente elétrica.

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SENAI - PE

Tensão e corrente contínua

Sentido convencional
R
da corrente
(Carga)

Sentido real ou eletrônico da corrente

Figura 5 - Representação da corrente contínua.

Tensão e corrente alternada

Figura 6 - Representação da corrente alternada.

Potência Elétrica

Quantidade necessária de energia que um corpo utiliza ou fornece para realizar


trabalho em um determinado tempo.

O trabalho realizado pela corrente elétrica é chamado de potência elétrica e o


símbolo para representar a potência elétrica é a letra P.

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SENAI - PE

A unidade de medida da potência elétrica é o Watt, representado pelo símbolo


W.

Tabela 3- Unidade e múltiplos da potência elétrica.

Cálculo da potência elétrica

P
Fórmula para calcular potência elétrica P=ExI

E I

Resistência Elétrica
Oposição que um material apresenta ao fluxo de corrente elétrica.

A resistência elétrica de um material depende da facilidade ou da dificuldade


com que esse material libera cargas para circulação.

Figura 7 - Representação da resistência elétrica.

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SENAI - PE

O símbolo para representar a resistência elétrica é a letra R.

A unidade de medida da resistência elétrica é o Ohm, representado pelo


símbolo Ω (lê-se ômega).

Tabela 4 - Unidade e múltiplos da resistência elétrica.

O que vimos até aqui pode ser comparado a um sistema hidráulico.

Analise as ilustrações seguintes. Cada um dos conceitos que estamos


estudando – tensão, corrente e resistência – pode ser comparado ao que
acontece com o sistema hidráulico.

. .
.
Figura 8 - Comparação da tensão, corrente e resistência com o sistema hidráulico.

Lei de Ohm
Estabelece uma relação matemática entre as grandezas elétricas: tensão
(U), corrente (I) e resistência (R) em um circuito.

Fórmula 2 da lei de Ohm

= Tensão é igual à resistência multiplicada pela corrente.

= Resistência é igual à tensão dividida pela corrente.

= Corrente é igual à tensão dividida pela resistência.

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SENAI - PE

Instrumento de Medição

Multímetro

O multímetro é um instrumento que inclui pelo


menos voltímetro, amperímetro e ohmímetro,
sendo uma ferramenta indispensável ao
eletricista, que permite a ele diagnosticar
defeitos de maneira direta.

Figura 9 - Multímetro.

Funções mínimas de um multímetro

Figura 10 - Multímetro e suas funções.

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SENAI - PE

• Leitura de tensão contínua com multímetro

1. Selecione a escala
de tensão contínua
com um valor acima
do que será medido.

2. Conecte as
ponteiras em
paralelo com
componente a
ser testado.

Figura 11 - Leitura de tensão contínua

• Leitura de corrente contínua com multímetro

1. Selecione a
escala de
corrente contínua
com um valor
acima do que
será medido.

2. Conecte as
ponteiras em série
com o componente
a ser testado.

Figura 12 - Leitura de corrente contínua.

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SENAI - PE

• Leitura de resistência elétrica com multímetro

1. Selecione a
escala de
resistências.

2. Conecte as ponteiras em
paralelo com o componente a
ser testado (desenergizado).

Figura 13 - Leitura de resistência elétrica.

Vamos revisar: passos para utilização segura do multímetro:

1º - defina a grandeza elétrica;


2º - posicione os cabos;
3º - posicione o seletor;
4º - defina a unidade de medida (múltiplo ou submúltiplo);
5º - faça a leitura no visor.

Concluímos essa breve revisão de conceitos, fundamentais para que você


possa entender os assuntos que serão apresentados nos próximos capítulos.

A seguir, vamos estudar a principal fonte de energia utilizada nos veículos


automotores: a bateria.

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SENAI - PE

FONTE DE ENERGIA

Bateria e suas principais características

A bateria automotiva é um acumulador elétrico que


acumula energia sob a forma química, e
posteriormente a converte em energia elétrica.
Para que esse processo funcione com eficiência, é
muito importante conhecer a qualidade das
baterias.

Figura 14 – Bateria.

• Função da bateria no veículo


A principal função de uma bateria automotiva é fornecer energia elétrica
ao motor de partida e ao sistema de ignição do veículo.
Alimentar todo o sistema elétrico do veículo quando o motor não estiver
em funcionamento.
Auxiliar o alternador na alimentação de todo o sistema elétrico do
veículo, por tempo determinado se, por algum motivo, o alternador não
conseguir fornecer a totalidade da corrente elétrica. Por exemplo, em
baixas rotações.
Estabilizar a tensão do sistema elétrico como um todo.

• Construção de uma bateria

Figura 15 - Bateria em corte mostrando seus componentes.

16
SENAI - PE

• Indicador de carga (Charge Eye)


O indicador de carga fica embutido na tampa e tem a função de indicar o
estado de carga em que a bateria se encontra.

Uma esfera que está dentro do indicador irá elevar-se de acordo com a
densidade do eletrólito, tornando visível no centro do indicador um tom de cor
que poderá ser: verde escuro ou claro, conforme o estado de carga da bateria.

Indicador de carga da bateria

Figura 16 – Bateria com Indicador de carga

• Eletrólito
O eletrólito é uma solução de ácido sulfúrico com densidade que varia
conforme a carga da bateria. A faixa de variação1 da massa específica
(densidade) do eletrólito de baterias para aplicação em clima tropical deve ser
de 1.240 a 1.260 g/l e, para aplicação em clima frio, deve ser de 1.270 a 1.290
g/l.

Indicador de densidade

Figura 17- Bateria com Indicador de densidade.

• CCA ou corrente de partida a frio


A principal função da bateria é fornecer energia ao motor de arranque e
consequentemente fazer o motor principal do veículo funcionar.

Em baixas temperaturas, o sistema elétrico como um todo requer maior energia


nas partidas, ou seja, uma grande descarga em ampères. O número CCA de
uma bateria é a capacidade que ela tem de fornecer uma determinada corrente
de partida ao veículo, a uma determinada temperatura, obedecendo a uma
tensão final em condição normalizada.

1
Variação com temperatura de referência de 27°C em baterias completamente carregadas.
17
SENAI - PE

A norma SAE2 mede a descarga em ampères que uma bateria totalmente


carregada manterá, durante 30 segundos, a uma temperatura de –18°C sem
que a tensão entre os polos caia abaixo de 7,2 volts.
• Instalação da bateria no veículo
Instalar apenas baterias boas e plenamente carregadas (maior que 12,3
volts).
Aplicar somente o tipo de bateria recomendado para o veículo.
Ao instalar a bateria, conectar primeiro o terminal positivo e depois o
negativo.
Verificar se há bom contato entre os terminais dos cabos e os polos da
bateria (não colocar graxa ou outro produto diretamente nos polos da
bateria).
Verificar se os seguintes itens do sistema elétrico do veículo estão em
conformidade com as especificações: motor de partida, alternador,
regulador de voltagem e fuga de corrente, conforme procedimentos
descritos nesta apostila.

• Precauções
Antes de retirar ou instalar a bateria no veículo, leia o Manual do
Proprietário referente a cuidados e procedimentos específicos para cada
aplicação.
Ao retirar a bateria usada, desligue todas as cargas possíveis
(lanternas, motor, rádio, etc.). A seguir, desconecte primeiro o cabo
negativo e depois o positivo.
Ao instalar a bateria nova, verifique se não foram deixados objetos na
bandeja do veículo, como porcas, parafusos, etc.
Coloque a bateria nova na bandeja e fixe-a corretamente.
Conecte primeiro o cabo positivo ao polo positivo da bateria e depois o
terminal negativo ao polo negativo, fixando-os firmemente.
Evite curto-circuito com ferramentas ou cabos entre o terminal positivo
da bateria e a lataria do veículo (terra).

ATENÇÃO! Ácido Sulfúrico

O ácido sulfúrico é um líquido corrosivo que pode causar queimaduras ou


irritações na pele e nos olhos, podendo também danificar roupas. Portanto,
muita atenção ao lidar com a bateria e esse líquido.

2
SAE: Society of Automotive Engineers.
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SENAI - PE

• Fuga de corrente ou Stand-by

No veículo, mesmo quando desligado, existem alguns equipamentos que


permanecem em constante funcionamento. É o caso de alarmes, memórias de
rádio e injeção eletrônica ou da ignição, computador de bordo, etc. Isto provoca
o consumo de energia da bateria. O consumo pode ainda ser provocado por
uma falha na parte elétrica do veículo, como a luz do porta-luvas ou porta-
malas acesa por problemas no interruptor. Esse consumo em excesso pode
descarregar a bateria em pouco tempo. Para evitar descargas na bateria,
verifique a fuga de corrente.

Consumo máximo por equipamento


Equipamento Consumo máximo
Computador de bordo 05 mA
Alarme 10 mA
Central de levanta-vidros 05 mA
Central de ignição 05 mA
Central de injeção 05 mA
Relógio digital 03 mA
Rádio com sistema e código 03 mA
Relógio analógico 07 mA
Tabela 5 - Indicador de fuga de corrente para cada equipamento.

A fuga de corrente máxima para veículos leves é:


Até 20 mA para baterias até 45 Ah.
Até 40 mA para baterias entre 50 Ah a 70 Ah.
Até 70 mA para baterias entre 75 Ah a 90 Ah.

A fuga de corrente máxima para caminhões e ônibus é de aproximadamente


280 mA em função dos equipamentos instalados.

Consumo máximo por equipamento:


Consumo
Equipamento
máximo
Tacógrafo 100 mA
Rastreador via satélite 120 mA
Anjo da guarda 40 mA
Catraca eletrônica 20 mA
Tabela 6 - Indicador de consumo para baterias de 100 a 200 Ah.

Até 280 mA para baterias entre 100 Ah a 200 Ah.


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SENAI - PE

Para medir a fuga de corrente:


• ligue o amperímetro entre o polo negativo e o cabo de terra do veículo, com
todos os consumidores elétricos desligados;
• nunca meça fuga de corrente utilizando uma lâmpada ligada em série no
circuito.

Uma grande dúvida da maioria dos instaladores de som é saber dimensionar o


fusível do sistema.

1 - Primeiramente devemos calcular a corrente que o sistema vai consumir.

Onde:
I é a corrente máxima consumida, Potência em RMS é a potência realmente
utilizada, não necessariamente a potência nominal do amplificador.

Fórmula para calcular a corrente para indicar o fusível ideal.

Potência (RMS) x 2
I= 12V

Exemplo: amplificador de 4 x 50W RMS em 4 Ohms (200W total), mas estão


sendo utilizados falantes de 8 Ohms, portanto o amplificador estará fornecendo
4 x 25W, total de 100W RMS.

2 - Devido à característica da grande maioria dos amplificadores ter rendimento


de 50%, isto é, metade da corrente que ele consome é dissipada em calor e a
outra metade é utilizada para movimentar o ar (pelos falantes) gerando o som,
assim a corrente é proporcional a duas vezes a potência nominal do
amplificador.

12 é a tensão nominal da bateria.


Exemplo:
Sistema com 300W RMS.

Potência (RMS) x 2 300W x 2 600W


I= = = = 50A
12V 12V 12V

Pronto: calculamos a corrente máxima que vai passar pelos cabos e pelo
fusível. Mas é só isso???. Não!!!!. A principal função do fusível é proteger o
sistema elétrico do carro contra um eventual curto-circuito ou sobrecarga no
projeto sonoro. Portanto, para termos 100% de proteção devemos considerar a
máxima corrente que a bateria pode fornecer (o dimensionamento dos cabos
serão verificados mais adiante).

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SENAI - PE

Para manter sua bateria protegida devemos achar o valor máximo do fusível a
ser utilizado.

Geralmente, a bateria automotiva vem especificada em A/h ou minutos de


capacidade de reserva (MRC = minutes of reserve capacity). A/h significa a
máxima corrente que a bateria pode fornecer durante uma hora até se esgotar
e MCR (minutos de capacidade de reserva) significa o tempo em que ela
consegue fornecer o máximo de energia. Carros populares geralmente
possuem bateria de 45 A/h e carros de médio porte, 55A/h e 60MCR. Outra
especificação é a corrente de partida (ou CCA = cold cranking amps), que
indica a corrente máxima de pico, em frações de segundo, útil somente quando
estudamos o que ocorre na hora da partida do motor, não tendo influência
quando estudamos um projeto sonoro.

Para sabermos a corrente máxima da bateria fazemos uma aproximação com o


valor MCR. As novas baterias utilizadas para som automotivo possuem placas
enroladas como caracóis, ao invés de simples placas colocadas paralelamente
como nas baterias comuns. Tudo isso para aumentar a área de cada eletrodo,
aumentando assim a máxima corrente que ela pode fornecer.

Exemplo: uma bateria de 60 MCR pode fornecer no máximo 60 ampères/hora.


A vida útil da bateria é especificada em ciclos de carga e descarga, valores
como 2000 partidas ou 2 a 3 anos de vida útil.

A bateria é composta por seis células de chumbo/ácido sulfúrico (duas placas


de chumbo mergulhadas em ácido) que produzem uma tensão de 2,1 V cada,
total de 12,6 Volts na bateria com carga máxima, portanto se a tensão cai
abaixo de 10,5 V é porque existe alguma célula em curto. Atualmente estão
sendo fabricadas baterias com uma liga de prata/chumbo nos eletrodos
positivos, outras possuem gel ao invés do ácido líquido.

Agora que sabemos a corrente máxima que a bateria pode fornecer, podemos
dimensionar o máximo valor do fusível que melhor protege sua bateria e
sistema elétrico do automóvel. (100% de proteção). Se sua bateria é de 55A/h
e 60 MCR, podemos aproximar a corrente máxima para 60 ampères, então o
valor máximo do fusível será metade deste valor, isto é, 60 / 2 = 30A.

Este valor é devido ao fusível ser projetado para cerca de 200% de seu valor
em 5 segundos ou cerca de 350% em 2 décimos de segundo. Usando este
raciocínio, o fusível irá proteger a bateria que fornecer mais de 60A quando
ocorrer um curto-circuito no sistema sonoro. Essa é a proteção de 100%, mas
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SENAI - PE

podemos muito bem utilizar um fusível de maior capacidade (valor nominal


maior), mas, caso haja um curto-circuito no sistema de som, este fato diminuirá
a vida útil da bateria. Devemos necessariamente trocar a bateria caso a
corrente que o sistema consome seja maior que a máxima corrente da bateria.

Exemplo: bateria de 60A com sistema de 366W RMS: significa que seu sistema
vai "puxar" 61ª, que já é maior que a capacidade máxima de sua bateria,
portanto deve-se trocar a bateria.

Como já referimos antes, as baterias são acumuladores de tensão ou


geradores de tensão DC, através de reações químicas. Possuem seis
elementos de 2.1 V cada, sendo 12,6V real, podendo chegar a 14,4V com o
motor ligado (quando totalmente carregada).

As baterias ideais são aquelas que, quando exigidas com carga, apresentam
tensões próximas a 12V (tensão de trabalho), também são aquelas que
possuem maior capacidade de reserva após X minutos de consumo, ou maior
corrente de pico. A potência de uma bateria é calculada pela sua amperagem
hora.

Exemplo: 14.4 v X 36 A = 518 Wrms, ou seja, esta bateria possui 518 W.

Cálculo de reserva

P do sistema / 12v x 2 = X min reserva


Exemplo: para amplificadores classe AB com 50% de eficiência, potência em
Watts ou RMS.
500Watts / 12 Volts = 41,66 ampères X 2 = 83.33 ampères/hora.
Neste caso a bateria recomendada seria de 80 A/h.

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SENAI - PE

Vamos a alguns exemplos:


Fusíveis para sistemas sonoros
Bateria Sistema sonoro Fusível Observação
55A/h e 60MCR = 60A 120W = 20A 20A 100% de proteção.
Sua bateria não está
100% protegida e se
55A/h e 60MCR = 60A 240W = 40A 40A houver um curto ela
terá sua vida útil
diminuída.
Necessita troca de
bateria para uma de
60A 420W = 70A ---
maior capacidade e
fusível de 70ª.
100% de proteção da
140A 420W = 70A 70A
bateria.
Um curto pode diminuir
95A 420W = 70A 10A
a vida útil da bateria.
45A/h e 50MCR = 50A 180W = 30A 30A Problema na vida útil.
Tabela 7 - Especifica o fusível para os sistemas sonoros de acordo com a bateria.

Agora que já sabemos se devemos trocar a bateria e sabemos também o valor


máximo da corrente que nosso sistema vai consumir, podemos dimensionar os
cabos de força. Não existem fórmulas exatas para dimensionar os cabos,
portanto utilizamos tabelas como esta:

Cabos de alimentação (mm²)


Comprimento do cabo (metros)
Corrente elétrica
Seção do cabo (mm²)
Consumo (Ampères) até 1 m 1a2m 2a3m 3a5m 5a7m 7 a 10 m
1 a 20 A 4.00 4.00 4.00 4.00 6.00 6.00
20 a 30 A 4.00 4.00 6.00 6.00 13.30 13.30
30 a 40 A 4.00 4.00 6.00 13.30 13.30 13.30
40 a 60 A 6.00 6.00 13.30 13.30 13.30 21.20
60 a 100 A 13.30 13.30 13.30 21.20 21.20 33.60
100 a 125 A 13.30 13.30 13.30 21.20 33.60 33.60
125 a 150 A 21.20 21.20 21.20 21.20 33.60 54.40
150 a 175 A 33.60 33.60 33.60 33.60 54.40 -
175 a 200 A 33.60 33.60 33.60 54.40 - -
200 a 225 A 33.60 33.60 54.40 - - -
225 a 300 A 33.60 54.40 - - - -
acima de 300 A 54.40 - - - - -
Tabela 8 - Indicação dos cabos de alimentação dos sistemas sonoros.

Fonte: Som&Carro Nº 19 abril/98 consultoria: Márcio Grahl.

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SENAI - PE

Verifique a corrente (em ampères) que irá passar pelo cabo e o comprimento
deste, depois é só cruzar a linha do consumo com a coluna do
comprimento do cabo para descobrir a seção deste. Caso utilize bitola de
seção inferior ao exigido, o cabo pode esquentar e até derreter. Se utilizar
bitola maior, o projeto sairá mais caro.

Cabos de força (AWG)


Total de corrente Comprimento dos cabos em metros

Em ampères 0,3-1,0 1,0-2,0 2,0-3,0 3,0-4,5 4,5-6,0 6,0-8,5

0 - 20 A 10G 10G 10G 10G 8G 8G


20 - 30 A 10G 10G 8G 8G 4G 4G
30 - 40 A 10G 10G 8G 4G 4G 4G
40 - 50 A 10G 10G 8G 4G 4G 4G
50 - 60 A 8G 8G 4G 4G 4G 2G
60 - 70 A 4G 4G 4G 2G 2G 1/0G
70 - 80 A 4G 4G 4G 2G 2G 1/0G
80 - 90 A 4G 4G 4G 2G 2G 1/0G
90 - 100 A 4G 4G 4G 2G 2G 1/0G
100 - 125 A 4G 4G 4G 2G 1/0G 1/0G
125 - 150 A 2G 2G 2G 2G 1/0G 00G
Tabela 9 - Cabos de força do sistema AWG.

Fonte: Catálogo JKR /Iasca /revista AudioCar.

Acima a mesma tabela, mas com dimensões do cabo em AWG (medida


americana). O procedimento é o mesmo. Verifique a corrente (em ampères)
que irá passar pelo cabo e o comprimento deste, depois é só cruzar a linha do
total de corrente com a coluna do comprimento do cabo para descobrir a
seção do cabo em AWG.

Pelo que estudamos neste capítulo, facilmente concluímos que a bateria é


peça fundamental para garantir o fornecimento de energia ao veículo
automotor.

No próximo capítulo, você vai estudar o som, como se propaga, como é


recebido e quais os suportes necessários para isto. Vamos prosseguir?

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SENAI - PE

O SOM, MECANISMOS DE SUPORTE, RECEPÇÃO E PROPAGAÇÃO.

O som

Vivemos rodeados por sons que são portadores de comunicações. Existem


sons maravilhosos como o canto dos pássaros, por exemplo, e outros que
podem nos causar estresse, como aqueles que ultrapassam a capacidade que
o nosso ouvido pode suportar.

Neste capítulo, vamos estudar esse fenômeno que nos acompanha em todos
os momentos, até mesmo quando estamos em silêncio.
O que é o som? Como se propaga? Como é recebido? Vamos passar a
estudar, agora, essas questões para melhor entendermos o som automotivo.

O som é qualquer variação de pressão que o ouvido pode detectar. A gama de


frequência do som vai desde valores inferiores a 1 Hz até várias centenas de
KHz, no entanto, a gama audível situa-se entre os 20Hz e os 20KHz. Abaixo da
gama audível situam-se os infrassons e, acima dessa gama, situam-se os
ultrassons.

Física
• Sensação auditiva produzida por vibrações mecânicas de frequência
compreendida entre determinados valores (20 e 20.000 vibrações por
segundo, em média).
• Um fenômeno vibratório que produz essa sensação.

Pela gramática: emissão de voz.

“O som propaga-se no ar através de um movimento ordenado das partículas


que o constituem. Quando fazemos vibrar as nossas cordas vocais, ou quando
tocamos uma nota musical num instrumento, fazemos com que as partículas
do ar que nos rodeiam entrem numa oscilação o que dá origem ao som que
ouvimos. A propagação do som no espaço deve-se ao fato de umas partículas
transmitirem o seu movimento às suas partículas vizinhas (e assim
sucessivamente)e”

O som surge como um fenômeno ondulatório e se propaga através de meio


sólido, líquido ou gasoso. A onda é provocada pelas vibrações da fonte do
25
SENAI - PE

som. As ondas sonoras (ou acústicas) transferem energia por variações de


pressão.

Uma onda pode ser representada num gráfico cartesiano, onde o eixo
horizontal representa a passagem do tempo e o vertical a variação de pressão.

Onda sonora representa uma parte de uma onda no caso de um som simples
ou puro. No entanto, a maioria dos sons que ouvimos é muito mais complexa.
Os sons mais complexos podem ser vistos como soma de várias outras ondas
simples com outras simples ou complexas.

O ouvido humano diferencia três características do som:


• a altura (qualidade que permite distinguir um som grave de um som agudo);

• a intensidade (qualidade que permite distinguir um som forte de um som


fraco);

• o timbre (qualidade que permite distinguir dois sons emitidos por dois
instrumentos diferentes).

A duração do som é outro elemento a considerar.

As três características do som, citadas anteriormente, podem ser quantificadas


através de grandezas físicas.

Intensidade

A intensidade do som no Sistema Internacional (SI) está relacionada com a


energia transportada pela onda sonora. No sistema internacional, a unidade
para a medida é dada por 1W/m2 (1 watt por metro quadrado).

Contudo, utiliza-se outra medida, o decibel (dB), por causa da audibilidade do


ouvido humano. Obtém-se o decibel a partir de uma razão entre valores, sendo
um deles um valor de referência. O nível de intensidade sonora é, assim, dado
por 10log10.

S I - em que S é a intensidade sonora em dB e I é a intensidade de referência;


normalmente I = 10 -12 Wm².

O som mais fraco (audível) é da ordem 10-12 Wm². O som mais forte, sem
causar danos ao ouvido humano, é da ordem 10 Wm². Contudo, alguns autores
consideram que é da ordem 1 Wm².
26
SENAI - PE

Potência Sonora

A potência especificada para um alto-falante é a que ele suporta sem danos e


não deve ser confundida com a intensidade de som que ele fornece.

Um alto-falante mais potente não toca mais alto que os outros, pois quem
determina a intensidade do som é o SPL do alto-falante e não a sua potência.
De acordo com a sua eficiência (SPL), o alto-falante produzirá mais ou menos
energia sonora para uma determinada potência a ele fornecida.

Portanto, um alto-falante de 100 Watts, quando alimentado por um amplificador


de 50 Watts, fornecerá a mesma intensidade de som que outro de 200 Watts -
se ambos tiverem o mesmo SPL. “Comprar um alto-falante mais “potente” na
expectativa de obter maior intensidade sonora é o caminho mais curto para a
frustração”.

A potência que um alto-falante suporta é, geralmente, determinada pela


máxima temperatura que sua bobina móvel pode suportar sem queimar. Essa
temperatura depende dos materiais empregados na fabricação da bobina, e
principalmente do seu tamanho. É por este motivo que alto-falantes de grande
potência utilizam bobinas móveis de grande diâmetro.

Quem gera e fornece a potência elétrica é o CD play ou o amplificador. A


potência elétrica máxima que podem fornecer depende de sua construção e
não da potência do alto-falante. Assim, um amplificador de 100 W RMS
fornecerá 100 W RMS, tanto a um alto-falante de 100 W RMS como a um de
1.000 W RMS. "Portanto o fato de usarmos um alto-falante de potência maior,
não nos trará nenhum acréscimo de intensidade sonora, podendo muito
provavelmente ocorrer o inverso".

Para evitar danos devemos seguir algumas regras como não usar um alto-
falante com potência menor do que o amplificador ao qual ele será ligado,
porque com isso estaremos sobrecarregando-o, podendo até provocar sua
queima. Por outro lado, usar um alto-falante com potência muito maior do que o
amplificador ou toca-cd não trará nenhuma vantagem.
Fonte: PortaVox – Bravox.

Como calcular a potência

Existem duas formas de encontrar a potência de um alto-falante: através da


potência que é fornecida a ele ou medindo a intensidade do som, que é
produzido por ele. Nossos estudos se concentram no primeiro método citado.
27
SENAI - PE

Primeiramente, é importante ressaltar que a potência média de um alto-falante


varia com o passar do tempo, pois estamos trabalhando com corrente e tensão
alternadas. Podemos chamá-la também de potência instantânea devido a este
fato.

Analisaremos a seguir a classe de potência que segue a norma 10303 da


ABNT, a potência em RMS. O cálculo dessa potência consiste na utilização da
corrente máxima suportada pelo fio de 29 AWG, considerando-a como o valor
de pico da senóide gerada por i(t), no nosso caso, Imax = 4A. Como a
impedância do nosso alto-falante é de 4Ω, tem-se que:
Prms = R x Imax² = Prms = 4 x 4² = Prms = 4 x 16 = Prms = 64Wrms.

A classe de potência a ser analisada desta vez é a potência em PMPO. A


forma como se encontra este tipo de potência varia de acordo com o fabricante
do produto, de modo que não existe uma fórmula exata para transformação de
uma potência em PMPO para RMS, ou vice-versa. Então, adotaremos a
seguinte metodologia para o cálculo da potência do alto-falante em PMPO.

Em nosso caso, a potência em PMPO será dada através do valor de pico a


pico da corrente i(t), que corresponde a duas vezes o valor da corrente
máxima, ou seja, Ipp = 2Imax. Daí, de forma análoga à equação, temos:

Ppmpo = R x (2 x Imax² ) = Ppmpo = 4 x (2 x 4Imax²) = Ppmpo = 4 x 8Imax²


= Ppmpo = 4 x 64 = Ppmpo = 256Wpmpo.

RMS x PMPO

A diferença entre a potência em RMS e PMPO pode criar pelo fabricante uma
falsa ilusão da verdadeira potência de operação do alto-falante. A potência em
RMS é regulamentada pela norma NBR 10303 e contempla a potência elétrica
real dos alto-falantes e amplificadores. Esta forma de potência é a que
realmente interessa ao consumidor, já que ela reflete a máxima intensidade
sonora com boa qualidade que chegará aos seus ouvidos.

Por outro lado, a potência em PMPO, que significa a Potência de Saída de Pico
Musical e, no nosso caso, a potência correspondente ao valor de pico a pico da
senóide i(t), é a potência máxima que o equipamento é capaz de fornecer num
curto período de tempo. Sendo assim, ela informa apenas a potência
instantânea que esse aparelho pode fornecer. Outra particularidade da
potência em PMPO é que a forma como ela é obtida é estabelecida de acordo

28
SENAI - PE

com o fabricante, não possibilitando, em consequência, uma fórmula exata


para transformação dessa potência para RMS, ou vice-versa, conforme já foi
frisado anteriormente.

Alto-falantes

Princípio de funcionamento

Um alto-falante funciona basicamente da maneira inversa de um microfone. É


um tipo de transdutor que recebe o sinal elétrico e o converte em vibrações
físicas, criando uma variação na pressão do ar à sua volta e
consequentemente dando origem às ondas sonoras.

O principal componente do alto-falante é o seu conjunto magnético, ou seja, o


ímã permanente e a bobina móvel (que produzirá um campo magnético à
medida que for percorrida por corrente). Entre estes dois componentes existe
um espaço livre, denominado entreferro, com permeabilidade magnética
equivalente à do ar. Por tratar-se de um alto-falante de 8 polegadas, foi
possível determinar a direção do campo magnético do ímã permanente com o
uso de um teslâmetro. O resultado encontrado em laboratório foi uma
densidade de fluxo magnético radial no entreferro, de dentro para fora, de
modo que podemos concluir que o polo norte magnético está localizado no
centro do ímã, enquanto o sul encontra-se em sua periferia, conforme pode ser
visto na figura abaixo.

Cone Magnetic field


Permanent magnet
Voice coil

Speaker
Back panel terminals
of recelver
Figura 18 - Interação do conjunto magnético

O processo acontece da seguinte maneira: a bobina móvel está imersa neste


campo magnético do ímã permanente e, à medida que se aplica uma corrente
alternada em seus terminais, é gerada também uma densidade de fluxo
magnético pela bobina. A interação entre esses dois campos magnéticos faz
com que a bobina móvel se desloque num determinado sentido. Como estamos

29
SENAI - PE

lidando com corrente alternada, o sentido do campo magnético gerado pela


bobina varia de acordo com a variação do sentido da corrente, fazendo com
que ora tenhamos uma força resultante para fora e ora uma resultante para
dentro. A grandeza física que estabelece esta resultante é a Força de Lorentz,
a qual é determinada de acordo com a regra da mão direita (veja figura
seguinte). A mudança de direção da força gerada dá origem ao movimento da
bobina móvel e, consequentemente, da centragem e do cone, ocasionando
também a movimentação do ar na mesma frequência e gerando a onda sonora.
Toda esta análise pode ser esquematizada pela figura seguinte.

Figura 19 – Regra da mão direita.

I= Intensidade da corrente elétrica.


B= Direção do campo magnético.
F= Força do campo magnético.

É essencial que o material da carcaça do alto-falante seja diamagnético, para


que não haja interferência no campo do conjunto magnético e os resultados
não sejam inesperados.

No projeto de um alto-falante o valor da impedância da bobina prevalece sobre


outros fatores como: número de espiras e comprimento do fio, por exemplo.
Isso acontece em virtude da padronização comercial do produto, pois temos
alto-falantes de 2Ω, 4Ω, 6Ω, 8Ω etc.

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SENAI - PE

Alto-falante e seus componentes

A ilustração seguinte apresenta os componentes de um alto-falante. Logo a


seguir, uma breve explicação da importância de cada componente para um
melhor entendimento do funcionamento do alto-falante.

Guarnição

Suspensão

Cone
Calota
Centragem

Carcaça Arruela superior

Ímã
Bornes de ligação
Cordoalha
Arruela inferior
Bobina Móvel
Polo

Figura 20 - Composição do alto-falante.

• Suspensão
A suspensão é uma extensão do cone, normalmente feita de borracha,
que é colada na parte superior da carcaça e que também tem a função
de manter a bobina centralizada no entreferro.
• Cone
Juntamente com a bobina, vibra na frequência da corrente que passa
por ela e assim movimenta o ar e gera o som. Encontrado normalmente
em papel ou em polipropileno. É o maior responsável pela qualidade do
som.
• Centragem
Como o próprio nome diz, a centragem tem como função fixar a bobina
centralizada no entreferro equidistante ao polo. Sua “flexibilidade”
permite ao cone e à bobina um movimento oscilatório na vertical. Um
tecido de algodão especial é o material utilizado em sua confecção.
• Peças polares
As peças polares são a arruela inferior, a arruela superior e o polo.
Foram projetadas para conduzir o campo magnético, a fim de posicioná-
lo no entreferro, paralelo às arruelas. São feitas de ferro doce e o polo
tem formato cilíndrico.

31
SENAI - PE

• Ímã
O ímã é fundamental no funcionamento do alto-falante, pois ele fornece
o campo magnético permanente presente no entreferro. É composto por
um material denominado ferrite. Seu formato é circular com uma
abertura central (como um anel).
• Bobina
Chamada de “o coração do alto-falante”, é localizada no entreferro, onde
fica imersa em um campo. Quando é percorrida por corrente, sofre ação
de uma força. Como a corrente é alternada, essa força varia a sua
direção na mesma frequência que a corrente. Isso determina o
movimento da bobina, que também movimenta o cone e com isso gera o
som. É normalmente composta por um fio de cobre ou alumínio,
enrolado em uma base que pode ser de fibra de vidro, alumínio ou
kapton.
• Entreferro
O entreferro é o espaço que fica entre os polos e as aberturas das
arruelas e do ímã. É onde será colocada a bobina, local de grande
concentração do campo magnético gerado pelo ímã permanente.
• Carcaça
A carcaça é a base do alto-falante, feita geralmente de aço ou alumínio.
Nela são coladas as peças polares, o ímã, a centragem, cone, ou seja,
todos os componentes do alto-falante. O número de polegadas do alto-
falante – 8 ou 10 - é determinado de acordo com o tamanho da carcaça.
Com a determinação da carcaça se definem as dimensões dos outros
componentes.
• Guarnição
A guarnição tem como objetivo selar o contato entre o alto-falante e a
caixa, para que não vaze ar e também para evitar o contato entre o cone
e a borda da caixa, evitando assim alguns ruídos.
• Terminais
Os terminais são uma espécie de porta de alimentação do alto-falante,
por onde entra a corrente alternada que comandará o movimento do
mesmo.
• Cordoalha
São os condutores que levam o sinal recebido nos terminais à bobina.
Seu comprimento é normalmente um pouco maior do que o necessário
para que não se rompam quando a bobina e o cone se movimentam.

32
SENAI - PE

Classificação dos alto-falantes

Os alto-falantes são classificados conforme a faixa de frequência sonora que


podem reproduzir. Esta faixa de frequência é estabelecida de acordo com as
propriedades de cada alto-falante. Por exemplo, para criarmos uma onda de
frequência alta, onde os pontos de compressão e rarefação do ar estão
bastante próximos, a centragem do alto-falante deve vibrar de forma mais
rápida, uma tarefa difícil para um cone de dimensões maiores devido a sua
massa. De maneira análoga, pode-se concluir que um cone de maior dimensão
é mais eficiente para reproduzir sons de baixa frequência, já que tem mais
facilidade para vibrar de forma mais lenta.

Deste modo, podemos classificar os tipos de alto-falantes pela faixa de


frequência da seguinte maneira:

• subwoofer: alto-falante projetado para operar em frequências muito


baixas. Normalmente possui uma frequência de ressonância baixa (fs) e
alta excursão. É muito utilizado para montagem de caixas acústicas em
porta-malas de automóveis.

Reproduz sons subgraves, numa faixa de frequência entre 20 e 100Hz.


Indicado para instrumentos como contra-baixo, surdo de bateria, etc.

• woofer: alto-falante projetado para operar em frequências baixas.


Normalmente possui uma frequência de ressonância baixa e pode ser
utilizado na montagem de caixas acústicas ou tampões de automóveis,
conjuntamente com mid-range e tweeter.
Projetado para médias e baixas frequências, em torno de 50 a 3500Hz. Pela
sua resposta de frequência estendida, esta categoria é a que compõe a
maioria dos trios elétricos.
• mid-bass: normalmente utilizado para montagem em portas, laterais ou
onde não se dispõe de muito espaço. Reproduz uma faixa de frequência
um pouco acima da reproduzida pelo woofer e normalmente deve ser
utilizado junto com um mid-range e tweeter.
Envolve frequências entre 100 e 500Hz e uma faixa mais restrita de baixas e
médias frequências.
• mid-range: alto-falante projetado para operar em frequências médias
(reprodução de voz, por exemplo) possui normalmente uma carcaça
fechada que evita a interferência dos graves. Os drivers de compressão
com cornetas são também um exemplo típico de reprodutores de médios,
porém se caracterizam por uma alta eficiência e uma diretividade bem
definida. Para se conseguir uma boa imagem estereofônica, devemos
33
SENAI - PE

posicionar corretamente os mid-ranges, de forma que fiquem


direcionados ao ouvinte e que a distância entre os mid-ranges do canal
direito e os do canal esquerdo seja de no mínimo 1,5 metros.
Reproduz frequências médias que variam de 500 a 5kHz. Possui maior
fidelidade às faixas de frequência da voz humana, por isso é o mais utilizado
nos falantes de voz.

• tweeter: reproduz as frequências mais altas de áudio, ou seja, os agudos.


Da mesma forma que o mid-range, as recomendações de distância e
direcionalidade devem ser seguidas de forma a conseguirmos uma boa
imagem estereofônica e espacialidade sonora. De uma maneira geral,
quanto maior a frequência, mais diretivo é o som, por isso devemos
direcionar os tweeters ao ouvinte. Também é interessante manter os mid-
ranges e tweeters de um mesmo canal o mais próximo possível entre si e a
uma distância mínima de 1,5 metros em relação ao conjunto mid-range /
tweeters do outro canal.
Responsável pela reprodução de sons agudos, isto é, altas frequências (2k a
20kHz). Estão sempre dispostos em forma de corneta.

• Triaxial: contém um woofer, um mid-range e um tweeter na mesma


carcaça, por isso podem atuar nessas três faixas de frequência. Essa
abrangente faixa de atuação constitui sua principal importância.
Como visto até aqui, cada alto-falante possui uma característica específica,
sendo assim, um bom sistema de som é composto por um conjunto de alto-
falantes que abranja a maior faixa de frequência possível, sem perder em
qualidade.

• full-range: alto-falante projetado para operar em toda a faixa de frequência


de áudio, ou seja, um bom alto-falante fullrange substitui um woofer, mid-
range e tweeter.
O problema consiste em se conseguir um alto-falante fullrange que reproduza
bem toda a faixa de frequência audível. Normalmente esses alto-falantes
possuem um difusor que permite uma extensão na reprodução dos agudos.

• axial: os alto-falantes axiais reúnem em uma só unidade dois (coaxiais)


ou três (triaxiais) alto-falantes montados em um mesmo eixo. Da mesma
maneira que os fullrange, são utilizados onde não existe espaço
suficiente para montagem de um sistema com woofer, mid-range e
tweeter.

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SENAI - PE

Chicotes e fiações

Chicotes e fiações mais utilizados numa instalação

• Para alimentação de toca-fitas e CD players: até 10


ampères.
14 AWG ou 1,5
mm² Atenção: para alimentação de amplificadores e aparelhos
que consomem acima de 10 ampères, consulte a tabela
abaixo.
• Para alto-falantes de sistemas básicos (som original)
2x18 AWG ou até 30W RMS;
2x0,75mm² • para falantes do tipo mid-range, full-range e tweeter
até 30W.
2x1,5mm²
• Para sistemas de múltiplas vias compostos por
(=15AWG) ou
midbass, mid-range e tweeter até 100W RMS.
2x14 AWG
2x2,5mm²
• Para falantes do tipo woofer e subwoofer até 260W
(=13AWG) ou
RMS .
2x12 AWG
Tabela 10 - Fiações para ligação de alto-falantes, Cd player e amplificadores.

A utilização de cabos mais grossos visa diminuir a resistência elétrica entre


dois pontos evitando perdas no meio do caminho, sejam os sinais de áudio de
baixa voltagem, de média voltagem ou de alimentação do sistema. Cabos mal
dimensionados podem representar até 50% de perda de potência transmitida
pelo amplificador até os alto-falantes.

Antenas
Veremos os tipos:

• antenas manuais
As famosas hastes telescópicas que ficam à mercê de vândalos e
custam barato são as melhores para recepção, tanto AM quanto FM.
Ótima recepção AM e boa recepção FM.
• antenas automáticas
Sua principal vantagem é funcionamento por motor elétrico que recolhe
a antena quando se desliga o rádio inibindo a ação de vândalos.
Oferece boa recepção de AM e razoável FM.
• antenas de teto
Existem duas versões, as amplificadas (ativas) e não amplificadas
(passivas). As amplificadas captam melhor o sinal, além de filtrar ruídos
35
SENAI - PE

indesejáveis. Além de seu visual arrojado e esportivo, sua localização


no teto facilita a recepção e inibe interferências. Mas é preciso furar a
lataria e fica à mercê de vândalos de hastes de antena. Oferece ótima
recepção FM e razoável AM.
• antenas internas
Fácil instalação no interior do carro, apenas com um adesivo é fixada no
para-brisa, tem uma duração maior por estar no interior do carro. Esta
fica ao abrigo de roubo e destruição. Boa recepção FM e regular
recepção AM.
• antenas “invisíveis”
Localizadas em filetes nos vidros como os filetes do desembaçador de
vidro, são munidas de amplificadores (antenas ativas) e normalmente
saem de fábrica em alguns carros.

Cabos de força

Verifique a corrente (em ampères) que irá passar pelo cabo e o comprimento
necessário, depois é só cruzar a linha do consumo com a coluna do
comprimento do cabo para descobrir a seção deste.

• Tabelas de conversão AWG para mm² e vice-versa.


• Tabelas de cabos para alto-falantes

Cabos de alimentação
Comprimento do cabo (metros)
Corrente elétrica
Seção do Cabo (mm²)
Consumo (ampères) até 1 m 1a2m 2a3m 3a5m 5a7m 7 a 10 m
1 a 20 A 4.00 4.00 4.00 4.00 6.00 6.00
20 a 30 A 4.00 4.00 6.00 6.00 13.30 13.30
30 a 40 A 4.00 4.00 6.00 13.30 13.30 13.30
40 a 60 A 6.00 6.00 13.30 13.30 13.30 21.20
60 a 100 A 13.30 13.30 13.30 21.20 21.20 33.60
100 a 125 A 13.30 13.30 13.30 21.20 33.60 33.60
125 a 150 A 21.20 21.20 21.20 21.20 33.60 54.40
150 a 175 A 33.60 33.60 33.60 33.60 54.40 -
175 a 200 A 33.60 33.60 33.60 54.40 - -
200 a 225 A 33.60 33.60 54.40 - - -
225 a 300 A 33.60 54.40 - - - -
acima de 300 A 54.40 - - - - -
Tabela 11 – Cabos de força.

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SENAI - PE

Atenção: caso seja utilizada bitola de seção inferior ao exigido, o cabo pode
esquentar e até derreter. Se for utilizada bitola maior, o projeto sairá mais caro.

Cuidados com os cabos de alimentação:


• puxe a fiação positiva diretamente da bateria;
• tome muito cuidado com curtos-circuitos, utilize anéis de borracha quando o
cabo passar por buraco na lataria;
• lembre-se que a lataria é o polo negativo (ou terra) de todo sistema elétrico.
Se você encostar o fio positivo na lataria causará um curto-circuito que
pode danificar a bateria, a fiação, ou outros componentes eletrônicos de
seu carro como a injeção eletrônica;
• instale um porta-fusível perto da bateria (no máximo 50 cm);
• não passe fios perto de cantos afiados e utilize sempre anéis protetores;
• puxe a fiação negativa do sistema diretamente da lataria do carro, próximo
de onde foi fixado o amplificador ou cd-player. Assegure-se de que tenha
um bom contato com a lataria lixando o local;
• lembre-se de que ambos os cabos: positivo e negativo de alimentação
devem ter espessuras idênticas para fazer fluir a corrente elétrica pelo seu
sistema;
• utilize sempre a menor distância para passar os cabos de alimentação;
• nunca passe cabos de alimentação perto dos cabos de áudio;
• certifique-se de que haja ótimo contato entre os cabos e os terminais do
amplificador ou porta-fusíveis.

Frequência

A frequência consiste no número de ocorrências por unidade de tempo. Refere-


se normalmente a oscilações de alguma propriedade, como, por exemplo, a
corrente elétrica ou a posição de um corpo suspenso através de uma mola
elástica.

A unidade SI de frequência é o hertz (Hz), que equivale a um ciclo por


segundo.

Os dois fenômenos periódicos mais estudados são a luz e o som, pelo que a
eles normalmente se aplica o termo. Assim, a cor da luz pode designar-se por
frequência ou comprimento de onda e o tom do som em geral determina-se a
partir da frequência.

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SENAI - PE

O ouvido humano é capaz de perceber sons que vão desde os 15 Hz até aos
20 000 Hz. O tom em que se fala habitualmente é cerca de 3000 Hz, pelo que
frequências superiores a este valor são designadas, em telecomunicações,
como altas frequências.

A frequência de um movimento ondulatório é dada por: f = v/ & 955, onde v é a


velocidade de propagação e & 955 o comprimento de onda.

Representação da frequência e símbolo:


Símbolo da grandeza: f (minúsculo);
Unidade de medida: Hertz;
Símbolo da unidade de medida: Hz;
Instrumento de medida: frequencímetro.

Uma onda é mais bem definida como sendo a vibração completa de um


determinado som, medida em um determinado espaço de tempo ou período.

Período ou Ciclo
Pressão Sonora

Amplitude

Tempo (segundo)

Figura 21 - Representação gráfica de uma onda sonora.

Associação de alto-falantes

Resistência é, como vimos no capítulo Fundamentos de Eletricidade, a


propriedade elétrica de impor resistência à passagem de corrente elétrica. Essa
resistência pode ser medida, sendo sua unidade o Ohm e não varia com a
frequência do sinal.

Mas a impedância é definida como a resistência à passagem de corrente que


varia com a frequência aplicada ao sinal.
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SENAI - PE

O alto-falante, devido a sua construção interna, possui uma bobina que é um


fio geralmente de cobre esmaltado enrolado em um cilindro de papel, alumínio,
etc. Essa bobina funciona como um indutor, portanto sua impedância varia com
a frequência. Para um subwoofer temos aproximadamente o seguinte gráfico
de impedância.

Note que, com o aumento da frequência (seta horizontal), a impedância


aumenta.

Falantes em paralelo

Em sistemas com mais de um falante, deve-se tomar cuidado com a


associação dos mesmos, pois se a impedância final estiver abaixo do permitido
pelo amplificador, este pode até queimar.

Se você associou vários falantes iguais com alto-falantes em paralelo sem o


uso de qualquer tipo de filtro estará mandando toda a faixa de frequência para
ambos os falantes, essa é a impedância que o amplificador "enxerga"
(chamaremos de Z. equivalente). É o paralelo dos dois que resulta em 2
Ohms:

Exemplo:

Nesse caso, podemos notar que, se dois falantes de mesma impedância forem
ligados em paralelo, basta dividir a impedância de um deles por 2 para saber a
impedância final.

Exemplo:

39
SENAI - PE

Se tivermos dois falantes de 8 Ohms, o resultante será 4 Ohms.

Se um amplificador fornecesse 100W em 2 Ohms (50W a 4 Ohms), essa


potência seria dividida igualmente e cada falante receberia 50W.

Quando associamos mais de 2 alto-falantes em paralelo, para calcular a


impedância equivalente usa-se a seguinte fórmula:

Falantes em série

A associação série consiste em ligar os falantes como na figura:

Fórmula utilizada para calcular impedância em série:

Zeq = Z1 + Z2 + Z3 + Z4.....

A impedância equivalente é a soma das impedâncias de cada alto-falante:

Para 3 ou mais falantes é só somar todas as impedâncias. Nesse caso o sinal


é mandado para ambos os falantes, mas a impedância final é maior que na
ligação paralela, portanto não há problema para o amplificador. A desvantagem

40
SENAI - PE

é que não estaremos obtendo toda a potência que o amplificador pode


fornecer, que normalmente é de 4 ou 2 Ohms finais.

Se tivermos um amplificador que forneça 100W em 8 Ohms (200W a 4 Ohms),


essa potência será dividida igualmente e teremos cada falante reproduzindo
50W, como no caso dos falantes em paralelo, a diferença é que para
conseguirmos 50W em cada falante, foi necessário um amplificador que
forneça 200W em 4 Ohms enquanto que, no caso paralelo, era preciso um
amplificador de 50W em 4 Ohms:

Figura 24 – Gráfico da potência x freqüência.

Falantes com bobina dupla

Na associação das bobinas procede-se da mesma forma que dois falantes


independentes, que podem ser ligados em série ou paralelo.

Existe a opção de ligar cada bobina em canais diferentes de um amplificador.


Neste caso, as bobinas devem reproduzir a mesma "música", podendo ser
utilizados cabos RCA em "Y" para alimentar os dois canais do amplificador.
Caso as duas bobinas estejam tocando músicas de canais diferentes
(esquerdo e direito, por exemplo), pode ocorrer que cada bobina "queira ir para
lados opostos" causando a ruptura da bobina. Portanto, não é recomendado
ligar uma bobina em canais diferentes de um amplificador.

Falantes em paralelo com filtros passivos

Caso você esteja utilizando um filtro para dividir a frequência a ser usada em
cada falante, estaremos com a seguinte configuração:

Cada falante estará recebendo uma faixa de frequência: midbass 20 a 5KHz e


tweeter de 5KHz a 20KHz, bem diferente do esquema paralelo anterior onde
todos os falantes recebiam toda a faixa de frequência (20 a 20KHz).
41
SENAI - PE

Nessa nova configuração o amplificador "enxerga" a impedância conforme a


faixa de frequência:

20 a 5KHz Z1 = 4 Ohms.
5KHz a 20KHz Z2 = 4 Ohms.

Um amplificador fornece potência para o alto-falante, mas para entendermos


melhor, precisamos saber de onde vem essa potência.

Pela fórmula elétrica:

P=V*I

R= V Legenda:
I P = potência [Watts]
V = tensão [Volts]
V I = corrente [Ampères]
I= R
R= resistência [Ohms]
V2
P= R

Notemos que a potência é inversamente proporcional à resistência. No nosso


caso, a impedância do alto-falante. Mantendo a tensão constante, se
aumentarmos a impedância, a potência cai, se diminuirmos a impedância a
potência sobe.

Para o amplificador fornecer 100W a 4 Ohms, ele terá que fornecer 20Volts.

É importante estudarmos a curva de impedância do falante para entendermos


como é distribuída a potência nos falantes. Abaixo, você vê em azul a curva
de impedância do midbass visto pelo amplificador. Na faixa de frequência em
que ele atua, tem impedância de 4 Ohms enquanto que fora dessa faixa, o filtro
passa-baixa faz com que sua impedância suba a mais de 20 Ohms.
Linha azul

Linha vermelha

Figura 25 – Gráfico da curva da resistência x frequência.

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SENAI - PE

A curva de impedância resultante do conjunto de falantes e filtros, vista pelo


amplificador, seria parecida com a figura abaixo:

Figura 26 – Gráfico da curva da impedância de um conjunto de alto-falantes.

Então podemos deduzir que, em toda a faixa de frequência audível (20Hz a


20KHz), a impedância está perto de 4 Ohms, portanto o amplificador estará
fornecendo 100W de 20 a 20KHz.

Figura 27 – Curva da potência X frequência de um midbass.

Vamos estudar a curva de impedância do midbass, vista pelo amplificador.


Supomos agora que estamos aplicando uma frequência fixa de 50Hz, a
impedância neste ponto é de 4 Ohms e a tensão é de 20 Volts. Aplicando a
fórmula da potência descrita acima P=(V2)/Z, descobrimos que a potência é de
100W. Agora supondo que aplicamos uma frequência de 8KHz, a impedância é
de 20 Ohms, a tensão continua sendo os mesmos 20 Volts, então a potência
será de 20 Watts.

Sabemos que a potência máxima será dada pela tensão máxima ou pela
impedância mínima. Já estamos trabalhando na tensão máxima, que é de 20
Volts, então a máxima potência fornecida será na menor impedância que é de
4 Ohms, isto é, 100Watts.

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SENAI - PE

E se você tiver dois midbass "pendurados" no crossover?

R3 = 4 Ohms

80 ~ 800Hz R4 = 4 Ohms
Figura 28 – 2 alto-falantes ligados em paralelo.

Primeiramente, o falante deve obedecer à impedância de trabalho do filtro (ou o


filtro deve ser construído para uma determinada impedância). Se o filtro foi
desenvolvido para ter uma frequência de corte fc utilizando falante de 4 Ohms,
a utilização de um falante de 8 ou 2 Ohms modificará a frequência de corte do
crossover!!!

Para sabermos a impedância resultante de 2 falantes de 4 Ohms em paralelo


basta dividir a impedância por 2, isto é, 4/2 = 2 Ohms.

Nesse caso o amplificador estará "enxergando":


80 A 800 Hz Req = 2 Ohms

E os coaxiais e triaxiais? Onde os filtros utilizados são meramente


capacitores em série com o falante. A configuração mais comum é a seguinte:

R1 = 4 Ohms Coaxial
R1 = tweeter 4 Ohms - acima de 5KHz
R2 = midbass 4 Ohms
R2 = 4 Ohms Req = ~ 4 Ohms

Figura 29- 2 alto-falantes ligados em


paralelo e 1 com um capacitor.

R1 = 4 Ohms Triaxial
R1 = tweeter - acima de 5KHz
R2 = 4 Ohms R2 = mid-range - acima de 500Hz
R3 = woofer
R3 = 4 Ohms Req = ~ 4 Ohms

Figura 30 – 3 alto-falantes ligados em


paralelo e 2 ligados com um capacitor.

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SENAI - PE

Note que todos os falantes recebem as frequências altas, mas nem por isso o
amplificador enxerga uma baixa impedância, pois devemos levar em conta que
o woofer não reproduz muito bem as altas frequências porque sua impedância
é naturalmente alta para altas frequências. A curva da impedância é mostrada
abaixo, como se já tivesse um filtro passa-baixa.

Figura 31 – curva de impedância de um woofer.

Curva de impedância de um woofer

Concluímos, então, que, em altas frequências, a impedância a ser considerada


no woofer, midbass e mid-range deve ser maior que o valor nominal, algo em
torno de 20 Ohms o que não afeta muito a impedância final.

Kits componentes
Na maioria dos casos, o kit componente deve ser encarado como sendo 4
Ohms. Isto ocorre porque cada falante recebe frequências distintas, com isso, o
conjunto funciona como se fosse um falante só de 4 Ohms, pois o médio grave
toca só no midbass e o agudo toca só no tweeter.

Nunca se deve ligar um falante a mais no crossover original de um kit


componente, pois a frequência de corte irá mudar. Por exemplo, ligar 2
midbass de 4 Ohms em paralelo na saída de um crossover de 4 Ohms fará
com que o corte de frequência suba.

Mas colocar o conjunto crossover, midbass e tweeter em paralelo com outro


conjunto de crossover, midbass e tweeter funcionará como se estivéssemos
ligando 2 falantes de 4 Ohms em paralelo, resultando em 2 Ohms.

Qual a distribuição de potência nos subwoofers?


Vamos utilizar como exemplo um amplificador que gera:
• 100 W RMS em bridge a 8 Ohms ou;
• 200 W RMS em bridge a 4 Ohms ou;
• 400 W RMS em bridge a 2 Ohms.

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SENAI - PE

Vamos fazer algumas experiências.


1º. Ligando dois subwoofers de 4 Ohms em série teremos 8 Ohms como
impedância equivalente e o amplificador irá gerar 100 W RMS, que serão
distribuídos para os 2 subwoofers, portanto 50 W para cada subwoofer.
2º. Ligando em bridge apenas um subwoofer de 4 Ohms, teremos 200 W RMS
no subwoofers.
3º. Ligando dois subwoofers de 8 Ohms em paralelo teremos 4 Ohms de
impedância equivalente e o amplificador irá gerar 200 W RMS, que serão
distribuídos para os subswoofers, portanto 100 W para cada um.
4º. Ligando dois subwoofers de 4 Ohms em paralelo teremos 2 Ohms de
impedância equivalente e o amplificador irá gerar 400 W RMS que serão
distribuídos para os subswoofers, 200 W para cada um.
5º. Ligando 4 subwoofers de 2 Ohms da seguinte forma:
subwoofer em série, em paralelo com outros 2 subwoofers em série ((2 + 2)
// (2 + 2), a impedância equivalente de 2 Ohms fará com que o amplificador
forneça 400W distribuídos para os 4 subwoofers, 100W para cada um.

Se seu amplificador possui impedância mínima em bridge de 2 Ohms, utilize:


• um subwoofer bobina dupla de 4 Ohms = (4//4) = 2;
• dois subwoofers de bobina simples 4 Ohms = (4//4) = 2;
• quatro subwoofers bobina dupla de 4 Ohms [(4//4)+(4//4)] // [(4//4)+(4//4)]
= 2.
Se seu amplificador possui impedância mínima em bridge de 4 Ohms, utilize:
• um subwoofer bobina simples de 4 Ohms = 4;
• dois subwoofers bobina dupla de 4 Ohms = (4//4)+(4//4) = 4;
• quatro subwoofers bobina simples de 4 Ohms [(4)+(4)] // [(4)+(4)] = 4.

Intensidade sonora e seus efeitos

A intensidade do som é a qualidade que nos permite caracterizar se um som é


forte ou fraco e depende da energia que a onda sonora transfere.

A unidade utilizada para o nível sonoro é o Bel (B), mas como esta unidade é
grande, comparada com a maioria dos valores de nível sonoro utilizados no
cotidiano, seu múltiplo usual é o decibel (dB), de maneira que 1B=10dB.

Tom - é um intervalo utilizado na escala diatônica que corresponde à diferença


de altura entre duas notas (agudo e grave), também determinado pela
frequência do som fundamental, no caso de não ser puro.

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SENAI-PE

Timbre - chama-se timbre à característica sonora que nos permite distinguir se


sons de mesma frequência foram produzidos por fontes sonoras conhecidas
que nos permitem diferenciá-los. Quando ouvimos, por exemplo, uma nota
tocada por um piano e a mesma nota (uma nota com a mesma altura)
produzida por um violino, podemos imediatamente identificar os dois sons
como tendo a mesma frequência, mas com características sonoras muito
distintas. O que nos permite diferenciar os dois sons é o timbre de cada
instrumento. De forma simplificada podemos considerar que o timbre é como a
impressão digital sonora de um instrumento ou a qualidade de vibração vocal.

Difração das ondas sonoras - é um fenômeno que ocorre com as ondas


quando elas passam por um obstáculo ou contornam um objeto cuja dimensão
é da mesma ordem de grandeza que o seu comprimento de onda. Como este
desvio na trajetória da onda, causado pela difração, depende diretamente do
comprimento de onda, este fenômeno é usado para dividir, em seus
componentes, ondas vindas de fontes que produzem vários comprimentos.

A difração acontece facilmente nas ondas sonoras, que têm comprimento de


onda grande (variam de 2cm a 20m). Conseguimos ouvir alguém falar mesmo
que não possamos ver a pessoa, pois as ondas sonoras contornam as
superfícies.

Reflexão e refração
A reflexão do som obedece às leis da reflexão ondulatória nos meios materiais
elásticos. Simplificando, quando uma onda sonora encontra um obstáculo que
não possa ser contornado, ela "bate e volta". É importante notar que a reflexão
do som ocorre bem em superfícies cuja extensão seja grande em comparação
com seu comprimento de onda.

A refração, por sua vez, determina novos fenômenos conhecidos como reforço,
reverberação e eco. Esses fenômenos se devem ao fato de que o ouvido
humano só é capaz de discernir duas excitações breves e sucessivas se o
intervalo de tempo que as separa for maior ou igual a 1/10 do segundo. Este
décimo de segundo é a chamada persistência auditiva.

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SENAI - PE

Reflexão do som e adequação da fonte

Fonte

Ponto de
incidência

Direto
Refletido
Anteparo

Receptor
Figura 32– Gráfico da reflexão do som.

Efeito do som

No que diz respeito ao homem, o som tem a capacidade de afetá-lo nos


aspectos psicológico e fisiológico.

Sons dentro da faixa de 0 a 90 decibéis (como vimos, o dB é a unidade de


medida da intensidade sonora) apresentam principalmente efeitos psicológicos
no homem. Eis alguns exemplos:
• o som de uma música pode nos acalmar, nos alegrar ou até mesmo nos
excitar;
• um som desagradável como o raspar de uma unha sobre um quadro-negro
pode "arrepiar";
• o som intermitente de uma gota d'água pingando de uma torneira pode nos
impedir de dormir, e são apenas 30 ou 40 decibéis.

Não esqueçamos, contudo, que um som pode fazer desabar uma avalanche de
neve nas encostas de uma montanha sob o efeito de ressonância.

Contudo, para o campo da acústica aplicada à engenharia e à arquitetura,


interessa saber como o som pode tornar um ambiente mais adequado para o
homem exercer seu trabalho, lazer ou repouso. Surge, então, o conceito de
"conforto acústico" ambiente. Para cada tipo de ambiente, um nível adequado
para o seu ruído de fundo. Valores acima ou abaixo podem tornar o ambiente
acusticamente inadequado para a finalidade a que se destina.

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SENAI - PE

Entre 90 e 120 dB, além dos efeitos psicológicos, podem ocorrer efeitos
fisiológicos, alterando temporária ou definitivamente a fisiologia normal do
organismo. Nessa intensidade de som os ambientes são considerados
insalubres.

Sons repentinos (mesmo de intensidade reduzida), como o estouro de uma


bombinha de São João, produzem uma reação de sobressalto e a complexa
resposta do organismo a uma ocasião de emergência: a pressão arterial e a
pulsação disparam; os músculos se contraem.

Acima de 120 decibéis o som já pode começar a causar algum efeito físico
sobre as pessoas. Podem ocorrer numerosas sensações orgânicas
desagradáveis: vibrações dentro da cabeça, dor aguda no ouvido médio, perda
de equilíbrio, náuseas. A própria visão pode ser afetada pelo som muito
intenso, devido à vibração, por ressonância, do globo ocular. Próximo aos 140
dB, pode ocorrer a ruptura do tímpano.

Sons ainda mais elevados, como a explosão da partida de um foguete de


veículos espaciais, que pode chegar até 175 dB, podem danificar o mecanismo
do ouvido interno e causar convulsões.

A perda de audição pode ser ocasionada principalmente por dois fatores: o


envelhecimento natural do ouvido (com a idade), denominada de presbicusia
e a exposição prolongada a ruídos, em níveis superiores a 90 dB.

A presbicusia ocorre mesmo em pessoas que não se expõem ao ruído


prejudicial e aumenta com a idade, sendo esse aumento mais pronunciado
para as frequências mais altas.

Ocorre um fato curioso: a presbicusia para as mulheres é menos pronunciada


do que para os homens. Por exemplo, um homem de 60 anos terá uma perda
de audição devido à idade de cerca de 25 decibéis em 3.000 Hz; uma mulher
nessa idade terá perdido apenas cerca de 14 decibéis nessa frequência.

Exposição ao ruído: a exposição prolongada a ruídos acima de 90 dBA é um


fator inerente ao nosso progresso tecnológico e muitas pessoas se veem
praticamente obrigadas a exercer suas atividades profissionais em condições
acústicas insalubres. Pode-se estimar numericamente quantos decibéis uma
pessoa perderá em sua audição em função do ruído a que fica exposta. Das
diversas pesquisas realizadas podem ser feitas as seguintes afirmações:
Quanto maior o ruído, maior será o grau de perda de audição;

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SENAI - PE

Nota: Quanto maior o tempo de exposição ao ruído, maior será o grau de perda
de audição.

Geralmente o som em uma determinada frequência ocasiona perda de audição


em uma frequência superior. Ruídos em 500 Hz ocasionam perdas entre 1.000
e 2.000 Hz. Ruídos em 2.000 Hz ocasionam perdas em 4.000 Hz.

A estimativa da perda em decibéis pode ser feita através de curvas


determinadas com experiências envolvendo um grande número de pessoas.

Tomemos como exemplo um ruído de 500 Hz e 85 dB. A pessoa, ficando


exposta a ele durante 8 horas diárias (40 horas semanais) terá, após 10 anos
nessas condições, perdido 10 decibéis na sua audição. Isso significa que ela
ouvirá os sons na faixa de 2.000 Hz atenuados em 10 dB em relação às
pessoas com audição normal.

Se o ruído tiver 92 dB, ela perderá 15 dB. Assim, para estimarmos a perda total
que uma pessoa terá, deveremos adicionar também a perda devido à idade.
Por exemplo, se a pessoa que ficou exposta a ruídos de 92 dB, durante 10
anos, tiver uma idade de 50 anos e for homem terá uma perda total de 15 + 11
= 26 dB (na frequência de 2.000 Hz), sendo 15 dB devido ao ruído e 11 dB
devido à idade.

A ISO (International Organization for Standardization), em sua recomendação


1999-1975, indica como limites normais de níveis de ruído, em regime de 40
horas semanais e 50 semanas por ano, como sendo de 85 a 90 dB. Acima
desses limites, corre-se o risco de perda de audição para conversação.
Portanto, é preciso muito cuidado com a exposição a sons que ultrapassam o
nível considerado salutar para o ouvido humano.

Como vimos neste capítulo, o som é um fenômeno que apresenta diversas


características a serem consideradas. Vimos, também, a configuração dos alto-
falantes que são peças fundamentais para propagação do som.

No capítulo que se segue, vamos estudar os requisitos e as


formas/equipamentos para posicionamento dos alto-falantes na instalação em
automóveis.

50
SENAI - PE

POSICIONAMENTO DOS ALTO-FALANTES NO VEÍCULO

Os alto-falantes, no interior do carro, são como uma orquestra: cada um tem


seu lugar e sua função definida.

Pensando bem, chegamos a um consenso de que não basta um alto-falante


caber em uma porta do carro, é preciso saber se neste posicionamento ele
realmente vai contribuir para o sistema sonoro de acordo com o projeto.

O posicionamento dos alto-falantes é tão crítico que basta deixar um par de


tweeters mal posicionados para comprometer a qualidade de todo sistema
projetado.

Portanto, em um projeto de som automotivo, a localização e posicionamento


dos alto-falantes são a parte mais importante.

Tweeters

O posicionamento dos tweeters é de fundamental importância para se obter um


som correto. Quando mal posicionados, eles causam uma diferença de
chegada de tempo dos sons agudos em relação aos médios, resultando em
som fora de foco. Neste momento não adianta ter o melhor CD player ou um
amplificador, o defeito não será resolvido por um simples ajuste do som.

Os tweeters devem ser posicionados no caminho mais livre entre os ocupantes


do veículo e o som que produzem (agudos).

O melhor posicionamento para se instalar os tweeters no carro são:


• portas;
• painel;
• pezinhos (kick-panels).

Na parte de trás, são:


• portas traseiras;
• tampão das malas.

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SENAI - PE

Instalação dos tweeters nas portas

Evite instalar os tweeters na parte inferior da porta, pois eles acabam sendo
interrompidos pelas pernas dos passageiros e pelos bancos. Isto prejudica
muito a qualidade do som. Um bom lugar seria na parte mais alta da porta, na
altura do painel de instrumentos, desde que o tweeter possa ficar próximo ao
alto-falante médio fazendo com que os sons médios e agudos tenham origem
em um mesmo ponto, de modo que o som não seja distorcido, o que é
altamente prejudicial à qualidade do som no habitáculo do carro.

Instalação no painel ou colunas

Instalar os tweeters nas extremidades do painel ou nas colunas tem sido


bastante utilizado pelas equipadoras de som e até mesmo quando o carro vem
pré-disposto de fábrica. Esse posicionamento permite que as frequências
sejam enviadas pelos tweeters, de duas maneiras:
• a primeira é que as frequências enviadas direto dos tweeters não
encontrem obstáculo;
• a segunda é através da reflexão no vidro quando os tweeters ficam
direcionados para a parte central do para-brisa.

Dica
Para minimizar as desvantagens do uso de tweeters no painel, longe
dos mid-ranges, escolha alto-falantes produzidos por fabricantes de
renome e faça a angulação deles magistralmente.

Pezinhos (Kick-panels)

Kick-panels são pequenas molduras, que ficam no assoalho do carro, na parte


da frente das portas, próximas aos pés dos ocupantes. No lado do motorista, o
kick-panel fica próximo ao pé esquerdo e, no lado do carona, próximo ao pé
direito.

Instalação de alto-falantes de médios

Os alto-falantes de médios são capazes de reproduzir frequências a partir de


70 Hz, chegando até a 10.000 Hz (dependendo do mid-range). Para reproduzir
essa alta faixa de frequência podemos ter desde apenas um mid-range que
possa ser utilizado como full-range, até uma combinação de três (03) alto-
falantes, (mid-bass + mid-range + mid-high). Alto-falantes de médios, assim
como tweeters, devem ser angulados para a obtenção de um bom som. Como
os tweeters, os mid-ranges são sempre indispensáveis na parte da frente do
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SENAI - PE

veículo, enquanto que na parte de trás representam apenas uma opção de


projeto.

Na frente do veículo temos os seguintes locais: as portas, o kick-panel e o


painel. Na parte de trás temos: o tampão e as portas traseiras.

Vamos analisar cada uma dessas partes:

Na frente
O alto-falante de médios nas portas tem três tipos básicos de forro de porta:
1) os que vêm pré-moldados de fábrica e já possuem local para a instalação
do alto-falante;
2) os que vêm retos e necessitam ser recortados para a instalação do alto-
falante;
3) os que são fabricados pela própria loja de som, com as seguintes
intenções:
• colocar mais alto-falante;
• personalizar a instalação;
• instalar um alto-falante com tamanho maior que o original de fábrica.

Forros de porta retos (lisos)

Este tipo de forro possibilita que você escolha o tamanho do alto-falante que
pretende instalar na porta (dentro dos limites), além de uma série de
combinações.
Você pode instalar, por exemplo:
• um conjunto mid-range (usado como full-range) mais tweeter (todos na
porta);
• midbass na parte baixa da porta e mid-range (usado como médio e médio-
agudo) mais tweeter na parte alta;
• midbass na porta e mid-range no painel (como médio e médio agudo) mais
tweeter, etc...

Para instalar alto-falante nesse forro basta verificar se a profundidade da porta


é compatível com a altura total do alto-falante que você pretende instalar. É
preciso recortar o forro e fixar o alto-falante.

As vantagens desse forro são a maior flexibilidade de projeto, a facilidade de


instalação dos alto-falantes, e o fato de podermos (dependendo do tamanho da
porta) instalar um pequeno grupo de alto-falantes, como por exemplo, midbass
+ mid-range + tweeter.

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SENAI - PE

As desvantagens são:
• nem sempre se consegue uma boa estética entre os alto-falantes e o forro
por causa da diferença de cores entre o tecido do forro da porta e os alto-
falantes;
• se o mecanismo de levantar o vidro for do tipo manual, reduzem-se
drasticamente as opções de local de montagem dos médios;
• não havendo equidistância entre os alto-falantes do lado esquerdo e os do
lado direito, em relação à cabeça do motorista, poderá haver um
deslocamento da imagem acústica para as laterais.

Instalação dos alto-falantes de médios na parte de trás do carro

A instalação de alto-falantes de médios na parte de trás dos carros é facultativa


e depende muito do projeto do som. A qualidade do som é a mesma, tanto para
os carros que usam como para os carros que não usam alto-falantes de médios
ou agudos na parte traseira. Tudo dependerá do instalador, da qualidade do
equipamento e principalmente da instalação.

Os alto-falantes mais usados para essa finalidade são os coaxiais de 4 ou 5


polegadas, por possuírem boa resposta de frequência e por ocuparem pouco
espaço.

No tampão

Outra opção muito usada pelos instaladores de som é a utilização do tampão


da mala, basta fazer um corte neste, na medida do alto-falante para encaixar e
fixar, com parafusos, os alto-falantes. Não há necessidade de serem
inclinados. Neste caso, o tampão tanto pode ser original como personalizado,
fica ao gosto do cliente.

As frequências médias correspondem a 70% de uma música, o que dá aos


mid-ranges grande capacidade de formar o som. Para que não haja um
deslocamento indesejado da acústica devemos regular a atenuação dos mid-
ranges em torno -6dB, em comparação com os alto-falantes da parte frontal. A
regulagem de -6dB é apenas uma proposta, deve-se usar regulagem que
melhor se adapte às características, tanto do projeto quanto da acústica do
veículo.

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SENAI - PE

Nas portas traseiras

Alguns carros têm um local (original) para a instalação de alto-falantes nas


portas traseiras.

Se não houver local original para a instalação de mid-ranges nas portas


traseiras, não perca seu tempo. É muito mais fácil construir um tampão
personalizado do que um forro de porta personalizado.

Woofers e subwoofers

São os alto-falantes de 8, 10, 12, 15 e 18 polegadas. Esses tipos falantes


necessitam de um tipo de caixa acústica de litragem bem definida porque a
cada vez que o cone de um woofers ou subwoofers se move para frente e para
trás, produz uma onda sonora pela parte da frente e pela parte de trás. Quando
essas ondas sonoras se encontram, elas se anulam, resultando em quase
nenhum grave. Este fenômeno recebe o nome de cancelamento acústico ou
curto-circuito acústico.

A caixa acústica tem a função de isolar a parte da frente da parte de trás


desses tipos de falantes, impedindo que as ondas sonoras geradas pela parte
de trás se encontrem com as da parte da frente. Assim, não ocorre
cancelamento acústico. É por isso que as caixas acústicas são tão
fundamentais para uma perfeita reprodução dos sons graves.

Considerando tecnicamente, o melhor lugar para um subwoofer seria apenas


na parte de trás no interior do porta-malas.

Subwoofers dentro do porta-malas

Para se usar subwoofers no interior do porta-malas é necessário calcular e


construir uma caixa acústica. O tamanho ideal da caixa vai depender da marca
e modelo do alto-falante, bem como do próprio tipo de caixa acústica.

O dimensionamento de caixa acústica estudaremos no próximo capítulo.

Como escolher seus aparelhos de CD players e amplificador

Verifique sua resposta de frequência, ela deve ser a mais plana possível
entre 20Hz e 20.000Hz, isto é, deve amplificar a música com o mesmo ganho
em toda a faixa de frequência audível.
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SENAI - PE

Verifique sua potência RMS, contínua a 4 Ohms com baixa distorção.

Verifique sua distorção harmônica (THD), distorção acima de 1% pode causar


fadiga.
Verifique a tensão de saída dos conectores RCA, quanto maior a tensão, mais
imune a ruídos vai ser seu sistema; dê preferência aos aparelhos que forneçam
2 Volts ou mais nas saídas RCA.

Quanto mais canais de equalização de áudio melhor para a equalização do


sistema. Sistemas de delay para controle da posição de escuta presentes nos
aparelhos como Alpine e Clarion, entre outros top de linha, ajudam a montar o
palco sonoro sobre o painel do carro.

Atenção:
Muitos CD-Players possuem cerca de 27 W RMS em 4 Ohms, resposta de
frequência nas saídas amplificadas de 50Hz a 15.000Hz com distorção abaixo
de 5% THD. Mas a potência da propaganda é de 35 W... 50W.... que são a
potência máxima com distorção maior que 5%. !!!

Amplificadores
Verifique se o módulo amplificador admite ligação bridge, possui crossover
ativo passa-alta e passa-baixa e controle de ganho para cada par de canais.

Verifique sua distorção harmônica, pois distorção (THD) acima de 1% pode


causar fadiga. Quanto menor este valor, menor será a distorção.

Verifique sua resposta de frequência, ela deve ser a mais plana possível entre
20Hz e 20.000Hz.

Verifique sua potência RMS, contínua a 4 Ohms (Root Mean Square) com
baixa distorção. Observe que 30W RMS são suficientes para sistemas no dia a
dia, 50W ou acima já servem para fazer um bom barulho fora do carro. Muitos
fabricantes indicam a potência a 1 Ohm, algo que é muito difícil de ser utilizado,
você precisaria de 4 falantes de 4 Ohms, ligados em paralelo, para chegar a
essa impedância. Isto é inviável para quem quer utilizar apenas um subwoofer.
Além de que muitos utilizam a potência PMPO (Peak Music Power Output), que
é a potência de pico medido em frações de segundo que não servem para a
música em geral.

Verifique a impedância mínima que o amplificador aguenta. Normalmente fica


em 2 Ohms em estéreo e 4 Ohms em bridge.
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Verifique sua relação sinal/ruído (S/N). Relação entre o nível de sinal e o nível
de ruído presente no som, os melhores amplificadores têm a relação acima de
100dB. Quanto maior esse valor, menos ruído seu amplificador vai gerar.
Verifique seu damping factor, que indica a capacidade do amplificador de
controlar o alto-falante. Quanto maior, melhor. Infelizmente poucos falantes
levantam este parâmetro para disponibilizar ao público.

Você sabia que a maioria dos amplificadores do mercado é de classe AB e que


metade da corrente que eles consomem vira calor e a outra metade vira som e
música?

ATENÇÃO!
Nos amplificadores Pyramid devemos considerar apenas metade da potência
total indicada, pois será a potência que realmente poderá ser usada sem
ocorrer sobreaquecimento e sem distorção excessiva. A potência total indica
apenas a potência RMS em 2 Ohms com o "ganho" no máximo. Esteja atento
também à relação sinal/ruído, que é muito baixa, cerca de 85dB (bons
amplificadores possuem 100dB nessa relação, lembrando que adicionar 3dB
significa dobrar a pressão sonora).

Ligação bridge

O que é ligação bridge?

Vamos estudar agora esse tipo de ligação.

Figura 33 – representação de como fazer ligação em bridge

• Consiste em ligar o positivo do subwoofer na saída positiva do canal


esquerdo e o negativo do subwoofer na saída negativa do canal direito, ou
vice-versa.
• Essa ligação não é aceita em módulos do tipo Booster.
• Em alguns amplificadores é necessário mover chaves e configurar
crossovers. Verifique sempre seu manual.
• Assim, você tem uma saída mono com cerca de 3 vezes mais potência do
que uma ligação comum em estéreo.

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SENAI - PE

• A maioria dos amplificadores aceita uma mínima impedância de 4 Ohms


nessa ligação, mas em alguns amplificadores, chamados de alta corrente,
podemos ligar uma associação de subwoofer com 0,5 Ohms, podendo
chegar a até 10 vezes mais de potência fornecida pelo amplificador,
comparando com uma ligação comum em 4 Ohms (caso do áudio Art
100HC).
• Em alguns amplificadores, como o 4.6x da Rockford Fosgate, é necessário
inverter a polaridade do subwoofer em relação à polaridade de saída do
amplificador caso esteja utilizando crossover passa-alta para os falantes da
frente e passa-baixa para o subwoofer.
• Verifique sempre o manual do amplificador para se certificar se ele aceita
este tipo de ligação e como fazer a correta ligação em modo bridge.
• Geralmente os amplificadors MOS-FET trabalham com tensões de -28 Volts
a 0 volts e 0 a +28 Volts na ligação estéreo (2 canais). E na ligação bridge (1
canal) a tensão varia de -28 a +28 Volts.

Neste capítulo, que agora concluímos, apresentamos as formas de instalação


de equipamentos de som, seus requisitos, vantagens, desvantagens e
cuidados necessários.

No capítulo seguinte, vamos estudar as caixas acústicas, em especial, a caixa


selada e o cálculo de volume correspondente.

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SENAI - PE

CAIXAS ACÚSTICAS

Tipos mais usuais

Para um perfeito funcionamento dos subwoofers, a instalação em caixas


acústicas deve ser adequada às suas características. A caixa acústica permite
ao alto-falante trabalhar em condições ideais, reproduzindo sons com eficiência
e qualidade, sem riscos de danos por excesso de excursão. Uma caixa
acústica corretamente projetada e construída realça a performance do
subwoofer, aumentando a intensidade do som, obtendo um controle de
excursão e uma boa resposta.

O cálculo da caixa acústica deve levar em conta os parâmetros Thiele-Small do


alto-falante, bem como o resultado final que se deseja. Os graves bem
pronunciados e até um pouco retumbantes, o tipo, o tamanho da caixa acústica
e sua sintonia são diferentes, variando de acordo com o gosto de cada um. Por
esse motivo existem vários tipos de caixas acústicas. As mais comuns são:
SELADA (closed), DUTADA (vented) e BAND-PASS.

A escolha de uma caixa acústica depende de sua utilização. Para tanto, devem
ser levadas em consideração as características de cada caixa. Suas
características são:
• Selada - excelente resposta a transientes, resposta de frequência plana,
baixa distorção em toda faixa, alta potência, ideal para quem deseja um
grave puro e profundo.
• Dutada - resposta de graves estendida, alto SPL, boa resposta a
transientes, baixa distorção na frequência de sintonia, ideal para quem
deseja graves reforçados.
• Band-pass - resposta de graves estendida, banda de frequência definida.
Boa resposta a transientes.

Cuidados na construção de uma caixa acústica

Na hora de construirmos uma caixa acústica, devemos sempre estar atentos a


alguns detalhes. Esses detalhes fazem a diferença entre um som bom ou ruim,
forte ou fraco, etc.

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SENAI - PE

Existem alguns pontos que sempre devem ser levados em conta.

A caixa deve ser construída com madeira de espessura suficiente para garantir
que as paredes não vibrem. Uma sugestão seria o uso de no mínimo 15 mm.

Devem-se vedar todos os cantos da caixa com silicone ou material semelhante.

É aconselhável o uso de materiais como: underseal (emborrachamento), manta


asfáltica, etc. Isto garante maior rigidez à caixa.

A junção entre o alto-falante e a caixa deve ser bem vendada, com materiais
como silicone, massa de calafetar, etc.

Devem ser utilizadas caixas que possuam o menor número de paredes


paralelas, ou seja, uma caixa do tipo trapézio, cilindro, etc. Caixas com paredes
paralelas podem apresentar problemas de cancelamento (perda de eficiência).

Vamos especificar como solução 3 tipos de caixas:

• caixa para SPL e graves secos: 46L = A x P x L= 40 x 35 x 45;


dutos: 4"x19cm, bate mais forte para fora, um pouco de subgraves, e
bate bem para dentro, batidas secas;
4"x 30cm bate melhor pra dentro, mas bate para fora também, tem um
bom SPL e graves um pouco mais planos.
• caixa para SPL e subgraves, graves um pouco mais arredondados.
50L A x P x L= 40 x 35 x 50, tem um bom SPl, subgraves bons, e
respostas um pouco mais planas.
dutos: 4"x 20cm muito bom para fora;
4"30cm SPL e subgraves;
4"35cm subgraves e respostas planas.
• caixa para respostas planas e subgraves;
55L A x P x L= 40 x 35 x 55 = 55L aproximadamente;
graves muito planos, e um subgrave muito bom, um pouco menos de
SPL e batidas suaves;
dutos: 4"20cm graves planos e melhor para fora;
4"30cm melhor para dentro e uma ótima qualidade.

Dica: Os dutos particularmente funcionam assim:


20cm melhor para fora e fik com um mais SPL, batidas mais secas,
30cm melhor para dentro com mais subgraves, batidas mais suaves;
35cm com respostas planas, um subgrave muito bom, e batidas que
se escutam de longe, batidas suaves sem muito pico.
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SENAI - PE

A seguir estão os formatos e suas respectivas fórmulas de cálculo:

Caixa acústica retangular

A caixa retangular é o formato mais conhecido e utilizado nos projetos de


caixas acústicas. As dimensões podem ser calculadas da seguinte forma:

Figura 34 – Caixa acústica retangular.

Caixa acústica trapezoidal

Trapezoidal é um formato muito conhecido por aqueles que trabalham com


som automotivo, pois este tipo de caixa é muito utilizado nos carros,
caminhonetas e vans. Este é similar ao formato retangular, exceto um lado que
é inclinado. As dimensões podem ser calculadas da seguinte forma:

Figura 35 – Caixa acústica trapezoidal.

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SENAI - PE

Caixa acústica cilíndrica (tipo bazooca)

Caixa acústica cilíndrica é um formato também muito conhecido e utilizado,


devido a sua facilidade de manuseio e construção. É um formato bastante
simples, pois apresenta apenas duas dimensões. As dimensões dessa caixa
podem ser calculadas da seguinte forma:

Figura 36 – Caixa acústica cilíndrica.

Caixa acústica band-pass

É uma caixa acústica que possui dois volumes distintos, com um alto-falante
montado na parede que os divide. O volume Vb1 corresponde à câmara
traseira, esta que controla o limite inferior da resposta de frequência da caixa.
O Vb2 corresponde à câmara frontal, a qual controla o limite superior da
resposta de frequência da caixa. O duto estará sempre na câmara Vb2. Esta
caixa pode ser calculada da seguinte forma:

Figura 37 – Caixa acústica band-pass.

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SENAI - PE

Câmara traseira

Câmara frontal

A caixa closed (selada) tem excelente resposta a transientes, principalmente


para valores de Qtc inferiores a 0,7, situação em que a resposta de graves é
prejudicada (F3>Fc ).
• Resposta de frequência plana.
• Baixa distorção em toda a faixa.
• Pouco reforço em baixa frequência

Utiliza alto-falantes de alta excursão (por ter volume interno fixo, a caixa evita
excursões exageradas do falante; diminuindo-se o volume em 15% é possível
aplicar até 30% a mais de potência).

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Suporta altas potências sem que se aumente o risco de danificar o alto-falante


na mesma proporção. Ideal para quem deseja um grave puro e profundo. Bom
para pop, dance, heavy metal e rock (músicas com batidas de impacto).
• Vented Box (Dutada);
• resposta de graves estendida;
• alto SPL;
• boa resposta a transientes;
• baixa distorção na frequência de sintonia.

Para quem deseja graves reforçados: o duto permite acentuar a resposta de


graves em torno da frequência de sintonia Fb. O duto pode ser interno, parte
interna, parte externa à caixa e curva, basta manter o comprimento exigido pelo
projeto.

Possui resposta transitória inferior à da caixa fechada.

Permite muita flexibilidade de projeto, justamente pela variação de sintonia do


duto. Este tipo de sistema promove um ganho de cerca de 3 dB a mais em
relação a uma caixa selada. Pode ser alinhada para uma resposta mais
agressiva em baixa frequência, atuando também no controle de excursão do
alto-falante. O duto pode possuir qualquer formato. A sintonia é feita através do
volume total do duto, também chamado de pórtico.

Bom para jazz, MPB, clássico, pop, axé, pagode (músicas com graves
estendidos).

Caixa selada: cálculo de volume

Através do cálculo do volume da caixa, podem ser obtidos vários tipos de curva
de resposta, variando desde uma reprodução sonora "seca" até uma do tipo
retumbante. Para isso, o cálculo deve levar em conta um determinado valor do
Q do conjunto denominado Qtc. Semelhantemente ao alto-falante, do valor do
Qtc depende o tipo de resposta. Um Qtc da ordem de 0,7 resultará em uma
caixa bastante amortecida, com ótima resposta a transientes e resposta de
frequência plana. Um Qtc = 1,1 propiciará uma resposta mais "encorpada",
eficiência máxima e resposta a transiente ligeiramente degradada. Valores
menores do que 0,7 ou maiores do que 1,1 são desaconselháveis.

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Figura 38 – Gráfico Qtc para cálculo de caixa acústica.

O cálculo do volume da caixa "closed" para um determinado alto-falante é


extremamente simples, o que faz com que este tipo de caixa seja bastante
popular. Devemos em primeiro lugar escolher um Qtc entre 0,7 e 1,1, de
acordo com o resultado final desejado. Calcula-se então a relação de
compliância.

a = (Qtc² / Qts²) - 1

Calcula-se, então, o volume da caixa acústica pela fórmula a seguir:


Vb = Vas / a.
Vb = volume da caixa.
Vas = volume equivalente do alto-falante.
a = relação de compliância.

Calculam-se, a seguir, as frequências de ressonância da caixa (Fc) e a


frequência de corte (F3) de acordo com as fórmulas seguintes.

Fc = Qtc x Fs / Qts

Se o Qtc escolhido for 0,7, estas duas frequências serão iguais, porém se o Qtc
for maior, a frequência de corte será inferior à frequência de ressonância e a
resposta de graves será entendida (à custa de um menor amortecimento e de
uma piora na resposta de transientes). É interessante notar que a escolha do
Qtc final vai determinar tanto o volume da caixa quanto a frequência de corte
inferior (F3). Valores baixos de Qtc (perto de 0,7) demandam caixas com
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SENAI - PE

grande volume, porém apresentam valores de F3 menores (a resposta de


graves é mais estendida). Valores altos de Qtc conduzem a caixas de menor
volume, porém com resposta de graves menos estendida.

É prática comum revestir algumas ou todas as paredes internas da caixa


acústica com material absorvente de som (geralmente lã de vidro ou espuma
de poliuretano ou poliéster) com a finalidade de absorver as ondas sonoras
geradas pela parte traseira do cone, que refletindo nas paredes da caixa
podem interferir com os sons produzidos pelo alto-falante causando reforços e
atenuações. Esse material também ajuda a evitar a formação de ondas
estacionárias entre as paredes paralelas da caixa.

O material absorvente, além dos efeitos acima, apresenta a propriedade de


promover trocas térmicas entre as zonas de alta pressão e as de baixa pressão
dentro da caixa, transformando as variações de pressão de adiabáticas em
isotérmicas. Isto na prática equivale a aumentar o volume da caixa acústica até
um máximo teórico de 40 % (para a caixa toda cheia de material absorvente).
Este efeito deve ser levado em conta nos cálculos acima descritos.

Concluímos este capítulo onde apresentamos as principais referências que o


orientarão a escolher e instalar alto-falantes e caixas acústicas. Ao utilizar
corretamente essas referências, você terá todas as condições necessárias para
fazer uma excelente instalação de som em automóvel.

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SENAI - PE

CONCLUSÃO

Esperamos que o estudo proporcionado por esta apostila tenha cumprido o


objetivo de apresentar um panorama acerca do som e suas aplicações no
automóvel, requisitos e cuidados técnicos a serem considerados pelo
instalador.

O desenvolvimento de um profissional em qualquer área de atuação requer


continuidade de estudos, gosto pela pesquisa, curiosidade, esforço de
aplicação, enfim uma atitude de busca constante para melhorar conhecimentos
e habilidades.

Um exímio instalador de som automotivo se faz com experiência, capacidade


de autoavaliação e disposição para estar sempre aprendendo.

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SENAI - PE

ANEXO - TABELAS

Neste anexo apresentamos tabelas onde você encontrará as referências


técnicas necessárias para orientá-lo no corte de frequência dos alto-falantes
(tweeters e cornetas).

Frequências de corte típicas


Mid-range 4" (4 Ohms) 400Hz passa-alta 100uF
Midbass 5" (4 Ohms) 260Hz passa-alta 150uF
Midbass 6 " (4 Ohms) 180Hz passa-alta 220uF
Tweeter (4 Ohms) 5000Hz passa-alta 10uF
Driver para corneta (8 Ohms) 1000Hz passa-alta 22uF
Super tweeter (8 Ohms) 6000Hz passa-alta 3.3uF
Woofer 800Hz passa-baixa
Subwoofer 100Hz passa-baixa
Subwoofer (mais qualidade) 60Hz passa-baixa
Tabela 12 – Capacitores para frequência de corte.

Tabela de atenuação

Atenuadores L-pad
Atenuação em decibéis Valores de resistores para cargas de
8 Ohms 4 Ohms
dB
RS RP RS RP
2.5 2.1 22.9 1.0 12.6
3.0 2.3 19.4 1.2 9.0
3.6 2.7 15.6 1.4 7.8
4.0 3.0 13.7 1.5 6.4
5.0 3.5 10.3 1.8 5.1
6.0 4.0 8.0 2.0 3.2
7.0 4.4 6.5 2.2 3.2
8.0 4.8 5.3 2.4 2.6
Tabela 13 – Atenuação de corte de frequência.

Saiba mais sobre L-Pad, RS = Resistor em série; RP = Resistor em paralelo.

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Dica: A atenuação deve ser utilizada em médios ou tweeter, através de


resistores de fio ou cerâmicos com 10 a 30 watts. A atenuação pode
ser feita nos alto-falantes da parte de trás do veículo, principalmente
nos tweeters, com uma atenuação de 3dB ou mais.

Tabelas de Filtros – passa-alta e passa-baixa

6 dB / Oitava

Passa-alta Passa-baixa
6 dB/Oitava para Alta Frequência 6 dB/Oitava para Baixa Frequência
Frequência 4 ohms 8 ohms
Hertz L C L C
80 8.2mH 500uF 16mH 250uF
100 6.2mH 400uF 12mH 200uF
125 5.0mH 320uF 10mH 160uF
150 4.0mH 260uF 9.0mH 130uF
200 3.5mH 200uF 6.8mH 100uF
260 2.5mH 150uF 5.0mH 75uF
400 1.6mH 100uF 3.3mH 50uF
600 1.0mH 70uF 2.0mH 35uF
800 0.8mH 50uF 1.6mH 25uF
1000 0.6mH 40uF 1.2mH 20uF
1500 0.4mH 25uF 0.8mH 13uF
2000 0.3mH 20uF 0.6mH 10uF
3000 0.2mH 13uF 0.4mH 6.6uF
4000 0.15mH 10uF 0.3mH 5uF
5000 0.12mH 8uF 0.25mH 4uF
6000 0.1mH 6.6uF 0.20mH 3.3uF
8000 0.8mH 5uF 0.16mH 2.5uF
10000 0.06mH 4uF 0.12mH 2uF
Tabela 14 – Valores de indutores (bobina) e capacitores despolarizados.

L = indutor (bobina); C = capacitor despolarizado


Valores dados em "miliHenry" e "microFarads".

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12 dB / oitava

Passa-alta Passa-baixa
12 dB/oitava para alta frequência 12 dB/oitava para baixa frequência
Frequência 4 ohms 8 ohms
Hertz L C L C
80 11mH 330uF 22mH 180uF
100 9mH 270uF 18mH 135uF
125 7mH 220uF 14mH 110uF
150 6.0mH 180uF 12mH 90uF
200 4.5mH 140uF 9mH 70uF
260 3.5mH 100uF 7mH 50uF
400 2.2mH 70uF 4.5mH 35uF
600 1.5mH 50uF 3.0mH 25uF
800 1.0mH 33uF 2.0mH 15uF
1000 0.9mH 27uF 1.8mH 13uF
1500 0.6mH 18uF 1.2mH 10uF
2000 0.45mH 14uF 0.9mH 7uF
3000 0.3mH 10uF 0.6mH 4.6uF
4000 0.225mH 7uF 0.45mH 3.5uF
5000 0.18mH 5.6uF 0.36mH 2.8uF
6000 0.15mH 4.6uF 0.30mH 2.3uF
8000 0.11mH 3.5uF 0.25mH 1.7uF
10000 0.09mH 2.8uF 0.18mH 1.4uF
Tabela 15 – Indutores e capacitores para corte de frequência de 12 dB para alta e baixa.

L = Indutor (bobina); C = capacitor despolarizado


Valores dados em "miliHenry" e "microFarads"

A sequência dos componentes deve ser:


amplificador;
filtro (passa-alta ou passa-baixa ou passa-banda);
atenuador (L-pad);
falante.

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SENAI - PE

REFERÊNCIAS

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Acesso em 29/07/2012.
• Antenas. Disponível em: http://www.autosom.net/antenas.htm. Acesso em
09/07/2012.
• Aparelhos de Som. Disponível em:
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/potSonora.asp. Acesso em
03/07/2012.
• Artigos técnicos sobre som automotivo. Disponíveis em:
http://www.autosom.net/artigos.asp. Acesso em 10/07/2012.
• Bateria automotiva. Disponível em:
http://www.oficinabrasil.com.br/hotsites/rta/material-de-apoio/material-de-
apoio-heliar-250809.pdf. Acesso em 03/07/2012.
• Bobina. Disponível em:
http://autosom.net/artigos_user/artigo_20060926142437ArtigoBobinasRev.p
df. Acesso em 29/06/2012.
• Cálculo de dimensões de caixas acústicas. Disponível em:
http://www.bravox.com.br/. Acesso em 10/07/2012.
• Cálculo do volume de uma caixa selada. Disponível em:
http://www.bravox.com.br/textostecnicos_caixaselada.asp Acesso em
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• Como funcionam os alto-falantes. Disponível em:
http://hsw.uol.com.br/alto-falantes.htm. Acesso em 03/07/2012.
• Como medir a potência RMS. Disponível em:
http://www.autosom.net/artigos/rms.htm. Acesso em 09/07/2012.
• Componentes do Alto-falante. Disponível em:
http://altofalanteufes2007.blogspot.com.br/. Acesso em 09/07/2012.
• Frequência-física. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$frequencia-
(fisica). Acesso em 10/07/2012.
• Imagem estereofônica. Disponível em: http://www.autosom.net/instala.asp
Acesso em 15/07/2012.
• O som. Disponível em:
http://telecom.inescn.pt/research/audio/cienciaviva/index_osom.htm. Acesso em
novembro de 2005.
• Speaker Works. Disponível em:
http://micro.magnet.fsu.edu/electromag/java/speaker/index.html. Acesso em
29/06/2012.
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SENAI - PE

• Ruído-definições. Disponível em:


http://www.amde.pt/pagegen.asp?SYS_PAGE_ID=452279. Acesso em
07/07/2012.
• Tabela de cabos de força. Disponível em:
http://www.autosom.net/artigos/tab2.htm. Acesso em 10/07/2012.

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CRÉDITOS

Elaboração
Inaldo Caetano de Farias

Revisão Técnica
Stênio de Castro Ribeiro II

Revisão gramatical
Teresa Lucrécia Melo Santos

Diagramação
Lindalva Maria da Silva

Editoração
Divisão de Educação Profissional e Tecnológica – DET

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