Esab Gestão PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 148

MÓDULO DE:

GESTÃO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS

AUTORIA:

ANA MARIA FURTADO

Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

1
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: GESTÃO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS
Autoria: Ana Maria Furtado

Primeira edição: 2008

Todos os direitos desta edição reservados à


ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA
http://www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES
CEP: 29102-040
Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

2
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
A presentação

Uma mudança fundamental está ocorrendo no meio ambiente e no âmbito interno das
organizações empresariais e educacionais. Esta mudança está provocando a renovação do
modelo de gestão dessas organizações em face da necessidade de sua sobrevivência no
ambiente em que atuam. Novos acontecimentos nos surpreendem a cada momento no
contexto social e educacional.

Os modelos que direcionam a administração do ensino das escolas públicas e particulares


dos ensinos fundamental e médio parecem caminhar para a sua inviabilização.

Este módulo apresenta de forma clara as especificidades da gestão educacional eficaz. Nós,
como educadores e gestores deste processo, devemos ainda em tempo, rever a nossa
postura que, de agora em diante não pode ser a mesma.

A nossa visão deve ser executiva, técnica e muito mais humana uma vez que estamos
dentro da formação da área das Ciências Humanas. Nossos ideais devem ser de uma
missão não só individual, mas direcionar o nosso olhar para as práticas e necessidades
coletivas. As questões sociais e ambientais estão muito além do acadêmico que temos
ensinado dentro do coração da escola – a sala de aula. A ética e a cidadania não podem ser
simplesmente um projeto interdisciplinar que permeia parte do tempo de uma escola. Muito
menos uma utopia. São vivências que devem ser ensinadas com exemplo, em todos os
momentos.

A eficiência de nossos movimentos como gestores é simplesmente parte de nosso


compromisso. Buscar a eficácia é nosso maior objetivo, em todos os momentos de nosso
trabalho mesmo que não seja imediato, mas que aconteça e jamais se perca.

Ana Maria Furtado

3
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
O bjetivo

Possibilitar aos profissionais a aquisição de conhecimentos que possam ser aplicados na


gestão escolar e disponibilizar informações para que o gestor escolar, da educação básica –
infantil, fundamental e médio, possa desenvolver uma gestão democrática tornando eficaz no
seu dia a dia, além de fornecer elementos que os levem a compreender e analisar a gestão
da educação; propiciar uma formação relacional mais humana entre gestores e corpo
docente e pessoal administrativo

E menta

A gestão administrativa na educação; autonomia; enturmação; classes especiais; evasão,


abandono e trabalho infantil; liderança; seleção de professores; supervisão; PDE; calendário
escolar; regimento interno; plano anual de trabalho e proposta pedagógica.

S obre o Autor

Mestre em Teologia com especialização em divindade pela Shalom Bíble College and
Semínary e FAETESP- Toronto Canadá

Licenciada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas de São José dos Campos e


Faculdade de Ciências Humanas

Experiência em supervisão pedagógica e docência de ensino superior

4
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
S UMÁRIO

UNIDADE 1 ........................................................................................................ 8
Administração Da Educação Escolar ............................................................... 8
UNIDADE 2 ...................................................................................................... 14
A Distinção Que Faz A Escola Eficaz ............................................................ 14
UNIDADE 3 ...................................................................................................... 22
A Questão Da Autonomia .............................................................................. 22
UNIDADE 4 ...................................................................................................... 27
O Desempenho Dos Alunos .......................................................................... 27
UNIDADE 5 ...................................................................................................... 35
As Formas De Enturmação............................................................................ 35
UNIDADE 6 ...................................................................................................... 40
Limitações E Desvantagens Do Sistema Seriado .......................................... 40
UNIDADE 7 ...................................................................................................... 45
Classes Especiais Para Circunstâncias Especiais ......................................... 45
UNIDADE 8 ...................................................................................................... 51
Recuperação Paralela ................................................................................... 51
UNIDADE 9 ...................................................................................................... 56
Medidas Corretivas Na Gestão Educacional.................................................. 56
UNIDADE 10 .................................................................................................... 60
Contra Turno ................................................................................................. 60
UNIDADE 11 .................................................................................................... 66
Evasão, Abandono Escolar E Trabalho Infantil .............................................. 66
UNIDADE 12 .................................................................................................... 71
Delegação De Autoridade .............................................................................. 71
UNIDADE 13 .................................................................................................... 76
5
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Liderança: Poder, Autoridade, Comando Ou Apoio? ..................................... 76
UNIDADE 14 .................................................................................................... 80
Liderança Exige Gentileza ............................................................................. 80
UNIDADE 15 .................................................................................................... 84
O Exercício Da Liderança .............................................................................. 84
UNIDADE 16 .................................................................................................... 87
Promovendo O Protagonismo Dos Alunos..................................................... 87
UNIDADE 17 .................................................................................................... 92
Seleção De Professores ................................................................................ 92
UNIDADE 18 .................................................................................................... 96
Supervisão .................................................................................................... 96
UNIDADE 19 .................................................................................................. 101
Supervisão Educacional No Brasil ............................................................... 101
UNIDADE 20 .................................................................................................. 105
Elaboração De PDE..................................................................................... 105
UNIDADE 21 .................................................................................................. 110
Calendário Escolar ...................................................................................... 110
UNIDADE 22 .................................................................................................. 113
Falando Ainda De Ações Semestrais .......................................................... 113
UNIDADE 23 .................................................................................................. 117
Regimento Interno ....................................................................................... 117
UNIDADE 24 .................................................................................................. 120
Os Capítulos Do Regimento Escolar ........................................................... 120
UNIDADE 25 .................................................................................................. 125
Plano Anual De Trabalho ............................................................................. 125
UNIDADE 26 .................................................................................................. 129
Avaliação Dos Profissionais......................................................................... 129
UNIDADE 27 .................................................................................................. 132

6
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Proposta Pedagógica – Base Para A Qualidade Do Ensino ........................ 132
UNIDADE 28 .................................................................................................. 135
As Etapas Para Elaboração De Uma Primeira Proposta Pedagógica. ......... 135
UNIDADE 29 .................................................................................................. 139
Ainda Sobre As Etapas Da Proposta Pedagógica ....................................... 139
UNIDADE 30 .................................................................................................. 143
Reuniões Eficazes ....................................................................................... 143
GLOSSÁRIO .................................................................................................. 147

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 148

7
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 1
Objetivo: Conhecer a função social da Escola como uma instituição que se preocupa com as
questões cognitivas, mas também que se envolve amplamente na construção e na instituição
da cidadania de um país.

Administração da Educação Escolar

Gestão Escolar: Função Social e Política

A escola eficaz é aquela onde os alunos aprendem. Quando os alunos não aprendem, a
escola não é boa. Quando refletimos sobre a função social da escola, seria possível começar
pela pergunta: que articulações existem entre escola e cidadania? Se toda comunidade
política se caracteriza pela coexistência de várias tradições, a escolaridade tem significado
particular. A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixem de
pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa comunidade mais ampla em
que os indivíduos estão reunidos não por vínculos de parentesco ou de afinidade, mas pela
obrigação de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a coabitação de seres
diferentes sob a autoridade de uma mesma regra.

Há uma estreita articulação entre as relações de convivência social instituída


pela escola e a cidadania. Ou seja, é no exercício da vivência entre os seres
diferentes que se aprendem normas, sem as quais não sobrevive a
sociedade. Mas, por certo, não é apenas para a convivência social e para a
socialização que existe a escola. Ela surge da necessidade que se tem de
transmitir de forma sistematizada o saber acumulado pela humanidade. Na chamada
sociedade do conhecimento este papel tende a assumir uma importância sem precedentes.
Outro aspecto a assinalar é que a escola é uma instituição datada historicamente. Ou seja,
cada sociedade, cada tempo forja um modelo escolar que lhe é próprio. Este, por sua vez é
atravessado por marcas e interesses diferenciados. Sobre o assunto é oportuno observar
que: A prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização

8
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a
escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez,
apresenta-se como constituída por classes sociais com interesses antagônicos. A prática
escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes
concepções de homem e de sociedade e, consequentemente diferentes pressupostos sobre
o papel da escola, aprendizagem, relações professor-aluno, técnicas pedagógicas, etc.
(Libâneo, 1986:19).

As funções políticas e sociais da escola são também atravessadas pelos interesses das
classes sociais. Nessa perspectiva é interessante situar a contribuição de tendências, que
resultaram em diferentes concepções do papel da escola e, consequentemente, de sua
função política e social na construção da cidadania. Este foi um tema predominante do
debate sobre a educação no Brasil, nos anos oitenta que permitiu, através de diferentes
tipificações, compreenderem o papel da escola, segundo demandas que surgem em distintos
contextos.

Através da análise dos principais documentos de política educacional produzido entre 1985 e
1995 é possível perceber que, contrariamente ao que uma interpretação superficial permitiria
supor, não é o governo Fernando Henrique Cardoso o autor da “descoberta” da escola pela
política educacional (Vieira, 1998). É aos poucos, e já no início da década de 90, que a
escola começa a aparecer. Momento chave na emergência de uma atenção sobre o tema no
debate da política educacional é o Seminário sobre Qualidade, Eficiência e Equidade na
Educação Básica, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,
realizado em novembro de 1991, em Pirenópolis, ainda durante o governo Collor.

Torna-se cada vez mais importante que cada uma dessas instâncias e
segmentos assuma compromissos públicos com a melhoria do ensino,
fazendo da escola um centro de qualidade e cidadania, com professores e
dirigentes devidamente valorizados, ajudando o País a edificar um eficiente sistema público
de educação básica. (Brasil. MEC. 1993).

9
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Antes, porém de prosseguirmos devemos nos perguntar com simplicidade: O que é uma
escola? A escola é o primeiro lugar de atuação pública da criança. É o lugar onde a criança
deixa de manejar coisas particulares para manejar elementos coletivos; deixa de manejar
linguagens privadas para manejar linguagens coletivas; de manejar símbolos familiares para
manejar símbolos coletivos, símbolos que pertenceram e pertencem a outras gerações.
(Toro, 1999)

Durante algum tempo, no Brasil e em outros países, alegava-se que a escola não era boa
porque os alunos eram pobres, subnutridos, doentes porque faltava merenda ou porque os
pais eram desinteressados. Falava-se também, que não havia nada que a escola pudesse
fazer para ensinar melhor, tudo estava pré-determinado pelas condições econômicas dos
alunos. Consequência: afirmava-se que o aluno não aprendia por culpa dele ou da família. O
problema era do aluno, da família ou da economia. Nunca era um problema da escola. Muita
gente ainda acredita nisso, inclusive dentro de escolas públicas.

As pesquisas sobre escolas eficazes desmentiram essas idéias. Qualquer escola, mesmo
nos ambientes mais pobres e difíceis, pode se tornar uma escola eficaz. Essas pesquisas
indicam que para criar uma escola eficaz é preciso:

• Ter clareza sobre o que é e para que sirva a escola;

• Reconhecer a responsabilidade da escola pela aprendizagem dos alunos;

• Reconhecer e admitir que a eficácia da escola depende do que acontece dentro dela,
e não do que acontece ou deixa de acontecer nas secretarias de Educação. O
problema e a solução para aprendizagem dos alunos estão na escola.

A forma como a escola se organiza e funciona influencia na forma como os alunos


aprendem.

As Características De Uma Escola Eficaz

Às vezes nos perguntamos: Como saber se uma escola é eficaz?

10
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Na prática, as pessoas sabem. Nas cidades maiores, é comum observarem-se filas na porta
de algumas escolas públicas e particulares quando é época de matrícula. Isso se explica
porque um número considerável de pais procura de uma vaga “na melhor escola”. É nessas
escolas que as filas são grandes.

Como os Pais Sabem que uma Escola é Melhor que Outra?

A verdade é que eles sabem, basta perguntar. Frequentemente, o que eles dizem coincide
com os estudos sobre escolas eficazes, que apontam as seguintes características:

1. Bons Professores

Esta é a primeira resposta que vem a cabeça de qualquer pessoa – e que é


confirmada pelas pesquisas. A escola boa é aquela que atrai, mantém e desenvolve
bons professores.

2. Senso de Missão

A escola tem que ter senso de missão. Precisa definir com clareza sua proposta de
ensino. Todos sabem os valores que são ensinados e praticados nessa escola.

3. Ênfase na aprendizagem

A ênfase deve ser na aprendizagem e do desempenho acadêmico dos alunos. Outras


atividades podem até ser importantes, mas o principal é a aprendizagem, o domínio
dos elementos, linguagens e símbolos coletivos de que fala Bernardo Toro.

4. Expectativa elevadas

Todos na escola – professores, diretores, funcionários – acreditam nos alunos e


esperam muito deles. A equipe educacional incluindo todos os funcionários não se
conformam com a ideia de que “alguns alunos não têm jeito”, não desprezando os
alunos que demonstram maior dificuldade.

11
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
5. Consistência

A escola faz o que promete fazer no seu PDE e na sua proposta pedagógica. Os
planos e metas são para valer.

6. Avaliação

A avaliação é usada com frequência e serve, sobretudo, para melhorar o ensino – não
para reprovar ou punir os alunos.

7. Ambiente agradável

A escola é limpa, organizada, tem um clima físico agradável, sempre mantém uma boa
aparência, mesmo quando é pobre.

8. Ambiente ordeiro

A escola tem regras e todos cumprem. O que é combinado é para valer. Professores
comparecem todos os dias, ministram suas aulas. Os alunos também comparecem de
maneira prazerosa, os pais cumprem os compromissos que assumiram. As regras
valem para todos, não há favoritos ou privilegiados.

9. Abertura para a Comunidade

A escola eficaz é aberta para a comunidade. Voluntários e parceiros colaboram com a


escola para que a sociedade como um todo receba os benefícios da educação.

10. Tempo, presença e exemplo

O diretor dedica tempo, tem presença e dá exemplo dentro da escola. Dá notícia do


que se passa na escola com alunos, professores e com os demais funcionários. As
notícias do programa de ensino também são partilhadas. Os professores também
dedicam seu tempo e demonstram bons exemplos. Ética cidadania e compromisso
são palavras comuns em seu vivenciar diário.

12
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• EFICIÊNCIA é: fazer certo; o meio para se atingir um resultado; é a atividade, ou,
aquilo que se faz.

• EFICÁCIA é: a coisa certa; o resultado; o objetivo: aquilo para que se faz, isto é, a sua
Missão!

Estes são dois conceitos muito antigos, mas implacavelmente atuais. Principalmente nos
dias de hoje não compreendê-los ou, o que é muito pior, confundi-los provoca, sem dúvida,
grandes danos à performance e aos resultados.

As diferenças entre esses dois conceitos podem até parecer sutis, mas realmente são
extremamente importantes. Peter Drucker, que dispensa apresentações, é enfático em
afirmar: eficiência é fazer certas as coisas, eficácia são as coisas certas. E complementa: o
resultado depende de “fazer certo as coisas certas”.

13
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 2
Objetivo: Conhecer e se aprimorar no funcionamento de uma escola eficaz abstraindo o novo
foco gestor que exige adequação e seleção de novas estratégias.

A Distinção que Faz a Escola Eficaz

A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que não alcançam os
mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e
adversidades iguais às de outras escolas que não são eficazes.

O que faz a diferença em uma escola eficaz é:

• As coisas funcionam na escola eficaz. Não é só uma campanha passageira, uma sala
bonita com computadores, uma caixa escolar ativa ou um método de ensino
diferenciado. Tudo nela esta sempre melhorando e tende a dar certo.

• A escola eficaz ou recebe os mesmos recursos que as demais, ou se particular, se


diferencia pela sua gestão financeira – mesmo dentro de uma sociedade onde a
inadimplência ainda é considerável.

• A escola eficaz acompanha, vai atrás e se orgulha de seus ex-alunos. Eles são os
cartões de visita da escola. Ela os utiliza como exemplos, como modelos para
incentivar e inspirar os seus alunos atuais.

Como Tornar Uma Escola Eficaz?

Apresentaremos alguns ingredientes que, de acordo com as pesquisas sobre o assunto,


caracterizam a vida de uma escola eficaz.

1. Liderança

14
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
As pesquisas são unânimes em apontar o diretor como a peça-chave no sucesso de
qualquer escola. Muitos dizem até que a escola tem a cara do seu diretor. A influência
da pessoa do diretor é decisiva. É ele (ela) quem traça o rumo e assume a liderança.
Ao entrar em uma escola onde o diretor é bom, percebe-se, no primeiro instante que,
há uma diferença no ar. Igualmente, o diretor fraco puxa toda a escola para baixo.
Portanto, de tudo que se pode fazer para tornar uma escola eficaz, o mais decisivo, de
impacto mais imediato e mais determinante é escolher bem seu diretor.

2. Expectativas

As escolas eficazes mantêm altas expectativas a respeito de seus alunos.


Expectativas elevadas, mas realistas. E a escola trabalha para alcançar e superar
essas expectativas. Elas são definidas na visão que a escola tem de si mesma e
detalhadas nos objetivos e metas prioritários de ação. A escola eficaz é aquela que
aposta no sucesso do aluno. É a escola que se compromete a fazer todo aluno dar
certo. Nisso, elas são muito diferentes daquelas escolas que adotam uma atitude
fatalista, que acreditam que o aluno não aprende porque são pobres, ou porque têm
QI abaixo da média, ou porque seus pais não se interessam por eles. A escola ineficaz
adota a pedagogia do fracasso. A escola ineficaz acha que reprovar alunos é normal,
é a escola que adota a pedagogia da repetência. A escola eficaz abraça a pedagogia
do sucesso.

3. Atmosfera

As escolas eficazes têm e mantêm um clima de trabalho, o ritmo do trabalho escolar.


O ambiente é propício à aprendizagem. As regras e seu funcionamento, os
calendários e horários, os programas de ensino e atividades curriculares e
extracurriculares, até mesmo as festas e solenidades giram em torno do objetivo
central da escola: fazer o aluno aprender. Há pressão para ensinar, para aprender e
para que todo aluno logre sucesso acadêmico. A escola eficaz não faz concessões
para o fracasso, nem perde tempo buscando desculpas. Ela se organiza para propiciar

15
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
e promover a aprendizagem e não apenas para manter a sala do diretor limpa ou os
registros em ordem. Isso também acontece, mas não é o objetivo central da escola.

4. Autonomia pedagógica

Na escola eficaz, os professores e dirigentes se sentem responsáveis e se


responsabilizam pelas decisões pedagógicas: o que ensinar, quando ensinar, como
ensinar. Existe um senso comum de missão – não é apenas cada professor
ministrando a sua matéria. A escola possui uma proposta, um programa que é
compartilhado por todos e implementado através das atividades que acontecem dentro
e fora da sala de aula. Tudo na escola eficaz é educativo, tudo contribui para os
objetivos educacionais. A autonomia pedagógica da escola eficaz também caracteriza
uma elevada ambição: a escola não se contenta com objetivos genéricos, medíocres.
Ela estabelece altos padrões de desempenho e se compromete a obtê-los.

5. Uso do tempo

O tempo é o recurso mais precioso da escola. O tempo dos professores é o insumo


mais caro – representa mais de 60% dos custos totais da escola. O tempo dos alunos
também é valiosíssimo: passa depressa e se o aluno não aprende na hora devida terá
muito mais dificuldades depois. Além disso, custa dinheiro: um ano de reprovação
custa o mesmo valor de um ano de aprovação – só que tem de ser repetido e
desestimula o aluno. O tempo da escola eficaz se reflete no calendário, no ritmo das
atividades, no rigoroso cumprimento do ano letivo e das horas-aula. O tempo da aula é
dedicado principalmente as atividades acadêmicas. Na escola eficaz não se perde
tempo. As tarefas de casa, atividades de contra turno e atividades extracurriculares
são consideradas uma extensão necessária do tempo escolar.

6. Acompanhamento de progresso do aluno

Na escola eficaz professores e dirigentes sempre sabem “em que ponto” está o aluno:
se está aprendendo, o que está aprendendo, que progresso está fazendo. O
acompanhamento é permanente, há sessões regulares para avaliar cada aluno. Na

16
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
escola eficaz, a avaliação serve, principalmente, para que professores e dirigentes
acionem as medidas preventivas e corretivas de forma que todos os alunos tenham
condições de avançar acompanhando o programa de ensino.

7. Profissionalismo

Na escola eficaz, dirigentes e professores são escolhidos por critérios de competência


e trabalham de maneira profissional. Todos assumem compromissos em seus planos
de trabalho. Os planos individuais de trabalho são integrados ao PDE – Plano de
Desenvolvimento da Escola – e incluem as atividades a serem realizados pelos
professores e dirigentes, os resultados a serem alcançados e também as estratégias
de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Essas estratégias são
focalizadas no programa de ensino dos alunos. Na escola eficaz, essas estratégias de
capacitação não são decididas na Secretaria de Educação: Elas fazem parte das
tarefas da escola – e são responsabilidade dos profissionais e do diretor.

8. Apoio e Participação dos pais

Na escola eficaz, os pais compartilham a visão e as expectativas da escola a respeito


do sucesso dos filhos. Os pais acreditam nos filhos e na capacidade da escola em
assegurar-lhes o sucesso; participam ativamente da vida escolar dos filhos em casa e
também da vida da escola – seja como voluntários ou membros das organizações
escolares. Através dos pais, a escola também envolve a comunidade, atraindo
voluntários e parceiros para colaborar na obtenção de seus resultados.

Na concepção de Paulo Freire, não há mais o chefe “que manda”, porque tudo
sabe, e este “saber“ lhe dá poder, mas o “colega” de equipe, que coopera, que
apóia que coordena. E cada um da “equipe”, tem, a partir de metas construídas
em função de um objetivo comum, um conjunto possível e variado de tarefas e
funções a desempenhar.

17
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Atividade Dissertativa

A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que não alcançam os
mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e
adversidades iguais às de outras escolas que não são eficazes.

Apresente, em (01) uma página, os pontos que tornam uma escola eficaz e se quiser ousar
exemplifique.

Profissionalismo e Educação

É no amplo contexto educacional que se constroi a cidadania. Algumas questões ainda


persistem em emperrar a educação e uma delas é a burocracia estatal onde as muitas
exigências tornam morosas as ações e os serviços prestados tanto na educação pública
quanto na particular.

As regras do mercado ainda seguem o pai da economia moderna, que é considerado o mais
importante teórico do liberalismo econômico, Adam Smith.

Uma de suas obras mais conhecidas, ainda é referência para as gerações de economistas.
Smith procurou demonstrar que as nações enriqueceriam se a atuação dos indivíduos
movesse por seus próprios interesses. Esta atuação promoveria o crescimento econômico e
inovações tecnológicas.

“Não é a benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro


que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em
promover seu auto-interesse.”
Adam Smith.

18
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Este pensamento – autointeresse - gerou durante anos e ainda persiste em um olhar
individualista onde as questões sociais acabaram esquecidas em nome do sucesso pessoal.

Um exemplo é sobre o discurso da qualidade na educação onde se confunde formação do


cidadão com satisfação do cliente. E ao estudarmos planejamento educacional tememos
reduzi-lo a um mero projeto empresarial onde o objeto principal é o lucro expressivo.

O lucro que se busca na educação não pode ser somente individual, ou todo o processo
educacional fica descaracterizado. Onde se estabeleceria o processo social se não no
âmbito educacional?

A construção da sociedade prevê muito mais do que sucesso individual e pessoal, então
deve caminhar na construção de pessoas competentes que sejam conscientes de sua
influência social. A aprendizagem de hábitos que constroem o caráter tanto pessoal como
social não se encontra na realização de grandes leituras, quando ainda se é jovem. Ela é
retirada da observação do comportamento daqueles que vivem no mesmo entorno sejam
estes presenciais ou virtuais.

Influenciar pessoas com valores positivos é o principio de todos os profissionais da


educação, sem desconsiderar os demais.

Sabe-se que profissão é uma atividade especializada dentro da sociedade e exercida por um
profissional que desenvolveu certas habilidades específicas adquirindo experiência em uma
determinada área. Além das habilidades específicas, a profissão deve ser exercida na
sociedade com autonomia relativa sob as bases dos padrões de auto-regulação da
comunidade praticante.

Apresenta sempre um compromisso público e um comprometimento pessoal de cada


praticante nas atividades sociais onde a atuação gera o bem comum.

O profissional deve estar ciente e se contrapor tanto a prática mercenária quanto a amadora.

19
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
O sentido etimológico da palavra “professor” – vem de professar, aquele que declara a sua
competência e, com base nela proclama a sua relativa independência que até em suas
ações mais corriqueiras lhe são exigidas um profundo senso de profissionalismo.

O comprometimento e o sentimento em contribuir para as questões do bem comum devem


estar inseridas no reconhecimento social, na auto-regulação de suas atividades que lhe
favoreçam tanto a dignidade quanto o orgulho em exercer atividades que influenciam
diretamente a sociedade na qual se inserem.

Se os profissionais da educação professam a sua competência, o mesmo deve ocorrer com


a saúde e com a justiça. Estas profissões estão na base da formação de uma sociedade
equilibrada e que procura justiça em suas ações e os profissionais se comprometem com
seus atos públicos renunciando muitas vezes os interesses pessoais, utilizando amplamente
a capacidade de doação que nem sempre se apresentam em outras profissões.

O profissional da educação age diretamente nas ações da cidadania e desempenha um


papel decisivo no que se refere à articulação entre o individual e o coletivo e não se
conforma com a mera inserção social. Não basta inserir o excluído no sistema social sem
que lhe dê as devidas condições de prosseguir e construir o que lhe é devido.

O que se pretende com estas ações é a inserção de pessoas em uma comunidade


economicamente ativa e melhor provida de condições ambientais, culturais e sociais, nas
causas comunitárias mais emergentes.

As ações da inserção social têm seu inicio na família, mas são amplamente experimentadas
nos anos de vida escolar. É aqui que os profissionais da educação entram e preparam cada
pessoa para viver os atos de cidadania mostrando-lhes os limites de suas ações e
estimulando-os a agir dentro das regras de ética e princípios que equilibram uma sociedade
saudável e comprometida com o seu próprio crescimento.

Não há hábitos de educação, saúde ou justiça social que não precise ser demonstrada ou
ensinada nos limites escolares. E somente aquele que professa realmente o seu

20
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
compromisso como educador pode fazer florescer novas atitudes comprometendo-se com a
sociedade na qual está estabelecido.

Cidadania – formação de pessoas capazes de


partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades
vitais, culturais, sociais e políticas e, assim
construindo uma nova ordem social. A conquista da
qualidade de vida, a preservação da dignidade
humana bem como da natureza e do meio ambiente
são ações de cidadania.

Diagrama - Princípios da profissão

Arquitetura de Princípios

Cidadania Personalidade

Profissionalismo

Equilíbrio

Elaboração:
Professora Ana Maria Integridade
Furtado/ESAB
Tolerância

21
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 3
Objetivo: Desenvolver habilidades para romper com antigos paradigmas, construindo
estratégias de resolução que favoreçam a autonomia administrativa.

A Questão da Autonomia

A escola eficaz tem autonomia financeira, administrativa e pedagógica. A extensão e os


limites dessa autonomia são em grande parte, decididos pelas secretárias de Educação, mas
podem ser conquistados e ampliados pelo trabalho da própria escola.

Autonomia Percebida e Desejada

Em qualquer situação e qualquer que seja o grau de autonomia e eficácia da escola requer o
apoio das autoridades de ensino. No Brasil, as escolas privadas são as que têm mais
autonomia. Controlados todos os outros fatores, inclusive a origem social de seus alunos,
seu desempenho médio é consistentemente superior à média das escolas públicas: os
alunos alcançam resultados de 20% a 25% superiores no Sistema de Avaliação de ensino
Básico e concluem o ensino fundamental com 8,4 anos de escolaridade contra 12 anos da
escola pública.

Essas evidências não sugerem que o ensino deva ser privatizado, nem tão pouco que todas
as escolas privadas são melhores que as escolas públicas. Mas confirmam os dados da
literatura a respeito da importância da autonomia para a eficácia escolar.

Diferentes países atribuem diferentes graus de autonomia às escolas públicas. Os resultados


também variam – mas não são comparáveis, pois as condições de funcionamento também
não o são. Um país pequeno, com muitos recursos e excelentes professores, pode lograr
excelentes resultados mesmo de forma centralizada.

Países diferentes centralizam aspectos diferentes: currículo, material didático, decisões


sobre enturmação, critérios de promoção, avaliação de alunos, entre outros. Portanto, não há

22
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
uma regra básica e universal que comprove que total descentralização é melhor que total
centralização.

A experiência das escolas eficazes demonstra que os melhores resultados ocorrem quando
as Secretarias da Educação atuam como instâncias normativas, facilitadoras e estimuladoras
da autonomia da escola, e não quando tomam o lugar da escola na definição de suas
propostas ou na solução direta de seus problemas.

Cabe também, a estas instâncias assegurar às escolas os insumos mínimos necessários


para seu funcionamento: pessoal, professores qualificados, recursos financeiros e outros
recursos básicos para o funcionamento de qualquer escola.

O Ensino Eficaz

Até aqui tratamos da escola eficaz. Mas muito do sucesso da escola eficaz depende do
ensino eficaz, ou seja, do que acontece na sala de aula. Como o diretor pode assegurar que
o ensino está sendo eficaz?

Em escolas eficazes, há pelo menos, seis instrumentos que são elaborados, escolhidos e
utilizados de forma consistente no dia a dia da escola:

1. O Plano de Desenvolvimento da Escola

Em que estão explicitados a missão educacional, compromissos e principais metas da


escola.

2. A Proposta Pedagógica

Na qual está explicita, de maneira clara e objetiva, as pretensões de ensino, os


conteúdos e as orientações gerais da escola a respeito de como vai atingir os seus
objetivos.

3. O Plano de Curso

De cada professor, em que se detalha o que será feito ao longo do ano letivo;

23
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
4. O Plano de Aula

Em que cada professor especifica o que vai realizar em cada aula, unidade ou projeto.

5. Os Materiais de Ensino

Particularmente livros didáticos, livros de referência, biblioteca e demais materiais


necessários para programar os planos de cursos e a proposta pedagógica.

6. Os Instrumentos de Avaliação

Através dos quais professores, especialistas e dirigentes da escola acompanham,


avaliam e tomam decisões preventivas e corretivas sobre cada aluno.

Podemos então resumir:

Ensino Eficaz
Plano de Desenvolvimento da Escola
Proposta Pedagógica
Plano de Aula
Materiais de Ensino
Instrumento de Avaliação

A Sala De Aula Eficaz

A sala de aula é o coração da escola. É lá que acontece, ou deixa de acontecer; tudo o que a
escola se propõe a fazer. É dentro dela que o aluno aprende ou deixa de aprender; que
adquire hábitos adequados e saudáveis de estudo. É na sala de aula que ou ele aprende a
aprender ou aprende a ficar eternamente dependente dos professores e das instruções.

Caracteriza uma sala de aula eficaz:

• O professor planeja e executa de maneira pontual e dirigente o seu plano de trabalho;

• Os alunos passam a maior parte do tempo, envolvidos em atividades importantes, que


conduzem a aprendizagens relevantes;

24
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• O professor de cada disciplina estabelece relações entre os conteúdos e objetivos
aprendidos e os conteúdos e objetivos de outras disciplinas e atividades extraclasse,
consistentes com a proposta pedagógica da escola;

• Há uma variedade de métodos e técnicas de estudo;

• Os objetivos, conteúdos e métodos de ensino são adequados ao nível de competência


do professor e as características dos alunos.

A Controvérsia Sobre as Teorias e os Métodos Didáticos

Há muita controvérsia, quase sempre fruto de mal entendido ou de posições precipitadas – a


respeito do que sejam teorias, métodos técnicas de ensino. Em algumas escolas, e em
certos ambientes educacionais, discussões a respeito desses assuntos por vezes adquirem o
aspecto de uma verdadeira batalha campal.

As evidências científicas nessa área são bastante precárias. Algumas delas, no entanto,
tendem a corroborar o senso comum. As mais importantes, do ponto de vista prático são:

As teorias não são verdadeiras nem falsas. Elas são férteis ou estéreis. Ou seja: se a teoria é
fértil, dá frutos, se não é descartada. Por definição, as teorias passam, são suplantadas por
novas teorias que explicam melhor os fenômenos – no caso, os fenômenos da
aprendizagem;

Existem, basicamente, três grandes métodos de ensino. O método didático, método tutorial e
o método socrático.

No método didático, o ensino é estruturado, em maior ou menor grau. No método tutorial,


típico das situações de mestre e aprendiz, o mestre vai guiando o aprendiz através de
situações concretas, através da imitação. Do exemplo, da correção e, muitas vezes, a partir
da própria situação de trabalho. No método socrático, o mestre (Sócrates, ou alguém com
este tipo de preparo) induz o conhecimento, retirando o conhecimento do aluno, através de
perguntas bem arquitetadas.

25
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Na prática escolar, o que existem são variações do método didático, com várias ocorrências
dos outros métodos. Os demais métodos, embora sejam excepcionalmente robustos,
requerem professores com nível e grau de preparação extremamente sofisticada. A grande
variação dentro do método didático está no grau da estruturação dos conteúdos, da atividade
do professor e das atividades do aluno. Há métodos didáticos mais ou menos dirigidos, mais
ou menos interativos, mais ou menos reflexos. Cada método didático é mais adequado para
certos objetivos. Alguns enfatizam mais raciocínio, outros, a criatividade, a aquisição de
conceitos, e assim por diante.

As evidências indicam que a maioria dos alunos aprende com algum método, e que a maioria
dos métodos, se usados adequadamente, promove a aprendizagem.

As evidências também indicam que métodos mais estruturados são eficazes que métodos
menos estruturados, sobretudo nas situações em que os professores possuem menos
preparo e menor domínio do conteúdo.

A prática indica que os professores mais experientes são os que usam uma variedade maior
de métodos, de acordo com a necessidade dos seus alunos.

O importante na escola eficaz, não é a virtude de escolher o “melhor” método. O que importa
são os resultados. As teorias, processos pedagógicos, métodos e técnicas são variados e
variáveis, dependendo dos objetivos a serem atingidos. O importante é que o aluno aprenda
de forma consistente com a proposta da escola – método e a forma de ensinar devem variar
para tornarem-se adequados ao aluno.

SUGESTÃO DE LEITURA:

Gestão educacional no contexto da Territorialização - Isabel Bravo

26
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 4
Objetivo: Aprimorar-se nas questões específicas do desempenho cognitivo dos alunos de
forma abrangente, de modo que o progresso dos mesmos reflita em uma sociedade mais
capacitada e preparada para se autosuperar.

O Desempenho dos Alunos

A escola eficaz estabelece expectativas elevadas, refletidas na visão, nos objetivos, nas
metas e, mais do que tudo, no desempenho dos alunos. Normalmente, a escola eficaz
espera que todos os alunos de uma determinada turma obtenham um nível mínimo de
desempenho pré-estabelecido e este nível vai sendo progressivamente elevado, a cada ano.
Algumas escolas vão além; estabelecem que a maioria dos alunos – 80%, 90% ou mais
deverá atingir níveis progressivamente mais altos. Ou seja, nestas escolas, não a maioria
apenas a média dos alunos, interessa conseguir que a maioria dos alunos atinja resultados
elevados pré-estabelecidos e, que a meta seja sempre de autosuperação.

O problema prático: a limitação do tempo. As pesquisas mostram que quando o tempo de


aprendizagem é fixo (200 dias, 4 horas de aula por dia) o desempenho dos alunos é variável,
ou seja, uns aprendem mais, outro menos. Por outro lado, estudos sobre aprendizagem para
o domínio mostram que quando o tempo é variável e o ensino é adequado todos os alunos
podem atingir um objetivo pré-determinado.

Todos os alunos podem atingir níveis aproximadamente equivalentes de


desempenho, mas para isto é necessário respeitar o ritmo individual.

Há várias formas de assegurar elevados níveis de desempenho. Uma delas é formar turmas
de acordo com suas capacidades. A outra é estabelecer conteúdos, currículos ou mesmo
níveis diferentes de desempenho para alunos de uma mesma turma. Desta forma, cada
aluno atinge o nível considerado adequado para a sua situação. Uma terceira é estabelecer
mecanismos e tempos adicionais ou compensatórios: aula extra, contraurno, tempo extra,

27
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
recuperação, entre outros, como forma a assegurar os objetivos propostos de forma mais
eficaz.

Como Criar uma Escola Eficaz?

Como já lhes disse não há milagres, segredos ou fórmulas mágicas. Vou indicar agora os
ingredientes que tornam uma escola eficaz. Vou lhes apresentar os conceitos e os
instrumentos essenciais para tornar uma escola eficaz.

No Brasil, existem centenas de escolas que podem ser chamadas de escolas eficazes. Cada
uma delas tem uma origem diferente, uma história diferente, uma diferente trajetória de
mudança. Cada uma começou num ponto, enfatizando diferentes aspectos da gestão
escolar.

O que as escolas eficazes têm em comum: uma liderança forte, capaz de


mobilizar a comunidade escolar em torno de objetivos comuns, estabelecerem
objetivos claros, manter o foco nas prioridades e assegurar os meios e o clima
para atingir seus objetivos.

Existem algumas sugestões para que possamos começar:

• Identifique um problema acadêmico importante: repetência, evasão, alunos não


alfabetizados, baixo nível de leitura ou matemática.

• Identifique as pessoas que estão dispostas a colaborar na solução (professores, pais,


alunos, voluntários);

• Identifique, com o grupo de pessoas, uma solução que já deu certo em outra escola e
que tem condições de dar certo na sua. Aja com criatividade, mas com segurança;

• Estabeleça metas para resolver o problema. Programe a solução. Acompanhe os


resultados, corrija os rumos, se necessário. Envolva outros membros da comunidade
escolar;

28
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Utilize o sucesso para traçar novos planos. Incorpore estas idéias no PDE. Estabeleça
o colegiado. Transforme esta primeira iniciativa num processo permanente de
melhoria.

O Que os Especialistas Recomendam:

Dez especialistas renomados foram convidados para analisar as pesquisas existentes e dizer
quais seriam as intervenções mais eficazes:

• Designar os melhores professores para a 1ª Série;

• Cumprir o ano letivo de 200 dias e a carga horária mínima;

• Assegurar que o mesmo professor fique com os alunos durante todo o ano;

• Usar avaliação externa e discutir os resultados com os professores;

• Estimular os pais a estimularem os filhos desde pequeninos, sobretudo no


manuseio e uso de livros.

Graus de Autonomia Escolar

Como a autonomia é sempre relativa, foram criados 3 níveis para refletir os diferentes
estágios em que se encontra uma escola ou rede de ensino:

Autonomia Plena

Parcial

Mínima

Cada dirigente saberá identificar a real situação de sua escola hoje – e qual o nível de
autonomia desejável.

29
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Administrativa

Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mínima

Tamanho Escola decide Estado define tamanho da Estado decide tamanho e


Escola e esta decide o número de turmas e
Da Escola Número de alunos,
tamanho das turmas. turnos.
turmas, turnos.

Enquadramento Escola decide série Estado estabelece Estado decide, por regra,
de novos alunos para novos alunos. parâmetros e a escola os para onde o aluno irá.
aplica.

Critérios para Escola estabelece Estado estabelece regras Estado estabelece regras
admissão de critérios para gerais e a escola faz as aplicáveis à escola.
alunos. aceitar/ou não suas próprias regras.
alunos

Seriação Escola decide sobre Escola possui alguma Estado determina séries
séries e ciclos flexibilidade para e/ou ciclos.
enturmação dentro de
regras do Estado.

Admissão/seleç Escola estabelece e Estado estabelece critérios Estado estabelece e aplica


ão de aplica critérios de gerais; escola escolhe critérios para indicar que
professores seleção de seus professores dentro professores lecionem e,
professores. dos critérios. em que escolas.

Demissão Escola demite Estado estabelece critérios Estado estabelece e aplica


/Aposentadoria funcionários de e a escola os aplica. critérios de remoção de
de professores acordo com seus professores.
critérios.

Carreira/incentiv Escola estabelece Estado estabelece critérios Estado estabelece e aplica

30
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
o (professores) políticas próprias. gerais e a escola os aplica. políticas de carreiras e
incentivos.

Capacitação de Escola define e Estado define política de Estado opera atividades


professores implanta planos de capacitação e a escola a de capacitação
capacitação. aplica. diretamente.

Autoridade do Direção com ampla Direção com Margem de Margem de autoridade e


dirigente margem de autoridade relativamente gama de assuntos
(gestão) autoridade. limitada pelo Estado e a fortemente limitada.
determinados assuntos.

Autoridade Função básica dos Função básica dos Escola não possui
interna (gestão) colegiados é apoiar colegiados é controlar, colegiado ou quando o
o dirigente. “observar” o dirigente. possui não tem papel
relevante.

Escolha de Responsáveis pela Estado estabelece regras Estado escolhe dirigentes


dirigentes escola escolhem para escolha de dirigentes mediante concurso,
(gestão) seus próprios com alguma sanção de nomeação ou outra forma,
dirigentes. instâncias intermediárias. sem consulta à
comunidade escolar.

Processo Diretor tem ampla Diretor tem margem de Autonomia do diretor é


decisório/colegi margem de autonomia limitada por mínima perante o Estado
ado (gestão) autonomia, dentro decisões dos conselhos ou e/ou perante colegiado.
de parâmetros colegiados.
estabelecidos por
conselhos e
colegiados.

31
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Pedagógica

Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mínima

Filosofia Educacional Escola determina sua Estado determina Estado impõe


filosofia de atuação e limites gerais e orientação ou
concepção educativa. escola escolhe proíbe de definir
dentro deles. ou determina
orientação.

O que ensinar Escolas definem Estado define Estado prescreve


conteúdos diretrizes curriculares o que deve ser
e parâmetros para ensinado e
avaliação do ensino. delimita o que será
avaliado.

Como ensinar Escola escolhe método. Estado define ou Estado prescreve


condiciona opções e métodos.
preferências de
métodos.

Avaliação Escola escolhe e aplica Estado define regras Estado define


critérios próprios para para avaliação; regras e as aplica
avaliar seus alunos. escola e professores a cada
aplicam. escola/aluno.

Promoção Escola decide sobre Estado determina Estado determina


promoção de alunos. critérios gerais para critérios de
admissão e promoção
promoção; escola os (automática
aplica. dependência de
alunos etc.).

32
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Financeira

Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mínima

Captação de Escola capta seus Estado aloca Estado praticamente


recursos próprios recursos recursos à escola, não possui
através dos alunos mas a escola possui autonomia nem
ou repasse de certa autonomia para condições para
recursos (bolsas, per buscar recursos captar recursos.
capita, etc.). adicionais.

Alocação de recursos Escola capta Estado aloca Recursos não são


recursos dos alunos recursos de critérios alocados à escola ou
ou recebe seus objetivos e de forma o são de forma
recursos pontual. intempestiva.
pontualmente do
financiador.

Uso de recursos Escola mobiliza e usa Estado transfere Escola possui ou


recursos. recursos por critério recebe pouco ou
“per capta”. Direção nenhum recurso e
tem ampla margem quando recebe não
para alocá-los. tem flexibilidade para
seu uso.

33
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
SUGESTÃO DE LEITURA:

O Líder do Futuro – John Naisbitt, Editora Sextante (Capítulo 9 – Modelo Mental)

34
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 5
Objetivo: Conhecer as alternativas de enturmação para que possa fazer opção frente à
gestão de uma escola, ajustando a teoria e a prática para um desempenho eficaz.

As Formas de Enturmação

Muito dos desafios dos gestores escolares encontra-se na busca da forma de enturmação de
alunos, onde haja coerência. Então como agrupar alunos? Por idade? Sexo? Conhecimento?
Maturidade? Séries? Ciclos? Ou quem sabe interesses?

Grande parte dos problemas de aprendizagem, da necessidade de recuperação e da


reprovação de alunos, decorre de desajustes entre a forma de enturmação dos alunos usada
pela escola e forma de enturmação que seria mais adequada para cada aluno.

Na prática, a escola dificilmente pode fazer aquilo que seria ideal, embora seja muito difícil
definir uma forma ideal de enturmação. Portanto, é necessário conhecer as alternativas de
enturmação, as vantagens e as desvantagens de cada uma delas e as formas de compensar
as suas limitações e deficiências.

Teoricamente, as escolas e as redes de ensino possuem flexibilidade para enturmar seus


alunos de acordo com seus próprios critérios. Na prática, algumas alternativas são mais
viáveis do que outras, embora não sejam as melhores ou as ideais, de acordo com algumas
teorias ou hipóteses a respeito de como as escolas deveriam funcionar. E as que seriam
consideradas melhores nem sempre são viáveis.

Os critérios para avaliar os efeitos da enturmação relacionam-se fundamentalmente com a


aprendizagem dos alunos e o seu fluxo, ou seja, com as políticas de retenção, aprovação e
reprovação dos alunos: o quanto os alunos aprendem em um determinado tempo; qual a
variação do nível de aprendizagem entre os alunos de uma mesma turma; como e em quanto
tempo os alunos progridem ao longo dos anos de sua escolaridade.

35
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Vamos examinar agora os quatro meios mais usuais de formarem-se as turmas dos alunos:

1. Enturmação por série

É a forma mais utilizada na maioria dos países do mundo e na maioria das escolas do
Brasil. A escolarização se divide em níveis ou graus de ensino (fundamental, médio
etc.) e os níveis e graus se dividem em séries.

Normalmente, uma série corresponde a um ano letivo, Além disso, existe uma
expectativa de correspondência entre idade e série, ou seja; entrando aos 6 anos na
escola espera-se que os alunos de uma determinada idade estejam na série
correspondente – por exemplo; alunos de 10 anos na quarta série e alunos de 14 anos
na oitava série.

2. Enturmação por ciclos

O conceito de ciclos, como entendido no Brasil, refere-se a uma unidade que é menor
que o nível de ensino e maior que uma série.

Em algumas redes de ensino, por exemplo, o ensino fundamental é subdividido em


ciclos que duram de 2 a 4 anos. O conceito de ciclos é empregado no lugar do
conceito de “séries escolares”, tanto para efeitos de planejamento de atividades
didáticas (o currículo), quanto para efeitos de avaliar os alunos para fins de promoção.

É o que se denomina de “regime de progressão continuada”. Enquanto estão dentro


de um “ciclo”, os alunos não são aprovados nem reprovados. Decisões quanto à
mudança de ciclos só ocorrem ao final de cada ciclo.

No entanto, mesmo em redes e escolas onde se utiliza este conceito de “ciclos”, é


muito usual a prática de continuar seriando os alunos dentro de um ciclo, mesmo
porque os alunos progridem como uma turma, ao longo do ciclo.

36
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
3. Classes multisseriadas

Classes multisseriadas existem em todo o mundo, inclusive em países desenvolvidos


e ricos. Geralmente, são utilizadas em zonas rurais, de baixa densidade populacional.
Nestas classes, geralmente com 20 pessoas ou menos, os alunos são agrupados de
acordo com a série e fazem atividades diferentes, embora sejam ensinados por um
mesmo professor.

4. Classes especiais

Há vários tipos de classes especiais. Por exemplo, classes para alunos mais
atrasados ou mais adiantados, de uma mesma série; ou classes especiais de
aceleração, entre outras.

Tanto a teoria pedagógica quanto a legislação brasileira são muitos férteis em propor e
prever diversas possibilidades de enturmação, além destes quatro tipos mais usuais
descritos acima.

Outras formas possíveis de formar turmas de alunos

• Estudos interdisciplinares.

• Estudos por Projetos.

• Agrupamentos por áreas de interesse.

• Agrupamento por nível de desenvolvimento cognitivo.

• Agrupamento pelo tipo de inteligência.

• Oferta semestral de cursos.

• Matrícula por disciplina.

• Matrícula por dependência.

37
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Existe sempre a possibilidade, raramente utilizada, do ensino individual, tutorial ou por
módulos entre outras que podem ser introduzidas por responsabilidade neste rol.

Embora existam inúmeras formas de enturmação, a forma mais usual é a de enturmação por
série. Isto não significa que seja melhor que as outras, mas o fato de ser mais usual significa
que enturmar por série oferece inúmeras vantagens práticas.

Ao mesmo tempo, significa que as outras formas de enturmação, inclusive enturmação por
ciclos, oferecem, além de vantagens, desafios não triviais – que nem sempre as escolas
estão capacitadas para superar.

As Questões Teóricas e as Questões Práticas

Em tempos remotos, os alunos eram ensinados, individualmente, pela família ou por


preceptores. Só mais tarde surgiram escolas comunitárias, religiosas e depois públicas. O
surgimento das escolas exigiu critérios para agrupamento dos alunos. Esses critérios,
milenares, surgiram numa época em que o volume de conhecimento existente – o
conhecimento sobre o que aprendemos e as próprias tecnologias de ensino – eram muito
diferentes dos de hoje. No entanto, apesar de todos os avanços no conhecimento, nas
tecnologias e nas formas de organização, perduram e predominam nas escolas as formas
tradicionais de enturmação.

A seriação constitui-se no critério mais usual do mundo e, se dá em função de um conjunto


de conhecimentos e objetivos que se pretende ministrar num determinado período de tempo
– o ano letivo.

O critério de enturmar o aluno por série em função de sua idade se baseia no pressuposto de
que os alunos de idade semelhante possuem níveis de maturidade semelhantes – o que
significaria interesses mais ou menos próximos e, consequentemente, facilitaria os processos
de socialização. Ao adotar este critério, as escolas buscam um mínimo de homogeneidade,
sejam homogeneidade de conteúdos – os conteúdos de Geografia da 5ª série, por exemplo –
seja homogeneidade dos alunos – conhecimento – pré-requisitos, maturidade, etc.

38
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Na prática, qualquer turma é sempre heterogênea. E isto não é necessariamente mau. Por
mais que os conteúdos a serem ensinados sejam os mesmos e as idades próximas, os
alunos sempre terão desempenho diferenciado em relação ao seu domínio. Uns vão terminar
o ano sabendo mais, outros menos.

O mesmo se dá em relação ao nível de maturidade, que não corresponde a uma idade


cronológica precisa. Os pressupostos de que alunos de idade semelhante têm níveis de
maturidade parecidos, ou que níveis de maturidade parecidos implicam interesses comuns,
não se verifica.

Na prática, verificam-se efeitos benéficos no contato entre pessoas de idades diferentes,


inclusive dentro de escolas e salas de aula. Mas isso não tem levado as escolas, em todo o
mundo, a praticar formas diferenciadas de enturmação. O problema teórico de definir a forma
ideal de agrupamento é insolúvel. Testa ao diretor saber como enfrentar os problemas
práticos de enturmação e compensar as desvantagens do modelo escolhido.

SUGESTÃO DE LEITURA:

Gestão Educacional: Planejamento Estratégico e Marketing – Marcos Amâncio


P. Martins

39
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 6
Objetivos: Conhecer e conceituar com precisão as vantagens e as desvantagens do sistema
seriado, bem como conhecer o uso do ciclo para que se possa na prática buscar alternativas
coerentes na gestão educacional.

Limitações e Desvantagens do Sistema Seriado

Apesar das vantagens, sobretudo de natureza prática, a seriação apresenta fortes limitações
e desvantagens, que precisam ser conhecidas para serem compensadas de outras formas.

Ritmo Diferenciado

Uma das maiores diferenças de aprendizagem entre as pessoas refere-se ao ritmo: embora
alunos possam chegar a aprender aproximadamente as mesmas coisas, o ritmo com que
fazem é bastante diferenciado.

Há alunos mais rápidos e há outros mais lentos. Há alunos que progridem mais rapidamente
em algumas disciplinas ou atividades do que em outras. Quando todos os alunos são
colocados em uma turma, que deve seguir o mesmo ritmo, em função de qualquer critério, os
resultados tenderão a ser muito variados. Isto vale para enturmação por idade, série ou ciclo.

A falta de estratégias para lidar com o ritmo diferenciado dos alunos nos
sistemas seriados é uma das causas mais importantes da baixa aprendizagem
dos alunos e dos elevados níveis de reprovação.

Alunos Defasados Aprendem Menos Que Alunos Com Idade-Série Ajustada

No sistema de séries, os dados do ESAEB indicam que quanto maior a distorção idade-série
pior o desempenho. Ou seja; nos sistemas de séries os alunos mais velhos sistematicamente
obtêm notas piores que os alunos que estão na série ajustada à sua idade. Isto pode
significar várias coisas.

40
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Uma hipótese: os alunos mais velhos são menos inteligentes, possuem mais dificuldades de
aprendizagem ou são mais lentos para aprender. Pesquisas realizadas pela Fundação
Carlos Chagas sobre alunos do programa “Acelera, Brasil” invalidam esta hipótese.

A hipótese mais plausível é que o sistema seriado e as práticas usadas pelo professores
favorecem os alunos com idade adequada e punem os alunos “defasados”.

Essas práticas, inclusive, deixam de se beneficiar da presumida maturidade associada à


idade mais avançada. Conclusão: o simples fato de colocar alunos de idade e níveis de
conhecimento diferentes numa mesma turma não assegura melhores resultados para todos.

A falta de estratégias diferenciadas para lidar com a heterogeneidade prejudica certos grupos
de alunos. A aprendizagem colaborativa descrita abaixo se constitui numa dessas
estratégias.

“Estratégia de aprendizagem colaborativa desenvolvidas por Robert Slavin nos


USA, e aplicadas em diversos países comprovam as vantagens de agrupar
alunos com idades e níveis de conhecimentos diferentes”.

Essas estratégias, no entanto, só funcionam adequadamente quando outros


componentes do processo de ensino estão presentes.

De dentro da sala de aula, a metodologia é usada, sobretudo, para colocar junto


alunos de níveis de conhecimento diferentes – e que são submetidos a tarefas
fortemente estruturadas para maximizar a colaboração e os ganhos mútuos.

Freqüentemente, essas estratégias são usadas complementarmente ao sistema


de enturmação seriada - por exemplo, através de atividades de contra turno em
que os alunos mais velhos ajudam os alunos mais novos. “

(Slavin, 1983)

Os alunos de uma mesma turma têm níveis de conhecimento e desempenho muitos


diferentes, e qualquer professor sabe disto. Em qualquer grupo de 30 alunos, numa mesma

41
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
escola, as diferenças de conhecimento entre os alunos costumam ser bastante grandes.
Comparando-se os alunos de diferentes escolas, as diferenças podem ser ainda maiores.

Em certas regiões brasileiras, um aluno que cursa a 8ª série numa escola


possui conhecimentos equivalentes ao aluno de 4ª série de outra escola.

Isso demonstra, entre outras coisas, que estar numa série não significa que o aluno irá
receber conhecimentos de determinado nível e, muito menos, de que ele será capaz de
aprendê-los. Demonstra também que a transferência de alunos entre escolas sempre
evidencia que o fato do aluno ter concluído uma determinada série não garante que ele tenha
um determinado nível de conhecimento.

Ciclos

Muitas redes de ensino e escolas públicas tentam superar os problemas apresentados pela
seriação criando ciclos de estudos. Em princípio, os ciclos superariam alguns problemas
mencionados acima, porque os alunos teriam mais tempo para aprender.

Na prática, a experiência de muitos estados, municípios e escolas que adotam os sistemas


de ciclos revelam que:

• Muitas escolas continuam com sistemas de seriação interna, de forma ostensiva ou


velada. Os ciclos são apenas uma ficção burocrática;

• Dentro do ciclo, os alunos são tratados de maneira uniforme, como no sistema regular
de seriação. Os programas são os mesmos para todos os alunos – de forma mais
acelerada ou lenta;

• Algumas poucas pesquisas realizadas sobre o tema indicam que o resultado da


aprovação dos alunos, no final do ciclo, é tão desastroso quanto nos sistemas de
seriação anual. Isto sugere que houve apenas um adiamento do problema e não da
aprendizagem – e que durante o ciclo aluno não recebeu um atendimento mais
adequado ao seu ritmo ou nível de compreensão.

42
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Estas distorções não significam que o sistema de ciclos seja indesejável ou inviável. É
possível que o sistema de ciclos tenha sido implementado com sucesso em diversos casos.
Possivelmente, seus efeitos globais não serão piores que o da seriação. A falta de avaliação
não permite dizer quais são os seus benefícios. Sabe-se muito pouco a respeito do que
ocorre com o ensino e com os alunos durante um ciclo. São tratados da mesma forma que
no regime de seriação? Há subgrupos? Como os professores lidam com os alunos mais
lentos? E com os mais rápidos? Apenas sabemos que o assunto é complexo e que soluções
aparentemente interessantes, como os ciclos, são mais difíceis de programar com eficácia do
que parece à primeira vista.

O Conceito de Ciclos em Países Desenvolvidos

Alguns países desenvolvidos adotam um conceito de ciclos semelhantes ao que existe em


certas redes de ensino no Brasil. A grande maioria dos países adota o sistema de séries.
Nos dois casos o conceito de “ciclos” é bem mais restrito do que no Brasil. Na verdade, o ano
letivo é subdividido em unidades ou ciclos e, ao final de cada unidade, há mecanismos de
recuperação para permitir aos alunos manterem-se no ritmo da turma. Independentemente
da promoção estar vinculada ao final de uma série ou de um ciclo, ao alunos recebem
atendimento imediato, de maneira a evitar que acumulem um atraso significativo em relação
aos seus colegas. O objetivo, na maioria dos países, exceto nos USA, é obter um
desempenho mais uniforme dos alunos, através de estratégias de atendimento diferenciado.
Nos Estados Unidos, a situação é um pouco diferente e muito mais diversificada. Existe o
conceito de série – e de conhecimentos e habilidades referentes a cada série. Mas dentro de
cada uma, os alunos podem ser agrupados em salas de nível diferente. E mesmo dentro de
cada sala, os alunos podem ser agrupados em subgrupos diferentes.

43
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
SUGESTÃO DE LEITURA:

Slavin, R.F. Cooperative Learning. New York – Longman, 1983

Demo, Pedro – Promoção automática e capitulação da escola (ensaio,


avaliação de políticas públicas em educação) - RJ.

44
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 7
Objetivo: Conhecer outras formas de enturmação e suas estratégias para que se possam
gerenciar melhor os programas educacionais, adequando-se a teoria à prática.

Classes Especiais para Circunstâncias Especiais

Classes multisseriadas – Programas como o “Escuela Nueva”, da Colômbia, inspirados no


método de Lancaster. Provam-se adequados para lidar com classes rurais multisseriadas.
Esses programas incluem materiais pedagógicos especiais, estratégias para lidar
simultaneamente com grupos de alunos em diferentes séries e mecanismos adequados de
capacitação e supervisão de professores.

O Modelo Da “Escuela Nueva” Foi Adaptado Para O Brasil, Sob O Nome De Escola
Ativa.

Em todo o mundo, as classes multisseriadas são uma solução. Solução para o problema de
populações isoladas e falta de densidade que justifique a instalação de uma escola com
classes seriadas. Foram desenvolvidas inicialmente na Inglaterra (método Lancaster) e,
posteriormente implementadas no resto do mundo. No Brasil, por uma série de razões
históricas, as classes seriadas são, normalmente, consideradas um problema. Ademais,
quase sempre as nossas escolas rurais e classes multisseriadas são dirigidas por
professores sem formação básica, ou formação especializada. Por isso é que essas classes
são consideradas problemas. Mas isto não tem que ser necessariamente assim.

Na década de 60, começou a ser desenvolvido na Colômbia um novo modelo de classes


multisseriadas. Esse modelo adotou o nome de “Escuela Nueva”. Destinava-se aos alunos
das zonas rurais, que na época se encontravam em escolas tão deficientes quanto as
nossas. O modelo da Colômbia inclui o que de positivo havia nas experiências de outros
países e nos conhecimentos disponíveis na época sobre envolvimento comunitário, métodos
de ensino estruturado e ensino por projetos. O modelo inclui uma estrutura pedagógica

45
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
uniforme, materiais de ensino comuns, materiais de ensino adaptados pelo professor às
circunstâncias locais, participação ativa dos alunos, uso intensivo de pequenos grupos e
envolvimento dos pais e comunidades locais. E envolve naturalmente, a participação de
professores capacitados. As avaliações do projeto, ao longo de mais de 30 anos,
demonstram seu sucesso: alunos de zona rurais obtêm médias semelhantes às de alunos
das periferias urbanas – o que, no contexto da Colômbia, como seria no Brasil, já significa
um extraordinário avanço.

Classes de Aceleração

Programas de aceleração de estudos como comprovado no caso do programa “Acelera


Brasil’, vêm demonstrado consistentemente, que alunos defasados e com maior idade
podem lograr resultados superiores aos de seus colegas de igual escolaridade, mas com
menor idade, desde que colocados em programas adequados de ensino.

A adequação do programa ao tipo de aluno não à idade “ideal” que o aluno deveria ter pode
constituir um fator determinante do aproveitamento escolar. Essas evidências também
sugerem que o ritmo implicado pelo regime de seriação pode ser superado com sucesso,
dependendo de se prover ensino adequado ao nível dos alunos. Esses resultados também
sugerem, indiretamente, que as escolas e os professores não estão capacitados ou não
dispõem de instrumentos e materiais adequados para lidar com certas formas de
heterogeneidade.

Classes Especiais: As Classes de Aceleração

Quem trabalha com educação há muitos anos já passou por diversas inovações e mudanças.
Mais do que verdadeiras inovações, muitas delas poderiam ser chamadas de “modas”.
Outras que ficam muito tempo – como as classes para alunos que apresentam atraso em seu
desempenho – melhores seriam chamadas de “tumores”.

Nos últimos anos, vêm se desenvolvendo, em todo o país, iniciativas diversas com o nome
de “classes de aceleração”. Essas classes normalmente se destinam a alunos do turno
diurno e seu objetivo é permitir a eles acelerar os seus estudos. A teoria é simples: o aluno

46
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
defasado pode recuperar o tempo perdido se lhe for oferecida uma oportunidade adequada
de aprender.

Na prática, as coisas funcionam de diversas formas. Dar o nome de aceleração para uma
classe e juntar alunos com determinada característica não bastam para assegurar que os
alunos vão aprender e reajustar-se ao ciclo normal das escolas. Recentemente publicação
de MEC/INEP, intitulada “Programas de Correção Escolar” ilustra como isso vem ocorrendo
na maioria dos programas que leva este nome.

Existem, no entanto, algumas experiências cujos resultados vêm sendo comprovado através
de avaliação externa. A única que já publicou dados deste tipo, o Programa “Acelera Brasil”,
vem sendo avaliada anualmente pela Fundação Carlos Chagas.

As avaliações deste Programa indicam que essas classes funcionam adequadamente


quando:

• Fazem parte de uma estratégia de mudar a cultura da repetência e adotar uma cultura
de escola eficaz, a cultura do sucesso;

• Fazem parte de uma estratégia de correção do fluxo escolar e não apenas de acelerar
alunos;

• Dispõem de materiais adequados que chegam à sala de aula no prazo adequado;

• Dispõem de mecanismos adequados para selecionar, capacitar, supervisionar e


acompanhar os professores;

• Dispõem de mecanismos adequados de acompanhamento, controle e avaliação;

• Dispõem de mecanismos de avaliação externa para assegurar a comprovação de


resultados;

• Dispõem de um prazo determinado de duração, de maneira a desaparecer das


escolas e municípios tão logo o problema seja resolvido;

• São implementadas para alunos já alfabetizados;


47
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• São implementadas em escolas que adotem, simultaneamente, programas adequados
de alfabetização;

• Dispõem de mecanismos para compartilhar a experiência por toda a escola e,


sobretudo

• Contam com o apoio decisivo e a liderança do diretor.

O desafio de qualquer escola é assegurar que os alunos desenvolvam ao máximo seu


potencial e, dentro do possível, dominem, num nível e dentro de um tempo razoáveis, um
conjunto de conhecimentos e competências definido como desejável nas propostas
pedagógicas das escolas e redes de ensino.

Não existem saídas fáceis. A promoção automática, por exemplo, associada ou não ao
mecanismo de ciclos, não resolve o problema da aprendizagem. Apenas adia e cria outros
problemas de enturmação.

A reprovação maciça de alunos também não se comprovou adequada: a reprovação não


aumenta as chances de aprovação do aluno nos anos posteriores. A defasagem decorrente
de múltiplas reprovações, ao contrário, reduz o desempenho dos alunos.

Pesquisas realizadas em diversos municípios do país e legitimadas com


estudos em 45 municípios da Bahia confirmam que a grande maioria das
escolas adota a prática de reprovar 15% a 25% dos alunos, mas ao mesmo
tempo aprova alunos não alfabetizados: cerca de 30% a 40% dos alunos
multidefasados de 1ª a 3ª série são analfabetos.

“Isso sugere, que mesmo escolas que reprovam maciçamente seus alunos, acabam criando
mecanismos de aprovação automática” para aqueles que ela não consegue, definitivamente,
ensinar. O Pesquisador Pedro Demo denominou estas práticas de “capitulação da escola”.

Os Problemas Práticos de Lidar com a Heterogeneidade na Sala de Aula.

Leis, decretos e princípios gerais não ajudam muito a escola e o professor a resolverem o
problema prático de lidar com turmas heterogêneas, nas quais os alunos possuem níveis de
48
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
conhecimento, interesse e maturidade diferentes. Isto é acrescido pelas seguintes limitações
adicionais.

A esmagadora maioria dos professores não está preparada para lidar com mais de um grupo
de alunos ao mesmo tempo.

Os professores, em sua grande maioria – no Brasil e também na maior parte do mundo – são
formados para utilizar métodos didáticos baseados em:

• Um programa fixo de ensino para todos os alunos;

• Aulas expositivas ou voltadas para a turma como um todo. Raramente o professor é


capacitado para;

• Lidar com dois ou mais subgrupos de alunos, fazendo um mesmo currículo;

• Lidar com dois ou mais subgrupos de alunos, fazendo currículos ou capítulos


diferentes;

• Lidar com diferenças e peculiaridades individuais;

• Lidar, adequadamente, com classes multisseriadas.

Ou seja: bem ou mal, os professores são treinados para lidar com um grupo de alunos como
que homogêneo. Na prática, isto conduz aos elevados níveis de reprovação, baixa
aprendizagem e desvantagem adicional para alunos defasados.

Mas esta é a realidade prática da maioria dos professores. Isto pode explicar por que as
tentativas de agrupar alunos por ciclos não vêm produzindo os resultados positivos que
seriam de se espera.

Na prática, a maioria dos professores – no Brasil e na maioria dos países do


mundo – acaba se dedicando aos alunos que não criam problemas de
disciplina, ou aos alunos de desempenho médio, deixando os mais adiantados
e os mais atrasados sem maior atenção.

49
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Os materiais e recursos didáticos disponíveis raramente contemplam a possibilidade de se
lidar com programas e níveis diferentes de alunos numa mesma sala de aula.

A maioria dos materiais didáticos existentes ou disponíveis destina-se a estudos seriados e


se baseia na hipótese de que as turmas progridem no mesmo ritmo. Mesmo quando
professores são colocados diante de novos desafios – como algumas chamadas “classes de
aceleração” ou regime de “ciclos” – os materiais de que dispõem não lhes permitem
implementar qualquer diferenciação.

As Formas Alternativas de Enturmação Não São Óbvias, Nem Viáveis.

Além dos dois problemas levantados acima, a outra dificuldade prática refere-se aos critérios
que poderiam ser usados para substituir a enturmação por ciclos ou séries. As opções são
inúmeras: formar grupos por interesse, maturidade, inteligências múltiplas, projetos
especiais, atividades multidisciplinares etc. Mas na prática, dentro das limitações concretas
dos diretores e das escolas, é muito difícil conciliar os interesses e os níveis de alunos em
agrupamentos muito variados. Isto não significa que não façam sentidos ou possam ser
desejados – apenas que não são fáceis de lidar de um ponto de vista prático.

50
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 8
Objetivo: Compreender a necessidade da Recuperação Paralela dentro do sistema
educacional, possibilitando conhecimentos que a tornem mais eficazes sem colocá-la como
um processo de normalidade da atividade escolar.

Recuperação Paralela

Nas organizações modernas, o termo “retrabalho” é usado no sentido de refazer um trabalho


que foi feito de maneira inadequada, incorreta ou imperfeita. Os custos do retrabalho, em
organizações competitivas determinam o seu sucesso ou a sua falência. Nas instituições
educacionais, exemplos de retrabalho seriam as atividades de recuperação paralela, que se
faz necessária tendo em vista deficiências do processo educacional. Cabe, portanto, analisar
as causas que tornam necessária a recuperação paralela, as possibilidades de evitar que ela
seja necessária e as formas mais eficazes de implementar medidas preventivas e corretivas.

A necessidade da recuperação paralela deve-se ao fato de que os alunos não aprenderam


tudo o que deveriam aprender ou ainda não aprenderam corretamente o que deveriam
aprender.

Por que os Alunos Não Aprenderam?

1. Os alunos não estavam preparados

Frequentemente, os alunos são colocados em turmas cujo nível de exigência é


superior à sua capacidade, nos limites de tempo e nas condições de ensino
oferecidos. Estudos realizados em outubro de 2003, junto a mais de 500 escolas em
municípios do Estado da Bahia, Alagoas e Sergipe revelaram que cerca de 20% dos
alunos das três primeiras séries eram analfabetos. Obviamente, esses alunos não
teriam qualquer condição de acompanhar suas turmas.

2. Os alunos não têm base

51
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
3. Esta é outra forma de dizer a mesma coisa. Os alunos foram enquadrados na turma
correspondente à sua idade ou a sua promoção anterior. Mas não têm base. Não
consegue ler direito. Não conseguem lidar com instruções. Não dominam as
operações básicas. Não possuem métodos e hábitos de estudo;

4. Os alunos não possuem pré-requisitos

Esta é uma forma mais sutil de analisar esta questão. Neste caso, o que se esta
querendo dizer é que os alunos possuem a “base” mais geral, mas nos assuntos
específicos, tratados num determinado período – o último bimestre, por exemplo – não
dominavam algumas informações e conhecimentos específicos que seriam
necessários para saírem bem;

5. Os alunos aprendem, mas o ritmo é diferente

Esta é uma realidade em todas as escolas onde o programa de ensino é mais ou


menos estruturado. A escola possui um plano de trabalho. Os professores têm
currículo a ensinar. O ano letivo tem um determinado número de dias. O professor vai
“dando” o conteúdo. Alguns alunos acompanham, outros não – porque não
conseguem seguir o ritmo de aprendizagem – ou seja: precisam de mais tempo para
assimilar os mesmos conteúdos. Esses alunos não têm problemas graves de
aprendizagem, apenas possuem ritmos mais lentos para absorver, assimilar e
internalizar os conhecimentos;

6. Os alunos possuem dificuldades de aprendizagem

Efetivamente, em algumas situações, alguns alunos possuem dificuldades de


aprendizagem – que têm a ver com o seu potencial intelectual, com eventuais
dificuldades mais graves ou mesmo deficiências de caráter estrutural ou funcional;

7. Os alunos não estudaram

52
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Isto também é um fenômeno que ocorre para alguns alunos de maneira mais habitual;
para outros como uma casualidade, devido a problemas momentâneos ou a outras
pressões e motivações.

A existência de tipos diferentes de problemas sugere a necessidade de buscar soluções


diferenciadas para “recuperar” esses alunos. O que funciona para uns não vai funcionar para
outros. À frente, apresentamos algumas medidas preventivas e corretivas que são utilizadas
com sucesso por diversas escolas.

Medidas Preventivas

Uma forma de evitar a necessidade de recuperação paralela é assegurar que os alunos


sejam enturmados em classes mais compatíveis com seu nível de conhecimento e com o
seu potencial.

Quatro casos merecem atenção especial:

• Classes de alfabetização

A elevada incidência de alunos multi- repetentes analfabetos nas três primeiras séries
do ensino fundamental sugere que é mais eficaz estabelecer classes especiais de
leitura e alfabetização, que permitam a esses alunos dominar as ferramentas básicas
da escolarização. Após esse processo, os alunos podem ser reenturmados em outras
turmas – classes de aceleração ou turmas mais avançadas – de acordo com o seu
nível de desenvolvimento e motivação. Dada sua maturidade e experiência escolar
anterior, esses alunos não precisam voltar obrigatoriamente para a segunda série;

• Classes de aceleração

Este assunto é objeto de um documento específico. Existem estratégias adequadas


para lidar com a reenturmação de alunos multi- repetentes. Essas estratégias, se
corretamente implementadas, podem permitir que o aluno volte a ser reenturmado,
posteriormente, em séries mais adequadas ao seu nível de desenvolvimento.
Normalmente, em séries mais avançadas.

53
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Reenturmação

Nem sempre o aluno está pronto para ir para a série indicada em seu histórico escolar.
Em outros casos, o aluno pode saltar de série. A legislação permite que a direção da
escola efetue essa reenturmação, no início ou mesmo durante o ano letivo. Uma
variante é a reenturmação no sistema de disciplina isoladas ou dependências – o
aluno segue na série regular e acumula uma ou mais disciplinas. Ou simplesmente,
matricula-se em disciplinas isoladas de uma mesma série ou séries diferentes –
dependendo da flexibilidade que a escola conseguir oferecer.

• Enturmação por nível

Série adiantada e atrasada. Este é um problema delicado. Muitas escolas costumam


criar classes especiais, sobretudo para “alunos atrasados”. Os resultados destas
classes são sempre desastrosos – a evidência mostra que mesmo alunos mais fracos
podem se beneficiar do contato com alunos mais fortes.

Ensino Adequado

É muito complexo dizer o que é um ensino adequado. É mais fácil mostrar. Em muitas
escolas, existem classes e professores onde as coisas andam bem: o professor tem
entusiasmo, os alunos também; o professor se esforça, os alunos também. O professor
cumpre o programa, normalmente vão além, os alunos também. Os resultados são
satisfatórios para a totalidade dos alunos. Normalmente, quando o ensino é adequado,
diminuem ou desaparecem os problemas que causam a necessidade de recuperação,
mesmo onde se usa seriação e programas mais estruturados de ensino.

Formação De Bons Hábitos

Promover e incutir hábitos e técnicas de estudo, participação em aula, leitura e


aprendizagem colaborativa, entre outros se constituem em objetivo primordial da escola. –
afinal, a escola deve ensinar o aluno a aprender a aprender.

54
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Estas práticas normalmente devem ser feitas de forma sistemática, através das atividades
rotineiras de ensino. É assim que o professor vai ensinando e habituando o aluno a
acompanhar as aulas, a participar ativamente das atividades individuais e de grupo, a
trabalhar em projetos com metas e duração determinadas, a adquirir métodos de consulta a
dicionários, enciclopédias e fontes de informação. A prática de resumir e sintetizar
informações, fazer trabalhos de casa de forma independente, a estudar sozinho e, sobretudo,
a desenvolver o gosto e o hábito pela leitura são práticas que devem ser desenvolvidas tanto
na escola como nas famílias. Os gestores das escolas devem promover programas especiais
para desenvolver esses hábitos e para ajudar os pais a apoiarem os filhos, constituindo-se
em medidas preventivas e eficazes.

55
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 9
Objetivo: Compreender e reconhecer as medidas preventivas para que como gestor
educacional possa conduzir o processo utilizando as medidas corretivas, equacionando
possíveis problemas.

• Medidas Corretivas na Gestão Educacional

Recuperação paralela diária

Todo professor deve estar convencido de que o primeiro e mais eficiente momento da
recuperação paralela se dá durante a sua própria aula. Em outros termos, cabe a ele
perceber, diariamente, as dificuldades apresentadas pelos alunos, dando especial
atenção ao esclarecimento das suas dúvidas e, quando for o caso, revendo um ou outro
conteúdo anterior necessário à compreensão do que se está estudando naquele dia.

A avaliação contínua, diagnóstica, revela aqui sua importância. A revisão diária de


determinados conteúdos, as explicações complementares, utilizando novas abordagens e
novos exemplos, os execícios de fixação, as atividades lúdicas, as tarefas de casa, cuja
correção tem por objetivo, também, detectar a origem das dúvidas. Voltar atrás, rever
aquilo que o aluno deveria saber, mas não sabe ou não se lembra bem, começar um
conteúdo novo recordando seus pré-requisitos – são atitudes que podem ser mais
eficientes do que qualquer outra forma de recuperção, porque atuam de forma preventiva.

Como o atendimento individualizado em sala de aula é muitas vezes, difícil, o professor


pode planejar atividades, como trabalhos em equipe, organizando os grupos de forma tal
que alunos com melhor desempenho, nível de conhecimento e maturidade possam
auxiliar aqueles que apresentam maiores dificuldades.

Um programa contínuo e permanente de reforço escolar pode constituir uma nova


estratégia preventiva, na medida em que atue desde o início do processo ensino
aprendizagem, ancorando, paulatinamente, o desenvolvimento do aluno. Diversas

56
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
escolas utilizam professores, especialistas, voluntários, estagiários ou mesmo alunos-
monitores, escolhidos dentro de cada turma e funcionando em horário extraturno.

• Recuperação ao final do bimestre

Após as avaliaçãoes mensais ou bimestrais, muitas escolas promovem aulas extras, dias
ou mesmos semanas de recuperação dos alunos que não atingiram o nível adequado de
desempenho. Em algumas escolas, isto é feito no lugar das aulas regulares. Em outras,
como estratégia suplementar. Uma versão alternativa desta estratégia consiste em
promover aulas de revisão e recuperação imediatamente antes da avaliação. Se bem
implementadas, estas medidas podem ter um impacto significativo e permitir que a
maioria dos alunos “siga com a turma”.

• Recuperação ao final do semestre ou ao final do ano.

Estas recuperações têm a mesma finalidade. A recuperação, ao final do ano,


normalmente se destina a permitir uma nova avaliação, com vistas à reenturmação do
aluno no ano seguinte, ou seja, está mais voltada para a questão da promoção do que
para assegurar que o aluno acompanhe o ritmo médio da turma.

Quanto mais tarde a recuperação, menor efeito terá sobre a aprendizagem e sobre a
formação de bons hábitos de ensino pela escola, e de estudo e aprendizagem pelo aluno.
Mas vale o ditado; “antes tarde do que nunca”.

Uma outra alternativa de avaliação ao final do semestre consiste em devolver ao aluno a


responsabilidade, na forma de estudos autônomos. Escolas que adotam este mecanismo
elaboram um plano de trabalho que o aluno recebe antes do ínicio das férias. O roteiro inclui
os conteúdos e as atividades que o professor estabelece como fundamentais para o
desenvolvimento da aprendizagem em sua disciplina. Orientado pelo roteiro, o aluno deverá
estudar durante as férias, preparando-se para a prova de reuperação, que será aplicada no
início do segundo semestre, logo após o termino das férias. No segundo semestre, o roteiro
das atividades é distribuido um mês antes do dia de aula, antes, porém, do término do ano
escolar. Cada escola decide a forma de atribuir notas e conceitos a este tipo de recuperação.

57
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
A recuperação semestral, se levada a sério pela escola e pela turma, exige do aluno um alto
nível de motivação e disciplina, na medida em que depende do estudo individual e isolado.
Exatamente aquele aluno que, em condições normais de sala de aula, apresentou
dificuldades, é agora desafiado a estudar com elevado grau de autonomia. Algumas escolas
oferecem apoio na forma de plantão, orientado por monitores, estagiários, ou professores.

Intervenções Especiais

As intervenções especiais mais comuns consitem nos diferentes tipos de assistência


psicopedagógica. Escolas que possuem especialistas podem oferecer a alunos um
diagnóstico e uma assistência individualizada. Em alguns casos, nos quais se evidencia uma
“falta de base”” – ou seja faltam-lhe pré requisitos, os alunos precisam de um
acompanhamento de mais longo prazo, que tipicamente pode incluir muita leitura, formação
de bons hábitos de estudo e a superação de dificudades específicas – frequentemente mais
de natureza social e emocional do que propriamente pedagógica.

Também existem casos onde o diagnóstico pode indicar a necessidade de intervenções mais
profundas e especializadas ou mesmo formas alternativas de atendimento, inclusive
individualizado. O problema é que a grande maioria das escolas não possui condições nem
para esse tipo de diagnóstico e muito menos para adotar medidas preventivas e corretivas
adequadas.

Aspectos Críticos para o Sucesso de Medidas Corretivas

O sucesso de medidas corretivas depende da adequação da solução ao


problema. A direção da escola precisa assegurar que o diagnóstico esteja
correto. Os instrumentos de avaliação e a sua aplicação devem ser usados de
maneira adequada.

A direção da escola precisa assegurar que as estratégias de recuperação sejam adequadas.

Em alguns casos, o aluno não estudou durante o mês ou período anterior porque estava com
atenção voltada para outros problemas ou por simples desleixo. Neste caso ajudaria o aluno,

58
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
uma assistência para a retomada de hábitos regulares de estudo e acompanhamento dos
resultados.

Em outros casos, o aluno precisa simplesmente aprender porque nunca aprendeu. Então, é
como se estivesse sendo ensinado pela primeira vez. Em muitos casos o aluno tem
dificuldade de aprender mais, pois o que aprendeu não foi suficiente para reter o
conhecimento: falta prática, aplicações, repetições em contextos relevantes, entre outros
aspectos. Na maioria dos casos, no entanto, a eficácia da recuperação depende de ensinar
de forma diferente, usando métodos diferenciados, materiais diferentes ou mesmo valendo-
se de outras pessoas – pais, voluntários, ou mesmo colegas.

A direção da escola precisa assegurar que os resultados sejam efetivamente avaliados

De nada adianta os melhores, mais bem intencionados ou mais criativos esforços de


recuperação se o aluno não aprende e não se coloca em condições de prosseguir,
acompanhando o ritmo da turma.

O que importa não são a forma de recuperação e sim os seus resultados em curto e em
longo prazo. Depois da recuperação, cabe ao professor avaliar se o aluno aprendeu o que
precisava aprender e se está em condições de prosseguir, sem recair na necessidade de
recuperação – ou avaliar que tipo de recuperação paralela será necessário em cada caso. Se
um aluno necessita de apoio permanente, isto indica que ele certamente está na turma
errada e que precisa não apenas de aulas de reforço ou atividades de recuperação, mas de
reenturmação e outras intervenções mais profundas.

59
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 10
Objetivo: Conhecer e desenvolver atividades pertinentes ao contra turno para que haja um
desenvolvimento sistemático da produção das atividades educacionais oferecidas nos
programas escolares.

Contra Turno

O Uso do Contra Turno para Complementação e Reforço da Aprendizagem

Quando nos propomos a gerenciar uma instituição de ensino, temos que nos propor a
conhecer todos os aspectos que influenciam aos que nela passam boa parte de seu tempo
para buscar momentos de aprendizagem. Mas, muitos dos diretores não possuem essa visão
e desconhecem o que seus alunos fazem no turno em que não estão na escola.

Será que eles vêem televisão? Ou quem sabe fazem seus deveres de casa? Vagam pelas
ruas do bairro? Envolvem-se em atividades como música, idiomas ou até trabalham para
auxiliarem no sustento da família?

E nós como gestores – será que nos achamos responsáveis pelas atividades de contra turno
em nossas escolas? Qualquer que seja a resposta dada cabe ao direto assumir, em nome da
comunidade escolar – e junto com os pais – a responsabilidade pela oferta dessas
atividades, sejam elas desenvolvidas dentro ou fora da escola. E zelar pela qualidade e pela
eficácia dos programas de contra turno que são oferecidos dentro e fora dela, pelo seu
impacto na educação e na vida escolar dos filhos. De nada adiante a escola ter cursos
antidrogas se, no contra turno, os alunos se envolvem livremente nesse círculo vicioso,
inclusive por falta do que fazer.

Conceituando o Contra Turno

Este conceito nos é familiar, embora a palavra possa parecer nova. Refere-se às atividades
desenvolvidas pelo aluno no período em que não está na sala de aula.

60
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Nos países onde o ensino é de tempo integral, a maioria dos eventos considerados como
“contra turno” – complementares extracurriculares ou adicionais é parte integrante da vida
escolar e do currículo. Como no Brasil, o período escolar se limita a 4 horas por dia, muitos
programas essenciais para a escolarização e para a educação integral dos alunos são
considerados como adicionais ou complementares.

Na prática, as atividades de contra turno podem ser agrupadas em três categorias:

• Atividades Complementares

É de responsabilidade da escola assegurar condições para que todos os alunos


aprendam. Se o turno escolar não é suficiente para os alunos dominarem o currículo,
a escola, a comunidade e a família procuram meios para proporcionar essas
atividades durante o ano letivo. O reforço escolar, apoio para a realização das tarefas
de casa e atividades de recuperação são, tipicamente, complementares.

• Atividades extracurriculares

Essas atividades incluem uma enorme variedade de iniciativa como:

o Projetos integrados;

o Projetos especiais

o Grêmio estudantil;

o Associações estudantis de natureza acadêmica, recreativa ou de serviço;

o Desporto escolar;

o Banda de música/ grupo de arte.

Na verdade, muitas dessas programações integram a proposta pedagógica de inúmeras


escolas e são essenciais para a formação integral da criança e do jovem. Além disso,
constituem-se em importante complemento para as ações desenvolvidas na sala de aula.
Quando desenvolvidas dentro da escola, essas atividades podem ser integradas de maneira

61
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
mais explícita e harmônica com as chamadas atividades curriculares, reforçando-se
mutuamente.

Muitas escolas desenvolvem projetos disciplinares ou multidisciplinares. Eles também podem


servir para os alunos demonstrarem e desenvolverem aptidões e talentos, que nem sempre
aparecem na sala de aula e, de forma particular, para aprenderem diferentes papeis e
assumirem responsabilidades, desenvolverem lideranças e o protagonismo juvenil.

Uma escola, que serve a uma comunidade brasileira residente numa província
africana (Congo), além de sua função principal de ensinar, tinha como função social
de envolver os alunos em atividades de contra turno.

A solução encontrada foi a de envolver os próprios alunos, que passaram a dirigir


atividades que eram criadas por eles próprios. Alunos do ensino médio, sob a
orientação da diretoria e da coordenação escolar, ministravam aulas de reforço de
aprendizagem para os necessitados. (ensino fundamental e médio).

Para os demais alunos, foram realizadas atividades diversificadas como pintura,


teatro, argila, leitura etc.

O resultado foi positivo e gratificante, pois contribuiu para o fortalecimento das


relações entre os próprios alunos e com os professores.

Melhorou a autoestima dos alunos, favoreceu a relação afetiva com a escola, num
exercício constante de criatividade, numa região de escassez de recursos.

Esta proposta foi crescendo e recebeu adesão da comunidade para a realização de


um programa de TV local, apresentando pelos alunos. Periodicamente, os trabalhos
de arte realizados eram apresentados aos pais em exposição, aberta a comunidade.

62
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Atividades Extra-Escolares

É difícil estabelecer uma fronteira entre o que deveriam ser atividades escolares e extra-
escolares. Na prática, muitas delas só são consideradas extra-escolares porque não são
oferecidas pela escola. Em algumas cidades existem centros interescolares que concentram
professores e recursos para ministrar esses cursos.

A ideia original das escolas-parques de Brasília e dos CIEPS do Rio de Janeiro contemplava
esse tipo de oferta. Na maioria das escolas, a falta de recursos e de pessoal especializado
não permite a oferta desse tipo de atividade.

Mas há inúmeros outros que fazem parte da vida comunitária e, portanto, não podem nem
devem ser desenvolvidas pela escola – clubes de serviço de escotismo, associações
religiosas etc. Algumas destas atividades são típicas da família, da sociedade civil e das
igrejas, por exemplo.

Nada impede, no entanto, que a escola participe e colabore com essas programações,
cedendo espaço e pessoal para coordenar as atividades e, sobretudo, encorajando e
acompanhando a participação dos alunos. O estabelecimento de parceria é um dos
instrumentos para viabilizar tanto a oferta dessas atividades como o seu acompanhamento
em articulação com a escola.

O Papel da Escola e do Diretor

Algumas atividades de contra turno devem ser de responsabilidade da escola, sejam elas
ministradas ou não dentro dela. No entanto, mesmo as que não são ministradas na escola
são de sua responsabilidade, do professor e das famílias, pois são componentes essenciais
da formação integral dos alunos. Portanto, cabe à escola:

• Assegurar que as atividades complementares sejam oferecidas a todos os alunos que


dela necessitam, pelo prazo que necessitarem, e que elas sejam adequadas e avaliadas;

63
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Assegurar que as atividades extracurriculares sejam planejadas de forma a promover
objetivos educacionais importantes, como a iniciativa dos alunos, a liberdade de
informação e de expressão, a responsabilidade, a solidariedade, a ajuda mútua;

• Assegurar que as atividades complementares e extracurriculares promovam a


aprendizagem colaborativa, sobretudo envolvendo alunos mais velhos na ajuda a alunos
mais novos;

• Assegurar que todas as atividades ocorram em ambientes e instituições que sejam


compatíveis com os valores das famílias e da escola. No caso do desporto, assegurar
que a participação e a superação pessoal sejam mais importantes do que o esporte
competitivo;

• Assegurar que todas as atividades de contra turno, dentro e fora da escola completem,
reforcem e tenham impacto positivo sobre a vida dos alunos;

• Assegurar que os pais dos alunos tenham informações suficientes para engajar e
envolver seus filhos nos diversos eventos proporcionados pela escola ou estimulados por
ela.

• Estimular a sociedade, inclusive através de parcerias, a complementar os esforços que a


escola não puder fazer diretamente.

• Assegurar que todas as atividades complementares e extracurriculares tenham um


coordenador e um responsável, de preferência professores, pais, voluntários ou alunos da
escola. O plano individual de trabalho é instrumento para assegurar esta supervisão.

• Assegurar que espaços físicos e infraestrutura dos professores e alunos contribuam


positivamente para o desempenho escolar dos alunos;

• Assegurar, junto com os pais que as atividades extra-escolares dos filhos sejam
supervisionadas e contribuam para a sua educação integral e para reforçar a
aprendizagem na escola;

64
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• E, sobretudo:

Compreender que as atividades de contra turno constituem terreno fértil para a função
de liderança do diretor, quer através de sua presença direta e de seu exemplo, quer
promovendo o desenvolvimento de outras lideranças na escola, incluindo professores,
pais e, principalmente a liderança dos próprios alunos.

Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.

65
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 11
Objetivo: Conhecer os diferentes aspectos da evasão escolar, do trabalho infantil e identificar
as possíveis causas bem como apresentar resoluções.

Evasão, Abandono Escolar e Trabalho Infantil

Definindo os Problemas e Suas Causas.

• Crianças fora da escola

O primeiro grupo de problemas refere-se às crianças de 7 a 14 anos de idade que


nunca estiveram na escola. Os dados a respeito desse grupo são muito precários.
Nada se pode afirmar com segurança a seu respeito, a não ser que as causas do
problema se devem quase sempre a situações de extrema penúria financeira ou de
total falta de condições de acesso à escola, devido à distância ou a graves problemas
de saúde.

• Evasão

A evasão refere-se a crianças que já estiveram na escola e abandonaram por várias


razões. Entre elas incluem-se razões econômicas, pessoais ou familiares, motivos de
saúde e, sobretudo desapontamento com a escola. É muito difícil determinar com
precisão onde está um aluno evadido – isso implicaria uma complexa e cara
sistemática de acompanhamento dos alunos que deixam a escola e não mais
retornam a ela.

As poucas pesquisas existentes sobre o assunto indicam que nos últimos anos a maioria das
crianças que já esteve alguma vez na escola permanece por mais de oito anos, antes de
evadir. Esse é um número bastante elevado, pois representa 1,3% do total que se
matricularam no início do ano e não voltam à escola, nem para trancar a matrícula nem para

66
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
pedir transferência. No Brasil, o abandono escolar vara de 15% a 25%, conforme a série ou a
região.

Isso significa que de 100 alunos, que iniciam o ano letivo apenas entre 75 a 85 continuam na
escola até o final. Na verdade, o abandono escolar pode significar várias coisas: alunos que
se mudam de escola sem avisar ou sem buscar a guia de transferência; alunos que deixam a
escola por algum tempo e depois retornam; alunos que só retornam no ano seguinte.
Também as pesquisas sobre abandono são muito limitadas. Mas as pesquisas existentes
revelam que:

Cerca de 50% do abandono se deve a duas causas principais – saúde/gravidez e


necessidades econômicas da família. No último caso, isso tanto pode significar que as
crianças ficam em casa para ajudar a olhar os irmãos mais novos quanto para envolverem-se
em atividades de trabalho infantil.

O trabalho infantil, segundo dados de 2003, abrange cerca de 4 milhões de crianças de 7 a


14 anos. Dessas crianças que trabalham 77% frequentavam a escola regularmente. Há
indicações de que o número de crianças envolvidas em trabalho infantil vem se reduzindo
drasticamente nos últimos anos. Isso significa que o trabalho infantil explica apenas uma
parte muito reduzida, tanto da evasão quanto do abandono escolar.

Os outros 50% do abandono deve-se a uma causa comum: desinteresse do aluno pela
escola. O aluno deixa a escola porque não se sente respeitado, motivado, porque não
aprende, porque não vê como a escola vai ajudá-lo a melhorar de vida, enfim, por uma série
de razões relacionadas com a própria escola.

Entrevistas realizadas com crianças e jovens nesta situação revelam que, mesmo entre os
que trabalham grande parte deixa a escola mais por estas razões do que propriamente pelo
trabalho – que quase sempre é parcial ou temporário.

Aprofundando as Questões do Trabalho Infantil

O trabalho infantil é, frequentemente, apontado como um dos principiais fatores da evasão e


do abandono escolar. Na verdade, é um problema grave, mas certamente não é um dos

67
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
principais fatores. Anualmente, entre 5, 4 e 9 milhões de alunos abandonam a escola – e
aqueles que o fazem por razões de trabalho são muito menos do que um milhão. Nem por
isto o problema do trabalho infantil deixa de ser importante.

Mesmo quando as crianças que trabalham frequentam a escola, o trabalho infantil afeta a
escolarização de diversas formas negativas: reduz, pelo cansaço, a capacidade de
concentração das crianças; submete sua saúde a riscos e abusos; aumenta a chance de
absenteísmo eventual, e, em última instância, afeta a qualidade da educação e conduz a
criança ao desalento e à evasão.

Observe este depoimento:

Eduardo, 17 anos – “Larguei a escola no meio do ano passado, na 3ª série e agora


ajudo o meu tio a cortar boi, dou comida pros porcos, faço ração e dirijo carro do tio
quando ele está cansado. Larguei a escola porque a professora botou a culpa do erro
dos outros em mim. Tinha alunos que ela não gostava do que ela fazia comigo. Esse
ano ela não ensina mais aí não. Não matriculei esse ano porque a professora não
achou minha ficha”.

O trabalho precoce, como causa da transmissão da pobreza entre gerações, fundamenta o


estabelecimento de duas relações: a pobreza como uma das causas do trabalho precoce e a
de o trabalho precoce, por sua vez, constituir uma das causas da pobreza futura. Assim, o
trabalho infantil afeta tanto os rendimentos futuros, na vida adulta, quanto o grau de
escolaridade obtido. Os estudos indicam que, de forma geral, há um elevado grau de
transmissão da pobreza por gerações seguidas e que quanto menor a escolaridade do pai
maior a probabilidade de o indivíduo começar a trabalhar precocemente.

Josué, 14 anos: “Larguei a escola no meio do ano passado porque precisava trabalhar
para ajudar minha mãe. Aqui no trabalho eu fico o dia todo... ai não podia continuar
estudando... Não queria parar de estudar, mas o problema é que eu preciso
trabalhar...

68
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
As causas do trabalho infantil, portanto, são múltiplas e complexas. Além disso, as relações
entre educação e trabalho precoce também não são triviais. A natureza do problema
demanda, por conseguinte, ações do Estado e da sociedade em várias frentes. A questão
exige a mobilização da energia social, criatividade na concepção do marco legal e
mecanismos eficazes par a sua aplicação, além da elaboração e do desenvolvimento de
programas para eficientes e eficazes de combate a este fenômeno socialmente indesejável.

Destacamos ainda dois outros tipos de trabalho infantil que afetam, diferentemente, a
escolarização das crianças. Um deles é o trabalho das crianças que ajudam a família de
maneira habitual em casa, nos cuidados da lavoura, na venda diária de produtos etc.

Não queremos com isso excluir as atividades domésticas partilhadas por todos que criam
bons hábitos e senso de organização. O sistema onde cada um tem uma ou duas tarefas
desde pequeno, ajudam a criança a crescer de forma organizada e com o hábito de cuidar do
que é dela, além de manter em bom estado o que os outros irão utilizar.

Quando falamos em trabalho infantil devemos nos lembrar dos trabalhos sazonais, em que
os pais – ou pais e filhos – dedicam dias e semanas ou até meses, no próprio local onde
vivem ou em outra localidade, a atividades de plantio, colheitas ou outras atividades
sazonais, como serviços de turismo. Este tipo de trabalho é quase sempre indesejável,
contudo, oferece desafios diferentes à escola, que pode acomodar seu calendário e horários
às peculiaridades de suas comunidades.

Condenar o trabalho infantil e combatê-lo nas suas diversas formas não exime a escola de
procurar formas alternativas de acomodar a oferta de educação às crianças que são suas
vítimas. Posicionar-se contra o trabalho infantil não significa se posicionar contra o aluno que
trabalha. Muito menos puni-lo novamente. Ao contrário, a existência dessas condições deve
levar a escola a procurar alternativas que, sem encorajar o trabalho infantil, criem saídas
para que o aluno que trabalha possa prosseguir com seus estudos.

69
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
SUGESTÃO DE LEITURA:

Sugestão de leitura: A Pedagogia do Sucesso – Araujo e Oliveira

70
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 12
Objetivo: Apropriar-se dos conhecimentos fundamentais que estabelecem a autoridade
respeitando-se os parâmetros da Lei bem como as responsabilidades e limites que a função
impõe.

Delegação de Autoridade

A delegação se fundamenta na lei e se origina do governador ou prefeito, que estabelecem,


no orçamento estadual ou municipal, os compromissos com a educação, a política
educacional e as prioridades a serem perseguidas na sua gestão. A Secretaria de Educação
estabelece normas administrativas e diretrizes para a rede escolar, bem como os
mecanismos de supervisão das unidades escolares. As normas e diretrizes da Secretaria
definam o espaço de autonomia da escola, dentro do qual estão estabelecidos as
responsabilidades e os limites de autoridade do diretor de escola.

O presente documento tem como pressuposto básico para a eficácia das escolas que elas
devam ser constituídas e operacionalizadas como unidades autônomas da Secretaria. O
exercício dessa autonomia implica a negociação e aprovação do PDE – Plano de
Desenvolvimento da Escola, que deve compatibilizar as diretrizes da Secretaria com as
definições e prioridades da comunidade escolar. Cabe ao diretor este papel de negociação.

O conceito de autonomia, portanto, não significa que a escola tem soberania, ou seja, total
liberdade para fazer o que bem entende. A secretaria estabelece políticas e diretrizes que
todas as escolas devem seguir. O PDE indica como a escola pretende obter seus resultados.
Cabe à Secretaria assegurar os meios, acompanhar e apoiar a direção da escola para que
isso ocorra.

Na verdade num sistema de escolas com ampla autonomia, esta superintendência pode ser
desnecessária. As escolas privadas, no Brasil são um bom exemplo: o governo estabelece
as normas, as escolas se organizam. Os pais, que podem optar por matricular seus filhos

71
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
nessas escolas, agem como controladores. Esse sistema funciona muito bem, em princípio
poderia ser introduzido nos sistemas públicos – de fato o é em diversos países como a
Inglaterra e Holanda, por exemplo, mas nunca foi realizado no Brasil. No sistema público de
ensino, raramente os pais têm a opção de escolher a escola em que seus filhos vão estudar,
muito menos de fazê-lo mudar de escola. Normalmente são escolhas forçadas decididas por
critérios de localização da escola. Raramente existe qualquer margem de opção das famílias.

Para efeitos práticos, a questão não é saber se a supervisão deve ou não existir e, sim, como
ela pode ser exercida de forma a contribuir para assegurar os resultados negociados entre a
Secretaria e cada escola, com base no PDE. As formas tradicionais de supervisão
concentram-se no acompanhamento e controle assistemático de alguns dados e, na
interferência direta, posto que muitas secretarias entendem que sua missão consiste em
gerenciar a escola no papel de diretor, inclusive envolvendo-se em atividades diretas de
capacitação de diretores ou na solução de problemas corriqueiros da escola.

A supervisão proposta em um sistema escolar onde as escolas são autônomas, o papel


central da supervisão consiste, essencialmente, em assegurar a consistência do PDE de
cada escola com as diretrizes da Secretaria, e em apoiar o diretor da escola para a
consecução de seus objetivos. Esta forma de supervisão, portanto, reforça a liderança do
diretor e contribui para a crescente autonomia de escola.

Legitimação e Legitimidade

Dentro da escola, o diretor legitima a sua liderança através dos colegiados escolares, cuja
função principal é apoiá-lo na elaboração e realização do PDE – o Plano de Desenvolvimento
da Escola.

Na realização do PDE, e na condução das atividades rotineiras da escola, o diretor exerce a


sua liderança através dos grupos de apoio administrativo, professores e técnicos, bem como
de voluntários e parceiros que colaboram com a obtenção das metas previstas no PDE. A
consecução dessas metas envolve a participação de todos os membros da comunidade
interna da escola. Essa participação é explicitada em planos anuais de trabalho, nos quais

72
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
estão estabelecidas as responsabilidades de cada professor, técnico e outros colaboradores,
inclusive voluntários e parceiros que lideram “centros de resultados”.

A autonomia da escola não é um simples direito. Trata-se de um desafio e um fenômeno a


ser concretizado por todas as lideranças envolvidas com a escola, especialmente seu diretor
e respectivo supervisor.

Centros De Resultado: Um Novo Olhar Sobre Os Recursos Estratégicos Da Escola

Normalmente, pensamos a escola como um conjunto de salas de aula e outros espaços. No


presente documento, considera-se a escola como um conjunto de centros de resultados. A
sala de aula é o coração da escola e o seu centro de resultado mais importante.

Cada centro responde por parte dos resultados da escola. Cada responsável por um centro
tem a missão de liderar os esforços dos seus colaboradores – o que significa coordenar,
integrar e consolidar os resultados para a consecução dos objetivos do centro.

Centros de resultados incluem as salas de aula, as atividades extraclasse, a biblioteca ou o


centro de mídia, a secretaria escolar, o colegiado escolar, os grêmios e associações
estudantis, as atividades extracurriculares e extraclasses, as atividades de voluntários e
parceiros, entre outras. Os resultados de cada centro devem contribuir para êxito dos
alunos.

Explicitando o Conceito de Liderança

Liderança, popularmente, se confunde com o estilo pessoal do diretor, com o jogo de cintura,
com a capacidade de comando, com o exercício do poder, com a popularidade e com tantas
outras características pessoais ou interpessoais do diretor.

Essas percepções divergem fundamentalmente do que se pode entender por liderança


escolar. A liderança é concreta. Ela se verifica e se exerce no contexto concreto de uma
escola, que, por sua vez, está inserida num ambiente político econômico, social e cultural. A
liderança age, no trabalho cotidiano do diretor, com esses atores que vivem dentro e em
73
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
torno da escola, influenciando-os e interagindo com eles para dar e receber contribuições
que levem à realização dos objetivos da escola.

Liderar significa coordenar, integrar e consolidar permanentemente os resultados dos


membros da escola, explicitando em seus planos anuais de trabalho. Esses resultados
integram o PDE e, por sua vez, têm como objetivo final assegurar o único resultado que
interessa: o sucesso do aluno.

A coordenação é necessária para assegurar que cada membro contribua para o objetivo
maior da escola – que é o êxito do aluno – e para evitar que se afaste desse objetivo. E se
efetiva em três passos: acompanhamento, apoio e avaliação dos resultados dos
responsáveis, reajustando os planos e estratégias em função das metas estabelecidas

A integração se torna necessária para fazer os resultados convergirem para o objetivo maior
e comum da escola. Nesse sentido, também pode ser vista como sinônimo de alinhamento,
isto é, serve para assegurar que os responsáveis de cada “centro” estejam alinhados entre si
e com a mesma visão, os valores e os objetivos maiores da escola.

A consolidação dos resultados se faz através dos relatórios periódicos que o diretor submete
à comunidade interna da escola e, quando for o caso, ao responsável por sua supervisão. O
relatório não é o resultado, ele indica os resultados alcançados em cada unidade em relação
aos objetivos gerais da escola. Este por sua vez integra os resultados das escolas que
supervisiona para consolidá-lo no resultado geral da Secretaria.

O conceito de “rede” ou “sistema” de ensino consiste no alinhamento de


propósitos e resultados das escolas que o integram e não em conceitos
genéricos ou burocráticos.

O PDE é o instrumento central da liderança. Nele estão explicitadas a missão e a visão da


escola. No PDE estão detalhados os objetivos e metas a serem atingidos, que devem
contribuir para o êxito dos alunos. Destas metas saem os planos de trabalho dos membros
da comunidade escolar. A função de liderança consiste em manter as atividades de todos

74
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
focalizadas na visão de uma escola cada vez mais eficaz, mantendo, reforçando e
promovendo os valores e comportamentos que constituem a cultura da escola.

Os processos de elaboração, avaliação e revisão do PDE se constituem em momentos


culminantes da atuação do líder. De modo particular, cabe ao diretor articular e alinhar a
missão, a visão e os objetivos da escola com as diretrizes da Secretaria. Ou seja, cabe ao
diretor assegurar a consistência entre pacto interno da escola – o PDE re as diretrizes
externas da Secretaria, com as quais a escola tem que pactuar na busca do êxito dos alunos.

75
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 13
Objetivo: Conhecer e distinguir autoridade e poder no contexto de uma gestão eficaz dentro
do contexto educacional.

Liderança: Poder, Autoridade, Comando Ou Apoio?

O conceito de liderança é comumente associado ao exercício do poder, frequentemente se


confunde com o jogo de poder, ou mesmo com jogadas de poder. O poder, em qualquer
organização, é sempre um poder pessoal. Ele varia de pessoa para pessoa, varia no tempo e
varia de acordo com as circunstâncias. Nem só o diretor tem poder – eventualmente pode
haver outras lideranças na escola com poder maior que o diretor. O poder pode ser exercido
para benefício próprio ou para o bem comum. O poder não se confunde com autoridade, mas
a autoridade muitas vezes é utilizada como instrumento a serviço do poder individual, quase
sempre caracterizando abuso de autoridade.

Comando é atividade inerente ao exercício da liderança e deriva da autoridade delegada que


é conferida ao cargo do diretor. Comando é instrumento, um expediente eventualmente
usado pela liderança, mas não se confunde com ela. Todos que possuem delegação de
autoridade possuem, pelo mesmo fato, delegação para comandar. Liderança eficaz não se
confunde nem se baseia apenas em comando. Liderança eficaz é aquela que garante
condições para que os liderados produzam e alcancem os resultados. Criar condições
significa criar um clima e um ambiente adequado de trabalho, com respeito e confiança,
definir e distribuir tarefas, apoiar os liderados em suas atividades, avaliar e rever resultados
para assegurar condições para o alcance de objetivos.

“O Poder Deve Servir E Não Ser Servido”

Liderança implica em objetivos compartilhados. Uma vez que os objetivos são


compartilhados a partir do PDE, o diretor fica sendo responsável por assegurar que sejam
atingidos. É por isso que a principal função de liderança consiste em apoiar as ações dos

76
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
subordinados. Apoiar é mais apropriado do que exercer poder, mandar ou comandar, com
atitudes que revelam mais as preocupações de controle do que de coordenação e integração
dos resultados.

Assim a eficácia de uma liderança requer uma forte capacidade de ouvir, escutar e
compreender. A distinção entre outras palavras não é meramente semântica. Ouvir, escutar
e compreender são os passos necessários para a aceitação dos pontos de vista e da
realidade alheia, sem as quais se torna impossível o exercício da liderança.

Ouvir, escutar e compreender.

“Escutar é diferente de ouvir”. E esta diferença é fundamental. Ouvir é interpretar as


palavras e, em consequência, agir segundo esta interpretação. Ouvir é lidar com os fatos,
agir sobre as atitudes, dando, por exemplo, um sermão ou advertindo um aluno depois de
“ouvir” a sua história.

Escutar é compreender o que está além dos fatos e enxergar o que está nas entrelinhas: as
expectativas, as ansiedades, as contradições os medos, as reações.

Compreender um aluno e, PR exemplo, saber que ele tem nome, idade, sexo, família e,
portanto, uma história individual e social, e uma inserção em um momento histórico e
ideológico de sua época, que são integrantes de seu modo de olhar o mundo, constituem
seus valores e interferem na forma como lida com as relações.

Compreender um professor significa ajudá-lo a compreender os alunos e, acima de tudo,


usar a liderança para criar modos de agir que interfiram e modifiquem a dinâmica das ações
e das relações dentro da escola. De forma que todas as situações possam ser vivenciadas
como experiências que serão revertidas para benefício dos alunos e da comunidade.

Carmem Sílvia Cintra Torres de Carvalho

77
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Algumas Reflexões Sobre A Importância De Ouvir

A maioria das coisas que acontece numa organização – ou das coisas que deveriam ocorrer
– dependem de informações que, frequentemente, os dirigentes não dispõem. Isto inclui
conhecimento das características locais, conhecimento das características locais,
conhecimento das pessoas (incluindo sentimento, pensamentos, percepções e interpretação
da realidade). Estes dados nunca são fornecidos pelo sistema de informação gerencial.

Dirigentes precisam desenvolver um sistema informal para obter informações e, para tanto,
precisam fazer boas perguntas. Dirigentes, como pesquisadores, devem ser julgados pela
qualidade de suas perguntas.

Reconhecer que as pessoas são diferentes e estimular a dúvida, ao invés de julgamentos


definitivos são comportamentos que facilitam o ato de ouvir.

Ouvir bem requer – um esforço ativo para compreender o mundo a partir da perspectiva do
outro; - analisar o que foi dito e o que deixou de ser dito; - testar em voz alta o que se
entendeu; - interessar-se como se o tópico de outro fosse a coisa mais importante do mundo.

Daí Porque Ouvir Envolve Prática, Paciência, Energia E Trabalho Árduo.

Frequentemente, ouvir é a melhor coisa que um dirigente pode fazer. Em alguns casos, ouvir
é a única coisa que ele pode fazer.

Finalmente, uma regra de ouro: se você não ouvir os outros, eles não vão ouvi-lo.

Liderança Exige Paciência

Ter paciência é demonstrar autocontrole. Esta qualidade de caráter para um líder na medida
em que a paciência e autocontrole são fundamentos do caráter e, portanto da liderança. Em
vez de autocontrole, prefiro usar a expressão “controle de impulso”. Sem controle sobre
nossos desejos básicos e caprichos, dificilmente reagiremos corretamente em situações
embaraçosas. Para nos tornarmos líderes efetivos é preciso desenvolver o hábito de reagir
de acordo com os princípios morais, paciência e autocontrole refletem atitudes consistentes e
previsíveis. Se você duvida disso, faça as seguintes perguntas a si mesmo: você tem boas

78
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
relações com as pessoas que estão descontroladas? Você é uma pessoa segura? Fácil de
conviver? Acessível? Pode absorve opiniões contrárias? As críticas?

Não estou sugerindo que não possamos ser apaixonados pelo que fazemos ou que não
devemos demonstrar nossas emoções. A paixão (envolvimento) é uma qualidade essencial
de liderança. Podemos adorar o que fazemos ao mesmo tempo em que somos pacientes e
temos autocontrole.

Há quem admita ser mal-humorado e até confesse suas explosões de raiva com os outros.
“Todos “se apressam, porém, a defender seu comportamento com alegações do tipo: “É
assim que sou”;” Sempre tive a cabeça quente” ou “Sou igual ao meu pai.”

Todas essas defesas de si mesmo não contribuem para uma liderança eficaz. Mas temos
que observar nossos comportamentos para que não demonstremos raiva ou até mesmo
paixão excessiva, violando os direitos dos outros e prejudicando os relacionamentos.

SUGESTÃO DE LEITURA:

Aprenda os Segredos de uma Liderança Eficaz: em uma semana – Carol A


O’Connor

79
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 14
Objetivo: Continuamos falando de liderança

Liderança Exige Gentileza

Considere a seguinte definição “Gentileza é dispensar atenção, apreciação e encorajamento


aos outros.” A segunda descrição possível é “tratar os outros com cortesia”.

Na verdade, gentileza é um ato de amor, porque exige que nos interessemos pelos outros,
até mesmo por quem não sentimos qualquer afeição. Pequenas manifestações de
apreciação, de encorajamento, de cortesia e de atenção, além de conceder créditos e elogios
pelos esforços realizados, ajudam os relacionamentos a se desenvolverem de forma
adequada.

O papel dos líderes é encorajar as pessoas e partilhar conhecimentos e experiências de


forma a funcionarem como uma influência constante e positiva para quem está ao seu redor.
Aliás, influenciar os outros a se tornarem pessoas melhores é dever de todos nós, não só
dos líderes.

‘Pequenas amabilidades, como “bom dia”, ”por favor,” “obrigado”, “desculpe”, “eu estava
enganado”, são fundamentais nos relacionamentos humanos.

Liderança Exige Humildade

Humildade é a demonstração de ausência de orgulho, arrogância ou pretensão,


comportamento autêntico. As pessoas associam erradamente humildade com passividade,
modéstia ou até mesmo com baixa autoestima. Mas, ao contrário deste pensamento, os
líderes humildes não sofrem nenhum complexo de inferioridade. Eles sabem que não têm
todas as respostas e aceitam isso com naturalidade. Quando atingidos em sua escola de
valores, princípios morais e senso de justiça podem ser tão destemidos quanto um leão. Os
líderes humildes não se iludem sobre quem eles realmente são. Sabem que vieram ao
80
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
mundo sem nada e que partirão sem nada e, por isso mesmo, aprenderam a se controlar e a
não ser egoístas.

Os líderes humildes consideram sua liderança uma enorme responsabilidade e levam muito
a sério a posição de confiança e as pessoas a eles confiadas. Seu foco não está nos
benefícios corporativos nem na politicagem interna, muito menos na corrida para ver quem
vai ocupar a sala maior. Eles preferem se concentrar nas responsabilidades inerentes à
liderança.

Como são autênticos não posam de sábios, estão sempre disponíveis e tem seu ego sob
controle. Não se baseiam em ilusões de grandeza, acreditando que são indispensáveis na
empresa. São seguros de suas limitações e estão conscientes de que o maior de todos os
defeitos é acreditar que não cometeram erro algum.

Liderança Exige Respeito

“Tratar todas as pessoas com a devida importância”. Eis a melhor definição para o respeito.
Quem está ao redor do líder percebe que ele é capaz de respeitar os outros, já que o vêem a
todo o momento recebendo pessoas importantes.

Uma maneira eficaz de os líderes demonstrarem respeito pelas habilidades e capacidades


da outra pessoa, e com isso construírem uma elação de confiança, é delegar
responsabilidades. Esta é a única maneira das pessoas crescerem e se desenvolverem.

Respeito não é algo que se ganha quando se torna líder. O respeito é conquistado quando
você está na liderança. A função do líder é ajudar pessoas a vencer e a ser bem sucedido.

Liderança Exige Altruísmo

“Atender as necessidades dos outros”. Há um autor de renome que quando faz esta citação
em seus seminários recebe muitas perguntas frequentes, como por exemplo: “Antes mesmo
de minhas próprias necessidades? Ele sempre responde “Antes mesmo de suas próprias
necessidades”.

81
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Quando você se candidata a líder, tem de fazer isso. A vontade de servir e de se sacrificar
pelos outros, a disposição de abrir mão dos próprios anseios, pelo bem maior – este é o
verdadeiro altruísta e, em consequência o verdadeiro líder.

Muitos contestam quando falamos em servir os outros. Os mais indignados chegam a


exemplificar os maus funcionários que lideram ou os chefes tiranos aos quais estão ligados.
Dentro das escolas de Business no Canadá recebi uma lição: Para liderar preciso eliminar o
pensamento negativo. A estrada para a liderança servidora não será percorrida na tentativa
de mudar ou melhorar os outros, mas no empenho em mudar e melhorar a nós mesmos.

Há uma frase do escritor russo Leon Tolstoi que se encaixa a perfeição: “Todos querem
mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo.” A única pessoa que você pode
mudar é você mesmo. Se cada um limpasse ou não jogasse lixo no seu próprio jardim, ou
em sua rua, logo teríamos um ambiente limpo e saudável.

Liderança Exige Honestidade

“Não tentar enganar ninguém.” Este é o verdadeiro sentido da palavra honestidade. Poucos
discordariam que honestidade e integridade são qualidades de um líder. Todas as pesquisas
que acompanho há décadas são unânimes em apontar essas qualidades de caráter como
essenciais para a liderança.

Sem confiança, uma organização é um castelo de cartas. Mas como se constroi uma relação
baseada no respeito? Sendo digno e tendo um bom comportamento de honestidade e
integridade. Muitos líderes, nos mais diversos espaços falam em confiança, mas suas ações
e convicções revelam o contrário. Sob sua liderança, reinam mecanismos de controle como
relógios de ponto, reuniões secretas, regras de trabalho muito rígidas, chaves especiais para
abrir determinadas portas, ocultamente de informações financeiras (inclusive sobre salário e
plano de carreira), e assim por diante.

Um dos principais aspectos da honestidade, e também de como se manter imune à


desilusão, é a maneira como delegamos a cobrança e a responsabilidade. Essa é a nossa

82
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
verdadeira função como líderes, assim como a obrigação de ajudar as pessoas a ser o
melhor que puderem.

Um líder evita comportamento desleal e formação de grupos destrutivos dentro do espaço


que “está” líder. Desenvolver a confiança exige esforço e comunicação. Ser um líder
afirmativo, que mesmo em sua postura franca, honesta – que muitas vezes se confunde com
agressividade – é ser quem se prepara para enfrentar problemas difíceis em seu dia a dia,
que não viola o direito dos outros e mantém um comportamento respeitoso.

“Posições e títulos não significam absolutamente nada. São adornos, não representam a
substância de uma pessoa.” Herb Kelleher - fundador da Southwest Airlines.

Para o crítico inglês John Ruskin, os homens realmente grandes possuem o curioso
sentimento de que a grandeza não está neles, mas passam por eles. Por isso são humildes.

83
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 15
Objetivo: Apropriar-se dos conhecimentos significativos sobre o exercício da liderança dentro
de um contexto de gestão eficaz.

O Exercício Da Liderança

O Exercício da liderança depende, fundamentalmente, da forma como o diretor vê o seu


papel e da forma como ouve, escuta e compreende o aluno. Depende também de como o
diretor vê o aluno – pois a forma como o diretor o vê determina a forma como ele o ouve.

Todos Nós Sabemos Que Comumente Os Alunos São Vistos:

• Como Problema - O aluno é problema, o diretor é quem resolve o problema. A cada


problema o diretor tem que intervir. Os problemas continuam, bem como os alunos
problema. Durante décadas, escolas, diretores e professores viram grande parte dos
alunos como incapazes de seguir adequadamente o programa de ensino da escola. É
como se o programa de ensino e o que a escola faz, não tivesse a ver com os seus
alunos concretos. O programa é dado (quando o é) e se o aluno aprendeu, bem, se
não aprendeu, é reprovado. Os elevados níveis de repetência e abandono escolar
derivam, em grande parte, desta concepção do aluno como “problema”.

• Como Cliente – Em anos recentes vem se desenvolvendo a concepção de que a


educação não é um processo educativo e sim um serviço como qualquer outro,
pactuando entre famílias e escolas através de um contrato. No caso da escola pública,
frequentemente o “Estado” é visto como uma entidade separada da sociedade, que
carrega a obrigação de prover direitos para suprir necessidades, entre elas à
necessidade de educação. No caso do setor privado, as escolas, às vezes, são vistas
até mesmo como salvação para conseguir fazer com os filhos aquilo que os pais não
conseguem fazer em casa.

84
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Nesta linha de entendimento, o aluno e suas famílias seriam clientes da escola – o
objetivo da boa escola seria atrair e manter satisfeito o “consumidor” dos direitos
educacionais. Este conceito é obviamente, inadequado. Educação não é serviço. Por
isso, o termo é particularmente impróprio para ser utilizado num sistema de educação
pública, em que o “cliente” não tem condição de optar por outra escola, é um “cliente”
forçado, um cidadão administrado. Embora limitada, esta concepção do aluno como
cliente pelo menos serve para forçar a escola a explicitar compromissos com o aluno e
suas famílias.

• Como Educando – Entender a educação como processo também significa entender


que a missão da escola é educar em, portanto, envolve compromissos mútuos e
coresponsabilidade. A escola não presta apenas um serviço ou resolve problemas dos
alunos. A escola educa pelo tempo, presença e exemplo do diretor e dos professores.
Mas o educando também se educa – daí o importante papel do protagonismo e da
liderança dos próprios alunos.

Compreender o aluno implica o esforço da direção escolar em compreender quem é esse


aluno. As percepções dos alunos variam de escola para escola. E de aluno para aluno. Daí a
importância do diretor estar atento para a percepção de cada aluno. Se não ouvir, não
escuta. Se não escuta, não compreende. Se não compreende não lidera.

Ações Concretas

Ouvir, escutar e compreender é uma forma de agir. O termo agir não significa estar ocupado,
fazer coisas. Tempo, presença e exemplo são formas poderosas de “agir”.

Este agir inclui:

• Criar e manter um clima de ordem, disciplina e colaboração dentro da escola –


Frequentemente, diz-se que a escola tem a cara do diretor, que o clima da escola
reflete o ambiente criado pelo exercício da liderança. O estabelecimento e o
cumprimento de regras, calendários, compromissos, a forma de delegar tarefas,
acompanhar atividades, avaliar resultados, conduzir reuniões, resolver conflitos tudo

85
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
isto contribui para criar o clima de entendimento, respeito e segurança característicos
de uma escola eficaz.

• Apoio aos professores no seu trabalho de liderança - Liderar é educar. O professor


passa mais tempo com o aluno, tem mais presença e mais oportunidades de liderá-los
com seu exemplo. O professor lidera o aluno criando condições para que ele aprenda
e logre os resultados que sempre se esperam do aluno e da escola. O apoio que
recebe do diretor e de outras lideranças da escola, através das atividades de
acompanhamento, supervisão e avaliação de outros centros de resultado da escola, é
essencial para que se possa exercer adequadamente seu trabalho. Essas atividades
são rotineiras, mas há momentos especiais em que se tornam exemplares: elogios
particulares ou públicos a um bom trabalho; ajuda do colega ou do diretor a um
professor que enfrenta dificuldades momentâneas com o ensino, com um aluno, pais
ou colegas. Novamente, aqui, somente a dedicação do tempo, presença e exemplo do
diretor podem tornar sua liderança eficaz. É preciso estar lá para acompanhar, ajudar
a fazer dar exemplo de como se faz.

• Arbitrar e intermediar relações – o aluno espera que o diretor seja um árbitro e


intermediário de suas relações com professores e pais. O diretor que toma decisões
precipitadas, ou age injustamente, perde a confiança dos liderados. O diretor cuja
escola não cumpriu seu papel de ensinar e que “entrega” o aluno aos pais também
perde a confiança dos alunos.

• Promover condições para a liderança dos próprios alunos – o assunto é vasto e


merece uma seção especial.

86
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 16
Objetivo: Conhecer e apropriar-se das diferentes formas que levam a participação dos alunos
dentro do processo de condução da aprendizagem além do acadêmico.

Promovendo O Protagonismo Dos Alunos

O termo “protagonista” pode parecer grandioso demais, mas expressa adequadamente a


importância de reconhecer e de dar condições concretas ao aluno de conduzir, com o apoio
da escola o processo de sua educação. Nesta concepção, o aluno se educa.

A equação é simples: quanto maior e mais permanente for a participação do estudante na


vida da escola, melhores e mais fortes serão os seus laços com conceitos importantes como
respeito, responsabilidade e compromisso consigo mesmo. E com o seu meio.

As formas de participação são as mais variadas e diferentes.

1. O grêmio da escola

É uma das atividades mais usuais. Como poderoso instrumento de mobilização,


estimula o exercício do debate, da crítica, da busca de soluções e da responsabilidade
na condução de eventos e atividades extraclasses, em especial aquelas de natureza
lúdico-esportiva ou artística. Nas atividades dos grêmios, os alunos vão definindo seu
papel social, colocando em votação e em discussão questões de toda natureza:
problemas com a escola e com os professores; iniciativas para enriquecer a vida
cultural e social da escola; novos canais de expressão dos sentimentos, desejos e
talentos dos colegas; identificação de oportunidades para contribuir com a escola ou
com a comunidade em projetos, campanhas ou atividades permanentes de cunho
solidário. Entretanto, ao grêmio se deve reconhecer amplo papel de
coresponsabilidade para evitar que se torne um fórum de manifestação e
representação política.

87
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
2. O jornal da escola

É outro instrumento que dá vazão ao potencial do jovem para agir socialmente.


Através de reportagens feitas para o jornal do colégio, o estudante vai ouvir outros
setores e trazendo para o grupo as grandes questões que envolvem a comunidade
escolar e a comunidade que gira em torno da escola. O jornal expõe o aluno a críticas
e opiniões de outros e a avaliar a consequência de seus atos. Expõe o aluno à
realidade dos limites do que se pode e do que não pode, do que é apropriado e não
apropriado escrever e publicar. Força o aluno a acomodar preferências às decisões de
um conselho editorial. Exige defesa de ideias e a aprendizagem de compromisso
diante da realidade.

3. A sala de aula

Dentro da sala de aula, o professor promove o protagonismo quando respeita as


opiniões do aluno e seus conhecimentos – ainda que para confrontá-lo, questioná-lo e
aprimorá-los. Também o faz quando abre espaço para que o aluno tome decisões
sobre sua aprendizagem, assuma posturas diante de acontecimentos que ocorrem na
sala de aula e quando estimula comportamentos socialmente responsáveis. O
professor também é agente fundamental para promover o protagonismo dentro da sala
de aula.

4. A aprendizagem colaborativa

É o outro exemplo de oportunidade para o exercício da liderança e do protagonismo.


Nas diversas formas em que pode ser utilizada, dentro e fora da sala de aula, a
aprendizagem colaborativa põe em relevo a importância de cada membro para o
sucesso do grupo e a necessidade de confiança e apoio mútuo – essenciais para a
consolidação de qualquer empreendimento social. Reforçar tanto a importância de
respeitar e assegurar o sucesso do colega quando a responsabilidade pessoal em
fazer a sua parte para que o resultado do grupo seja alcançado.

88
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Estes exemplos apenas ilustram o potencial inexaurível de oportunidades que se apresentam
na escola para o desenvolvimento do espírito de cooperação, das habilidades de liderança e
para a formação das competências do protagonismo. A educação para a liderança não
ocorre no vácuo, nem decorre automaticamente da participação de atividades ou eventos. Na
prática, isto requer um esforço permanente de estimulação de iniciativas, mas também uma
forte presença, acompanhamento e supervisão, sem tutela. O trabalho de professores,
voluntários e parceiros da escola constitui-se em recursos adicionais de que o diretor pode
dispor para viabilizar estas atividades.

Ecologia, direitos humanos, analfabetismo de adultos: as práticas solidárias devem ser


incentivadas pela escola, mesmo que fora de seus muros. Participar de grupos de jovens em
igrejas e outras associações da sociedade civil organizam um grupo para limpar parques,
praias e matas da poluição, dar aulas de reforço escolar em seu horário livre são algumas
maneiras de o jovem atuar socialmente.

Para que o aluno possa ser protagonista de sua história acadêmica ou pessoal, ele precisa
encontrar interlocutores que o ajudem nessa busca. O diretor é o principal intermediário, pois
faz a ponte entre professores, funcionários, familiares e estudantes. Por isso seu tempo,
presença e exemplo são essenciais para conhecer a realidade da qual é líder.

É necessário partir para o corpo a corpo. Isto significa tomar pé da vida de cada aluno,
conhecê-los pelo nome, conhecer as características de cada um, identificar lideranças entre
alunos, de forma a poder criar e estimular projetos e iniciativas, onde cada aluno possa
mostrar seu talento e sua capacidade de agir socialmente.

Não se trata simplesmente de manter os alunos ocupados, criar oportunidades para


extravasarem suas tensões ou usá-los para ajudar a direção a resolver seus próprios
problemas. Acima de tudo, essas oportunidades devem proporcionar novas experiências,
maneiras de ver perceber, agir e relacionar-se com o mundo. Cabe ao diretor conduzir e
permitir transformações auxiliando na organização dos desejos e necessidades da
comunidade estudantil.

89
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Um entendimento mais completo do termo protagonismo juvenil é a educação de valores,
para o exercício prático da cidadania. Toda vez que uma escola conseguiu romper com o
problema da violência, você vai lá e o que vê? A escola abriu espaço para os alunos: deixa
os estudantes pintarem os muros como bem entenderem; estimulam sua participação na vida
escolar. E abriu espaço para a comunidade: estabelece uma relação diferente com ela, o que
resulta em experiências que dão certo e rompem o círculo vicioso da suspeita violência. É
um padrão que se repete em casos de escolas degredadas, que são transformadas em
comunidades educativas.

A principal agenda para o protagonismo dentro da escola é que o aluno se torne


empreendedor e protagonista de sua aprendizagem e de sua educação. Da mesma forma
que todos na escola compartilham a missão, a visão e a responsabilidade pela obtenção de
resultados cabe ao diretor conseguir o alinhamento de cada aluno nesta mesma direção.
Num PDE completo, cada aluno deveria também fazer o seu plano individual de trabalho e
estabelecer metas para serem alcançadas, inclusive metas de autosuperarão a serem
progressivamente elevadas na sua trajetória escolar.

Na língua inglesa, o diretor da escola ainda é chamado de “head-master”, significando com


isto que é o “mestre-chefe”, ou seja, um dentre os mestre que, por alguma razão, passará a
ser a “cabeça” da escola. O sentido original da palavra serve para lembrar que, num
ambiente escolar, o diretor da escola incorpora valores e responsabilidades que são
próprias do “mestre”, isto é aquele que ensina pelo exemplo. Por isso a palavra liderar
também é sinônimo de educar.

O sentido original da palavra “mestre-chefe” reforça, ainda, o conceito de que, num


ambiente escolar, uma das responsabilidades centrais do diretor é assegurar o espírito de
colegialidade entre os mestres da instituição. Quando se fala em “colegialidade” está se
dizendo que a escola é uma organização profissional, administrada profissionalmente,
composta por profissionais que buscam, acima de tudo, servir aos interesses do educando,
da melhor forma possível e dentro dos mais elevados padrões éticos.

90
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
SUGESTÃO DE LEITURA:

Gestão Escolar: desafios e tendências – Xavier – Antonio Carlos, (IPEA).

91
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 17
Objetivo: Conhecer o sistema que envolve a seleção de professores e como as contratações
definem o perfil da instituição.

Seleção de Professores

A seleção de professores, numa escola pública, raramente é feita pelo diretor. O que
acontece, normalmente, é que os professores são designados pela Secretaria. Ao longo do
tempo, na verdade, são os professores que escolhem as escolas procurando ficar “lotados”
nas escolas de sua preferência. De certa forma, a escolha da escola pelos professores
revela o tipo de liderança que uma escola possui.

Em escolas particulares, escolas cooperativas ou criadas por instituições não


governamentais, bem com em sistemas descentralizados de ensino, em que a autonomia
das escolas é a mais abrangente, uma das funções mais importantes do diretor é a seleção
de professores.

O processo de seleção de professores, como de funcionários em geral, constitui


oportunidade única para qualquer instituição refletir sobre si mesmo: o que vamos dizer aos
candidatos que somos? O que precisamos desse professor? O que esperamos dele? Por
que e para que precisamos desse professor? O que oferecemos aos professores? Quais as
características que ele deve ter para suprir as carências da escola? Que tipo de professor
esta escola é capaz de atrair? Por que ela atrai esse e não outro tipo de professores? Que
podemos dizer às escolas de formação ao entrevistar jovens egressos das escolas de
preparação de professores? O que aprendemos sobre as outras escolas ao entrevistar
professores com outras experiências?

Mesmo que o diretor não possua controle sobre os professores que entram em sua escola, a
entrada de novos professores sempre será uma oportunidade para relembrar e reforçar os
princípios que presidem a vida da escola. Qual a sua missão? Qual a visão que tem de si

92
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
mesma? Quais os valores que a escola preza e pratica para manter-se no rumo correto?Será
que o novo professor compartilha essa visão, esses valores?

Estas perguntas, que podem ser feitas pelo diretor, ou pelo grupo de pessoas encarregado
do recrutamento e seleção, ou mesmo diante da possibilidade de ingresso de um professor
mandado pela Secretaria de Educação, constituem-se excelentes oportunidades, para escola
obter o professor com o perfil que deseja. Assim, a escola irá conhecer-se melhor e se dá a
conhecer a novos colaboradores. Esta é uma tarefa importante da liderança do diretor. Se
bem exercitada contribui para manter o alinhamento da equipe da escola em torno de seus
objetivos.

A liderança eficaz no processo de seleção de professores assegura que desde o início, o


novo professor estará alinhado com as propostas da escola e em condições de contribuir
para o desenvolvimento do aluno e da própria escola.

Iniciação

Um dos maiores terrores do jovem professor são os seus primeiros dias de aula. Esse terror
é maior nos casos em que o professor iniciante não passou por experiência prévia, na forma
de estágio supervisionado.

O que acontece, normalmente, quando um professor chega à escola pela primeira vez?
Como se dá a iniciação do novo professor na maioria das escolas? A resposta é trágica,
infelizmente: através do batismo de fogo: “Você vai dar aula de geografia para a 5ª série.
Aqui está o livro didático e o diário de classe. Boa sorte!”

Raramente as escolas tomam tempo e trabalho para ambientar o novo professor na escola.
Esta é uma tarefa indelegável da liderança escolar. É através dela que a liderança transmite
aos novos membros a “cultura” da escola, os modos de se fazer as coisas, os valores
importantes, as regras básicas sobre o que é e o que não é aceitável, a expectativa a
respeito do trabalho de cada um. Em uma escola organizada e bem administrada, a iniciação
também inclui a apresentação do PDE e da proposta pedagógica, e a negociação preliminar

93
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
do plano de trabalho anual do novo professor. Inclui naturalmente a apresentação do novo
professor aos colegas, funcionários e demais colaboradores da escola.

A iniciação é parte integrante das funções de liderança. Ela contribui não apenas para
favorecer o alinhamento e o entrosamento dos novos professores, como também para evitar
perdas desnecessárias. Em países que coletam estatística sobre movimentação de
professores, observa-se que mais da metade dos professores que deixam a carreira o fazem
nos três primeiros anos de exercício profissional. Isso revela, em grande parte, o efeito do
choque inicial e das deficiências dos mecanismos de transição entre o mundo da
aprendizagem e o mundo do trabalho escolar. Em outros países, como por exemplo, o
Canadá, as escolas utilizam mecanismos variados de iniciação de professores. Esses
mecanismos permitem uma transição mais suave para os novos desafios, mas, sobretudo,
permite que a escola transmita ao novo professor sua cultura, seus valores, sua ética, sua
forma de trabalho, suas regras básicas de funcionamento.

Os mecanismos mais usuais incluem:

a. Sessões formais de visita e informações sobre a escola.

b. Estágios supervisionados ainda durante a formação do professor, onde os


professores mais experientes e o diretor acompanham de perto o trabalho do jovem
professor;

c. Supervisão do trabalho do professore durante as primeiras semanas, meses ou


semestres de atividades, com sessões regulares de “feedback” e supervisão em
prática de ensino.

Os Processos De Iniciação Ainda Cumprem Duas Outras Importantes Funções.

A primeira dela é sinalizar para o novo professor o espaço existente na escola para acolher
novas ideias. Se o professor sente que há espaço poderá apresentar sugestões, e mesmo
tentar implementá-las. Se o professor é visto como um intruso ao questionar a proposta

94
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
pedagógica ou a prática estabelecida tenderá a se conformar, ou a deixar a escola tão logo
tenha nova oportunidade. Com isso, a escola limita o grau de inovação que seria possível
através da incorporação de novas ideias.

Há uma fala muito conhecida: “Aqui fazemos assim”; “Já tentei e não deu certo”. O novo
professor – que vem cheio de entusiasmo e novas ideias quer experimentar na prática suas
teorias. É comum que se exceda na dedicação, esforço e trabalho. Frequentemente, a
pressão dos demais colegas que sugerem “que o professor modere o entusiasmo”, pois isso
expõe a acomodação existente e acaba se apresentando como ameaça.

Uma iniciação bem acompanhada constitui importante mecanismo para proteger o


novo professor e assegurar-lhe um espaço, ainda que no mínimo, para trazer novas idéias e
novas práticas para a escola.

É função indelegável da liderança, assegurar que o plano anual de trabalho de um novo


professor contenha espaços para inovação, experimentação e implementação de novas
ideias e prática.

SUGESTÃO DE LEITURA:

Comportamento Organizacional – Soto, Eduardo – Thomson editora,(Capítulo 7)


– Liderança e estilos de comando.

95
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 18
Objetivo: Conhecer o sistema de supervisão e apropriar-se de sua sistematização no
contexto escolar, garantindo uma eficácia na gestão educativa.

Supervisão

A supervisão é considerada por muitos como o mecanismo de liderança por excelência. Essa
função comumente é exercida pelo diretor ou pela coordenação pedagógica da escola. Na
maioria dos sistemas de ensino, onde a autonomia da escola é muito limitada ou inexistente,
a supervisão externa da Secretaria inclui a supervisão direta dos professores, atropelando,
desta forma, a responsabilidade do diretor. Vale a advertência: não confundir supervisão com
tutela.

A grande diferença entre escolas eficazes e as demais reside na concepção e na forma de


implementação da supervisão.

Alguns exemplos de práticas de escolas eficazes:

• Verificar se o professor está presente, se dá aulas e se cumpre o planejamento de


trabalho.

• Verificar se o professor dá aulas;

• Verificar os resultados da ação do professor;

• Apoiar e ajudar o professor a superar dificuldades de conteúdo, método, domínio de


classe, relacionamento com alunos, pais e colegas;

• Apoiar o professor em atividades de planejamento e avaliação do seu plano de ensino;

• Estimular o professor a trocar suas experiências, dificuldades e êxitos com outros


colegas de ensino;

96
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Estimular o professor a engajar-se em outras atividades da escola.

Em muitas escolas, a supervisão se constitui numa atividade de aprendizagem permanente,


troca de experiências e crescimento profissional. Essas atividades podem incluir a realização
de reuniões de trabalho com agendas mais genéricas ou mais específicas, sessões de
estudo ou outras atividades geralmente lideradas pelo coordenador pedagógico, pelo vice-
diretor, pelo diretor da escola ou pelos próprios professores.

A supervisão é apoio em todos esses casos para auxiliar o professor a atingir os seus
objetivos – e não se confunde com o processo de controle, inspeção, tutela ou
acompanhamento meramente burocrático.

Em determinadas circunstâncias, a supervisão pode e deve se constituir num elemento


adicional de capacitação dos professores. Observe o exemplo no quadro abaixo:

Exemplo de supervisão estruturada

Uma visita semanal do supervisor à classe de cada professor, durante um período letivo
completo;

A observação sistemática do andamento das aulas e das atividades que ocorrem na classe,
registrada numa ficha de observação estruturada, na qual o supervisor observa os alunos, o
professor e sua interação.

A discussão das observações do supervisor com o professor, com o propósito de identificar


comportamentos positivos, iniciativas interessantes e apresentar sugestões;

Reuniões quinzenais, em que um grupo de 10 professores e seu respectivo supervisor


discutem as atividades realizadas nas duas semanas anteriores, com ênfase na
demonstração de estratégias bem sucedidas e no planejamento das atividades para a
próxima quinzena. A troca de experiências concretas e o aconselhamento mútuo constituem
o ponto alto desses encontros.

A experiência com este tipo de supervisão demonstra que a eficácia da liderança do


supervisor ou do diretor repousa muito mais na sua capacidade de identificar e promover
97
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
casos de sucesso dos seus supervisionados do que na sua capacidade técnica de resolver
os problemas específicos do professor.

Aqui a liderança é mais eficaz quando o supervisor se torna um facilitador de interação e não
um tutor. A facilitação, no caso é muito mais do que simplesmente colocar pessoas juntas.
Ela implica o trabalho de observação, a identificação de assuntos e experiências relevantes a
organização de contextos e formatos para apresentação de ideias e o apoio e estímulo
permanentes aos progressos de cada professor na consecução dos objetivos de seu plano
anual de trabalho.

Em condições normais de funcionamento, as funções de supervisão são internas à escola –


indelegáveis. Em circunstâncias especiais, onde a escola não possui nem autonomia nem as
pré-condições para exercê-la, por falta de pessoal qualificado e outros fatores, estratégias de
supervisão externa ou a contratação de assessoria pedagógica externa podem constituir em
mecanismo provisório para ajudar a escola a conquistar essa autonomia. Isto só ocorre, no
entanto, quando o objeto da supervisão se concentra na busca do sucesso do aluno e, não
simplesmente em atividades genéricas de acompanhamento burocrático ou de capacitação
convencional.

A liderança do diretor e dos demais responsáveis pela supervisão consiste,


fundamentalmente em assegurar, pelo acompanhamento, apoio e avaliação que cada
professor obtenha os resultados pretendidos e que, no seu conjunto, os professores
contribuam para assegurar o sucesso do aluno. Se isto não ocorrer, a supervisão falhou.
Supervisionar é parte da função de liderar e esta função consiste, fundamentalmente, em
coordenar, integrar e consolidar resultados.

O Plano De Desenvolvimento Da Escola E A Proposta Pedagógica Como Exercício De


Liderança.

A elaboração e revisão do PDE e da Proposta Pedagógica constituem oportunidade ímpares


para o exercício da liderança, bem como para o despertar de novas lideranças dentro da
escola. Na elaboração, revisão e avaliação de PDE estas oportunidades incluem:

98
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Confiar estudos e tarefas aos professores;

• Criar oportunidades para os professores apresentarem novas ideias ou contestarem


as ideias antigas;

• Observar e avaliar o desempenho dos professores nas suas relações com colegas e
pais e ajudar o professor a desenvolver suas competências de apresentar ideias,
negociar e convencer;

• Avaliar o conhecimento e o nível de atualização do professor no domínio de sua


disciplina e dos métodos de ensino;

• Criar espaço para contribuições do professor em áreas que vão além de sua sala de
aula;

• Identificar novas tarefas da escola, nas quais o professor possa contribuir;

• Assegurar o alinhamento de cada professor com a missão, a visão e os objetivos da


escola;

• Contribuir para a autoavaliação do professor, estimulando-o no seu permanente


autodesenvolvimento.

O Plano Anual De Trabalho

O plano anual de trabalho de cada professor decorre dos objetivos e metas da escola. Neste
plano, o professor pactua com a direção e supervisão da escola os resultados que se
compromete a alcançar no decorrer do ano letivo. Esses resultados podem incluir metas
relacionadas com frequência e desempenho dos alunos, bem como com os resultados
decorrentes de atividades extraclasses e extracurriculares sob a responsabilidade do diretor,
como parte da sua contribuição para a escola e de seu crescimento pessoal e profissional.

Tanto a direção como a supervisão devem ter seus objetivos e metas com os mesmos
propósitos, mesmo que com atividades e ações diferenciadas.

99
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Entre as atividades que podem contribuir para o desenvolvimento de capacidades de
liderança do professor incluem-se:

• Confiar ao professor a responsabilidade pelo acompanhamento de uma turma,


tornando-se um “líder de turma” ou intermediário entre a liderança da escola e a
turma;

• Confiar ao professor a coordenação de projetos especiais ou atividades rotineiras – de


caráter acadêmicos ou não – revisão curricular, biblioteca, audiovisuais, grupo de
teatro, merenda escolar (se houver), banda de música, organizar atividades
envolvendo os pais, entre outras.

• Confiar ao professor o desenvolvimento de novas atividades, propostas pelo diretor ou


incluídas no PDE.

Algumas destas atividades podem ser acomodadas dentro da carga horária contratual do
professor, através de horas extras, ou na forma de trabalho voluntário. A implementação
desse tipo de cultura na escola depende, essencialmente, da atuação da liderança.

O plano anual de trabalho permite pactuar metas de desenvolvimento pessoas e profissional.


Em muitas organizações, um dos resultados que todo líder deve apresentar é a formação de
novas lideranças. O plano de desenvolvimento pessoas e profissional do professor é um dos
instrumentos mais valiosos para este fim. E, cabe ao diretor, como facilitador, estimular o
professor a buscar seu autodesenvolvimento.

A responsabilidade pela atualização profissional é uma responsabilidade de cada


profissional. Não é a escola ou a Secretaria de educação que são responsáveis pela
capacitação e atualização de professores. O professor como um profissional autônomo tem
que se buscar sua própria capacitação com o objetivo de ser um profissional eficaz.

100
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 19
Objetivo: Conhecer a amplitude da supervisão educacional do Brasil e os caminhos para o
desenvolvimento de uma qualidade educacional eficaz.

Supervisão Educacional No Brasil

A supervisão educacional no Brasil, hoje, exige que se compreendam os compromissos que


sustentaram e permearam sua trajetória no domínio das políticas públicas e da administração
da educação desde que esta função/habilitação se constitui em nosso cenário educacional.
Significa, também, compreender que modelo de ciência orientou suas práticas e os
compromissos que hoje se impõem para os profissionais da educação, para a administração
da educação e para as políticas públicas. Significa, ainda, expressar nossos compromissos e
esperanças de construir uma escola de qualidade, e uma sociedade mais justa e humana.

Então temos que ter uma compreensão do projeto sociocultural da modernidade que define
os projetos educacionais, a formação e atuação dos seus profissionais.

Compromissos

A história da supervisão no Brasil, desde a sua origem, como elemento integrante do


processo educacional, bem como a evolução de suas concepções e de seus conceitos, de
acordo com as diferentes posturas teórico-metodológicas de diversos autores e instituições,
tem sido desenvolvida por muitos intelectuais, profissionais e especialistas deste âmbito da
prática educativa ou mais genericamente, ligadas à educação. As dissertações e teses sobre
supervisão e os livros publicados dedicam um espaço significativo a esse tema que dá
suporte aos diferentes rumos desenvolvidos.

Os compromissos hoje são de outra amplitude, transcendem o espaço local e abarcam uma
nova territorialidade e uma nova temporalidade, exigindo maiores compreensões a fim de
que se possam assumir os compromissos que se fazem necessários.

101
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Um novo conteúdo, portanto, se impõe, hoje, para a supervisão educacional; novas relações
se estabelecem e novos compromissos desafiam os profissionais da educação a outra
prática não mais voltada só para a qualidade do trabalho pedagógico e suas rigorosas
formas de realização, mas também e, sobremaneira, compromissada com a construção de
um novo conhecimento – o conhecimento emancipação –, com as políticas públicas e a
administração da educação no âmbito mais geral.

A função de supervisão educacional, independentemente de formação específica em uma


habilitação no curso de Pedagogia, constitui-se num trabalho escolar que tem o compromisso
de garantir a qualidade do ensino, da educação, da formação humana. Não somente a
formação do “aprender”, mas a formação da pessoa como um ser que age sobre si mesmo e
sobre a sociedade no qual está inserido.

Etimologicamente, supervisão significa “visão sobre”, e muitas questões educacionais


passam por mudanças. Basta que olhemos para a composição da família de hoje. Quantas
mudanças. Famílias que têm sua formação como um caleidoscópio. E muitas vezes o olhar
da Pedagogia continua a mesma dos anos 70, onde um divórcio ou outra afetava a estrutura
de um ou outro aluno em um universo escolar de 600 alunos.

Hoje os educadores precisam saber como o ser humano relaciona-se com o mundo exterior
e que há uma influencia de sons, luzes e imagens que impulsionam o cérebro a cada
momento. Os Pedagogos precisam saber de tecnologia – se informatizar – e conhecer os
melhores instrumentos que auxiliam na realização do complexo mundo da aprendizagem.

Então conhecer a formação da personalidade não é somente um conteúdo esquecido nos


módulos do curso de Pedagogia. Conhecer a hereditariedade da personalidade bem como a
influência da família sobre a sua construção, a formação do temperamento, fatores
ambientais a sociabilidade e a emotividade devem estar presentes na visão desse novo
supervisor pedagógico.

A gestão de pessoas bem como a gestão financeira deve ser um tema a ser estudado.
Entendo que não capacitamos pessoas sem um olhar completamente integral sobre o que se

102
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
vê e sobre o que se espera que faça para mudar para melhor tanto pessoas como
ambientes.

O compromisso do supervisor então é o de se aprimorar e buscar o equilíbrio entre o


trabalho individual e desenvolvimento de um trabalho de equipe com eficácia

Percebemos que o cumprimento de normas, previstas em seus regimentos escolares nem


sempre são cumpridos – gerando uma abertura para a má interpretação dos alunos e
professores. Normas são para serem cumpridas. Contratos devem ser cumpridos. O que tem
dificultado o processo de educação no país é verdadeiramente a inversão do que é certo
pelo que é errado. Ao permitir que um aluno entre 15 minutos atrasado para a aula onde há
uma norma que ele entrará até 10 minutos depois do horário, estamos ensinando a esse
aluno a não cumprir regras e a fraudar a sua própria ação. Então, temos que rever primeiro a
nossa postura como cidadão dentro da sociedade. O que fazemos e quais as influências que
ocasionamos com nossas atitudes.

A escola é espaço privilegiado para se aprender ouvindo e praticando. Copiamos um modelo


quando crianças. Copiamos modelos quando adolescentes. E, em nossa sociedade temos
distorcido o que é “sim” e o que é “não” – todas as vezes que quebramos as regras, o que
me parece ocorre com frequência.

A escola é o eixo central que mostra a todos os alunos o papel das tarefas e a importância
de seu cumprimento e quais suas metas. Deve ensinar também aos estudantes a lidarem
com suas angústias, perdas e aflições.

A escola tem que avançar no ensino dos papeis individuais e não egoístas, bem como
avançar nos papeis sociais e comunitários. A fala de que “isso não é de minha
responsabilidade” e sim “de outra pessoa” – tem nos levado a um papel antisocial.

No contexto educacional da escola – que muitas vezes se limita ao seu interior – tem que se
manifestar de forma correta nos arredores da comunidade onde está inserida. Exemplos de
criatividade, projetos para melhoria do meio ambiente devem ser estimulados dentro da
escola e que se abra o portão para que outros conheçam quem está desabrochando ali.

103
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Descobrir habilidades e talentos, tanto nos alunos quanto nos professores é uma tarefa
compensadora.

Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.

104
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 20
Objetivo: Identificar os principais conceitos na elaboração do Plano de Desenvolvimento da
Escola, bem como conhecer os melhores procedimentos e os seus reais objetivos dentro da
gestão eficaz.

Elaboração De PDE

Há várias maneiras de elaborar um plano de trabalho para a escola. O presente documento


apresenta como sugestão, um conjunto de passos que podem orientar a escola na
elaboração desse plano.

O termo PDE - Plano de Desenvolvimento da Escola – vem sendo usado em sentido


genérico para explicar a natureza e a função do Plano como instrumento que estabelece os
objetivos, metas e compromissos da escola como resultados.

O rumo que a escola vai seguir é traçado pelos seguintes instrumentos que integram o PDE:

• O plano de desenvolvimento da escola, propriamente dito;

• A proposta pedagógica;

• O plano anual de trabalho de professores e funcionário.

O Plano de Desenvolvimento da Escola constitui um importante instrumento de navegação.


Se não for importante, é porque a escola não está navegando bem, ou porque o Plano foi
mal-feito. Sua utilidade depende do navegador – da importância que o diretor lhe der.

O PDE orienta a ação da escola e do diretor, sobretudo porque ele deve definir com clareza:

• A filosofia., valores, missão e objetivos da escola. Essas definições devem estar


presentes na cabeça e no coração do diretor, dos professores, alunos e pais, mas
também na parede e nos corredores da escola, sobretudo, no comportamento das
pessoas.

105
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• As prioridades, objetivos e metas a serem atingidas para possibilitar o sucesso do
aluno;

• As responsabilidades e compromissos de cada um pelo cumprimento das metas, a fim


de lograr os resultados pretendidos.

Embora integre o painel de bordo, o PDE não é um instrumento para uso diário do diretor.
Mas ele serve como referência permanente: cada decisão e atividade relevante da escola
devem ter impacto positivo sobre os resultados da escola previstos no PDE. Ademais os
planos de trabalho de professores e funcionários devem ser acompanhados regularmente.

A escola deve rever seu PDE no final do primeiro semestre, para reajustar suas atividades às
metas e, no final do segundo semestre, para ajustar o próprio PDE e traçar novas metas.

Além de servir de referência permanente, o processo de rever e atualizar a proposta


pedagógica e o PDE, de tempos em tempos, é fundamental para manter e aprimorar os
mecanismos de participação da comunidade escolar na definição e orientação dos destinos
da escola. Entretanto, repetimos o PDE não é para uso diário. Ele é detalhado em ações
programadas ao longo do ano, que devem ser previstas no calendário escolar. Ou seja, o
PDE é uma parte do painel que se ajusta no decorrer do ano.

O PDE também costuma ser chamado de Plano de Trabalho da Escola. O PDE é realmente
um conjunto de intenções, uma lista de metas, atividades e instrumentos de
acompanhamento, controle e avaliação. O PDE é dinâmico embora possa cobrir um período
de 3 a 5 anos, deve ser avaliado e modificado anualmente, em função dos resultados obtidos
ou em novas metas. A ideia é fazer um plano para melhorar a escola, não apenas para tornar
a escola mais organizada ou para fazer uma série de atividades ou introduzir algumas
inovações.

O PDE é um plano da escola. Ele não é um plano do diretor, do supervisor ou do


coordenador pedagógico ou de algum consultor ou especialista que o redigiu. Portanto,
supõe um elevado grau de participação e consenso na sua elaboração. Supõe também que
os participantes assumem compromissos apara ajudar a programá-lo.

106
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
O PDE só é bom quando tem um conteúdo adequado à realidade da escola e é elaborado e
implementado de forma participativa. Daí porque a forma de conduzir à elaboração, a
implementação, a avaliação e a revisão do PDE é tão importante quanto os objetivos, metas
e aspectos formais.

O PDE deve ser elaborado ou totalmente revisto, a cada 4 ou 5 anos. Esse é o período
mínimo que normalmente corresponde à permanência de um diretor em muitos sistemas
escolares. A cada vez que se elabora o PDE a escola deve recomeçar todo o trabalho de
diagnóstico, questionamento e discussão dos principais aspectos de escola. O PDE não é
uma tarefa meramente burocrática: é uma oportunidade para a escola ser repensada e
responder a três perguntas fundamentas: Quem somos? De onde viemos? Para onde
vamos?

Apresentaremos um modelo de Formulário com a idéia simplificada e esquemática de tudo


quanto deve conter um PDE. Trata-se de um formulário resumido, onde estão previstas as
informações essenciais que um PDE deve conter.

A cada ano, no entanto,as metas do PDE devem ser acompanhadas e avaliadas. A avaliação
deve levar em conta a revisão das metas para o ano seguinte. Ocasionalmente, alguns
objetivos podem ser alterados, Também nessa oportunidade é importante a participação da
comunidade, pelas mesmas razões apontadas anteriormente.

Quem Deve Elaborar O PDE?

O PDE deve ser elaborado com o máximo grau de participação, no entanto, para efeitos
práticos deve ter:

• O diretor como liderança, referência responsável pelo trabalho;

• Uma comissão designada pelos professores, com prazos e tarefas bem definidas,
para concluir os trabalhos de elaboração, avaliação ou revisão do PDE nos prazos
estabelecidos;

107
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Sessões e atividades diversas que assegurem a ampla audiência e participação dos
diversos segmentos da comunidade escolar, nos assuntos de competência e interesse
respectivos;

• Etapas para revisão e aprovação, pela equipe designada, das propostas, planos e
compromissos nele estabelecidos.

É muito frequente observar o PDE surge de cópias de outros documentos (PDE). Esse
trabalho não terá muita utilidade, pois melhores que sejam essas ideias, nem sempre são
entendidas, assimiladas ou recebem o endosso da comunidade escolar. Consequentemente,
não são compartilhadas – e acabem não sendo implementadas.

A utilidade do PDE está em revelar uma consistência ente os seus vários elementos. É nisso
que consiste a liderança do diretor: definir a missão, visão, objetivos e metas da escola, de
forma participativa, e assegurar que todos, na escola contribuam, a cada dia, para
consecução de seus objetivos.

A elaboração do PDE deve ser precedida de uma análise geral, que inclui:

• Os objetivos e regras gerais da educação nacional e do sistema escolar;

• Constituição, Leis de Diretrizes e Bases, orientações gerais para a educação,


legislação pertinente ao sistema de ensino devem ser consultadas. Nelas estão
contidas as orientações básicas sobre a escola, currículos, conteúdos, avaliação e
outras diretrizes, a partir das quais a escola vai definir o seu projeto.

Aspectos particularmente importantes a observar na legislação:

• Direito à educação

• Currículos, conteúdos e cargas horárias;

• Critérios para organização de turmas;

• Orientações e diretrizes específicas da Secretaria de Educação:

108
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Cada secretaria de educação estipula ordenamentos, normas e critérios que as escolas
devem seguir. O nível de detalhamento depende do grau de autonomia das escolas, em
cada sistema ou rede de ensino. Algumas secretarias definem que todas as escolas deverão
ter programas de alfabetização ou regularização do fluxo escolar. Outras chegam a dizer
como isso será feito. Há também secretarias que definem métodos a ser usados nas escolas,
outras delegam essas definições para cada escola, ou ainda estabelecem metas relativas à
evasão, repetência ou critérios gerais de avaliação. O PDE deve levar essas orientações em
conta.

Modelo Para PDE – Plano De Desenvolvimento Da Escola

Dados de identificação da Escola


Síntese ou diagnóstico:
Missão:
Visão/Objetivos:
Objetivos:
Detalhamento dos objetivos:
Metas Atividades Responsáveis Acompanhamento Datas importantes

Plano financeiro:
Metas Atividades Custo Datas Fonte de Observações
Previsto Previstas Recurso

109
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 21
Objetivo: Apropriar-se das informações e leis para a elaboração de um calendário escolar,
bem como a sua funcionalidade.

Calendário Escolar

Na escola como na vida há tempo para tudo. O calendário é o marca-passo da vida escolar.
Há tempo para plantar e tempo de colher. Tempo para iniciar e concluir o ano. Tempo para
estudar e para fazer provas. Tempo para esforçar e tempo para celebrar.

O calendário escolar estabelece as datas dos eventos mais marcantes do ano escolar. Ele
indica que esses eventos devem ser objeto de cuidadosa preparação e implementação: a
chamada escolar, a matrícula, o primeiro e último dia de aula, o dia do censo escolar, as
datas de provas e de recuperação, as reuniões de professores e de pais, os eventos
especiais de natureza acadêmica, civil, cultural, esportiva ou de outra natureza. Muitas vezes
o próprio programa de ensino da escola pode ser marcado pelos eventos que são
programados como culminância de períodos letivos, épocas de celebração ou conclusão de
projetos curriculares ou extracurriculares.

O calendário escolar também marca o ritmo do dia a dia da escola, o chamado “ano letivo”,
Um dos maiores desafios para o diretor é preservar e proteger a escola – sobretudo os dias
letivos – da intrusão de outras agendas de compromissos. As escolas são muito vulneráveis
a eventos de interesses políticos – visitas intempestivas, celebrações, aniversários – onde os
alunos são quase sempre tratados como meros figurantes e onde o calendário escolar é
tratado sem qualquer respeito.

Todas essas e mais atividades do calendário devem apoiar e complementar esse objetivo
central: preservar o ano letivo. Períodos previstos para capacitação formal de professores,
por exemplo, devem ser programados de forma a não prejudicar a carga horária efetiva do
ano letivo. Aulas perdidas por absenteísmo, ou por outras razões, precisam ser repostas. Por

110
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
isso o calendário já deve prever dias extras que poderão ser usados para suprir dias de aulas
que tenham 200 dias letivos de aula por ano, pois este é um direito que lhes assiste.

A divulgação do calendário escolar se constitui numa forma adicional de comunicação da


escola com professores, alunos e pais, uma forma capaz de servir, para os pais, como um
instrumento de acompanhamento e controle da escola e uma forma de ajustar seus
calendários pessoais e familiares aos eventos escolares importantes.

O calendário indica pontos importantes na parada, reflexão, reabastecimento. Mas isto não
basta: a escola também tem que cuidar de seu dia a dia.

Instrumentos De Acompanhamento Controle E Avaliação

O PDE estabelece as metas e compromissos. Integram o PDE a proposta pedagógica e os


planos individuais de trabalho de professores e demais servidores. Para liderar sua escola
com eficácia, o diretor precisa incluir na sua agenda algumas informações em caráter
rotineiro. Ressaltamos 7 conjuntos de informações que o diretor deve ter sempre presentes:

Diariamente

Nome dos alunos, professores e funcionários ausentes – No caso dos alunos, a informação é
crucial para informar aos pais e para acionar medidas que estimulem a pontualidade e
frequência de cada aluno e diminuam a evasão. No caso dos professores, a informação é
essencial para providenciar substituições e atividades alternativas para os alunos. No caso
de funcionários, a informação deve levar o diretor a ficar atento aos serviços que poderão
ficar prejudicado ou que possam ser feitos por outras pessoas.

Saldos de contas – O diretor da escola administra várias contas: da merenda, do dinheiro de


projetos especiais e do caixa escolar. A situação não é tão diferente em uma escola da rede
particular. Gerenciar contas bancárias e pagamentos de contas mensais são atribuições do
diretor de uma escola particular se, no organograma não houver assessor financeiro.

111
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Mensalmente

Quadro de frequência de alunos – Este quadro deve ser analisado mensalmente, com
atenção especial para os alunos que acumulem faltas, a fim de acionar mecanismos
preventivos e corretivos.

Quadro de frequência de professores – este quadro deve permitir ao diretor uma análise dos
problemas relacionados com o absenteísmo e a busca de soluções. Este quadro também
deve ser enviado à Secretaria de Educação para efeito de folha de pagamento – quando a
escola é municipal ou estadual. Em caso de escola particular o mesmo deve ser enviado ao
setor de finanças e recursos humanos para o mesmo procedimento.

Quadro de frequência dos funcionários – Este quadro deve permitir ao diretor uma análise
dos problemas relacionados com absenteísmo e a busca de soluções. Este quadro também
deve ser enviado à secretária de Educação para efeito da folha de pagamento. O mesmo
procedimento, em instâncias diferentes será realizado nas escolas particulares.

Balancetes – Ao final de cada mês, o diretor deve analisar a situação de cada conta relativa
a cada projeto ou repasse de recursos, estimar necessidades e ajustar as autorizações de
despesas aos recursos existentes. Eventualmente, estes balancetes são a base para a
preparação de relatórios e prestação de contas, que devem ser encaminhados a diferentes
instituições.

Bimestralmente

Quadro de desempenho dos alunos – A cada bimestre o diretor deve receber e analisar o
desempenho de cada turma e discutir com os professores medidas corretivas, estratégias de
recuperação e outras ações que contribuam para a melhoria dos resultados da escola.
Algumas secretarias de educação solicitam este tipo de dados às escolas a cada bimestre.

Estas são informações usualmente consideradas críticas, mais relevantes e mais importantes
para manter a escola no rumo desejado.

112
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 22
Objetivo: Apropriar-se das informações e leis para a elaboração de um calendário escolar,
bem como a sua funcionalidade.

Falando Ainda De Ações Semestrais

Como foi mostrado até aqui, a gestão eficaz é baseada na organização da agenda que fará
com que a escola caminhe de forma sincronizada com as atividades propostas e que são
subdivididas.

• Realizar o censo escolar.

• Preencher e enviar o formulário Censo Escolar para a Secretaria da Educação na data


prevista. (Geralmente se realiza ao final do mês de março).

• Programar atividades para o período de férias.

• Analisar o resultado das rotinas referentes à limpeza, segurança, merenda, (ou


cantina), manutenção, administração e secretaria escolar.

• Definir ações/melhorias.

• Planejar a implantação para o período de férias.

• Definir atividades extracurriculares e respectivos responsáveis por desenvolvê-los no


período de férias; (realiza-se em junho).

• Rever o PDE.

• Verificar o atendimento às metas, em função dos resultados.

• -Redefinir metas ou planos individuais de trabalho.

113
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Segundo Semestre

• Organizar matrículas e rematrícula.

• Realizar matrícula centralizada ou descentralizada, conforme determinação da


Secretaria de Educação. Em caso de Escolas particulares este período é para o início
de divulgação e propaganda da escola – (realiza-se: novembro, dezembro, janeiro,
fevereiro e março).

• Organizar e implementar a conclusão do ano letivo.

• Definir providências para o encerramento do ano, transferências e formatura –


(realiza-se de outubro a janeiro).

• Definir enturmação e montar o quadro de professores.

• Definir a quantidade de turmas e tipos para o ano seguinte.

• Alocar professores de acordo com a enturmação. – (realiza-se de outubro a


novembro).

• Avaliar e divulgar os resultados dos alunos.

• Realizar a consolidação das notas do aluno

• Elaborar e distribuir o boletim final.

• Implementar as estratégias de recuperação.

• Propor medidas de melhoria, com base nos resultados dos alunos – (realiza-se em
dezembro).

• Programar atividades para o período de férias.

• Analisar o resultado das rotinas referentes à limpeza, segurança, merenda,


manutenção, administração, secretaria escolar.

114
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Definir ações de melhoria.

• Planejar a implantação das ações de melhoria para o período de férias.

• Definir atividades extracurriculares e respectivos responsáveis para o desenvolvimento


no período de férias.

• Organizar as férias dos funcionários para que se mantenha a escola em bom


funcionamento e se cumpra normas das leis trabalhistas – (realiza-se em dezembro).

Uma Vez Ao Ano

• Elaborar o calendário de eventos (escolar).

• Identificar atividades e eventos obrigatórios e de interesse da escola.

• Planejar o calendário de acordo com a definição de carga horária obrigatória, com


margem para remanejamento de dias letivos (imprevistos).

• Publicar o calendário anual – (realiza-se em dezembro).

• Promover a escolha de livros didáticos e outros materiais pedagógicos.

• Observar as orientações do MEC para a escolha dos livros didáticos e outros


materiais.

• Assegurar que na escolha dos livros seja considerada a proposta pedagógica da


escola – (realiza-se de outubro a dezembro).

• Inventariar o Patrimônio.

• Levantar os bens patrimoniais disponíveis na escola e registrar em inventário de Bens


Móveis e Termo de Responsabilidade – (realizar-se em dezembro).

• Realizar o balanço anual.

• Analisar as contas.

115
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Convocar o conselho fiscal para verificar e aprovar as contas.

• Enviar a prestação de contas aos órgãos competentes;

• Realizar o balanço anual.

• Analisar as contas.

• Convocar o conselho fiscal para verificar e aprovar as contas.

• Enviar a prestação de contas aos órgãos competentes.

“Não se obtêm resultados resolvendo problemas, mas explorando oportunidades”.

(George Bernard Shaw)

116
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 23
Objetivo: Apropriar-se de habilidades para a realização do regimento interno de escola bem
como saber liderar de forma participativa a equipe que compõe a unidade escolar.

Regimento Interno

O Regimento Interno é a “lei da escola”. É um documento legal, de caráter obrigatório,


elaborado com a participação da comunidade escolar.

O regimento fixa a organização administrativa, didática, pedagógica e disciplinar do


estabelecimento. Estabelece a forma de trabalho, as normas dentro das quais o trabalho
será realizado, bem como os direitos e deveres dos integrantes da escola, incluindo os
públicos internos e externos.

Para Que Serve O Regimento?

Em uma escola sem regimento, vale o que o diretor mandar. É como se fosse um país sem
leis. Tudo dependeria da vontade e da interpretação de uma só pessoa. O regimento
estabelece as regras do jogo: qual é o jogo, quem joga, em qual posição, o que é válido e o
que não é válido e quais as penalidades.

Qual É O Jogo?

Definir os objetivos da escola, níveis de ensino que oferece como opera.

Quem Joga?

As pessoas – dirigentes, professores, funcionários, alunos, pais.

As instituições que participam de deliberações e ações da escola, como o colegiado, a caixa


escolar, o conselho de classe, etc.

117
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Em Qual Posição?

Responsabilidades e atribuições de cada participante. O regimento escolar distribui,


internamente, a autonomia de que a escola dispõe. Sem o regimento, toda autonomia ficaria
centrada no diretor, o que significaria uma total falta de autonomia dentro da escola.

O Que É Válido E O Que Não É Válido?

Normas de comportamento, o que é permitido e o que é proibido na escola, obrigações de


alunos e professores, normas disciplinares, mecanismos para solução de problemas, prazos,
sanções para cumprimento ou não de normas. O regimento visto desta perspectiva, é o
conjunto de regras, os “combinados da escola”.

De Onde Surge O Regimento?

Cada sistema ou rede escolar possui suas normas próprias a respeito de como cada escola
deve elaborar seu regimento.

Existem regras que se aplicam a todas as escolas do país – como a Lei de Diretrizes e
Bases, leis estaduais ou municipais de ensino. Cada sistema ou rede pode estabelecer um
regimento único para todas as escolas. Em alguns casos a Secretaria estabelece um
regimento único para todas as escolas. Em outros apresenta diretrizes gerais. Certas
secretarias estabelecem algumas regras que devem ser cumpridas igualmente por todas as
escolas – por exemplo: regras a respeito de matrícula, enturmação, política de promoção ou
do calendário escolar, que afetam toda a população. Em alguns sistemas de ensino são
totalmente omissos e nem mesmo requerem que a escola tenha seu regimento.

Mas a parte mais importante do regimento surge da reflexão da escola sobre si mesma:
como se organiza, quais são as regras de funcionamento. Essa organização e essas regras
decorrem de seu contexto, de suas necessidades e das características da comunidade a que
pertence.

118
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Qual A Diferença Entre O Regimento E O PDE E Proposta Pedagógica?

Regimento e PDE – O regimento da escola é um documento de caráter mais permanente.


Ele contém princípios e normas que permanecem durante muito tempo, não precisam ser
revistos com frequência. Já o PD – Plano de Desenvolvimento da Escola – trata das
prioridades e do plano de trabalho da escola para um determinado período, que varia de 1 a
5 anos, conforme o sistema escolar. Os problemas mudam e, com eles mudam as
prioridades. Mas as regras de funcionamento podem ser as mesmas.

Regimento e proposta pedagógica – O regimento apenas apresenta a estrutura pedagógica


da escola: os níveis de ensino, as formas de organização de classes e dos programas. Na
proposta pedagógica são apresentadas, de forma detalhada, a fundamentação do que a
escola faz e o detalhamento de seus programas. Normalmente, a proposta pedagógica
também é de duração maior que o PDE, mas menor que o regimento, pois precisa ser
revista, pelo menos, a cada 4 ou 5 anos.

Quando Deve Ser Elaborado E Alterado O Regimento?

O regimento é um instrumento de trabalho. Em certo sentido, é um documento “permanente”.


Isto não significa que seja imutável. Normalmente, é de longa duração, já que trata de regras
básicas. Mas pode ser alterado sempre que alterarem a legislação ou as normas, ou sempre
que a realidade da escola exigir.

O sucesso de uma escola eficaz está na estabilidade de suas regras e operações. Numa
organização, onde as regras básicas mudam a cada momento, as pessoas se tornam
inseguras e as operações tendem as se desorganizarem. Mas isto não significa imobilismo –
sempre que for necessário, o regimento pode e deve ser alterado.

O regimento deve ser redigido de forma simples, clara e legível. Deve conter apenas o
essencial para que todos compreendam o funcionamento da escola. Deve evitar repetir
legislação ou norma geral e limitar-se aos itens que sejam efetivamente úteis para operar a
escola. Normalmente, um regimento é organizado em capítulos e, cada capítulo contém
diversos artigos e parágrafos, como numa lei.

119
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 24
Objetivo: Conhecer os procedimentos para elaboração de um regimento escolar, bem como
o corpo do documento e suas especificidades.

Os Capítulos Do Regimento Escolar

De modo geral – e face às exigências da legislação – um regimento escolar deve conter os


seguintes capítulos:

• Da identificação da escola

o Dados sobre a escola, histórico, ato legal de seu funcionamento, categoria da


instituição, localização física.

• Dos objetivos

o Como a escola atende às finalidades da educação previstas na legislação e


como a escola se organiza para isso.

• Dos níveis de ensino da educação

o Definição, de forma sucinta, dos níveis e opções de ensino oferecidas pela


escola.

• Da organização administrativa e técnico-pedagógica

o Sobre o corpo administrativo e técnico pedagógico: finalidade e atribuições de


cada um (direção, corpo técnico pedagógico, secretaria, serviços auxiliares,
corpo docente, corpo discente).

120
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Das organizações escolares

o Sobre seus objetivos, tipos (associação de pais e professores, grêmio, serviços


assistenciais, associações desportivas, de artes, de apoio didático etc.)., das
condições de organização de cada uma delas.

• Dos órgãos colegiados

o Quais são (colegiado escolar, caixa escolar, conselho de classe) e suas


finalidades para com a escola.

 Identificados estes órgãos, conceituar cada um, finalidades composição,


atribuições e responsabilidades.

• Da organização didática

o Sobre a estrutura de ensino (como está organizada e áreas curriculares).

• Da organização da vida escolar

o Calendário.

o Matrícula (quando realizar, documentação).

o Transferência (condições e documentação).

o Cancelamento de matrícula.

o Frequência.

• Das normas de convivência escolar

o Direitos e deveres dos participantes do processo educativos (alunos, pais,


docentes, pessoal técnico-administrativo).

o Sanções, recursos e prazos.

• Do rendimento escolar e sua utilização didática

121
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
o Objetivo da avaliação (avaliação dos alunos, avaliação de aprendizagem)

o Formas de avaliação do rendimento escolar do aluno (aspectos quantitativos e


qualitativos).

o Quando acontecem as avaliações.

o Sistemática de avaliação (distribuição de pontos).

• Da promoção

o Sobre a pontuação para aprovação.

o Sobre a assiduidade para aprovação.

o Registro da pontuação dos alunos.

o Boletins (comunicação periódica aos pais ou responsáveis).

o Certificados (expedição).

• Da recuperação

o Objetivo.

o Instrumentos de recuperação.

o Registro e comunicação de resultados.

• Dos anexos

o Grade curricular.

o Calendário escolar anual.

• Das disposições finais

o Início da vigência do regimento interno.

o Ressaltar proposta pedagógica.

122
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Quem Elabora E Quem Aprova O Regimento Escolar?

O regimento escolar é, ao mesmo tempo, um documento técnico, um documento


administrativo, um documento de caráter institucional e deve ser um instrumento de caráter
educativo – de educação para a cidadania numa sociedade democrática.

Sua elaboração exige, portanto a participação de pessoas que possuem competência em


certas áreas técnicas, além da participação de todos como forma de legitimação. Sendo
um documento de caráter institucional, sobretudo nos capítulos referente às normas e
sanções, afeta a vida de toda comunidade. Numa visão burocrática ou autoritária, bastaria o
diretor escrever as regras e sanções. Na prática, para que as regras sejam vivenciadas e
cumpridas, é necessário que a comunidade escolar compartilhe essas regras. Isto não
significa que a escola deva fazer aquilo que a maioria da comunidade quiser – por exemplo -,
deixar os alunos “colarem” na prova ou frequentarem a escola quando tiverem vontade.

O papel da liderança é estabelecer regras viáveis e articular o consenso da comunidade.


Nesse papel, não pode abrir mão de princípios que são fundamentais para caracterizar uma
escola e viabilizar o seu funcionamento. Quanto mais consenso e aderência as regras
tiverem na comunidade, mais chances terão de ser respeitadas e implementadas.

Algumas escolas costumam copiar o regimento de outras. É mais simples, dá menos


trabalho e, na prática é forçoso reconhecer que os regimentos acabam sendo muito
parecidos, sobretudo em escolas de uma mesma rede de ensino. Isto é verdade, no entanto,
copiar regimentos ou contratar pessoas de fora da comunidade escolar para elaborá-los não
é uma boa prática gerencia. O processo de fazer o regimento pode e deve envolver a análise
de outros regimentos. Na elaboração de uma primeira versão, e na revisão de uma versão
final, a escola precisa contar com a colaboração de especialistas, tanto na parte de
legislação quanto de redação clara e simples. Mas estas consultas não devem substituir o
trabalho de reflexão e análise da escola a respeito de si mesma e, particularmente sobre as
regras de seu funcionamento.

123
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
A Aprovação Do Regimento

As regras para aprovação do regimento variam em cada sistema escolar. Normalmente, o


regimento escolar é aprovado pela secretaria de Educação. Em alguns sistemas, a
Secretaria prevê que também deva ser aprovado pela assembleia geral dos pais. Na
prática, como os pais entram e saem da comunidade escolar com bastante frequência, o que
ocorre é uma adesão: ao matricularem seus filhos na escola, os pais assinam, no ato da
matrícula, que têm conhecimento e concordam com o regimento da escola. Não seria prático
discutir e aprovar o regimento cada vez que entrar uma nova família na escola.

Quem Usa O Regimento Escolar

Os Pais – que precisam conhecer os objetivos e a organização básica da escola, seus


direitos e deveres como pais e como membros da comunidade escolar, as responsabilidades
dos órgãos colegiados bem como as normas de funcionamento, de disciplina e critérios de
avaliação.

Os alunos – que precisam conhecer e seguir as regras básicas de funcionamento da escola,


das instituições e atividades estudantis, sistemas de avaliação e recuperação, e normas
disciplinares.

Os professores e funcionários – Em momentos diferentes, professores e funcionários


precisam conhecer tudo que está no regimento escolar.

124
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 25
Objetivo: Conhecer o sistema organizacional de um Plano Anual de Trabalho para que possa
desenvolver com eficácia suas reais competências de gestor.

Plano Anual De Trabalho

Para alcançar o sucesso qualquer pessoa ou organização precisa estabelecer metas, traçar
caminhos e elaborar um roteiro das ações que podem levá-la ao resultado que deseja atingir.
Numa escola, não basta cada indivíduo estabelecer suas próprias metas: as metas
individuais devem estar alinhadas com as metas da escola e com os resultados esperados
por ela. Estes resultados estão previstos no PDE e são detalhados no plano individual de
trabalho de cada professor e de cada funcionário.

Dessa forma, o plano anual de trabalho deve incorporar tanto as metas da escola quanto as
metas de autosuperação e de desenvolvimento pessoas e profissional de cada professor e
também dos funcionários

O Plano Anual De Trabalho Do Professor

A função do professor não é só dar aulas. O professor é membro da comunidade escolar,


sua função primordial é educar. Dar aulas é o principal – mas não é o único compromisso do
professor com a escola. Daí a necessidade de integrar o seu plano individual de trabalho
com os objetivos e planos da escola.

O plano anual de trabalho é um documento onde cada professor acerta um compromisso de


trabalho com seu supervisor imediato. A função do supervisor é a de apoiar o professor para
ajudá-lo a conseguir os resultados pretendidos e integrar os resultados de cada centro tendo
em vista os objetivos e metas estabelecidas no PDE. Em uma escola autônoma, a
responsabilidade pela supervisão dos professores é sempre do diretor da Escola e não da
secretaria de Educação. O diretor pode exercer a supervisão diretamente ou pode contar
com o auxilio do vice-diretor, coordenador pedagógico e principalmente do supervisor.
125
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Mesmo nesses casos, no entanto, continua responsável pela negociação, avaliação e pelo
apoio a cada professor, para que este logre resultados pretendidos e busque sempre superá-
los.

O plano deve conter o projeto de trabalho do professor e inclui tanto os cursos que ele vai
ministrar quanto metas de desempenho dos alunos, planos para lidar com problemas de
recuperação, além das contribuições que poderá dar a outras atividades curriculares e
extracurriculares da escola. Desta forma, a escola assegura a integração das atividades de
todos entre si e com os objetivos gerais da escola. Inclui, também, o plano de
desenvolvimento pessoal do professor – onde podem ser previstas inclusive, atividades de
capacitação formal.

A Elaboração Do Pano Anual De Trabalho

O plano anual de trabalho é uma consequência direta do PDE e estabelece as metas para a
escola e as metas para o indivíduo.

Primeiro Passo

Primeiro passo consiste na distribuição da carga horária. Através desta atividade os


professores recebem suas turmas, disciplinas, carga docente e indicação de outras
atividades onde estão envolvidos.

Segundo Passo

O segundo passo consiste na convocação que o diretor faz aos professores e funcionários
para o novo ano de trabalho. Normalmente, essa convocação deve ser feita bem antes do
inicio do ano letivo, preferencialmente meses antes, para que tenha tempo para planejar as
atividades para o seguinte ano. Cada diretor tem seu estilo e sua maneira de liderar e
convocar seus colaboradores – não há fórmulas únicas mágicas. O essencial é enfatizar as
prioridades da escola e convocar os professores para aquele aspecto que devam merecer
sua atenção e colaboração especial. Tudo isso deve estar contido no PDE. Nessa
convocação, o diretor também distribui o formulário que o professor deve utilizar para
preparar-se para a reunião com a diretoria. O diretor também deve apresentar regras gerais,

126
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
perspectivas e limitações referentes aos planos de desenvolvimento e capacitação, em
função dos orçamentos e de outras diretrizes da escola.

Terceiro Passo

O diretor se prepara para reunir-se com cada professor. Para tanto consulta o PDE e o
respectivo plano de trabalho anterior do professor, o resultado da escola, as informações
recebidas de alunos e pais, e outros professores e dirigentes e, os resultados obtidos pelo
próprio professor. È o momento de fazer análise das deficiências eventuais do professor, de
seu potencial e suas possíveis contribuições adicionais para o trabalho da escola.

Depois de formar a sua opinião, o diretor preenche suas anotações e assuntos que queira
discutir com o professor. Normalmente, esta reunião se faz a cada semestre. A avaliação do
primeiro semestre deve se concentrar nas atividades do período e a do final do ano em
resultados mais abrangentes.

Quarto Passo – Preparação Da Reunião Pelo Professor

Para a reunião com o diretor, o professor já deve ter elaborado seu plano de curso, que deve
ser consistente com a proposta pedagógica da escola. Quando for o casso, esse plano deve
ser aprovado previamente pelo colegiado de professores ou pelo orientador pedagógico ou
vice-diretor acadêmico.

O professor deve listar as principais atividades extraclasses, sejam extracurriculares ou não,


onde pretende ou pode colaborar. Essas atividades devem estar relacionadas com as
prioridades do PDE e as metas e possibilidades pessoais do próprio professor.

O professor também resume a evidência sobre as atividades que realizou no ano anterior, os
progressos que fez os sucessos de seus alunos e outros resultados da escola para os quais
contribuiu.

O plano de desenvolvimento do professor deve prever ações que contribuam para:

• Sanar deficiências que o professor percebe em seu desempenho;

127
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Melhorar o desempenho em atividades que o professor crê que poderia fazer melhor;

• Permitir ao professor abrir novas perspectivas, no conhecimento da disciplina, de


métodos de ensino da disciplina, de progressão na carreira ou na consecução de
metas pessoais relativas a outras questões educacionais ou culturais.

Quinto Passo – Reunião Para Discussão Do Plano De Trabalho

Ao critério do diretor, essa reunião pode ser desdobrada em duas outras. Uma para
avaliação de desempenho e exploração de ideias e atividades; outra para discutir apenas o
plano de trabalho apresentado pelo professor.

Itens básicos para a reunião:

• Avaliação do desempenho;

• Carga horária;

• Metas e contribuições do professor para os objetivos da escola;

• Planos de desenvolvimento do professor.

Uma vez acertados os compromissos, o diretor e o professor assinam o plano, que deverá
ser revisto e ajustado no final do semestre.

É da responsabilidade do diretor guardar os planos em arquivos confidenciais, ao qual


somente devem ter acesso a diretoria e o professor.

128
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 26
Objetivo: Desenvolver a habilidade em realizar avaliações compatíveis com a função de
gestor, para que haja um melhor desempenho dos profissionais dentro do contexto escolar.

Avaliação Dos Profissionais

Todos nós constantemente avaliamos e somos avaliados. É parte da função gerencial e da


função de liderança. A questão é: como transformar a avaliação em um instrumento de
melhoria das pessoas da escola?

A avaliação está intimamente ligada ao plano de trabalho, mas prevê espaço para outras
contribuições do professor, deixando sempre aberta a possibilidade de autosuperação. Os
planos e compromissos são indicadores, mas o professor e os funcionários podem sempre ir
além. A avaliação deve incorporar não apenas informações do professor e os resultados
objetivos dos alunos, mas as opiniões de outros, incluindo alunos e pais. Eventualmente,
podem ser incorporados outros segmentos da comunidade escolar, como colegas e
funcionários.

As observações sobre desempenho devem levar a ações concretas: elogiar o bom


desempenho e os esforços, mesmo quando não logram excelentes resultados. E decidir por
ações corretivas, preventivas ou mesmo punitivas, quando necessário. A avaliação feita
desta forma deve resultar sempre em novos compromissos – que podem implicar, inclusive,
a revisão do plano de trabalho.

Devemos levar em conta nas avaliações os planos iniciais firmados pelo professor com a
escola. O seu plano de trabalho e a sua objetividade e em consequência o resultado. O uso
de sua criatividade na aplicação dos conteúdos e o despertar para vivências sociais e a
prática da ética e da cidadania em suas aulas, sejam elas de que matéria for, auxiliam na
construção de uma pessoa mais equilibrada e completa – que é assim o objetivo da escola.

129
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
As atividades de interdisciplinaridade e os projetos lançados para a aprendizagem dos
alunos devem sempre ter mais de um objetivo além daquele a que se espera – construir seu
conhecimento específico. Temos que aproveitar este plano de globalização ao qual somos
expostos, para criarmos uma visão mais completa das pessoas e da sociedade, através das
nossas ações. As nossas propostas educacionais devem sair das letras, das frases e devem
exemplificar com ações e atitudes. Nossas atitudes, nosso comportamento - afinal somos
educadores.

A avaliação do professor não é uma medição mecânica de sua capacidade profissional,


pressupõe sim prepará-lo para mudanças significativas a todo instante e saber como utilizá-
las dentro da especificidade de seu conteúdo.

A avaliação profissional não deve ser de cunho político e sim de análise objetiva, dentro do
que se havia sido proposto no início da elaboração do mesmo. Quando há falhas, compete
ao professor corrigi-las e adaptar-se ao ambiente ao qual presta seu trabalho. Todos os
momentos de participação do professor devem ser cuidadosamente analisados juntamente
com ele. A postura frente à metodologia da escola, o relacionamento com os demais
professores e o relacionamento com seus alunos. A postura frente às novas tecnologias e o
uso dos computadores suas aulas (quando houver na escola laboratórios de informática). O
desempenho desta produção frente aos alunos e a motivação para tal tarefa.

Mesmo sabendo que os professores são livres para realizarem o que querem, fora da escola,
temos sempre que ponderar sua linguagem – aquela que traz para sua aula, e a sua postura
frente a caráter e integridade – participação social e ações comunitárias servem de bons
exemplos aos seus alunos.

“O Professor é sempre professor. Sua postura ao jogar um simples papel de bala fora de
um cesto de lixo determina sua postura frente ao que ensina a seus alunos. O professor é
educador em todos os momentos e, talvez o seja mais ainda quando não há ninguém
olhando para suas atitudes – somente ele próprio.”

Professora Ana Maria Furtado

130
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Plano Anual De Trabalho Do Funcionário

Da mesma forma que os professores, cada funcionário responsável por equipes de


atividades – centro de resultado -, que impactem diretamente o êxito dos alunos, deve ter
seu plano anual de trabalho. Esse plano inclui os demais dirigentes, especialistas em
educação e funcionários da escola.

No caso de dirigentes e especialistas, especial atenção deve ser dada, na discussão do


plano, à divisão de tarefas do diretor com essas pessoas que colaboram com a gestão da
escola. As responsabilidades e os resultados esperados de cada um devem ficar bastante
claros, de forma a aumentar a sinergia e evitar a superposição de tarefas – e ambiguidades
no momento de cobrar resultados.

No caso dos funcionários as metas devem incluir tanto atividades rotineiras quanto itens
referentes à melhoria do desempenho, das condições de trabalho e outras contribuições do
funcionário para a missão da escola. Cada funcionário deve discutir seu plano com seu
supervisor imediato – que será responsável pelo acompanhamento dos resultados e sua
integração face aos objetivos e metas do PDE.

Tanto no caso de dirigentes e técnicos quanto no caso de funcionários, a ênfase deve estar
na definição de metas e resultados – não em elencar atividades e responsabilidades. Ou
seja: a ênfase do plano deve estar nos fins e na sua contribuição para as metas da escola, e
não nos meios que serão empregados.

As avaliações dos funcionários devem ser realizadas sobre a proposta inicial do ano letivo –
os objetivos e o cumprimento de cada um deles, o porquê das possíveis falhas e as
correções que se devem fazer para a próxima etapa.

Devemos analisar juntamente com o funcionário a sua frequência, suas possíveis faltas e a
causa delas. O ajuste com toda equipe também deve ser levado em consideração. A
participação de todos os funcionários em todas as etapas e desenvolvimento dos
procedimentos escolares é fundamental para o bom desempenho dos projetos educacionais.

131
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 27
Objetivo: Conhecer as formas mais eficazes de elaboração de uma proposta pedagógica,
bem como acompanhar o seu desenvolver durante todo o processo.

Proposta Pedagógica – Base Para A Qualidade Do Ensino

A proposta pedagógica é parte do PDE. Há diversas formas de elaborar esta proposta. Seja
qual for a forma ela deve responder às seguintes perguntas:

• O que a escola propõe ensinar?

• Como a escola justifica a sua proposta?

• Como a escola propõe ensinar?

• Como a escola propõe avaliar o resultado do seu trabalho?

• Como se articulam as diversas pessoas e atividades da escola à sua proposta de


ensino?

Antigamente, era tudo mais simples. Numa visão não muito distante da realidade tínhamos o
seguinte cenário:

• A escola recebia ou não o “currículo” oficial – uma lista de tópicos a ser ensinadas em
cada série;

• Algumas escolas recebiam orientações sobre a proposta oficial da Secretaria. Raras


se davam ao trabalho de consultar os documentos;

• A escola adotava (ou não) livros didáticos, geralmente escolhidos pelos professores e
poderiam coincidir ou não com o currículo;

• Os professores ministravam as aulas.

132
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Resultado: os mais variados. Como sempre, nas escolas eficazes os alunos aprendiam, nas
demais escolas – que era a maioria, os alunos continuavam sem aprender ou aprendendo
muito pouco. Não havia avaliação nem responsabilização pelos resultados.

A elaboração de um PDE e de uma proposta pedagógica tem como objetivo último permitir
que cada escola seja uma escola eficaz. Da mesma forma que a elaboração do PDE exige
que a escola faça uma reflexão sobre si mesma, sobre seus alunos, sobre seus resultados,
sobre suas metas e sua visão, a elaboração da proposta pedagógica exige da escola uma
reflexão imediata quanto ao ensino: o que ensinar, por que ensinar essas coisas, como
avalia.

A qualidade e utilidade da proposta pedagógica dependerão da competência e dedicação


dos membros da escola e do grau de sua participação no processo de sua elaboração e
implementação. Em se tratando de uma atividade técnica, é natural que os professores e o
pessoal técnico da escola tenham maior participação e maior autoridade que os demais
integrantes da comunidade escolar devam ser desobrigados e há duas fortes razoes para
envolvê-los:

Para que a proposta funcione, é preciso que todos a entendam e colaborem na sua
aplicação. Os pais, de modo particular, são peça essencial nesta implementação;

A proposta inclui muitos aspectos que transcendem o ensino formal e a sala de aula e,
consequentemente, dependem da participação e colaboração, inclusive de membros da
comunidade extraescolar, como voluntários e parceiros.

Uma Abordagem Simplificada Da Proposta Pedagógica

Uma elaboração de uma proposta pedagógica bem fundamentada requer uma grande
variedade de conhecimentos dos profissionais do ensino. Portanto a proposta tem que ser
vista como um processo de aprendizagem. Assim é em que a escola vai progredindo a cada
dia, na medida em que eleva a qualidade do pessoal que nela trabalha e na medida em que
vai aprendendo a refletir sobre sua própria experiência na elaboração e utilização da
proposta pedagógica.

133
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Para elaborar adequadamente uma proposta pedagógica, a escola precisa reunir e saber
utilizar conhecimentos a respeito de:

• Estrutura conceitual de cada disciplina, ou seja, a epistemologia e os próprios modos


de formação do conhecimento das várias disciplinas que integram seu currículo;

• Como as pessoas aprendem, ou seja, psicologia cognitiva;

• Teorias, processos e métodos característicos de cada disciplina, ou seja, a pedagogia


e as formas de representação próprias de cada disciplina;

• Teorias e conceitos de currículo e organização curricular;

• Teorias e métodos de avaliação de aprendizagem;

• Sistemas e materiais de ensino, inclusive livros didáticos e tecnologias disponíveis;

• Realidade dos alunos e, particularmente, seu nível de seu desempenho escolar

A utilidade de uma proposta pedagógica depende de sua relevância para o contexto da


escola. Uma proposta relevante parte das informações do diagnóstico do PDE. Deve conter
respostas objetivas aos principais problemas dos alunos, de acordo com os objetivos e
metas estabelecidos pela escola.

Na atual conjuntura das escolas brasileiras, esses desafios quase sempre se referem a
questões de alfabetização e repetência, associadas a deficiências no ensino dos conteúdos e
habilidades básicas da Língua Portuguesa, Matemática e Ciências.

Por esta razão apresento algumas etapas para elaboração de uma primeira proposta
pedagógica, concebida de forma bastante simplificada. As escolas que possuem pessoal
capacitado e maior experiência poderão desenvolver propostas bem mais elaboradas do que
as que sugiro – se isto for considerado necessário ou adequado.

134
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 28
Objetivo: Apropriar das orientações para elaboração de uma proposta pedagógica compatível
com a gestão exercida.

As Etapas Para Elaboração De Uma Primeira Proposta Pedagógica.

• Orientações gerais – Um resumo das principais diretrizes que a escola tem que seguir
ou que servem de orientação. Aqui se incluem diretrizes legais (LDB, leis estaduais,
diretrizes da Secretaria de Educação ou de conselhos de educação). Incluem-se
também o PDE e o regimento escolar. Desse resumo devem sair as definições sobre
a finalidade da educação da escola.

• Organização curricular – A escola define como vai organizar o ensino, dentro de cada
nível (pré-escolar, fundamental, médio): PR séries, ciclos ou outra forma de
organização. Para cada série ou ciclo serão definidas as disciplinas ou áreas de
estudo, os conteúdos e objetivos a serem alcançados em cada ano.

• Justificativa e desenvolvimento da proposta – A escola fundamenta e explica as


razões para a escolha da forma de enturmação, programas e currículos, métodos e
técnicas de ensino, a integração entre as pessoas e as várias atividades da escola.

• Avaliação dos resultados – A avaliação dos resultados deve conter, no mínimo:

• Avaliação do rendimento escolar dos alunos – como será feita por que, periodicidade;

• Avaliação de outros aspectos do currículo e da proposta pedagógica;

• Referências obrigatórias – Uma proposta bem elaborada deve conter, pelo menos,
dois importantes anexos:

• O Calendário Escolar;

135
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• A grade curricular.

Considerações Sobre Cada Etapa Da Proposta Pedagógica

Etapa I – Orientações e diretrizes

Fora da escola – Nenhuma escola funciona isolada do mundo. A escola é parte de uma
sociedade e a sociedade possui expectativas e leis a respeito da educação e do
funcionamento da escola. No caso da educação, a Constituição Federal, a LDB – Lei de
Diretrizes e Bases e outras leis e normas constituem parte dessas expectativas. Como por
exemplo, as propostas de parâmetros curriculares nacionais. As propostas de avaliação
externas do MEC (SAEB) ou das próprias secretarias de educação também contêm
definições bastante precisas sobre o que se espera dos alunos ao final de determinadas
etapas da escolarização.

Dentro da Escola – A Escola também vive dentro de uma comunidade local. Para elaborar
sua proposta, precisa conhecer e refletir a respeito da realidade que a cerca, da sua cultura,
de seus valores e de suas expectativas, inclusive para definir em que medida a escola irá
reforçar ou se contrapor a práticas, hábitos e tradições dessa comunidade. A elaboração do
PDE deve servir para explicitar essas questões. O regimento da escola, por sua vez, deve
incorporar as diretrizes gerais da Secretaria e do sistema de educação, ao qual a escola está
vinculada. Nele estão contidas várias definições relevantes para a proposta pedagógica,
sobretudo no que diz respeito à organização acadêmica da escola e aos mecanismos de
avaliação.

Como resultado desta etapa, a escola terá em seu poder diversas sugestões e orientações
sobre as formas de organização de suas atividades, dos objetivos do ensino e dos conteúdos
que poderá ou deverá desenvolver. Algumas dessas diretrizes são obrigatórias, outras
dependem unicamente da escola.

Quanto mais preparada a equipe da escola, mais condições terá de analisar criticamente a
legislação e os documentos,. Os PCNs, por exemplo, se constituem numa referência, não em
algo obrigatório. Foram elaborados dentro de determinadas circunstâncias, por determinado

136
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
grupo de pessoas, seguindo uma determinada orientação. Portanto, devem ser usadas de
forma crítica e seletiva, e não como um livro de receita ou copiados.

A melhor análise crítica estará exatamente na tentativa de interpretar e aplicar as leis,


normas, orientações e princípios à realidade de cada escola. Se problema é alfabetizar as
crianças, conseguir que elas aprendam a ler e escrever, e acabar com os elevados índices
de repetência, caberá à escola escolher e definir que orientações serão mais eficazes para
que ela resolva o problema. O resto pode ficar para outra oportunidade.

Etapa 2 – Organização curricular

Nesta etapa a escola define como vai organizar o ensino, dentro de cada nível (pré-escolar
ou infantil, fundamental, médio): se por série ou por ciclos ou outra forma de organização da
enturmação. Com base no que estabelece o regimento interno, definirá, ainda como a escola
vai lidar com:

• A triagem de novos alunos e sua enturmação

• Alunos defasados;

• Alunos com necessidades especiais;

• Recuperação de alunos.

Outras estratégias devem ser também definidas para correção do fluxo escolar como classes
de aceleração, ou cursos para jovens e adultos.

Para cada série ou ciclo, definirá as disciplinas ou áreas de estudo, os conteúdos e objetivos
a serem alcançados em cada ano. Para cada “etapa” - seja ela série, ciclos ou classe
especial – é necessário definir o programa de ensino. Há diversas formas de definir
programas, competências, objetivos, conteúdos, habilidades – de acordo com a orientação
pedagógica adotada pela escola. Existem também “taxonomias” que sugerem, de formas
mais ou menos rigorosa, um padrão formal para a apresentação dos objetivos do programa

137
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Um exemplo de taxonomia

Fatos, conceitos e princípios: identificar, reconhecer, classificar, descrever, comparar,


explicar.

Procedimentos: manejar, confeccionar, utilizar, elaborar, simular, executar.

Valores, normas e atitudes: comportar-se de acorde com, respeitar, tolerar, aceitar,


perceber, sentir, prestar atenção a obedecer, permitir.

(Coll, 1996)

138
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 29
Objetivo: Apropriar das orientações para elaboração de uma proposta pedagógica compatível
com a gestão exercida.

Ainda Sobre As Etapas Da Proposta Pedagógica

Qualquer que seja a orientação teórica adotada pela escola, o programa de ensino deve
obedecer alguns princípios básicos. Os mais importantes são

• Respeito ás características das disciplinas (estrutura e sequência);

• Respeito às características dos alunos (estruturar o ensino de forma a ajudar os


alunos a aprenderem);

• Compatibilização dos conteúdos para cada série ou ciclos com a capacidade de


assimilação de todos ou pelo menos da expressiva maioria dos alunos;

• Respeito às diretrizes externas;

• Clareza na forma de comunicação;

• Consistência e mínimo de integração entre disciplinas, áreas de ensino e atividades


curriculares e extracurriculares.

Etapa 3 – Justificativa e desenvolvimento da proposta

A rigor, alguns aspectos discutidos abaixo devem ser discutidos e desenvolvidos antes da
elaboração da proposta curricular. Na pratica, no entanto, as escolas normalmente partem de
uma proposta mais concreta – pré-existente enviada pela Secretaria ou inspirada em outras
escolas - a partir da qual elaboram suas próprias concepções e ajustes.

No início do processo de aprender a elaborar propostas pedagógicas, o mais importante,


independente da ordem, é a escola entender o que está fazendo e por que está

139
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
apresentando ou utilizando uma determinada proposta. Quanto mais autonomia intelectual e
técnica tiverem a escola, mais ela será capaz de definir, por si só a sua proposta.

A justificativa deve ser capaz de conectar:

• A missão, visão e objetivos da escola;

• As prioridades estabelecidas do PDE, referentes aos problemas e desafios mais


urgentes da escola, face à sua clientela;

• As atividades “curriculares” e as demais atividades da escola; Os objetivos com


resultados esperados.

• A palavra “currículo” é definida de diversas maneiras. Observe algumas definições


bastante difundidas:

“O currículo tem que ser entendido como aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de
aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai
fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, as formas como a vida
interna das salas de aula e os conteúdos se vinculam com o mundo exterior. As relações
grupais, o uso e aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc.”

(Sacristán – 1996)

“Currículo é o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma
ordem de progressão determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é
um programa de estudos ou um programa de formação, mas considerado em sua
globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade temporal, isto é de acordo
com a organização seqüencial das situações e das atividades de aprendizagem às quais dá
lugar.

(Forquin - 1996)

140
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Frequentemente se fala em currículo formal – prescrito, o currículo real – que acontece na
sala de aula de forma explícita, e currículo oculto – as mensagens, valores e normas
efetivamente praticadas dentro e fora da sala de aula. Podemos citar ainda o currículo
efetivo, que é o que efetivamente o aluno incorpora aos seus conhecimentos e a sua
educação.

Justificar adequadamente o currículo depende muito mais das competências existentes na


escola e do grau de consenso, sobretudo dos professores e dirigentes, a respeito do que se
entende como educação e ensino. Essas discussões costumam ser muito polarizadas – quer
pela dominância de uma determinada orientação, quer pela existência de grupos com
orientações radicalmente diferentes, quer pela falta de segurança ou domínio das posições
defendidas, que levam a posturas defensivas.

A falta de preparo, a insegurança e a falta de experiência na discussão de questões


pedagógicas muitas vezes têm levado a discussão a um terreno pouco produtivo, em que
predominam teorias ou conceitos mal assimilados, obediência cega a formalismos,
exigências burocráticas, ou ainda, simplesmente, à discussão radical ou ideológica de
preferência ou pontos de vista pessoais. Daí a importância da liderança em criar as
competências básicas e um clima adequado para uma discussão produtiva.

Etapa 4 – Avaliação dos resultados

A avaliação da proposta pedagógica é parte do conjunto de avaliações dos objetivos e metas


do PDE. Alguns tipos de avaliação devem ser obrigatoriamente contemplados:

Avaliação do desempenho escolar dos alunos – para fins de melhoria de ensino e para a
certificação de competências e eventual promoção ou reenturmação do aluno.

A proposta pedagógica da escola deve explicitar, no mínimo:

• A natureza e os tipos de avaliação que serão feitos durante o decorrer de cada ano
letivo, série e ou/ciclos. Incluir aqui as avaliações coletivas e individuais do rendimento
acadêmico e de outros resultados dos alunos.

141
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Os usos que serão feitos dos resultados dessa avaliação. O uso mais importante é
para diagnosticar os progressos e as lacunas do desenvolvimento do aluno em
relação ao programa proposto pela escola;

• Os instrumentos que os pais terão que comparar aos resultados da escola com os
seus objetivos e com os resultados de outras escolas.

Toda a ação da escola pode ser avaliada. Como é impossível avaliar tudo, sempre e na
forma adequada, a proposta pedagógica deve estabelecer prioridades para o que será
avaliado. Algumas avaliações devem ser anuais, como por exemplo, a avaliação do
desempenho de cada professor e funcionários, conforme previsto no seu plano anual de
trabalho. Os métodos e instrumentos de avaliação devem ser cuidadosamente escolhidos
para atender os objetivos propostos na proposta pedagógica.

142
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
U NIDADE 30
Objetivo: Comprometer-se com a objetividade das reuniões para que se possa administrar
uma equipe eficiente e eficaz dentro do contexto educacional.

Reuniões Eficazes

As reuniões são excelentes instrumentos para estabelecer um clima de diálogo e


participação na escola, mas para isto é preciso tomar alguns cuidados. Só devem ser
convocadas reuniões que sejam realmente necessárias, e estas devem ser conduzidas com
objetividade e respeito pela opinião dos participantes. Reuniões realizadas somente para
cumprir uma formalidade costumam produzir desgaste, irritação e até problemas mais sérios.

Preparando Uma Reunião

Quem organiza e convoca a reunião é responsável pela seleção dos temas que serão
discutidos e, se não há assuntos que justifiquem a convocação é preferível promover o
encontro em outra oportunidade.

O roteiro seguinte pode facilitar a organização de uma reunião:

• Defina com clareza os temas e objetivos que irão compor a pauta da reunião,
organizando-os por ordem de importância;

• Reserve mais tempo para os assuntos essenciais, polêmicos ou de maior relevância, a


fim de garantir que serão realmente discutidos antes que o grupo passe aos aspectos
complementares ou de menor peso;

• Comunique previamente aos participantes, de preferência por escrito data, hora e local
da reunião.

143
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Para agilizar os trabalhos, é importante que todos estejam bem informados sobre os
assuntos em pauta, sobre o tempo dedicado à discussão de cada tema e sobre os objetivos
que pretendem atingir.

As reuniões orientadas por um líder, que irá conduzi-las, devem ser objetivas, produtivas e
quase sempre satisfatórias para a maioria dos participantes. O líder é aquele que conhece
bem as pessoas e procura atender às suas necessidades, reunindo-as sempre que possível,
num horário que satisfaça a maioria e num espaço adequado – nem amplo, se o grupo for
pequeno, nem muito reduzido, se dezenas de pessoas vão participar.

A convocação é um compromisso do líder com horário de começar e terminar, o tempo


dedicado a cada assunto, a objetividade das discussões e o rigoroso respeito aos direitos
dos participantes. Pontualidade, clareza, objetividade, equilíbrio e respeito são valores que
devem ser transmitidos pela postura de um líder a equipe com a qual trabalha.

Abrindo O Encontro

Toda reunião, bem mais do que uma simples troca de ideias, é também um espaço onde se
manifestam emoções e sentimentos, muitas vezes contraditórios.

Cabe a quem conduz a reunião, a tarefa de superar tais contradições atrair os participantes
para um terreno comum, onde o entendimento se torne possível e produtivo.

Passos simples podem facilitar o alcance dos seus objetivos:

• Procure conhecer os participantes chamando pelos seus nomes. Muitas vezes é


necessário providenciar identificação com os nomes para que todos possam ser
identificados.

• Abra sempre a reunião com uma atividade rápida e simples, que contribua para
desfazer tensões e desarmar atitudes negativas;

• Se for o caso apresentar as decisões tomadas na reunião anterior, deixando claro que
as pessoas estão participando de um processo que tem continuidade e busca de
resultados concretos.
144
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
• Para funcionar bem as reuniões devem ter suas próprias regras. Em alguns casos,
algumas regras devem ser estabelecidas pelo grupo e outras propostas por quem
convocou a reunião.

• Regras simples – quem fala e durante quanto tempo, em que ordem e como serão
estabelecidas e aprovadas as decisões.

Cabe ao líder:

• Estimular os tímidos a falarem, pedindo-lhes, de vez em quando, uma opinião;

• Conter os excessos dos que falam muito, lembrando que o tempo é curto e que os
outros desejam se manifestar;

• Impedir que o debate gire em torno de questões ou críticas pessoais e


constrangedoras, quando feitas em público;

• Orientar o retorno a pauta se a discussão ficar dispersiva ou entediante, empenhando-


se em manter a objetividade, o bom nível da participação e o avanço dos debates.

Quando todos falam e não há entendimento.

O coordenador da reunião precisa estar sempre atento para evitar discussões paralelas,
exposições muito longas e o uso de linguagem difícil de ser compreendida pelo grupo. Estas
questões quase sempre trazem desinteresse dos participantes e cansaço tirando a
objetividade da reunião.

Em vez de se aborrecer com quem está conversando paralelamente, deve-se criar uma
intervenção oportuna e adequada para reconquistar o interesse e até mesmo relaxar as
tensões, de momentos difíceis da reunião. Deve-se sempre voltar ao debate inicial para que
não se perca a objetividade da reunião.

As reuniões devem sempre ser esclarecedoras e contribuir para que a maioria saia satisfeita
e que os objetivos sejam alcançados.

145
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
O intercâmbio permanente de informações – em um clima de respeito mútuo – entre a
escola, o professor, diretor, os pais e os servidores é a primeira condição para que qualquer
reunião seja produtiva, eficaz e para que os participantes se motivem a voltar, sempre que
necessário.

Antes de dar início à sua Prova Online é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.

146
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
G LOSSÁRIO

Altruísmo – disposição para se dedicar ao próximo.

Caleidoscópio – aparelho óptico que reflete fragmentos de vidros coloridos em pequenos


espelhos inclinados.

Inerentes – que está unida estruturalmente a pessoa ou coisa; inseparável.

Protagonismo – narrativa de um personagem principal; um termo figurativo de iniciativa.

Retrabalho - refazer o trabalho, trabalhar novamente.

Taxonomia – classificação científica, nomenclatura das classificações.

Tutela – autoridade concedida por lei para velar a pessoa e bens de um menor ou de um
interdito.

147
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
B IBLIOGRAFIA

Educação: Seis Propostas para o Próximo Milênio Nilson José Machado

http://www.novavisaosocial.com.br/missao

http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc

Barros – Ricardo Paes;

Santos – Eleanora Cruz – O menor no mercado de trabalho – RJ CEAP.

Barros – Ricardo Paes;

Santos – Eleanora Cruz – Conseqüências de longo prazo do trabalho precoce – RJ


DIPES/91

Bartolomé – Fernando – Comunicação eficaz na empresa - Harvard Business Review -


editora Campus.

Gurgel – Paulo Roberto Holanda – Ditos sobre a evasão escolar – MEC Projeto Nordeste.

Gestão Estratégica – Harvard Business Review - editora Campus.

Marins Filho – Luiz Almeida – Administrar Hoje – editora Harbra ltda.

Oliveira – João Batista Araujo – A Pedagogia do Sucesso; uma estratégia política para
corrigir o fluxo escolar e vencer a repetência.

Portela – Adélia Luiza Bastos – Educação e comunidade – MEC Projeto Nordeste.

Pesquisas Banco Mundial/Fundescola – Fundo de fortalecimento da Escola –

WWW.fundescola.or.br

Slavin, R. – Cooperative learning. New York – Longman – 93.

148
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

Você também pode gostar