Esab Gestão PDF
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AUTORIA:
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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: GESTÃO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS
Autoria: Ana Maria Furtado
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A presentação
Uma mudança fundamental está ocorrendo no meio ambiente e no âmbito interno das
organizações empresariais e educacionais. Esta mudança está provocando a renovação do
modelo de gestão dessas organizações em face da necessidade de sua sobrevivência no
ambiente em que atuam. Novos acontecimentos nos surpreendem a cada momento no
contexto social e educacional.
Este módulo apresenta de forma clara as especificidades da gestão educacional eficaz. Nós,
como educadores e gestores deste processo, devemos ainda em tempo, rever a nossa
postura que, de agora em diante não pode ser a mesma.
A nossa visão deve ser executiva, técnica e muito mais humana uma vez que estamos
dentro da formação da área das Ciências Humanas. Nossos ideais devem ser de uma
missão não só individual, mas direcionar o nosso olhar para as práticas e necessidades
coletivas. As questões sociais e ambientais estão muito além do acadêmico que temos
ensinado dentro do coração da escola – a sala de aula. A ética e a cidadania não podem ser
simplesmente um projeto interdisciplinar que permeia parte do tempo de uma escola. Muito
menos uma utopia. São vivências que devem ser ensinadas com exemplo, em todos os
momentos.
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O bjetivo
E menta
S obre o Autor
Mestre em Teologia com especialização em divindade pela Shalom Bíble College and
Semínary e FAETESP- Toronto Canadá
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S UMÁRIO
UNIDADE 1 ........................................................................................................ 8
Administração Da Educação Escolar ............................................................... 8
UNIDADE 2 ...................................................................................................... 14
A Distinção Que Faz A Escola Eficaz ............................................................ 14
UNIDADE 3 ...................................................................................................... 22
A Questão Da Autonomia .............................................................................. 22
UNIDADE 4 ...................................................................................................... 27
O Desempenho Dos Alunos .......................................................................... 27
UNIDADE 5 ...................................................................................................... 35
As Formas De Enturmação............................................................................ 35
UNIDADE 6 ...................................................................................................... 40
Limitações E Desvantagens Do Sistema Seriado .......................................... 40
UNIDADE 7 ...................................................................................................... 45
Classes Especiais Para Circunstâncias Especiais ......................................... 45
UNIDADE 8 ...................................................................................................... 51
Recuperação Paralela ................................................................................... 51
UNIDADE 9 ...................................................................................................... 56
Medidas Corretivas Na Gestão Educacional.................................................. 56
UNIDADE 10 .................................................................................................... 60
Contra Turno ................................................................................................. 60
UNIDADE 11 .................................................................................................... 66
Evasão, Abandono Escolar E Trabalho Infantil .............................................. 66
UNIDADE 12 .................................................................................................... 71
Delegação De Autoridade .............................................................................. 71
UNIDADE 13 .................................................................................................... 76
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Liderança: Poder, Autoridade, Comando Ou Apoio? ..................................... 76
UNIDADE 14 .................................................................................................... 80
Liderança Exige Gentileza ............................................................................. 80
UNIDADE 15 .................................................................................................... 84
O Exercício Da Liderança .............................................................................. 84
UNIDADE 16 .................................................................................................... 87
Promovendo O Protagonismo Dos Alunos..................................................... 87
UNIDADE 17 .................................................................................................... 92
Seleção De Professores ................................................................................ 92
UNIDADE 18 .................................................................................................... 96
Supervisão .................................................................................................... 96
UNIDADE 19 .................................................................................................. 101
Supervisão Educacional No Brasil ............................................................... 101
UNIDADE 20 .................................................................................................. 105
Elaboração De PDE..................................................................................... 105
UNIDADE 21 .................................................................................................. 110
Calendário Escolar ...................................................................................... 110
UNIDADE 22 .................................................................................................. 113
Falando Ainda De Ações Semestrais .......................................................... 113
UNIDADE 23 .................................................................................................. 117
Regimento Interno ....................................................................................... 117
UNIDADE 24 .................................................................................................. 120
Os Capítulos Do Regimento Escolar ........................................................... 120
UNIDADE 25 .................................................................................................. 125
Plano Anual De Trabalho ............................................................................. 125
UNIDADE 26 .................................................................................................. 129
Avaliação Dos Profissionais......................................................................... 129
UNIDADE 27 .................................................................................................. 132
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Proposta Pedagógica – Base Para A Qualidade Do Ensino ........................ 132
UNIDADE 28 .................................................................................................. 135
As Etapas Para Elaboração De Uma Primeira Proposta Pedagógica. ......... 135
UNIDADE 29 .................................................................................................. 139
Ainda Sobre As Etapas Da Proposta Pedagógica ....................................... 139
UNIDADE 30 .................................................................................................. 143
Reuniões Eficazes ....................................................................................... 143
GLOSSÁRIO .................................................................................................. 147
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 148
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U NIDADE 1
Objetivo: Conhecer a função social da Escola como uma instituição que se preocupa com as
questões cognitivas, mas também que se envolve amplamente na construção e na instituição
da cidadania de um país.
A escola eficaz é aquela onde os alunos aprendem. Quando os alunos não aprendem, a
escola não é boa. Quando refletimos sobre a função social da escola, seria possível começar
pela pergunta: que articulações existem entre escola e cidadania? Se toda comunidade
política se caracteriza pela coexistência de várias tradições, a escolaridade tem significado
particular. A escola, de fato, institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixem de
pertencer exclusivamente à família para integrarem-se numa comunidade mais ampla em
que os indivíduos estão reunidos não por vínculos de parentesco ou de afinidade, mas pela
obrigação de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a coabitação de seres
diferentes sob a autoridade de uma mesma regra.
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do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a
escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez,
apresenta-se como constituída por classes sociais com interesses antagônicos. A prática
escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes
concepções de homem e de sociedade e, consequentemente diferentes pressupostos sobre
o papel da escola, aprendizagem, relações professor-aluno, técnicas pedagógicas, etc.
(Libâneo, 1986:19).
As funções políticas e sociais da escola são também atravessadas pelos interesses das
classes sociais. Nessa perspectiva é interessante situar a contribuição de tendências, que
resultaram em diferentes concepções do papel da escola e, consequentemente, de sua
função política e social na construção da cidadania. Este foi um tema predominante do
debate sobre a educação no Brasil, nos anos oitenta que permitiu, através de diferentes
tipificações, compreenderem o papel da escola, segundo demandas que surgem em distintos
contextos.
Através da análise dos principais documentos de política educacional produzido entre 1985 e
1995 é possível perceber que, contrariamente ao que uma interpretação superficial permitiria
supor, não é o governo Fernando Henrique Cardoso o autor da “descoberta” da escola pela
política educacional (Vieira, 1998). É aos poucos, e já no início da década de 90, que a
escola começa a aparecer. Momento chave na emergência de uma atenção sobre o tema no
debate da política educacional é o Seminário sobre Qualidade, Eficiência e Equidade na
Educação Básica, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA,
realizado em novembro de 1991, em Pirenópolis, ainda durante o governo Collor.
Torna-se cada vez mais importante que cada uma dessas instâncias e
segmentos assuma compromissos públicos com a melhoria do ensino,
fazendo da escola um centro de qualidade e cidadania, com professores e
dirigentes devidamente valorizados, ajudando o País a edificar um eficiente sistema público
de educação básica. (Brasil. MEC. 1993).
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Antes, porém de prosseguirmos devemos nos perguntar com simplicidade: O que é uma
escola? A escola é o primeiro lugar de atuação pública da criança. É o lugar onde a criança
deixa de manejar coisas particulares para manejar elementos coletivos; deixa de manejar
linguagens privadas para manejar linguagens coletivas; de manejar símbolos familiares para
manejar símbolos coletivos, símbolos que pertenceram e pertencem a outras gerações.
(Toro, 1999)
Durante algum tempo, no Brasil e em outros países, alegava-se que a escola não era boa
porque os alunos eram pobres, subnutridos, doentes porque faltava merenda ou porque os
pais eram desinteressados. Falava-se também, que não havia nada que a escola pudesse
fazer para ensinar melhor, tudo estava pré-determinado pelas condições econômicas dos
alunos. Consequência: afirmava-se que o aluno não aprendia por culpa dele ou da família. O
problema era do aluno, da família ou da economia. Nunca era um problema da escola. Muita
gente ainda acredita nisso, inclusive dentro de escolas públicas.
As pesquisas sobre escolas eficazes desmentiram essas idéias. Qualquer escola, mesmo
nos ambientes mais pobres e difíceis, pode se tornar uma escola eficaz. Essas pesquisas
indicam que para criar uma escola eficaz é preciso:
• Reconhecer e admitir que a eficácia da escola depende do que acontece dentro dela,
e não do que acontece ou deixa de acontecer nas secretarias de Educação. O
problema e a solução para aprendizagem dos alunos estão na escola.
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Na prática, as pessoas sabem. Nas cidades maiores, é comum observarem-se filas na porta
de algumas escolas públicas e particulares quando é época de matrícula. Isso se explica
porque um número considerável de pais procura de uma vaga “na melhor escola”. É nessas
escolas que as filas são grandes.
A verdade é que eles sabem, basta perguntar. Frequentemente, o que eles dizem coincide
com os estudos sobre escolas eficazes, que apontam as seguintes características:
1. Bons Professores
2. Senso de Missão
A escola tem que ter senso de missão. Precisa definir com clareza sua proposta de
ensino. Todos sabem os valores que são ensinados e praticados nessa escola.
3. Ênfase na aprendizagem
4. Expectativa elevadas
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5. Consistência
A escola faz o que promete fazer no seu PDE e na sua proposta pedagógica. Os
planos e metas são para valer.
6. Avaliação
A avaliação é usada com frequência e serve, sobretudo, para melhorar o ensino – não
para reprovar ou punir os alunos.
7. Ambiente agradável
A escola é limpa, organizada, tem um clima físico agradável, sempre mantém uma boa
aparência, mesmo quando é pobre.
8. Ambiente ordeiro
A escola tem regras e todos cumprem. O que é combinado é para valer. Professores
comparecem todos os dias, ministram suas aulas. Os alunos também comparecem de
maneira prazerosa, os pais cumprem os compromissos que assumiram. As regras
valem para todos, não há favoritos ou privilegiados.
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• EFICIÊNCIA é: fazer certo; o meio para se atingir um resultado; é a atividade, ou,
aquilo que se faz.
• EFICÁCIA é: a coisa certa; o resultado; o objetivo: aquilo para que se faz, isto é, a sua
Missão!
Estes são dois conceitos muito antigos, mas implacavelmente atuais. Principalmente nos
dias de hoje não compreendê-los ou, o que é muito pior, confundi-los provoca, sem dúvida,
grandes danos à performance e aos resultados.
As diferenças entre esses dois conceitos podem até parecer sutis, mas realmente são
extremamente importantes. Peter Drucker, que dispensa apresentações, é enfático em
afirmar: eficiência é fazer certas as coisas, eficácia são as coisas certas. E complementa: o
resultado depende de “fazer certo as coisas certas”.
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U NIDADE 2
Objetivo: Conhecer e se aprimorar no funcionamento de uma escola eficaz abstraindo o novo
foco gestor que exige adequação e seleção de novas estratégias.
A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que não alcançam os
mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e
adversidades iguais às de outras escolas que não são eficazes.
• As coisas funcionam na escola eficaz. Não é só uma campanha passageira, uma sala
bonita com computadores, uma caixa escolar ativa ou um método de ensino
diferenciado. Tudo nela esta sempre melhorando e tende a dar certo.
• A escola eficaz acompanha, vai atrás e se orgulha de seus ex-alunos. Eles são os
cartões de visita da escola. Ela os utiliza como exemplos, como modelos para
incentivar e inspirar os seus alunos atuais.
1. Liderança
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As pesquisas são unânimes em apontar o diretor como a peça-chave no sucesso de
qualquer escola. Muitos dizem até que a escola tem a cara do seu diretor. A influência
da pessoa do diretor é decisiva. É ele (ela) quem traça o rumo e assume a liderança.
Ao entrar em uma escola onde o diretor é bom, percebe-se, no primeiro instante que,
há uma diferença no ar. Igualmente, o diretor fraco puxa toda a escola para baixo.
Portanto, de tudo que se pode fazer para tornar uma escola eficaz, o mais decisivo, de
impacto mais imediato e mais determinante é escolher bem seu diretor.
2. Expectativas
3. Atmosfera
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e promover a aprendizagem e não apenas para manter a sala do diretor limpa ou os
registros em ordem. Isso também acontece, mas não é o objetivo central da escola.
4. Autonomia pedagógica
5. Uso do tempo
Na escola eficaz professores e dirigentes sempre sabem “em que ponto” está o aluno:
se está aprendendo, o que está aprendendo, que progresso está fazendo. O
acompanhamento é permanente, há sessões regulares para avaliar cada aluno. Na
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escola eficaz, a avaliação serve, principalmente, para que professores e dirigentes
acionem as medidas preventivas e corretivas de forma que todos os alunos tenham
condições de avançar acompanhando o programa de ensino.
7. Profissionalismo
Na concepção de Paulo Freire, não há mais o chefe “que manda”, porque tudo
sabe, e este “saber“ lhe dá poder, mas o “colega” de equipe, que coopera, que
apóia que coordena. E cada um da “equipe”, tem, a partir de metas construídas
em função de um objetivo comum, um conjunto possível e variado de tarefas e
funções a desempenhar.
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Atividade Dissertativa
A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que não alcançam os
mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e
adversidades iguais às de outras escolas que não são eficazes.
Apresente, em (01) uma página, os pontos que tornam uma escola eficaz e se quiser ousar
exemplifique.
Profissionalismo e Educação
As regras do mercado ainda seguem o pai da economia moderna, que é considerado o mais
importante teórico do liberalismo econômico, Adam Smith.
Uma de suas obras mais conhecidas, ainda é referência para as gerações de economistas.
Smith procurou demonstrar que as nações enriqueceriam se a atuação dos indivíduos
movesse por seus próprios interesses. Esta atuação promoveria o crescimento econômico e
inovações tecnológicas.
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Este pensamento – autointeresse - gerou durante anos e ainda persiste em um olhar
individualista onde as questões sociais acabaram esquecidas em nome do sucesso pessoal.
O lucro que se busca na educação não pode ser somente individual, ou todo o processo
educacional fica descaracterizado. Onde se estabeleceria o processo social se não no
âmbito educacional?
A construção da sociedade prevê muito mais do que sucesso individual e pessoal, então
deve caminhar na construção de pessoas competentes que sejam conscientes de sua
influência social. A aprendizagem de hábitos que constroem o caráter tanto pessoal como
social não se encontra na realização de grandes leituras, quando ainda se é jovem. Ela é
retirada da observação do comportamento daqueles que vivem no mesmo entorno sejam
estes presenciais ou virtuais.
Sabe-se que profissão é uma atividade especializada dentro da sociedade e exercida por um
profissional que desenvolveu certas habilidades específicas adquirindo experiência em uma
determinada área. Além das habilidades específicas, a profissão deve ser exercida na
sociedade com autonomia relativa sob as bases dos padrões de auto-regulação da
comunidade praticante.
O profissional deve estar ciente e se contrapor tanto a prática mercenária quanto a amadora.
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O sentido etimológico da palavra “professor” – vem de professar, aquele que declara a sua
competência e, com base nela proclama a sua relativa independência que até em suas
ações mais corriqueiras lhe são exigidas um profundo senso de profissionalismo.
As ações da inserção social têm seu inicio na família, mas são amplamente experimentadas
nos anos de vida escolar. É aqui que os profissionais da educação entram e preparam cada
pessoa para viver os atos de cidadania mostrando-lhes os limites de suas ações e
estimulando-os a agir dentro das regras de ética e princípios que equilibram uma sociedade
saudável e comprometida com o seu próprio crescimento.
Não há hábitos de educação, saúde ou justiça social que não precise ser demonstrada ou
ensinada nos limites escolares. E somente aquele que professa realmente o seu
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compromisso como educador pode fazer florescer novas atitudes comprometendo-se com a
sociedade na qual está estabelecido.
Arquitetura de Princípios
Cidadania Personalidade
Profissionalismo
Equilíbrio
Elaboração:
Professora Ana Maria Integridade
Furtado/ESAB
Tolerância
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U NIDADE 3
Objetivo: Desenvolver habilidades para romper com antigos paradigmas, construindo
estratégias de resolução que favoreçam a autonomia administrativa.
A Questão da Autonomia
Em qualquer situação e qualquer que seja o grau de autonomia e eficácia da escola requer o
apoio das autoridades de ensino. No Brasil, as escolas privadas são as que têm mais
autonomia. Controlados todos os outros fatores, inclusive a origem social de seus alunos,
seu desempenho médio é consistentemente superior à média das escolas públicas: os
alunos alcançam resultados de 20% a 25% superiores no Sistema de Avaliação de ensino
Básico e concluem o ensino fundamental com 8,4 anos de escolaridade contra 12 anos da
escola pública.
Essas evidências não sugerem que o ensino deva ser privatizado, nem tão pouco que todas
as escolas privadas são melhores que as escolas públicas. Mas confirmam os dados da
literatura a respeito da importância da autonomia para a eficácia escolar.
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uma regra básica e universal que comprove que total descentralização é melhor que total
centralização.
A experiência das escolas eficazes demonstra que os melhores resultados ocorrem quando
as Secretarias da Educação atuam como instâncias normativas, facilitadoras e estimuladoras
da autonomia da escola, e não quando tomam o lugar da escola na definição de suas
propostas ou na solução direta de seus problemas.
O Ensino Eficaz
Até aqui tratamos da escola eficaz. Mas muito do sucesso da escola eficaz depende do
ensino eficaz, ou seja, do que acontece na sala de aula. Como o diretor pode assegurar que
o ensino está sendo eficaz?
Em escolas eficazes, há pelo menos, seis instrumentos que são elaborados, escolhidos e
utilizados de forma consistente no dia a dia da escola:
2. A Proposta Pedagógica
3. O Plano de Curso
De cada professor, em que se detalha o que será feito ao longo do ano letivo;
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4. O Plano de Aula
Em que cada professor especifica o que vai realizar em cada aula, unidade ou projeto.
5. Os Materiais de Ensino
6. Os Instrumentos de Avaliação
Ensino Eficaz
Plano de Desenvolvimento da Escola
Proposta Pedagógica
Plano de Aula
Materiais de Ensino
Instrumento de Avaliação
A sala de aula é o coração da escola. É lá que acontece, ou deixa de acontecer; tudo o que a
escola se propõe a fazer. É dentro dela que o aluno aprende ou deixa de aprender; que
adquire hábitos adequados e saudáveis de estudo. É na sala de aula que ou ele aprende a
aprender ou aprende a ficar eternamente dependente dos professores e das instruções.
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• O professor de cada disciplina estabelece relações entre os conteúdos e objetivos
aprendidos e os conteúdos e objetivos de outras disciplinas e atividades extraclasse,
consistentes com a proposta pedagógica da escola;
As evidências científicas nessa área são bastante precárias. Algumas delas, no entanto,
tendem a corroborar o senso comum. As mais importantes, do ponto de vista prático são:
As teorias não são verdadeiras nem falsas. Elas são férteis ou estéreis. Ou seja: se a teoria é
fértil, dá frutos, se não é descartada. Por definição, as teorias passam, são suplantadas por
novas teorias que explicam melhor os fenômenos – no caso, os fenômenos da
aprendizagem;
Existem, basicamente, três grandes métodos de ensino. O método didático, método tutorial e
o método socrático.
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Na prática escolar, o que existem são variações do método didático, com várias ocorrências
dos outros métodos. Os demais métodos, embora sejam excepcionalmente robustos,
requerem professores com nível e grau de preparação extremamente sofisticada. A grande
variação dentro do método didático está no grau da estruturação dos conteúdos, da atividade
do professor e das atividades do aluno. Há métodos didáticos mais ou menos dirigidos, mais
ou menos interativos, mais ou menos reflexos. Cada método didático é mais adequado para
certos objetivos. Alguns enfatizam mais raciocínio, outros, a criatividade, a aquisição de
conceitos, e assim por diante.
As evidências indicam que a maioria dos alunos aprende com algum método, e que a maioria
dos métodos, se usados adequadamente, promove a aprendizagem.
As evidências também indicam que métodos mais estruturados são eficazes que métodos
menos estruturados, sobretudo nas situações em que os professores possuem menos
preparo e menor domínio do conteúdo.
A prática indica que os professores mais experientes são os que usam uma variedade maior
de métodos, de acordo com a necessidade dos seus alunos.
O importante na escola eficaz, não é a virtude de escolher o “melhor” método. O que importa
são os resultados. As teorias, processos pedagógicos, métodos e técnicas são variados e
variáveis, dependendo dos objetivos a serem atingidos. O importante é que o aluno aprenda
de forma consistente com a proposta da escola – método e a forma de ensinar devem variar
para tornarem-se adequados ao aluno.
SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 4
Objetivo: Aprimorar-se nas questões específicas do desempenho cognitivo dos alunos de
forma abrangente, de modo que o progresso dos mesmos reflita em uma sociedade mais
capacitada e preparada para se autosuperar.
A escola eficaz estabelece expectativas elevadas, refletidas na visão, nos objetivos, nas
metas e, mais do que tudo, no desempenho dos alunos. Normalmente, a escola eficaz
espera que todos os alunos de uma determinada turma obtenham um nível mínimo de
desempenho pré-estabelecido e este nível vai sendo progressivamente elevado, a cada ano.
Algumas escolas vão além; estabelecem que a maioria dos alunos – 80%, 90% ou mais
deverá atingir níveis progressivamente mais altos. Ou seja, nestas escolas, não a maioria
apenas a média dos alunos, interessa conseguir que a maioria dos alunos atinja resultados
elevados pré-estabelecidos e, que a meta seja sempre de autosuperação.
Há várias formas de assegurar elevados níveis de desempenho. Uma delas é formar turmas
de acordo com suas capacidades. A outra é estabelecer conteúdos, currículos ou mesmo
níveis diferentes de desempenho para alunos de uma mesma turma. Desta forma, cada
aluno atinge o nível considerado adequado para a sua situação. Uma terceira é estabelecer
mecanismos e tempos adicionais ou compensatórios: aula extra, contraurno, tempo extra,
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recuperação, entre outros, como forma a assegurar os objetivos propostos de forma mais
eficaz.
Como já lhes disse não há milagres, segredos ou fórmulas mágicas. Vou indicar agora os
ingredientes que tornam uma escola eficaz. Vou lhes apresentar os conceitos e os
instrumentos essenciais para tornar uma escola eficaz.
No Brasil, existem centenas de escolas que podem ser chamadas de escolas eficazes. Cada
uma delas tem uma origem diferente, uma história diferente, uma diferente trajetória de
mudança. Cada uma começou num ponto, enfatizando diferentes aspectos da gestão
escolar.
• Identifique, com o grupo de pessoas, uma solução que já deu certo em outra escola e
que tem condições de dar certo na sua. Aja com criatividade, mas com segurança;
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• Utilize o sucesso para traçar novos planos. Incorpore estas idéias no PDE. Estabeleça
o colegiado. Transforme esta primeira iniciativa num processo permanente de
melhoria.
Dez especialistas renomados foram convidados para analisar as pesquisas existentes e dizer
quais seriam as intervenções mais eficazes:
• Assegurar que o mesmo professor fique com os alunos durante todo o ano;
Como a autonomia é sempre relativa, foram criados 3 níveis para refletir os diferentes
estágios em que se encontra uma escola ou rede de ensino:
Autonomia Plena
Parcial
Mínima
Cada dirigente saberá identificar a real situação de sua escola hoje – e qual o nível de
autonomia desejável.
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Administrativa
Enquadramento Escola decide série Estado estabelece Estado decide, por regra,
de novos alunos para novos alunos. parâmetros e a escola os para onde o aluno irá.
aplica.
Critérios para Escola estabelece Estado estabelece regras Estado estabelece regras
admissão de critérios para gerais e a escola faz as aplicáveis à escola.
alunos. aceitar/ou não suas próprias regras.
alunos
Seriação Escola decide sobre Escola possui alguma Estado determina séries
séries e ciclos flexibilidade para e/ou ciclos.
enturmação dentro de
regras do Estado.
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o (professores) políticas próprias. gerais e a escola os aplica. políticas de carreiras e
incentivos.
Autoridade Função básica dos Função básica dos Escola não possui
interna (gestão) colegiados é apoiar colegiados é controlar, colegiado ou quando o
o dirigente. “observar” o dirigente. possui não tem papel
relevante.
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Pedagógica
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Financeira
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SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 5
Objetivo: Conhecer as alternativas de enturmação para que possa fazer opção frente à
gestão de uma escola, ajustando a teoria e a prática para um desempenho eficaz.
As Formas de Enturmação
Muito dos desafios dos gestores escolares encontra-se na busca da forma de enturmação de
alunos, onde haja coerência. Então como agrupar alunos? Por idade? Sexo? Conhecimento?
Maturidade? Séries? Ciclos? Ou quem sabe interesses?
Na prática, a escola dificilmente pode fazer aquilo que seria ideal, embora seja muito difícil
definir uma forma ideal de enturmação. Portanto, é necessário conhecer as alternativas de
enturmação, as vantagens e as desvantagens de cada uma delas e as formas de compensar
as suas limitações e deficiências.
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Vamos examinar agora os quatro meios mais usuais de formarem-se as turmas dos alunos:
É a forma mais utilizada na maioria dos países do mundo e na maioria das escolas do
Brasil. A escolarização se divide em níveis ou graus de ensino (fundamental, médio
etc.) e os níveis e graus se dividem em séries.
Normalmente, uma série corresponde a um ano letivo, Além disso, existe uma
expectativa de correspondência entre idade e série, ou seja; entrando aos 6 anos na
escola espera-se que os alunos de uma determinada idade estejam na série
correspondente – por exemplo; alunos de 10 anos na quarta série e alunos de 14 anos
na oitava série.
O conceito de ciclos, como entendido no Brasil, refere-se a uma unidade que é menor
que o nível de ensino e maior que uma série.
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3. Classes multisseriadas
4. Classes especiais
Há vários tipos de classes especiais. Por exemplo, classes para alunos mais
atrasados ou mais adiantados, de uma mesma série; ou classes especiais de
aceleração, entre outras.
Tanto a teoria pedagógica quanto a legislação brasileira são muitos férteis em propor e
prever diversas possibilidades de enturmação, além destes quatro tipos mais usuais
descritos acima.
• Estudos interdisciplinares.
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Existe sempre a possibilidade, raramente utilizada, do ensino individual, tutorial ou por
módulos entre outras que podem ser introduzidas por responsabilidade neste rol.
Embora existam inúmeras formas de enturmação, a forma mais usual é a de enturmação por
série. Isto não significa que seja melhor que as outras, mas o fato de ser mais usual significa
que enturmar por série oferece inúmeras vantagens práticas.
Ao mesmo tempo, significa que as outras formas de enturmação, inclusive enturmação por
ciclos, oferecem, além de vantagens, desafios não triviais – que nem sempre as escolas
estão capacitadas para superar.
O critério de enturmar o aluno por série em função de sua idade se baseia no pressuposto de
que os alunos de idade semelhante possuem níveis de maturidade semelhantes – o que
significaria interesses mais ou menos próximos e, consequentemente, facilitaria os processos
de socialização. Ao adotar este critério, as escolas buscam um mínimo de homogeneidade,
sejam homogeneidade de conteúdos – os conteúdos de Geografia da 5ª série, por exemplo –
seja homogeneidade dos alunos – conhecimento – pré-requisitos, maturidade, etc.
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Na prática, qualquer turma é sempre heterogênea. E isto não é necessariamente mau. Por
mais que os conteúdos a serem ensinados sejam os mesmos e as idades próximas, os
alunos sempre terão desempenho diferenciado em relação ao seu domínio. Uns vão terminar
o ano sabendo mais, outros menos.
SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 6
Objetivos: Conhecer e conceituar com precisão as vantagens e as desvantagens do sistema
seriado, bem como conhecer o uso do ciclo para que se possa na prática buscar alternativas
coerentes na gestão educacional.
Apesar das vantagens, sobretudo de natureza prática, a seriação apresenta fortes limitações
e desvantagens, que precisam ser conhecidas para serem compensadas de outras formas.
Ritmo Diferenciado
Uma das maiores diferenças de aprendizagem entre as pessoas refere-se ao ritmo: embora
alunos possam chegar a aprender aproximadamente as mesmas coisas, o ritmo com que
fazem é bastante diferenciado.
Há alunos mais rápidos e há outros mais lentos. Há alunos que progridem mais rapidamente
em algumas disciplinas ou atividades do que em outras. Quando todos os alunos são
colocados em uma turma, que deve seguir o mesmo ritmo, em função de qualquer critério, os
resultados tenderão a ser muito variados. Isto vale para enturmação por idade, série ou ciclo.
A falta de estratégias para lidar com o ritmo diferenciado dos alunos nos
sistemas seriados é uma das causas mais importantes da baixa aprendizagem
dos alunos e dos elevados níveis de reprovação.
No sistema de séries, os dados do ESAEB indicam que quanto maior a distorção idade-série
pior o desempenho. Ou seja; nos sistemas de séries os alunos mais velhos sistematicamente
obtêm notas piores que os alunos que estão na série ajustada à sua idade. Isto pode
significar várias coisas.
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Uma hipótese: os alunos mais velhos são menos inteligentes, possuem mais dificuldades de
aprendizagem ou são mais lentos para aprender. Pesquisas realizadas pela Fundação
Carlos Chagas sobre alunos do programa “Acelera, Brasil” invalidam esta hipótese.
A hipótese mais plausível é que o sistema seriado e as práticas usadas pelo professores
favorecem os alunos com idade adequada e punem os alunos “defasados”.
A falta de estratégias diferenciadas para lidar com a heterogeneidade prejudica certos grupos
de alunos. A aprendizagem colaborativa descrita abaixo se constitui numa dessas
estratégias.
(Slavin, 1983)
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escola, as diferenças de conhecimento entre os alunos costumam ser bastante grandes.
Comparando-se os alunos de diferentes escolas, as diferenças podem ser ainda maiores.
Isso demonstra, entre outras coisas, que estar numa série não significa que o aluno irá
receber conhecimentos de determinado nível e, muito menos, de que ele será capaz de
aprendê-los. Demonstra também que a transferência de alunos entre escolas sempre
evidencia que o fato do aluno ter concluído uma determinada série não garante que ele tenha
um determinado nível de conhecimento.
Ciclos
Muitas redes de ensino e escolas públicas tentam superar os problemas apresentados pela
seriação criando ciclos de estudos. Em princípio, os ciclos superariam alguns problemas
mencionados acima, porque os alunos teriam mais tempo para aprender.
• Dentro do ciclo, os alunos são tratados de maneira uniforme, como no sistema regular
de seriação. Os programas são os mesmos para todos os alunos – de forma mais
acelerada ou lenta;
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Estas distorções não significam que o sistema de ciclos seja indesejável ou inviável. É
possível que o sistema de ciclos tenha sido implementado com sucesso em diversos casos.
Possivelmente, seus efeitos globais não serão piores que o da seriação. A falta de avaliação
não permite dizer quais são os seus benefícios. Sabe-se muito pouco a respeito do que
ocorre com o ensino e com os alunos durante um ciclo. São tratados da mesma forma que
no regime de seriação? Há subgrupos? Como os professores lidam com os alunos mais
lentos? E com os mais rápidos? Apenas sabemos que o assunto é complexo e que soluções
aparentemente interessantes, como os ciclos, são mais difíceis de programar com eficácia do
que parece à primeira vista.
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SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 7
Objetivo: Conhecer outras formas de enturmação e suas estratégias para que se possam
gerenciar melhor os programas educacionais, adequando-se a teoria à prática.
O Modelo Da “Escuela Nueva” Foi Adaptado Para O Brasil, Sob O Nome De Escola
Ativa.
Em todo o mundo, as classes multisseriadas são uma solução. Solução para o problema de
populações isoladas e falta de densidade que justifique a instalação de uma escola com
classes seriadas. Foram desenvolvidas inicialmente na Inglaterra (método Lancaster) e,
posteriormente implementadas no resto do mundo. No Brasil, por uma série de razões
históricas, as classes seriadas são, normalmente, consideradas um problema. Ademais,
quase sempre as nossas escolas rurais e classes multisseriadas são dirigidas por
professores sem formação básica, ou formação especializada. Por isso é que essas classes
são consideradas problemas. Mas isto não tem que ser necessariamente assim.
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uniforme, materiais de ensino comuns, materiais de ensino adaptados pelo professor às
circunstâncias locais, participação ativa dos alunos, uso intensivo de pequenos grupos e
envolvimento dos pais e comunidades locais. E envolve naturalmente, a participação de
professores capacitados. As avaliações do projeto, ao longo de mais de 30 anos,
demonstram seu sucesso: alunos de zona rurais obtêm médias semelhantes às de alunos
das periferias urbanas – o que, no contexto da Colômbia, como seria no Brasil, já significa
um extraordinário avanço.
Classes de Aceleração
A adequação do programa ao tipo de aluno não à idade “ideal” que o aluno deveria ter pode
constituir um fator determinante do aproveitamento escolar. Essas evidências também
sugerem que o ritmo implicado pelo regime de seriação pode ser superado com sucesso,
dependendo de se prover ensino adequado ao nível dos alunos. Esses resultados também
sugerem, indiretamente, que as escolas e os professores não estão capacitados ou não
dispõem de instrumentos e materiais adequados para lidar com certas formas de
heterogeneidade.
Quem trabalha com educação há muitos anos já passou por diversas inovações e mudanças.
Mais do que verdadeiras inovações, muitas delas poderiam ser chamadas de “modas”.
Outras que ficam muito tempo – como as classes para alunos que apresentam atraso em seu
desempenho – melhores seriam chamadas de “tumores”.
Nos últimos anos, vêm se desenvolvendo, em todo o país, iniciativas diversas com o nome
de “classes de aceleração”. Essas classes normalmente se destinam a alunos do turno
diurno e seu objetivo é permitir a eles acelerar os seus estudos. A teoria é simples: o aluno
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defasado pode recuperar o tempo perdido se lhe for oferecida uma oportunidade adequada
de aprender.
Na prática, as coisas funcionam de diversas formas. Dar o nome de aceleração para uma
classe e juntar alunos com determinada característica não bastam para assegurar que os
alunos vão aprender e reajustar-se ao ciclo normal das escolas. Recentemente publicação
de MEC/INEP, intitulada “Programas de Correção Escolar” ilustra como isso vem ocorrendo
na maioria dos programas que leva este nome.
Existem, no entanto, algumas experiências cujos resultados vêm sendo comprovado através
de avaliação externa. A única que já publicou dados deste tipo, o Programa “Acelera Brasil”,
vem sendo avaliada anualmente pela Fundação Carlos Chagas.
• Fazem parte de uma estratégia de mudar a cultura da repetência e adotar uma cultura
de escola eficaz, a cultura do sucesso;
• Fazem parte de uma estratégia de correção do fluxo escolar e não apenas de acelerar
alunos;
Não existem saídas fáceis. A promoção automática, por exemplo, associada ou não ao
mecanismo de ciclos, não resolve o problema da aprendizagem. Apenas adia e cria outros
problemas de enturmação.
“Isso sugere, que mesmo escolas que reprovam maciçamente seus alunos, acabam criando
mecanismos de aprovação automática” para aqueles que ela não consegue, definitivamente,
ensinar. O Pesquisador Pedro Demo denominou estas práticas de “capitulação da escola”.
Leis, decretos e princípios gerais não ajudam muito a escola e o professor a resolverem o
problema prático de lidar com turmas heterogêneas, nas quais os alunos possuem níveis de
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conhecimento, interesse e maturidade diferentes. Isto é acrescido pelas seguintes limitações
adicionais.
A esmagadora maioria dos professores não está preparada para lidar com mais de um grupo
de alunos ao mesmo tempo.
Os professores, em sua grande maioria – no Brasil e também na maior parte do mundo – são
formados para utilizar métodos didáticos baseados em:
Ou seja: bem ou mal, os professores são treinados para lidar com um grupo de alunos como
que homogêneo. Na prática, isto conduz aos elevados níveis de reprovação, baixa
aprendizagem e desvantagem adicional para alunos defasados.
Mas esta é a realidade prática da maioria dos professores. Isto pode explicar por que as
tentativas de agrupar alunos por ciclos não vêm produzindo os resultados positivos que
seriam de se espera.
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Os materiais e recursos didáticos disponíveis raramente contemplam a possibilidade de se
lidar com programas e níveis diferentes de alunos numa mesma sala de aula.
Além dos dois problemas levantados acima, a outra dificuldade prática refere-se aos critérios
que poderiam ser usados para substituir a enturmação por ciclos ou séries. As opções são
inúmeras: formar grupos por interesse, maturidade, inteligências múltiplas, projetos
especiais, atividades multidisciplinares etc. Mas na prática, dentro das limitações concretas
dos diretores e das escolas, é muito difícil conciliar os interesses e os níveis de alunos em
agrupamentos muito variados. Isto não significa que não façam sentidos ou possam ser
desejados – apenas que não são fáceis de lidar de um ponto de vista prático.
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U NIDADE 8
Objetivo: Compreender a necessidade da Recuperação Paralela dentro do sistema
educacional, possibilitando conhecimentos que a tornem mais eficazes sem colocá-la como
um processo de normalidade da atividade escolar.
Recuperação Paralela
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3. Esta é outra forma de dizer a mesma coisa. Os alunos foram enquadrados na turma
correspondente à sua idade ou a sua promoção anterior. Mas não têm base. Não
consegue ler direito. Não conseguem lidar com instruções. Não dominam as
operações básicas. Não possuem métodos e hábitos de estudo;
Esta é uma forma mais sutil de analisar esta questão. Neste caso, o que se esta
querendo dizer é que os alunos possuem a “base” mais geral, mas nos assuntos
específicos, tratados num determinado período – o último bimestre, por exemplo – não
dominavam algumas informações e conhecimentos específicos que seriam
necessários para saírem bem;
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Isto também é um fenômeno que ocorre para alguns alunos de maneira mais habitual;
para outros como uma casualidade, devido a problemas momentâneos ou a outras
pressões e motivações.
Medidas Preventivas
• Classes de alfabetização
A elevada incidência de alunos multi- repetentes analfabetos nas três primeiras séries
do ensino fundamental sugere que é mais eficaz estabelecer classes especiais de
leitura e alfabetização, que permitam a esses alunos dominar as ferramentas básicas
da escolarização. Após esse processo, os alunos podem ser reenturmados em outras
turmas – classes de aceleração ou turmas mais avançadas – de acordo com o seu
nível de desenvolvimento e motivação. Dada sua maturidade e experiência escolar
anterior, esses alunos não precisam voltar obrigatoriamente para a segunda série;
• Classes de aceleração
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• Reenturmação
Nem sempre o aluno está pronto para ir para a série indicada em seu histórico escolar.
Em outros casos, o aluno pode saltar de série. A legislação permite que a direção da
escola efetue essa reenturmação, no início ou mesmo durante o ano letivo. Uma
variante é a reenturmação no sistema de disciplina isoladas ou dependências – o
aluno segue na série regular e acumula uma ou mais disciplinas. Ou simplesmente,
matricula-se em disciplinas isoladas de uma mesma série ou séries diferentes –
dependendo da flexibilidade que a escola conseguir oferecer.
Ensino Adequado
É muito complexo dizer o que é um ensino adequado. É mais fácil mostrar. Em muitas
escolas, existem classes e professores onde as coisas andam bem: o professor tem
entusiasmo, os alunos também; o professor se esforça, os alunos também. O professor
cumpre o programa, normalmente vão além, os alunos também. Os resultados são
satisfatórios para a totalidade dos alunos. Normalmente, quando o ensino é adequado,
diminuem ou desaparecem os problemas que causam a necessidade de recuperação,
mesmo onde se usa seriação e programas mais estruturados de ensino.
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Estas práticas normalmente devem ser feitas de forma sistemática, através das atividades
rotineiras de ensino. É assim que o professor vai ensinando e habituando o aluno a
acompanhar as aulas, a participar ativamente das atividades individuais e de grupo, a
trabalhar em projetos com metas e duração determinadas, a adquirir métodos de consulta a
dicionários, enciclopédias e fontes de informação. A prática de resumir e sintetizar
informações, fazer trabalhos de casa de forma independente, a estudar sozinho e, sobretudo,
a desenvolver o gosto e o hábito pela leitura são práticas que devem ser desenvolvidas tanto
na escola como nas famílias. Os gestores das escolas devem promover programas especiais
para desenvolver esses hábitos e para ajudar os pais a apoiarem os filhos, constituindo-se
em medidas preventivas e eficazes.
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U NIDADE 9
Objetivo: Compreender e reconhecer as medidas preventivas para que como gestor
educacional possa conduzir o processo utilizando as medidas corretivas, equacionando
possíveis problemas.
Todo professor deve estar convencido de que o primeiro e mais eficiente momento da
recuperação paralela se dá durante a sua própria aula. Em outros termos, cabe a ele
perceber, diariamente, as dificuldades apresentadas pelos alunos, dando especial
atenção ao esclarecimento das suas dúvidas e, quando for o caso, revendo um ou outro
conteúdo anterior necessário à compreensão do que se está estudando naquele dia.
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escolas utilizam professores, especialistas, voluntários, estagiários ou mesmo alunos-
monitores, escolhidos dentro de cada turma e funcionando em horário extraturno.
Após as avaliaçãoes mensais ou bimestrais, muitas escolas promovem aulas extras, dias
ou mesmos semanas de recuperação dos alunos que não atingiram o nível adequado de
desempenho. Em algumas escolas, isto é feito no lugar das aulas regulares. Em outras,
como estratégia suplementar. Uma versão alternativa desta estratégia consiste em
promover aulas de revisão e recuperação imediatamente antes da avaliação. Se bem
implementadas, estas medidas podem ter um impacto significativo e permitir que a
maioria dos alunos “siga com a turma”.
Quanto mais tarde a recuperação, menor efeito terá sobre a aprendizagem e sobre a
formação de bons hábitos de ensino pela escola, e de estudo e aprendizagem pelo aluno.
Mas vale o ditado; “antes tarde do que nunca”.
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A recuperação semestral, se levada a sério pela escola e pela turma, exige do aluno um alto
nível de motivação e disciplina, na medida em que depende do estudo individual e isolado.
Exatamente aquele aluno que, em condições normais de sala de aula, apresentou
dificuldades, é agora desafiado a estudar com elevado grau de autonomia. Algumas escolas
oferecem apoio na forma de plantão, orientado por monitores, estagiários, ou professores.
Intervenções Especiais
Também existem casos onde o diagnóstico pode indicar a necessidade de intervenções mais
profundas e especializadas ou mesmo formas alternativas de atendimento, inclusive
individualizado. O problema é que a grande maioria das escolas não possui condições nem
para esse tipo de diagnóstico e muito menos para adotar medidas preventivas e corretivas
adequadas.
Em alguns casos, o aluno não estudou durante o mês ou período anterior porque estava com
atenção voltada para outros problemas ou por simples desleixo. Neste caso ajudaria o aluno,
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uma assistência para a retomada de hábitos regulares de estudo e acompanhamento dos
resultados.
Em outros casos, o aluno precisa simplesmente aprender porque nunca aprendeu. Então, é
como se estivesse sendo ensinado pela primeira vez. Em muitos casos o aluno tem
dificuldade de aprender mais, pois o que aprendeu não foi suficiente para reter o
conhecimento: falta prática, aplicações, repetições em contextos relevantes, entre outros
aspectos. Na maioria dos casos, no entanto, a eficácia da recuperação depende de ensinar
de forma diferente, usando métodos diferenciados, materiais diferentes ou mesmo valendo-
se de outras pessoas – pais, voluntários, ou mesmo colegas.
O que importa não são a forma de recuperação e sim os seus resultados em curto e em
longo prazo. Depois da recuperação, cabe ao professor avaliar se o aluno aprendeu o que
precisava aprender e se está em condições de prosseguir, sem recair na necessidade de
recuperação – ou avaliar que tipo de recuperação paralela será necessário em cada caso. Se
um aluno necessita de apoio permanente, isto indica que ele certamente está na turma
errada e que precisa não apenas de aulas de reforço ou atividades de recuperação, mas de
reenturmação e outras intervenções mais profundas.
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U NIDADE 10
Objetivo: Conhecer e desenvolver atividades pertinentes ao contra turno para que haja um
desenvolvimento sistemático da produção das atividades educacionais oferecidas nos
programas escolares.
Contra Turno
Quando nos propomos a gerenciar uma instituição de ensino, temos que nos propor a
conhecer todos os aspectos que influenciam aos que nela passam boa parte de seu tempo
para buscar momentos de aprendizagem. Mas, muitos dos diretores não possuem essa visão
e desconhecem o que seus alunos fazem no turno em que não estão na escola.
Será que eles vêem televisão? Ou quem sabe fazem seus deveres de casa? Vagam pelas
ruas do bairro? Envolvem-se em atividades como música, idiomas ou até trabalham para
auxiliarem no sustento da família?
E nós como gestores – será que nos achamos responsáveis pelas atividades de contra turno
em nossas escolas? Qualquer que seja a resposta dada cabe ao direto assumir, em nome da
comunidade escolar – e junto com os pais – a responsabilidade pela oferta dessas
atividades, sejam elas desenvolvidas dentro ou fora da escola. E zelar pela qualidade e pela
eficácia dos programas de contra turno que são oferecidos dentro e fora dela, pelo seu
impacto na educação e na vida escolar dos filhos. De nada adiante a escola ter cursos
antidrogas se, no contra turno, os alunos se envolvem livremente nesse círculo vicioso,
inclusive por falta do que fazer.
Este conceito nos é familiar, embora a palavra possa parecer nova. Refere-se às atividades
desenvolvidas pelo aluno no período em que não está na sala de aula.
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Nos países onde o ensino é de tempo integral, a maioria dos eventos considerados como
“contra turno” – complementares extracurriculares ou adicionais é parte integrante da vida
escolar e do currículo. Como no Brasil, o período escolar se limita a 4 horas por dia, muitos
programas essenciais para a escolarização e para a educação integral dos alunos são
considerados como adicionais ou complementares.
• Atividades Complementares
• Atividades extracurriculares
o Projetos integrados;
o Projetos especiais
o Grêmio estudantil;
o Desporto escolar;
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mais explícita e harmônica com as chamadas atividades curriculares, reforçando-se
mutuamente.
Uma escola, que serve a uma comunidade brasileira residente numa província
africana (Congo), além de sua função principal de ensinar, tinha como função social
de envolver os alunos em atividades de contra turno.
Melhorou a autoestima dos alunos, favoreceu a relação afetiva com a escola, num
exercício constante de criatividade, numa região de escassez de recursos.
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Atividades Extra-Escolares
É difícil estabelecer uma fronteira entre o que deveriam ser atividades escolares e extra-
escolares. Na prática, muitas delas só são consideradas extra-escolares porque não são
oferecidas pela escola. Em algumas cidades existem centros interescolares que concentram
professores e recursos para ministrar esses cursos.
A ideia original das escolas-parques de Brasília e dos CIEPS do Rio de Janeiro contemplava
esse tipo de oferta. Na maioria das escolas, a falta de recursos e de pessoal especializado
não permite a oferta desse tipo de atividade.
Mas há inúmeros outros que fazem parte da vida comunitária e, portanto, não podem nem
devem ser desenvolvidas pela escola – clubes de serviço de escotismo, associações
religiosas etc. Algumas destas atividades são típicas da família, da sociedade civil e das
igrejas, por exemplo.
Nada impede, no entanto, que a escola participe e colabore com essas programações,
cedendo espaço e pessoal para coordenar as atividades e, sobretudo, encorajando e
acompanhando a participação dos alunos. O estabelecimento de parceria é um dos
instrumentos para viabilizar tanto a oferta dessas atividades como o seu acompanhamento
em articulação com a escola.
Algumas atividades de contra turno devem ser de responsabilidade da escola, sejam elas
ministradas ou não dentro dela. No entanto, mesmo as que não são ministradas na escola
são de sua responsabilidade, do professor e das famílias, pois são componentes essenciais
da formação integral dos alunos. Portanto, cabe à escola:
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• Assegurar que as atividades extracurriculares sejam planejadas de forma a promover
objetivos educacionais importantes, como a iniciativa dos alunos, a liberdade de
informação e de expressão, a responsabilidade, a solidariedade, a ajuda mútua;
• Assegurar que todas as atividades de contra turno, dentro e fora da escola completem,
reforcem e tenham impacto positivo sobre a vida dos alunos;
• Assegurar que os pais dos alunos tenham informações suficientes para engajar e
envolver seus filhos nos diversos eventos proporcionados pela escola ou estimulados por
ela.
• Assegurar, junto com os pais que as atividades extra-escolares dos filhos sejam
supervisionadas e contribuam para a sua educação integral e para reforçar a
aprendizagem na escola;
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• E, sobretudo:
Compreender que as atividades de contra turno constituem terreno fértil para a função
de liderança do diretor, quer através de sua presença direta e de seu exemplo, quer
promovendo o desenvolvimento de outras lideranças na escola, incluindo professores,
pais e, principalmente a liderança dos próprios alunos.
Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 11
Objetivo: Conhecer os diferentes aspectos da evasão escolar, do trabalho infantil e identificar
as possíveis causas bem como apresentar resoluções.
• Evasão
As poucas pesquisas existentes sobre o assunto indicam que nos últimos anos a maioria das
crianças que já esteve alguma vez na escola permanece por mais de oito anos, antes de
evadir. Esse é um número bastante elevado, pois representa 1,3% do total que se
matricularam no início do ano e não voltam à escola, nem para trancar a matrícula nem para
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pedir transferência. No Brasil, o abandono escolar vara de 15% a 25%, conforme a série ou a
região.
Isso significa que de 100 alunos, que iniciam o ano letivo apenas entre 75 a 85 continuam na
escola até o final. Na verdade, o abandono escolar pode significar várias coisas: alunos que
se mudam de escola sem avisar ou sem buscar a guia de transferência; alunos que deixam a
escola por algum tempo e depois retornam; alunos que só retornam no ano seguinte.
Também as pesquisas sobre abandono são muito limitadas. Mas as pesquisas existentes
revelam que:
Os outros 50% do abandono deve-se a uma causa comum: desinteresse do aluno pela
escola. O aluno deixa a escola porque não se sente respeitado, motivado, porque não
aprende, porque não vê como a escola vai ajudá-lo a melhorar de vida, enfim, por uma série
de razões relacionadas com a própria escola.
Entrevistas realizadas com crianças e jovens nesta situação revelam que, mesmo entre os
que trabalham grande parte deixa a escola mais por estas razões do que propriamente pelo
trabalho – que quase sempre é parcial ou temporário.
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principais fatores. Anualmente, entre 5, 4 e 9 milhões de alunos abandonam a escola – e
aqueles que o fazem por razões de trabalho são muito menos do que um milhão. Nem por
isto o problema do trabalho infantil deixa de ser importante.
Mesmo quando as crianças que trabalham frequentam a escola, o trabalho infantil afeta a
escolarização de diversas formas negativas: reduz, pelo cansaço, a capacidade de
concentração das crianças; submete sua saúde a riscos e abusos; aumenta a chance de
absenteísmo eventual, e, em última instância, afeta a qualidade da educação e conduz a
criança ao desalento e à evasão.
Josué, 14 anos: “Larguei a escola no meio do ano passado porque precisava trabalhar
para ajudar minha mãe. Aqui no trabalho eu fico o dia todo... ai não podia continuar
estudando... Não queria parar de estudar, mas o problema é que eu preciso
trabalhar...
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As causas do trabalho infantil, portanto, são múltiplas e complexas. Além disso, as relações
entre educação e trabalho precoce também não são triviais. A natureza do problema
demanda, por conseguinte, ações do Estado e da sociedade em várias frentes. A questão
exige a mobilização da energia social, criatividade na concepção do marco legal e
mecanismos eficazes par a sua aplicação, além da elaboração e do desenvolvimento de
programas para eficientes e eficazes de combate a este fenômeno socialmente indesejável.
Destacamos ainda dois outros tipos de trabalho infantil que afetam, diferentemente, a
escolarização das crianças. Um deles é o trabalho das crianças que ajudam a família de
maneira habitual em casa, nos cuidados da lavoura, na venda diária de produtos etc.
Não queremos com isso excluir as atividades domésticas partilhadas por todos que criam
bons hábitos e senso de organização. O sistema onde cada um tem uma ou duas tarefas
desde pequeno, ajudam a criança a crescer de forma organizada e com o hábito de cuidar do
que é dela, além de manter em bom estado o que os outros irão utilizar.
Quando falamos em trabalho infantil devemos nos lembrar dos trabalhos sazonais, em que
os pais – ou pais e filhos – dedicam dias e semanas ou até meses, no próprio local onde
vivem ou em outra localidade, a atividades de plantio, colheitas ou outras atividades
sazonais, como serviços de turismo. Este tipo de trabalho é quase sempre indesejável,
contudo, oferece desafios diferentes à escola, que pode acomodar seu calendário e horários
às peculiaridades de suas comunidades.
Condenar o trabalho infantil e combatê-lo nas suas diversas formas não exime a escola de
procurar formas alternativas de acomodar a oferta de educação às crianças que são suas
vítimas. Posicionar-se contra o trabalho infantil não significa se posicionar contra o aluno que
trabalha. Muito menos puni-lo novamente. Ao contrário, a existência dessas condições deve
levar a escola a procurar alternativas que, sem encorajar o trabalho infantil, criem saídas
para que o aluno que trabalha possa prosseguir com seus estudos.
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SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 12
Objetivo: Apropriar-se dos conhecimentos fundamentais que estabelecem a autoridade
respeitando-se os parâmetros da Lei bem como as responsabilidades e limites que a função
impõe.
Delegação de Autoridade
O presente documento tem como pressuposto básico para a eficácia das escolas que elas
devam ser constituídas e operacionalizadas como unidades autônomas da Secretaria. O
exercício dessa autonomia implica a negociação e aprovação do PDE – Plano de
Desenvolvimento da Escola, que deve compatibilizar as diretrizes da Secretaria com as
definições e prioridades da comunidade escolar. Cabe ao diretor este papel de negociação.
O conceito de autonomia, portanto, não significa que a escola tem soberania, ou seja, total
liberdade para fazer o que bem entende. A secretaria estabelece políticas e diretrizes que
todas as escolas devem seguir. O PDE indica como a escola pretende obter seus resultados.
Cabe à Secretaria assegurar os meios, acompanhar e apoiar a direção da escola para que
isso ocorra.
Na verdade num sistema de escolas com ampla autonomia, esta superintendência pode ser
desnecessária. As escolas privadas, no Brasil são um bom exemplo: o governo estabelece
as normas, as escolas se organizam. Os pais, que podem optar por matricular seus filhos
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nessas escolas, agem como controladores. Esse sistema funciona muito bem, em princípio
poderia ser introduzido nos sistemas públicos – de fato o é em diversos países como a
Inglaterra e Holanda, por exemplo, mas nunca foi realizado no Brasil. No sistema público de
ensino, raramente os pais têm a opção de escolher a escola em que seus filhos vão estudar,
muito menos de fazê-lo mudar de escola. Normalmente são escolhas forçadas decididas por
critérios de localização da escola. Raramente existe qualquer margem de opção das famílias.
Para efeitos práticos, a questão não é saber se a supervisão deve ou não existir e, sim, como
ela pode ser exercida de forma a contribuir para assegurar os resultados negociados entre a
Secretaria e cada escola, com base no PDE. As formas tradicionais de supervisão
concentram-se no acompanhamento e controle assistemático de alguns dados e, na
interferência direta, posto que muitas secretarias entendem que sua missão consiste em
gerenciar a escola no papel de diretor, inclusive envolvendo-se em atividades diretas de
capacitação de diretores ou na solução de problemas corriqueiros da escola.
Legitimação e Legitimidade
Dentro da escola, o diretor legitima a sua liderança através dos colegiados escolares, cuja
função principal é apoiá-lo na elaboração e realização do PDE – o Plano de Desenvolvimento
da Escola.
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estão estabelecidas as responsabilidades de cada professor, técnico e outros colaboradores,
inclusive voluntários e parceiros que lideram “centros de resultados”.
Cada centro responde por parte dos resultados da escola. Cada responsável por um centro
tem a missão de liderar os esforços dos seus colaboradores – o que significa coordenar,
integrar e consolidar os resultados para a consecução dos objetivos do centro.
Liderança, popularmente, se confunde com o estilo pessoal do diretor, com o jogo de cintura,
com a capacidade de comando, com o exercício do poder, com a popularidade e com tantas
outras características pessoais ou interpessoais do diretor.
A coordenação é necessária para assegurar que cada membro contribua para o objetivo
maior da escola – que é o êxito do aluno – e para evitar que se afaste desse objetivo. E se
efetiva em três passos: acompanhamento, apoio e avaliação dos resultados dos
responsáveis, reajustando os planos e estratégias em função das metas estabelecidas
A integração se torna necessária para fazer os resultados convergirem para o objetivo maior
e comum da escola. Nesse sentido, também pode ser vista como sinônimo de alinhamento,
isto é, serve para assegurar que os responsáveis de cada “centro” estejam alinhados entre si
e com a mesma visão, os valores e os objetivos maiores da escola.
A consolidação dos resultados se faz através dos relatórios periódicos que o diretor submete
à comunidade interna da escola e, quando for o caso, ao responsável por sua supervisão. O
relatório não é o resultado, ele indica os resultados alcançados em cada unidade em relação
aos objetivos gerais da escola. Este por sua vez integra os resultados das escolas que
supervisiona para consolidá-lo no resultado geral da Secretaria.
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focalizadas na visão de uma escola cada vez mais eficaz, mantendo, reforçando e
promovendo os valores e comportamentos que constituem a cultura da escola.
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U NIDADE 13
Objetivo: Conhecer e distinguir autoridade e poder no contexto de uma gestão eficaz dentro
do contexto educacional.
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subordinados. Apoiar é mais apropriado do que exercer poder, mandar ou comandar, com
atitudes que revelam mais as preocupações de controle do que de coordenação e integração
dos resultados.
Assim a eficácia de uma liderança requer uma forte capacidade de ouvir, escutar e
compreender. A distinção entre outras palavras não é meramente semântica. Ouvir, escutar
e compreender são os passos necessários para a aceitação dos pontos de vista e da
realidade alheia, sem as quais se torna impossível o exercício da liderança.
Escutar é compreender o que está além dos fatos e enxergar o que está nas entrelinhas: as
expectativas, as ansiedades, as contradições os medos, as reações.
Compreender um aluno e, PR exemplo, saber que ele tem nome, idade, sexo, família e,
portanto, uma história individual e social, e uma inserção em um momento histórico e
ideológico de sua época, que são integrantes de seu modo de olhar o mundo, constituem
seus valores e interferem na forma como lida com as relações.
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Algumas Reflexões Sobre A Importância De Ouvir
A maioria das coisas que acontece numa organização – ou das coisas que deveriam ocorrer
– dependem de informações que, frequentemente, os dirigentes não dispõem. Isto inclui
conhecimento das características locais, conhecimento das características locais,
conhecimento das pessoas (incluindo sentimento, pensamentos, percepções e interpretação
da realidade). Estes dados nunca são fornecidos pelo sistema de informação gerencial.
Dirigentes precisam desenvolver um sistema informal para obter informações e, para tanto,
precisam fazer boas perguntas. Dirigentes, como pesquisadores, devem ser julgados pela
qualidade de suas perguntas.
Ouvir bem requer – um esforço ativo para compreender o mundo a partir da perspectiva do
outro; - analisar o que foi dito e o que deixou de ser dito; - testar em voz alta o que se
entendeu; - interessar-se como se o tópico de outro fosse a coisa mais importante do mundo.
Frequentemente, ouvir é a melhor coisa que um dirigente pode fazer. Em alguns casos, ouvir
é a única coisa que ele pode fazer.
Finalmente, uma regra de ouro: se você não ouvir os outros, eles não vão ouvi-lo.
Ter paciência é demonstrar autocontrole. Esta qualidade de caráter para um líder na medida
em que a paciência e autocontrole são fundamentos do caráter e, portanto da liderança. Em
vez de autocontrole, prefiro usar a expressão “controle de impulso”. Sem controle sobre
nossos desejos básicos e caprichos, dificilmente reagiremos corretamente em situações
embaraçosas. Para nos tornarmos líderes efetivos é preciso desenvolver o hábito de reagir
de acordo com os princípios morais, paciência e autocontrole refletem atitudes consistentes e
previsíveis. Se você duvida disso, faça as seguintes perguntas a si mesmo: você tem boas
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relações com as pessoas que estão descontroladas? Você é uma pessoa segura? Fácil de
conviver? Acessível? Pode absorve opiniões contrárias? As críticas?
Não estou sugerindo que não possamos ser apaixonados pelo que fazemos ou que não
devemos demonstrar nossas emoções. A paixão (envolvimento) é uma qualidade essencial
de liderança. Podemos adorar o que fazemos ao mesmo tempo em que somos pacientes e
temos autocontrole.
Há quem admita ser mal-humorado e até confesse suas explosões de raiva com os outros.
“Todos “se apressam, porém, a defender seu comportamento com alegações do tipo: “É
assim que sou”;” Sempre tive a cabeça quente” ou “Sou igual ao meu pai.”
Todas essas defesas de si mesmo não contribuem para uma liderança eficaz. Mas temos
que observar nossos comportamentos para que não demonstremos raiva ou até mesmo
paixão excessiva, violando os direitos dos outros e prejudicando os relacionamentos.
SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 14
Objetivo: Continuamos falando de liderança
Na verdade, gentileza é um ato de amor, porque exige que nos interessemos pelos outros,
até mesmo por quem não sentimos qualquer afeição. Pequenas manifestações de
apreciação, de encorajamento, de cortesia e de atenção, além de conceder créditos e elogios
pelos esforços realizados, ajudam os relacionamentos a se desenvolverem de forma
adequada.
‘Pequenas amabilidades, como “bom dia”, ”por favor,” “obrigado”, “desculpe”, “eu estava
enganado”, são fundamentais nos relacionamentos humanos.
Os líderes humildes consideram sua liderança uma enorme responsabilidade e levam muito
a sério a posição de confiança e as pessoas a eles confiadas. Seu foco não está nos
benefícios corporativos nem na politicagem interna, muito menos na corrida para ver quem
vai ocupar a sala maior. Eles preferem se concentrar nas responsabilidades inerentes à
liderança.
Como são autênticos não posam de sábios, estão sempre disponíveis e tem seu ego sob
controle. Não se baseiam em ilusões de grandeza, acreditando que são indispensáveis na
empresa. São seguros de suas limitações e estão conscientes de que o maior de todos os
defeitos é acreditar que não cometeram erro algum.
“Tratar todas as pessoas com a devida importância”. Eis a melhor definição para o respeito.
Quem está ao redor do líder percebe que ele é capaz de respeitar os outros, já que o vêem a
todo o momento recebendo pessoas importantes.
Respeito não é algo que se ganha quando se torna líder. O respeito é conquistado quando
você está na liderança. A função do líder é ajudar pessoas a vencer e a ser bem sucedido.
“Atender as necessidades dos outros”. Há um autor de renome que quando faz esta citação
em seus seminários recebe muitas perguntas frequentes, como por exemplo: “Antes mesmo
de minhas próprias necessidades? Ele sempre responde “Antes mesmo de suas próprias
necessidades”.
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Quando você se candidata a líder, tem de fazer isso. A vontade de servir e de se sacrificar
pelos outros, a disposição de abrir mão dos próprios anseios, pelo bem maior – este é o
verdadeiro altruísta e, em consequência o verdadeiro líder.
Há uma frase do escritor russo Leon Tolstoi que se encaixa a perfeição: “Todos querem
mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo.” A única pessoa que você pode
mudar é você mesmo. Se cada um limpasse ou não jogasse lixo no seu próprio jardim, ou
em sua rua, logo teríamos um ambiente limpo e saudável.
“Não tentar enganar ninguém.” Este é o verdadeiro sentido da palavra honestidade. Poucos
discordariam que honestidade e integridade são qualidades de um líder. Todas as pesquisas
que acompanho há décadas são unânimes em apontar essas qualidades de caráter como
essenciais para a liderança.
Sem confiança, uma organização é um castelo de cartas. Mas como se constroi uma relação
baseada no respeito? Sendo digno e tendo um bom comportamento de honestidade e
integridade. Muitos líderes, nos mais diversos espaços falam em confiança, mas suas ações
e convicções revelam o contrário. Sob sua liderança, reinam mecanismos de controle como
relógios de ponto, reuniões secretas, regras de trabalho muito rígidas, chaves especiais para
abrir determinadas portas, ocultamente de informações financeiras (inclusive sobre salário e
plano de carreira), e assim por diante.
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verdadeira função como líderes, assim como a obrigação de ajudar as pessoas a ser o
melhor que puderem.
“Posições e títulos não significam absolutamente nada. São adornos, não representam a
substância de uma pessoa.” Herb Kelleher - fundador da Southwest Airlines.
Para o crítico inglês John Ruskin, os homens realmente grandes possuem o curioso
sentimento de que a grandeza não está neles, mas passam por eles. Por isso são humildes.
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U NIDADE 15
Objetivo: Apropriar-se dos conhecimentos significativos sobre o exercício da liderança dentro
de um contexto de gestão eficaz.
O Exercício Da Liderança
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Nesta linha de entendimento, o aluno e suas famílias seriam clientes da escola – o
objetivo da boa escola seria atrair e manter satisfeito o “consumidor” dos direitos
educacionais. Este conceito é obviamente, inadequado. Educação não é serviço. Por
isso, o termo é particularmente impróprio para ser utilizado num sistema de educação
pública, em que o “cliente” não tem condição de optar por outra escola, é um “cliente”
forçado, um cidadão administrado. Embora limitada, esta concepção do aluno como
cliente pelo menos serve para forçar a escola a explicitar compromissos com o aluno e
suas famílias.
Ações Concretas
Ouvir, escutar e compreender é uma forma de agir. O termo agir não significa estar ocupado,
fazer coisas. Tempo, presença e exemplo são formas poderosas de “agir”.
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isto contribui para criar o clima de entendimento, respeito e segurança característicos
de uma escola eficaz.
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U NIDADE 16
Objetivo: Conhecer e apropriar-se das diferentes formas que levam a participação dos alunos
dentro do processo de condução da aprendizagem além do acadêmico.
1. O grêmio da escola
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2. O jornal da escola
3. A sala de aula
4. A aprendizagem colaborativa
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Estes exemplos apenas ilustram o potencial inexaurível de oportunidades que se apresentam
na escola para o desenvolvimento do espírito de cooperação, das habilidades de liderança e
para a formação das competências do protagonismo. A educação para a liderança não
ocorre no vácuo, nem decorre automaticamente da participação de atividades ou eventos. Na
prática, isto requer um esforço permanente de estimulação de iniciativas, mas também uma
forte presença, acompanhamento e supervisão, sem tutela. O trabalho de professores,
voluntários e parceiros da escola constitui-se em recursos adicionais de que o diretor pode
dispor para viabilizar estas atividades.
Para que o aluno possa ser protagonista de sua história acadêmica ou pessoal, ele precisa
encontrar interlocutores que o ajudem nessa busca. O diretor é o principal intermediário, pois
faz a ponte entre professores, funcionários, familiares e estudantes. Por isso seu tempo,
presença e exemplo são essenciais para conhecer a realidade da qual é líder.
É necessário partir para o corpo a corpo. Isto significa tomar pé da vida de cada aluno,
conhecê-los pelo nome, conhecer as características de cada um, identificar lideranças entre
alunos, de forma a poder criar e estimular projetos e iniciativas, onde cada aluno possa
mostrar seu talento e sua capacidade de agir socialmente.
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Um entendimento mais completo do termo protagonismo juvenil é a educação de valores,
para o exercício prático da cidadania. Toda vez que uma escola conseguiu romper com o
problema da violência, você vai lá e o que vê? A escola abriu espaço para os alunos: deixa
os estudantes pintarem os muros como bem entenderem; estimulam sua participação na vida
escolar. E abriu espaço para a comunidade: estabelece uma relação diferente com ela, o que
resulta em experiências que dão certo e rompem o círculo vicioso da suspeita violência. É
um padrão que se repete em casos de escolas degredadas, que são transformadas em
comunidades educativas.
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SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 17
Objetivo: Conhecer o sistema que envolve a seleção de professores e como as contratações
definem o perfil da instituição.
Seleção de Professores
A seleção de professores, numa escola pública, raramente é feita pelo diretor. O que
acontece, normalmente, é que os professores são designados pela Secretaria. Ao longo do
tempo, na verdade, são os professores que escolhem as escolas procurando ficar “lotados”
nas escolas de sua preferência. De certa forma, a escolha da escola pelos professores
revela o tipo de liderança que uma escola possui.
Mesmo que o diretor não possua controle sobre os professores que entram em sua escola, a
entrada de novos professores sempre será uma oportunidade para relembrar e reforçar os
princípios que presidem a vida da escola. Qual a sua missão? Qual a visão que tem de si
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mesma? Quais os valores que a escola preza e pratica para manter-se no rumo correto?Será
que o novo professor compartilha essa visão, esses valores?
Estas perguntas, que podem ser feitas pelo diretor, ou pelo grupo de pessoas encarregado
do recrutamento e seleção, ou mesmo diante da possibilidade de ingresso de um professor
mandado pela Secretaria de Educação, constituem-se excelentes oportunidades, para escola
obter o professor com o perfil que deseja. Assim, a escola irá conhecer-se melhor e se dá a
conhecer a novos colaboradores. Esta é uma tarefa importante da liderança do diretor. Se
bem exercitada contribui para manter o alinhamento da equipe da escola em torno de seus
objetivos.
Iniciação
Um dos maiores terrores do jovem professor são os seus primeiros dias de aula. Esse terror
é maior nos casos em que o professor iniciante não passou por experiência prévia, na forma
de estágio supervisionado.
O que acontece, normalmente, quando um professor chega à escola pela primeira vez?
Como se dá a iniciação do novo professor na maioria das escolas? A resposta é trágica,
infelizmente: através do batismo de fogo: “Você vai dar aula de geografia para a 5ª série.
Aqui está o livro didático e o diário de classe. Boa sorte!”
Raramente as escolas tomam tempo e trabalho para ambientar o novo professor na escola.
Esta é uma tarefa indelegável da liderança escolar. É através dela que a liderança transmite
aos novos membros a “cultura” da escola, os modos de se fazer as coisas, os valores
importantes, as regras básicas sobre o que é e o que não é aceitável, a expectativa a
respeito do trabalho de cada um. Em uma escola organizada e bem administrada, a iniciação
também inclui a apresentação do PDE e da proposta pedagógica, e a negociação preliminar
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do plano de trabalho anual do novo professor. Inclui naturalmente a apresentação do novo
professor aos colegas, funcionários e demais colaboradores da escola.
A iniciação é parte integrante das funções de liderança. Ela contribui não apenas para
favorecer o alinhamento e o entrosamento dos novos professores, como também para evitar
perdas desnecessárias. Em países que coletam estatística sobre movimentação de
professores, observa-se que mais da metade dos professores que deixam a carreira o fazem
nos três primeiros anos de exercício profissional. Isso revela, em grande parte, o efeito do
choque inicial e das deficiências dos mecanismos de transição entre o mundo da
aprendizagem e o mundo do trabalho escolar. Em outros países, como por exemplo, o
Canadá, as escolas utilizam mecanismos variados de iniciação de professores. Esses
mecanismos permitem uma transição mais suave para os novos desafios, mas, sobretudo,
permite que a escola transmita ao novo professor sua cultura, seus valores, sua ética, sua
forma de trabalho, suas regras básicas de funcionamento.
A primeira dela é sinalizar para o novo professor o espaço existente na escola para acolher
novas ideias. Se o professor sente que há espaço poderá apresentar sugestões, e mesmo
tentar implementá-las. Se o professor é visto como um intruso ao questionar a proposta
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pedagógica ou a prática estabelecida tenderá a se conformar, ou a deixar a escola tão logo
tenha nova oportunidade. Com isso, a escola limita o grau de inovação que seria possível
através da incorporação de novas ideias.
Há uma fala muito conhecida: “Aqui fazemos assim”; “Já tentei e não deu certo”. O novo
professor – que vem cheio de entusiasmo e novas ideias quer experimentar na prática suas
teorias. É comum que se exceda na dedicação, esforço e trabalho. Frequentemente, a
pressão dos demais colegas que sugerem “que o professor modere o entusiasmo”, pois isso
expõe a acomodação existente e acaba se apresentando como ameaça.
SUGESTÃO DE LEITURA:
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U NIDADE 18
Objetivo: Conhecer o sistema de supervisão e apropriar-se de sua sistematização no
contexto escolar, garantindo uma eficácia na gestão educativa.
Supervisão
A supervisão é considerada por muitos como o mecanismo de liderança por excelência. Essa
função comumente é exercida pelo diretor ou pela coordenação pedagógica da escola. Na
maioria dos sistemas de ensino, onde a autonomia da escola é muito limitada ou inexistente,
a supervisão externa da Secretaria inclui a supervisão direta dos professores, atropelando,
desta forma, a responsabilidade do diretor. Vale a advertência: não confundir supervisão com
tutela.
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• Estimular o professor a engajar-se em outras atividades da escola.
A supervisão é apoio em todos esses casos para auxiliar o professor a atingir os seus
objetivos – e não se confunde com o processo de controle, inspeção, tutela ou
acompanhamento meramente burocrático.
Uma visita semanal do supervisor à classe de cada professor, durante um período letivo
completo;
A observação sistemática do andamento das aulas e das atividades que ocorrem na classe,
registrada numa ficha de observação estruturada, na qual o supervisor observa os alunos, o
professor e sua interação.
Aqui a liderança é mais eficaz quando o supervisor se torna um facilitador de interação e não
um tutor. A facilitação, no caso é muito mais do que simplesmente colocar pessoas juntas.
Ela implica o trabalho de observação, a identificação de assuntos e experiências relevantes a
organização de contextos e formatos para apresentação de ideias e o apoio e estímulo
permanentes aos progressos de cada professor na consecução dos objetivos de seu plano
anual de trabalho.
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• Confiar estudos e tarefas aos professores;
• Observar e avaliar o desempenho dos professores nas suas relações com colegas e
pais e ajudar o professor a desenvolver suas competências de apresentar ideias,
negociar e convencer;
• Criar espaço para contribuições do professor em áreas que vão além de sua sala de
aula;
O plano anual de trabalho de cada professor decorre dos objetivos e metas da escola. Neste
plano, o professor pactua com a direção e supervisão da escola os resultados que se
compromete a alcançar no decorrer do ano letivo. Esses resultados podem incluir metas
relacionadas com frequência e desempenho dos alunos, bem como com os resultados
decorrentes de atividades extraclasses e extracurriculares sob a responsabilidade do diretor,
como parte da sua contribuição para a escola e de seu crescimento pessoal e profissional.
Tanto a direção como a supervisão devem ter seus objetivos e metas com os mesmos
propósitos, mesmo que com atividades e ações diferenciadas.
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Entre as atividades que podem contribuir para o desenvolvimento de capacidades de
liderança do professor incluem-se:
Algumas destas atividades podem ser acomodadas dentro da carga horária contratual do
professor, através de horas extras, ou na forma de trabalho voluntário. A implementação
desse tipo de cultura na escola depende, essencialmente, da atuação da liderança.
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U NIDADE 19
Objetivo: Conhecer a amplitude da supervisão educacional do Brasil e os caminhos para o
desenvolvimento de uma qualidade educacional eficaz.
Então temos que ter uma compreensão do projeto sociocultural da modernidade que define
os projetos educacionais, a formação e atuação dos seus profissionais.
Compromissos
Os compromissos hoje são de outra amplitude, transcendem o espaço local e abarcam uma
nova territorialidade e uma nova temporalidade, exigindo maiores compreensões a fim de
que se possam assumir os compromissos que se fazem necessários.
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Um novo conteúdo, portanto, se impõe, hoje, para a supervisão educacional; novas relações
se estabelecem e novos compromissos desafiam os profissionais da educação a outra
prática não mais voltada só para a qualidade do trabalho pedagógico e suas rigorosas
formas de realização, mas também e, sobremaneira, compromissada com a construção de
um novo conhecimento – o conhecimento emancipação –, com as políticas públicas e a
administração da educação no âmbito mais geral.
Hoje os educadores precisam saber como o ser humano relaciona-se com o mundo exterior
e que há uma influencia de sons, luzes e imagens que impulsionam o cérebro a cada
momento. Os Pedagogos precisam saber de tecnologia – se informatizar – e conhecer os
melhores instrumentos que auxiliam na realização do complexo mundo da aprendizagem.
A gestão de pessoas bem como a gestão financeira deve ser um tema a ser estudado.
Entendo que não capacitamos pessoas sem um olhar completamente integral sobre o que se
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vê e sobre o que se espera que faça para mudar para melhor tanto pessoas como
ambientes.
A escola é o eixo central que mostra a todos os alunos o papel das tarefas e a importância
de seu cumprimento e quais suas metas. Deve ensinar também aos estudantes a lidarem
com suas angústias, perdas e aflições.
A escola tem que avançar no ensino dos papeis individuais e não egoístas, bem como
avançar nos papeis sociais e comunitários. A fala de que “isso não é de minha
responsabilidade” e sim “de outra pessoa” – tem nos levado a um papel antisocial.
No contexto educacional da escola – que muitas vezes se limita ao seu interior – tem que se
manifestar de forma correta nos arredores da comunidade onde está inserida. Exemplos de
criatividade, projetos para melhoria do meio ambiente devem ser estimulados dentro da
escola e que se abra o portão para que outros conheçam quem está desabrochando ali.
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Descobrir habilidades e talentos, tanto nos alunos quanto nos professores é uma tarefa
compensadora.
Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 20
Objetivo: Identificar os principais conceitos na elaboração do Plano de Desenvolvimento da
Escola, bem como conhecer os melhores procedimentos e os seus reais objetivos dentro da
gestão eficaz.
Elaboração De PDE
O rumo que a escola vai seguir é traçado pelos seguintes instrumentos que integram o PDE:
• A proposta pedagógica;
O PDE orienta a ação da escola e do diretor, sobretudo porque ele deve definir com clareza:
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• As prioridades, objetivos e metas a serem atingidas para possibilitar o sucesso do
aluno;
Embora integre o painel de bordo, o PDE não é um instrumento para uso diário do diretor.
Mas ele serve como referência permanente: cada decisão e atividade relevante da escola
devem ter impacto positivo sobre os resultados da escola previstos no PDE. Ademais os
planos de trabalho de professores e funcionários devem ser acompanhados regularmente.
A escola deve rever seu PDE no final do primeiro semestre, para reajustar suas atividades às
metas e, no final do segundo semestre, para ajustar o próprio PDE e traçar novas metas.
O PDE também costuma ser chamado de Plano de Trabalho da Escola. O PDE é realmente
um conjunto de intenções, uma lista de metas, atividades e instrumentos de
acompanhamento, controle e avaliação. O PDE é dinâmico embora possa cobrir um período
de 3 a 5 anos, deve ser avaliado e modificado anualmente, em função dos resultados obtidos
ou em novas metas. A ideia é fazer um plano para melhorar a escola, não apenas para tornar
a escola mais organizada ou para fazer uma série de atividades ou introduzir algumas
inovações.
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O PDE só é bom quando tem um conteúdo adequado à realidade da escola e é elaborado e
implementado de forma participativa. Daí porque a forma de conduzir à elaboração, a
implementação, a avaliação e a revisão do PDE é tão importante quanto os objetivos, metas
e aspectos formais.
O PDE deve ser elaborado ou totalmente revisto, a cada 4 ou 5 anos. Esse é o período
mínimo que normalmente corresponde à permanência de um diretor em muitos sistemas
escolares. A cada vez que se elabora o PDE a escola deve recomeçar todo o trabalho de
diagnóstico, questionamento e discussão dos principais aspectos de escola. O PDE não é
uma tarefa meramente burocrática: é uma oportunidade para a escola ser repensada e
responder a três perguntas fundamentas: Quem somos? De onde viemos? Para onde
vamos?
A cada ano, no entanto,as metas do PDE devem ser acompanhadas e avaliadas. A avaliação
deve levar em conta a revisão das metas para o ano seguinte. Ocasionalmente, alguns
objetivos podem ser alterados, Também nessa oportunidade é importante a participação da
comunidade, pelas mesmas razões apontadas anteriormente.
O PDE deve ser elaborado com o máximo grau de participação, no entanto, para efeitos
práticos deve ter:
• Uma comissão designada pelos professores, com prazos e tarefas bem definidas,
para concluir os trabalhos de elaboração, avaliação ou revisão do PDE nos prazos
estabelecidos;
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• Sessões e atividades diversas que assegurem a ampla audiência e participação dos
diversos segmentos da comunidade escolar, nos assuntos de competência e interesse
respectivos;
• Etapas para revisão e aprovação, pela equipe designada, das propostas, planos e
compromissos nele estabelecidos.
É muito frequente observar o PDE surge de cópias de outros documentos (PDE). Esse
trabalho não terá muita utilidade, pois melhores que sejam essas ideias, nem sempre são
entendidas, assimiladas ou recebem o endosso da comunidade escolar. Consequentemente,
não são compartilhadas – e acabem não sendo implementadas.
A utilidade do PDE está em revelar uma consistência ente os seus vários elementos. É nisso
que consiste a liderança do diretor: definir a missão, visão, objetivos e metas da escola, de
forma participativa, e assegurar que todos, na escola contribuam, a cada dia, para
consecução de seus objetivos.
A elaboração do PDE deve ser precedida de uma análise geral, que inclui:
• Direito à educação
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Cada secretaria de educação estipula ordenamentos, normas e critérios que as escolas
devem seguir. O nível de detalhamento depende do grau de autonomia das escolas, em
cada sistema ou rede de ensino. Algumas secretarias definem que todas as escolas deverão
ter programas de alfabetização ou regularização do fluxo escolar. Outras chegam a dizer
como isso será feito. Há também secretarias que definem métodos a ser usados nas escolas,
outras delegam essas definições para cada escola, ou ainda estabelecem metas relativas à
evasão, repetência ou critérios gerais de avaliação. O PDE deve levar essas orientações em
conta.
Plano financeiro:
Metas Atividades Custo Datas Fonte de Observações
Previsto Previstas Recurso
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U NIDADE 21
Objetivo: Apropriar-se das informações e leis para a elaboração de um calendário escolar,
bem como a sua funcionalidade.
Calendário Escolar
Na escola como na vida há tempo para tudo. O calendário é o marca-passo da vida escolar.
Há tempo para plantar e tempo de colher. Tempo para iniciar e concluir o ano. Tempo para
estudar e para fazer provas. Tempo para esforçar e tempo para celebrar.
O calendário escolar estabelece as datas dos eventos mais marcantes do ano escolar. Ele
indica que esses eventos devem ser objeto de cuidadosa preparação e implementação: a
chamada escolar, a matrícula, o primeiro e último dia de aula, o dia do censo escolar, as
datas de provas e de recuperação, as reuniões de professores e de pais, os eventos
especiais de natureza acadêmica, civil, cultural, esportiva ou de outra natureza. Muitas vezes
o próprio programa de ensino da escola pode ser marcado pelos eventos que são
programados como culminância de períodos letivos, épocas de celebração ou conclusão de
projetos curriculares ou extracurriculares.
O calendário escolar também marca o ritmo do dia a dia da escola, o chamado “ano letivo”,
Um dos maiores desafios para o diretor é preservar e proteger a escola – sobretudo os dias
letivos – da intrusão de outras agendas de compromissos. As escolas são muito vulneráveis
a eventos de interesses políticos – visitas intempestivas, celebrações, aniversários – onde os
alunos são quase sempre tratados como meros figurantes e onde o calendário escolar é
tratado sem qualquer respeito.
Todas essas e mais atividades do calendário devem apoiar e complementar esse objetivo
central: preservar o ano letivo. Períodos previstos para capacitação formal de professores,
por exemplo, devem ser programados de forma a não prejudicar a carga horária efetiva do
ano letivo. Aulas perdidas por absenteísmo, ou por outras razões, precisam ser repostas. Por
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isso o calendário já deve prever dias extras que poderão ser usados para suprir dias de aulas
que tenham 200 dias letivos de aula por ano, pois este é um direito que lhes assiste.
O calendário indica pontos importantes na parada, reflexão, reabastecimento. Mas isto não
basta: a escola também tem que cuidar de seu dia a dia.
Diariamente
Nome dos alunos, professores e funcionários ausentes – No caso dos alunos, a informação é
crucial para informar aos pais e para acionar medidas que estimulem a pontualidade e
frequência de cada aluno e diminuam a evasão. No caso dos professores, a informação é
essencial para providenciar substituições e atividades alternativas para os alunos. No caso
de funcionários, a informação deve levar o diretor a ficar atento aos serviços que poderão
ficar prejudicado ou que possam ser feitos por outras pessoas.
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Mensalmente
Quadro de frequência de alunos – Este quadro deve ser analisado mensalmente, com
atenção especial para os alunos que acumulem faltas, a fim de acionar mecanismos
preventivos e corretivos.
Quadro de frequência de professores – este quadro deve permitir ao diretor uma análise dos
problemas relacionados com o absenteísmo e a busca de soluções. Este quadro também
deve ser enviado à Secretaria de Educação para efeito de folha de pagamento – quando a
escola é municipal ou estadual. Em caso de escola particular o mesmo deve ser enviado ao
setor de finanças e recursos humanos para o mesmo procedimento.
Quadro de frequência dos funcionários – Este quadro deve permitir ao diretor uma análise
dos problemas relacionados com absenteísmo e a busca de soluções. Este quadro também
deve ser enviado à secretária de Educação para efeito da folha de pagamento. O mesmo
procedimento, em instâncias diferentes será realizado nas escolas particulares.
Balancetes – Ao final de cada mês, o diretor deve analisar a situação de cada conta relativa
a cada projeto ou repasse de recursos, estimar necessidades e ajustar as autorizações de
despesas aos recursos existentes. Eventualmente, estes balancetes são a base para a
preparação de relatórios e prestação de contas, que devem ser encaminhados a diferentes
instituições.
Bimestralmente
Quadro de desempenho dos alunos – A cada bimestre o diretor deve receber e analisar o
desempenho de cada turma e discutir com os professores medidas corretivas, estratégias de
recuperação e outras ações que contribuam para a melhoria dos resultados da escola.
Algumas secretarias de educação solicitam este tipo de dados às escolas a cada bimestre.
Estas são informações usualmente consideradas críticas, mais relevantes e mais importantes
para manter a escola no rumo desejado.
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U NIDADE 22
Objetivo: Apropriar-se das informações e leis para a elaboração de um calendário escolar,
bem como a sua funcionalidade.
Como foi mostrado até aqui, a gestão eficaz é baseada na organização da agenda que fará
com que a escola caminhe de forma sincronizada com as atividades propostas e que são
subdivididas.
• Definir ações/melhorias.
• Rever o PDE.
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Segundo Semestre
• Propor medidas de melhoria, com base nos resultados dos alunos – (realiza-se em
dezembro).
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• Definir ações de melhoria.
• Inventariar o Patrimônio.
• Analisar as contas.
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• Convocar o conselho fiscal para verificar e aprovar as contas.
• Analisar as contas.
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U NIDADE 23
Objetivo: Apropriar-se de habilidades para a realização do regimento interno de escola bem
como saber liderar de forma participativa a equipe que compõe a unidade escolar.
Regimento Interno
Em uma escola sem regimento, vale o que o diretor mandar. É como se fosse um país sem
leis. Tudo dependeria da vontade e da interpretação de uma só pessoa. O regimento
estabelece as regras do jogo: qual é o jogo, quem joga, em qual posição, o que é válido e o
que não é válido e quais as penalidades.
Qual É O Jogo?
Quem Joga?
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Em Qual Posição?
Cada sistema ou rede escolar possui suas normas próprias a respeito de como cada escola
deve elaborar seu regimento.
Existem regras que se aplicam a todas as escolas do país – como a Lei de Diretrizes e
Bases, leis estaduais ou municipais de ensino. Cada sistema ou rede pode estabelecer um
regimento único para todas as escolas. Em alguns casos a Secretaria estabelece um
regimento único para todas as escolas. Em outros apresenta diretrizes gerais. Certas
secretarias estabelecem algumas regras que devem ser cumpridas igualmente por todas as
escolas – por exemplo: regras a respeito de matrícula, enturmação, política de promoção ou
do calendário escolar, que afetam toda a população. Em alguns sistemas de ensino são
totalmente omissos e nem mesmo requerem que a escola tenha seu regimento.
Mas a parte mais importante do regimento surge da reflexão da escola sobre si mesma:
como se organiza, quais são as regras de funcionamento. Essa organização e essas regras
decorrem de seu contexto, de suas necessidades e das características da comunidade a que
pertence.
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Qual A Diferença Entre O Regimento E O PDE E Proposta Pedagógica?
O sucesso de uma escola eficaz está na estabilidade de suas regras e operações. Numa
organização, onde as regras básicas mudam a cada momento, as pessoas se tornam
inseguras e as operações tendem as se desorganizarem. Mas isto não significa imobilismo –
sempre que for necessário, o regimento pode e deve ser alterado.
O regimento deve ser redigido de forma simples, clara e legível. Deve conter apenas o
essencial para que todos compreendam o funcionamento da escola. Deve evitar repetir
legislação ou norma geral e limitar-se aos itens que sejam efetivamente úteis para operar a
escola. Normalmente, um regimento é organizado em capítulos e, cada capítulo contém
diversos artigos e parágrafos, como numa lei.
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U NIDADE 24
Objetivo: Conhecer os procedimentos para elaboração de um regimento escolar, bem como
o corpo do documento e suas especificidades.
• Da identificação da escola
• Dos objetivos
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• Das organizações escolares
• Da organização didática
o Calendário.
o Cancelamento de matrícula.
o Frequência.
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o Objetivo da avaliação (avaliação dos alunos, avaliação de aprendizagem)
• Da promoção
o Certificados (expedição).
• Da recuperação
o Objetivo.
o Instrumentos de recuperação.
• Dos anexos
o Grade curricular.
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Quem Elabora E Quem Aprova O Regimento Escolar?
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A Aprovação Do Regimento
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U NIDADE 25
Objetivo: Conhecer o sistema organizacional de um Plano Anual de Trabalho para que possa
desenvolver com eficácia suas reais competências de gestor.
Para alcançar o sucesso qualquer pessoa ou organização precisa estabelecer metas, traçar
caminhos e elaborar um roteiro das ações que podem levá-la ao resultado que deseja atingir.
Numa escola, não basta cada indivíduo estabelecer suas próprias metas: as metas
individuais devem estar alinhadas com as metas da escola e com os resultados esperados
por ela. Estes resultados estão previstos no PDE e são detalhados no plano individual de
trabalho de cada professor e de cada funcionário.
Dessa forma, o plano anual de trabalho deve incorporar tanto as metas da escola quanto as
metas de autosuperação e de desenvolvimento pessoas e profissional de cada professor e
também dos funcionários
O plano deve conter o projeto de trabalho do professor e inclui tanto os cursos que ele vai
ministrar quanto metas de desempenho dos alunos, planos para lidar com problemas de
recuperação, além das contribuições que poderá dar a outras atividades curriculares e
extracurriculares da escola. Desta forma, a escola assegura a integração das atividades de
todos entre si e com os objetivos gerais da escola. Inclui, também, o plano de
desenvolvimento pessoal do professor – onde podem ser previstas inclusive, atividades de
capacitação formal.
O plano anual de trabalho é uma consequência direta do PDE e estabelece as metas para a
escola e as metas para o indivíduo.
Primeiro Passo
Segundo Passo
O segundo passo consiste na convocação que o diretor faz aos professores e funcionários
para o novo ano de trabalho. Normalmente, essa convocação deve ser feita bem antes do
inicio do ano letivo, preferencialmente meses antes, para que tenha tempo para planejar as
atividades para o seguinte ano. Cada diretor tem seu estilo e sua maneira de liderar e
convocar seus colaboradores – não há fórmulas únicas mágicas. O essencial é enfatizar as
prioridades da escola e convocar os professores para aquele aspecto que devam merecer
sua atenção e colaboração especial. Tudo isso deve estar contido no PDE. Nessa
convocação, o diretor também distribui o formulário que o professor deve utilizar para
preparar-se para a reunião com a diretoria. O diretor também deve apresentar regras gerais,
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perspectivas e limitações referentes aos planos de desenvolvimento e capacitação, em
função dos orçamentos e de outras diretrizes da escola.
Terceiro Passo
O diretor se prepara para reunir-se com cada professor. Para tanto consulta o PDE e o
respectivo plano de trabalho anterior do professor, o resultado da escola, as informações
recebidas de alunos e pais, e outros professores e dirigentes e, os resultados obtidos pelo
próprio professor. È o momento de fazer análise das deficiências eventuais do professor, de
seu potencial e suas possíveis contribuições adicionais para o trabalho da escola.
Depois de formar a sua opinião, o diretor preenche suas anotações e assuntos que queira
discutir com o professor. Normalmente, esta reunião se faz a cada semestre. A avaliação do
primeiro semestre deve se concentrar nas atividades do período e a do final do ano em
resultados mais abrangentes.
Para a reunião com o diretor, o professor já deve ter elaborado seu plano de curso, que deve
ser consistente com a proposta pedagógica da escola. Quando for o casso, esse plano deve
ser aprovado previamente pelo colegiado de professores ou pelo orientador pedagógico ou
vice-diretor acadêmico.
O professor também resume a evidência sobre as atividades que realizou no ano anterior, os
progressos que fez os sucessos de seus alunos e outros resultados da escola para os quais
contribuiu.
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• Melhorar o desempenho em atividades que o professor crê que poderia fazer melhor;
Ao critério do diretor, essa reunião pode ser desdobrada em duas outras. Uma para
avaliação de desempenho e exploração de ideias e atividades; outra para discutir apenas o
plano de trabalho apresentado pelo professor.
• Avaliação do desempenho;
• Carga horária;
Uma vez acertados os compromissos, o diretor e o professor assinam o plano, que deverá
ser revisto e ajustado no final do semestre.
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U NIDADE 26
Objetivo: Desenvolver a habilidade em realizar avaliações compatíveis com a função de
gestor, para que haja um melhor desempenho dos profissionais dentro do contexto escolar.
A avaliação está intimamente ligada ao plano de trabalho, mas prevê espaço para outras
contribuições do professor, deixando sempre aberta a possibilidade de autosuperação. Os
planos e compromissos são indicadores, mas o professor e os funcionários podem sempre ir
além. A avaliação deve incorporar não apenas informações do professor e os resultados
objetivos dos alunos, mas as opiniões de outros, incluindo alunos e pais. Eventualmente,
podem ser incorporados outros segmentos da comunidade escolar, como colegas e
funcionários.
Devemos levar em conta nas avaliações os planos iniciais firmados pelo professor com a
escola. O seu plano de trabalho e a sua objetividade e em consequência o resultado. O uso
de sua criatividade na aplicação dos conteúdos e o despertar para vivências sociais e a
prática da ética e da cidadania em suas aulas, sejam elas de que matéria for, auxiliam na
construção de uma pessoa mais equilibrada e completa – que é assim o objetivo da escola.
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As atividades de interdisciplinaridade e os projetos lançados para a aprendizagem dos
alunos devem sempre ter mais de um objetivo além daquele a que se espera – construir seu
conhecimento específico. Temos que aproveitar este plano de globalização ao qual somos
expostos, para criarmos uma visão mais completa das pessoas e da sociedade, através das
nossas ações. As nossas propostas educacionais devem sair das letras, das frases e devem
exemplificar com ações e atitudes. Nossas atitudes, nosso comportamento - afinal somos
educadores.
A avaliação profissional não deve ser de cunho político e sim de análise objetiva, dentro do
que se havia sido proposto no início da elaboração do mesmo. Quando há falhas, compete
ao professor corrigi-las e adaptar-se ao ambiente ao qual presta seu trabalho. Todos os
momentos de participação do professor devem ser cuidadosamente analisados juntamente
com ele. A postura frente à metodologia da escola, o relacionamento com os demais
professores e o relacionamento com seus alunos. A postura frente às novas tecnologias e o
uso dos computadores suas aulas (quando houver na escola laboratórios de informática). O
desempenho desta produção frente aos alunos e a motivação para tal tarefa.
Mesmo sabendo que os professores são livres para realizarem o que querem, fora da escola,
temos sempre que ponderar sua linguagem – aquela que traz para sua aula, e a sua postura
frente a caráter e integridade – participação social e ações comunitárias servem de bons
exemplos aos seus alunos.
“O Professor é sempre professor. Sua postura ao jogar um simples papel de bala fora de
um cesto de lixo determina sua postura frente ao que ensina a seus alunos. O professor é
educador em todos os momentos e, talvez o seja mais ainda quando não há ninguém
olhando para suas atitudes – somente ele próprio.”
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Plano Anual De Trabalho Do Funcionário
No caso dos funcionários as metas devem incluir tanto atividades rotineiras quanto itens
referentes à melhoria do desempenho, das condições de trabalho e outras contribuições do
funcionário para a missão da escola. Cada funcionário deve discutir seu plano com seu
supervisor imediato – que será responsável pelo acompanhamento dos resultados e sua
integração face aos objetivos e metas do PDE.
Tanto no caso de dirigentes e técnicos quanto no caso de funcionários, a ênfase deve estar
na definição de metas e resultados – não em elencar atividades e responsabilidades. Ou
seja: a ênfase do plano deve estar nos fins e na sua contribuição para as metas da escola, e
não nos meios que serão empregados.
As avaliações dos funcionários devem ser realizadas sobre a proposta inicial do ano letivo –
os objetivos e o cumprimento de cada um deles, o porquê das possíveis falhas e as
correções que se devem fazer para a próxima etapa.
Devemos analisar juntamente com o funcionário a sua frequência, suas possíveis faltas e a
causa delas. O ajuste com toda equipe também deve ser levado em consideração. A
participação de todos os funcionários em todas as etapas e desenvolvimento dos
procedimentos escolares é fundamental para o bom desempenho dos projetos educacionais.
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U NIDADE 27
Objetivo: Conhecer as formas mais eficazes de elaboração de uma proposta pedagógica,
bem como acompanhar o seu desenvolver durante todo o processo.
A proposta pedagógica é parte do PDE. Há diversas formas de elaborar esta proposta. Seja
qual for a forma ela deve responder às seguintes perguntas:
Antigamente, era tudo mais simples. Numa visão não muito distante da realidade tínhamos o
seguinte cenário:
• A escola recebia ou não o “currículo” oficial – uma lista de tópicos a ser ensinadas em
cada série;
• A escola adotava (ou não) livros didáticos, geralmente escolhidos pelos professores e
poderiam coincidir ou não com o currículo;
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Resultado: os mais variados. Como sempre, nas escolas eficazes os alunos aprendiam, nas
demais escolas – que era a maioria, os alunos continuavam sem aprender ou aprendendo
muito pouco. Não havia avaliação nem responsabilização pelos resultados.
A elaboração de um PDE e de uma proposta pedagógica tem como objetivo último permitir
que cada escola seja uma escola eficaz. Da mesma forma que a elaboração do PDE exige
que a escola faça uma reflexão sobre si mesma, sobre seus alunos, sobre seus resultados,
sobre suas metas e sua visão, a elaboração da proposta pedagógica exige da escola uma
reflexão imediata quanto ao ensino: o que ensinar, por que ensinar essas coisas, como
avalia.
Para que a proposta funcione, é preciso que todos a entendam e colaborem na sua
aplicação. Os pais, de modo particular, são peça essencial nesta implementação;
A proposta inclui muitos aspectos que transcendem o ensino formal e a sala de aula e,
consequentemente, dependem da participação e colaboração, inclusive de membros da
comunidade extraescolar, como voluntários e parceiros.
Uma elaboração de uma proposta pedagógica bem fundamentada requer uma grande
variedade de conhecimentos dos profissionais do ensino. Portanto a proposta tem que ser
vista como um processo de aprendizagem. Assim é em que a escola vai progredindo a cada
dia, na medida em que eleva a qualidade do pessoal que nela trabalha e na medida em que
vai aprendendo a refletir sobre sua própria experiência na elaboração e utilização da
proposta pedagógica.
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Para elaborar adequadamente uma proposta pedagógica, a escola precisa reunir e saber
utilizar conhecimentos a respeito de:
Na atual conjuntura das escolas brasileiras, esses desafios quase sempre se referem a
questões de alfabetização e repetência, associadas a deficiências no ensino dos conteúdos e
habilidades básicas da Língua Portuguesa, Matemática e Ciências.
Por esta razão apresento algumas etapas para elaboração de uma primeira proposta
pedagógica, concebida de forma bastante simplificada. As escolas que possuem pessoal
capacitado e maior experiência poderão desenvolver propostas bem mais elaboradas do que
as que sugiro – se isto for considerado necessário ou adequado.
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U NIDADE 28
Objetivo: Apropriar das orientações para elaboração de uma proposta pedagógica compatível
com a gestão exercida.
• Orientações gerais – Um resumo das principais diretrizes que a escola tem que seguir
ou que servem de orientação. Aqui se incluem diretrizes legais (LDB, leis estaduais,
diretrizes da Secretaria de Educação ou de conselhos de educação). Incluem-se
também o PDE e o regimento escolar. Desse resumo devem sair as definições sobre
a finalidade da educação da escola.
• Organização curricular – A escola define como vai organizar o ensino, dentro de cada
nível (pré-escolar, fundamental, médio): PR séries, ciclos ou outra forma de
organização. Para cada série ou ciclo serão definidas as disciplinas ou áreas de
estudo, os conteúdos e objetivos a serem alcançados em cada ano.
• Avaliação do rendimento escolar dos alunos – como será feita por que, periodicidade;
• Referências obrigatórias – Uma proposta bem elaborada deve conter, pelo menos,
dois importantes anexos:
• O Calendário Escolar;
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• A grade curricular.
Fora da escola – Nenhuma escola funciona isolada do mundo. A escola é parte de uma
sociedade e a sociedade possui expectativas e leis a respeito da educação e do
funcionamento da escola. No caso da educação, a Constituição Federal, a LDB – Lei de
Diretrizes e Bases e outras leis e normas constituem parte dessas expectativas. Como por
exemplo, as propostas de parâmetros curriculares nacionais. As propostas de avaliação
externas do MEC (SAEB) ou das próprias secretarias de educação também contêm
definições bastante precisas sobre o que se espera dos alunos ao final de determinadas
etapas da escolarização.
Dentro da Escola – A Escola também vive dentro de uma comunidade local. Para elaborar
sua proposta, precisa conhecer e refletir a respeito da realidade que a cerca, da sua cultura,
de seus valores e de suas expectativas, inclusive para definir em que medida a escola irá
reforçar ou se contrapor a práticas, hábitos e tradições dessa comunidade. A elaboração do
PDE deve servir para explicitar essas questões. O regimento da escola, por sua vez, deve
incorporar as diretrizes gerais da Secretaria e do sistema de educação, ao qual a escola está
vinculada. Nele estão contidas várias definições relevantes para a proposta pedagógica,
sobretudo no que diz respeito à organização acadêmica da escola e aos mecanismos de
avaliação.
Como resultado desta etapa, a escola terá em seu poder diversas sugestões e orientações
sobre as formas de organização de suas atividades, dos objetivos do ensino e dos conteúdos
que poderá ou deverá desenvolver. Algumas dessas diretrizes são obrigatórias, outras
dependem unicamente da escola.
Quanto mais preparada a equipe da escola, mais condições terá de analisar criticamente a
legislação e os documentos,. Os PCNs, por exemplo, se constituem numa referência, não em
algo obrigatório. Foram elaborados dentro de determinadas circunstâncias, por determinado
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grupo de pessoas, seguindo uma determinada orientação. Portanto, devem ser usadas de
forma crítica e seletiva, e não como um livro de receita ou copiados.
Nesta etapa a escola define como vai organizar o ensino, dentro de cada nível (pré-escolar
ou infantil, fundamental, médio): se por série ou por ciclos ou outra forma de organização da
enturmação. Com base no que estabelece o regimento interno, definirá, ainda como a escola
vai lidar com:
• Alunos defasados;
• Recuperação de alunos.
Outras estratégias devem ser também definidas para correção do fluxo escolar como classes
de aceleração, ou cursos para jovens e adultos.
Para cada série ou ciclo, definirá as disciplinas ou áreas de estudo, os conteúdos e objetivos
a serem alcançados em cada ano. Para cada “etapa” - seja ela série, ciclos ou classe
especial – é necessário definir o programa de ensino. Há diversas formas de definir
programas, competências, objetivos, conteúdos, habilidades – de acordo com a orientação
pedagógica adotada pela escola. Existem também “taxonomias” que sugerem, de formas
mais ou menos rigorosa, um padrão formal para a apresentação dos objetivos do programa
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Um exemplo de taxonomia
(Coll, 1996)
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U NIDADE 29
Objetivo: Apropriar das orientações para elaboração de uma proposta pedagógica compatível
com a gestão exercida.
Qualquer que seja a orientação teórica adotada pela escola, o programa de ensino deve
obedecer alguns princípios básicos. Os mais importantes são
A rigor, alguns aspectos discutidos abaixo devem ser discutidos e desenvolvidos antes da
elaboração da proposta curricular. Na pratica, no entanto, as escolas normalmente partem de
uma proposta mais concreta – pré-existente enviada pela Secretaria ou inspirada em outras
escolas - a partir da qual elaboram suas próprias concepções e ajustes.
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apresentando ou utilizando uma determinada proposta. Quanto mais autonomia intelectual e
técnica tiverem a escola, mais ela será capaz de definir, por si só a sua proposta.
“O currículo tem que ser entendido como aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de
aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai
fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, as formas como a vida
interna das salas de aula e os conteúdos se vinculam com o mundo exterior. As relações
grupais, o uso e aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc.”
(Sacristán – 1996)
“Currículo é o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma
ordem de progressão determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é
um programa de estudos ou um programa de formação, mas considerado em sua
globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade temporal, isto é de acordo
com a organização seqüencial das situações e das atividades de aprendizagem às quais dá
lugar.
(Forquin - 1996)
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Frequentemente se fala em currículo formal – prescrito, o currículo real – que acontece na
sala de aula de forma explícita, e currículo oculto – as mensagens, valores e normas
efetivamente praticadas dentro e fora da sala de aula. Podemos citar ainda o currículo
efetivo, que é o que efetivamente o aluno incorpora aos seus conhecimentos e a sua
educação.
Avaliação do desempenho escolar dos alunos – para fins de melhoria de ensino e para a
certificação de competências e eventual promoção ou reenturmação do aluno.
• A natureza e os tipos de avaliação que serão feitos durante o decorrer de cada ano
letivo, série e ou/ciclos. Incluir aqui as avaliações coletivas e individuais do rendimento
acadêmico e de outros resultados dos alunos.
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• Os usos que serão feitos dos resultados dessa avaliação. O uso mais importante é
para diagnosticar os progressos e as lacunas do desenvolvimento do aluno em
relação ao programa proposto pela escola;
• Os instrumentos que os pais terão que comparar aos resultados da escola com os
seus objetivos e com os resultados de outras escolas.
Toda a ação da escola pode ser avaliada. Como é impossível avaliar tudo, sempre e na
forma adequada, a proposta pedagógica deve estabelecer prioridades para o que será
avaliado. Algumas avaliações devem ser anuais, como por exemplo, a avaliação do
desempenho de cada professor e funcionários, conforme previsto no seu plano anual de
trabalho. Os métodos e instrumentos de avaliação devem ser cuidadosamente escolhidos
para atender os objetivos propostos na proposta pedagógica.
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U NIDADE 30
Objetivo: Comprometer-se com a objetividade das reuniões para que se possa administrar
uma equipe eficiente e eficaz dentro do contexto educacional.
Reuniões Eficazes
Quem organiza e convoca a reunião é responsável pela seleção dos temas que serão
discutidos e, se não há assuntos que justifiquem a convocação é preferível promover o
encontro em outra oportunidade.
• Defina com clareza os temas e objetivos que irão compor a pauta da reunião,
organizando-os por ordem de importância;
• Comunique previamente aos participantes, de preferência por escrito data, hora e local
da reunião.
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Para agilizar os trabalhos, é importante que todos estejam bem informados sobre os
assuntos em pauta, sobre o tempo dedicado à discussão de cada tema e sobre os objetivos
que pretendem atingir.
As reuniões orientadas por um líder, que irá conduzi-las, devem ser objetivas, produtivas e
quase sempre satisfatórias para a maioria dos participantes. O líder é aquele que conhece
bem as pessoas e procura atender às suas necessidades, reunindo-as sempre que possível,
num horário que satisfaça a maioria e num espaço adequado – nem amplo, se o grupo for
pequeno, nem muito reduzido, se dezenas de pessoas vão participar.
Abrindo O Encontro
Toda reunião, bem mais do que uma simples troca de ideias, é também um espaço onde se
manifestam emoções e sentimentos, muitas vezes contraditórios.
Cabe a quem conduz a reunião, a tarefa de superar tais contradições atrair os participantes
para um terreno comum, onde o entendimento se torne possível e produtivo.
• Abra sempre a reunião com uma atividade rápida e simples, que contribua para
desfazer tensões e desarmar atitudes negativas;
• Se for o caso apresentar as decisões tomadas na reunião anterior, deixando claro que
as pessoas estão participando de um processo que tem continuidade e busca de
resultados concretos.
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• Para funcionar bem as reuniões devem ter suas próprias regras. Em alguns casos,
algumas regras devem ser estabelecidas pelo grupo e outras propostas por quem
convocou a reunião.
• Regras simples – quem fala e durante quanto tempo, em que ordem e como serão
estabelecidas e aprovadas as decisões.
Cabe ao líder:
• Conter os excessos dos que falam muito, lembrando que o tempo é curto e que os
outros desejam se manifestar;
O coordenador da reunião precisa estar sempre atento para evitar discussões paralelas,
exposições muito longas e o uso de linguagem difícil de ser compreendida pelo grupo. Estas
questões quase sempre trazem desinteresse dos participantes e cansaço tirando a
objetividade da reunião.
Em vez de se aborrecer com quem está conversando paralelamente, deve-se criar uma
intervenção oportuna e adequada para reconquistar o interesse e até mesmo relaxar as
tensões, de momentos difíceis da reunião. Deve-se sempre voltar ao debate inicial para que
não se perca a objetividade da reunião.
As reuniões devem sempre ser esclarecedoras e contribuir para que a maioria saia satisfeita
e que os objetivos sejam alcançados.
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O intercâmbio permanente de informações – em um clima de respeito mútuo – entre a
escola, o professor, diretor, os pais e os servidores é a primeira condição para que qualquer
reunião seja produtiva, eficaz e para que os participantes se motivem a voltar, sempre que
necessário.
Antes de dar início à sua Prova Online é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.
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G LOSSÁRIO
Tutela – autoridade concedida por lei para velar a pessoa e bens de um menor ou de um
interdito.
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B IBLIOGRAFIA
http://www.novavisaosocial.com.br/missao
http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc
Gurgel – Paulo Roberto Holanda – Ditos sobre a evasão escolar – MEC Projeto Nordeste.
Oliveira – João Batista Araujo – A Pedagogia do Sucesso; uma estratégia política para
corrigir o fluxo escolar e vencer a repetência.
WWW.fundescola.or.br
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