Ibet Módulo TSJ Seminario 3 - Passei Direto
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1 – Que são fontes do “Direito”? Qual a utilidade do estudo das fontes do direito
tributário?
De acordo com Paulo de Barros Carvalho, “Fontes do Direito” são “focos ejetores de
regras jurídicas” (In: Curso de direito tributário, 19ª ed, 2007, p. 47), ou, em termos
mais simples, são fatos jurídicos criadores de regras jurídicas.
Com isso, quis dizer o renomado jurista que fontes do direito são precisamente os fatos
jurídicos (fatos sociais juridicamente qualificados por regras do sistema jurídico)
praticados por pessoas/órgãos competentes (criados e assim definidos também por
regras do ordenamento jurídico) aos quais se atribui a aptidão de ejetar normas no
sistema jurídico.
Esses fatos são atos de enunciação (daí a expressão “fato - enunciação”), que consistem
na linguagem do procedimento produtor de enunciados ou, simplesmente, os atos (ou
conjunto de atos de comunicação) de cujos resultados são os enunciados.
Os enunciados, por sua vez, são os suportes físicos, as expressões materiais de signos
nas quais se consubstancia a mensagem expedida pelo sujeito emissor no contexto da
comunicação. No caso particular da dogmática jurídica, os enunciados são, portanto, as
regras insertas no sistema.
Dessas alegações, é possível constatar que, para que haja fonte do direito, é
imprescindível que haja: (i) órgãos/pessoas qua lificadas por regras do sistema jurídico
para ejetar regras no ordenamento jurídico; (ii) atuação dessas pessoas/órgãos conforme
as regras introdutoras – ou seja, a observância do fato social juridicamente qualificado
por regras jurídicas introdutoras.
E, pelo acima dito, vê-se que discordo de Tárek Moysés Moussallem, quando afirma
que o fato-enunciação não é um fato jurídico (in: Fontes do direito tributário, 2ª ed.,
2006, p. 139).
Carvalho (in: Direito tributário, linguagem e método, 3ª ed, 2009, pp. 414-416) no
sentido de que um fato social só pode figurar como fonte de direito se o próprio sistema,
por meio de uma de suas regras juridicamente válidas e eficazes (temporal e
espacialmente), inserir a conotação desse fato social em um antecedente normat ivo
contido no próprio sistema.
Por fim, vale destacar que a importância de se estudar as fontes do direito tributário, a
meu ver, consiste em compreender a maneira como uma norma jurídica é inserta no
sistema, como esse procedimento de inserção deve ocorrer, qual a forma que deve
assumir o enunciado no âmbito do ordenamento jurídico, para que seja válido e eficaz.
É também pelo estudo das fontes do direito tributário que se compreende o porquê da
diferença hierárquica entre as normas do sistema (na medida em que ela decorre da
diferença hierárquica das fontes do direito). E isso tudo é de extrema utilidade, do ponto
de vista da praxis (valendo- me da expressão de origem marxista segundo a qual a praxis
é a síntese da conjugação da prática com a teoria) jurídica.
O costume é um fato social. Do ponto de vista da dogmática jurídica, para que passe a
ser um fato-jurídico-enunciação (termo por mim cunhado, diante das colocações feitas
na resposta da primeira questão), é imperioso que o próprio sistema jurídico positivo lhe
atribua esta qualidade, inserindo-o no antecedente normativo. Assim, o costume só será
fonte do direito (aqui entendido como sistema jurídico positivo) se e quando o próprio
sistema lhe atribuir tal atributo.
Isso não quer dizer, entretanto, que a jurisprudência não seja fonte do direito, do ponto
de vista da psicologia jurídica. Afinal, é inegável que influi no na psiquê dos
aplicadores do direito.
Impresso por Marco Antônio, CPF 027.159.181-19 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/05/2020 15:35:21
Sob ótica dogmática, a doutrina certamente não é fonte do direito positivo, visto que
não têm o condão de enunciados jurídicos prescritivos. Tampouco é o próprio direito.
Nada obstante, penso que, da mesma forma que ocorre com jurisprudência, sob o
enfoque da psicologia jurídica, ela é inegavelmente fonte de direito, pois também influi
na psiquê dos aplicadores do direito.
3 – Que posição ocupa, no sistema jurídico, norma inserido por lei comple mentar
que dispõe sobre matéria de lei ordinária? Para sua revogação é necessária norma
veiculada por lei complementar? (vide anexos I e II).
Por sua vez, a Lei Ordinária é fruto de processo legislativo de quorum simples, nos
termos dos mesmos artigos já citados, traduz-se no item mais comum do procedimento
legislativo para inserir no sistema normas gerais e abstratas.
Isso posto, observa-se que em alguns casos a lei complementar aparece como
hierarquicamente superior à lei ordinária, como por exemplo, quando lhe serve de
fundamento jurídico. Já quando ambas fundamentam-se diretamente do texto
constitucional, não há que se falar em hierarquia.
Havendo hierarquia, pode ser de dois tipos: (a) matéria: quando a lei introduzida por lei
ordinária fundamenta-se em matéria inserida por lei complementar; e (b) formal:
quando a lei ordinária fundamenta-se em prescrições veiculadas por lei complementar.
Haja vista que tanto a exposição de motivos, quanto o preâmbulo da Constituição são
textos cunhados no seio de um processo enunciativo jurídico, entendo que integram o
sistema jurídico, integrando, portanto, o direito positivo.
Já as fontes formais são os elementos que atribuem forma a conjugação entre fato e
valor, exteriorizando o tratamento dado a eles pela sociedade por um instrumento
normativo. São, portanto, as fórmulas que a ordem jurídica estipula para introduzir
regras no sistema (veículos introdutores de normas). Assim, quanto à Constituição
Federal, à Emenda 42/03 e à Lei 10.865/04.
Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica
instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa
jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem
como, aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia,
firmados com residentes ou domiciliados no exterior.
§ 1o-A. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela
licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de
computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia.
(Incluído pela Lei nº. 11452, de 2007)
§ 4o A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). (Redação da pela Lei
10332, de 19.12.2001)
(...)
Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos fatos
geradores ocorridos a partir de 1o de janeiro de 2001.
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não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 04/05/2020 15:35:21
(ii) A enunciação enunciada são as marcas que indicam o tempo, espaço e pessoa, alem
daquela que indica qual o veículo utilizado. Portanto, no presente texto de lei são os
seguintes trechos:
(vii) O sujeito competente, pelo procedimento adotado, são dois, verificados na seguinte
passagem:
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:”;
Acredito que estes enunciados passam a fazer sim parte integrante da Lei n.º 10.168/00,
eis que mesmo introduzidos através de outros veículos normativos passam a estar
totalmente vinculados a esta Lei. Caso a Lei 10.168/00 venha a ser revogada, entendo
que tais enunciados também estarão revogados, eis que mesmo inseridos por veiculo
normativo distinto ao primeiro veiculo estão anexados não podendo ser dissociados.