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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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Sumário
Ano. 26 - Setembro / 2019 - Nº 297

Foto: Divulgação
Amplificador Borne MOB T30 20
Totalmente transistorizado, bivolt e montado obedecendo aos avançados princípios
de perfil dos amplificadores classe D, o Mob T30 é versátil, prá tico e moderno.

NESTA EDIÇÃO

22 16 Por Aí
Gustavo Victorino traz as notícias
mais quentes do mercado

“ SemanÁudio
reuniu alguns
dos maiores
profissionais do
áudio em
Salvador em
quatro dias de
imersão com o
tema Lazer,
08 Vitrine áudio
O Power Click DB 05 é um
amplificador de áudio
acoplado a um mixer de dois
canais. O seu sistema é
monofônico, isto é: os dois
sons são, automaticamente,
mixados para os dois lados
do headphone. Veja ainda:
PowerClick MC01, MGA
IC2 e splitter MGA AS212.
18 Preview Xtreme Ears
O fone in-ear brasileiro híbrido
Xtreme Hybrid pretende unir a
precisão dos drivers de armadura
Conviver e balanceada e a naturalidade dos
receptores dinâmicos
Aprender 12 Rápidas e Rasteiras
Entre os destaques, o
trabalho solo de Luiz Carlos Sá,
48 Vida de Artista
a entrevista de Chris Fuscaldo, Luiz Carlos Sá fala sobre os
os 30 anos de Racionais e os tempos heróicos do rock rural
25 anos do IAV. pelos interiores do Brasil
Edição 297 - Setembro 2019

Foto: Divulgação
Expediente
Diretor
Nelson Cardoso
nelson@backstage.com.br
Gerente administrativa
Stella Walliter
stella@backstage.com.br
Financeiro
adm@backstage.com.br
Coordenador de conteúdo
Miguel Sá
redacao@backstage.com.br
Revisão
Miguel Sá
Colunistas:
Cezar Galhart, Gustavo Victorino e
Luiz Carlos Sá
Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais

38
Leonardo C. Costa
Artigo de Joel Brito: Terraplanismo no áudio? arte@backstage.com.br
Antigamente era um equalizador gráfico e um divisor de Capa
Arte: Leonardo C. Costa
frequências para cada lado de PA. Hoje estamos caminhando Foto: Nelson Cardoso
rapidamente para termos processamento individual de caixas e, Publicidade / Anúncios
até, de transdutores. PABX: (21) 3627-7945
arte@backstage.com.br

ILUMINAÇÃO Webdesigner / Multimídia


Leonardo C. Costa
multimidia@backstage.com.br
Assinaturas
Maristella Alves
PABX: (21) 3627-7945
10 Vitrine iluminação assinaturas@backstage.com.br
Coordenador de Circulação
Ernani Matos
O Moving head Cameo Opus ernani@backstage.com.br
SP5 é projetado para ilumina- Assistente de Circulação
Adilson Santiago
ção de precisão, possuindo Crítica
uma grande variedade de broncalivre@backstage.com.br
efeitos.O produto é equipado Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon
com lampada LED branca de Serviços de Marketing Ltda.
Rua Iriquitiá, 392 - Taquara -
500 W. Veja também: King Jacarepaguá
Pixel Bar; Cameo Zenit B60 e Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150
Tel./fax: (21) 3627-7945 / 2440-4549
talha de 200 KG PL200. CNPJ. 29.418.852/0001-85
Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É
permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada
cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos
anúncios veiculados.

42 Iluminação Cênica
Cezar Galhart fa uma
homenagem a André
Matos, grande nome do
heavy metal brasileiro
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

SemanÁudio:
o evento e as
pessoas
O Brasil é um país rico em criatividade e soluções. Na verdade, não há
problema que não traga uma solução criativa e, se de um lado, vemos
a Expomusic cancelada, por outro, um novo evento foi sendo gestado nos
últimos anos e, rapidamente, começa a atingir a maturidade: é o
6

SemanÁudio.

Na nossa matéria de capa deste mês, Fernando Maia e Tito Menezes con-
tam de que forma montaram um evento que é, ao mesmo tempo, coletivo
e individual; trabalho e lazer; conhecimento e diversão. A reação entusi-
asmada dos maiores nomes do áudio brasileiro não deixa passar em branco
o impacto do SemanÁudio.

Em uma edição bem direcionada aos profissionais do áudio, não poderia


faltar um artigo de Joel Brito. Presidente da seção brasileira da AES duran-
te vários anos, hoje tesoureiro, o engenheiro disserta sobre áudio,
digitalização e controle dos componentes de um sistema.

Como em todas as edições, não deixaremos de saborear a coluna de


Gustavo Victorino dizendo quem é quem na música e no áudio e o texto de
Luiz Carlos Sá contando como era levar música pelo interior do Brasil no
tempo em que “tudo era mato”.

Esta é a edição de setembro da Revista Backstage, sempre acompanhando


o desenvolvimento da produção musical, do áudio e da iluminação.

Boa leitura!
Miguel Sá

facebook.com/backstage.revista
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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br

POWER CLICK MODELO DB05


http://www.powerclick.com.br
O DB 05 é um amplificador de áudio acoplado a um
mixer de dois canais. O seu sistema é monofônico,
isto é: os dois sons são, automaticamente, mi-
xados para os dois lados do headphone. Cada ca-
nal tem controles de volume, tonalidade, input e
output. Possui, também, volume master, que con-
trola os 2 sons já mixados. Os jacks de input e
output são do tipo J10 devendo, portanto, serem
usados com plugs P10, tipo guitarra. O jack de co-
nexão dos fones é J2 devendo, portanto, ser usado
plug P2 stereo.
Cada um dos dois inputs (nível LINHA, alta
impedância) do Power Click DB 05 é compatível
com instrumentos musicais com captação eletrô-
nica (guitarras, etc.),metrônomo, CD, áudio de
DVD, áudio de placas de computador, mesas de
8

som, pedais de efeitos,processadores, etc. Alguns


metrônomos não permitem amplificação de seu
som. Para que um metrônomo tenha seu som am-
plificado, é necessário que tenha saída de fones
com controle de volume. O circuito eletrônico do
Power Click é compatível com qualquer tipo de fones de ouvido , de qualquer impedância ou modelo e funciona
com bateria alcalina de 9 volts ou fonte de alimentação externa opcional.

POWER CLICK MODELO MC01


http://www.powerclick.com.br
Este é um monitor de áudio para uso com headphone,
modelo individual , para monitoração de 2 sinais de
áudio. O Power Click modelo MC 01 é indicado para
cantores e locutores que necessitem de monitorar o
áudio de sua própria voz com opção de monitorar,
também, um outro som. São 2 canais independentes
(microfone e auxiliar). Cada canal possui input e
output de áudio, controles de volume, graves, médios
e agudos. O MC 01 possui, também, controle de volu-
me master para o headphone e funciona com fonte de
alimentação que acompanha o produto. O canal de
microfone possui controles de equalização (volume,
graves, médios e agudos). O input é com conector
XLR balanceado e o output para conector P10 mono
(tipo guitarra). A conexão input do microfone é para
baixa impedância (600 ohms). A conexão output é
para alta impedância, compatível com a maioria dos
equipamentos de amplificação de áudio. O controle
de volume master não interfere no mixed out. Utilize cabo tipo guitarra (conector P10 mono). Os controles (vo-
lume master, volume do canal, graves, médios e agudos) não interferem no som dos outputs ( microfone e auxili-
ar) do MC 01. Portanto, o usuário pode alterar estes controles que não ocorre interferência em outros Power
Clicks e nem em mesas de mixagem ou PA.
MGA IC-2 UNIDADE DE CINTO
www.mgaproaudio.com.br
A unidade de cinto MGA Pro Audio IC-2
compõe um sistema de comunicação com fio
de um canal projetado para uma ampla gama
de aplicações que requerem comunicações
claras, confiáveis e fácil operação. Possibilita
a conexão de diversos aparelhos em apenas
uma via de sinal com cabos de microfone pa-
drão XLR 3 pinos conectados em cascata.
Permite que o operador fique com as mãos to-
talmente livres em uma comunicação full
duplex (ouvindo e falando ao mesmo tempo,
como em um telefone).Compatível com sis-
temas de intercomunicação com e sem fio de
diversas marcas.

SPLITTER PASSIVO MGA AS 212


www.mgaproaudio.com.br
Este equipamento foi desenvolvido para
atender sistemas de microfone TRUE
DIVERSITY. Com apenas um aparelho é
possível atender duas antenas.
Permite conectar dois microfones ou dis-
tribuidores em um par de antenas na fun-
ção splitter. Pode combinar quatro ante-
nas para duas saídas na função combiner.

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VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br

CAMEO OPUS SP5


www.cameolight.com
O Moving head Cameo Opus SP5 é projetado para ilumina-
ção de precisão, possuindo uma grande variedade de efeitos.
O produto é equipado com lampada LED branca de 500 W,
um sistema de mistura de cores CMY e correção linear de
CTO. Uma roda de cores adicional com 7 filtros dicróicos
permite alterações de cor instantâneas e feixes de cores di-
vididos. A luminária tem saída de 15.000 lm, com ilumina-
ção de 39.000 lux a uma distância de 5 metros com rápida
rotação de 540 ° e movimento de inclinação de 270 °. Equi-
pado com uma lente frontal de 130 mm, o Opus SP5 alcança
uma projeção plana e uniforme. Permitindo controle exten-
sivo de feixe, ele possui uma faixa de zoom extra larga de 6 °
a 42 °, íris contínua e um filtro de frost continuamente va-
riável que proporciona uma difusão suave semelhante a
uma wash. O Opus SP5 oferece opções de controle flexíveis
via DMX, RDM, Art-Net, sACN ou o transceptor W-DMX
incorporado. Ele tem um ABS robusto e carcaça de metal
10

com ventilador de baixa temperatura com controle de tem-


peratura, Neutrik DMX e conectores powerCON TRUE1.
A tela sensível ao toque é alimentada por bateria com seis
botões de toque adicionais para configuração offline e dois
modos de navegação de menu. A luminária vem com dois
suportes omega e cabo de alimentação.

KING PIXEL BAR


http://www.gobos.com.br/iluminacao/efei-
tos-led/1222-king-pixel-bar
O equipamento combina 12 potentes LEDs
centrais de 4 graus em tom de branco quente
com 72 TRI LEDs multi-chip RGB no fun-
do, atuando em frost. O King Pixel BAR
pode ser configurado em 4, 9, 48 ou 228 ca-
nais DMX. Além do modo DMX, o equipa-
mento trabalha nos modos master/slave e
auto com uma variada seleção de efeitos de
grande impacto visual. As conexões dispo-
níveis são XLR de 3 e 5 pinos e ETHERNET
/ ARTNET. O consumo máximo é 60W, com
tensão: bi/volt automática.
CAMEO ZENIT B60
www.cameolight.com
O ZENIT B60 é indicado para aplicações de filmes e
TV. Ele utiliza tecnologia de 16 bits para mixagem e
escurecimento de cores suaves de alta resolução e inclui
correção individual de temperatura de cor LED, além de
uma seleção de curvas de intensidade com resposta ajus-
tável. Com operação com bateria, classificação DMX e
IP65 sem fio integrada, o equipamento usa quatro LEDs
Cree de 15 W RGBW com uma vida útil de 50.000 horas
e uma potente saída de 1.900 lm para cores brilhantes e
uniformes com um alcance preciso de 11 °. Para maior
versatilidade, ele vem com dois difusores de moldagem
de luz especialmente projetados, oferecendo uma opção
de ângulos de feixe de 25 ° ou 40 °. Além dos sete mo-
dos de controle DMX, RDM e IR remoto ou manual
por meio do display do equipamento, o ZENIT B60 in-
corpora um receptor W-DMX de 2,4 GHz. A bateria de
lítio de alta capacidade da luminária proporciona um
desempenho confiável até 24 horas a partir de uma
única carga com tempo de duração ajustável. Um con-
trole inteligente calcula automaticamente o brilho, e o
sistema de gerenciamento de bateria da PAR light previ-
ne sobrecargas e descargas exaustivas para maior dura-
ção da bateria.

TALHA 200 KG - PL200


http://www.gobos.com.br/diversos/talha-eletrica/182-talha-200-
kg---pl200
Ideal para elevação de cargas de médio e pequeno porte, a talha elétri-
ca PL-200 é compacta, discreta e leve, utilizando cabo de aço no lugar
das tradicionais correntes. Com capacidade de suportar 200 kg, a PL-
200 transforma a pesada tarefa de elevar cargas em uma operação fá-
cil, rápida, silenciosa e segura. Pode ser conectada a uma tomada e
operada pelo módulo de controle. Ela utiliza 30 metros de cabo de
aço inoxidável com 5 milímetros de espessura e é fornecida com duas
algemas de segurança para engate em tubo padrão de duas polegadas.
O chassis de alta resistência e a pintura eletrostática é preta. A talha
tem duplo sistema de travamento combina a frenagem dinâmica e
mecânica, garantindo parada imediata com segurança. A talha PL-
200 possui módulo de controle manual que facilita as operações e
tem boa resistência a impactos. Vem equipada com três botões: emer-
gência, para cortar o AC, Up e Down, para subir e descer.

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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br

tro do violão e do weissenborn em

Chris Fuscaldo meu disco. As vozes, eu gravei no


home studio da cantora e composi-
tora Clara Valente, que fez minha
preparação vocal.
minha autoria, três regravações de
Foto: Divulgação

canções conhecidas e duas de par- Foi feito aos poucos ou de uma vez?
ceiros que admiro. Demorou um pouco mais do que
Juan queria por minha culpa. Eu
De que forma viabilizou? estava no processo de seleção de
Esse foi o maior presente que ga- um doutorado quando iniciamos a
nhei da vida! Estou há anos ten- pré-produção. Quando começa-
tando viabilizar o primeiro livro mos a gravar de fato, eu tinha re-
que comecei a escrever e outros pro- cém ingressado no doutorado e es-
jetos e não havia vivido nada como a tava super enrolada com outros
experiência de gravar Mundo Ficção. projetos. Também sou escritora e,
Quando o Juan propôs gravarmos, logo nesse primeiro ano, 2016, ter-
eu disse a ele que não tinha condi- minei de escrever e lancei meu pri-
A jornalista e escritora trabalhou al- ção financeira de bancar um ál- meiro livro, o Discobiografia Legio-
guns anos em algumas da maiores re- bum. Chegamos a um acordo: farí- nária. Só em 2017 foi que comecei a
dações de jornal do Rio de Janeiro an- amos troca de serviços. Por ser jor- estudar cadastramento de ISRC,
tes de se decidir pela carreira acadê- nalista, tenho capacidades como a edição e essas coisas que, hoje, é o
mica e começar a produzir livros so- de fazer releases, montar estratégi- artista independente quem faz. Em
bre música: ela escreveu as disco- as de comunicação, atacar na di- 2017, consegui começar a lançar os
briografias de duas bandas funda- vulgação, roteirizar clipes e outras. clipes. Na sequência, distribuí as
12

mentais no rock brasileiro: Mutantes Nesse embalo, uma amiga fotógra- faixas para as plataformas digitais
e Legião Urbana. Investindo também fa, a Tatynne Lauria, se animou de e o CD físico só ficou pronto re-
na carreira de cantora, Chris contou trabalhar com a gente. A diretora centemente. Sozinha, é um passo
para a a Revista Backstage sobre a de dois dos meus clipes, Ceci de cada vez.
produão e a estratégia “passo a passo” Alves, também. Parceiro em uma
de lançamento do seu álbum. das faixas (Enigma), Hyldon me au- Explique com construiu a estraté-
xiliou na hora de conseguir uma gia de divulgação
Quando decidiu gravar seu disco? masterização boa (Marcio Pombo) a Como eu estava (e estou ainda)
Tive algumas bandas, mas o jorna- um preço possível. Dessa forma, muito enrolada com o doutorado e
lismo me sugava e eu não conse- gastei com certeza menos da quar- os livros - lancei em 2018 o segun-
guia me dedicar aos shows. Como ta parte do que seria um trabalho do, Discobiografia Mutante e este
nunca me considerei uma grande como esse. ano vou para um terceiro sobre
cantora, nunca pensei em gravar Belchior - eu decidi não gastar
algo meu. No máximo, fiz um EP Como foram as gravações? energia montando banda e produ-
com uma das minhas bandas, a O produtor, arranjador e multi- zindo shows. Não tinha um públi-
ECT (Eu, Chris e Taís). Quando instrumentista argentino Juan co formado ainda. Achei que os
larguei as redações de jornal para Cardoni gravou basicamente to- clipes dialogariam melhor com as
fazer um mestrado, fiquei tão dos os instrumentos em seu home pessoas, que hoje vivem em função
inspirada que comecei a compor. studio. Só pedi socorro a Marlon das mídias sociais. Venho, então,
Ainda levei um tempo para achar Sette e Altair Martins porque pre- lançando clipes desde 2017, um
que o que tinha feito daria em mú- cisei de trombone e trompete na por um, divulgando cada um deles
sica. Foi o produtor, o argentino faixa Minha Menina, Não e isso Juan para blogs, sites, jornais, revistas e
Juan Cardoni, que desembarcou no não sabia fazer. Pedi a Juan para li- até algumas rádios que abram espa-
Rio pilhadíssimo em fazer algo por berar a instrumentação de uma, ço para mim. Estou pavimentando
aqui, quem me convenceu de que eu pois escolhi ter Guilherme Schwab a estrada devagar para que, ano que
tinha um material. Com as compo- na regravação de Muito Estranho vem, quando termino o doutora-
sições arranjadas por ele, todas porque tanto um dos autores da do, eu possa ter plateia em shows
com cara de música, achei que era música, Dalto, quando eu e ele so- que pretendo fazer.
hora de registrar. E fizemos esse ál- mos niteroienses. Eu quis prestigiar Para saber mais, acesse:
bum com 12 faixas, sendo sete de nossa cidade, além de ter um mons- http://chrisfuscaldo.com.br/
FILHO DE RINGO STARR FECHA PARCERIA COM EQUIPE DE RAP DA ROCINHA
cém-lançada Ela Vem - está presente produzir tais trabalhos. Além de Ami$h e
Foto: Divulgação

nesse momento. Há pouco tempo, Zak Same Old Sean, o coletivo conta com:
Starkey, filho de Ringo Starr e baterista Nice, VT, Nalk, Pescada, Marcelino,
do The Who, reativou o selo de reggae Rogi, Caio e MDG. De acordo com o
Trojan e resolveu fechar parceria com o cantor, ator e cineasta, essa é uma opor-
coletivo carioca Covil do Flow (estúdio tunidade perfeita para que os materiais
de música alocado na Rocinha), que que saem da favela ganhem o mundo.
O rap brasileiro acaba de passar por será o pioneiro da nova fase da empre- Com Starkey, na reativação do projeto,
uma oportunidade que pode alavan- sa no Brasil. está sua esposa, Sharna Liguz, produ-
car de forma definitiva sua presença Os brasileiros que fazem parte dele, jun- tora e cantora australiana, e a dupla Sly
no cenário internacional, e o rapper tamente com o rapper e empresário & Robbie, produzindo conteúdo inédi-
Ami$h - cantor e autor da música re- Same Old Sean,serão responsáveis por to que promete esquentar o gênero.

ALEXANDRE PIRES E O SEGUNDO VOLUME DE BAILE DO NÊGO VÉIO


Alexandre Pires lançou o segundo volume de Baile do
Foto: Divulgação

Nêgo Véio - Ao Vivo em Jurerê Internacional no dia 23 de


agosto. Versões de nomes que marcaram os anos 90
estão presentes no projeto, como Claudinho e Buchecha,
Daniel, Chitãozinho & Xororó, É o Tchan e Raça Negra,
entre outros. O DVD traz, ao todo, 19 faixas. O trabalho
traz o título do show que o cantor tem levado para todo
Brasil, em que passeia não só pela discografia do Só Pra
Contrariar, mas também por outros hits do samba, axé,
pagode, funk e sertanejo dos anos 90.

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RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br

LUIZ CARLOS SÁ SOLO E BEM ACOMPANHADO


para HDs feitas pelo engenheiro de som
Foto: Vinicius Giffoni

amigos do Roupa Nova, demonstrando


Ricardo Carvalheira, responsável por novamente a química que a banda tem
remasterizações de Nara Leão e Gilberto com as músicas de Luiz Carlos Sá, evi-
Gil, entre diversas outras, na IAI Digital, dente em versões deles para Jeito de
em São Paulo. Solo e Bem Acompanhado Viver(Sá), Me Faça Um Favor e Dona,
foi produzido por Vinicius Sá com a co- (Sá/Guarabyra).
produção de Felipe Freire e Lourival O cantor, compositor e instrumentista
Franco e estará à venda em CD depois Luiz Carlos Sá nasceu em Vila Isabel,
do lançamento digital dos três primeiros Rio de Janeiro. Começou sua carreira
singles A Ilha, Não Me Empurre a Toa e profissional em 1965, tendo suas primei-
Caçador de Mim. ras músicas gravadas por Pery Ribeiro,
Além de parcerias tradicionais, como as Luhli, Nara Leão, MPB4, Milton Banana
com Flávio Venturini, Pedrão Baldanza Trio e outros. No ano seguinte fez sua
Depois de 50 anos de carreira, com (do icônico Som Nosso de Cada Dia) e estreia nos palcos, participando do
grande parte dedicados ao trio Sá, Guarabyra, Sá traz no disco outras de pri- musical Samba Pede Passagem, do
Rodrix & Guarabyra e à dupla Sá & meira viagem, como Cada um de Nós Grupo Opinião, ao lado de Sidney
Guarabyra, o compositor e cantor Luiz Dois, com Cid Ornellas - cellista da sinfô- Miller, Paulo Thiago, Sonia Ferreira (do
Carlos Sá parte para lançar seu primeiro nica de Minas Gerias, irmão do saxofonista Quarteto em Cy), Baden Powell, Aracy
álbum sem a tradicional parceria: o Solo Nivaldo Ornelas - e Um Povo com Vida, de Almeida, Ismael Silva e outros ícones
e Bem Acompanhado. A primeira das com Mamour Ba, multi-instrumentista do samba e da MPB.
doze músicas a serem lançadas – A Ilha, senegalês radicado em Belo Horizonte, Depois de concorrer a alguns festivais,
com participação de Roberto Frejat no ex-integrante da banda Obina Shock. gravar seu primeiro single (Inaiá e Can-
14

vocal e guitarra slide – fjá está nas re- Outra parceria inédita é Eu te Via Clarean- to do Quilombo) pela RCA e ter várias
des. Nove das canções são absoluta- do, feita em 1970 com o poeta Torquato músicas incluídas em trilhas de novelas,
mente inéditas. Além de Frejat, há parti- Neto, que trabalhou com Sá nos tempos forma em 1972 com Zé Rodrix e
cipações especiais de Lucy Alves, do em que este era jornalista e editava o su- Guarabyra o trio Sá, Rodrix & Guara-
bandolinista e guitarrista baiano Ar- plemento musical do Correio da Manhã. byra – que seguiu em dupla com a saí-
mandinho - conhecido pelos trabalhos Cada participação foi escolhida de modo da de Rodrix de 1974 a 2001 –
com a Cor do Som, o trio elétrico de a ajudar a contar a história das canções. emplacando dezenas de sucessos
Dodô e Osmar e o trabalho próprio - do O critério foi chamar quem tivesse absolu- como Primeira Canção da Estrada,
Roupa Nova e dos Golden Boys. O cast ta afinidade com as músicas nas quais Hoje Ainda é Dia de Rock, Mestre
de músicos de apoio é formado pelo pri- fossem tocar. Isso fica evidente no single Jonas, Sobradinho, Espanhola, Cheiro
meiro time da MPB. de estreia, A Ilha, onde a canção parece Mineiro de Flor e Jesus Numa Moto. En-
No início dos anos 2000, Luiz Carlos Sá uma parceria de Frejat com Sá. A par- tre os maiores sucessos da dupla, al-
recebeu a proposta do produtor musi- ticipação especial de Lucy Alves em Eu te guns foram em novelas referenciais da
cal Vinícius Sá (que, apesar do mesmo Via Clareando, na voz e acordeon, traz TV brasileira, como Roque Santeiro,
sobrenome, é parente do cantor ape- todo o potencial da música à tona. Na com as músicas Roque Santeiro, Verda-
nas na música), ganhador de um bossa/choro rural Serra Mineira, Luiz des e Mentiras e Dona (esta tocada
Grammy latino e indicado a outros tan- Carlos Sá põe uma pitada de cada refe- pelo Roupa Nova), e Pantanal, que teve
tos, para fazer um disco solo. No entanto, rência sua, desde as serestas com a famí- Estrela Natureza.
a volta do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, a lia na sua Vila Isabel de origem, no Rio de Fundindo a música brasileira interiorana
partir uma apresentação no Rock in Rio, Janeiro (Sá é carioca) até a temática idíli- com influências do folk rock, Sá &
em 2001, fez com que as gravações ti- ca/rural que faz parte da história da dupla Guarabyra forjaram uma maneira de
vessem de ser interrompidas para Sá Sá & Guarabyra, tudo temperado pelo compor, tocar e cantar que a crítica es-
poder dedicar-se ao lançamento do bandolim especialíssimo de Armandinho. pecializada batizou de “rock rural”. Luiz
novo CD/DVD do trio. Vinicius guardou Em Os 10 Mandamentos do Amor (Pedrão Carlos Sá continua integrando a dupla
cuidadosamente as fitas até 2018, quan- Baldanza/ Sá), também registrada no últi- Sá & Guarabyra, que está em plena ati-
do o jornalista Miguel Sá – filho de Luiz mo disco do S,R&G, “Amanhã” (2009), o vidade e lançou o álbum Cinamomo em
Carlos Sá – refez a ponte entre eles e magistral coro feito pelos Golden Boys dezembro de 2018. A dupla atua fazen-
deu-se a partida às necessárias grava- remete à referencia dos spirituals. do shows próprios e também no Encon-
ções adicionais e mixagem, pilotadas O clássico da MPB Caçador de Mim tro Marcado, no qual tocam com Flávio
por Flavio Senna – também ganhador (Sergio Magrão/ Sá), que ganhou o mun- Venturini e a banda 14 Bis. Sá tem uma
de diversos Grammy latinos - nos estúdi- do na voz de Milton Nascimento (a ponto coluna mensal de crônicas na Revista
os da Cia. dos Técnicos, no Rio. Isto de- de muitos acharem que a música é dele e Backstage na qual conta passagens so-
pois de meticulosa transcrição das fitas de Fernando Brant) foi gravado com os bre a carreira e a vida.
30 anos de Racionais ROBERTA SÁ
APRESENTA GIRO,
SHOW DO MAIS
Foto: Klaus Mitteldorf / Divulgação

RECENTE TRABALHO
Roberta Sá está

Foto: Alice Venturi


em turnê com o
show que deriva
de Giro (Rosa Pro-
duções/Deck), seu
mais recente ál-
bum, reunindo
repertório com-
posto por Gilber-
to Gil e parceiros.
A cantora se apre-
sentou no dia 30 de agosto, às 21h,
no palco do Sesc Quitandinha. Tudo
começou nos encontros em torno da
mesa farta dos almoços de domingo
do saudoso amigo e jornalista Jorge
Bastos Moreno, no final de 2016.
Nesse ambiente, Roberta teve a
ideia de gravar um projeto só com
canções do compositor baiano.
Pouco depois, Gil a presenteou com
a inédita Giro, já composta para o
novo disco. O segundo presente foi
Afogamento, parceria de Gil e Jorge
Bastos Moreno (a gravação em dueto
com Gil foi lançada em 2018, no ál-
O maior grupo de rap do país cele- o Credicard Hall em São Paulo em bum Ok Ok Ok, do baiano). Bem Gil
bra 30 anos de carreira com a novembro de 2018, com banda. assina a produção de Giro e cuidou
turnê Racionais 3 Décadas – Tour O Racionais MC’s surgiu no final de arregimentar o time de músicos.
2019 que passará pelas principais ci- da década de 80. Desde o começo, o A pedido de Roberta, Gil retomou a
dades brasileiras. A turnê começou parceria com Jorge Ben Jor depois
grupo sempre teve a preocupação em
de mais de 40 anos: juntos os dois
em Florianópolis, dia 20 de julho, transmitir por meio de suas músicas assinam Ela diz que me ama, primei-
na Arena Petry; e seguiu para Bra- alguns dos problemas na vida de jo- ro single do álbum que contou com
sília, dia 3 de agosto, no Ginásio vens negros e pobres de periferias a participação de Ben Jor nos vo-
Nilson Nelson, e Curitiba, dia 17 de brasileiras, como o racismo, o crime cais, em estúdio, e no vídeo clipe di-
agosto, no Live Curitiba. Também e a violência, e ajudar na luta contra rigido por Andrucha Waddington.
há shows no Rio de Janeiro, Belo a discriminação e pelos direitos Fogo de Palha também já ganhou
Horizonte, Recife e São Paulo, o vídeo clipe, editado a partir de ima-
iguais. Ao todo são seis álbuns gra-
gens feitas na gravação do álbum,
qual já tem o ingressos esgotados vados pelo grupo, que já recebeu en- com Roberta, Gil e os músicos.
mesmo sendo em outubro. tre outros, o Prêmio VMB 2012, A direção do show é de Gabriela
O setlist dos shows faz um retros- com o Melhor Clipe do Ano, com a Gastal e o cenário de Valéria Costa,
pecto da carreira do Racionais tra- música Mil Faces de um Homem Leal, mesma dupla por trás do show Delí-
zendo músicas de todos os discos e também o Prêmio Multishow rio. O desenho da luz é de Ivan Mar-
do grupo, desde Tempos Difíceis e 2014, na categoria Melhor Turnê do ques e Gabriel Marques e a direção
Pânico na Zona Sul, passando por de movimento de Marcia Rubin. Fi-
Ano, com a Turnê 25 anos. O prêmio
gurino de Helô Rocha – Atelier Le Lis
Voz Ativa, Homem na Estrada, Capí- mais recente conquistado pela ban- e styling Rogério S. A banda que
tulo 4 Versículo 3, Negro Drama, en- da foi o prêmio APCA de melhor acompanha Roberta é formada por
tre outras composições mais re- show do ano de 2018, com a apre- Pedro Sá (guitarra), Pedro Dantas
centes. Os shows são nos moldes sentação de 29 anos de carreira, fei- (baixo), Marcelo Costa (bateria) e
da elogiada apresentação que lotou ta no Credicard Hall. Thiago Gomes (teclado).

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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

Osmar Terra e sua equipe na Festa


Nacional da Música 2019 que acon-
tece na segunda quinzena de outu-
bro em Bento Gonçalves, na serra
gaúcha. Atendendo ao convite do
jornalista Fernando Vieira, o minis-
tro ouvirá dos artistas e profissionais
ligados à música alguns pleitos volta-
dos ao interesse da categoria. Den-
tro eles o apoio da sua pasta à redu-
ção da carga tributária para os ins-
trumentos musicais.
ESPERTALHÃO
Lady Gaga se irritou e com razão ao
saber que um obscuro compositor
americano quer uma grana alegando
que a premiadíssima música Shallow
é um suposto plágio de uma canção
de sua autoria chamada Almost, de
2012. Steve Ronsen disse que uma
progressão de notas se assemelha a
MODERNA sua composição e que isso foi atesta-
Com a compra da Harman pela Samsung do por peritos. Ouvi atentamente a
o projeto de marketing da empresa música do moço e a coisa me pare-
passou por uma modernização que já ceu uma vigarice barata já que essa
traz bons números na conquista de progressão está presente em cente-
mercado. Praticamente todo o espec- nas de canções conhecidas. Trata-se
16

A enxurrada de eventos tro do áudio está coberto pelo avan- de um clichê que qualquer estudan-
çado catálogo do grupo que vai do te de harmonia funcional conhece e
e pequenas feiras que se home personal aos complexos sistemas usa com regularidade. As clássicas
profissionais de PA e sonorização baladas “Dust in the Wind”, do gru-
espalharam pelo país ambiental de grande porte. Juntas e po Kansas, e “Starway to heaven”,
ainda com o poder das marcas distri- do Led Zeppelin, tem essa progressão
provaram um fenômeno bem acentuada e nem por isso as
buídas pela Harman aliado ao gi-
curioso. Antes a gantismo da Samsung, está criado o bandas processaram o espertalhão.
maior império de áudio do planeta.
Expomusic fazia o SUCESSO EM NY
AUSÊNCIA Quem ironizou a nota dessa coluna
comércio procurar As mudanças no cast do Rock in Rio sobre a turnê dos irmãos Sandy e
importadores e continuam acontecendo e invaria- Júnior vai ter que engolir mais essa...
velmente por conta dos artistas e O show da dupla previsto para outu-
fabricantes em São suas idiossincrasias. Dessa vez foi a bro no Barclays Center, em Nova
rapper americana Cardi B que can- York, já está com quase todos os in-
Paulo. Nesses novos celou a sua apresentação por “moti- gressos vendidos. Os preços oscilam
tempos, as empresas é vos pessoais”. A direção do evento já entre 60 e 800 dólares até o fecha-
anunciou em seu lugar a cantora bri- mento dessa edição sobravam pouco
que estão indo ao tânica, Ellie Goulding. Ela vai se mais de 10% ainda à venda.
apresentar na mesma noite que
encontro dos Anitta e Drake. Pensando seriamen- VÁLVULA
comerciantes. No rastro te, bem que poderiam cancelar a A Roland sempre foi inovadora e
noite toda. apesar dos preços salgados, de vez
dessa mudança e com em quando traz novidades que cedo
MENDELI ou tarde são incorporadas pelo mer-
convites de boca livre O executivo Takao Shirahata mal saiu cado. Recentemente a empresa,
proliferando, o da Yamaha e já está de casa nova. O agora americana, lançou um produto
boa praça que já dirigiu a Roland é o que logo fará parte do catálogo de
surgimento do lojista novo CEO da Mendeli para o Brasil. outras marcas. A série de amplifica-
Distribuídos pela Equipo, os teclados dores valvulados de guitarra Blues
turista consolidou ainda da marca serão agora impulsionados Cube permite que o músico escolha
mais esse fenômeno também por um dos mais respeitados o timbre que deseja sem precisar le-
executivos do mercado. var até um técnico para fazer “modi-
de mercado em ficações” nas bias. Basta comprar da
MINISTRO própria Roland, as válvulas com o
franca expansão. Confirmada a presença do Ministro timbre que quiser. Robben Ford assi-
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

na o primeiro lote de válvulas até profissionais. Com a altera- país. Afinal, ninguém sabe o
com timbres personalizados, mas ção tributária, a estimativa é de que está por vir.
muitos estão por vir. A novidade que os instrumentos musicais
é cara, mas é prática demais possam custar de 18% a 22% CANIBALIZAÇÃO
para quem precisa de vários mais em conta nas lojas. A queda nas operações e o su-
timbres adequados a cada show. miço da maioria dos contratan-
TALENTO E VIRTUOSE tes públicos está fazendo algu-
BOCA FECHADA É sempre bom descobrir novi- mas empresas de sonorização
Falar mal do governo Bolsonaro dades surpreendentes na músi- aplicarem preços irreais. Na ân-
virou moda e acesso à vitrine ca brasileira. Em Recife, num sia de se manter trabalhando e
para muito artista pé de chine- encontro de amigos, conheci com custos fixos cada vez mais
lo. Veículos do grupo Folha um músico de encher olhos e caros por conta da tributação
(Folha de SP e UOL) e da ouvidos pela competência mu- jurássica e gananciosa vigente
Rede Globo adoram artista que sical. Conhecido no nordeste em nosso país, empresários do
faz beicinho e mimimi contra o brasileiro, o guitarrista baiano setor não encontram outra al-
presidente. O problema está no radicado em Recife, Luciano ternativa senão reduzir preços,
fato de que a jogada já cansou Magno precisa ser descoberto mesmo que isso sequer remune-
e a vaia está pegando solta. pelo Brasil. Talentoso e fiel às re minimamente o capital imo-
Quem insiste em defender a suas origens, o músico impressi- bilizado em equipamentos e
quadrilha que passou quase ona pela sua brasilidade. Sem infraestrutura logística.
duas décadas saqueando o país estigmas de guitarrista de trio
vem enfrentando resistência da elétrico, o artista viaja nos rit- PERGUNTINHA POLÊMICA
população que há muito tempo mos verde e amarelos com a Se os músicos negros dominam o
deixou de ter gurus artísticos e mesma desenvoltura com que blues, o rap e o jazz, porque os
se tornou seletiva e questio - insere complexas harmonias e recorrentes discursos contra o
nadora. Tem gente até perden- solos inspirados em clássicos de racismo na música? Esse cân-
do show por isso... jazz. Esse virtuosismo na guitar- cer da sociedade precisa e
ra faz dele uma das melhores deve ser atacado em suas ori-
RECLAMAÇÃO novidades da MPB dos últimos gens de forma séria e coerente
Alguns importadores começam tempos. Quem não conhece, para que a luta de todos seja
a receber pressão de fabricantes precisa ouvir. revestida de credibilidade. A
gringos que reclamam das mar- cada premiação aqui ou lá fora
cas próprias criadas por seus re- UMIDADE é um festival de bobagens ditas
presentantes no país. A alega- Os estados do sul do Brasil en- por artistas que se revestem de
ção é de que os produtos tiram frentam um problema que ano lacradores e querem chamar a
seu espaço no mercado. Equipa- após ano vem atormentando atenção com discursos por ve-
mentos similares e concorrentes usuários de equipamentos di- zes risíveis. Racismo na música
dentro da mesma empresa sem- gitais. Por sua complexidade e é coisa enterrada no século
pre foi encrenca e a queda de sensibilidade, esses equipa- passado e tentar manter isso
vendas vem provocando essa mentos são mais frágeis à umi- com uma indústria de discurso
cobrança. Sem royalties pelo dade que nos meses de inver- fácil só traz prejuízo a quem re-
uso marca, os “genéricos” com no infernizam os sulistas. Sa- almente luta para acabar com
os mesmos recursos custam até bendo disso, os usuários mais essa imbecilidade.
30% mais barato. E logicamente experientes protegem seus
vendem mais. equipamentos das mais varia- CUIDADO
das formas. Como nem todos Grande parte das guitarras das
OBJETIVO tem esse cuidado os problemas marcas Fender e Gibson vendidas
A ideia de uma frente parla- são inevitáveis. As placas digi- em sites de livre comércio são fal-
mentar em defesa da música tais e os alto falantes são os sificações. A constatação é de
não é nova, mas sempre bem- primeiros atingidos. especialistas que alertam para a
vinda. No entanto, os parla- proliferação dessa vigarice ainda
mentares engajados precisam MARASMO sem enfrentamento pelas autori-
de propostas claras e objetivas O ano está bem atípico na dades. A coisa é tão escancara-
para qualquer projeto que venha dança das cadeiras de marcas da que chegam a vender peças
a beneficiar a categoria. Entre as mundiais aqui no Brasil. Pouca falsificadas para que você mesmo
alternativas, a mais importante movimentação e prudência nas crie a sua falsificação. É o contu-
hoje seria a reclassificação dos estratégias de marketing estão maz e trágico desrespeito aos di-
instrumentos musicais como fer- confirmando minhas previsões reitos dos detentores dessas mar-
ramenta de cultura e não de do início do ano. Nem gringos cas em nosso país. Se você quer
lazer. Com essa reclassificação e nem importadores querem ar- um instrumento autêntico de
tributária, teríamos mais e me- riscar grandes mudanças. Vaci- qualquer marca, compre em uma
lhores instrumentos acessíveis à nados com as oscilações do dó- loja credenciada com a nota fis-
população. Ganhariam todos, lar, o foco hoje está nas regras cal e a garantia de procedência
desde as crianças, os jovens es- de comercialização on line e e manufatura. É mais caro, mas
tudantes, músicos amadores e seus desdobramentos em nosso é original...

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PREVIEW| www.backstage.com.br
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XTREME EARS:
Xtreme Ears
é um monitor
fone in ear híbrido brasileiro
in ear híbrido
projetado e
produzido
O Xtreme Hybrid pretende unir a
precisão dos drivers de armadura
balanceada e a naturalidade dos recep-
Xtreme Hybrid pode ser personalizado
a partir do molde do canal auditivo do
usuário. Além das possibilidades de
tores dinâmicos utilizando componen- personalização das cores, faceplate e
no Brasil tes de alta qualidade. A estrutura é logos, que já é um padrão da marca para
composta por um microdriver dinâmi- os fones profissionais.
co de neodímio, projetado para cobrir De acordo com a Xtreme Ears, na pessoa
todas as faixas de frequência, inclusive do diretor de marketing, Marcus Devito,
as baixas frequências, e um driver de ar- o produto é resultado de mais de um ano
madura balanceada. Isto para que se ob- de pesquisas e testes, inclusive, com os
tenha profundidade sonora, clareza, usuários profissionais, que contribuíram
precisão e riqueza de detalhes na sono- para o equilíbrio ideal entre as duas
ridade que o músico vai ouvir. A combi- tecnologias. "Fomos minuciosos em
nação também tem o objetivo de conse- cada detalhe, sempre levando muito em
guir linearidade e baixa distorção. conta os feedbacks dos usuários e chega-
O equipamento também é o único mol- mos a um equilíbrio que tem agradado
redacao@backstage.com.br dado do mercado na categoria. Ou seja, quem já conheceu o produto e com uma
Fotos: Divulgação além do modelo de ajuste universal, o excelente relação custo-benefício, es-
frequência; os médios estão leve-
mente recuados em uma faixa de
500 até 1000 Hertz, o que o torna
bem prazeroso de escutar, já que o
ouvido humano tem tendência a
ouvir mais a região média, por con-
ta da fala; e os agudos estão lindos -
bem definidos, brilhantes e cristali-
nos, com ótima precisão". Para ele,
cantores vão gostar pela definição
no "s", guitarristas, pelo fato de po-
derem ter mais vida nos reverbs, e
os bateristas, pelo som dos pratos.
Para o roadie de bateria Ramon
Cruz, que tem entre seus clientes re-
ferências como o baterista Aquiles
Priester, o híbrido da Xtreme "é a
melhor referência na hora de passar
o som e deixar a monitoração perfei-
pecialmente para o usuário profis- Ragassi. De acordo com ele, "os ta para o artista tocar".
sional", afirmou. graves estão bem cheios e presen- A frequência de resposta do equi-
Entre as pessoas procuradas pela tes; graves e subgraves estão bem pamento vai de 10 a 17 Hz/kHz
empresa para desenvolver o pro- agradáveis, soam com bastante na- com sensibilidade de 119 dB/mW
duto, está o audiófilo Leonardo turalidade, sem atropelar nenhuma e impedância (a 1KHz): de 16.

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REVIEW| www.backstage.com.br
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AMPLIFICADOR BORNE MOB T30:


QUANDO O TAMANHO NÃO É DOCUMENTO
Gustavo Victorino | redacao@backstage.com.br | Fotos: Divulgação

Borne lança amplificador compacto para o mercado brasileiro

V elhas regras nunca fizeram


parte do imaginário popular
de músicos e artistas de todas as
pondeu com o pequeno T7 que
surpreendeu pela qualidade e
receptividade.
surpresa é inevitável.
Construído num chassi de metal
reforçado e disponível em cores
vertentes. Com esse conceito a Na era dos minis amplificadores, a metalizadas, o pequeno notável é
Borne nasceu da filosofia dos irmãos empresa mais uma vez foi desafiada tão bonito que funciona até como
Campanudo que decidiram fazer do a apresentar suas armas e como objeto de decoração. Totalmente
arrojo e inventiva o pilar da empresa sempre, a resposta veio imediata. transistorizado, bivolt e montado
que aos poucos domina o mercado Nesse cenário nasceu o pequeno obedecendo aos avançados princí-
de amplificadores para instrumen-
tos no Brasil. Construído num chassi de metal reforçado e
Outrora pequena, a Borne já dava
sinais da sua filosofia lançando disponível em cores metalizadas, o pequeno
amplificadores com design inova- notável é tão bonito que funciona até com
dor e cores incomuns para esses
equipamentos. Logo o mercado objeto de decoração.
respondeu exigindo qualidade e a
Borne mais uma vez não decepci- (ou minúsculo) MoB T30, um apa- pios de perfil dos amplificador
onou e fez do seu poderoso Gla- relho que surpreende já ao abrir a classe D, o Mob T30 é versátil, prá-
diator 2500 um símbolo de potên- caixa da embalagem. Como algo tico e moderno. Estruturado ope-
cia e confiabilidade para músi- tão pequeno pode reproduzir po- racionalmente para funcionar em
cos profissionais. O mercado tência e qualidade? até 2 Canais (Clean e Drive), ofe-
pediu válvulas e a Borne res- A resposta vem logo ao ligar e a rece 30 Watts RMS de potência
Painel traseiro Gabinete prático e leve Mob T30 e Mob 300 2X12

RMS, com saída para fone de ouvi- DÁ PARA ACREDITAR? construída com respeito ao consu-
do e entrada auxiliar para operar A saída principal pode ser conecta- midor e suporte ao lojista.
em condições atípicas. da a uma caixa passiva de até No quesito preço, vem outra sur-
Tem ainda a obrigatória saída de li- 4ohms e a Borne oferece uma linha presa agradável... O pequeno am-
nha e o recurso conexão intermediária de opções tentadoras para todos os plificador pode ser comprado no
de efeitos para aproveitamento indivi- gostos e necessidades. As opções mercado bem abaixo de US$150,
dualizado do pré-amplificador (Send e são as caixas passivas MoB 110, ou seja, em torno de 500 reais. As
Return) além dos controles básicos de MoB 112, MoB 200 e MoB 300, opções de caixas vão de US$ 100 a
Ganho de Entrada, Grave, Agudo e respectivamente com o seguinte US$ 200, dependendo do seu perfil
Volume Master. É completo! E tudo perfil de falantes, 1 X 10”, 1 X 12”, 2 de timbragem e espaço disponível.
isso com menos de 2 quilos de peso e X 10” e 2 X 12”. Tudo construído Ligado, o pequeno amplificador de
um tamanho surpreendente. O numa estrutura reforçada e acaba- guitarra traz uma inevitável eufo-
Mob T30 tem apenas 18cm de mento em vinil preto, e o mais im- ria para quem quer um equipamen-
largura, 14cm de altura e 12cm portante, com o esmero e a qualida- to prático, resistente e confiável.
de profundidade. de que deu a Borne a credibilidade Mais um golaço da Borne.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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João Américo, Marcelo Claret, Manoel Tavares, Wilson Marques, Carlos Ronconi e Vava Furquim.

IMERSÃO NO ÁUDIO
EMPRESAS E PROFISSIONAIS SE
ENCONTRAM EM SALVADOR
O
SemanÁudio
reuniu alguns SemanÁudio é um evento que é um pouco diferente. Não há a ideia de
acontece, no Nordeste, já desde ter um “lugar principal”. Cada edição,
dos maiores 2017. Desde então, já aconteceram 11 seja em que local for, é uma edição es-
profissionais do edições em capitais como Fortale- pecífica e única, que atende a determi-
áudio em Salvador za(CE), Salvador(BA) e Natal(RN). nadas demandas do público que, por
em quatro dias de Também houve uma edição em Mos- sua vez, tem uma interatividade grande
imersão com o tema soró(RN). O evento que aconteceu em com a organização.
Lazer, Conviver agosto, no Hotel Sol Bahia Sleep, entre O SemanÁudio se propõe a ser uma
e Aprender os dias 12 e 15, em Salvador, foi a déci- imersão, misturando o caráter edu-
ma segunda edição. cativo do evento com entretenimento,
Quem está acostumado aos eventos formação de redes de contato e lazer,
redacao@backstage.com.br tradicionais que envolvem o mercado de possibilitando assim uma maior in-
Fotos: Nelson Cardoso áudio, como a Expomusic e a convenção teração entre os participantes – tanto os
(Revista Backstage) / anual da AES Brasil, talvez estranhe o palestrantes como os espectadores – no
João Adefran Santana fato de este já ter 12 edições em pouco mesmo espaço. Os organizadores são
(Sound Maker) mais de dois anos. Mas o SemanÁudio Fernando Maia, músico e técnico em
áudio pós-graduado em engenha-
ria de som e o engenheiro de som
Tito Menezes, formado em música e
técnico de diversos artistas. Ambos
dividem bastante as responsabili-
dades e decisões, sempre no sentido
de atender aos objetivos do evento
e promover intercâmbio de conhe-
cimentos e experiências.

HISTÓRIA E
DESENVOLVIMENTO
Tanto Fernando como Tito já ti-
nham uma história com eventos
educativos anteriores. Eles se co-
nheceram há muitos anos, quando
Tito, que é de Salvador, foi operar o
som de uma banda em um progra-
ma da TV Diário, do qual Fer-
nando Maia era o técnico respon-
sável. “Depois disso ficamos muito
amigos. Diversas coisas foram fa-
zendo com que nossos caminhos se
cruzassem. Uma delas foi a Segun-
da Técnica: um movimento de en-
contro técnico na área de áudio
que eu organizava em Salvador, há
uns 10 anos”, comenta Tito. Na
época, o evento se espalhou pelo
Brasil. Fernando era responsável
Durante o evento houve várias audições de sistemas de P.A. A FZ Áudio mostrou seu novo sistema
pelos encontros em Fortaleza, o J82A, uma evolução do clássico J08A.
que fez com que estreitassem as re-
lações pessoais e profissionais. ocorrido de 9 a 12 de janeiro”. aconteceram ainda duas edições
Em 2016, a roda do SemanÁudio Nesta primeira edição, o evento grandes em Natal, também com
começou a girar. Após uma ligação teve o apoio logístico e suporte cerca de 100 participantes, nos
de Kadu Melo (monitor de Jorge técnico da RTAudio, com Ricardo meses de julho e dezembro. Em
Benjor e P.A. de Fábio Junior, en- Tavares e Erlon Damasceno e 2018, no mês de janeiro, aconte-
tre outros trabalhos), Fernando equipe, além do apoio de duas pes- ceu uma grande edição em Forta-
leza, no Centro Dragão do Mar de
Depois disso ficamos muito amigos. Diversas coisas Arte e Cultura. “Foi um marco.
foram fazendo com que nossos caminhos se cruzassem. Um formato diferente, com mais
Uma delas foi a Segunda Técnica: um movimento de 15 palestrantes convidados e
de encontro na área de áudio que eu organizava 150 participantes de todo o Bra-
em Salvador, há uns 10 anos. sil”, relembra Fernando Maia.

decide fazer, com ele, um progra- soas que o SemanÁudio coloca FLEXIBILIDADE
ma de treinamento logo no início como importantíssimas neste O SemanÁudio tem a característi-
de 2017. “Na mesma hora liguei evento: Alexandre Eidt e Pedro ca de se adaptar a cada necessidade,
para Tito convidando-o para ser Gehring. “Foram 4 dias de um e pode ser realizado em um forma-
palestrante também. Em menos de evento inédito em Fortaleza com a to Express, que acontece em um ou
45 dias, formatei, organizei, e pro- participação de mais de 100 técni- dois dias com temas específicos. O
duzi o então inédito SemanÁudio cos”, ressalta Fernando. Em 2017 local é escolhido de acordo com

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Grande participação dos técnicos nas palestras

as demandas de cada encontro. nal de áudio em Salvador, justa- ano, sendo uma Express e mais o
“Sou formado em administração e mente por já organizar a Segunda SemanÁudio Solidário, no qual
nós fazemos um estudo e mapea- Técnica na cidade. Falei sobre as mais de 60 técnicos se reuniram
mento, desde o acesso do partici- ideias que tinha para o evento e o em uma noite para aprender no-
pante do aeroporto até o possível chamei para fazermos juntos. E vas tecnologias e ajudar as crianças
local, as condições climáticas do então decidimos usar o mesmo desnutridas da Instituição IPREDE
período a ser realizado, o perfil nome SemanÁudio, que Fernando com mais de 100 latas de leite em
dos participantes, as facilidades já usava. Juntamos as forças e as pó” acrescenta Fernando.
em chegar e sair e ficar hospeda- ideias e começamos a formatar o de O ano de 2019 já está se configu-
do e a logística das empresas para agosto de 2018, em Salvador”, re- rando como fundamental no de-
conseguirem chegar e sair do
evento”, detalha Fernando. Sou formado em administração e nós fazemos um
A edição de janeiro de 2018, em estudo que vai desde o acesso do participante do
Fortaleza, foi a que começou a ge-
aeroporto até o possível local até as condições
rar o formato imersivo, ainda que
não o tenha sido. Mas foi após os climáticas do período a ser realizado.
eventos no formato Express que
aconteceram em Mossoró (RN), memora Tito. “Em agosto do mesmo senvolvimento do SemanÁudio.
Natal (RN) e, novamente, For- ano reformulamos a estrutura do Mesmo antes da primeira edição,
taleza, que Tito entra, de forma SemanÁudio e mais de 250 partici- já havia o objetivo de fazer o for-
mais efetiva, na história do Se- pantes estiveram na edição de Salva- mato imersivo. “Até chegar neste
manÁudio. “Após um dos eventos dor, e nesta edição foram inseridas as formato traçamos as metas e fo-
que participei (Natal), quando empresas apoiadoras, o que propor- mos, de forma consciente e sem
Fernandão estava me levando ao cionou ainda mais evolução ao pressa, realizando todas as etapas,
aeroporto, falei sobre a minha evento. Em Fortaleza, ainda aconte- porque isto não é imposto ao par-
vontade de fazer um evento nacio- ceram mais duas edições no mesmo ticipante. Ele é quem faz a progra-
HOMENAGEADOS

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Palestra sobre o uso de energia em trio elétrico

mação, sugerindo temas, ideias, faz nâmica de um show desde o ponto tradicional. Foram oito salas com
a avaliação final sobre tudo o que zero”, explica Tito, completado programações de palestra simultâ-
aconteceu, sobre as necessidades por Fernando: “além de todas as neas e a demonstração de sistemas
atendidas e as que não foram aten- formações com palestras, Master ao ar livre. O workshop de som ao
didas”, coloca Fernando. Foi a ci- Class e práticas de show, pude- vivo foi relacionado ao áudio no
dade de Fortaleza que assistiu, no mos conviver 24 horas com to- trio elétrico. “Pela primeira vez em
início do ano em janeiro de 2019, a dos os participantes e palestran- 70 anos de história do trio elétrico,
cerca de 400 profissionais de todo tes hospedados no mesmo ambi- inovamos e fizemos uma inédita
o país no primeiro evento de imer- ente, sem sair do local, em mo- prática de show em um, mostran-
são de áudio em um ambiente onde mentos de lazer na piscina, em do e explorando todo o processo e
as especificidades deste tipo de tra-
Até chegar neste formato traçamos as metas e fomos, balho”, enfatiza Fernando. “O
SemanÁudio sempre busca inova-
de forma consciente e sem pressa, realizando todas
ções, e a deste ano foi a prática de
as etapas, porque isto não é imposto ao participante. show em trio elétrico. Talvez o
Ele é quem faz a programação. grande desafio tenha sido colocar
um dentro da área do hotel para
o lazer e o conhecimento cami- partidas de futebol e até mesmo que tivéssemos tudo (palestras,
nharam lado a lado a partir do jogando vídeogames. À noite, workshops, etc.) acontecendo no
tema Lazer, Conviver e Aprender. tivemos programação direcio - mesmo ambiente. Além disso,
“Foi um formato super leve e des- nada à convivência com uma queríamos fazer com que toda di-
contraído, com piscina, área de food truck gourmet servindo nâmica do evento proporcionasse
lazer, três palcos montados, estú- churrasco e cerveja artesanal, que todos os participantes pudes-
dio, salas master class, auditório e a tudo isso com música ao vivo”. sem estar próximos de tudo. Que-
grande novidade, que foi a prática O evento de agosto de 2019 em ríamos que, desde a audição, salas
de show em palco, ou seja, toda di- Salvador teve um formato mais especiais, máster classes, salão de
APOIADORES

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Pimenta, Jaksandro Silva, Ro-
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

que Fausto, Lazzaro Jesus, Ar-


naldo Junior, os organizadores
Tito Menezes e Fernando Maia, e
também dois convidados interna-
cionais: o engenheiro de som
Robert Scovill, cuja palestra teve
tradução simultânea para 400
pessoas e Thiago Terra, engenhei-
ro de aplicações, vindo da Itália.
De acordo com Manoel Tavares,
que ministrou palestra com Car-
los Ronconi a respeito de mi-
xagem de musicais para a TV, o
retorno foi o melhor possível.
“São quatro dias de imersão com
os melhores profissionais do
Masterclass dos consoles de mixagem
áudio. E o feedback que o Robert
expositores, tudo ficasse próximo, trantes entre alguns dos mais Scovill deu foi extremamente po-
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exatamente pelo objetivo do even- tarimbados profissionais do sitivo. Falou para uns amigos que
to que é a imersão”, aponta Tito. país, como Beto Neves, Carlos ele nunca viu nada parecido em
“Sabemos que este formato é mui- Ronconi, Manoel Tavares, Mar- nenhum lugar do mundo. As per-
to difícil de levar a todas as cida- celo Claret, Rosalfonso Bortoni, guntas estão muito bem formula-
des, por isso sempre informamos Daniel Reis, Fabio Zacarias, Re- das. E foram mais de 500 pessoas
em nossas divulgações que não nato Carneiro, José Carlos, por dia circulando lá”, comenta.
esperem o SemanÁudio chegar Emidio Braga, Martin Buffer, Ele e Ronconi já participaram de
em sua cidade. Talvez ele não vá. Maurício Pinto, Flávio Goulart, outro SemanÁudio. “O impressio-
Cada edição é inédita e única, Denio Costa, Alexandre Rabaço, nante para nós do mundo de TV
ou seja, não se repete. Por isso Fernando Fortes, Matheus Ma- era ter mais ou menos 80 pessoas
trabalhamos e fazemos de tudo deira, Pedro Gehring, Gustavo na palestra interessadas no que é
para que cada pessoa vivencie Bohn, Alexandre Eidt, Lucas diferente no mundo da televisão”.
este momento”, ressalta Fernan- Sallet, Kadu Melo, Tiago Bor- De acordo com Tavares, a inten-
do Maia. “Pelos feedbacks que es- ges, Levinton Nascimento, Igor ção foi desmistificar um pouco a
tamos recebendo vemos o quan-
to o evento está sendo proveito-
so pra quem participa, seja como
organizador, palestrante, inscri-
to ou expositor”, completa Tito.

PALESTRAS
É claro que em um evento de troca
de conhecimentos, as palestras
são parte fundamental. E o Sema-
nÁudio tem um caminho bem
próprio para defini-las: “sempre
fazemos uma enquete onde os
técnicos escolhem palestrantes
pré-estabelecidos e espaço para
sugerir nomes, assim como os
temas”, conta Fernando. Em
Salvador, foram mais de 20 pa-
lestras com cerca de 30 pales- Marcelo da MGA Pro Audio mostra seus produtos no salão dos apoiadores
29
de técnicos mais iniciantes, tanto
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

na linguagem como financeira-


mente. Isso em um país como o
nosso, no qual a educação está em
segundo plano, e em uma profis-
são como técnico de áudio, que
não tem uma formação acadêmi-
ca, faz com que uma grande parte
desses profissionais empíricos
iniciantes se sintam acolhidos
com o formato do SemanÁudio.
O conhecimento do áudio no
mundo é 80 % em outra língua, e
isso bloqueia o acesso aos brasi-
leiros. O SemanÁudio começou a
trazer isso para um público que
Sala de demonstração dos produtos da GSB
não tinha acesso às feiras do sul e
do sudeste. Foi realmente uma
mixagem de musicais para TV. “A mentou”, comemora. imersão. As pessoas acordam e
30

nossa palestra diz para todo mun- O engenheiro de estúdio e som ao dormem juntas no mesmo hotel,
do que o tratamento em TV é em vivo Beto Neves exalta o formato com uma grade extensa. Isso cria
nível de DVD, com tudo o que do evento. “Acho que está cada vez uma comunidade entre a pessoas
tem direito. Com a abertura da mais bem organizado. Começaram que se conhecem no mesmo lo-
faixa de transmissão, hoje temos, pequenos, hoje está com uma quan- cal”, diz.
efetivamente, de 20 a 20 mil Hz tidade de palestras e participantes A palestra de Beto foi semelhante
para brincar”. Manoel acredita bastante alta. É interessante que o à outra que ele deu em um Se-
que o formato do SemanÁudio evento tenha um cunho de semi- manÁudio anterior. Uma palestra
tem boas indicações para outros nário, apesar de não ser, com uma que, segundo o feedback que a or-
eventos mais tradicionais. grade bem extensa. E a diferença ganização teve, ainda foi curta ape-
Fabio Zacarias, da FZ Áudio, falou entre ele e os outros eventos, sar das três horas de duração. “Co-
sobre o desenho de sistemas usan- principalmente outros grandes nheço o Tito e fui convidado no
do simulações de software. “A pa- do sul do Brasil, é que eles são anterior, em Fortaleza, para fazer
lestra foi mais uma troca de experi- mais acessíveis a uma categoria uma palestra de abertura sobre
ências na montagem de sistemas,
com os problemas típicos e a simu-
lação de software para melhorar,
porque ainda tem muita gente
com resistência a usar software,
que é muito necessário especial-
mente em Line Array”, comenta.
Fabio preparou a palestra de for-
ma a atender às demandas do pú-
blico mais básico. “O objetivo é
atender a todos. Então trabalha-
mos em uma concepção bem no
nível mais básico, porque a maior
parte são técnicos jovens que ain-
da estão aprendendo. O evento
teve uma presença muito grande,
uma coisa massiva mesmo. Já ti-
nha ido a duas versões anteriores.
Já estava grande antes, mas au- Lázaro na Sennheiser Sound Academy (RF Essentials)
PALESTRANTES

31
chamou a atenção porque indica
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uma mudança de perfil da galera


de sonorização, pois no passado o
que víamos eram profissionais
que não tinham tido formação al-
guma além da prática, mas que ju-
ravam de pé junto que não tinham
mais o que aprender. Isso mudou e
o SemanÁudio está provando isso.
Pra mim, essa foi a melhor parte de
tudo, porque é óbvio que qualquer
um de nós que não estude, que não
se atualize e que não tenha a base
fundamentada, corre sérios riscos
de se tornar rapidamente um
profissional defasado. Essa mu-
Demonstração dos produtos representados pela wdc networks
dança de postura mostra muita
mixagem em P.A. Mas como sou vando, a tecnologia vai mudando, maturidade dos profissionais”.
um engenheiro que trabalha mais e sempre a informação de base tem A apresentação de Claret teve
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com estúdio, falei sobre técnicas espaço nesse tipo de evento”, con- como base um dos cursos que mi-
de estúdio que a gente tem condi- clui o engenheiro. nistra no IAV, em São Paulo sobre
ções de utilizar no mundo do live, Marcelo Claret percebeu uma evo- efeitos e mixagem. “A ideia é mos-
porque as mesas digitais proporci- lução clara na postura dos profissi- trar os conceitos por de trás da
onam isso. Essa em Fortaleza teve onais brasileiros e gostou muito criação de ambientes sonoros
duas horas, mas foi pouco, então o da organização. “Acho que eles en- para que a mixagem, ao vivo ou
Tito me convidou para fazer uma contraram uma fórmula que con- em estúdio, tenha profundidade,
de três horas podendo me apro- cilia o útil ao agradável sem adici- lateralidade etc. Ou seja: como
fundar mais”. onar custos exorbitantes por causa deixar sua mixagem estéreo com
Desde os antigos Encontros Naci- disso. Fiquei muito feliz e impres- imagem 3D”.
onais dos Profissionais de Áudio sionado com a postura extrema- Tito Menezes ministrou palestra
– os antigos EMPA, que se torna- mente positiva dos participantes sobre equalização e afinação musi-
ram a AES Brasil, que Roalfonso em relação ao aprendizado. Todos cal de instrumentos percussivos
Bortoni estava um pouco afastado se mostraram muito abertos e inte- enquanto Fernando Maia fez uma
desse tipo de evento. Ele gostou do ressados em aprender. Isso me apresentação sobre o áudio nas
que viu. “Por 12 anos fiquei afasta-
do, em parte fora do Brasil, em par-
te imerso nos trabalhos para as
olimpíadas, ainda que indo a uma
ou outra AES. Minha palestra foi
focada no amplificador, como ele
entra no sistema, as considerações
que podemos fazer para especifi-
car bem o amplificador e relacio-
nar a potência do amplificador
com o alto falante. Também abor-
dei temperatura, porque, a pedido
da organização do evento, o foco
era o trio elétrico, e me pergunta-
ram como fica a temperatura do
amplificador dentro do trio elétri-
co, que é um lugar enclausurado”,
coloca. “As gerações vão se reno- Audição do sistema d&b Soundscape (d&b Audiotechnik / Decomac)
FLASH

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34 REPORTAGEM| www.backstage.com.br

FLASH
FLASH

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Credenciamento no SemanÁudio

igrejas com Martin Buffer sobre os deste porte é necessário uma mo- A organização do SemanÁudio
desafios da iniciação técnica. Tam- vimentação financeira e temos acrescenta: “não podemos deixar
bém com Kadu Melo, desenvolveu que ser prudentes nessa adminis- de reconhecer os profisisonais
o tema “Construindo uma mix tração. É um evento pago, não que fizeram e ainda fazem pelos
para transmissões em redes soci- gratuito, porque acreditamos que profisionais: em fortaleza home-
ais”. Analisando a própria cria- podemos trabalhar esta valoriza- nageamos Fernando Gundlach ,
ção, Fernando deu uma explica- ção, mas queremos que este in- Fernando Barilú e Carlos Cor-
reia (todos in memorian) assim
ção definitiva sobre o que é o vestimento possa ser prazeroso como João Amércio, Manoel
SemanÁudio “Não é feira, não é ao participante. Nas duas últi- Tavares e Carlos Ronconi e Luiz
congresso, não é exposição, não é mas edições, em Fortaleza e Sal- Henrique Hesse.
escola, não é nada do que se ima- vador, tivemos um participante “Para a edição de salvador, os am-
gina em relação ao formato de chamado Kildeir Monteiro, de bientes receberam os nomes de
eventos. Ele é imersão, ele se pre- São Gabriel da Cachoeira, no Armandinho, Dodô e Osmar, Wil-
son Marques, Orlando Tapajós (in
ocupa com quem vai ao evento. Amazonas, fronteira entre Bra-
memorian) e novamente Carlos
Por isso que trabalhamos muito o sil, Venezuela e Colômbia, que Correia que em agosto deste ano
antes e o depois também. Não passou por 27 horas de barco a fez 3 anos de sua partida.
queremos que a pessoa apenas pa- jato, na ida e na volta, pois de
gue sua inscrição. Por isso nos di- barco normal são três dias, além EMPRESAS QUE FORNECERAM
ferenciamos de tudo. Cada parti- de um voo cheio de escalas e A ESTRUTURA DO EVENTO:
cipante, cada contato é feito qua- com preços altos. E mesmo as- - Somart - Wi-fi Sonorização,
se que pessoalmente por nós. Sa- sim ele falou que foi o melhor Rede Eventos - AL Som - TS
bemos como o profissional está investimento que já fez na vida. Sonorização.
na vida real, das suas dificuldades E para esta edição ele ainda
Saiba mais
e temos empatia por isso. Sabe- trouxe mais dois amigos da re-
mos que para fazer um evento gião”, resume Fernando. www.semanaudio.com.br
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TERRAPLANISMO
NO ÁUDIO?
Joel Brito é engenheiro. Carioca, começou a trabalhar no áudio profissional no início da
década de 80 fazendo shows ao vivo. Atualmente dedica-se à elaboração e execução de
projetos de sonorização e acústica. É membro do CREA/CONFEA, da Audio Engineering
Society (Sociedade de Engenharia de Áudio), secretário da Comissão de Audiovisual da
ABNT onde trabalha na elaboração de normas para sonorização. Entre em contato com
Joel pelo e-mail joel@vikel.com.br

A digitalização do áudio
nos trouxe muitos
benefícios nas ferramentas
de alinhamento de
A ntigamente era um equalizador
gráfico e um divisor de frequências
para cada lado de PA. Hoje estamos ca-
perfícies) ou o próprio tamanho da cai-
xa acústica.
A partir de uma dimensão equivalente a
minhando rapidamente para termos um quarto do comprimento de onda de
sistemas de sonorização.
processamento individual de caixas e, uma frequência você começa a influir
Não só conseguimos fazer até, de transdutores. É mais uma limita- na direção de propagação desta onda.
filtros mais sofisticados ção de custo do que técnica. Então quanto maior essa relação, mais
em maior quantidade, Com isso, mudou bastante a abordagem diretiva a caixa é para aquele compri-
mas a um custo mais técnica de montagem e alinhamento mento de onda.
barato do que com os de sistemas. Tome, por exemplo, o di- O comprimento de onda aumenta na
equipamentos analógicos. recionamento do áudio. Quando o medida que diminui a frequência. As-
áudio é som, ou seja, quando a onda so- sim, o comprimento de onda de uma
E isso é bom pois nos
nora está propagando pelo ar, nós con- frequência de 1000 Hz é de aproximada-
permite processar cada trolávamos (em alguns casos, tentáva- mente 34 cm. Em 100 Hz é de 3,4 me-
vez mais individualmente mos controlar) a diretividade através tros. E em 50 Hz, 6,8 metros.
nossas caixas. de barreiras mecânicas (cornetas, su- Ora, um quarto de comprimento de
onda então é, aproximadamente, 8
centímetros em 1000 Hz, 80 centí-
metros em 100 Hz e 1,60 mt. em
50 Hz. Daí se deduz que, à medida
que a frequência diminui, precisa-
mos de uma corneta maior para
direcionar o som e essas cornetas
vão ficando grandes se quisermos
controlar os graves. Ou, aumentar
o tamanho da caixa se for do tipo
bass reflex. Por conta disso, duran-
te décadas tivemos muita pesquisas
para desenvolver o mais variado
tipo de cornetas. Cornetas dobra-
das, cornetas acopladas... Foi uma
época de muita criatividade que
nos legaram caixas cornetadas
como as MSL-4 da Meyer, com sua
corneta dobrada e as Leviatã da
Community.
Sem entrar em detalhes técnicos, a
corneta, ao ser acoplada ao alto-fa-
lante, passa a integrar o sistema de
conversão de eletroacústico. Como
um adaptador de impedância, o sinal
elétrico que alimenta o alto-falante Clair S4

transforma-se em uma onda mecâ- passaram a suportar mais potência, estão distante mais de 1/4 de com-
nica, que propaga-se pelo ar. E esse aumentaram de sensibilidade e di- primento de onda e os cancelamen-
acoplamento aumenta a eficiência âmetro (18”, 21” e até 24”). Isso fez tos aumentam bastante à medida
desta conversão. Ou seja, para uma melhorar bastante o resultado do que a distância aproxima-se de
mesma potência elétrica de entrada, ponto de vista de eficiência, que meio comprimento de onda. Isso
temos mais potência acústica saindo era uma das vantagens da corneta. acaba gerando um mapeamento de
do sistema alto-falante/corneta. A diretividade ficava a cargo da cobertura com diversos lóbulos
O tamanho (e peso) dessas caixas montagem das caixas/alto-falan- (cancelamentos e picos) ao invés de
levou a indústria (principalmen- tes. Empilhando as caixas, conse- um grande arco homogêneo.
te aquela que atendia o mercado guia-se fechar a diretividade verti- Como o público na grande parte
de tournês e shows ao vivo) a cal. Colocando-as lado a lado, di- dos shows fica no mesmo plano, ló-
buscar outras soluções. Rapida- minui a cobertura horizontal. bulos na vertical não eram tan-
to um problema. Então era co-
O tamanho dessas caixas levou a indústria a buscar mum o empilhamento vertical dos
subwoofers. Arranjos em linha ho-
outras soluções. Rapidamente houve evolução no
rizontal, são uma outra estória.
desenvolvimento de alto-falantes, que passaram a Mais recentemente, com a maior
suportar mais potência, aumentaram de disponibilidade de processadores
sensibilidade e diâmetro (18”, 21” e até 24”). A digitais e amplificadores passou-
se a seguir um outro caminho
diretividade ficava a cargo da montagem das caixas/
para obter diretividade de ondas
alto-falantes. Empilhando as caixas, conseguia-se sonoras: interferências constru-
fechar a diretividade vertical. tivas e destrutivas.
Já falamos que houve uma grande
mente houve evolução no desen- O limite do conjunto de caixas evolução no desenvolvimento dos
volvimento de alto-falantes, que aparece quando dois transdutores alto-falantes. Isto resultou em um

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desempenho que nos entrega com
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facilidade a pressão sonora que pre-


cisamos para os ambientes. A um
custo que nos permite super-di-
mensionar os equipamentos de for-
ma a “gastar” parte deste desempe-
nho em troca de outro benefício.
Não era novidade, na verdade des-
de a década de 40 que havia sido
desenvolvida a técnica de arranjos
de transdutores, que podemos usar
a iteração de alto-falantes para não
só termos mais volume, mas tam-
bém para controlar a diretividade
do conjunto de caixas.
Com a disponibilidade de pro-
cessadores e amplificadores indi-
viduais, os pesquisadores começa-
ram a aplicar esta teoria para me-
40

lhorar a cobertura nos graves na


platéia (através da eliminação dos Turbosound
lóbulos) e, secundariamente, evi-
tar que o grave se propagasse para ba por concluir erroneamente so- que só pensa na “receita de bolo”
regiões que não interessam. Como, bre uma realidade. Como eu já não gosta de fazer) e entender que
por exemplo, atrás do PA onde não mencionei antes neste artigo, a nossa expectativa pode estar acima
só não tem público (um antigo di- interação entre fontes sonoras da possiblidade real de execução.
tado do áudio diz: se não tem al- acontece em dois planos. O hori- Um exemplo, o caso do palco. Se ti-
guém que pagou ingresso não man- zontal e o vertical. 3D. O arranjo/ vermos um palco relativamente
de som para lá) mas também no processamento que atua em um alto, digamos dois ou mais metros, é
palco. Onde a chegada (com certo plano, vai atuar de forma diferente possível que o cancelamento trasei-
atraso) deste grave pode diminuir no outro ou até não atuar. ro na verdade tivesse que ser um
o conforto dos músicos e interferir Assim, quando sentamos para fa- cancelamento 45 graus para cima.
em seu desempenho. zer o planejamento de como que- Será que nesta região está tendo can-
celamento de graves? A resposta é
depende. Não se encontra muitas
publicações mostrando claramente
o quanto (e como) isso acontece. O
que vemos mais são dados que colo-
cam o palco no mesmo plano das cai-
xas de subwoofers.
A maioria das ferramentas dispo-
níveis para o cálculo desse arranjos
de subwoofers só leva em conside-
ração a cobertura horizontal São
simuladores 2D. Os mapeamentos
Clair S4 US Festival são todos em uma superfície. Não
vemos balões ou mapeamentos
Mas, afinal de contas, o que isso remos a cobertura sonora - e aí me tridimensionais. E, até certo pon-
tudo tem a ver com Terraplanismo? refiro tanto a instalações permanen- to, atendem suas premissas. Se
Bem. O que caracteriza o terra- tes quanto nos shows ao vivo, que você considerar que a região que
planismo é ignorar evidências e li- também precisam de projeto - preci- você pretende sonorizar não tem
mitar seu escopo de forma que aca- samos pensar (algo que uma turma muita diferença no plano vertical,
Meyer MSL4

é prioritária. Mas, na (ainda) gran-


de maioria das apresentações mu-
sicais as pessoas estão lá para ouvir
Leviatã
a letra da música e não as notas
mais graves. Não é à toa que a re-
por exemplo não tem uma arqui- Uma última observação. O espec- gião de voz, 300-6000 Hz corres-
bancada. Se o palco for baixo etc. tro sonoro vai de 20 Hz a 20000 ponde a 47% do espectro 20-12K
Mas, o técnico tem que estar aten- Hz. Em tese, a entrega de nosso Então fica a reflexão, onde deve-
to a esta limitação. trabalho para o público e, por- mos dedicar mais tempo do pouco
Evidentemente, estamos falando tanto, o alinhamento do sistema tempo que temos para fazer o ali-
aqui do som direto das caixas, ou- é para toda essa região de fre- nhamento na montagem?
tra limitação dos simuladores 2D. quências. Em uma escala linear a Veja bem que isso não é uma conde-
No mundo real, em uma sala com região de sub-graves (20-80 Hz, nação à práticas de alinhamento de
suas paredes e outras superfícies digamos) corresponde a 0,03% sub-graves, mas um chamado à ra-
refletoras, a propagação da onda dessa faixa de frequências. Mes- cionalização de forma que os técni-
sonora rapidamente se espalha. mo que a gente considere que a cos abordem seu trabalho com uma
Mas haverá uma diferença de tem- absorção atmosférica na prática visão mais, digamos, global ao invés
po de chegada entre o som direto e o vai limitar este espectro a 20- de fixarem em um plano do todo.
refletido. O que pode ou não ser 12.000 Hz, ainda assim é 0,05%. Vejo um grande interesse nas pesso-
uma interferência construtiva. Para Ah, mas a música…! as em alinhar os Pas com seus siste-
mas de processamentos digitais.
Na grande maioria das apresentações musicais as Mas pouca ênfase tem sido dada à
lembrar dos fundamentos da física,
pessoas estão lá para ouvir a letra da música e não as que fazem tudo isso funcionar e que
notas mais graves. Não é à toa que a região de voz, devem orientar nossas decisões e
300-6000 Hz corresponde a 47% do espectro 20-12K. procedimentos. Uma “receita de
Então fica a reflexão, onde devemos dedicar mais bolo” pode funcionar para uma de-
terminada situação. Mas não funci-
tempo do pouco tempo que temos para fazer o ona para todas as situações. Os téc-
alinhamento na montagem? nicos de áudio tem que estar prepa-
rados para aplicar seu conhecimen-
isso precisamos simuladores 3D. Ok. A música é um fenômeno de to e obter uma solução para cada si-
Não é tão simples assim fazer um banda completa (full range). E tuação diferente que enfrentar.
projeto de sonorização, hein? Que existem alguns segmentos musi- Se você aguentou ler até aqui, mui-
inveja do pessoal da iluminação. cais em que a região de sub-graves to obrigado e até a próxima.

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42 CADERNO ILUMINAÇÃO

Figura 1: Homenagem a André Matos. Fonte: Mundo da Música.

Se fosse possível
personificar um estilo
musical em algum artista,
O ACENDER DAS LUZES
o Heavy Metal brasileiro
teria em André Matos seu
mais significativo
HOMENAGEM A ANDRÉ MATOS!
expoente, ícone e
referência. A morte
prematura desse grande
artista ainda causa Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-
tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design
comoção, não somente
de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisa-
pelas qualidades e
dor em Iluminação Cênica.
competências
profissionais, mas pela
essência que o destaca no
meio musical. Nesta
conversa, uma singela
homenagem a esse artista
A música brasileira, em sua mais rica
e generosa oferta de combinações,
estilos, ritmos, expressões e persona-
diversos lugares deste planeta.
Se esta plêiade contempla nomes como
Heitor Vila-Lobos, Carmem Miranda e
gens, notabiliza-se por proporcionar ar- João Gilberto (que será homenageado
brasileiro que brilhou em tistas de grandezas imensuráveis, capa- na próxima conversa), além de outros
diversos palcos do mundo zes de criar marcas que repercutem no ilustres nomes que atingiram públicos
e emanou sua luz de cenário nacional, mas que também além dos limites territoriais, em um ma-
diversas maneiras. atingem patamares diferenciados em gistral elenco convencionalmente as-
Figura 2: André Matos em turnê solo (2018). Fonte: Pâmela Veríssimo.

sociado à Música Popular Brasilei- aulas regulares de piano, com o in- Yves Passarel (guitarra solo),
ra, outros célebres nomes envere- tuito de ser instrumentista. Com Felipe Machado (guitarra base) e
daram em compor e se manifestar 13 anos, entrou para a primeira Cássio Audi (bateria), com essa
artisticamente em estilos da músi- banda, Viper, para tocar teclados, formação, gravaram a fita demo
ca internacional, e mesmo em ou- cujos ensaios realizados na “casa The Killera Sword, lançada em 1985,
tros idiomas, tendo êxito e criando do Zé do Muro” elegeram-no como e o álbum Soldiers of Sunrise, em
referências para fãs e artistas de o mais apto para assumir os vocais, 1987, lançado pela gravadora El-
outros países, com destaques para
bandas como Os Mutantes, Sepul-
tura, Viper, Angra e Shaman, entre
Nascido em São Paulo no dia 14 de setembro de
outras. Nas três últimas, eviden- 1971, André Coelho Matos teve sua formação
cia-se a presença de um vocalista musical de forma precoce, pois começou a estudar
que se destacava pela técnica, piano ainda na infância.
carisma e admiração incontestá-
veis: André Matos.
Nascido em São Paulo no dia 14 de mesmo contrariamente à sua von- dorado. Como curiosidade, parale-
setembro de 1971, André Coelho tade (de fato, ele não acreditava lamente à Viper, André Matos ti-
Matos teve sua formação musical que poderia ter competência para nha outra banda, o trio Netuno,
de forma precoce, pois começou a os vocais). com Yves Passarel e Marcos Klein
estudar piano ainda na infância, Inicialmente formada por André na bateria, dedicada a covers.
sendo que a partir de 10 anos teve Matos (vocais), Pit Passarel (baixo), Em 1989, já com Guilherme Martin

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44 CADERNO ILUMINAÇÃO

Figura 3: André Matos em turnê com a banda Shaman. Fonte: Folhapress.

em substituição a Cássio Audi na bate- Kiko Loreiro (guitarra) e Marcos


ria, André Matos gravaria seu último Antunes (bateria), banda essa que
álbum de estúdio com a Viper, Theatre gravaria uma fita K7 demo intitulada
of Fate, distribuído com êxito no mer- Reaching Horizons, em 1992. Já com o
cado musical europeu e no Japão. primeiro álbum Angels Cry, gravado
Mesmo com uma prodigiosa trajetó- na Alemanha (Hamburgo) e lançado
ria com essa banda, André Matos re- em 1993 no mercado nacional, Eu-

Com o primeiro álbum Angels Cry, gravado na


Alemanha (Hamburgo) e lançado em 1993 no
mercado nacional, Europa e Japão, André Matos
teria projeção internacional, sendo, inclusive, sondado
para substituir Bruce Dickinson no Iron Maiden.

solveu se dedicar aos estudos, pois ropa e Japão, André Matos teria pro-
havia um conflito da agenda de ensai- jeção internacional, sendo, inclusi-
os e shows com as aulas no curso de ve, sondado para substituir Bruce
bacharelado em Regência Orquestral Dickinson no Iron Maiden.
e Composição Musical na Faculdade Com a entrada do baterista Ricardo
de Artes Santa Marcelina. Confessori, André Matos gravou
Em 1991, ainda na faculdade, formou com a Angra o álbum conceitual
a Angra com o colega e guitarrista Holy Land (1996), o EP Freedom Call
Rafael Bittencourt, complementada (1997), o álbum ao vivo Holy Live
pelos músicos Luis Mariutti (baixo), (1997), além de alguns singles, se-
Figura 4: Homenagem a André Matos. Fonte: Facebook/Veja.

guido do álbum Fireworks (1988), úl- mo período de gravações e lança-


timo registro de André Matos com mentos com a Shaman, André Ma-
a banda Angra. Deve-se destacar a tos participou de vários projetos,
turnê subsequente deste último tais como Virgo (com o guitarrista e
que, associado ao título, incluía um produtor alemão Sascha Paeth),
projeto de iluminação Cênica dife- Avantasia (idealizada por Tobias
renciado e inédito para os padrões Sammet), além dos álbuns The Metal

O ano de 2006 foi marcado por mais uma decisão


– e mais um desafio: André Matos e os irmãos
Hugo e Luis Mariutti decidiram deixar a banda
Shaman, para novos projetos. Entre eles, a
carreira solo de André Matos.

brasileiros, além de espetáculo de Opera e The Metal Opera Part II.


fogos e pirotecnia. O ano de 2006 foi marcado por mais
No começo de 2000, André Matos, uma decisão – e mais um desafio:
que acabara de sair da banda Angra, André Matos e os irmãos Hugo e Luis
forma uma nova banda, Shaman, Mariutti decidiram deixar a banda
com Luis Mariutti (baixo) Ricardo Shaman, para novos projetos. Entre
Confessori (bateria) e Hugo Ma- eles, a carreira solo de André Matos.
riutti (guitarra). Com essa formação Seu primeiro álbum, Time to Be Free
gravam três discos: Ritual (2002), foi lançado em 2007, mesmo ano em
RituAlive Reason (2005). Nesse mes- que realiza primeira turnê pelo Brasil,

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46 CADERNO ILUMINAÇÃO

Figura 5: Homenagem a André Matos. Fonte: Rodrigo Antonio/Veja.

incluindo países da Europa e Ja- dio da carreira solo, The Turn of the peças musicais eruditas, entre ou-
pão. Em 2009, o segundo álbum, Lights (em tradução livre: O Acen- tros trabalhos perpetuados em re-
Mentalize, mantém a coerência da der das Luzes). gistros e colaborações diversas.
carreira de um artista versátil No ano seguinte, na comemora- Tão admirável e respeitável traje-
que, como no primeiro álbum, ção dos 20 anos do lançamento de tória foi interrompida no dia 8 de
mescla elementos e melodias da Angels Cry (primeiro álbum da ban- junho de 2019, em decorrência de
música clássica ao Heavy Metal e da Angra), nova turnê com execu- um infarto agudo do miocárdio.
Power Metal. ção do álbum na íntegra. E, em Pode-se afirmar categoricamente
Em 2010, André Matos anunciou a 2015, para comemorar os 30 anos de que André Matos se eterniza como
formação de uma nova banda, o carreira, André Matos lançou uma um ícone do Heavy Metal brasilei-
supergrupo Symfonia, formado por turnê especial, cujo repertório seria ro, cujo vazio proporcionado pela
renomados músicos do Heavy Me- escolhido pelo público através no sua precoce partida não atinge so-
tal e Metal Melódico mundial. website oficial do artista. mente os admiradores e fãs dele e
Além de André Matos (vocal), Em 2018, a Shaman anunciou o re- do estilo, mas a música em geral, em
um supergrupo com Timo Tolkki torno com a formação clássica, âmbito mundial. Artista extraordi-
(guitarra), Jari Kainulainen (bai- para uma série de shows em con- nário, disseminou seu carisma em
xo), Mikko Härkin (teclados) e Uli junto com Arch Enemy e Kreator. palcos de todos o mundo, e pelo cui-
Kusch (bateria) que lançaram em Em fevereiro de 2019, uma nova dado com que tratava os profissio-
2011 seu único álbum, In Paradisum. turnê pelo Brasil, com a participa- nais e fãs, deixa uma referência e um
O ano de 2012 marcou o retorno ção da banda Avantasia. exemplo a ser seguido. Gratidão
da formação original da banda Deve-se destacar ainda que André eterna, André Matos! Carry On!
Viper para a turnê To Live Again Matos, além das bandas, trabalho Abraços e até a próxima conversa!
Tour em celebração aos 25 anos do solo e contribuições em dezenas de Para saber mais
primeiro álbum, além do lança- gravações, era poliglota, músico
redacao@backstage.com.br
mento do terceiro álbum de estú- dedicado e perfeccionista, autor de
47
OS TEMPOS
LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

HERÓICOS
DO
48

Foto: George's Studio


ROQUERRURAL
O k, você hoje é um artista com carreira consolida-
da. Suas gigs são 90% de avião. Desfruta de uma
infraestrutura que lhe permite subir ao palco com
sileiro, pelo menos aquela que eu vivi. Porque querer
ser sucesso nacional num país enorme como o nosso
na década de 70 do século passado tinha seu preço, e
tudo pronto, sem que você tenha que se preocupar não era barato. Pra começo de conversa, você canta-
com coisanenhuma a não ser consigo mesmo. Seu ca- va com o equipamento que existia. A importação de
marim tem frutas, salgados, toalhas, chuveiro quen- eletrônicos sofria taxas proibitivas e a indústria na-

Quero contar a história das origens do moderno Show Business


brasileiro, pelo menos aquela que eu vivi. Porque querer ser
sucesso nacional num país enorme como o nosso na década de
70 do século passado tinha seu preço, e não era barato.

te, farta variedade de refrigerantes, sucos ou bebidas cional engatinhava. As guitarras desafinavam; os vi-
alcóolicas de qualidade, sofás onde você pode esticar olões, submetidos a repetidas mudanças de tempera-
as pernas... tura e aos maus tratos de pessoas inexperientes nesse
Enfim, você é feliz antes e depois do show. particular, empenavam e quebravam. Os teclados...
Mas isso não foi sempre assim. Então, quero contar a que teclados? Rezava-se por um piano acústico no
história das origens do moderno Show Business bra- local, nem que fosse aqueles tipo armário. Tudo aqui-
LUIZCARLOSSA@UOL.COM.BR | LUIZCARLOSSA.BLOGSPOT.COM

lo que não fosse muito, muito, muito caro simples- Os shows comprados eram raros e não era difícil to-
mente não aguentava a pedreira da estrada. marmos uma volta dos empresários locais, quase
Bem, aí, à custa de muito trabalho e um endivida- sempre amadores querendo dar a impressão de pro-
mento eterno com alguma gravadora, você conseguia fissionais. Uma vez tivemos um empresário que bancou
um adiantamento e comprava – na mão de contra- montes de shows Brasil afora. Estávamos achando óti-
bandistas – um equipo respeitável. No nosso caso, Sá mo, até descobrirmos que o cara era um estelionatário
& Guarabyra, conseguimos um advance e compra- profissional, bancando tudo com um cartão de crédito
mos, de segunda mão, uma pequena mesa de oito ca- estourado e ficando com nosso dinheiro. O mais engra-
nais, dois microfones Shure e duas imensas caixas de çado é que um belo dia ele nos confessou tudo na cara
PA, cada uma delas com dois subwoofers Altec e dois dura, prometendo nos pagar em quinze dias e – claro,
falantes de médio. Falavam bem. O problema – quan- como éramos ingênuos – desaparecendo da face da Terra
do começamos a ter sucesso e consequentemente ter nos quinze minutos seguintes.
que viajar - era transportar esse peso total de quase O problema de todos nós, músicos dos primórdios

Festivais à la Woodstock, como o de Águas Claras, enfrentavam


dificuldades aparentemente intransponíveis e conseguiam
concretizar o impossível. Num deles, chegamos no palco
detrator e tivemos que interromper nossa apresentação depois
que um dilúvio desabou sobre nós e nos livramos – por milagre
divino – de sermos precocemente eletrocutados.

setenta quilos, Brasil afora. Entenda: essa facilidade estradeiros dos anos 70, é que a paixão que tínhamos
de locar equipos completos e de razoável qualidade pela profissão obnubilava totalmente nossa noção do
na grande maioria das cidades brasileiras, não existia. real. Fazíamos dez shows para receber três ou quatro,
Ou você arriscava a fazer com o quebra galho local ou trabalhávamos em condições que hoje em dia seriam
pagava uma nota pra seu equipo chegar de caminhão, inimagináveis, viajámos noites a fio (até hoje duvido
visto que a carga aérea tinha seu limite financeiro lite- das minhas “façanhas” de estrada e me pergunto
ralmente nas nuvens. Os empresários viam-se a braços como sobrevivi a tudo aquilo), montávamos nossos
com logísticas dignas de um safari e muitos shows deixa- palcos carregando os pesados amplificadores, éramos
vam de ser realizados por completa inviabilidade. – além de músicos – pau pra toda obra. Sem dinheiro
Claro que os heróis existiam. Festivais à la Woodstock, para roadies, tínhamos que contar com a boa vontade
como o de Águas Claras, enfrentavam dificuldades apa- dos fãs, que não raro trabalhavam lado a lado com a
rentemente intransponíveis e conseguiam concretizar gente na montagem e na divulgação dos shows.
o impossível. Num deles, chegamos no palco detrator e Hoje, quando depois de um bom sono chego descan-
tivemos que interromper nossa apresentação depois sado ao local do show e encontro o som passado, a
que um dilúvio desabou sobre nós e nos livramos – por banda a postos, o camarim suprido, o empresário com
milagre divino – de sermos precocemente eletrocu- o pleno controle do que acontece e do que possa
tados. No dia seguinte, o festival foi em frente, seu acontecer, lembro dos meus anos heroicos de roque-
público composto por cerca de três mil pessoas rema- rrural e me parabenizo: eu segurei aquela onda por-
nescentes parecendo, ahn... “criaturas da lama”, saí- que meu sonho estava ali, não amarelei, não cho-
das de um filme de ficçãocientífica. rei, resisti e segui em frente, às vezes contra todas
Com os músicos da banda, éramos cinco. Viajámos as probabilidades.
muito de carro. Ficávamos muitas vezes hospedados Aí, deito-me naquele sofá confortável, relaxo e digo
em casas de amigos, pois tudo era fator de economia. de mim para mim: “Eu mereço”. E como.

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